quarta-feira, 15 de junho de 2016

NÃO PRODUZ 46 MIL EUROS POR MÊS MAS VAI GANHÁ-LOS NA CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS



Estado de graça de António Costa está a acabar

As elites. Ai as elites. Pelo visto e experenciado as elites portuguesas (é os que estamos a referir, mas há muito mais casco pelo mundo) só são elites porque os portugueses se deixam enganar e não estrebucham, não contestam ações e atitudes, abusos, ilegalidades e imoralidades que essas ditas elites tomam por práticas e por vícios. Exemplo é o que está a acontecer na Caixa Geral de Depósitos e o recrutamento do novo presidente, um imoral e abusador sujeitinho que, segundo o jornal i, vai auferir por volta de 46 mil euros por mês. Por mês.

António Domingues, de seu nome, vai debulhar à grande, num mês o que a maioria dos portugueses não conseguirá em quatro anos. São estas imoralidades, estes escândalos, estas ausências de decoro e de vergonha, que levam a que já não acreditemos em nada nem em ninguém das supracitadas elites. Elites que são compostas por salafrários, por repentistas que rapam no menor prazo o máximo possível do que é pertença do erário público, dos contribuintes.

António Domingos, um deslustrado desconhecido, parece que vindo do BPI, um sujeitinho da banca e dos banqueiros que têm tramado os portugueses, vai ter a compensação de mamar nas tetas de topo e a transbordar (pelo visto) sem que o mereça. Sim, porque não existe no mundo algum ou alguém que compense e justifique com trabalho honesto quantia tão avultada. Assim sendo conclui-se que o governo de Costa se rendeu a mais um chupismo. Chama-se Domingues mas podia chamar-se outra coisa qualquer, outro nome. Dos da mesma estirpe existem imensos. Tantos, que está a ser bastante difícil para os portugueses sustentar tão imensa chularia.

Lá está o António Costa a encostar à box das seitas que têm esbulhado Portugal e os portugueses. É até muito provável que nem nunca tenha saído dessa mesma box e em vez disso utilizou um sósia que deu e dá ares de socialista. Será esse que agora, neste momento, está no debate que ocorre na Assembleia da República?

Ai, Costa, Costa, a vida custa, Costa… Mas só para os que são explorados e vigarizados. Nanja aos das elites, esses mamões!

Lá se vai o estado de graça de Costa. Esperem, porque ainda haverá mais… desilusões para os que se iludiram e agora já começam a ver os rios de leite e mel exclusivos de certos mamões, ou chulos, numa democracia da treta.

Mário Motta / PG

Presidente da Caixa Geral de Depósitos pode ficar a ganhar mais de 46 mil euros por mês

Fim de tectos salariais permite que António Domingues ganhe mais do que no BPI, onde auferia 46 mil euros por mês.

O Conselho de Ministros aprovou ontem o diploma que elimina os tectos salariais da nova equipa de gestão da Caixa Geral de Depósitos, liderada por António Domingues. A decisão foi tomada no Conselho de Ministros e, na prática, permite que o novo presidente do banco público ganhe mais do que auferia no BPI, de onde transita. Nos últimos três anos, António Domingues ganhou uma média de 46 mil euros por mês.

Nos últimos anos, a CGD esteve condicionada nos salários a pagar aos gestores. Primeiro entrou em vigor uma regra que impedia a administração de receber mais do que o primeiro-ministro e posteriormente foi introduzida uma exceção que permitia contornar aquela norma, em que os gestores podiam optar por uma remuneração igual à média dos três anos anteriores.

Ontem, foi aprovado o fim deste tecto para o caso da CGD. “A proposta vem determinar a não aplicação do regime previsto naquele estatuto aos administradores designados para instituições de crédito integradas no Setor Empresarial do Estado, qualificadas como ‘entidades supervisionadas significativas’, nos termos da regulamentação do Banco Central Europeu”, revela o comunicado do Conselho de Ministros.

Com a alteração aprovada hoje, o limite que estava em vigor deixa de existir, em linha com as orientações do BCE, que considera esta limitação uma ineficiência do modelo ao de governação da CGD. Como a nova administração pode ir para o banco público receber mais do que a média dos últmos anos, terá mais capacidade de atrair quadros do sistema bancário.

Com esta alteração remuneratória, a despesa com órgãos sociais no banco vai aumentar. De acordo com os vencimentos declarados nos últimos anos como vice-presidente do BPI, António Domingues ganhou uma média de 46 mil euros por mês nos últimos três anos - assumindo uma repartição por 14 meses das remunerações fixas e variáveis totais inscritas nos relatórios anuais do BPI.

Face ao presidente atual da Caixa, o salário mais alto do grupo pode mais do que triplicar. José de Matos, o gestor em fim de mandato, aufere cerca de 16.500 euros por mês, sem direito a prémios.

Ao salário de António Domingues há que somar os de outros administradores. Segundo avançou na última sexta-feira o “Jornal de Negócios”, a nova equipa de gestão da Caixa vai ter 19 pessoas. Além de António Domingues como presidente, a CGD terá dois vice-presidentes. Um será Leonor Beleza, presidente da fundação Champalimaud, que não vai receber remuneração na Caixa. O outro é Rui Vilar, membro do Conselho Consultivo do Banco de Portugal e ex-presidente da REN e da Fundação Calouste Gulbenkian.

Haverá depois seis administradores executivos, um dos Emídio Pinheiro, que transita do BPI com António Domingues. Existem depois 12 administradores não executivos, entre os quais Pedro Norton, que saiu da Impresa, e Bernardo Trindade, antigo secretário de Estado do Turismo de José Sócrates. J.M.

