terça-feira, 16 de junho de 2015

Auditoria. “EM 2010, TODOS SABIAM QUE A DÍVIDA ERA INSUSTENTÁVEL”




O representante grego no FMI na altura do primeiro memorando da troika trouxe novidades à Comissão de Auditoria e Verdade da Dívida. Panagiotis Roumeliotis revelou que antes do primeiro memorando houve encontros discretos em hotéis de Washington entre representantes do Fundo e dos governos de Paris e Berlim sobre a restruturação. Ficou aí afastada qualquer hipótese de participação dos bancos desses países num corte de dívida da Grécia.

A recusa de franceses e alemães, cujos bancos detinham, respetivamente, 60 mil milhões e 35 mil milhões de euros de dívida grega, só serviu para se “sacrificarem os interesses dos cidadãos gregos face aos bancos estrangeiros, que ganharam tempo para liquidarem as obrigações antes do ‘haircut’ que só ocorreu em 2012”, afirmou Panagiotis Roumeliotis aos deputados da Comissão. Mas este corte de 105 mil milhões de euros deixou de fora a dívida detida pela troika, que entretanto absorveu a dívida que estava nas mãos dos bancos estrangeiros. O novo empréstimo da troika para cobrir as perdas deste “haircut doméstico” foi de 115 mil milhões. Feitas as contas, em vez de diminuir, a dívida acabou por aumentar.

“O principal erro no primeiro memorando em maio de 2010 foi não ter incluído nenhuma restruturação da dívida”, reconhece agora Panagiotis Roumeliotis. O ex-representante da Grécia no FMI diz que é por isso que o Fundo não vai cair no mesmo erro de há cinco anos. A haver acordo até ao fim do mês, só incluirá o FMI se houver corte na dívida da Grécia, defendeu Roumeliotis.

O antigo responsável disse ainda que no início da década não era segredo para Bruxelas, e em particular para o comissário Almunia, que as contas gregas não refletiam a realidade. Mas Roumeliotis não acredita que a Comissão algum dia reconheça os erros cometidos, dado que isso podia dar lugar à exigência de reparações por parte de Atenas.

“Toda a gente sabia que a dívida era insustentável”

“Nos meios financeiros era sabido que a dívida grega era insustentável e que a Grécia nunca iria pagar”, disse aos deputados, sublinhando que em 2010 nem o governo de Atenas nem a União Europeia estavam interessados em reconhecer essa realidade. “O programa estava destinado à nascença a ser um desastre económico e humanitário”, prosseguiu Roumeliotis.

Os responsáveis pelo resgate que “só criou problemas e não resolveu nenhum”, na opinião de Roumeiotis, são tanto os governantes gregos como os parceiros europeus. “Na altura era necessário apenas um corte de 30% na dívida para dar folga à economia e não fazer um ajustamento brutal”, prosseguiu.

“Quem pagou o preço? O povo grego. E os outros, não são responsáveis?”, perguntou Roumeliotis, lamentando que em vez de reformas para combater os cartéis da economia grega, os credores prefiram impor a liberalização de alguns setores, como o das farmácias. “Duvido que isso vá trazer crescimento”, criticou.

“O FMI ligou-me para lembrar da minha cláusula de confidencialidade…”

Em seguida, Roumeliotis apontou baterias ao antigo governador do Banco da Grécia por ter alinhado com Jean-Claude Trichet, quando o BCE se opôs à restruturação da dívida. Giorgios Provopoulos terá advertido o governo grego que em caso de restruturação da dívida, o Banco Central Europeu cortaria o financiamento aos bancos gregos.

A questão da manipulação da informação durante o período que precedeu o primeiro memorando também foi tratada neste depoimento, com o ex-representante grego no FMI a dizer que os jornalistas foram manipulados de forma a repetirem que a dívida grega era sustentável, o que foi prejudicial ao interesse público. O próprio FMI organizava reuniões/sessões de formação para os jornalistas gregos, admitiu.

Roumeliotis referiu-se ainda à atenção internacional sobre o trabalho da Comissão de Auditoria. Ao ponto de há poucos dias lhe terem telefonado do FMI, só para o lembrarem que está amarrado a cláusulas de confidencialidade que o impedem de falar sobre decisões tomadas no âmbito do Fundo e que não tenham sido tornadas públicas…

Antes da passagem pelo FMI, Roumeliotis foi conselheiro de Andreas Papandreou e ministro da Grécia nos anos 80, prosseguindo carreira política como eurodeputado do PASOK. Atualmente é vice-presidente do maior banco grego (o Piraeus Bank, cujo presidente também foi conselheiro de Papandreou).

InfoGrécia

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TSIPRAS. “EUROPA DEVE DEIXAR DE DAR TIROS NOS PÉS”




No discurso desta terça-feira ao grupo parlamentar do Syriza, Alexis Tsipras acusou os credores de quererem fazer passar a mensagem de que a vontade do povo não pode derrubar o neoliberalismo.

“Recebemos um mandato de quatro anos para pôr fim à austeridade”, lembrou Tsipras, sublinhando a responsabilidade dos credores por terem transformado a Grécia numa “colónia da dívida” nos últimos cinco anos. “A Europa deve deixar de dar tiros nos pés”, diz o primeiro-ministro grego.

“A crise tem de ser paga pela oligarquia, não por quem trabalha”, defendeu o primeiro-ministro grego, acusando os credores de insistirem nos cortes de pensões e subida do IVA de bens essenciais para prosseguirem a sua agenda política. “Eles estão a dar uma mensagem clara de que a vontade do povo não pode mudar as coisas, não pode derrubar o neoliberalismo. Isto é um combate para afogar qualquer modelo que defenda os interesses da maioria da sociedade. A asfixia financeira por parte do Banco Central Europeu confirma isso mesmo”, acrescentou Tsipras.

Falando das negociações dos últimos meses, Tsipras recordou que o compromisso assumido pelo anterior governo era de um saldo primário orçamental de 3% para este ano, que implicaria cortes ainda mais brutais, quando agora os credores aceitam um saldo de 1% em troca de mais cortes. “Chegou a altura da Europa debater de forma séria e consistente, não apenas pelo futuro da Grécia, mas sobretudo pelo seu próprio futuro. Querem conduzir um país e o seu povo em direção à humilhação e pobreza, ou encontrar soluções e abrir a via para a consolidação da democracia e da solidariedade na Europa?”, perguntou.

