quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Timor-Leste: RAMOS HORTA ACREDITA NA NOVA GERAÇÃO POLÍTICA

 


José Ramos Horta, ex-chefe de Estado de Timor-Leste, considera que o anúncio da saída de Xanana Gusmão do Governo é um exemplo para outros líderes políticos. Iniciar o processo de transição e abrir espaço para as gerações mais novas é uma atitude de inteligência e de coragem política, segundo Ramos Horta. O representante das Nações Unidas para a Guiné-bissau, defende que as transições devem ser feitas quando os líderes ainda têm boas condições quer de saúde, quer políticas. Apesar de acreditar que os novos rostos da política timorense, nomeadamente, Nélson Martins, assessor do ministro da Saúde, e Emília Pires, assessora do ministro das Finanças, têm capacidades para assumir cargos de liderança no país.
 
Em entrevista ao jornal Tempo Semanal, também falou do caso de espionagem australiana e defendeu que falta uma explicação clara, por parte do vizinho de Timor-Leste, para que os dois países voltem a desenvolver parcerias. Ramos Horta sublinhou que houve sempre muita honestidade e respeito por parte de Timor e, por isso, a única coisa que podem esperar é a mesma atitude dos governantes australiano.
 
 

Reino Unido tem 13 milhões na pobreza; cresce procura por bancos de alimentos

 


Em 2011-2012, 128.697 pessoas recorreram a estes bancos. Em 2012-2013, a cifra quase triplicou: 346.992. Já há mais de 400 bancos de alimentos no país.
 
Marcelo Justo – Carta Maior
 
Londres - É a sexta economia mundial, origem da revolução industrial, ex-império que dominou o mundo tem cerca de 13 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza. Com um duro plano de austeridade que está socavando lentamente o Estado de Bem estar, salários estagnados, explosão do emprego temporário e de meio-turno, muitos têm que recorrer aos bancos de alimentos das ONGs no Reino Unido.

A Fundação Trussell Trust tem mais de 400 bancos de alimentos em todo o país. O impacto do programa de austeridade aplicado pela coalizão de conservadores e liberais democratas desde 2010 é claro. Em 2011-2012, 128.697 pessoas recorreram a estes bancos. Em 2012-2013, a cifra quase triplicou: 346.992. “Há muita gente que come uma vez ao dia ou tem que escolher entre comer e acionar a calefação em pleno inverno”, disse à Carta Maior o diretor da Trussel Trust Chris Mould.

Os especialistas medem a pobreza em termos absolutos (virtual incapacidade de sobrevivência) e relativos (em relação à renda média e às expectativas de uma época). Hoje em dia não ter uma geladeira é um indicador de pobreza; em 1913, data de invenção da geladeira doméstica, era um luxo. Segundo o Trussel Trust, um de cada cinco britânicos se encontram hoje em situação de pobreza relativa ou absoluta. “É fácil esquecer que se pode cair muito rápido nesta situação. Uma demissão, uma conta muito alta de eletricidade, uma redução dos benefícios sociais, um drama familiar e essas pessoas ficam sem nada”, explica Mould.

Esta pobreza se estende para além do desemprego. A atual taxa de desocupação de 7,7% (2,5 milhões de pessoas) encobre um panorama social complexo. Quase um milhão e meio de pessoas tem trabalhos de meio turno e com salários baixíssimos que geraram o movimento pelo chamado “living wage” (salário digno).

O percentual de subempregados (que desejariam trabalhar mais se pudessem) aumentou de 6,2% em 2008 para 9,9% hoje. “A maioria da ajuda estatal não vai para os desempregados, mas sim para pessoas que estão subempregadas ou têm salários muito baixos. Muitas vezes pela própria instabilidade destes trabalhos as pessoas entram e saem de situações de extrema necessidade”, diz Mould.

A esta pobreza de receita se somam outras formas no Reino Unido, como a chamada “pobreza energética” dificilmente visualizada na América Latina seja pela diferença climática ou porque ainda não foi conceitualizada. Este nível de pobreza afeta cerca de 3,4 milhões de pessoas (cerca de 6% da população) que tem que gastar mais de 10% de suas receitas para “manter um nível adequado de calefação” durante os cinco meses ou mais de duração do inverno britânico. Muitos não têm escolha e deixam a calefação desligada porque não podem pagar as contas.

Um caso particular

Uma britânica que não pode ligar a calefação no inverno é Geraldine Pool, de Salisbury, sudoeste da Inglaterra, diagnosticada com depressão, divorciada, com um filho e sem trabalho. A Carta Maior conversou com Pool, um caso típico do impacto devastador que a austeridade está tendo em muitas vidas. “Em 2011 perdi meu trabalho em uma biblioteca pública pelos cortes do governo. Desde então, busquei trabalho em administração, supermercados, seja o que for, mas é muito difícil para alguém com mais de 50 anos porque sempre preferem os mais jovens”, disse Pool.

O Estado paga a ela 61 libras semanais (99 dólares) a título de seguro desemprego e fornece assistência habitacional. “Não é suficiente. Se uso a calefação, as contas sobem para quase 300 libras semanais”. Neste momento não tenho água quente. Tenho que esquentar a água para me lavar”, explica Pool.

Pool tinha ouvido falar dos bancos de alimentos, mais foi por causa de sua médica do Sistema Nacional de Saúde que acabou indo a um. “Não queria recorrer a isso. Mas foi fundamental. Com os “vouchers” (vales) me deram latas de carne, peixe, massa, leite, açúcar. Umas seis semanas depois, no último Natal, tive um segundo pacote muito completo de alimentos”, assinalou à Carta Maior.

Os Bancos de Alimentos procuram trabalhar muito perto da comunidade e funcionam com as contribuições voluntárias da população e, em muito menor medida, de supermercados ou fazendeiros. “Cerca de 95% dos alimentos que temos vem das pessoas a quem pedimos que adquiram dois itens adicionais em um supermercado que sirvam para uma nutrição balanceada”, informa Mould.

Os bancos se conectam com figuras chave da comunidade em consultórios médicos, hospitais, serviços sociais, igrejas e, em alguns casos, da polícia que identificam as pessoas que podem necessitar estes vales para ter acesso a um pacote de alimentos. Em um caso raro de sensibilidade social, a polícia de Islington, no norte de Londres, não prendeu um jovem que havia tentado roubar pão e ovos de um mercado, após passar dias sem se alimentar direito. Quando a pessoa em questão, Adam, relatou seu drama o levaram ao banco de alimentos onde, segundo o testemunho dos próprios policiais, começou a chorar.
 
