segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Brasil - Douglas Belchior: PARA OS PRESIDENCIÁVEIS OS NEGROS NÃO EXISTEM


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RACISMO E XENOFOBIA

A população negra não existe do ponto de vista dos direitos sociais, humanos ou da economia. Assim como no senso comum, estão presentes no imaginário dos presidenciáveis apenas no lugar de sempre: como alvo das armas do estado

Douglas Belchior – Brasil de Fato, opinião

Acompanhei os debates e entrevistas dos presidenciáveis, com especial atenção ao desta quinta feira na Rede Globo.

Tenho várias impressões sobre cada um dos candidatos e candidatas. Meu voto e apoio está definido neste primeiro turno – em Luciana Genro, do Psol. Poderia elencar aqui os motivos, mas quero me ater a algo que me provoca muito mais: a maneira como os candidatos e candidatas tratam (ou não) da questão racial no Brasil.

Ao fim do último debate, ficou muito forte uma impressão – agora constatação – que percebi nos discursos e não-discursos de todos eles e elas. E me lembrei de um dos textos de Jaime Amparo, quando cita Franz Fanon e recupera uma de suas ideias, sobre a impossibilidade negra no mundo social. Para Fanon, nós negras e negros habitamos uma zona chamada “a zona do não-ser”. Somos,  por assim dizer, civilmente/socialmente mortos e é essa morte ontológica.

Foi assim que me senti, enquanto negro, diante da elaboração, das ideias, dos programas e do discurso partidário de todos eles e elas: Não sendo. Não existindo. Invisibilizado. E quando lembrado, estigmatizado.

Pergunto aos mais velhos: qual foi a última vez ou o último período em que o debate sobre racismo foi tão presente e evidente no Brasil? Talvez no auge do debate sobre cotas raciais há uns 10 anos? No centenário da abolição, em 1988? Na transição do trabalho escravo para o trabalho livre no final do século 19?

Nosso país tem sido sistematicamente denunciado pelo movimento negro e até pela ONU por seu racismo estrutural e institucionalizado. A mesma ONU que já orientou o Brasil a dar fim à policia militar por contra da prática violentamente racista de suas ações.

Para se ter uma ideia, só em São Paulo, de 2002 para 2011 houve um aumento de 24% de morte de jovens negros, um crescimento de 11.321 para 13.405. Com esse diferencial, a vitimização de jovens negros passa de 71% em 2002 para 237%. A violência nos três primeiros meses de 2014 em comparação a 2013 apresentou um aumento de 206% do número de pessoas mortas por policiais em serviço. 100 em cada 100 mil pessoas de com idade entre 19 e 26 anos morreram de forma violenta em 2012.

Negros são os principais alvos destas mortes: morreram proporcionalmente 146 vezes mais negros que brancos em 2012. No período entre 2002 e 2012 o índice de mortes negras em comparação com a de brancos, mais que duplicou. Entre 2002 e 2012, os homicídios que vitimaram jovens brancos caiu 32,3%, enquanto que os homicídios de jovens negros aumentou 32,4%.

Casos como o de Amarildo, DG, Douglas e Cláudia se reproduzem e ocupam o espaço do debate público; Os casos de racismo no futebol e a postura de super-ídolos do esporte mais popular do país polemizam o assunto;  a maior rede de TV do país emplaca um programa de estigmatização racista e machista em pleno horário nobre; as redes sociais fervem; as manifestações e declarações racistas proliferam; a presidenta da república chega a convocar uma reunião para tratar do tema; os movimentos reagem e organizam uma marcha de denúncia do racismo e do genocídio que reune mais de 60 mil pessoas em todo país. E ainda assim não somos assunto! Não existimos no que diz respeito ao debate sobre o projeto de nação que os candidatos defendem.

Nenhum deles e delas colocou o racismo como tema a ser tratado. Nos discursos, o “negro” só apareceu quando se falou em segurança pública, violência, encarceramento e mortes e ainda assim, de maneira tímida, sorrateira e quase sempre através da candidata do Psol. Dilma, vidraça, gasta o tempo se defendendo e Marina, a única negra dentre todas e todos, tocou ainda menos no assunto. Eduardo Jorge, é verde. E os demais defendem explicitamente projetos racistas. Todos, eu disse todos os candidatos e candidatas, inclusive a minha, ou não abordaram ou só o fizeram com esse viés. E com muita timidez.

Ou seja, a população negra não existe do ponto de vista dos direitos sociais, humanos ou da economia. Assim como no senso comum, estão presentes no imaginário dos presidenciáveis, apenas no lugar de sempre: como alvo das armas do estado, seja no discurso da repressão, seja no discurso da reação: o lugar social do negro é o mesmo, sempre a partir da ótica do olhar branco.

Negros são a maioria do povo brasileiro, são maioria da classe trabalhadora e logo, a maioria da mão de obra de força produtiva do país. Por consequência, são maioria dentre os responsáveis pela geração da riqueza nacional aliás, como sempre foi, desde a invasão europeia. Mulheres negras são a maioria entre as mulheres brasileiras. E ainda assim, não há sequer referências às políticas de promoção da igualdade, que dirá quanto à reparação histórica e ao enfrentamento ao racismo e ao genocídio.

Nenhum partido e nenhum candidato a presidência, nesse sentido, nos faz sentir representados.

Uma lástima! Uma tristeza. E muita raiva.

Triste, mas verdade. O racismo brasileiro é foda!

É preciso enegrecer a política!

Brasil – Eleições: DEPUTADO ELEITO “RACISTA DO ANO” É O MAIS VOTADO NO RS



Daniel Favero

O deputado federal Luiz Carlos Heinze (PP) eleito em março deste ano pela ONG inglesa Survival como “racista do ano” foi o postulante a uma vaga na Câmara de Deputados mais votado do Rio Grande do Sul.

O título surgiu de declarações feitas pelo parlamentar, que no final de 2013, durante audiência pública sobre demarcação de terras indígenas, se referiu a índios, quilombolas e homossexuais como “tudo que não presta”.

Em sua atuação na Câmara de Deputados, Heinze se posiciona contra demarcação de terras e costuma atuar em prol da agricultura, como o cultivo de fumo, o que lhe rendeu muitos votos da população rural.

Engenheiro agrônomo e membro da Igreja luterana, ele começou sua carreira política como prefeito da cidade de São Borja, pelo PDS, mas também teve passagens pelo PPB e se filiou ao PP em 2003.

Heinze assume seu quinto mandato como deputado federal.