“Não foram meses fáceis. Apesar das armadilhas constantes dos apoiantes do memorando, conseguimos manter-nos bem erguidos e avançar com as primeiras medidas de alívio aos que mais sofreram com a crise nos últimos cinco anos”, resumiu Tsipras no discurso aos deputados do seu grupo parlamentar.

Com o impasse das negociações, o Syriza marcou uma manifestação para Atenas na véspera do Eurogrupo, para defender que o governo não aceite nenhum compromisso que implique mais austeridade para o país.

InfoGrécia

PM guineense reconhece qualidade do ensino na Universidade Lusófona de Bissau




O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, disse hoje que reconhece a qualidade do ensino ministrado na Universidade Lusófona sediada na capital do país.

O líder do governo falava durante uma passagem pela instituição, em que referiu que, "mesmo sem essa visita, já reconhecia a qualidade da universidade".

No início do ano, o governo da Guiné-Bissau mandou fechar escolas e cursos superiores que disse não cumprirem com os critérios mínimos de funcionamento.

Na Universidade Lusófona, criada numa parceria com a homónima portuguesa em 1999, estavam em causa os cursos de Enfermagem, Direito e Engenharia Informática, que a tutela decidiu suspender - mas que a instituição manteve em funcionamento.

Em março, as duas partes assinaram um memorando de entendimento para normalizar a situação.

"A nossa avaliação enquanto Governo é completamente independente", referiu hoje Domingos Simões Pereira, acrescentando que o Executivo tem que "exigir o cumprimento das normas, é a nossa responsabilidade".

De qualquer maneira, garantiu que haverá sempre diálogo.

"Eu penso que o que está a ficar evidente é que, independentemente da posição, nós estamos a resolver problemas dialogando" e se assim não for "é porque algo não funcionou bem em termos de informação".

Domingos Simões Pereira referiu mesmo que "não vale a pena tomar posições corporativistas. (...) Não há razão para braços de ferro".

Num discurso perante dezenas de alunos em que recordou as suas próprias aulas de informática na universidade, o primeiro-ministro apelou à aprendizagem contínua ao longo da vida.

"Não fiquem satisfeitos com aquilo que já sabem", concluiu.

LFO // EL // LUSA

Sudão do Sul. ONU ALERTA QUE QUASE 250.000 CRIANÇAS PODEM MORRER DE FOME




Juba - Pelo menos 250.000 crianças correm risco de morrer de fome no Sudão do Sul, país devastado por 18 meses de guerra civil, advertiu nesta terça-feira num relatório Toby Lanzer, ex-coordenador humanitário da ONU no país.

"Uma em cada três crianças está em estado de desnutrição severa e 250.000 menores correm o risco de morrer de fome", afirmou Lanzer nas suas declarações preliminares.

Este coordenador da ONU foi expulso no início de Junho, segundo as autoridades, por prever o colapso do Sudão do Sul, o país mais jovem do mundo, independente desde Julho de 2011.

Neste documento, o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCAH) faz um apelo às doações, alegando necessitar de 1,63 bilhão de dólares (1,45 bilhão de euros - USD 1.00 equivale a Kz 100.00) até o fim do ano.

Lembra igualmente que dois terços dos 12 milhões de habitantes do país precisam de ajuda e que 4,6 bilhões deles podem não dispor de alimentos.

O actual conflito no Sudão do Sul explodiu em Dezembro de 2013, com confrontos dentro do próprio exército sul-sudanês, fracturado em suas linhas político-étnicas devido à rivalidade entre o presidente Salva Kiir e o seu antigo vice-presidente Riek Machar.

Diversas milícias tribais se uniram, de um lado ou de outro, aos combates, acompanhados de massacres étnicos e de extorsões atribuídas aos dois grupos.

As forças presentes em terra não fazem "nenhum esforço aparente para diferenciar alvos militares e civis, com lançamento de morteiros sobre zonas povoadas e disparos ao acaso em direcção aos acampamentos", afirmam os autores.

Angop

Moçambique. RENAMO DENUNCIA ATAQUES MILITARES DO GOVERNO




Maputo - A Renamo, maior partido de oposição em Moçambique, disse hoje, terça-feira, que sofreu dois ataques militares do Governo na última semana, um dos quais com mortos e feridos, e avisou que a paciência está esgotar-se.

António Muchanga, porta-voz da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), avançou hoje em conferência de imprensa em Maputo que, no domingo à tarde, militares transportados em dois camiões e num veículo Land Cruiser equipado com uma metralhadora atacaram o quartel do movimento no posto administrativo de Zobué, distrito de Moatize, na província de Tete.

"Condenamos a agressão que as forças da Renamo estão a sofrer em Tete, perpetrada pelas forças de intervenção rápida e FADM (Forças Armadas e Defesa de Moçambique), afirmou Muchanga, que não precisou o número de vítimas, indicando apenas a existência de mortos e feridos.

Na quinta-feira, segundo o porta-voz do maior partido de oposição, o exército atacou também um quartel do movimento em Funhalouro, província de Inhambane, mas sem baixas, "porque os guerrilheiros da Renamo conseguiram escapulir-se", ao contrário do que se passou no domingo.

"A mesma sorte não houve em Tete. Perante o perigo iminente, os homens da Renamo tiveram de responder, o que resultou em derramamento de sangue", descreveu.

Muchanga declarou que "a paciência dos comandantes da Renamo esta a esgotar-se" e que o presidente do partido, Afonso Dhlakama, está preocupado com a situação e que, "na qualidade de comandante-chefe das forças armadas da Renamo, pede a contenção das forças do Governo para que a paz seja uma realidade no país".

O porta-voz apelou também "às forças vivas da sociedade" para que façam algo, observando que hoje se assinala o 55.º aniversário do massacre de Mueda, dia em que as tropas portuguesas mataram a tiro um número incerto de pessoas, num dos episódios mais violentos do colonialismo em Moçambique.

"Achamos que o 16 de Junho deve servir de lição para que moçambicanos percebam que não é com tiros que vão resolver os seus problemas, é dialogando, num diálogo sério e proactivo", salientou o porta-voz da Renamo.

António Muchanga não confirmou a existência de um prazo dado por Dhlakama para iniciar conversações com o Governo, limitando-se a referir que "não há prazo para terminar o diálogo".

O responsável da Renamo voltou a acusar o executivo de encerrar unilateralmente a Equipa Militar de Observadores Internacionais da Cessação das Hostilidades Militares (EMOCHM), que deveria acompanhar o processo de integração dos militares da Renamo nas forças convencionais moçambicanas, o que nunca aconteceu.