A Trussell Trust calcula que necessitará uns “200 ou 300 bancos de alimentos mais” para cobrir todo o Reino Unido, mas é consciente que, com toda sua boa vontade, funciona como um paliativo: necessário, muito útil, mas insuficiente. “Nós intervimos nestes momentos de emergência e se for necessário ampliamos nossa assistência. Mas o que é preciso é uma política social para o emprego, a habitação, salários dignos e estímulos ao crescimento. Devido a todos os cortes que ocorreram, estamos inundados de trabalho”, apontou Mould à Carta Maior.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
 
Créditos da foto: Huffington Post
 

MISSÃO INTERNACIONAL INVESTIGA LIBERDADE DE IMPRENSA NO REINO UNIDO

 


Uma missão internacional sem precedentes iniciou hoje em Londres uma investigação às atividades do Governo britânico sobre a regulação da imprensa escrita e ao tratamento das revelações de segredos de Estado.
 
A delegação, promovida pela Associação Mundial de Jornais e Publicações (WAN-IFRA), com sede em Paris, vai manter reuniões com a secretária de Estado da Cultura, Maria Miller, o presidente do comité para a Cultura, deputado John Whittingdale, o editor do diário 'The Guardian', Alan Rusbridger, e com representantes de grupos da sociedade civil, corpos profissionais, empresários e académicos, para abordar a situação no Reino Unido, que a organização considera “preocupante”.
 
A Organização não-governamental (ONG) de defesa da liberdade de imprensa já efetuou missões similares à Etiópia, África do Sul, Líbia, Iémen, Tunísia, México, Honduras, Equador, Colômbia, Guatemala, Ucrânia, Azerbaijão ou Birmânia, mas esta é a primeira vez que se desloca ao Reino Unido.
 
 “A WAN-IFRA está profundamente preocupada pelo procedimento das autoridades britânicas face à profissão do jornalismo e pelas suas tentativas de controlar o debate público”, referiu em comunicado o dirigente da ONG, Vincent Peyrègne.
 
“As ações do Governo britânico tiveram consequências em todo o mundo, em particular na Commonwealth, e qualquer ameaça à independência do jornalismo no Reino Unido poderá ser utilizada por regimes repressivos no mundo para justificar o seu próprio controlo dos ‘media’”, acrescenta o texto.
 
“Vamos esforçar-nos por investigar todos os elementos que ameaçam a posição do Reino Unido como bastião dos ‘media’ livres e independentes e com o mesmo rigor com que abordámos, em quase 70 anos na defesa da liberdade de expressão em todo o mundo, várias situações sobre a liberdade de imprensa”, prossegue o comunicado.
 
A delegação vai reunir-se com o maior número possível de organizações para publicar em fevereiro um relatório com as conclusões da visita de delegação, e que serão divulgadas em diversos países.
 
Notícias ao Minuto
 

REINO UNIDO PODE DEIXAR UNIÃO EUROPEIA SE NÃO HOUVER REFORMAS

 


O ministro das Finanças britânico, George Osborne, entregou hoje uma advertência aos parceiros europeus a avisar que o Reino Unido deixará a União Europeia se esta não embarcar numa reforma política e económica à escala global, indica o The Guardian.
 
Se a União Europeia não fizer uma reforma política e económica, o Reino Unido poderá sair, advertiu hoje o ministro das Finanças britânico.
 
De acordo com o The Guardian, os comentários de Osborne são uma forma dos conservadores reassumirem a iniciativa na Europa, depois de, no passado domingo, 95 deputados do partido terem assinado uma carta a pressionar o primeiro-ministro David Cameron para que garanta que o Parlamento britânico tem poder de veto sobre toda a legislação europeia.
 
"Não é uma escolha simples para a Europa: reforma ou declínio. A nossa determinação é clara: Entregar a reforma e, em seguida, deixar o povo decidir", irá dizer Osborne num discurso que fará numa conferência sobre a Europa, que se realizará amanhã.
 
“Se não conseguirmos proteger os interesses coletivos dos países que não pertencem à zona euro então eles serão obrigados a escolher entre aderir ao euro, o que o Reino Unido não fará, ou sair da União Europeia”,sublinhará, acrescentando que “não é do interesse de ninguém colocar o país perante essa escolha”.
 
“O maior risco económico para a Europa não vem de quem quer reformas, vem do fracasso em reformar-se.”
 
Notícias ao Minuto
 

Brasil: O ESVAZIAMENTO DO “MENSALÃO” ARRANHA IMAGEM DO STF

 


Gilberto de Souza, Rio de Janeiro – Correio do Brasil, opinião
 
A prisão do ex-ministro José Dirceu recebeu uma cobertura midiática semelhante à posse de um presidente da República. Consome-se o martírio do ex-guerrilheiro José Genoino como a uma partida de futebol, nas páginas da imprensa conservadora. Vê-se o relator da Ação Penal (AP) 470, ministro e atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, de camisa pólo, cair no samba, apesar das vaias, como evento de campanha em pleno ano eleitoral. Percebe, então, grande parte dos brasileiros, que a poeira levantada por tantas manchetes e extensas reportagens nos canais da TV aberta já começa assentar e deixar à mostra a silhueta disforme do engodo, da grande lorota que sustentou o conhecido julgamento do ‘mensalão’.
 
Com o passar dos dias e a tenaz resistência da mídia independente, fica mais clara a intenção do escândalo, originário de uma acusação astuta do ex-deputado Roberto Jefferson. De sua bucólica residência na Região Serrana do Rio, de onde há quem aposte que o líder do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) não sairá para uma cela fétida do sistema prisional, Jefferson sustenta enquanto pode a versão de que dinheiro público sustentou um suposto esquema de compra de votos de deputados, e nenhum senador, para apoiar o governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nem ele aguenta mais ouvir o som da própria voz a repetir o bordão que desaguou no ‘julgamento do século’. Mentira tem pernas curtas e som estridente.
 
No STF, pingo é letra
 
Ao ‘esquecer’ de assinar o mandado de prisão do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha, antes de sair para as férias no apartamento que comprou em Miami com dinheiro da empresa sediada no apartamento funcional que ocupa, em Brasília, Barbosa deixa uma trilha de migalhas no labirinto da potoca, enquanto ensaia a saída à francesa, de fininho, para uma possível candidatura em outubro deste ano, sabe-se lá a quê. Até quem é bobo já percebeu que a Rede Globo anda meio de lado quando o assunto é ‘mensalão’. Com a audiência em franco declínio, frente ao crescimento fantástico da internet no Brasil, os velhos próceres da mídia são vencidos, dia após dia, por um exército de abnegados jornalistas, gente de bem que se recusa a ver o Brasil entregue às baratas. Estes profissionais, hoje, formam a opinião do público que circula pelas redes sociais e espraia-se nas ruas, nos cafés, no cotidiano do país. Por maior que seja o esforço dos tradicionais parceiros da iniquidade, beira o impossível a tarefa de seguir vendendo a tese de que havia dinheiro público no tal ‘mensalão’ e que esse dinheiro servia para comprar a consciência de parlamentares da base aliada ao governo.
 