João Madeira – jornal i

Portugal. Jerónimo: "Tecnocratas do BCE não têm autoridade" para decidir sobre 35 horas



O secretário-geral do PCP disse hoje que os portugueses têm sido alvo de pressões permanentes por parte da Europa e que os "tecnocratas do BCE" não têm autoridade para decidir sobre a reposição do horário de trabalho em Portugal.

"Existem instituições nacionais, existe um governo que tem a responsabilidade própria e indeclinável para resolver essas questões. Vir o BCE, designadamente uma estrutura de gente nomeada - uns tecnocratas que não têm nenhuma representação democrática - dizer aos portugueses como têm de fazer... Não têm autoridade para isso", disse Jerónimo de Sousa.

O secretário-geral do PCP respondia a questões sobre a entrevista Peter Praet, membro do conselho executivo do Banco Central Europeu (BCE), que em entrevista ao jornal Público, na segunda-feira, questionava a reposição das 35 horas de trabalho semanais.

"Não tem havido uma semana sem que os portugueses não sejam confrontados com uma pressão ou uma forma de chantagem em relação a situações que competem aos portugueses decidir. Nós não reconhecemos autoridade ao BCE e à União Europeia para decidir sobre questões tão importantes como o horário de trabalho ou da contratação coletiva. Era o que faltava", sublinhou o secretário-geral do PCP, durante uma visita ao município de Loures.

Para Jerónimo de Sousa, as "35 horas semanais não são uma conquista de um direito novo" mas sim o regresso a uma situação que já existia.

O secretário-geral do PCP frisou também que no quadro da "posição conjunta PS/PCP" é importante a reposição do horário de trabalho, ressalvando que pode haver especificidades "mediante uma ou outra situação".

O Presidente da República disse na segunda-feira que não está preocupado com a reposição das 35 horas de trabalho semanais para a função pública e prometeu pronunciar-se caso venha a preocupar-se com o assunto.

Em resposta a questões dos jornalistas, no final de uma visita à Escola de Música do Conservatório Nacional, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a referir que ainda "não há lei sobre essa matéria, vai haver uma votação só no começo de junho".

Para Jerónimo de Sousa, o chefe de Estado não tem de fazer a lei nem tem de decidir, "tem de olhar" para a legislação que for aprovada na Assembleia da República.

"Terá de decidir e deveria decidir bem pela aplicação das 35 horas, caso a Assembleia da República aprove", concluiu Jerónimo de Sousa.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Eurogrupo. APLICAÇÃO DE SANÇÕES A PORTUGAL É “POSSIBILIDADE SÉRIA”



O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, disse hoje, em Bruxelas, que a aplicação de sanções a Portugal por défice excessivo é uma "possibilidade séria devido à situação atual do país".

"As sanções são absolutamente uma possibilidade, estão nas nossas regras e regulamentos, e quando olhamos para a situação atual em Portugal e Espanha há razões sérias para considerar a sua aplicação, mas iremos ouvir da Comissão o porquê da decisão", declarou Dijsselbloem, à entrada para o Conselho de Ministros das Finanças da zona euro (Eurogrupo).

Para o presidente do Eurogrupo, o Governo de António Costa pode evitar as sanções se assegurar "que o orçamento se mantém dentro dos limites", salientando ser este "um trabalho difícil", assegurando poder dizê-lo "por experiência".

O tema não está na agenda do Eurogrupo de hoje, mas Dijsselbloem admitiu a possibilidade de receber informação do ministro das Finanças, Mário Centeno, sobre a situação orçamental portuguesa.

"Mas uma decisão formal só será tomada no próximo Ecofin, no mês que vem, quando falarmos das recomendações específicas para os países", lembrou.

A Comissão Europeia adiou, no da 18, para o início de julho uma decisão sobre eventuais sanções a Portugal e Espanha por défice excessivo em 2015, mantendo-se Portugal sob Procedimento por Défice Excessivo (PDE).

O comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, indicou que Bruxelas decidiu propor que seja dado "mais um ano e apenas mais um ano", a Portugal para colocar o seu défice abaixo dos 3,0% do Produto Interno Bruto (PIB).

Na conferência de imprensa de apresentação das decisões tomadas esta quarta-feira pelo executivo comunitário no quadro do Semestre Europeu de coordenação de políticas económicas Moscovici salientou que "este não é o momento certo, económica ou politicamente" para avançar com sanções".

Lusa, em Notícias ao Minuto

OS ESTADOS UNIDOS SANGRAM COM O CONSERVADORISMO



A homofobia nos EUA não é exclusividade do fundamentalismo islâmico: O fundamentalismo cristão LGBTfóbico tem se expressado na criação de diversas leis.

Isabela Palhares – Carta Maior

Na última madrugada de sábado para domingo, um atirador matou 50 pessoas e feriu outras 53 em na boate gay Pulse em Orlando na Flórida. O criminoso, que foi morto pela polícia, era Omar Mateen, 29 anos, cidadão norte-americano, nascido em Nova Iorque, morador de Treasure Coast na Flórida, muçulmano e de origem Afegã.

Um dia após o ocorrido, todo o mundo já tem mostrado solidariedade para com as famílias e amigos das vítimas e os presentes na madrugada fatídica. Em Londres e São Paulo ativistas da causa LGBT realizaram atos e vigílias e as redes sociais estão mobilizadas em memória das vítimas como mostram as páginas no Facebook “Vítimas da Pulse Orlando” e “Caminhada em vigília pelo ataque na Pulse Orlando”.

Enquanto ativistas e civis se mobilizam pela causa mostrando indignação e repulsa, questões acerca dos direitos LGBT, do controle de armas e sobre o “islamismo radical” e imigração no país estão sendo levantadas.