Angop - foto Carlos Vaz

Tribunal timorense liberta português detido por suspeita de branqueamento de capitais




Díli, 16 jun (Lusa) - O Tribunal de Recurso de Díli, Timor-Leste, alterou a medida de coação ao português Tiago Guerra, que estava em prisão preventiva por suspeita de branqueamento de capitais, para Termo de Identidade e Residência, disse hoje fonte da defesa.

A mesma fonte disse à agência Lusa que a decisão foi comunicada hoje à tarde e que Tiago Guerra, que estava detido desde outubro, já foi libertado e está em casa de amigos.
O cidadão português foi libertado poucas horas depois de ter sido visitado pela mulher do chefe de Estado timorense, Isabel da Costa Ferreira, e depois de uma campanha de sensibilização levada a cabo por familiares e amigos.

Essa campanha suscitou várias ações diplomáticas e políticas nos últimos meses.

Na segunda-feira, o ministro de Estado e da Presidência do Conselho de Ministro de Timor-Leste, Agio Pereira, disse que a justiça timorense estava a fazer tudo o que é possível para concluir o processo judicial de Tiago Guerra.

"Sabemos que o nosso setor de Justiça, sobretudo no âmbito da Procuradoria-Geral da República, está a fazer tudo, dentro do possível, para poder concluir este processo", disse à Lusa Agio Pereira, à margem de uma conferência em Lisboa.

Tiago Guerra, suspeito do crime de branqueamento de capitais, foi detido em Díli, juntamente com a mulher, a 18 de outubro de 2014.

O Português estava em prisão preventiva sem acusação formal e a sua mulher, Chan Fong Fong Guerra, está com Termo de Identidade e Residência (TIR), impossibilitada de sair de Timor-Leste.

A lei timorense prevê que a prisão preventiva possa ser aplicada durante um ano e meio, renovável por mais um ano em casos de grande complexidade.

"Este (processo) está no âmbito processual da justiça. Já conversei com os seus pais (de Tiago Guerra) aqui (na conferência em Lisboa). Todos nós somos humanos, sentimos a sensibilidade de como questões processuais afetam famílias", sublinhou Agio Pereira.

"Não é prazer nenhum para o nosso Estado manter pessoas na prisão sem justificação e esperemos que este processo de investigação seja concluído o mais rápido possível", disse ainda o ministro timorense.

Oficialmente, e como disse recentemente à Lusa o procurador-geral timorense, José Ximenes, Tiago Guerra é suspeito do crime de branqueamento de capitais com "factos que aconteceram em vários países".

ASP // VM

O3b anuncia acordo plurianual para fornecer serviços de satélite para Timor-Leste




Díli, 16 jun (Lusa) - A empresa O3b anunciou ter alcançado um acordo plurianual para o fornecimento de serviços de tronco de IP à Bharti Airtel que permitirá melhorar as comunicações em Timor-Leste.

Em resposta à crescente procura de serviços de telecomunicações em Timor-Leste, a Bharti Airtel fez uma parceria com a O3b para oferecer um serviço de satélite exclusivo com o desempenho de fibra, a uma fração do custo e do tempo de implementação dos cabos subaquáticos.

Sediada na Índia, a Bharti Airtel oferece há vários anos uma conexão por satélite geoestacionário para Timor-Leste, mas a latência da conexão era insuficiente.

Com os satélites da O3b, que orbitam a Terra em órbita terrestre média, é possível fornecer um serviço que tem um quarto de latência face aos satélites geoestacionários, o que permite mais qualidade nos serviços de voz, dados e vídeos em dispositivos fixos ou móveis.

"Como o resto da nossa base de clientes em todo o mundo, a Bharti dá prioridade à inovação e recusa comprometer a qualidade geral da experiência de sua base dos seus clientes. Este acordo estratégico é um reflexo desse compromisso", afirmou John Finney, diretor comercial da O3b Networks.

Entre os investidores da O3b Networks contam-se a SES, Google, Liberty Global, HSBC Principal Investments, Northbridge Venture Partners, Allen & Company, Development Bank of Southern Africa, Sofina, Satya Capital e Luxempart.

A empresa é uma fornecedora mundial de serviços por satélite, oferecendo uma rede de satélite para operadoras de telecomunicações, provedores de serviços de Internet, clientes empresariais e governamentais de mercados emergentes.

ASP // JPS

Componente naval timorense deve ter doutrina de guarda costeira - especialista




Díli, 16 jun (Lusa) - Timor-Leste deve adotar uma postura "realista" sobre o futuro da componente naval das suas forças de defesa, baseando-se numa doutrina de guarda costeira, fundamentalmente para combater a pesca ilegal, disse um especialista timorense.

"A nossa componente naval deve ter uma doutrina de guarda costeira, com cada vez mais coordenação entre a polícia marítima e o componente naval", afirmou Loro Horta, atual conselheiro da embaixada de Timor-Leste em Pequim.

"Isso não significa que defendo a criação da guarda costeira, de mais uma polícia. Mas tem que haver consolidação. E a doutrina é mais de guarda costeira, de lidar com pesca ilegal, com contrabando", considerou.

Horta, que é também e consultor do Centro Regional das Nações Unidas para a Diplomacia Preventiva na Ásia Central (UNRCCA), falava numa palestra organizada pelo Instituto de Defesa Nacional (IDN) em Díli e subordinada ao tema "estratégias marítimas na Ásia".

"Os recursos de Timor-Leste são limitados e nunca teremos meios para patrulhar constantemente a nossa costa", disse Loro Horta, defendendo cooperação regional.

"Temos que ser realistas com a estratégia que escolhermos, e que se adapte aos nossos meios", considerou ainda.

Para o diretor do IDN, o capitão-de-Mar-e-Guerra Pedro Klamar Fuik (Donanciano Gomes), Timor-Leste insistiu que é importante que o Estado timorense defina uma estratégia clara para o seu mar.

"É importante que se diversifique e se encontre formas para manter a sustentabilidade como nação. E a pesca é uma das áreas vitais", afirmou.

Segundo afirmou, dados do Banco Mundial sugerem que, anualmente, Timor-Leste perde 40 milhões de dólares com pesca ilegal, algo que confirma a dimensão do problema.

"Temos que ter estratégias, decisões do que queremos fazer do nosso mar e de meios para definir melhor o que fazer", afirmou.

