sábado, 8 de junho de 2013

Portugal: PASSOS QUER MAIS SEIS ANOS. POIS…

 

Henrique Monteiro – Expresso, opinião
 
O primeiro-ministro disse, e o Expresso destacou para notícia principal, que o "normal" é recandidatar-se a primeiro-ministro. Como Passos não admite eleições antecipadas, presume-se que quer completar os dois anos de mandato que ainda lhe faltam e depois cumprir mais quatro.
 
Pode ser "normal", como diz. Mas não nestes tempos. Passos não ganha umas eleições nem no prédio dele. As pessoas estão zangadas, estão fartas. Coisa diferente é saber se podia ter sido de outro modo, ou se toda a culpa é de Passos (apesar nos inúmeros tiros nos pés que deu e das piruetas sucessivas com que nos brindou). Mas lá que ele não é eleito, disso podem estar certos.
 
Há dois anos o atual líder do PSD foi escolhido com base num engano: o de que a crise era apenas portuguesa. Como o seu antecessor destruiu boa parte da economia, parecia que assim era. Mas não era. Depois disso, Passos ainda trabalhou estes anos com a convicção de que a crise se resolve em Portugal. Só muito recentemente o Governo começou a dar sinais de ter entendido que tem de haver uma cooperação de toda a Europa para superar a situação em que nos encontramos.
 
Nos próximos dois anos, talvez Passos, o Governo e a generalidade da nossa classe política compreenda que nem a Europa nos salva (incluindo aqueles críticos do Governo que só gritam "crescimento!" como se o dito crescimento nascesse nas árvores). Porque cada país da Europa enfrenta a sua crise específica e precisa salvar-se a si próprio. Cada vez mais, estará cada um por si, pois não creio que até lá consigam (ou sequer aprendam) fazer novas instituições. Em 2015 (se não for antes), quando chegarmos às eleições legislativas, será preciso muita sorte para que Portugal não caia nos braços de um vendedor de ilusões fáceis (claro que Passos também o poderia ser, mas já ninguém acreditará nele), de um palhaço ou de um radical.
 
E nos anos subsequentes - de 2015 a 2019 - o calvário vai continuar. O desemprego vai manter-se elevado, as nossas exportações para a Europa não vão ter o fulgor de que necessitariam, a nossa dívida terá um valor incomportável e a nossa produção continuará baixa e os países emergentes continuarão a tratar o Velho Continente ainda assim com maior delicadeza do que aquela que o Velho Continente lhes dispensou no passado.
 
Vão ser anos terríveis. Pode ser que encontremos gás ou petróleo - talvez para estoirarmos em inutilidades noutro ciclo de prosperidade. Mas ninguém vai aguentar seis anos no poder. Se Passos chegar a 2015, a sua resistência já será digna de nota.
 

Portugal: Trabalhadores Social Democratas reconhecem motivos para adesão à greve geral

 

RTP - Lusa
 
Os Trabalhadores Social Democratas (TSD) assumiram hoje que existem "fortes motivos" para que os seus associados adiram à greve geral convocada pelas duas centrais sindicais para dia 27 de junho, deixando à sua consideração a adesão ao protesto.
 
Em comunicado enviado após a reunião do Conselho Nacional, que decorreu em Lisboa, a estrutura sindical autónoma do PSD refere que "encara com normalidade o exercício do direito constitucional da greve".
 
"Os TSD assumem que existem fortes motivos de insatisfação por parte dos trabalhadores portugueses, nomeadamente ao nível da Administração Pública, e partilham, também, das gravosas consequências que as políticas de austeridade ditadas pela situação difícil em que Portugal se encontra têm causado aos trabalhadores do nosso País", lê-se no comunicado.
 
Neste contexto, "e sendo a greve um exercício de um direito individual deve, cada trabalhador, ponderar, com serenidade e sem quaisquer pressões, a sua adesão ou não".
 
Apesar de reconhecerem que "os projetos e práticas sindicais da UGT e da CGTP são manifestamente diferentes e que, nalguns domínios, se revelam mesmo antagónicos", os TSD "expressam o desejo de que a greve geral agora anunciada decorra num clima de tranquilidade e tolerância de modo a evitar cenários de agitação e instabilidade que se têm vivido noutros países".
 