Terra e  Geledés, em Desacato

Brasil – Eleições: Dilma enfrenta seu pior desafio no segundo turno contra Aécio Neves



Correio do Brasil, Brasília e Rio de Janeiro

Atual presidenta da República, Dilma Rousseff (PT) está diante do desafio mais difícil de sua vida, se quiser permanecer no cargo, mostraram as urnas neste último domingo. Após uma campanha no primeiro turno em que se dividiu entre um aceno à esquerda e o abraço ao agronegócio, Dilmachega para a disputa com o preferido dos conservadores, Aécio Neves (PSDB), que comemoram a vitória do ex-militar Jair Bolsonaro (PP), como campeão de votos, no Rio, e o crescimento expressivo da bancada de parlamentares na Câmara Federal, com expoentes da ultradireita como Luiz Carlos Heinze (PP-RS). Os bilhões de reais investidos na tentativa da candidata petista em fazer as pazes com a mídia hegemônica seguiram para o ralo, uma vez que os meios de comunicação ligados à direita trabalharam para que o segundo escrutínio da opinião brasileira ocorresse exatamente com o representante tucano, apesar da festa em torno da candidata Marina Silva (PSB/Rede Sustentabilidade). O estrago causado pela ação midiática em peso a favor dos candidatos do campo reacionário chegou a causar atritos na direção da campanha petista e levou a presidenta, pela primeira vez em seus quatro anos de governo, a convidar blogueiros da esquerda para uma coletiva.

Na balança eleitoral, Aécio Neves atrai pesos pesados da indústria, dos bancos e dos segmentos mais anacrônicos da sociedade brasileira que, nas urnas, demonstraram um vigor além do previsto nas pesquisas de opinião. Estas, aliás, ainda estão tentando compreender onde erraram. A diretora executiva do Ibope, Márcia Cavallari, negou nesta segunda-feira que o instituto de pesquisa tenha errado tanto assim nos resultados, após o crescimento repentino de Neves (PSDB), que superou Marina Silva com ampla vantagem e foi para o segundo turno com a candidata do PT.

– Essa era uma eleição com mais incertezas. Sabíamos disso desde as manifestações de junho do ano passado – disse Cavallari, a jornalistas.

Na última pesquisa Ibope, divulgada no sábado, Aécio aparecia com 27% dos votos válidos, contra 24% de Marina. Dilma mantinha a liderança com 46%. Segundo afirmou, a diferença dos resultados de domingo para as últimas pesquisas em alguns Estados não foi captada porque o eleitor mudou de ideia até o último minuto.

– Nossa última pesquisa havia mostrado um crescimento do Aécio. Esse movimento continuou após o fim da pesquisa, por isso o resultado oficial foi diferente. O eleitor teve um interesse tardio por essa eleição – disse.

A próxima pesquisa deve ser divulgada na quinta-feira, em parceria com o jornal O Estado de S. Paulo e a Rede Globo. Até o fim do segundo turno, devem ser divulgadas até quatro pesquisas e, dessa vez, os institutos esperam captar de forma mais precisa a opinião dos eleitores que, ao mesmo tempo em que elegeram os representantes da direita reacionária, também souberam valorizar as bandeiras à esquerda do PSOL, com mais de 1,5 milhão de votos para a candidata Luciana Genro. Na noite passada, Genro diz que o partido ainda vai decidir se apoia a presidenta Dilma Rousseff no segundo turno. Genro afirmou que as bandeiras defendidas por sua campanha, como os direitos civis da população LGBT e a taxação de grandes fortunas, continuam pendentes e que os candidatos que foram para o segundo turno não irão resolver os problemas do país. No Rio, o campeão de votos do PSOL, Marcelo Freixo, já adiantou que fará campanha pela candidata à reeleição, enquanto Jair Bolsonaro, de ultradireita, já mergulha nas hostes tucanas, garantindo seu voto a Aécio Neves.

Derrota no Parlamento

No total, 28 partidos elegeram deputados federais, mas a base aliada da presidenta emagreceu, após as eleições deste domingo. O PT continua com a maior bancada nominal, segudo do PMDB e do PSDB, que saiu vitaminado das urnas. Os resultados ainda poderão ser alterados, por conta dos processos em andamento na Justiça eleitoral – como no caso do ‘ficha suja’ Paulo Maluf (PP-SP), entre outros. Mas, encerrada a apuração, o quadro das candidaturas pendentes não têm como alterar de maneira significativa a distribuição das cadeiras entre os partidos com representação na Câmara, que aumenta de 22 para 28.

O PT foi a legenda que mais se desidratou, com 18 deputados a menos, enquanto o PSDB elevou sua bancada de 44 para 55 integrantes. A redução no tamanho da bancada petista, porém, é insignificante perto do número de candidatos conservadores nas bancadas eleitas, mesmo naquelas que, supostamente, representam a esquerda. Segundo o jornalista Sérgio Duran escreveu em sua página, em uma rede social, “o PT precisa restaurar a capacidade de diálogo com a população. Dilma não disse ainda o que pretende no segundo mandato. (…) Tem de descer do salto como Lula sempre desceu”.

Eleição polarizada

Para o cientista político Antonio Lassance, em artigo publicado nesta segunda-feira, “um balanço das eleições revela uma disputa acirrada, palmo a palmo, e muito polarizada, em termos políticos, programáticos e sociais”.

“No primeiro turno, houve dois grandes perdedores: Marina Silva e os institutos de pesquisa. Marina perdeu a disputa com Aécio por muito. Todos os institutos mostravam a candidata do PSB à frente, quando ela, de fato, esta muito, mas muito atrás mesmo.

Ibope, Datafolha, Vox Populi e tantos outros, segundo o professor Lassance, “mostraram que andam menos confiáveis que o tarô. Suas margens de erro reais são absurdas. Na quinta-feira, quando sair uma nova rodada de pesquisas, a melhor precaução que se pode ter é deixá-las de lado, para mais e para menos”.

Para o segundo turno, afirma, haverá uma “disputa dura e polarizada em termos programáticos e sociais entre PT e PSDB. Em grande medida, o mapa da disputa reforça a explicação sobre o lulismo, do cientista político André Singer. A hipótese é a de que, com o governo Lula, o PT sofreu um realinhamento político e também social. Principalmente a partir das eleições de 2006, deixou de ser um partido principalmente de classe média e passou a ser um partido cujos votos dependem, sobretudo, dos mais pobres”.

“Por isso, as votações no Nordeste e Norte do país, nas cidades mais pobres do interior e na periferia das grandes cidades garantiram a grande votação de Dilma. Se, em 2010, quando Singer formulou a tese, a principal crítica que poderia ser feita era a de que ainda era cedo para se afirmar tal coisa, as eleições de 2014 insistem em uma tendência que não parece ser mero acaso. O que era uma hipótese, em 2006, virou uma tese difícil de ser desmentida, depois de 2014. Esse realinhamento era tudo o que o PT sempre quis: ser um partido do povão. A contradição das contradições é que, com a transformação do Brasil em um país majoritariamente de classe média, a sorte do PT tende a ficar cada vez mais difícil nas eleições”, afirma.

A única saída se o PT quiser evitar esse movimento de gangorra, segundo o cientista político, em que a aproximação dos mais pobres gera quase que automaticamente um afastamento da classe média, “é evitar essa política de soma zero, em que os pobres ganham e a classe média se considera a grande perdedora – podemos acrescentar a ela os aposentados, uma legião cada vez maior de eleitores. No segundo turno, além de manter o discurso para os pobres, será necessário não só Dilma falar mais para a classe média, como, acima de tudo, sinalizar mudanças efetivas que atendam às suas expectativas”.