Sem investimentos "megalómanos" e "elefantes brancos", defendeu Loro Horta, Timor-Leste deve apostar em infraestruturas adequadas para a sua estratégia marítima, incluindo portos e frota pesqueira.

ASP // JPS

Comércio entre a China e lusofonia em queda de quase 30% até abril




Macau, China, 16 jun (Lusa) - As trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa caíram 28,23% nos primeiros quatro meses do ano quando comparado com o mesmo período de 2014.

De acordo com os dados dos Serviços da Alfândega, disponíveis na página eletrónica do Fórum Macau, as trocas comerciais entre a China e os oito países de expressão portuguesa cifraram-se em 29.675 milhões de dólares (26.309,6 milhões de euros), com Pequim a vender produtos no valor de 13.412 milhões de dólares (11.890,9 milhões de euros) e a comprar produtos no valor de 16.263 milhões de dólares (14.418,7 milhões de euros).

O quadro das trocas comerciais refere que a China exportou, em valor, mais 0,34%, mas comprou menos 41,88%.

Com o Brasil, o principal parceiro lusófono da China, Pequim efetuou trocas comerciais no valor de 20.324 milhões de dólares (18.019,2 milhões de euros), menos 21,59% do que nos primeiros quatro meses do ano passado.

Para Brasília seguiram produtos no valor de 10.169,5 milhões de dólares (9.016,2 milhões de euros), ou menos 4,33%, e para Pequim produtos brasileiros no valor de 10.154,6 milhões de dólares (9.003 milhões de euros), menos 33,59%.

Com Angola, o segundo parceiro lusófono, a China efetuou trocas comerciais de 7.135,5 milhões de dólares (6.326,3 milhões de euros), ou menos 44,49%, com exportações chinesas a somarem 1.681,2 milhões de dólares (1.490,5 milhões de euros), mais 29,26%, e importações no valor de 5.454,3 milhões de dólares (4.835,7 milhões de euros), ou menos 54,68%.

Já com Portugal, as trocas comerciais totalizaram entre janeiro e abril 1.368,4 milhões de dólares (1.213,2 milhões de euros), ou menos 6,06%, com Pequim a exportar para Lisboa produtos no valor de 894 milhões de dólares (792,6 milhões de euros), ou menos 8,5% e a comprar produtos no valor de 474,3 milhões de dólares (420,5 milhões de euros), ou menos 1,10%.

JCS // ISG

Sobe para 10 número de detidos em Hong Kong após descoberta de explosivos




Hong Kong, China, 16 jun (Lusa) -- A polícia de Hong Kong deteve uma décima pessoa pela suspeita de fabrico de explosivos, num caso supostamente ligado a um grupo político "radical" ocorrido nas vésperas da votação da polémica reforma do sistema eleitoral.

As autoridades da antiga colónia britânica não descartam a possibilidade de levar a cabo mais detenções na sequência da descoberta, esta segunda-feira, de potentes explosivos numa aparente fábrica montada nos antigos estúdios da ATV, já abandonados, em Sai Kung.

Um homem de 58 anos foi detido "sob a suspeita de conspirar para o fabrico de explosivos" na noite de segunda-feira, elevando para dez o número de suspeitos, seis homens e quatro mulheres, todos locais com idades compreendidas entre os 21 e os 58 anos.

Alguns dos detidos afirmaram ser membros de um "grupo radical local", mas a polícia indicou que uma investigação está em curso. Caso sejam condenados pela acusação de conspiração para o fabrico de explosivos, transversal a todos os detidos, arriscam uma pena máxima de 20 anos de prisão.

Dois dos suspeitos estariam a planear, segundo a polícia, detonar um engenho explosivo no passado domingo, dia 14.

O tipo de bomba encontrado consistia num explosivo de "forte potência" que já foi utilizado em diferentes atentados, como o de julho de 2005 em Londres, em que morreram 52 pessoas e mais de 700 ficaram feridas.

As detenções aconteceram a poucos dias da votação, pelo Conselho Legislativo (LegCo, parlamento), da proposta de reforma eleitoral que define a metodologia da eleição do chefe do Executivo da Região Administrativa Especial chinesa.

O LegCo vai analisar o diploma na quarta-feira mas, tendo em conta o intenso debate que deve desencadear, prevê-se que a votação propriamente dita seja protelada para quinta ou mesmo para sexta-feira.

A proposta de lei prevê a introdução do sufrágio universal nas eleições para o chefe do Executivo em 2017, mas só depois de uma pré-seleção de dois a três candidatos, que ficará a cabo de um comité composto por 1.200 membros, num processo descrito pela ala democrata como uma "triagem".

A proposta de lei surge após a decisão, no final de agosto de 2014, do Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular sobre a reforma política.

Dado que, no passado, Pequim tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Governo é eleito por um colégio eleitoral de cerca de 1.200 pessoas, que seria capaz de escolher o seu líder em 2017, esse anúncio desencadeou um forte movimento de contestação.

Esse movimento levou a que, a 28 de setembro do ano passado, o 'Occupy Central' iniciasse uma campanha de desobediência civil, reforçando os protestos estudantis então em marcha contra a recusa de Pequim em garantir o sufrágio universal pleno.

As manifestações, pautadas pelo cariz pacífico, pese embora uma série de incidentes, desenrolaram-se sob a forma de ocupação das ruas -- em pelo menos três distritos, incluindo no centro da cidade -- e mantiveram-se até 15 de dezembro, altura em que as autoridades procederam ao despejo dos últimos acampamentos.
DM (ISG) // JPS

Proibição total de fumo nos casinos com impacto negativo na economia de Macau -- estudo



Macau, China, 16 jun (Lusa) -- As seis operadoras de jogo de Macau advertiram hoje, apoiando-se num estudo conjunto realizado junto de trabalhadores e clientes, que o fim das salas de fumo nos casinos pode ter um impacto negativo na economia.

Em comunicado, indicam que os resultados iniciais do estudo, encomendado a uma empresa internacional -- não identificada -- mostram que dois terços (66%) dos cerca de 34 mil funcionários das seis operadoras inquiridos, dos quais 81% dos casinos e os restantes do universo não-jogo, incluindo fumadores e não fumadores, apoiam a manutenção e desenvolvimento de salas de fumo nos casinos.

Em paralelo, 47% dos clientes VIP e 31% dos do segmento de massas -- de uma amostra total não especificada, -- estão preocupados com o impacto prejudicial no emprego e na economia de Macau em geral.