Os TSD consideram, por fim, "que o período pós-greve deverá ser utilizado pelo Governo para implementar as reformas indispensáveis para melhorar o desempenho económico do país, para criar melhores condições para o diálogo institucional ao nível da concertação social e melhorar as condições de vida dos portugueses".
 
A CGTP anunciou a realização de uma greve geral na passada sexta-feira, 31 de maio. Na segunda-feira, a UGT anunciou a convergência com a Intersindical e a participação no protesto.
 
Esta é a décima greve geral em Portugal desde o 25 de abril e a quarta envolvendo as duas centrais sindicais.
 

Gaspar: A CULPA FOI DA CHUVA

 

Ferreira Fernandes – Diário de Notícias, opinião
 
Olha, choveu no inverno! Como é que vocês queriam que este ministro das Finanças, este, que falha todas as previsões, mesmo as previsíveis, pudesse adivinhar coisa tão insólita, como o mau tempo em janeiro, fevereiro e março?! Atenção, o nosso Vítor Anthímio Gaspar não disse - ele nunca diz coisas simples - "a chuva tramou-nos", não. Ele disse, ontem, no Parlamento: "(...) sendo no entanto que o investimento no primeiro trimestre deste ano é adversamente afetado pelas condições meteorológicas nos primeiros três meses do ano." Mas a mensagem passou: a chuva tramou-nos. Foi interessante ver o rei da falta de precipitação a queixar-se do excesso dela. Não tivemos, pois, investimentos na eira, mas tivemos chuva no nabal em que o País se tornou. Então, aquele que aceita tudo que a manda-chuva Angela manda, revoltou-se ontem contra a Santa Bárbara que não se lembrou de nós quando troveja. A vingança será terrível, vão ver: os Serviços Meteorológicos que fecham, as altas pressões dos Açores cortadas a metade, os guarda-chuvas taxados com IVA de 35 por cento... Era de esperar que um tipo que fala de forma tão pausada fosse anticiclone. E como se confirmou que em abril águas mil e agora nos surpreendemos com um junho molhado, o diagnóstico do segundo trimestre já está feito: o País gripou e nós, engripados. Feliz só o Gaspar, com desculpa para todo o ano. E seguindo, sereno, a mesma e inflexível linha: "Meter água aqui, só eu!"
 

Portugal: Desempregados por despedimento colectivo aumenta 41,5% até Abril

 

Público - Lusa
 
Até Abril deste ano 3.789 pessoas viram terminado o processo de despedimento colectivo, num universo de 35.158 trabalhadores.
 
Quase quatro mil pessoas foram despedidas até Abril no âmbito de processos de despedimento colectivo concluídos, mais 41,5% que em igual período de 2012, segundo dados da Direcção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT).
 
Até Abril deste ano 3.789 pessoas viram terminado o processo de despedimento colectivo, num universo de 35.158 trabalhadores. Este número traduz um aumento face aos processos concluídos até Abril do ano passado, de 2.677 trabalhadores despedidos.
 
Para além dos 3.789 despedimentos efectivados até Abril último, pelo menos 3.939 trabalhadores aguardam a decisão do processo de despedimento.
 
Relativamente ao número de empresas, este ano foram concluídos processos em 388 companhias, um aumento também face a igual período 2012: foram 315 as empresas que concluíram despedimentos colectivos entre Janeiro e Abril de 2012.
 
No total do ano passado, 10.488 pessoas foram despedidas de um universo de 1.129 empresas.
 
De acordo com o Código do Trabalho, considera-se despedimento colectivo o efectuado pelo empregador, simultânea ou sucessivamente no período de três meses, abrangendo pelo menos dois trabalhadores se a empresa tiver menos de 50 trabalhadores, ou cinco trabalhadores se a empresa tiver pelo menos 50 trabalhadores, com fundamento em encerramento de uma ou várias secções ou estrutura equivalente ou redução do número de trabalhadores determinada por motivos de mercado, estruturais ou tecnológicos.
 

Portugal: CANTO XI

 

Fernanda Mestrinho – Jornal i, opinião
 
O 10 de Junho, Dia de Portugal, foi criado na Primeira República, absorvido pelo Estado Novo com cerimónias ao estilo norte-coreano e transformado, gradualmente, no elogio aos emigrantes depois do 25 de Abril. Talvez por isso, os que por cá ficaram festejem a Liberdade do 25 de Abril.