Esse é um daqueles casos emblemáticos na História brasileira. Enquanto Dirceu resiste na prisão, em regime fechado quando deveria ser nenhum ou, no máximo, semiaberto, fica mais ostensivo o viés político da sentença que o atingiu. Mas o tempo passa e, nesse caso, cada dia conta a favor daqueles que, entrincheirados no quintal da Corte Suprema, mostram a verdadeira estrutura da trampolinice montada para atingir o projeto de poder do Partido dos Trabalhadores (PT) e de parte da esquerda brasileira. Desde a abertura das urnas, em 2012, percebe-se que o plano falhou. Tentam, os ideólogos da direita, aproveitar o que resta desta pauta malfadada enquanto Roberto Jefferson não desdiz tudo o que garantiu, em juízo, contra os adversários de outrora. Sim, porque basta ele dizer, publicamente, que mentiu com o objetivo de provocar uma situação política adversa ao então recém-empossado torneiro mecânico, terror das velhas oligarquias, para cair por terra o conto da carochinha chamado ‘mensalão’.
 
Um retrocesso no depoimento de Jefferson significaria, de pronto, a desmoralização absoluta do STF, motivo mais do que suficiente para se compreender porque tamanha docilidade do implacável Barbosa quanto ao réu, que segue na feliz e prosaica estadia, em sua aprazível Levy Gasparian. Mesmo que leve para o túmulo a história inventada entre um solfejo e outro, o tenor assiste à desconstrução do conto pela pilha de documentos que, agora, começam a ser traduzidos do juridiquês e levados ao conhecimento da Opinião Pública, pelas páginas da imprensa independente. O ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato e o dossiê que carrega com ele, na Itália, que o digam. A revista editada por João Paulo Cunha e apensada aos anais do Congresso, base de sua defesa em um eventual processo de cassação do mandato, é outro petardo apontado para o prédio no outro lado da rua, onde nenhum dos juízes que votaram com Barbosa, certamente, gostaria de estar quando for disparado.
 
Assim, de uma forma ou de outra, a Suprema Corte vê-se combalida, com sua imagem arranhada diante dos fatos que, por serem fatos, dispensam mais argumentos.
 
Gilberto de Souza é jornalista, editor-chefe do Correio do Brasil.
 

MARIGHELLA, EM CINEMA À SÉRIA

 


Carlos Marighella foi o maior inimigo da ditadura militar no Brasil. Este líder comunista e parlamentar foi preso e torturado, e tornou-se famoso por ter redigido o Manual do Guerrilheiro Urbano. Maior nome da militância de esquerda no Brasil dos anos 60, Carlos Marighella atuou nos principais acontecimentos políticos do Brasil entre os anos 1930 e 1969 e foi considerado o inimigo número 1 da ditadura militar brasileira.

Líder comunista, vítima de prisões e tortura, parlamentar, autor do mundialmente traduzido "Manual do Guerrilheiro Urbano", sua vida foi um grande ato de resistência e coragem.

Dirigido por sua sobrinha Isa Grinspum Ferraz, o longa-metragem Marighella é uma construção histórica e afetiva desse homem que dedicou sua vida a pensar o Brasil e a transformá-lo através de sua ação.

 

Brasil – ROLEZINHOS: QUAL DELES COMBINA COM VOCÊ?

 


Além dos adolescentes da periferia, também jovens politizados de forma mais tradicional programam ações. Mas há diferenças nítidas entre elas
 
Gabriela Leite – Outras Palavras, em Blog da Redação
 
Como aconteceu com os protestos de junho de 2013, a repressão aos encontros de adolescentes em shoppings de São Paulo pode sair pela culatra. Dias depois da decisão judicial que proibiu um rolezinho no aristocrático Itaim, e da violência contra os garotos em Itaquera, novas convocatórias multiplicam-se nas redes sociais. A principal novidade é o surgimento de um rolê político, que assume explicitamente o protesto contra a discriminação social. Até o momento, há dois convocados, ambos para o próximo sábado (19/1): em São Paulo e Rio. Mas as ações inspiradas pelo funk de ostentação continuam crescendo. São mais de quinze, espalhadas por diversos shoppings de São Paulo, além do Parque Ibirapuera e SESC Itaquera. Uma rápida análise, a partir das atividades agendadas no Facebook, pode revelar muito sobre a diferença entre estas as modalidades — e entre a juventude que as organiza.
 
Uma primeira distinção, muito clara, está em como cada grupo de jovens vê a violência. Nos rolês politizados, a crítica dirige-se, evidentemente, contra a polícia e o apartheid social. O jargão é sociológico. “Criminalizado como um dia foram a capoeira, o futebol, o samba, a MPB e o RAP, o funk moderno é tão contraditório em seu conteúdo quanto o é resistência em sua forma e estética”, diz a convocatória do Rolé contra o Racismo JK Iguatemi — marcado para o mesmo shopping que proibiu a entrada de pobres. Já os garotos discriminados parecem mais preocupados em não serem vistos como violentos ou praticantes de furtos. Num evento que convocava para ir no próximo sábado ao Shopping Tatuapé [e que foi deletado nesta terça-feira], um dos organizadores escreve, com as gírias comum a todos, que se alguém for para arrumar confusão, é melhor que não vá (ou “se for pra arasta nessa porra nem cola”). Muitos comentam apoiando, e reclamam dos chamados “ratos de tênis” — jovens que assaltam para tomar tênis de marca para si. A maioria afirma que só vai para “curtir” e “beijar na boca”.
 

SUIÇA, SEGREDO BANCÁRIO E O BRASIL

 


Rui Martins, Berna – Direto da Redação
 
Berna (Suiça) - A Suíça não tem mais segredo bancário. É verdade mesmo? Sim, porém é uma verdade relativa, acabou o segredo bancário para os europeus e para os estadunidenses. Ou seja, o segredo vai continuar para os africanos, os asiáticos e para... os brasileiros!
 
O governo dos EUA, que é extremamente severo em termos de pagamento dos impostos, descobriu que os bancos suíços, entre eles o maior banco suíço o UBS, andaram abrindo contas secretas para cidadãos norteamericanos, permitindo-lhes burlar o fisco.
 
Isso graças a vazamentos de nomes e contas gravados em Cds e vendidos por funcionários e informáticos desses bancos à Alemanha e França, mas que acabaram indo parar nos departamentos de impostos de outros países europeus e a onda chegou aos EUA.
 
O leão norte-americano, mais voraz e mais forte, como o leão da fábula de La Fontaine, não teve dúvidas e, em lugar de comprar Cds piratas, intimou a Suíça e os bancos suíços para entregarem tudo na bandeja, tipo nomes dos clientes e valor das contas. No começo, a Suíça quis rejeitar em nome de soberania e os bancos rosnaram que isso seria um desrespeito e uma traição aos clientes, porém o fisco norteamericano tratou a ambos como ladrões e cúmplices de evasão fiscal. Se não obedecessem teriam multas colossais e a proibição de haver bancos suíços nos EUA.
 
Os parlamentares esbravejaram, bronquearam, mas os bancos foram enviando discretamente os nomes de seus clientes norteamericanos. Alguns correram se autodenunciar para escapar da prisão, porque nos EUA jamais haveria essa história da Globo Televisão, Rádio e Jornal esquecer de pagar impostos, outros já estão com processo e risco de perderem o que depositaram na Suíça mais uns anos de prisão.
 