"O estudo independente demonstra claramente que os [jogadores] VIP irão reduzir as visitas a Macau em 17% e diminuir o tempo de estadia em 24%", refere a nota conjunta da Galaxy, Melco Crown, MGM, Sociedade de Jogos de Macau (SJM), Venetian e Wynn.

Além disso, perante uma eventual proibição total do fumo, 32% afirmaram que irão viajar para destinos alternativos de jogo.

Apesar de manifestarem apoio ao Regime de Prevenção e Controlo do Tabagismo, considerando a saúde e o bem-estar de funcionários e clientes de "extrema importância", as operadoras afirmam que "estão unidas na sua posição de que as salas de fumo devem ser mantidas e que devem ser cuidadosamente avaliadas todas as implicações que podem decorrer da aplicação da proposta de lei".

A Lei da Prevenção e Controlo do Tabagismo tem vindo a ser aplicada de forma gradual. O regime entrou em vigor a 01 de janeiro de 2012, visando a generalidade dos espaços públicos, prevendo disposições diferentes ou períodos transitórios para outros casos.

Os casinos passaram a ser abrangidos a 01 de janeiro de 2013, mas apenas parcialmente, já que as seis operadoras de jogo foram autorizadas a criar zonas específicas para fumadores, que não podiam ser superiores a 50% do total da área destinada ao público.

A 06 de outubro de 2014, "as zonas para fumadores" foram, porém, substituídas por salas de fumo fechadas, com sistema de pressão negativa e de ventilação independente, passando a ser proibido fumar nas zonas de jogo de massas dos casinos e permitido apenas em algumas áreas das zonas de jogo VIP.

"Todas as partes interessadas reconhecem que há um forte apoio à manutenção de salas de fumo" e que "uma proibição total teria impacto negativo na economia em geral de Macau", uma vez que o jogo é a principal indústria do território.

"Macau está a enfrentar contrários ventos fortes e introduzir restrições adicionais, que podem prejudicar ainda mais a sua economia, devem ser avaliadas com cuidado", lê-se no comunicado.

O executivo de Macau tornou clara, no início do ano, a intenção de aplicar uma política de "tolerância zero" ao fumo e, no final de janeiro, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, reiterou que na primeira metade do ano seria apresentada uma proposta de revisão da lei do tabaco com vista a esse objetivo.

Alexis Tam falava então durante a apresentação do relatório sobre o "Regime de Prevenção e controlo do tabagismo 2012-2014", fruto de um inquérito em que se concluiu que mais de 70% da população concorda com a proibição total de fumo nos casinos e que 80% dos trabalhadores do setor do jogo também apoiam a medida.

Hoje, à partida para Pequim, o chefe do Governo, Fernando Chui Sai On, recordou que os Serviços de Saúde elaboraram um relatório de acompanhamento e avaliação do Regime, em que se propõe a proibição total de fumo em todos os recintos fechados destinados ao público, e que estão em curso os trabalhos de revisão da lei, prevendo-se a entrega de um diploma para apreciação da Assembleia Legislativa ainda este mês.

DM (FV) // VM

Independência de Moçambique celebrada em Macau com festival de gastronomia




Macau, China, 16 jun (Lusa) -- Macau acolhe, a partir de quinta-feira, um festival de gastronomia moçambicana que vai contar com a presença do chefe Carlos Khan da Graça, integrado nas celebrações do 40.º aniversário da independência do país.

A iniciativa, organizada pela Associação dos Amigos de Moçambique (AAM), em parceria com o hotel Grand Lapa, que vai acolher a mostra da cozinha tradicional moçambicana, foi hoje apresentada.

O festival, que faz regressar a Macau o chefe Carlos Graça, prolonga-se até dia 28.

Durante a conferência foi também feita uma apresentação sobre oportunidades de investimento em Moçambique voltadas para o desenvolvimento do setor do turismo e do lazer.

De acordo com dados facultados aquando da abertura da representação diplomática na Região Administrativa Especial chinesa pelo embaixador de Moçambique em Pequim, António Inácio Júnior, a China figura como o segundo maior investidor no país.

Moçambique abriu, em outubro do ano passado, um consulado em Macau, liderado pelo diplomata Rafael Custódio Marques.

DM (JCS) // VM

Moçambique. Professores engravidam as alunas e ficam impunes. Faltam soluções...



Emildo Sambo – Verdade (mz), em Tema de Fundo

A relação entre os docentes e as alunas nas instituições de ensino moçambicanas está longe de ser saudável. É promiscua. Desta vez, o mal-estar não resulta de os professores não saberem ensinar nem do facto de as meninas terem de dividir o tempo entre a escola e as tarefas domésticas. Elas sofrem assédio sexual, algumas delas ficam grávidas, casam-se precocemente e abandonam a instrução. Este ano, pelo menos 2.794 crianças estão prenhes e o risco de engrossarem a lista das raparigas cujo futuro é incerto devido a esta situação é maior.

O problema não é de hoje mas pouca coisa melhora. As autoridades da Educação e as organizações da sociedade civil que actuam em defesa dos direitos da criança, em particular da honra das raparigas, estão com as mãos à cabeça, porque as estratégias de combate a este mal fracassam, e os promotores destes actos ficam impunes em conivência com as famílias que, em vez de denunciarem os casos, exigem ao violador casamento com a vítima e/ou pagamento de uma multa.

Jorge Ferrão, ministro da Educação e Desenvolvimento Humano, alerta que a desistência das meninas da escola acentua-se a partir dos 12 anos de idade e das 2.794 miúdas grávidas, 661 encontram-se na província da Zambézia, onde 539 frequentam o ensino primário, 611 em Cabo Delgado, 570 em Nampula e 40 em Gaza. Este prática reiterada é uma das maiores ameaças às miúdas e bloqueia sonhos de milhares delas.

Daina Vanessa, estudante da 12a classe na Escola Comunitária Armando Emílio Guebuza, em Maputo, disse que ela já sofreu três casos de assédio sexual. Como artimanha, o docente popôs amizade à adolescente mas “eu recusei. (..) Ele foi meu professor na 8a, 9a e 10a classe”. Neste nível, o referido pedagogo cercava a miúda de todas as formas e fazia chantagem para que ela cedesse: “Expulsava-me da sala por qualquer motivo (...) mas eu nunca saía”.