Gays não podem doar sangue

Após chamada de urgência para doações de sangue na Flórida, centenas de moradores da região estão fazendo longas filas em bancos de sangue para doação. No entanto, o que prevalece e causa mais indignação é a ironia de um Estados Unidos fundamentalista e conservador. Devido a proibição de doações de sangue por homens bissexuais e homossexuais, muitas pessoas não poderão ajudar amigos e familiares feridos na boate Pulse. A proibição iniciou em 1983 e desde então somente a administração Obama realizou mudanças – insuficientes - na lei, permitindo que homens bissexuais e homossexuais doem sangue contanto que tenham estado em celibato por um ano.

Em 2013 a Associação Médica Americana (AMA) declarou que a proibição é preconceituosa e não tem base científica e pediu que a Administração de Alimentos e Drogas (FDA) mude a política.

E o fundamentalismo cristão?

Segundo a Campanha de Direitos Humanos, nos Estados Unidos, estão sendo monitoradas por ativistas de direitos humanos ao redor do país, atualmente, quase 200 propostas de lei LGBTfóbicas, quase o dobro do ano passado. Um delas é a Lei de Liberdade Religiosa, do Mississipi, que permite a não oferta de serviços a pessoas “inconsistentes” com certos pensamentos religiosos. A lei entra em vigor em Julho.

Essa movimentação conservadora é consequência da decisão da Suprema Corte dos EUA em  garantir o casamento homoafetivo no país tendo como base a constituição norte-americana.

O próprio governador do Mississipi, Tate Reeves, alegou que muitos mississipianos, incluindo pastores, queriam proteção para exercer sua liberdade religiosa.

Além disso, o principal candidato Republicano, com o maior número de votos da história dos candidatos do partido, Donald Trump, é contra o casamento gay e já manifestou opiniões preconceituosas.

A homofobia que motivou Omar Mateen, comprovada pelo seu pai que confirmou que o filho tinha ódio dos gays e que aumentou após ver um casal homoafetivo se beijando, não é exclusiva do fundamentalismo islâmico. O fundamentalismo cristão dos Estados Unidos é LGBTfóbico, porém não demonizado como o islamismo por ser parte da cultura ocidental e principalmente parte da constituição dos Estados Unidos.

Antes mesmo de ser divulgada uma possível relação do assassino com o Estado Islâmico, veículos de mídia norte-americanos já o vinculavam a grupos terroristas do Oriente Médio, ignorando a possibilidade de Omar ser um fundamentalista cristão, justamente por causa da presença política que essa comunidade tem nos EUA e ignorando, principalmente, a empreitada conservadora dos cristãos com leis anti-LGBT.

Posse de Armas

A segunda emenda da constituição dos EUA garante o porte de armas aos cidadãos norte-americanos, incluindo rifles usados no exército. Os massacres em Connecticut em 2012, Carolina do Sul e Califórnia em 2015 e agora em Orlando, no entanto, não são provas suficientes, para os defensores da posse de armas, de que algo está errado. Desde 2012, algumas leis que tentaram tornar mais rigorosa a posse de armas não foram aprovadas pelo Congresso.

De acordo com uma pesquisa feita na Suíça, em 2007, sobre armas de pequeno porte, com menos de 5% da população do mundo, os Estados Unidos detêm de 35% a 50% do total de armas possuídas por civis.

Em declaração sobre o ataque na boate Pulse, a candidata Democrata a presidência, Hillary Clinton, salientou, “em Orlando e na Califórnia os terroristas usaram rifles, o AR-15. E usaram para matar os norte-americanos. Essa foi a mesma arma usada para matar as crianças em Sandy Hook. Temos que tornar a posse mais difícil para as pessoas que não deveriam ter essas armas de guerra. E isso pode não evitar tiroteios ou todos os ataques terroristas, mas irá parar alguns e irá salvar vidas”.

Créditos da foto: Fibonacci Blue

GEOPOLÍTICA, VIOLÊNCIA E PATRIARCADO: O VÉU SOBRE AS MULHERES



Rui Peralta, Luanda

Ex-Jugoslávia, 1991-1999, Ruanda, 1994, Serra Leoa, 1991-2002. Se revermos muitas das imagens televisivas que nos mostraram os corpos, concluiremos que muitos desses corpos eram de mulheres. Aliás não foi por acaso que o Tribunal Penal Internacional, em Haia, criou tribunais penais internacionais ad-hoc estabelecendo jurisprudência internacional para casos de violação como arma de guerra, violação como tortura, violência sexual massiva como acto de terrorismo. Toda esta centralização na mulher teve como origem os factos ocorridos nos conflitos atrás referidos. Esta lista poderia continuar se nos focarmos nas guerras no Médio-Oriente, Afeganistão, Iraque, Somália, Líbia, Síria, Iémen, ou no comportamento dos Capacetes Azuis da ONU em alguns dos conflitos mencionados.

O discurso oficial dos USA após o 11 de Setembro remete a tese do Choque de Civilizações, uma tese do senhor Huntington, que tinha como argumento o seguinte: os padrões geopolíticos da guerra-fria seriam reestruturados em torno do conflito cultural entre o Oeste, predominantemente cristão e o Mundo Islâmico, apresentados como intrinsecamente opostos e incompatíveis. Um importante e imponente mecanismo de doutrinamento é colocado em marcha após o 11 de Setembro. Foram desenhadas novas estratégias de domínio cultural local-global (os USA estenderam o compromisso de “luta contra o terror” a todo o mundo, fazendo que essa narrativa converta as restantes sociedades e se tornasse a narrativa dominante, justificação e legitimação da hegemonia norte-americana) e foram efectuados processos internos de militarização da vida quotidiana e dos meios de comunicação social, tornados em instrumentos de propaganda.