É um canto ao sucesso de portugueses sendo que valeria a pena um monumento ao “português desconhecido”, aquele que canta a noite porque o dia o castiga. E, com esta austeridade, já nem o silêncio da noite evita o drama.

Ora este governo, mais do que ir ao bolso das pessoas, escolheu o insulto ao chamar-nos “piegas”, que devíamos todos abandonar a “zona de conforto” (?????), os desempregados uns bons malandros, os do rendimento mínimo uns pistoleiros, os reformados privilegiados e os funcionários públicos preguiçosos incompetentes.

Com a ferocidade celta, a manha árabe e uma pitada de negritude, a população reagiu com resiliência e retribuiu. Como a fama às vezes difama, foram por umas gargalhadas e pelo canto. Quando perceberam já era tarde. Vítor Gaspar ainda balbuciou “somos o melhor povo do mundo” mas o caldo já estava entornado.

De facto, a confiança perdida neste governo não vai voltar. Nem quando o refrão mudou para investimento e crescimento. Ninguém já acredita no canto das sereias…

10 de Junho: os que ficaram neste canto da Europa (vivi cinco anos lá fora) percebem que alguns estrangeirados que nos governam, não conhecem este povo. Nem o compreendem…

Jornalista/advogada - Escreve ao sábado
 

Portugal: ÁLVARO CUNHAL É UMA AVENIDA DE LISBOA

 

TSF - foto Global Imagens/Paulo Spranger
 
Na freguesia do Lumiar há, a partir de hoje, uma avenida com o nome do histórico líder comunista português. Na cerimónia de inauguração, Jerónimo de Sousa lembrou o vasto legado de Álvaro Cunhal, enquanto o autarca António Costa apelou à «convergência».
 
Na cerimónia, que decorreu sob chuva fraca e foi acompanhada por dezenas de pessoas, estive presente a irmã do antigo líder do PCP, Eugénia Cunhal, que declarou estar comovida com a homenagem prestada ao seu irmão, falecido em 2005.
 
Também presentes estiveram o atual secretário-geral do partido, Jerónimo de Sousa, entre outros dirigentes e militantes comunistas.
 
Depois de Jerónimo de Sousa ter enaltecido a vida e a obra de Álvaro Cunhal, numa tribuna instalada pela Câmara Municipal de Lisboa, António Costa referiu-se ao líder histórico do PCP de forma elogiosa, apontou-o como uma figura marcante do século XX português e um exemplo, a partir do qual fez um apelo à «convergência», sem identificar a quem se dirigia.
 
O autarca socialista considerou que o centenário do nascimento de Álvaro Cunhal acontece num tempo difícil, que interpela, desafia e responsabiliza a todos.
 
«Este tempo exige a nossa intervenção e não a nossa indiferença, a nossa ação e não a nossa submissão, a nossa convergência no essencial e não a nossa divisão no acessório. Precisamos de ideias, de causas, de esperança e de confiança no futuro», afirmou.
 
«Penso que o melhor tributo que podemos prestar a Álvaro Cunhal é olhar para aquilo que na sua vida e na sua luta nos pode inspirar, unir e mobilizar. Falo no seu exemplo de seriedade pessoal, da coragem na adversidade, da audácia na ação, da capacidade de resistir e de persistir, da clareza nos propósitos e objetivos, da firmeza e da tenacidade na luta», acrescentou.
 
«Ao atribuir o nome de Álvaro Cunhal a uma avenida da nossa cidade, a Câmara Municipal de Lisboa cumpre a sua responsabilidade institucional na construção de uma memória coletiva aberta, plural, tolerante e atualizada», defendeu, acrescentando mais tarde que o líder histórico do PCP «era uma figura imprescindível no espaço público da cidade de Lisboa».
 
Por sua vez, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse que o «percurso de revolucionário corajoso e íntegro» de Álvaro Cunhal permanecerá na «memória coletiva como uma referência e uma fonte de inspiração para as gerações vindouras, guiadas pelos ideais da liberdade, da democracia, da justiça social, pela construção de uma sociedade nova liberta de todas as formas de opressão e da exploração».
 
No final da cerimónia, a banda do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa tocou "A Internacional".
 
Leia na TSF
Palavras de Passos sobre greve dos professores «contêm ameaça» - Jerónimo de Sousa considerou hoje que a possibilidade de o Governo tomar «outra medida» para garantir a realização dos exames nacionais «contêm um sentido de ameaça».
 