“A classe média quer pagar menos impostos, menos juros bancários e de cartões; quer menores mensalidades de escolas e planos de saúde e, a propósito, quer intensificar as políticas regulatórias que incidem sobre a qualidade dos serviços privados (bancos, telefonia e internet, planos de saúde, transportes e mobilidade urbana e aeroviária). Ambos, classe média e o povão, querem mais combate à corrupção e menos denúncias. Dilma segurou sua votação e ajudou a desidratar a candidatura Marina quando a qualificou como uma candidatura dos bancos e feita sob medida para o ‘mercado’. Marina se foi, mas Aécio é quem melhor cabe nesse modelito”.

A presidenta Dilma reforçou seu apelo político quando abraçou o discurso da defesa dos direitos sociais e do emprego, das conquistas dos trabalhadores mais pobres, “como o salário mínimo, da participação e do combate à corrupção”, sublinha. “Aécio está e estará atrelado à defesa do mercado, da redução da inflação a 3% – sem qualquer preocupação com o que isso acarreta na elevação da taxa de desemprego; na obsessão por dizer que vai entregar a Fazenda ao ex-funcionário de George Soros, Armínio Fraga”, acrescenta.
“É disso que se trata. É essa a disputa do segundo turno”, conclui.

Brasil - Eleições: Candidatos que disputam 2º turno podem retomar campanha a partir das 17h



Yara Aquino - Repórter da Agência Brasil - Edição: Davi Oliveira

Definido o cenário do segundo turno das eleições, os candidatos podem retomar a propaganda eleitoral a partir da tarde de hoje (6), quando completar 24 horas do encerramento da votação nas eleições, às 17h no horário local. Volta a ser permitida a distribuição de material de propaganda política, carreatas, comícios e o uso de alto-falantes ou amplificadores de som.

No caso da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão, a veiculação é permitida 48h após a proclamação do resultado do primeiro turno pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A proclamação deve ocorrer na sessão marcada para as 19h de amanhã (7), de acordo com o TSE. A legislação eleitoral estabelece o dia 11 de outubro como data-limite para o início da propaganda eleitoral no rádio e na televisão.

O prazo final para a divulgação da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão é 24 de outubro. Esse é também o último dia para a realização de debates entre candidatos. A véspera da eleição, dia 25, é a data final para propaganda sonora, distribuição de material gráfico, caminhadas e carreatas. O segundo turno está marcado para o dia 26 de outubro.

Haverá segundo turno na disputa para a presidência da República entre os candidatos Dilma Rousseff (PT), que obteve 41,59% dos votos, e Aécio Neves (PSDB), que ficou com 33,5%. Em 13 estados e no Distrito Federal haverá segundo turno na disputa para o cargo de governador.

Brasil - Eleições: Dilma e Aécio iniciam segundo turno com reuniões para definir estratégias



Luana Lourenço - Repórter da Agência Brasil Edição: Talita Cavalcante

Os candidatos à Presidência Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), confirmados no segundo turno das eleições, começaram hoje (6) nova fase da campanha. Eles se reúnem com assessores com o objetivo de definir agendas e estratégias para os próximos 20 dias.

Dilma – que terminou o primeiro turno na frente, com 41,59% dos votos – está reunida com integrantes da coordenação de campanha no Palácio da Alvorada. Além de encontro com assessores ao longo do dia, a candidata à reeleição pode ir à Bahia ainda nesta segunda-feira, estado em que o candidato petista Rui Costa surpreendeu e foi eleito governador no primeiro turno.

Ontem (5), após a confirmação do segundo turno, Dilma agradeceu os votos recebidos, criticou o PSDB, pediu votos de eleitores de Marina Silva – terceira colocada – e reforçou promessas de campanha para um eventual segundo mandato.

Aécio Neves, que teve 33,55% dos votos no primeiro turno, viaja nesta manhã para São Paulo, onde fará reuniões fechadas ao longo do dia. O presidenciável não deve ter compromissos públicos hoje e deve trabalhar na definição do calendário de viagens de campanha até as eleições do segundo turno,  marcadas para 26 de outubro.

O candidato do PSDB acompanhou a apuração em Belo Horizonte, onde deu entrevistas após a confirmação do segundo turno. Aécio disse que os resultados do primeiro turno superaram suas expectativas e fez um discurso agregador, lembrando o ex-candidato à Presidência da República, Eduardo Campos, e pedindo união da oposição em torno das propostas de mudança.

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Ensino Superior contribuiu para o desenvolvimento de Cabo Verde – PM




O primeiro-ministro cabo-verdiano destacou hoje o contributo do ensino superior no desenvolvimento e no processo de transformação do país, defendendo que a aposta deve passar agora pela melhoria da qualidade, eficiência e qualificação dos recursos humanos.

José Maria Neves, que lecionava uma aula magna na tradicional abertura do novo ano letivo da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), lembrou que, em 14 anos, e após um forte investimento, o sistema de ensino superior cabo-verdiano conseguiu "ganhos inquestionáveis e animadores".

"Se há um setor que tem marcado a paisagem social cabo-verdiana neste século é certamente o do ensino superior de cariz universitário. Em 14 anos, montamos um sistema nacional de ensino superior e estamos a fechar o ciclo com um inestimável salto positivo", elogiou.

Para o primeiro-ministro, o ensino superior em Cabo Verde superou todas as etapas iniciais, num país com especificidades e vulnerabilidades enquanto pequeno Estado insular e que tenta a sua inserção plena na economia mundial, admitindo, porém, que falta ainda aprofundá-lo e consolidá-lo.

José Maria Neves destacou ainda a "autonomia universitária" da Uni-CV como "valor central" da cultura política do país, sublinhando que a universidade pública tem todos os órgãos eleitos pela comunidade académica, o que constitui um "avanço ímpar" no continente africano.

"Por não podermos basear-nos na exportação de matérias-primas, e por não termos recursos naturais de alto valor comercial, temos de apostar em vias de desenvolvimento em que as universidades desempenham necessariamente um papel fundamental", entendeu.

A proliferação de estabelecimentos universitários em Cabo Verde, com a criação de polos ou de instituições de raiz, começou em 2002, com a Universidade de Cabo Verde, o que permitiu inverter o fluxo estudantil do ensino superior para o exterior, com a inerente diminuição dos custos com bolsas de estudo.

O ponto alto deu-se em 2010, quando, pela primeira vez, o número de universitários cabo-verdianos a frequentar as nove instituições de ensino superior no país (16.500) superou a população universitária a estudar no estrangeiro (6.000), maioritariamente em Portugal e no Brasil.

A expansão trouxe também para Cabo Verde uma centena de universitários estrangeiros, na maioria da costa ocidental de África, sobretudo da Guiné-Bissau, Nigéria e Senegal, mas também de Portugal, São Tomé e Príncipe, Brasil, China, Cuba, França, Itália, Holanda, Estados Unidos, México e Alemanha.

A abertura do novo ano letivo na Uni-CV contou ainda com discursos da reitora da instituição, Judite do Nascimento, do ministro do Ensino Superior Ciência e Inovação cabo-verdiana, António Correia e Silva, e do reitor da Universidade de Aveiro, Manuel Assunção, que falou sobre a internacionalização e investigação do ensino superior.