A NATO, na tentativa hegemónica unipolar, iniciou um processo de re-territorialização (á maneira imperial, pré-capitalista) cultural, assente na reconstrução do outro. Essa mensagem foi massificada, apresentando-se á opinião pública como ética dominante. O “outro” foi deslocalizado, ilegalizado. Passou a ser um intruso capaz de introduzir-se nas fronteiras imperiais dos USA e da fortaleza europeia sem vistos (e em alguns casos já estava no interior das fronteiras, devido aos “acidentes históricos”), mantendo amplas redes de financiamento e de suporte a “actividades ilícitas”. Esta lógica de domínio atinge o seu absurdo fora dos espaços centrais quando é assumida pelos Estados das periferias (África é um exemplo de bom aluno que fez os trabalhos de casa, mas só nesta matéria. As oligarquias africanas são adversas á internacionalização - alérgicas ao outro - e teimam em manter as suas fronteiras-fortalezas, onde funcionam milhares de funcionários e toneladas de requerimentos, carimbos, taxas e papelada diversa). Nesta perspectiva o Ocidente legitima a violência, bombardeando alguém, sem saber a quem. A geopolítica ocidental passou a definir territórios e fronteiras a esse alguém indefinido e não identificado. O Afeganistão recebeu o primeiro golpe, depois veio o Iraque, depois a Síria, a Líbia…

Enquanto no exterior se actua geopoliticamente, no interior das fronteiras ocidentais actua-se de forma identitária, identificando-se com precisão o inimigo (sempre com uma aparência determinada – o islâmico, o/a homossexual, o ocidentalizado, o emigrante, o imigrante, etc. - e esteticamente marcado) e revia-se a legislação antiterrorista. Criou-se um novo imaginário. O outro passou a ser o inimigo, o eixo do mal. Como esta violência tornou-se corpórea, estética, despertou outras violências, todas com base no mesmo princípio. Por isso as mulheres foram afastadas deste eixo geopolítico, patriarcal a Ocidente e a Oriente, assim como no centro e na periferia. Tornaram-se, elas, as mulheres, objecto deste conjunto de violências que atravessam de forma transversal as relações internas e internacionais, pessoais e interpessoais, profissionais e familiares.

Fez-se crer, durante a invasão ao Afeganistão, que o objectivo era derrubar o regime fascistóide dos Taliban e libertar as mulheres afegãs das suas burcas. Imaginem o absurdo de ver os marines norte-americanos em missão feminista! Esqueceram-se de que os aliados sauditas, por exemplo, espezinham a identidade feminina. Assim como nunca deixaram fazer ouvir as súplicas da Associação Revolucionária das Mulheres Afegãs (RAWA) para acabarem com os bombardeamentos.

A militarização da sociedade, a ingerência e o uso da violência nas relações internacionais, implica o destroçar da cidadania, a revitalização de conceitos machistas próprios das sociedades patriarcais. Territorialidade, espaço, energia, vitalidade, heroicidade, segurança, Poder, guerra, são todas interpretadas nesta perspectiva machista, patriarcal, geradora de violência sobre o outro. Por isso passa despercebida, no estudo das Relações Internacionais, trabalhos e teses femininas, como a da geografa politica Cynthia Enloe, ou o pacifismo feminista da Liga Internacional das Mulheres para a Paz e Liberdade, fundado em Haia, no ano de 1915, ou os diversos trabalhos produzidos por grupos como as Mulheres em Zonas de Conflito, por exemplo, todos eles questionando a concepção militarista das relações internacionais, da segurança nacional, da geopolítica e da geoestratégia.

Os estudos tradicionais geopolíticos tornaram invisíveis as mulheres e mantiveram as suas propostas na invisibilidade. Cobriram-nas com um véu, assim como se encobre a violência sobre as mulheres nos locais de trabalho, a descriminação salarial ou a violência sobre as mulheres exercida no seio da família. Encobre-se, torna-se invisível e inaudível, no lar, nas universidades, nas fábricas, nas escolas, no campo, nas relações sociais, na História, onde se realça coragem e dignidade dos homens e o sacrifício das mulheres, eternas na dor do parto, onde se assumem como mães de homens e de mulheres.

Como se a dignidade fosse uma questão masculina e o sacrifício uma tarefa das mulheres…

BAIXA DOS PREÇOS DO PETRÓLEO MUDA O XADREZ GEOPOLÍTICO



Thierry Meyssan*

A baixa dos preços do petróleo desmentiu a teoria do «Pico de Hubbert». Não deverá haver penúria energética no século vindouro. Provavelmente, a baixa dos preços do petróleo também iniciou o desmantelamento da teoria da «origem humana do aquecimento climático». Ela privou de qualquer rentabilidade as fontes de energia alternativas, os investimentos nos hidrocarbonetos de xisto e as perfurações em águas profundas. Mudando o xadrez geo-político, ela é susceptível de fazer regressar os militares U.S. ao Próximo-Oriente e forçar o Pentágono a abandonar, definitivamente, a teoria do «caos construtivo».

Em dois anos, o mercado mundial das fontes de energia foi revolucionado. Primeiro, a oferta e a procura mudaram consideravelmente, depois os fluxos comerciais, finalmente os preços afundaram. Estas mudanças radicais colocam em causa todos os princípios da geo-política do petróleo.

O mito da penúria

O abrandamento da economia dos países ocidentais, e a de alguns países emergentes, traduziu-se por uma baixa na procura, enquanto o crescimento contínuo na Ásia tem pelo contrário aumentado. Em última análise, a procura global prossegue a sua lenta subida. Do lado da oferta, não só nenhum Estado produtor viu as suas capacidades afundarem, mas, alguns até a puderam aumentar como a China, que acumula agora importantes reservas estratégicas. De tal modo que, em geral, o mercado é muito excedentário.