Faz alguns dias, um dos mais importantes diretores do UBS, o número 3 em importância, Raoul Weil foi preso e compareceu diante do juiz como qualquer ladrãozinho de galinhas – algemado e de pés travados. Embora soubesse estar com o nome na Interpol e ser procurado a pedido do leão norteamericano, Raoul Weil, que deve ganhar mais de um milhão por mês, bobeou e foi com a esposa fazer turismo na Itália, hospedando-se num hotel de luxo, onde foi acordado de madrugada pela Polícia italiana e, depois de um rápido processo, foi extraditado para os EUA.
 
Milionários alemães e franceses, mesmo espanhóis, têm vivido pesadelos desde que vazaram suas contas secretas para os fiscos de seus países. E os governos não brincaram – ou se autodenunciavam, tendo multa menor, ou perderiam tudo. É aquela história dos que tendo muito querem ainda mais. Embora nadando no luxo, comendo do bom e do melhor, não queriam pagar imposto de renda e de fortuna, esquecendo-se que seus países precisam dos impostos para os programas sociais e mesmo para o desenvolvimento.
 
Essa história envolve bilhões de dólares. Ninguém precisa ficar com dó dessas pessoas porque são multimilionários.
 
Porém, existe para os bancos suíços a outra possibilidade – a de continuar usando a oferta da conta secreta para os cidadãos dos países fora da União Européia e dos EUA. E entre os favorecidos estão os milionários brasileiros, entre eles muitos militares da época da ditadura e quase todos nossos valentes e previdente políticos, quem sabe até de esquerda.
 
Quando escrevi meu livro Dinheiro Sujo da Corrupção, sobre as contas secretas do Maluf, havia 130 bilhões de dólares de brasileiros nos cofres suíços. Só isso 130 bilhões de dólares. Vez ou outra, surgem na imprensa casos de brasileiros autuados na Suíça por utilizarem dinheiro da fraude, como comissões nas concorrência de obras públicas, mas nunca sobre brasileiros que colocaram seu capital na Suíça em operações de evasão fiscal. Existe numerosas maneiras para se exportar o dinheiro brasileiro para a Suíça, alguns grandes bancos estrangeiros e mesmo nacionais se encarregam, sem o risco dos doleiros.
 
O caso mais conhecido, porém se tratam de pequenas contas comparadas com as dos privatizadores da riqueza nacional, é o do ex-governador biônico e prefeito Paulo Maluf. Embora tenha sido a própria Suíça a delatora, até hoje o dinheiro bloqueado não foi devolvido a São Paulo porque não se concluiu no famoso STF, que pelo jeito só se apressou com os chamados mensaleiros. O STF teria de condenar Maluf, na última instância, e com base nisso São Paulo poderia pedir à Suíça o que restou por lá do dinheiro bloqueado, mas transferido a tempo para a Ilha de Jersey.
 
O ano que vem, vai fazer dez anos o bloqueio e a Suíça não terá outra solução senão a de levantar o bloqueio e transformar o dinheiro em contas normais.
 
Para terminarem as contas secretas dos brasileiros na Suíça, o governo deveria fazer como a UE e os EUA – assinar um acordo bilateral pelo qual os impostos seriam devidos ao Brasil seriam retirados das contas dos brasileiros ou, então, informar ao fisco brasileiro sobre as contas dos brasileiros para os impostos serem pagos no Brasil.
 
E vocês acreditam que um dia o governo brasileiro fará isso? No mesmo livro citado, lembrei ao fisco brasileiros que Paulo Roberto de Andrade, dono da falida empresa Boi Gordo, tinha conta em Miami, nos EUA, que não foi incluída no total da concordata para pagamentos dos credores e das coitadas das 30 mil pessoas que acreditaram ou foram induzidas a acreditar nos bois gordos.
 
Houve alguma reação? Nenhuma, tanto que Paulo Roberto de Andrade foi mesmo absolvido penalmente e a concordata ficou só no plano civil. Quem sabe algum dia, antes do fim do mundo, os pobres credores irão receber 10 ou 20% do que investiram. Mas sobre a conta na qual muitos depositaram em Miami, nem sinal e nem sindicância. Isso é o Brasil mesmo com governo de esquerda.
 
Quem sabe, se muita gente acredita em Papai Noel e mesmo em Deus, haverá neste ano de 2014 um político, um ministro, alguém, que acione a necessidade do Brasil celebrar um acordo bilateral com a Suíça pondo fim ao segredo bancário no estilo dos acordos com os EUA e com a UE. Seria a maneira de se recuperar 130 bilhões de dólares, que já devem ser muito mais.
 
Porém, infelizmente todo mundo tem o rabo preso e eu sinceramente não acredito. Maluf recuperará seus milhões, Roberto de Andrade continuará rindo dos otários que acreditaram no boi gordo, todos saberão que os privatizadores têm conta na Suíça, mas nem deputados e nem ministros não farão nada para isso mudar, porque é provável que, numa quantia menor, mas quase todos já têm também sua conta secreta na Suíça.
 
*Jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura, é líder emigrante, foi eleito por emigrantes da Região Europa para o Conselho Provisório de Emigrantes (2008) e Conselho de Emigrantes (CRBE) 2010-11, junto ao Itamaraty. Criou os movimentos Brasileirinhos Apátridas (recuperação da nacionalidade brasileira dos filhos de emigrantes) e Estado dos Emigrantes (emancipação política dos emigrantes contra tutela do Itamaraty). Publicou Dinheiro Sujo da Corrupção sobre as contas suíças secretas de Maluf. Colabora com o Expresso de Lisboa, Correio do Brasil, Deutsche Welle, RFI e BrPress.
 

Portugal: UM 2014 FANTÁSTICO

 


Se os indicadores são assim tão bons, porque é que a troika continua a mostrar-nos o dedo do meio?

Ricardo Araújo Pereira – Visão, opinião
 
O escritor brasileiro Luís Fernando Veríssimo percebeu que se interessava mais por letras do que por números quando, em criança, o professor de matemática lhe colocou aqueles problemas do costume. "Um comboio parte do ponto A às 8h00 e viaja a uma velocidade média de 100 km/h. Outro comboio parte do ponto B duas horas mais tarde e depois segue a 80 km/h. Determine a que horas vão os comboios encontrar-se no ponto C, sabendo que, etc." Em vez de calcular a resposta, Veríssimo punha-se a imaginar quem seriam os passageiros dos comboios, por que razão iriam para o ponto C àquela hora da manhã, ou quem os esperaria lá.
 