Perante uma plateia de alunos, funcionários, docentes, corpo diplomático e deputados nacionais e municipais, Manuel Assunção garantiu que a universidade que dirige vai continuar a desenvolver e a aprofundar as relações com a sua congénere cabo-verdiana nas diversas áreas.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Televisão de São Tomé e Príncipe sem meios para cobrir campanha eleitoral




A Televisão Pública de São Tomé e Príncipe (TVS) não tem meios técnicos e financeiros para fazer a cobertura da campanha eleitoral das eleições do próximo dia 12, disse hoje à Lusa o diretor-geral da estação, Juvenal Rodrigues.

A Televisão Pública de São Tomé e Príncipe (TVS) não tem meios técnicos e financeiros para fazer a cobertura da campanha eleitoral das eleições do próximo dia 12, disse hoje à Lusa o diretor-geral da estação, Juvenal Rodrigues.

Segundo o responsável, "devido aos condicionalismos internos, que são a falta de equipamento e de meios financeiros", a TVS "não tem possibilidade de fazer a cobertura da campanha de forma isenta e independente", tal como está previsto na lei.

Perante a impossibilidade de ter meios técnicos disponíveis para acompanhar as ações de campanha das 12 formações políticas que concorrem às eleições legislativas, autárquicas e regional, "a TVS está a realizar debates no estúdio, reservando a cada partido 10 minutos no decorrer do Telejornal", explicou o diretor.

"A nossa preocupação é não deixar que as forças não tenham espaço para se exprimir", acrescentou Juvenal Rodrigues, referindo que "é a primeira que há este ciclo de debates, nunca se fez".

O diretor da televisão pública são-tomense referiu ainda que a TVS está a organizar para dia 09 um debate com "todos os candidatos declarados a primeiro-ministro".

Lusa, em Notícias ao Minuto

São Tomé e Príncipe - Eleições: O VERDADEIRO COMEÇO DA CAMPANHA ELEITORAL



Olívio Diogo – Téla Nón, opinião

A campanha eleitoral entrou na sua velocidade cruzeiro na sexta-feira. Digo isso, porque na Sexta-feira chegou o líder do ADI, Patrice Trovoada.

A chegada do líder do ADI foi anunciada pelo seu secretário-geral no comício inaugural da campanha eleitoral. Na sexta-feira dia 3 Outubro a hora marcada, chegou o líder.

Eu estive, pessoalmente, no aeroporto, onde, assisti ao vivo aquilo que na minha geração nunca se tinha visto acontecer. Desde crianças, jovens, mulheres, idosos, carros, motorizadas, moto de três rodas, bicicletas, gente a pé, enfim. Todos com uma única vontade, ver ao vivo a chegada de Patrice Trovoada.

Na conversa com populares, houve quem estivesse no aeroporto desde as 6:00 da manha, com receio do avião chegar antes da hora marcada. No percurso para cidade capital, eu vi chinelos, sapatos e muito mais que foram ficando pelo caminho, cujos detentores nem se quer se importaram.

Tudo indica que o ADI vai vencer as eleições, isto é, vai ficar frente de todos os outros partidos políticos. A única questão de momento é saber se faz a maioria absoluta ou não?
A população aponta várias razões para a possível vitória do ADI nas próximas eleições, dentre elas se destacam:

 O preço do arroz. Segundo muitos populares, o ADI havia colocado o preço de arroz de Japão a treze mil dobras, hoje o mesmo arroz está a vinte e cinco mil dobras;

A queda do governo do ADI. A população alega que o ADI deveria ter terminado o seu mandato conquistado nas urnas, embora com o governo minoritário;

A confusão gerada pelo arroz. A população aponta o desaparecimento precoce e o critério de venda do último arroz do japão, sem falar do famoso arroz que tanta polémica gerou no país que culminou com a sua retirada do mercado;

A escolha do primeiro-ministro. O primeiro-ministro Gabriel Costa que conduzir o país durante estes dois anos, não conseguiu capitalizar entendimento e criar uma dinâmica própria vencedora;

A confusão no interior do MLSTP. Outro problema foi, naturalmente, a conturbada convivência dentro do maior partido da coligação que se manifestou na saída do Rafael Branco, a queda do Osvaldo Abreu de Ministro das Obras Públicas, Recursos Naturais e Ambiente, a indicação confusa do Osvaldo candidato a primeiro-ministro.

Tudo isso fortaleceu o Patrice Trovoada e o seu partido. Hoje, é inegável que o líder do ADI se tronou no homem mais forte na cena politica nacional. Não se pode negar esse facto, embora para muitos, seja difícil de se digerir.

Outra verdade, ainda mais difícil de se aceitar, é saber que o PCD, o MLSTP e o MDFM estejam na luta para impedir que o ADI vença com maioria absoluta, um cenário nunca antes imaginado. Como as coisas mudam.

Ouvia-se, muitas vezes, o Levi Nazaré, dizer na Assembleia que o ADI é o maior partido do país e muitos reagiam inconformados. Hoje a realidade, neste capítulo, veio dar-lhe razão, o ADI se transformou no maior partido do país.

As eleições demonstram que quanto mais se crítica um determinado candidato, maior é a sua propensão a vitoria. Nas eleições presidenciais, quanto se disse do Presidente Pinto da Costa, mas ele foi eleito o presidente da República. O mesmo está acontecendo, agora, com o Patrice Trovoada e o seu ADI.

O Patrice Trovoada tem vindo a trabalhar na sua ascensão há mais de doze anos, foi assessor do seu pai ex-presidente Miguel Trovoada, indicou e fez eleger o Fradique de Menezes para Presidente da República, tomou para si o ADI e impeliu de lá todos que não comungava a sua doutrina, atraiu novos quadros para o seu partido com destaque para Levy Nazaré e Agostinho Fernandes, foi Ministro dos Negócios Estrangeiros, foi primeiro-ministro, concorreu ao cargo do Presidente da Republica, foi de novo primeiro-ministro, ao longo deste percurso fez várias alianças, entrou em muitas desavenças, fez amigos e muitos inimigos, sempre com o bjectivo de se tornar na figura mais preponente de São Tomé e Príncipe.

Ao trilhar este caminho, confrontou Delfim Neves e venceu, confrontou Rafael Branco e venceu, confrontou Fradique de Menezes e perdeu, num primeiro embate, embora indirecto (apoiou Evaristo de Carvalho), com o Presidente Pinto da Costa, perdeu. Mas a sua perseverança matem-se, já chamou para si o próximo embate com o Presidente Pinto da Costa.

A história é fruto de acontecimentos.

Angola: “KOPELIPA” PERDE CONTROLO DAS FAA, MAS CONSERVA PODER




A posição que M H Vieira Dias “Kopelipa” ocupa na relação interna de forças no regime, incluindo seus laços em o Presidente, José Eduardo dos Santos (JES), é objecto de avaliações de sentido diverso no “caracterização” que memorandos de Intelligence fazem acerca dos principais centros de poder.

A saber:

- O seu poder e influências aumentaram; acumulou responsabilidades e competências de que JES, por fadiga, tem vindo a prescindir por não fazerem parte de matérias/domínios a que agora se dedica predominantemente, em especial finanças e política externa; é, na prática, a segunda figura do regime, conforme deixa transparecer o funcionamento do processo de decisão política nas ausências de JES; tem-se rodeado de peritos e especialistas em assuntos que não domina, assim como cultiva redes de apoios internos.