Os colegas de Daina, que mal estavam informados do se passava, zangavam-se e alegavam que a suposta vítima estava a dificultar o decurso normal das lições e ela respondia: “Eu também quero ter aulas. Informei à minha mãe”, ela dirigiu-se à direcção da escola e o caso ficou ultrapassado. “Transitei para a 11a classe. Encontrei outro professor, que foi mais directo” e pretendia “que tivéssemos uma intimidade... Ele dizia que eu era uma aluna dedicada” mas quando “recusei nada do que eu dizia (na sala de aulas) estava certo”.

“O assédio tem sido quotidiano para todas as raparigas. No ensino básico eu nunca tinha passado por isso”, narrou Daina que acrescentou que quando transitou para o nível médio, a primeira coisa para a qual a sua progenitora alertou foi que estivesse atenta a um conjunto de actos ou ditos com intenções sexuais perpetrados pelos pedagogos e funcionários dos estabelecimentos de ensino.

“Cada rapariga deve saber lidar com isso”, advertiu Daina, que afirmou que existem raparigas que quando ouvem dizer (dos professores) “mete-te comigo que a tua vida está resolvida na escola, elas acham que na verdade é o que acontece. No princípio até pode parecer bom porque as notas vão ser elevadas”. Porém, em caso de gravidez, a menina fica em casa e o docente continua a fazer a sua vida normalmente.

O Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano e a sociedade civil juntaram-se, na segunda-feira (15), para reflectir em torno da “segurança da rapariga na escola”. Todos defenderam a prevenção do abuso contra as meninas mas ninguém disse, concretamente, como alcançar tal desiderato com sucesso. No encontro, diga-se, houve falta de muitas crianças como a Daina para que contassem, na primeira pessoa, o que se passa nas suas escolas, como é que conseguem contornar o assédio sexual e como acham que devem ser protegidas.

A sociedade civil, que advoga pelos direitos da rapariga, exige a revisão do Despacho Ministerial no. 39/GM/2003 do Ministério da Educação, que,no seu entender, ao longo dos últimos 12 anos, confirmou as piores expectativas na medida em que alguns preceitos que nele constam estimulam a desistência escolar por parte da crianças e não pune os comportamentos enti-éticos dos docentes e demais profissionais da Educação que protagonizam acções de violação sexual.

O documento a que nos referimos determina ainda, com efeitos imediatos, que é vedada a frequência para o curso diurno nos níveis elementar, básico e médio do Sistema Nacional do Ensino às alunas que engravidem, bem como os respectivos autores, caso sejam alunos da mesma escola.

No entender da sociedade civil, “quando a menina é compulsivamente tirada da sua escola, da convivência com os colegas e é abandonada à sua sorte no período nocturno, somos nós que devíamos sentir-nos envergonhados, pois estamos a faltar com o nosso dever de protecção”.

Jorge Ferrão deu a mão à palmatória e explicou que a preocupação não é apenas com as raparigas grávidas que devem passar para o curso nocturno, mas, também, com a discriminação inconsciente que se comete quando se promove tal prática por falta de vagas no período diurno. “Se não oferecermos, hoje, a educação às crianças, amanhã serão mulheres que não terão ferramentas necessárias para educar os seus filhos”.

Em relação aos pedagogos que engravidam alunas afectas à mesma instituição de ensino ou assediem-nas sexualmente, eles são suspensos do serviço e perdem o direito temporariamente ao vencimento, são constituídos infractores e punidos com processos disciplinares. Os “advogados” dos petizes consideram estas medidas paliativas, pedem uma mão dura contra os violadores e condenam a solução mais frequente destes casos, que consiste na transferência de professores ou outros funcionários para um distrito/província”, onde continua a fazer mais vítimas.

À luz do seu estatuto, o docente é obrigado a "lutar pela dignidade e pela emancipação da mulher" e nunca "ultrapassar a natureza da sua relação profissional com os alunos, para qualquer fim". Todavia, na prática, isto é utopia, porque, para os professores, as raparigas continuam objectos de satisfação sexual. O problema repete-se nas comunidades e há poucas denúncias ou, quando ocorrem, são feitas ao Conselho da Escola, uma entidade que não dispõe de capacidade para dirimir a situação e assegurar o respectivo desfecho.

Para a sociedade civil, “são poucos os casos em que o rapaz que engravidou a colega” tenha sido punido ou forçado a mudar-se do período diurno para o nocturno, tal como acontece com a rapariga. Alguns preceitos do Despacho no. 39/GM/2003, são esporadicamente aplicados devido à cumplicidade e ao encobrimento resultantes da solidariedade entre os professores e os gestores escolares. Nem sequer é levantado um processo-crime, como também não se faz nenhuma denúncia à Polícia, pois as famílias são desincentivadas de o fazer, optando-se pelo pagamento de multas.

MOÇAMBIQUE RENDE HOMENAGEM ÀS VÍTIMAS DO MASSACRE DE MUEDA



Elias Samo Gudo, da AIM

Mocímboa da Praia (Moçambique), 15 Jun (AIM)
O Presidente da República, Filipe Nyusi, dirige terça-feira, na vila municipal de Mueda, na província nortenha de Cabo Delgado, as cerimónias centrais alusivas as celebrações do 55/o aniversário do Massacre de Mueda.

Uma nota de imprensa recebida pela AIM refere que consta do programa do Chefe de Estado, a deposição de uma Coroa de Flores em homenagem aos Mártires do Massacre de Mueda, um comício popular, visita a exposição no Centro de Interpretação do Local Histórico, entre outras actividades.

Segundo o programa do evento, um dos momentos mais marcantes será a
intervenção de uma testemunha e sobrevivente do Massacre de Mueda.

Ocorrido a 16 de Junho de 1960, o massacre constitui um dos acontecimentos que serviu de precursor do espírito de unidade e patriotismo dos moçambicanos para a luta armada contra o colonialismo português.

Estimativas indicam que o bárbaro episódio vitimou mais de 500 pessoas que apenas exigiam pacificamente a sua independência e de seu país.

O acto foi uma demonstração de que não seria possível os moçambicanos alcançarem a sua independência de forma pacífica, daí que não restava outra alternativa senão enveredar pela luta armada, iniciada a 25 de Setembro de 1964 que se traduziu na independência nacional a 25 de Junho de 1975, proclamada por Samora Machel, primeiro presidente de Moçambique independente.

Esta efeméride tem um significado particular para Moçambique pelo facto de coincidir com o ano em que o país celebra o seu 40 aniversário da independência nacional, que se assinala a 25 de Junho corrente.