A dimensão do meu interesse por economia também ficou evidente quando, na faculdade, tomei contacto com a teoria da mão invisível, de Adam Smith. Dediquei as minhas reflexões a tentar perceber a razão pela qual alguém, mesmo tratando-se de um mecanismo económico, dispondo de uma mão invisível, a usaria para orientar agentes económicos em sistemas de mercado livre, e não para apalpar jovens raparigas no metro. Bem sei, e não é sem vergonha que o confesso, que os meus pensamentos acerca da mão invisível eram bastante primários: descuravam a existência de raparigas que, não sendo assim tão jovens, pudessem igualmente tentar o possuidor de uma mão invisível, e que isso sucedesse noutros locais que não apenas o metro. Mas essa sofisticação de raciocínio, só a obtemos com a idade.
 
Esta semana, coloquei a mim mesmo uma questão sobre a economia nacional que pertence à mesma área de estudo: se os indicadores são assim tão bons, porque é que a troika continua a mostrar-nos o dedo do meio? Trata-se de uma perplexidade que, como a mão invisível de Smith, explora a relação da ciência económica com o carpo, metacarpo e falanges. E é um problema que completa a teoria do economista inglês com outros patamares de visibilidade: a mão é invisível; os indicadores, só o primeiro-ministro e alguns dos seus amigos os vêem; e o dedo do meio, vemo-lo todos.
 
A mensagem de Natal de Passos Coelho deve, a esta luz, ser incluída na tradição da literatura profética, uma vez que analisa os indicadores que o primeiro-ministro vê mas que tanto nós como o INE só veremos, em princípio, no futuro. A partir dos dados avançados pelo profeta, no dia 25 de Dezembro, podemos antever o ano de 2014. A nossa economia começou a crescer, e acima do ritmo da Europa. O emprego também já cresce e foram criados 120 mil postos de trabalho, só até ao terceiro trimestre. E o desemprego, especialmente o emprego jovem, está a descer. Em 2014, as 120 mil pessoas que arranjaram emprego vão produzir riqueza, provavelmente a cavalo dos seus unicórnios, acima do ritmo de crescimento da Europa. Com a ajuda da Fada dos Dentes, o número de desempregados descerá para níveis insignificantes. E, no primeiro semestre, Passos Coelho encontrará um sapo muito feio, a quem dará um beijo de amor. E o anfíbio transformar-se-á num lindo superavit da balança comercial. Tudo indica que vamos ter um 2014 fantástico. Resta apenas saber se será fantástico no sentido que a palavra adquire nos anúncios de shampoo, para descrever o aspecto do cabelo depois de lavado e penteado, ou no sentido tradicional, que designa as coisas que só existem na nossa imaginação.
 

Portugal: ARMAS QUÍMICAS SÍRIAS VÊM POR BEM

 

Balneário Público
 
Sobre armas químicas em Portugal vêem-se títulos desde há algumas horas. Por exemplo: Portugal autoriza transbordo de armas químicas; Armas químicas Governo ainda não tomou decisão sobre transbordo; Quercus preocupada com risco ambiental do transbordo de armas; Bloco exige explicações do Governo sobre transbordo de armas. Os títulos linkados pertencem a Notícias Ao Minuto, mas estão por todas as publicações online de Portugal e, muito provavelmente, estrangeiras. Armas químicas vindas da Síria, daquelas que dizimaram milhares de sírios. Um perigo. Exatamente por serem um perigo foi pedido a Portugal para correr o risco. Portugal, um lacaio pobretanas dos EUA e dos potentados do armamento, assim como da NATO/OTAN, com o agravante de ter nos poderes uns políticos sem coluna vertebral nem patriotismo porque as suas pátrias são as dos cifrões, das negociatas e recompensas de favores que lhes possibilitam grandes vidas e melhores ganhos em cargos no estrangeiro em organizações internacionais ou em empresas privadas internacionais onde recebem balúrdios. Uns vendidos em não raros exemplos. E então essas armas químicas que são tão perigosas mas vão escalar território de Portugal? É evidente que vão. Os lacaios nem sequer se lembram que devem fazer alguma força na coluna vertebral para mudar da posição de subserviência (curvados) para a de homo erectus. Erectus são só para tramar a vida aos portugueses e venderem o país em saldos inadmissíveis. Portanto, ante a certeza que devemos ter do sim com vénias e outros salamaleques cá vamos ter as tais armas e os tais químicos que até dariam algum jeito ao governo se fossem espalhados pela imensa quantidade de velhos reformados, dos gravemente doentes e dos desempregados. Cumpria-se o adágio de “matar dois coelhos de uma só cajadada”. Assim como que por milagre de Fátima estaria resolvido o problema da segurança social, aliviada com as verbas enormes das pensões de reforma, o problema das despesas com a saúde dos oncológicos e outros… e o desemprego veria cair os números em flecha à velocidade do som. Venham as armas químicas para Portugal e se acontecer um acidente até será uma sorte. É que há males que vêm por bem. Seria como saírem vários euromilhões a este governo e ao Senhor dos Números – Cavaco Silva. Assim sendo não se justifica tanto alarido por causa destas armas químicas.
 
Otávio Arneiro
 
Leia mais em Balneário Público
 

PSD não vê razões para que transbordo de armas químicas não seja feito em Portugal

 

TSF
 
O deputado António Rodrigues lembra que «se houver um mecanismo de impedir» conflitos como os que envolvem armas químicas na Síria, «concordamos em colaborar nessas ações».
 
O deputado social-democrata António Rodrigues não vê motivos para que Portugal não autorize o transbordo das armas químicas da Síria que os EUA admitem poder fazer num porto nacional.
 
Em declarações à TSF, este vice-presidente da bancada parlamentar do PSD lembrou o «esforço internacional para libertar a Síria» deste armamento.
 
«Sendo nós colaborantes na matéria internacional naturalmente se houver um mecanismo de contribuir para evitar esse flagelo e para com isso impedir que haja algum tipo de conflitos com esta natureza concordamos em colaborar nessas ações», acrescentou.
 
Contudo, António Rodrigues lembrou que têm de ficar «salvaguardadas não só as matérias de interesse nacional e principalmente todas as preocupações em matéria ambiental».
 

Portugal: MAIS PAPISTAS QUE O PAPA

 

Triunfo da Razão
 
Grécia e Irlanda têm tecido fortes críticas à troika e aos programas de "assistência". Portugal... merece reticências. Por cá o Governo insiste em ser mais papista do que o Papa. E porquê? Por uma razão muito simples: o caminho imposto (?) pela troika serve na perfeição os intentos do Governo, abrindo assim as portas a transformações que subjazem à cartilha e interesses do Executivo de Passos Coelho.

Os outros países, através dos seus representantes eleitos, não se coíbem de tecer fortes críticas à actuação da troika e aos programas de "assistência". Não será esse o entendimento do Governo português que pode continuar livremente na senda de desvalorização salarial, enfraquecimento do Estado social, empobrecimento generalizado e privatizações de tudo quanto seja possível.

Ser mais papista do que o Papa, a frase ganha outros contornos quando se percebe que o actual Papa está, quer em matéria de discernimento, quer no que diz respeito à sua actuação, a milhas de distância de pessoas como Passos Coelho e Paulo Portas.