- A nomeação de João Lourenço como ministro da Defesa ofuscou a sua importância política, privando-o de condições de controlo do sector militar, que sempre teve ao seu alcance; p ex, tinha nítida ascendência sobre o anterior ministro, Cândido Van-Dúnem, figura politicamente apagada e pouco aplicada no exercício da função; ao contrário, João Lourenço tem prestígio político e é respeitado em meios-chave (partido, oligarquia e sociedade em geral); esta evidência e o mau relacionamento político pessoal que de há muito mantém com “Kopelipa”, limitaram antigas capacidades deste para controlar as FA e ter influências no respectivo meio.

Um dos primeiros actos de João Lourenço como ministro da Defesa foi providenciar no sentido de contrariar tendências de interferência no funcionamento das FA e meio militar provindas do Gen José Maria – referenciando como próximo de “Kopelipa”, que ficou a dever-lhe o seu ingresso na Casa Militar/GEPA.

2. Meios competentes consideram mais abalizada a apreciação segundo a qual “Kopelipa” continua a ser uma figura chave do regime; é a ele que JES confia os assuntos mais sensíveis/secretos do regime, assim como é o “keep guard” do sistema de segurança nacional e do dispositivo de segurança e protecção do Presidente.

É considerada “procedente” a avaliação de que perdeu capacidades de controlo das FA por via da saída do anterior ministro, que também era seu parente, e da entrada de João Lourenço, mas a evidência não é interpretada como representando o seu declínio político – na actual conjuntura considerado difícil de acontecer.

A respectiva linha argumentativa é a de que JES “precisou” de recuperar João Lourenço, no quadro das suas políticas de reagrupamento interno. Tendo em conta o seu especial estatuto (considerado equivalente ao de Pitra Neto, este também com grande aceitação no partido), era necessário oferecer-lhe cargo compatível.

No quadro criado com a nomeação de João Lourenço, a este ficam cometidas responsabilidades no plano militar, enquanto a “Kopelipa” ficou reservada a área da segurança interna. JES revela desde a muito tempo inclinação para “engenharias de repartição de poder”entre rivais, se possível exercendo em sobreposição.

3. “Kopelipa”foi um dos responsáveis políticos que mais dinheiro terá perdido com o colapso do GES/BES. Em meios com bom conhecimento do assunto circula que tinha grandes consideráveis aplicações na holding do grupo, ESFG, além de que teria depósitos volumosos no ES Bank, Dubai; era também accionista do BESA.

Africa Monitor, em Angola 24 Horas

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Angola: A ARTE DE GOVERNAR PARA TODOS



Filomeno Manaças – Jornal de Angola, opinião

Falar da paz e da reconciliação nacional não é demais. Nunca será demais mesmo daqui a 50 ou 1000 anos.

Fazemo-lo com entusiasmo porque sabemos o sofrimento que a guerra causou na vida das pessoas e o atraso económico e social que provocou ao país, o qual agora, com alegria transbordante, caminha para se tornar num potentado. 

Temos razões muito fortes para estar optimistas em relação ao futuro, porque os 12 anos de paz deram-nos provas bastantes, em termos de obra realizada, para acreditar que Angola vai crescer ainda mais. É preciso ter coragem para reconhecer que foi feito muito e se houve erros eles são assumidos e corrigidos sem nunca perder de vista que esta Angola tem rumo.

Nunca é demais recordar, porque nos orgulha a todos, que assim que terminou a guerra fizemos o que estava ao nosso alcance para conseguir o apoio de quem, por dever, nos devia estender a mão. Falo de uma conferência de doadores, que tanto precisámos, mas que nos foi redondamente negada. Não cruzamos os braços. Fomos nós os angolanos de Cabinda ao Cunene, fartos do sofrimento causado pela guerra e pelo isolamento, que galgamos cheios de vontade, com passos firmes, até ao lugar merecido no quadro internacional.

Recuperamos infra-estruturas económicas e construímos outras que nos enchem de orgulho, pois já não estamos de rastos como alguém pretendeu que fosse o nosso destino. Construímos hospitais, escolas e estradas. Nessas estradas circulam todos. Angolanos e estrangeiros. Cristãos, muçulmanos e até hindus. Militantes do MPLA, da UNITA, da CASA-CE, do PRS, de outros partidos e mesmo quem não tem filiação partidária. E é assim que tem de ser porque o Governo, embora eleito por uma maioria, trabalha para todos.

Da mesma forma que decidiu reabilitar as estradas, que nos permitem hoje nos deliciarmos com as maravilhas das nossas paisagens, o Executivo, diante da falta de habitação que grassa pelo país, lançou o programa nacional de construção com o qual espera eliminar o défice existente e dar dignidade às famílias angolanas. É assim que vemos hoje centralidades em Luanda, na Lunda Norte, em Cabinda, no Uíge, no Bié e elas vão surgir também em praticamente todas as províncias do país. E ninguém está a ser preterido ou impedido de ter acesso a essas habitações em razão da sua filiação partidária. É um direito inalienável e o Executivo tem na sua agenda como uma prioridade. 

Esforços idênticos, com maior ou menor margem de acerto, estão à vista de todos nos domínios da Saúde, da Educação, da Agricultura, da Energia e Águas, da concessão de crédito bancário para promover o empreendedorismo, promover o surgimento de uma classe empresarial forte, e, por via disso, capaz de proporcionar mais postos de trabalho e apoiar a economia nacional.

O Encontro Nacional da Juventude e o Fórum Nacional de Auscultação às Mulheres Rurais lançaram novas luzes para a melhoria da governação, que está apostada num diálogo fecundo com as diversas franjas da sociedade. O objectivo destas iniciativas é claro: nos vários programas de desenvolvimento em curso há que ver reflectido em todos eles os anseios, as preocupações e aspirações das populações, que são, em bom rigor, os principais destinatários.

Recentemente o líder da UNITA, Isaías Samakuva, visitou Benguela e foi ao Lobito onde o Presidente José Eduardo dos Santos inaugurou, semanas antes, uma série de empreendimentos de impacto económico regional. O líder do maior partido da oposição não escondeu a boa impressão com que ficou perante as obras realizadas e as em curso naquela província. Obras que dão emprego a muitos jovens, independentemente da cor política da sua camisola, porque o mais importante é fazer o país avançar e recuperar o atraso.

E porque o Executivo tem pressa em trabalhar para melhorar as condições de vida das populações, o Titular do Poder Executivo tratou de pôr em marcha o processo de desconcentração administrativa de Luanda, tendo como inovação a equiparação, para afeitos orçamentais, das administrações municipais às províncias, de modo a imprimir um novo dinamismo à gestão da capital. “Pôr a funcionar o aparelho da administração provincial e das administrações municipais em pleno para superar o atraso (em que Luanda se encontra) e ajustar o passo da governação ao crescimento da procura dos serviços públicos”, foi o grande objectivo que norteou a tomada dessa decisão, pois é preciso melhorar as condições de vida de muitas populações que vivem na cidade capital e nos seus arredores.