Esta primeira constatação contradiz o que era a ortodoxia dos meios científicos, e profissionais, durante os anos 2000: a produção mundial aproximava-se do seu pico, o mundo ia conhecer um período de penúria, no decurso do qual alguns Estados se iam afundar e guerras por recursos naturais iam estourar. Desde o seu regresso à Casa Branca, em janeiro de 2001, o Vice-presidente Dick Cheney havia formado um grupo de trabalho sobre o desenvolvimento da política nacional de Energia (National Energy Policy Development — NEPD), qualificado de «sociedade secreta» pelo Washington Post [1]. Num ambiente de alta-segurança, os conselheiros da Presidência auscultaram os patrões das grandes empresas do sector, os cientistas mais reconhecidos, e os chefes dos serviços Secretos. Chegaram à conclusão que o tempo urgia e que o Pentágono devia garantir a sobrevivência da economia norte-americana apoderando-se para tal, sem esperar, dos recursos do «Médio-Oriente Alargado». Ignora-se exactamente quem participou neste grupo de trabalho, sobre que dados trabalhou, e quais as etapas da sua reflexão. Todos os documentos internos foram destruídos, para que ninguém conhecesse as estatísticas às quais ele teve acesso.

Foi este grupo que aconselhou lançar as guerras contra o Afeganistão, o Irão, o Iraque, a Síria, o Líbano, a Líbia, a Somália e o Sudão; um programa que foi, oficialmente, adoptado pelo Presidente George W. Bush aquando de uma reunião, a 15 de Setembro de 2001, em Camp David.

Eu lembro-me de ter encontrado em Lisboa, aquando de um congresso da APFOA (associação entretanto extinta- ndA), o secretário-geral do grupo de trabalho da Casa Branca. Ele tinha uma apresentado uma exposição sobre o estudo de reservas anunciadas, a iminência do «Pico de Hubbert» e as medidas a tomar para limitar o consumo de energia nos EUA. Eu tinha, então, ficado convencido —erradamente— pela sua lógica e pelas suas certezas.

Constatamos com o tempo que esta análise é completamente falsa, e que as cinco primeiras guerras (contra o Afeganistão, o Iraque, o Líbano, a Líbia e a Síria) foram, deste ponto de vista, inúteis, mesmo se este programa prossegue até hoje. Este enorme erro de prospectivação não deve surpreender-nos. É a consequência do «pensamento de grupo». Progressivamente uma ideia impõe-se no seio de um grupo, a qual ninguém ousa colocar em questão pelo risco de se ver excluído do «círculo da verdade». É o «pensamento único». Neste caso, os conselheiros da Casa Branca começaram e desembocaram na teoria malthusiana, a qual dominou a cultura anglicana do século XIX. Segundo ela, a população aumenta a um ritmo exponencial enquanto os recursos apenas a um ritmo aritmético. A prazo, não haverá recursos disponíveis para toda a gente.

Thomas Malthus entendia opôr-se à teoria de Adam Smith, segundo a qual, quando livre de qualquer regulamentação, o mercado se regula a si mesmo. Na realidade, o pastor Malthus encontrava na sua teoria —não demonstrada— a justificação para a sua recusa em atender às necessidades de inumeráveis pobres da sua paróquia. De que serviria alimentar esta gente se, no futuro, os seus muitos filhos morreriam de fome? O governo de George W. Bush era, então, amplamente formado por WASP.s e incluía muitas gente oriunda da indústria petrolífera, a começar pelo Vice-presidente Cheney, antigo patrão da empresa fornecedora Halliburton.

Se o petróleo é um recurso não renovável e que terá, portanto, um fim, nada permite pensar que este está próximo. Em 2001, raciocinava-se em função do petróleo de tipo Saudita, que se sabia refinar. Não se considerava exploráveis as reservas da Venezuela, por exemplo, sobre as quais se admite, hoje em dia, que são suficientes para prover o conjunto das necessidades mundiais, pelo menos por um século.

Tomemos em atenção que a teoria do «aquecimento global provocado pelo homem» não é, provavelmente, mais séria que a do pico petrolífero. Ela procede da mesma origem malthusiana, e tem, por outro lado, a vantagem de enriquecer os seus promotores através da Bolsa dos direitos de emissão de Chicago [2]. Ela foi popularizada com o objectivo de ensinar os Ocidentais a diminuir o seu consumo de energia de origem fóssil, portanto, para se preparem para um mundo onde o petróleo se teria tornado escasso e caro.

O fim dos preços artificiais

A subida do preços do barril a 110 dólares pareceu reforçar a teoria da equipe de Dick Cheney, mas a sua queda brutal a 35 dólares mostra que não se tratava de nada disso. Tal como em 2008, esta queda começou com as sanções Europeias contra a Rússia, que desorganizaram as trocas mundiais, deslocaram os capitais e, finalmente, rebentaram a bolha especulativa do petróleo. Desta vez, os preços baixos foram incentivados pelos Estados Unidos, que viram nisso um meio suplementar de afundar a economia russa.

A queda agravou-se quando a Arábia Saudita viu nela a sua oportunidade. Ao inundar o mercado com a sua produção, Riade manteve o preço do barril Arabian Light entre 20 e 30 dólares. Desta forma, destruía a rentabilidade dos investimentos em fontes alternativas de energia, e, garantia o seu poder e as suas receitas a longo prazo. Ela conseguiu convencer os seus parceiros da OPEP a apoiar esta política. Os membros do cartel tomaram a decisão de salvar o seu poder, a longo prazo, mesmo às custas de de ganhar muito menos dinheiro durante alguns anos.