Ana Alexandra Gonçalves
 
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RUI MACHETE DEFENDE A EXPANSÃO ECONÓMICA DA CPLP NA ÁSIA

 

Melissa Lopes - Público
 
Cimeira da comunidade, que se realiza em Julho em Timor-Leste, é vista como o ponto de partida para esse desenvolvimento. Melhoria da mobilidade de pessoas e bens dentro da CPLP deverá ser alvo de propostas
 
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, considerou esta terça-feira que a cimeira da CPLP que se realiza este Verão em Díli, Timor-Leste, será um momento crucial para a expansão da língua portuguesa na Ásia e também para o “alargamento dos horizontes económicos” e “gerar riqueza” para os membros da comissão.
 
Durante uma visita protocolar à sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em Lisboa, o secretário-executivo daquela instituição, Murade Murargy, classificou a cimeira como o “meio caminho para a nova visão, para o futuro da CPLP”. “A Cimeira de Díli vai ser a reafirmação do nosso compromisso político, para transformar a organização numa organização internacional”, acrescentou o moçambicano.
 
Retrato que o ministro secundou, destacando o facto de a reunião magna se realizar em Timor-Leste e enaltecendo a importância da língua portuguesa como um vínculo cultural e económico. “A língua portuguesa já não é só a língua dos portugueses”, disse o ministro, lembrando que o português é o terceiro idioma mais falado no Ocidente e o oitavo no mundo.
 
O secretário Executivo da CPLP, Murade Murargy, referiu que “apesar dos constrangimentos” pelos quais a comissão passa, a posição da organização vai-se afirmando tanto a nível interno dos países como também a nível internacional. “A língua está consolidada”, disse, acrescentando que “hoje mais do que nunca somos respeitados em todo o mundo”.
 
Murade Murargy apontou falhas no que toca ao desenvolvimento económico e empresarial, uma área que “também tem que ser consolidada”, defendeu, revelando que “sente uma crítica construtiva” relativamente ao distanciamento dos cidadãos membros da organização. “A CPLP tem, de criar um espaço para que a sociedade civil possa participar. Os cidadãos e a sociedade civil em geral esperam mais do que isto: os cidadãos têm que sentir que fazem parte da comunidade.” Se assim não for, a missão da CPLP corre o risco de “desvanecer-se se não chegar aos cidadãos”, disse.
 
Rui Machete reafirmou o interesse de Portugal na organização e concordou que existe uma necessidade de expansão e desenvolvimento da organização em matéria de economia, para que “todas as potencialidades se concretizem“, acrescentou.
 
A mobilidade de bens, pessoas e serviços foi um outro assunto destacado. Trata-se de, nas palavras do secretário executivo da CPLP, de “um desafio enorme”. A intenção é “construir uma sociedade de portas abertas”, na qual os cidadãos, assim como bens e serviços, possam circular “sem problemas burocráticos”.
 
Assunto Guiné-Bissau “ocupa lugar cimeiro”
 
Relativamente à Guiné-Bissau, o secretário-executivo pediu ao ministro para que, no próximo Conselho de Ministros, o assunto mereça uma atenção especial. “Temos de apoiar a Guiné-Bissau a reconquistar a sua normalidade”, referiu Murade Murargy, relembrando também a pretensão da Guiné-Equatorial entrar na CPLP, mas que tem sido adiada. “Se conseguirmos respeitar os princípios que nos orientam, se criarmos espaço para que outros se possam associar a nós (…) podemos ser uma grande organização internacional”, defendeu.
 
Rui Machete reconheceu que a Guiné "ocupa um lugar cimeiro nas preocupações” de Portugal e que é muito importante que se realizem eleições no país, para que se concretize a plenitude das funções democráticas”, reforçando a ideia da necessidade de superar os incidentes e encontrar o caminho da normalidade. “Os recentes incidentes em Bissau [com o voo da TAP] têm que ser ultrapassados em prol dos interesses das duas populações”, afirmou o ministro.
 
Rui Machete destacou ainda os sinais de “esperança” que vêm dos países que tiveram dificuldades económicas, ou que enfrentaram situações de guerras (Guiné, Angola e Moçambique), relativamente à superação dos seus problemas, e terminou “renovando a promessa de que o Governo tudo fará para garantir o sucesso da organização e dos seus membros”.
 

Dois feridos em disparos contra manifestantes antigovernamentais na Tailândia

 


Banguecoque, 15 jan (Lusa) - Duas pessoas ficaram feridas na sequência de tiros disparados contra manifestantes anti-governamentais, informaram hoje as autoridades tailandesas, no terceiro dia da "paralisação" de Banguecoque com vista à demissão da primeira-ministra Yingluck Shinawatra.
 
Um homem e uma mulher, ligeiramente feridos, foram levados para o hospital depois de terem sido disparados tiros esta noite, segundo o centro de emergência Erawan. As vítimas já deixaram o hospital.
 
Segundo imagens televisivas, citadas pela AFP, dezenas de disparos foram efetuados por um desconhecido.
 
Na terça-feira, o líder dos manifestantes antigovernamentais tailandeses ameaçou capturar a primeira-ministra, se Yingluck Shinawatra não apresentar a demissão.
 
"Vamos capturar a primeira-ministra" e os membros do governo "um por um" se não apresentarem a demissão nos próximos dias, prometeu Suthep Thaugsuban, perante os apoiantes.
 
O antigo deputado é alvo de um mandado de captura por insurreição e pode ser julgado por homicídio e pelo papel na repressão das manifestações da primavera de 2010, quando era vice-primeiro-ministro, mas a polícia não tentou deter Suthep.
 
A oposição defende a escolha de um "conselho do povo" que introduza reformas no sistema político que consideram corrompido e antes da realização de eleições que apenas preconizam num espaço de 12 a 14 meses.
 
Suthep Thaugsuban e os seus seguidores culpam Thaksin Shinawatra, irmão mais velho de Yingluck e antigo primeiro-ministro deposto num golpe militar em 2006, de todos os males do país e dizem ser este a dirigir a Tailândia a partir do exílio onde está para evitar uma pena de prisão de dois anos por corrupção.
 
No entanto, os partidários de Thaksin Shinawatra venceram, nas urnas, todas as eleições desde 2001, contam com grande apoio popular nas zonas rurais do norte e nordeste da Tailândia embora a oposição tenha também grande capacidade de mobilização popular como tem demonstrado nas últimas semanas de protestos.
 
FV (EJ/JCS) // JCS - Lusa
 

Timor-Leste: Primeira-dama visita criança de 2 Anos com retino plastoma…

 


…em "estado reservado" à espera de ser evacuada

A primeira-dama Isabel Ferreira visitou uma criança de dois anos internada no serviço de pediatria, em “estado reservado”, com um cancro com o nome de retino plastoma, no Hospital Nacional Guido Valadares (HNGV), no sábado passado, em Díli, Timor-Leste.

Esta visita da primeira-dama foi realizada segundo uma notícia que saiu num órgão de comunicação e chamou a atenção da própria.