Esse processo de desconcentração profunda do governo provincial de Luanda, nos moldes em que está a ser implementado, tem em conta a futura instauração do poder autárquico. Não é difícil perceber que estão a ser lançadas as bases para que o processo das autarquias não descarrile na primeira esquina. E isso desmente as teses de inconstitucionalidade por omissão, como de resto alvitrou o líder do maior partido da oposição. Há que rever os conceitos...

Em boa verdade o Executivo está a trabalhar e a superar as expectativas. Tanto assim é que cada vez mais novos investidores se interessam por Angola e, quando assim acontece, só pode ser sinal de que o país está no bom caminho. Tudo isso é feito, repito, em prol de todos os angolanos, indistintamente, sem olhar à sua cor partidária, sexo, religião, ou qualquer outra característica particular, porque o lema do Executivo é “trabalhar para o povo, resolver os problemas do povo”.

Mas há ainda quem fale da paz e da reconciliação nacional com amargura e acalente sonhos de que ainda possa haver recuos. Há ainda quem, obrigado a ter uma certa lucidez por já ter experimentado até cargos de responsabilidade na governação do país, ainda destile em conferências alguma angústia por ver que as coisas estão a caminhar bem. Essas personagens devem perceber que reprovar tudo o que se lhe é dado a ver, apenas porque não tem a sua impressão digital, é uma manifestação de intolerância. 

Quem fez a guerra, quem a conhece e a sentiu na alma, não a quer mais e afirma de modo convicto que os angolanos têm de reconciliar-se, desenvolver o país e saber viver na diferença. Quem fez a guerra e soube pôr ponto final ao derramamento de sangue não troca a PAZ em Angola por alguns minutos de fama numa confortável poltrona de um hotel qualquer a incitar de novo ao ódio.

Os angolanos de Cabinda ao Cunene sabem quem são os seus heróis do 4 de Abril de 2002, os que abriram caminho a uma nova Angola em paz, em prosperidade. E não vão permitir que, a coberto da democracia, umas quantas pessoas queiram baralhar as suas mentes e instalar dúvidas, que são desfeitas pelo labor de todos os dias, rumo à construção de um novo país.

É visível a olho nu que estamos a construir uma nova Angola, com mudanças profundas, onde cada um e todos se sintam felizes e tenham oportunidade de realização pessoal, sem preconceitos de qualquer tipo, sem discriminações.

VIOLÊNCIA ARMADA AUMENTA NA LÍBIA



Roger Godwin – Jornal de Angola, opinião

Os violentos combates registados pelo controlo da cidade de Benghazi vêm arrefecer algum entusiasmo que se havia instalado na Líbia depois de um mês de alguma tranquilidade e que deixava perceber que o caminho da normalidade havia sido reencontrado.

Porém, a verdade é que nos últimos dias o recrudescer da intensidade dos combates travados pelas forças especiais líbias, aliadas ao antigo general Khalifa Haftar com o objectivo de desalojar as diferentes milícias armadas que tomam conta da segunda mais importante cidade do país, deita por terra tudo aquilo que se tinha, com algum optimismo, dado como certo e adquirido.

Só num dia, segundo fontes independentes, terão morrido nesses combates mais de 30 pessoas, na sua maioria civis inocentes que ficaram no meio do fogo cruzado e sem lugar seguro para onde fugir.

As mesmas fontes adiantam não ser por uma mera coincidência que este novo aumento do índice de violência surge numa altura em que acabava de ser constituído um novo governo, que as milícias e o povo não reconhecem e que o truculento antigo general Haftar diz ser formado por um “grupo de fantoches sem qualquer poder”.

Este antigo general do exército, que se refugiou nos Estados Unidos depois do assassinato de Muammar Kadhafi, em 2011, conseguiu conquistar o apoio das forças especiais que deveriam estar ao lado do governo mas que, na verdade, possuem um programa paralelo e que se pode resumir pela tentativa de ocupar o poder.

É por via disso, que o referido antigo militar recorre habitualmente a um discurso onde tenta colar os sucessivos governos a algumas das milícias armadas, na tentativa de evitar que o poder seja ocupado pelo povo que ele, logicamente, mas sem qualquer respaldo objectivo, diz representar.

A situação na Líbia é de tal modo confusa que, actualmente, existem em funções dois governos e dois parlamentos. Um governo e um parlamento eleitos em Junho e empossado no mês seguinte e coabitam com um outro governo e um outro parlamento que, surpreendentemente, se recusaram a abdicar perante a incapacidade do Tribunal Constitucional actuar, uma vez que também ele se encontra inoperativo, por falta de quórum, há mais de um ano.Como se tudo isto não bastasse e para complicar ainda mais as coisas, nos últimos dois meses a Líbia tem sido cenário da intervenção militar de forças estrangeiras que, consoante os seus interesses estratégicos, se dividem em ataques contra as forças internas que actuam no terreno.

Muito notados têm sido os ataques que aviões dos Emiratos Árabes Unidos, baseados no Egipto, efectuam contra posições eventualmente ocupadas por milícias hostis ao governo líbio na cidade de Tripoli.

Esses ataques, que têm muito pouco de cirúrgicos, que terão ocorrido entre os dias 18 e 23 de Agosto, destruíram alguns bairros anteriormente ocupados por membros do governo do coronel Kadhafi e que agora serviam de abrigo a uma das milícias que lutam pelo controlo da cidade.

Temos pois que, neste momento, o epicentro da violência está localizado nas duas principais cidades do país, Tripoli e Benghazi, onde também existem informações de que elementos estrangeiros poderiam estar a lutar ao lado das milícias para se opor aos desígnios de Khalifa Haftar. A população, que nada tem a ver com a guerra, escapa como pode e, na maior parte das vezes, é vítima do fogo cruzado que ninguém consegue deter, sendo de sublinhar o facto das principais embaixadas ocidentais estarem encerradas depois de terem evacuado o seu pessoal para lugares mais seguros.

A coligação ocidental que conspirou para matar Muammar Kadhafi, sendo directamente culpada pela actual situação de instabilidade, acompanha de longe o desenrolar dos acontecimentos e apoia, de forma cada vez menos discreta, aquilo que tem sido a actuação do antigo general.

Deste modo, estranhamente, Estados Unidos, Inglaterra, França e seus aliados árabes, apoiam aquele que foi um dos homens fortes do exército de Kadhafi e que agora luta para instaurar um regime militar sob o pretexto – que ninguém sabe se não passa disso mesmo – de evitar que as milícias armadas ocupem o poder. Deste modo, os civis que apoiaram essa coligação na luta para desestabilizar a Líbia estão a ser votados a um ostracismo total, tendo toda a razão para se sentirem enganados pelo não cumprimento das promessas que lhes foram feitas na altura em que o importante era decepar todo o regime do coronel Kadhafi.

Enrolados que foram os tapetes vermelhos que lhes foram estendidos nas visitas que na altura fizeram a Washington, Londres e Paris, resta agora a esses esporádicos dirigentes tentarem impor, a força de si mesmos, um poder e um governo que ninguém respeita para manterem a ilusão de governarem um povo que não lhes reconhece qualquer direito de estar no poder.