Em Mueda, são esperados vários titulares de órgão de soberania, membros do Conselho de Ministros, deputados da Assembleia da República, o parlamento moçambicano, o decano do corpo diplomático acreditado em Moçambique e representantes de partidos políticos.


(AIM) SG/le

MOÇAMBIQUE TEM DÉFICE ANUAL DE SANGUE DE PELO MENOS 70 MIL LITROS




Maputo, 14 Jun (AIM) Moçambique tem um défice de pelo menos 60 a 70 mil litros de sangue em média anual colectados para fazer face às necessidades deste líquido vital nas unidades sanitárias do país.

As unidades de transfusão de sangue colectam em média anual 170 a 180 mil litros deste suplemento, contra os cerca de 240 mil litros necessários para abastecer as unidades sanitárias, segundo noticiou, hoje, a estação pública de radiodifusão (RM).

Citado pela RM, por ocasião do Dia Mundial do Dador de Sangue, que se assinala hoje, o director do Serviço Nacional de Sangue, Olegário Mwanantata, afirma que o universo dos dadores de sangue no país é ainda baixo.

Assim, o desafio do sector é a sensibilização da juventude para doar sangue de forma voluntária.

Mwanantata explicou que a doação periódica de sangue possibilita o controlo da evolução do estado de saúde do indivíduo beneficente, adicionado às facilidades de acesso aos cuidados de saúde nas unidades sanitárias.

Precisamos de melhorar a percentagem de doações voluntárias, disse.

Só para citar como exemplo, em Maputo, a capital moçambicana, a contribuição do banco de sangue do Hospital Central (HCM), a maior unidade sanitária do país, é de 20 mil litros por ano, quantidade considera irrisória para responder à demanda.

Os acidentes de viação, a malária e o HIV/SIDA são apontados como as principais causas do aumento de necessidade de sangue nas unidades sanitárias, daí o esforço direccionado para as colectas nas feiras de saúde e outras campanhas ambulatórias.

Em Moçambique, homens e mulheres doam o sangue voluntariamente entre períodos de três e quatro meses, respectivamente. As igrejas e os estudantes são os maiores dadores voluntários.

O Dia Mundial do Dador de Sangue celebra-se sob o lema
Obrigado por salvar minha vida.

(AIM) ALM/FF

OVERDOSE DE PORTUGAL



Miguel Guedes – Jornal de Notícias, opinião

O ranking do presidente é claro. Cavaco Silva condecora Teixeira dos Santos no dia 10 de Junho, secundarizando o primado da política em relação ao poder financeiro e relegando a cultura para o lugar menor para a qual talvez pense que deva estar originalmente desenhada. A presença portuguesa nos rankings do que quer que seja continua a presentear-nos com lugares tão fatais como o destino. A periferia marítima e ocidental à escala europeia nunca foi trabalhada como uma vantagem competitiva pelos nossos responsáveis políticos, os mesmos que não conseguem fazer de um país tão pequeno em tamanho um grande e simétrico país em dimensão (basta ver a forma como as assimetrias regionais são "combatidas" com o reforço do centralismo pelas mais recentes decisões políticas e económicas). Os rankings são, por sistema, o reforço da nota, a conclusão em números ou a síntese que não desmente. A nós, muito por culpa de quem colocou Portugal com pulseira electrónica controlada pelo carcereiro, venha a cauda da Europa e o meio do Mundo, a permanência na liga de honra da porta dos fundos onde, quase invariavelmente, revezamos os piores lugares pelos lugares piores.

Olhemos uma honrosa excepção, quase inexplicável face aos nossos brandos costumes. Há dias, o "Washington Post" explicava em forma de título: "Porque dificilmente alguém morre de overdose em Portugal". Confere-se o ranking do Centro Europeu de Monitorização das Drogas e da Toxicodependência e somos vice-reis na tabela com baixíssima média de mortes provocada por overdose de drogas entre os 15 e os 64 anos. O caminho para os bons números fez-se pela coragem de tomar decisões políticas que foram, durante anos, duramente criticadas por diversos países e organismos defensores acérrimos do proibicionismo. Não sendo a coragem um valor em si, já a vantagem de ter voz própria e de experimentar fazer diferente é uma virtude e (re)compensa.

Em Portugal, a descriminalização do consumo de todas as drogas (em 2011) fez a diferença, permitindo recentrar a questão das drogas mais perigosas e aditivas no campo da saúde pública e da resposta integrada de valências médicas e sociais. O número de mortes diminuiu, o consumo de heroína e cocaína acompanhou a tendência, a prevalência do uso de drogas em jovens adultos e os casos de sida na população consumidora diminuíram. Ainda que a descriminalização não tenha sido a varinha mágica que tudo transforma, caiu por terra a ideia de que menor repressão e punição poderiam desencadear um fenómeno imparável de crescimento e uma espiral de consumo. Até o aumento da utilização de canábis vem comprovar a tese de que a espiral não existe quando as pessoas são tratadas com respostas adequadas e com profissionais à altura. A não ser que se invente uma nova teoria, a da espiral descendente, na qual os consumidores "hard" suavizariam os seus consumos optando pela canábis. A opção pela coragem venceu e João Goulão, o director-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e das Dependências (SICAD), agora com mandato para cinco anos depois de dois anos a título provisório, é um dos principais responsáveis.

Como no momento de resistência - aquando da destruição do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), em 2012, que parecia ser o algoz do que de bom havia sido feito nas políticas de toxicodependência em Portugal - cabe a João Goulão dar novos e decisivos passos, nomeadamente, abrindo a porta à legalização da canábis (tratando diferentemente o que é diverso e promovendo a diferenciação de tratamento entre a canábis "natural" e "sintética") e reiterando a sua vontade de avançar com as históricas salas de chuto, acompanhadas por profissionais de saúde, apoio social, higiene e segurança, reduzindo riscos e erradicando os piores consumos e utilizações. É necessária companhia, obviamente. A ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, recentemente defensora da legalização, foi pronta e publicamente "repreendida" por Pedro Passos Coelho. Hoje e como sempre, falta coragem política para defender opções que não aquelas que sejam impostas e importadas, ainda que se revelem danosas, ultrapassadas e falidas. Tal como reagiu com a troika, eis como reage às novas políticas de combate à ferida societária da toxicodependência: falta ao primeiro-ministro uma overdose de Portugal.

Portugal. TRÊS PALAVRINHAS PARA O MINISTRO DA SAÚDE




 “Custa mais dinheiro. Qual delas é que é que não entende?”