UE: Olli Rehn deveria demitir-se por crimes contra a Grécia e a teoria económica

 

Ambrose Evans-Pritchard [*]
 
O caminho trilhado por Portugal sob a troika pode ser antevisto naquele trilhado pela Grécia
 
Ninguém assumiu responsabilidade pelos erros desastrosos cometidos pela troika UE-FMI na Grécia, onde o desemprego juvenil acaba de atingir os 58,3 por cento.

Ninguém se demitiu ou perdeu um único dia de pagamento ou enfrentou qualquer espécie de censura de um organismo eleito, apesar da acusação contundente que acaba de ser emitida pelo FMI.

Pior ainda, os erros básicos de concepção política que conduziram a este episódio trágico não foram plenamente corrigidos.

Com uns pequenos aparos de rebarbas aqui e ali, a eurozona está colada ao mesmo conjunto de políticas contraccionistas auto-derrotantes que remeteram a região outra vez a uma recessão em W, com sete trimestres seguidos de queda do PIB, elevando o desemprego e a uma cada vez mais drástica divergência com os Estados Unidos.

Só para recapitular, eis o que o jornalista Bruno Waterfield informou de Bruxelas: o mea culpa do FMI admite que a Troika sacrificou a Grécia a fim de salvar o euro .

Ela errou completamente na avaliação da ferocidade da espiral recessiva causada pela austeridade excessiva e, a seguir, culpou a vítima pretendendo que a Grécia estava a falhar no cumprimento dos termos acordados.

Em 2010 a Troika rejeitou a política padrão do FMI de reestruturação da dívida da Grécia porque era "politicamente difícil" para países (França?, Alemanha?) cujos bancos possuíam títulos gregos.

A reportagem diz que os termos de resgate violaram três das quatro regras chave para emprestar a países insolventes, um assunto de não pequena importância uma vez que era o maior empréstimo que o Fundo havia feito alguma vez em proporção à quota do membro e considerando que a equipe foi "incapaz de confirmar que a dívida pública era sustentável".

Eles admitiram que o pacote de 2010 foi uma "operação de contenção" ("holding operation") que "deu à área euro tempo para construir uma muralha a fim de proteger outros membros vulneráveis e evitou efeitos potencialmente graves sobre a economia global".

A Comissão Europeia defendeu-se ontem, dizendo que uma reestruturação da dívida em 2010 teria provocado devastação nos mercados de títulos e contágio virulento. Isto é verdade, mas que espécie de defesa é esta?

Sim, toda a gente temia uma reacção em cadeia de incumprimentos que atingisse a Itália e a Espanha, mas isto foi exclusivamente porque o BCE estava imprudentemente a recusar-se a cumprir sua responsabilidade como prestamista de último recurso, o objectivo final de qualquer banco central. Ao assim fazer, estava a por em perigo todo o sistema financeiro global.

Pode-se rastrear esta paralisia a Maastricht e à natureza do mandato do BCE, mas como o escudo de Draghi para a Itália e a Espanha demonstrou desde então, o que isto realmente mostra foi que um bocado de governadores do BCE foram fracos, ou seguiram agendas nacionais puras e simples, ou ambos, e esconderam-se por trás do que na realidade são cláusulas do tratado muito elásticas.

O FMI torna cristalino em que as instituições da UE e os líderes dos países da União Económica e Monetária (UME) (ainda a recusar-se a enfrentar as implicações da UME ou a admitir junto aos seus próprios eleitores que a união monetária custa dinheiro real) foram os principais vilões nesta saga.

O que assistimos é uma quase perfeita exposição do que está errado com o Projecto Europeu. Não há mecanismo de responsabilização. A responsabilidade final deve-se a isto.

Não pretendo irritar o comissário económico Olli Rehn, embora a paciência se esgote depois de ouvir a resposta da Comissão de que o FMI está "completamente errado".

O sr. Rehn é um homem decente, com uma tarefa impossível, arcando com responsabilidades sem poder. Os políticos dos estados nortistas da UEM e do BCE devem ser os principais culpados.

Escrevi na ocasião que Wolfgang Schauble da Alemanha transpôs uma linha ao ameaçar expulsar a Grécia do euro e insistentemente caluniar os gregos por fracassarem em cumprir, quando o fracasso essencial era da própria política. A Grécia manteve-se faltosa nos objectivos do défice porque a economia estava em colapso, provocando contracção das receitas fiscais.