Por conseguinte, a baixa dos preços incentivada por Washington contra Moscovo, acabou por atingi-la também. Se mais de 250. 000 postos de trabalho foram destruídos nas indústrias de energia, em dois anos, no mundo inteiro, cerca de metade foram-no nos Estados Unidos. Foram fechadas 78% das plataformas de petróleo dos EUA. Mesmo que o recuo da produção não seja tão espectacular, não é de somenos que os Estados Unidos não sejam mais, provavelmente, energeticamente independentes ou, então, não irão tardar a ser, em breve, novamente dependentes.

E, não são apenas os Estados Unidos : todo o sistema capitalista ocidental foi atingido. Em 2015, a Total perdeu 2,3 mil milhões (bilhões-br) de dólares, a ConocoPhillips 4,4 mil milhões, a BP 5,2 mil milhões, a Shell 13 mil milhões, a Exxon 16,2 mil milhões, a Chevron perto de 23 mil milhões.

Esta situação leva-nos de volta à «Doutrina Carter», de 1980. À época, Washington tinha-se atribuído o direito de intervir militarmente no Próximo-Oriente para garantir o seu acesso ao petróleo. Em seguida, o Presidente Reagan tinha criado o CentCom para aplicar esta doutrina. Hoje em dia, extrai-se petróleo um pouco por todo o lado, no mundo, e sob formas assaz diferentes. O fantasma do «Pico de Hubbert» dissipou-se. De tal modo que o Presidente Obama pôde ordenar a deslocação das tropas do CentCom para o PaCom (teoria de «bascular para a Ásia»). Pode observar-se que este plano foi modificado com a acumulação de forças na Europa do Leste (EuCom), no entanto, ele poderá ser ainda retomado se os preços estagnarem entre 20 e 30 dólares por barril. Neste caso, deixará de se explorar certos tipos de petróleo e irá regressar-se ao Arabian Light. A questão do reposicionamento de forças no Próximo-Oriente coloca-se, portanto, desde já.

Se Washington se empenha nesta via, deverá provavelmente, também, modificar os métodos do Pentágono. Se a teoria Straussiana do «caos construtivo» permite governar territórios imensos, com muito poucos homens no terreno, exige muito tempo para permitir a exploração de vastos recursos, como se vê no Afeganistão, no Iraque e na Líbia. Talvez seja preciso regressar a uma política mais sábia, parar de organizar o terrorismo, admitir a paz para poder comerciar com os Estados ou com o que deles resta.

Thierry Meyssan* - Voltaire.net - Tradução Alva

Notas
 [1] “Energy Task Force Works in Secret” («Força Tarefa da Energia Trabalha em Segredo»- ndT), Dana Milbank & Eric Pianin, Washington Post, April 16th, 2001.
[2] « 1997-2010 : L’écologie financière » («1997-2010 : A ecologia financeira»- ndT), par Thierry Meyssan, Оdnako (Russie) , Réseau Voltaire, 26 avril 2010.

Foto: No último ano, os patrões das maiores companhias petrolíferas do mundo ocidental advogavam por uma redução de emissões de CO2. Pensavam ainda obter fundos públicos para desenvolver fontes de energia alternativas ao petróleo. Mas, actualmente o preço do petróleo priva esses investimentos de rentabilidade.

* Intelectual francês, presidente-fundador da Rede Voltaire e da conferência Axis for Peace. As suas análises sobre política externa publicam-se na imprensa árabe, latino-americana e russa. Última obra em francês: L’Effroyable imposture: Tome 2, Manipulations et désinformations (ed. JP Bertrand, 2007). Última obra publicada em Castelhano (espanhol): La gran impostura II. Manipulación y desinformación en los medios de comunicación(Monte Ávila Editores, 2008).

Brexit. Should they stay or should they go? (Brexit. Eles devem ficar ou devem ir?)*



Ana Sá Lopes – jornal i, opinião

A possibilidade cada vez mais confirmada pelas sondagens (que, diga-se de passagem, têm um historial de pouca fiabilidade no país) de o Reino Unido poder sair da União Europeia é um assunto apaixonante porque nada está “no seu lugar”.

Ou seja, a divisão tradicional esquerda/direita não cabe aqui. Ou, pelo menos, os argumentos apresentados pelos vários protagonistas são um manancial de contradições internas. Pode dizer-se que isto acontece porque a Europa vive a maior crise desde a sua fundação, sem conseguir responder à crise dos refugiados, por exemplo. Acontece também porque a xenofobia e a ascensão da extrema-direita estão a regressar devagarinho a níveis só outrora vistos no “século xx esquecido” de que fala o genial historiador inglês Tony Judt. É verdade que o euroceticismo inglês vem desde o início – quando profetizou a existência dos “Estados Unidos da Europa”, num discurso em 1951, Churchill não colocava a sua ilha lá dentro.

Mas com a Europa de rastos, com níveis elevados de desemprego jovem, crescimento anémico e tomada de assalto pelo capital financeiro, é curioso verificar como um eurocético de sempre como o líder trabalhista Jeremy Corbyn se arrasta em campanha pelo “ficar”, limitando-se a utilizar os argumentos dos “direitos dos trabalhadores” que existem na carta social da Europa. Em contraposição, Boris Johnson, o antigo presidente da Câmara de Londres e candidato mais do que certo a substituir David Cameron na liderança do Partido Conservador, consegue argumentar pela saída invetivando a City – e utilizar os números habitualmente apresentados pela esquerda sobre o fosso salarial entre os muito ricos e os muito pobres que se abriu a partir dos anos 80 e nunca mais regrediu. Foi num artigo no “Guardian” que Boris acusou os financeiros de se saberem servir da Europa, ao contrário do trabalhador inglês comum. O mundo ao contrário. Should they stay or should they go? Falta uma semana para perceber.

*Tradução PG

GOLO… MARCELO NÃO SE QUERERÁ IR CATAR?