Tudo aquilo que se vem passando na Líbia desde 2011, se interpretado como uma boa lição de vida para todo o continente africano, constitui um excelente exemplo do que ao longo dos anos tem sido a actuação oportunista e desvairada de forças que não sabem como controlar os fogos que elas própria atiçam e que, invariavelmente, consomem a vida a milhares de pessoas inocentes e sem qualquer possibilidade de se defenderem.

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A defesa do consumidor – editorial

Auxílio da mídia: EUA criam 'grupo terrorista mais perigoso que EI' para justificar ataque à Síria



Patrícia Dichtchekenian, São Paulo – Opera Mundi, opinião

Khorasan foi o grupo evocado por autoridades norte-americanas antes de aumentar bombardeios no Oriente Médio; nome sumiu da imprensa dias depois

Na madrugada de terça-feira passada (23/09), os Estados Unidos expandiram a operação militarcontra o EI (Estado Islâmico) para a Síria e deram início a ataques aéreos contra o grupo extremista sunita, em uma manobra considerada mais ampla e complexa do que a implementada em agosto no Iraque.

No entanto, tal iniciativa apresentou algumas dificuldades: em primeiro lugar, o presidente norte-americano, Barack Obama, não obteve apoio do Congresso, nem autorização da ONU para realizar a ofensiva em território sírio. Além disso, o próprio Departamento de Segurança Interna já havia declarado, segundo a Reuters, que os jihadistas do EI não apresentavam nenhuma “ameaça específica” aos EUA.

Então, como explicar - em legítima defesa e sob a égide do direito internacional - a necessidade de bombardear um país em plena guerra civil há mais de três anos? Quem dá essa resposta são os jornalistas Glenn Greenwald e Murtaza Hussain no artigo “The Khorasan Group: Anatomy of a Fake Terror Threat to Justify Bombing Syria” (ou, “O Grupo Khorasan: a Anatomia de uma Falsa Ameaça Terrorista para Justificar Bombardeios na Síria”), publicado no domingo (28/09) na plataforma de jornalismo investigativo The Intercept.

Greenwald é o jornalista que noticiou pela primeira vez, por meio do The Guardian, a espionagem em massa praticada pela NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) e vazada pelo ex-analista Edward Snowden. Já Hussain é analista político do Oriente Médio com experiência em veículos como Al Jazeera. Juntos, eles investigam o comportamento da imprensa norte-americana nas últimas duas semanas para provar como a mídia foi conivente com a histeria coletiva gerada pelo Pentágono face à ameaça de um novo grupo terrorista: o Khorasan.

Tudo começou com um artigo publicado no dia 13 de setembro pela Associated Press, que citava militares e congressistas norte-americanos anônimos para alertar sobre a existência de uma perigosa organização que se fortalecia à sombra dos holofotes direcionados ao EI.

“Enquanto o Estado Islâmico ganha mais atenção agora, outros extremistas na Síria – uma mistura de jihadistas ‘durões’ vindos do Afeganistão, Iêmen, Síria e Europa – trazem uma direta e iminente ameaça aos Estados Unidos, trabalhando com fabricantes de bombas iemenitas para atingir a aviação norte-americana”, adverte a Associated Press na matéria. “No núcleo desta célula, conhecida como Khorasan, está um grupo de veteranos da Al-Qaeda do Afeganistão e do Paquistão, que viajaram para a Síria para se conectar com a filial da Al-Qaeda lá, a Frente Al-Nusra”, completa.

Para as autoridades norte-americanas, os militantes do Khosaran não estavam se dirigindo à Síria para lutar contra o governo de Bashar Assad, mas, na verdade, teriam sido enviados para recrutar europeus e norte-americanos cujos passaportes lhes permitissem entrar a bordo de aviões sem levantar grandes suspeitas, para facilitar ataques em aeronaves.

Na medida em que os dias passavam, a sombra em torno do Khorasan foi ganhando novos contornos com o auxílio de outros veículos. No dia 18 de setembro, a CBS anunciou que o EI estaria roubando atenção de outra milícia em atividade na Síria, mas que “poucas pessoas teriam ouvido falar, pois as informações a esse respeito foram mantidas em sigilo”, segundo a emissora norte-americana.

Na mesma linha, o The New York Times dedicou também um longo artigo sobre Khorasan no dia 20 de setembro. Segundo autoridades, novamente anônimas, consultadas pelo jornal, a célula seria liderada por Muhsin Al-Fadhki, veterano da Al-Qaeda tão íntimo do ex-líder Osama Bin Laden (1957-2011) que era um dos poucos que sabiam dos atentados de 11 de setembro em Nova York antes de terem sido colocados em prática.

Já no dia 23 de setembro, outros três veículos se uniram ao coro. A emissora NBC televisionou uma reportagem de quase 2 minutos sob o lema: “O Novo Inimigo”. Por sua vez, o jornal The Washington Post trouxe à tona uma matéria de 17 parágrafos com o título: “Alvo de ataques aéreos dos EUA: a célula secreta da Al-Qaeda planejava ‘ataque iminente’”. Sem ficar para trás, aCNN estampou na mesma data a manchete com fonte anônima: “grupo da Al-Qaeda na Síria planejava ataque contra EUA com roupas explosivas”.

O terreno estava pronto, então, para Obama alegar direito de autodefesa e, enfim, anunciar o plano de expansão da ofensiva na Síria. No dia seguinte ao início da operação, uma autoridade do Pentágono já confirmaria à Reuters que Al-Fadhki, suposto líder do Khorasan, havia sido assassinado em meio ao bombardeio norte-americano na Síria no dia 24 de setembro. 

Para Greenwald e Hussain, contudo, uma vez que a história em torno de Khorasan serviu seu desígnio de justificar o início de bombardeios em território sírio, a narrativa simplesmente evaporou quase tão rápido quanto se materializou. E, a partir daí, a imprensa norte-americana passou a colocar em xeque essas “ameaças iminentes”.

Exemplos disso foram veículos como Foreign Policy, que divulgou um artigo em que questiona: “O grupo Khorasan é tão perigoso quanto a Casa Branca está tornando ser?”. De acordo com a publicação, os bombardeios em território sírio suscitam reflexões sobre a demora da mobilização do Departamento de Segurança Interna, já que a organização supostamente apresentava um perigo real a Washington. Além disso, a revista lembra que nenhuma autoridade revelou a repórteres um planejamento específico de ataque terrorista elaborado pelos membros do Khorasan em continente norte-americano.

Até mesmo o jornalista da Associated Press que revelou o furo da existência do Khorasan a partir de fontes anônimas no dia 13 de setembro pareceu mudar de idéia 12 dias depois. Dando nome aos bois, o repórter participa de coletiva com o diretor do FBI, James Comey, e o porta-voz do Pentágono, o Almirante John Kirby, ocasião em que admitem não ter informações precisas sobre como, quando e onde os membros do Khorasan pretendiam atacar o Ocidente.

Para Comey, a Síria é um país em que “não há completa visibilidade”, mas que o preocupava é que os milicianos do novo grupo terrorista estivessem organizando um novo ataque. “Nós podemos ter essa discussão se foi válido ou não atingi-los. Mas nós o fizemos e não acredito que seja necessário vomitar um dossiê para provar que esses são caras maus”, acrescentou Kirby.