De acordo com as informações apuradas, pelo gabinete da primeira-dama, a criança tem um prognóstico “muito reservado”, pois tem um cancro denominado de “Retino Plastoma” num dos seus olhos em fase já avançada.

Neste momento o olho está entubado e o processo encontra-se em fase de referência urgente para a Indonésia.

De acordo com o que o gabinete da primeira-dama conseguiu apurar, a família por desconhecimento da doença e talvez por receio em aceder aos serviços de saúde, deixou o caso prolongar-se cerca de cinco meses.

Segundo fontes hospitalares, neste tipo de cancro, a criança deveria ter sido atendida nos primeiros sinais da doença, em virtude da rapidez com que alastra e estende as suas ramificações. Este tipo de cancro consome sangue de maneira exagerada, pelo que a criança tem também uma “anemia severa”.

Os primeiros sintomas da doença manifestaram-se com uma comichão no olho direito, seguiu-se uma espécie de “catarata”, que deixou o olho totalmente branco. De seguida, apareceu os primeiros sinais de “sangue no olho”, originado uma “bola de sangue” provocando um inchaço do olho.

Segundo informação do gabinete da primeira-dama, os pais tinham visitado pela primeira vez o posto de saúde de Hatolia, Ermera, no passado dia três de novembro. Não se encontrava lá nenhum médico e a criança foi atendida por um enfermeiro do qual foram receitados medicamentos, sem nenhum tratamento específico.

Face ao crescimento da bola de sangue e sem quaisquers sinais de melhoramento, os pais visitaram novamente o posto de saúde de Hatolia. Pediram para o enfermeiro transferir a criança para Díli, do qual obtiveram uma resposta negativa, por não haver ambulância, nem transporte disponível.
 
A 5 de janeiro (domingo), o pai foi obrigado a transportar de motorizada o seu filho. Desde esse dia que o menino se encontra internado no HNGV, onde está a ter tratamento adequado.

Contudo, os pais sabem que o caso não pode ser resolvido em Timor-Leste, por falta de meios adequados.

Neste momento, o menino está a aguardar para ser transportado para o exterior. A Indonésia será uma hipótese, segundo informação do gabinete da primeira-dama.

Cada dia que passa, o estado da criança tende a piorar e são menos as hipóteses de sucesso na cura.

Desde o dia que o Gabinete da primeira dama recebeu a informação (11 de janeiro) até ao dia de ontem ainda não foi possível fazer a evacuação por falta de certidões de baptismo ou RDTL, que segundo a informação só chegaram ontem.

O caso foi submetido pelo HNGV ao Ministério da Saúde ontem para efeitos de processo de referência ao exterior e aguarda decisão.

SAPO TL 
 

PORTUGAL E A CPLP QUEREM FACILITAR CIRCULAÇÃO DE CIDADÃOS

 


Lisboa, 14 jan (Lusa) -- O ministro dos Negócios Estrangeiros português e o secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) concordaram hoje na necessidade de facilitar a circulação dos cidadãos, eliminando "empecilhos burocráticos", no espaço constituído pelos oito países lusófonos.
 
"A questão da mobilidade no espaço da nossa comunidade é um desafio enorme, mas com coragem e com determinação podemos encontrar soluções ou portas abertas para que a nossa comunidade possa circular no espaço" da CPLP, disse o responsável da organização, Murade Murargy.
 
Para o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, que hoje visitou a sede da organização, em Lisboa, "a CPLP deve tentar que os cidadãos possam fazer essa circulação com maior liberdade e livres de alguns empecilhos burocráticos hoje ainda difíceis de ultrapassar".
 
Numa breve intervenção antes de o ministro assinar o livro de honra da CPLP, Murargy sublinhou que "apesar dos constrangimentos de vária ordem, a organização está a impor-se, tanto a nível interno como a nível internacional", disse o secretário executivo, destacando que "pode ser feito muito mais", nomeadamente na área económica e empresarial.
 
O responsável disse que a CPLP quer "criar as bases para esta vertente da cooperação entre os Estados-membros", através de "políticas para que os empresários possam exercer os fluxos de investimento".
 
No mesmo sentido, o ministro considerou que a comunidade "tem de alargar os seus horizontes a uma atividade cada vez mais desenvolvida que permita criar riqueza para os seus membros" e deu os exemplos do papel dos observadores e da assinatura de instrumentos jurídicos que facilitem a circulação de pessoas, bens e serviços.
 
O secretário executivo argumentou ainda que os cidadãos dos oito países que integram a comunidade "aguardam que a CPLP também seja deles e que sintam que fazem parte desta comunidade", avisando: "Senão, corremos o risco de a CPLP se desvanecer".
 
"Temos de criar um espaço para que a sociedade civil possa também participar neste projeto", sugeriu.
 
Sobre a cimeira da CPLP, que se realizará em Díli, Timor-Leste, em julho, o ministro Rui Machete disse esperar que marque "uma progressiva expansão da língua portuguesa na Ásia".
 
"Timor-Leste tem a extraordinária oportunidade de lançar o uso da língua, de uma maneira muito mais espalhada, e num grau de utilização cultural mais elevada", referiu.
 
Murade Murargy defendeu que será "um meio caminho para a nova visão sobre a CPLP", que este ano cumpre 18 anos de existência, e vai marcar "a reafirmação do compromisso político de a transformar numa organização internacional".
 
A CPLP é constituída por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
 
JH // JMR - Lusa
 

Moçambique: GUERRILHA DA RENAMO ATACA EM FUNHALOURO

 

O País (mz)
 
Agudiza-se tensão político-militar no país
 
Poucos dias depois de terem criado pânico nas localidades de Pembe e Fanhanha, no distrito de Homoíne, os homens armados da Renamo invadiram, na madrugada desta terça-feira, a localidade de Mavume, onde, além de saquear diversos bens, assassinaram um agente da PRM.
 
Doze homens fortemente armados atacaram o posto policial e assaltaram o posto de saúde na localidade de Mavume, no distrito de Funhalouro, em Inhambane, na madrugada de ontem. Depois de Homoíne, Funhalouro torna-se o segundo distrito da província de Inhambane, Sul de Moçambique, onde a Renamo abriu frentes de ataques. No ataque ao posto policial, um agente da PRM foi mortalmente atingido.
 
Tudo começou às 03h00 da madrugada desta terça-feira, quando 12 homens fortemente armados começaram a disparar contra o posto policial de Mavume. A Polícia ainda tentou responder ao ataque, mas as balas disparadas pela guerrilha da Renamo atravessaram a parede do edifício e atingiram um agente. Trata-se de Alves Filipe, 21 anos de idade e natural da cidade da Maxixe. O jovem é um recém-formado da Polícia e estava no seu primeiro dia de trabalho como agente da lei e ordem.
 