Euro2016. Para começar não foi mau. Um empate contra a Islândia. Pior teria sido perder… e vimos jeitos disso. Assim como vimos jeitos de vencer por mais dois ou três golos. Nada demais. Afinal somos campeões. Decretaram o PR Marcelo e o PM Costa. Parece que todos se esqueceram que a bola é redonda e que a função da equipa adversária é defender e vencer. Além disso o jogo foi contra a Islândia. Os tais que perante a “crise” mandaram tudo e todos os vigaristas de “sistema” às urtigas e deram voz de prisão aos seus banqueiros e aos mais que vieram com blá-blás. Os islandeses têm os tintins rijos e grandes (talvez endurecidos e dilatados pelo frio que lá faz). Em contrapartida, acerca dos portugueses… Nem um banqueiro foi preso, apesar de quase todos eles serem uns vigaristas de nomeada. Os portugueses pagaram, pagam e nem bufam. Passam fome e todo o tipo de carências e depois ficam todos contentes e até comovidos e convencidos com as tretas populistas de Marcelo Rebelo de Sousa, o “Querido PR”. Que o povo é do melhor e do maior. Que os políticos, as elites, são compostas por uns safardanas… Pois. Marcelo, das elites, nado e criado nas elites… Oh porra! E agora sai-se com esta, a passar as mãos pelo pêlo do povoléu a fim de o adormecer ainda mais. Não é preciso, os portugueses já se parecem mais com zumbis que outra coisa. Além disso, a maior parte dos dias, até balem… Para manterem alguma comidinha nos pratos dos filhos e deles próprios. E é assim que as elites florescem à custa do que roubam aos outros, o povo, os que passam fome e são explorados até ao tutano. Marcelo não se quererá ir catar?

Adiante que já é tarde. Expresso Curto já a seguir. Uma senhora faz as honras de servir a cafeína. Diz o que diz e bem. Afinal isto é uma grande democracia onde há sopa, gravatas e tudo (dizia assim o saudoso Raul Solnado), só que então vivíamos no salazarismo fascista. Curioso: as elites de então recompuseram-se, alargaram-se… E agora são muitos mais a roubar o grande povo português. E a Justiça? Onde é que ela anda? Ah, pois, também é das elites!

Sorva o Expresso Curto. Já está com sorte. Não seja racista, a fome é negra (e bem) causada por indivíduos das elites multicolores e globalizantes. Uma máfia que os pariu e os mantém ativos. Pois. Bom dia. Boa semana – que já está a meio.

Mário Motta / PG

Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Helena Pereira – Expresso

Estreia no Euro2016: um empate com sabor a derrota

"Era tudo nosso. Era, mas não foi". As palavras são da Mariana Cabral, enviada do Expresso ao Euro2016, e resumem o sentimento de uma equipa e de um país colado à televisão. O empate (1-1) com a Islândia soube a derrota na estreia do Euro. Fernando Santos, o selecionador, desabafou ao fim de 90 minutos: “Este grupo não vai ser fácil, ao contrário do que as pessoas diziam".

Aqui, o Expresso analisa um a um os 11 jogadores que estiveram em campo. Como escrevia horas antes deste jogo o Pedro Candeias no Expresso, Cristiano Ronaldo é capaz de "cilindrar uma equipa inteira sozinho quando está naqueles dias. Hoje seria um bom dia para isso". Não foi. E como as atenções estavam centradas nele! O Observador meteu uma moedinha na máquina do tempo e imaginou como seria uma carta do avô Cristiano Ronaldo ao neto a recordar as suas aventuras nos campeonatos da Europa. Até o norte-americano Robert Sherman torceu por Portugal e gritou "Ronaldo". Quem? O embaixador dos EUA em Portugal, que fez um vídeo que vale a pena ver.

Os políticos também seguiram o jogo com atenção. António Costano ecrã gigante do Terreiro do Paço, Pedro Passos Coelho no pátio da sede do PSD. “É como na política: quando se perde, pensa-se no próximo jogo”, comentou no final.

O outro jogo de ontem: a Áustria venceu a Hungria por 2-0, liderando agora o grupo F. Mas calma, ainda não está nada perdido. Portugal joga ainda dia 18 (com a Áustria) e dia 22 (com a Hungria).

Ainda no Euro2016, a UEFA decidiu castigar a Rússia com adesqualificação do Euro 2016, caso aconteça um novo episódio de violência com os adeptos dentro de um estádio. Em causa estão os confrontos registados no último sábado, em Marselha. Este vídeomostra de que estamos a falar.

OUTRAS NOTÍCIAS

Hoje é dia de debate quinzenal no Parlamento e a situação daCaixa Geral de Depósitos vai ser de certeza tema. António Costa está sob fogo cruzado da esquerda e da direita. Literalmente. A esquerda não aceita despedimentos, a direita quer saber por que razão a recapitalização exige 4 mil milhões de euros e o que terá corrido mal. No Jornal de Notícias, Mariana Mortágua já avisava, porém, que o BE não iria entrar no jogo da direita de "semear desconfiança" em relação à CGD porque esse é "o jogo perigoso de quem sempre quis o fim da Caixa pública".

O Ministério das Finanças assumiu, por seu lado, que se houvecréditos concedidos pela Caixa Geral de Depósitos anteriormente à recapitalização de 2012 sem a devida avaliação, essa questão deve ser "sujeita às diligências entendidas por convenientes, nomeadamente no campo do apuramento de responsabilidade civil e criminal".

Este mês termina o último processo de reestruturação da Caixa Geral de Depósitos, que levou à dispensa de 750 trabalhadores, como contou a Rosa Pedroso Lima, e os sindicatos pediram uma reunião de urgência ao ministro das Finanças para saber o que está a ser negociado em Bruxelas.