O repto é de Maria de Belém, ex-ministra da Saúde socialista que esta manhã moderou a apresentação do Relatório da Primavera do Observatório Português dos Sistemas de Saúde. Da próxima vez que um qualquer ministro da saúde for pressionado pelo ministro das Finanças a cortar no sector, porque é sempre dele a última palavra, pode resumir o argumento de que o desinvestimento em saúde gera ineficiência financeira em três palavras: “custa mais dinheiro. Qual delas é que é que não entende?”

Apesar de os autores do relatório terem tido mais mão no tempero do que nos últimos anos, a constatação de que há dificuldades no acesso com a diminuição de consultas de proximidade, uma rede de cuidados continuados insuficiente ou lacunas na saúde mental que se não forem colmatadas vão gerar mais despesas com uma população mais doente motivou uma resposta encalorada por parte do Secretário Adjunto do Ministro da Saúde, que deixou clara a sua ideia de que a história julgará com mais imparcialidade que os actuais analistas o legado do governo.

Há dois anos que o ministério da saúde recusava participar na apresentação do documento e esta manhã Leal da Costa compareceu, reconheceu o “esforço” da equipa ao não ter expresso “impressões e recortes dos jornais” como nas edições anteriores mas sublinhou que o trabalho “peca por omissão” de todas as coisas boas feitas pelo governo. E disse que as recomendações que incluem uma organização mais inteligente do SNS para dar resposta a uma população cada vez mais velha e com doenças crónicas, a começar por mais apoio domiciliário, são “chover no molhado.”

Porque o impasse tem sido este em quase todos os debates sobre política de saúde nos últimos anos, o repto de Maria de Belém, a quem Leal da Costa agradeceu ter “assumido as dores bem violentas que perpassam a governação da saúde”, acaba por ser dos mais úteis da sessão da manhã. Depois do resgaste e do memorando, há aspectos em que o SNS melhorou e outros em que piorou. Não há entendimento sobre que prato da balança pesa mais mas é consensual que falta investir nas mudanças de paradigma que todos os relatórios que se focam sobre o SNS dizem ser necessárias, e nesse sentido de facto as recomendações do observatório não são novas: mais prevenção, mais cuidados aos idosos, mais cuidados de proximidade e um sistema menos “hospitalocêntrico”, mais psicólogos nos centros de saúde e reforço da saúde mental, mais estruturas de resposta comunitária. O governo diz que o SNS estava falido e agora está na rota sustentável, algo que muitos duvidam e faltam dados que confirmem. Mas dizer que basta de chuva não significa que ela já tenha feito efeito e que o SNS dos estudos, dos grupos de trabalho e dos relatórios já seja uma realidade. “Qualquer tentativa de melhorar a acessibilidade sem investimento real é cosmética”, resumiu o médico de família Armando Brito e Sá na apresentação desta manhã na Gulbenkian.

Marta F. Reis – jornal i

SETE EM CADA DEZ PORTUGUESES ACAMADOS SEM RESPOSTA DO ESTADO - estudo




Relatório do Observatório Português dos Sistemas de Saúde alerta que SNS não foi amortecedor da crise e que o impacto na saúde está por estudar.

As vagas da Rede Nacional de  Cuidados Continuados Integrados só chegam actualmente para 30% dos portugueses acamados que deveriam estar a beneficiar deste apoio do Serviço Nacional de Saúde. Um estudo incluído no relatório anual do Observatório Português dos Sistemas de Saúde, que vai ser apresentado hoje na Fundação Calouste Gulbenkian, estima que existem cerca de 110 355 pessoas com algum tipo de dependência ao nível dos cuidados de higiene e saúde e destas 48 454 estão acamadas. No entanto, no final do primeiro semestre de 2014 só havia 13 624 camas e lugares na Rede Nacional de  Cuidados Continuados, o que significa que 70% estão a cargo de familiares sem apoio especializado da parte do Estado.

A resposta que “não responde minimamente às necessidades” numa área em que se prevê no futuro cada vez mais procura por causa do envelhecimento e doenças crónicas – e quando mais de um quarto da população está no limiar de pobreza e não tem por isso dinheiro para procurar alternativas – é um dos alertas do habitual Relatório da Primavera do Observatório Português dos Sistemas de Saúde.

A 14ª edição do estudo que traça um retrato do sector da saúde em Portugal tem como título “Acesso aos cuidados de saúde. Um direito em risco?” e Manuel Lopes, coordenador do observatório, considera que esse risco é real. Não só nos cuidados continuados mas por exemplo no acesso a consultas já que o número de atendimentos nos centros de saúde caiu 17% entre 2008 e 2013 e aumentaram as consultas mais longe de casa das pessoas nos hospitais centrais, menos acessíveis a todos os bolsos.

Uma solução 

Menos crítico do que nas últimas edições – marcadas pela ausência do governo nas sessões de apresentação –, nos cuidados continuados a chamada de atenção é forte.

Os autores alertam, contudo, para um problema estrutural onde pode residir a solução:  neste momento há uma subreferenciação para as equipas de apoio domiciliário que também fazem parte dos cuidados continuados e não estão a funcionar na sua máxima capacidade quando há pessoas sem apoio.

Segundo os autores, o actual modelo de financiamento no SNS que não cobre as despesas com os internamentos prolongados tende a levar os hospitais a “empurrar” os doentes para casa quando não há vagas imediatas nos cuidados continuados, “na maioria dos casos sem a assistência de que necessita.”  Ainda de acordo com o relatório, em 2014 a RNCCI teve uma despesa na casa dos 167 milhões de euros. Integrar todos os doentes acamados na resposta domiciliária subiria a despesa para 436 milhões de euros, segundo Manuel Lopes um investimento que sai mais barato que abrir camas e melhora a vida das famílias.

Missão comprometida O Observatório, que este ano se foca também no acesso a medicamentos e na segurança dos doentes nas instituições, concluiu haver dúvidas de que o SNS tenha assumido nos últimos anos o papel amortecedor da crise junto dos mais carenciados. Sustenta que os países que aplicaram austeridade na saúde têm mais dificuldade em recuperar, apresentando em contraponto a Portugal ou Grécia o sucesso islandês. 

Pelo terceiro ano consecutivo fica outro alerta: “As autoridades de saúde não se preocuparam significativamente em apresentar qualquer monitorização dos efeitos da crise na saúde”, lê-se.

Marta F. Reis – jornal i

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