Em seguida, os homens armados foram ao posto de saúde onde arrombaram a porta, ameaçaram os funcionários que estavam em serviço e saquearam vários medicamentos, com destaque para material cirúrgico usado no tratamento de ferimentos. Dados colhidos no local indicam que a quantidade de medicamentos saqueada é “muito pouca”. No terreno, algumas pessoas acreditam que os homens roubaram medicamentos para tratar seus companheiros que terão sido feridos em combate com militares das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).
 
Logo após o assalto ao posto de saúde, os homens de Afonso Dhlakama teriam voltado ao posto policial, onde roubaram diversos bens, com destaque para fardamento dos agentes da PRM e diversos utensílios por estes usados no seu dia-a-dia.
 
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Moçambique: GORONGOSA ESTÁ EM ALVOROÇO

 


Cenários de guerra, caracterizados por perseguição a populares, intimidação, detenções arbitrárias e supostas execuções sumárias de cidadãos indefesos, sobretudo jovens e adultos do sexo masculino, fizeram com que perto de 4.000 residentes das regiões de Nhambondo, Tazaronda, Mucodza, Nhataka, Tambarara, Nhankuco, Kanda, Tazonda, Egipto, Barnota, e Vunduzi, no distrito de Gorongosa, na província de Sofala, abandonassem, há alguns dias, as suas residências, refugiando-se na vila sede, como forma de escaparem das atrocidades perpetradas pelos homens armados da Renamo e pelas Forças de Defesa e Segurança.
 
Segundo relatos de cidadãos entrevistados pelo @Verdade, alguns dos quais foram forçosamente separados dos seus parentes – dados como desaparecidos em virtude de terem sido capturados por militares – os guerrilheiros da Renamo e as forças governamentais protagonizam assassinatos de cidadãos desde Outubro passado. Entretanto, os nossos interlocutores não sabem dizer por que motivos os militares estão a protagonizar tal “carnificina” e não apresentam provas concretas de pessoas que tenham sido vítimas da referida situação.
 
Manuel da Costa Simão, Pastor da Igreja Nazareno de Moçambique, e residente na sede do posto administrativo de Vunduzi, disse-nos que o que se vive naquela região é triste pelo facto de haver pessoas que estão a ser executadas sumariamente, além de sofrerem várias ameaças por parte dos homens armados da Renamo; por isso, ele refugiou-se na vila de Gorongosa, em casa de familiares.
 
Num outro desenvolvimento, o pároco afirmou que Vunduzi está deserto devido à situação político-militar que caracteriza a zona. Os “chapas” que transportavam pessoas e bens no troço vila de Gorongosa- -Vunduzi e vice-versa suspenderam as actividades por intimidação dos guerrilheiros do partido de Afonso Dhlakama.
 
Segundo o nosso interlocutor, algumas famílias foram escorraçadas das suas comunidades pelas forcas governamentais, alegadamente por ser difícil identificar os elementos da Renamo no meio da população. Ele antevê que nas regiões afectadas pelo problema pode haver fome em virtude de as pessoas terem abandonado as suas machambas, das quais dependem para sobreviver, principalmente porque se está numa época em que algumas culturas alimentares precisam de ser sachadas.
 
Manuel Simão assegurou-nos ter presenciado a execução sumária de duas pessoas por guerrilheiros de Afonso Dhlakama. As vítimas respondiam pelos nomes de Zacarias e Mabote. Ao primeiro arrancaram alguns bens e o segundo era perseguido pelos mesmos militares antes de ter sido morto.
 
Mulher dá à luz sozinha
 
No último domingo, 05 de Janeiro em curso, durante a fuga de Vunduzi para a vila municipal de Gorongosa, com os seus filhos menores de idade, Azeria Alficha deu à luz sem ajuda de ninguém. A dada altura do percurso, ela começou a queixar-se de dores de parto e, corajosamente, não fez mais nada senão interromper a caminhada e assumir o serviço de parteira. Em contacto com o nosso Jornal, a senhora confessou que foi difícil e quase perdia o seu bebé. “Mas porque Deus estava comigo, nenhum mal aconteceu”.
 
Gente que tenta procurar comida nas zonas de origem
 
Elias Albino, outro cidadão entrevistado pela nossa reportagem, residente em Nhanhadzi, também, no posto administrativo de Vunduzi, contou que todos os seus bens ficaram na comunidade assolada pela tensão político-militar. Neste momento, ele e os parentes, acomodados na Escola Primária Completa de Mapombwe, estão a passar fome. Nalgumas vezes, sob o risco de serem interceptadas por militares e serem mortas, as pessoas tentam procurar formas de chegar a Vunduzi para irem buscar a comida que deixaram nas suas arrecadações.
 
E há famílias que, quando chegaram à vila de Gorongosa, optaram por arrendar casas mas já não têm condições para o efeito. Eugénio Almeida, régulo da região de Kanda, considerou que perante esta situação existem pessoas que se apoderam dos bens das outras que estão no meio do sofrimento. Ele também foi vítima, tendo os malfeitores roubado os seus cabritos.
 
O apoio é insuficiente
 
O governo do distrito de Gorongosa assegurou-nos que oferece diariamente à população, que abandonou as zonas de “conflito”, feijão, óleo alimentar, arroz, repolho e farinha de milho. Todavia, os refugiados consideram que os produtos alocados não chegam, uma vez que as famílias são numerosas. As pessoas queixam-se igualmente das condições de alojamento que não são das melhores. Os dormitórios, por exemplo, são comuns o que impede que haja privacidade.
 
Criado centro para refugiados
 
O governo da província de Sofala criou um centro de acomodação para as populações refugiadas na vila de Gorongosa à procura de abrigo e segurança. O lugar vai albergar 180 famílias, o que corresponde a 3.845 pessoas, que, neste momento, se encontram nas escolas. Numa primeira fase, os indivíduos em causa serão alojados em 100 tendas, que não são suficientes, de acordo com o governo local. Porém, a medida visa descongestionar os estabelecimentos de ensino, uma vez que as aulas vão arrancar brevemente.
 
Gerónimo Langa, porta-voz do governo distrital de Gorongosa, explicou que o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) disponibilizou seis toneladas de arroz,14 sacos de farinha de milho, duas toneladas de açúcar, 2.000 litros de óleo e duas toneladas e meia de feijão, para garantir a alimentação da população, durante 15 dias. Os produtos beneficiam, também, as famílias que vivem em casas arrendadas.
 
Perguntámos ao porta-voz sobre a solução que se prevê para as crianças que se encontram refugiadas na vila de Gorongosa com os seus pais, uma vez que correm o risco de perder o ano escolar, por causa do ambiente de guerra que se vive nas suas zonas de origem, e a resposta foi a de que todas elas estão a ser inscritas para continuarem a estudar nas escolas da vila sede.
 
De acordo Gerónimo Langa, devido à situação político- -militar que se vive em Gorongosa, a unidade sanitária da vila municipal atende, por dia, 350 a 500 doentes e, como forma de descongestionar os serviços, foram criados, em todos os locais onde se encontram os refugiados, postos para a prestação dos primeiros socorros.
 
Verdade (mz), em Tema de Fundo
 

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