Questionados sobre o termo “ameaça iminente” que mobilizou a opinião pública nos EUA nos últimos dias, as autoridades desconversaram mais uma vez. “Eu não sei exatamente o que essa palavra significa”, argumentou o diretor do FBI. “Nos nossos negócios e levando em conta a natureza das pessoas envolvidas e o que podemos observar, nós assumimos e agimos como se o ataque pudesse acontecer amanhã”, completa.

Outros veículos como National Review e até a Fox News também contestam a criação da suposta organização terrorista. “O Grupo Khorasan não existe. É um nome fictício que a administração de Obama inventou para nos enganar”, afirma o ex-Procurador Federal especializado em terrorismo, Andrew McCarthy, em artigo na publicação norte-americana. Já o ex-embaixador na ONU John Bolton disse à emissora que o episódio foi uma prova de que a Casa Branca quer tentar manter a aparência que a Al-Qaeda foi derrotada.

Em um contexto em que a ofensiva militar da coalizão liderada pelos EUA contra o EI Estado Islâmico no Oriente Médio já custou quase US$ 1 bilhão, as autoridades norte-americanas fazem da propagação de mitos um álibi para justificar “a Guerra ao Terror”.

A criação de narrativas como Khorasan justificariam o bombardeio a mais um país islâmico em uma região cujas diferenças têm se tornado cada vez mais abismais com a  intervenção estrangeira. Infelizmente, como pontuam Greenwald e Hussain, os danos já aconteceram e a verdade emergiu apenas quando ela já é impotente.

Na foto: Imagem de satélite cedida pela RAF (Forças Armadas da Inglaterra) revelam ataques a posições do EI entre Síria e Iraque / Efe

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“PROGRESSO PARA TODOS, OU PARA NINGUÉM” - PM da Noruega




É tolo insistir em modelo de “desenvolvimento” que devasta natureza e penaliza especialmente países pobres, sustenta, no Brasil, norueguesa Gro Brundtland, relatora da ONU

Elenita Malta – Outras Palavras

A ex-primeira ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, foi uma das conferencistas noFronteiras do Pensamento de 2014, em Porto Alegre, no último dia 29. Gro falou sobre desenvolvimento sustentável e o maior desafio atual da humanidade: as mudanças climáticas.

Gro Harlem Brundtland, médica especializada em saúde pública, foi ministra do meio ambiente da Noruega e em 1981 tornou-se a primeira mulher a ocupar o cargo político mais importante de seu país, o de primeira ministra, durante três mandatos. Entre 1983 e 1987 presidiu a Comissão Brundtland, da ONU, dedicada ao estudo do meio ambiente e sua relação com o progresso. Dessa comissão derivou o relatório Nosso futuro comum, que cunhou o termo “desenvolvimento sustentável”.

Em Porto Alegre, a enviada especial das Nações Unidas para Mudanças Climáticas teceu alertas importantes sobre as alterações que já estão sendo provocadas em todo o mundo, mas principalmente nos países pobres. Sugeriu alternativas para a crise e mostrou-se otimista com as possibilidades da assinatura de um tratado mundial sobre o clima na COP 21, que ocorrerá em Paris, em 2015.

Para a diplomata, o modelo atual de desenvolvimento é insustentável e há riscos de danos irreversíveis aos sistemas da Terra. Entre os mais importantes e ameaçados estão os oceanos, cada vez mais quentes e ácidos. Ela mencionou que a tundra siberiana está derretendo e que têm ocorrido constantes vazamentos de metano no fundo dos mares. Ao produzirem a maior parte do oxigênio, os oceanos são fundamentais à vida na Terra, pelo menos se queremos uma vida saudável.

Como já defendia o ambientalista José Lutzenberger há 40 anos, Gro falou da insanidade da economia mundial, ao considerar o PIB como medida de desenvolvimento, e ao não contabilizar o custo da natureza destruída. Para ela, é necessário medir o custo do ambiente – os custos ecológicos e humanos da produção industrial. Assim, poderia haver um uso mais criterioso dos elementos naturais, que, no modelo econômico atual, não passam de recursos, matérias primas à disposição gratuitamente. Gro defendeu também a taxação das emissões de carbono como uma das principais medidas para conter as mudanças climáticas: “as emissões não podem ser gratuitas; quem quiser poluir, deve pagar”.

Um dos pontos mais enfatizados foi a necessidade do corte dos subsídios aos combustíveis fósseis. Segundo Gro, o mundo gasta anualmente 500 bilhões de dólares por ano para subsidiar carvão e petróleo, um enorme recurso que poderia ser destinado à pesquisa e produção de energia renovável. Sinal de esperança nessa área é a China, que vem reduzindo sua dependência dos combustíveis fósseis e tem investido pesado em energias alternativas. Esse movimento deve ser seguido, pois Gro estima que o petróleo acabe em 50-60 anos.

A norueguesa lembrou dos anos 1990, quando a crise ambiental foi tema em evidência num contexto mais favorável. Com a queda do muro de Berlim e às vésperas da Cúpula da Terra (Rio-92), tudo parecia possível. Passada a euforia, contudo, a sequência de conferências globais gerou muita discussão e poucas medidas efetivas. Por exemplo, o Protocolo de Kioto: “teria ajudado muito se todos os países tivessem assinado”. O problema é que muitos governantes ainda pensam numa base nacional, e hoje, mais do que nunca, precisamos pensar e agir em termos globais. Além disso, qualquer acordo será ilusório se os Estados Unidos e os emergentes BRICS não assinarem. É preciso uma redução global de CO2, pois o cenário climático, alertam os cientistas, não prevê mais o aumento de “apenas” 2 graus na temperatura até o fim deste século, mas sim de preocupantes 4 graus.

Também motivo de preocupação é o previsto aumento demográfico global – o planeta vai abrigar mais de 9 bilhões de pessoas em 2050. Isso vai gerar maior demanda por alimentos, energia e consumo em geral. Por outro lado, Gro considera positiva a pressão dos jovens por um ambiente melhor, pois eles já são as gerações futuras que herdarão o planeta adoecido. Defendeu ainda a promoção do papel das mulheres nas sociedades, a exemplo do que vem acontecendo no Brasil, Argentina e Chile, países com mulheres na presidência.

Para minimizar as consequências da mudança climática, Gro sugeriu uma modificação na forma de fazer negócios, a ênfase em políticas públicas e a busca da eficiência energética, por meio das energias renováveis. Acabar com os subsídios dos combustíveis fósseis e taxar as emissões de CO2 são medidas de extrema urgência, sustenta.

Apesar do quadro preocupante pintado na conferência, Gro mostrou-se confiante na assinatura de um acordo global no ano que vem, em Paris. “Precisamos defender progresso para todos ou para ninguém. Ainda estou otimista”, afirmou.

É preciso questionar que tipo de desenvolvimento é possível e desejável para toda a humanidade, para além dos termos econômicos. Não podemos defender um desenvolvimento que destrua a diversidade da vida na Terra, como o capitalismo tem feito até aqui. Tomara que Gro esteja certa em seu otimismo e que ainda haja tempo para uma mudança real e significativa. Afinal, toda a vida depende disso.

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