António Costa tem a braços ainda a polémica sobre a emigração semelhante à que envolveu Passos há quatro anos. Veio corrigir com ironia as declarações feitas em Paris sobre os professores sem emprego que podem procurar novas oportunidades fora de Portugal e terminou com um “Eu também não apelei à emigração!”. O BE não gostou mas o Presidente da República veio em seu auxílio: "Eu, por acaso, estava lá [em Paris] quando isso foi dito e não atribuí o significado que foi atribuído".

Marcelo Rebelo de Sousa, que esteve três dias em Paris, já estava com saudades dos seus mergulhos na praia de Cascais. Ontem, foi lançado nas redes sociais um vídeo que mostrava um Presidente descontraído no areal e (mais uma vez) a tirar selfies. Esta quarta-feira, o eurodeputado do PSD, Paulo Rangel, escreve sobre Marcelo no Público, criticando a promulgação das 35 horas e questionando até que ponto deve ir a colaboração de um Presidente com o Governo.

Na Saúde, um relatório do Tribunal de Contas alerta para rutura da ADSE e acusa Governo de se apropriar de dinheiro da ADSE para "maquilhar" contas públicas na Madeira. O dinheiro terá de ser devolvido através do Serviço Nacional de Saúde. O relatório foi enviado para o Ministério Público, que poderá instaurar processos-crime.

Quanto aos excedentários do Estado, as novas regras implicarão cortes de 40% no salário se não forem recolocados, como noticia em manchete o Jornal de Negócios e o Público.

O Negócios avisa ainda que a partir de dia 1 de julho, as novas regras do IVA na restauração vão provocar um pequeno caos uma vez que haverá taxas diferentes consoante seja comida para ser consumida no restaurante, take away ou entregas ao domicílio. Empresários queixam-se, consumidores podem aproveitar desconto.

Entretanto, soube-se agora que o controlo efetivo da TAP(decorrente da privatização fechada pelo anterior Governo) esteve em mãos não europeias - só dia 1 de junho a TAP notificou a Autoridade Nacional de Aviação Civil de alterações substanciais à estrutura contratual. O regulador tem três meses para se pronunciar.

A União Europeia prepara resposta de emergência para cenário de vitória do brexit no Reino Unido, segundo manchete do DN.

Em Espanha, parece que o líder do PSOE, Pedro Sanchez, perdeu uma boa oportunidade de descolar no debate a quatro televisivo. Em jeito de antevisão, o El País chegou a titular "Todos contra Iglesias", mas "não foi tão simples", como analisa Jorge Almeida Fernandes no Público, enquanto o El Mundo destaca que se falou muito mas não se ficou ainda a saber quais são as alianças que o PSOE e o Ciudadanos estão dispostos a fazer para governar. As eleições em Espanha são já no dia 26.

Nos EUA, o Presidente Obama voltou a insistir que é preciso apertar a lei de maneira a tornar mais difícil o acesso dos norte-americanos a armas. E assim impedir que massacres como o de Orlando voltem a repetir-se. E não escondeu a sua indignação com as recentes declarações de Donald Trump, que já falou em expulsar todos os muçulmanos dos EUA, considerando-a uma proposta "perigosa". "Onde irá isto parar?", questiona-se Obama e questionamos nós. Entretanto, a mulher do atirador de Orlando, Omar Mateen, pode vir a ser acusada pela justiça, uma vez qu terá confessado às autoridades que sabia do ataque que o marido estava a planear e que o terá tentado demover.

26.000.000.000 doláres. É verdade, foi mesmo isto que a Microsoft pagou pela rede Linkedin. Valerá tanto assim?

FRASES

"Custa um bocadinho mas há que levantar a cabeça", Cristiano Ronaldo após empate Portugal-Islândia

“Acharíamos absurdo que no debate o PM falasse sobre a influência do batráquio na couve-flor, e não na Caixa Geral de Depósitos”, Deputado do PSD, Duarte Pacheco, sobre o debate quinzenal

“A estrada da Beira e a beira da estrada não são a mesma coisa, pois não? Pois... Eu também não apelei à emigração!”, António Costano Twitter sobre polémica acerca de declarações sobre emigração.

"Marcelo tem causado irritação no PSD e no CDS mas trouxe confiança ao contrário do antecessor", Carlos César, líder parlamentar do PS no jornal i

O QUE ANDO A LER

A uma semana do referendo no Reino Unido sobre a permanência ou não na União Europeia, o britânico The Guardian preparou uma série de trabalhos para perceber o que se passa e as consequências da vitória do 'sim' ou do 'não' desde explicadores sobre se a UE funciona de forma democrática ou um conjunto de cartas dirigidas ao Reino Unido e escritas por ex-líderes políticos como Yanis Varoufakis ou escritores Javier Marías ou Elena Ferrante.

Noutra área completamente diferente, deixo uma sugestão de leitura sobre bebés prematuros. "Viver a prematuridade" é um livro de Cláudia Pinto feito em articulação com o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, que ajuda os pais a lidar com o nascimento de um bebé prematuro através de testemunhos e das palavras de especialistas. O livro, patrocinado pela Associação Portuguesa de Apoio ao Bebé Prematuro - XXS, foi lançado primeiro no Porto e no início de junho em Lisboa.

Ah, já agora aqui ficam as melhores apps para iPhone escolhidas pela própria Apple. Algumas são grátis e ajudam-nos desde fazer vídeos a dicas de personal trainer. Experimente e veja se concorda com a escolha da própria marca.

Tenha uma boa quarta-feira! Tudo faremos para que ao longo do dia continue bem informado com o Expresso online, com o Expresso Diário às 18h e com o novo site dedicado ao Euro2016. Até já!

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