Mas o sr. Rehn é o responsável titular que está no cargo. A Troika é o "seu" bebé. Se ele fosse o ministro das Finanças de um estado democrático certamente teria de se demitir depois desta devastadora demolição do seu exercício no cargo.

O facto de que ninguém alguma vez se tenha demitido por políticas ruinosas no sistema da UE (Salvo a Comissão Santer: a excepção que confirma a regra) não deveria impedir o sr. Rehn de tombar sobre a sua espada [NT] dado o seu alto sentido de honra. Tal gesto limparia o ar e marcaria um reconhecimento de que a fórmula política da UEM deve ser varrida a fim de permitir a recuperação.

O seu director-geral de assuntos económicos e monetários, Marco Butti, admitiu que o multiplicador fiscal é mais alto do que o normal em países que sofrem uma depressão (slump) à escala regional onde o sistema financeiro arruinou-se (broken down) e as taxas de juro estão próximas de zero e, portanto, que o endurecimento fiscal provoca mais danos económicos.

Mas ele admite isto apenas retrospectivamente. A Comissão agora argumenta que o retorno à calma após a actuação (Put) de Draghi baixou outra vez o multiplicador, de modo que não há necessidade real de mudar de política (excepto deixar os estabilizadores fiscais fazerem o seu trabalho, evitando o erro de mais uma vez endurecer para tentar alcançar objectivos de défice falhados).

Se tal demissão por parte do comissário Rehn não se verificar, ficamos a saber que o Rehn do Terror avançará. O regime persistirá na loucura destrutiva, acrescentando 100 mil pessoas às listas de desempregados a cada mês.

Apenas um recordatório da escala do erro, escrita neste blog no ano passado .

A Troika originalmente disse que a economia da Grécia contrair-se-ia em 2,6 por cento em 2010 sob o regime de austeridade, antes de se recuperar com o crescimento de 1,1% em 2011 e de 2,1% em 2012.

De facto o PIB grego permaneceu numa queda livre ininterrupta. Não cresceu em qualquer destes anos. Contraiu-se 7,1% em 2011 e 6,4% em 2012.

Grosso modo, a Troika calculou mal a escala do declínio económico ao longo dos três anos em 12% do PIB. O declínio real estará em torno dos 25% do PIB, certamente uma Grande Depressão.

Não digam que é difícil prever. O Instituto Grego do Trabalho e o think tank IOVE efectuou previsões muito exactas. A verdade é que a ideologia da Troika da "contracção fiscal expansionista" é absurda, e duplamente perigosa quando combinada com aperto monetário.

Tal como os espartanos, tebanos e tespianos na Passagem das Termópilas, os gregos foram sacrificados a fim de comprar tempo para a aliança.

Ao invés de receberem aplausos, eles foram a seguir difamados pelos seus heróicos esforços por parte de mal informados e auto-interessados políticos holandeses, finlandeses, austríacos e alemães. Um episódio sórdido.
 
[NT] Alusão ao hara-kiri, suicídio ritual cometido por militares japoneses após um fracasso.

[*] Editor de Negócios Internacionais do Telegraph, jornal conservador londrino.

Do mesmo autor: Portuguese bestseller calls for euro exit

O original encontra-se em
blogs.telegraph.co.uk/...

Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
 

PRIMAVERA TURCA? ENTENDENDO O CONFLITO NA TURQUIA

 

 
Raphael Tsavkko Garcia – Diário Liberdade
 
A Turquia não é uma ditadura, mas está longe de ser uma democracia
 
É difícil compreender como a demolição de um parque no centro de Istambul para a construção de um shopping tenha sido capaz de despertar um movimento de massas como temos visto hoje na Turquia.
 
Milhares - ou mesmo milhões - de jovens saindo às ruas não apenas em Istambul, mas em diversas outras cidades e, no processo, sendo vítimas de imensa repressão policial, com ajuda de gás de pimenta, balas de borracha, canhões de água e todo o aparato policial possível.
 
Muitos saíram feridos, outros foram mortos, atropelados por caminhões militares, por carros de polícia.
 
Na verdade, a questão é maior, muito maior que apenas um parque, o Parque Gezi, e a construção de um shopping. A insatisfação da juventude com o AKP (Partido da Justiça e Desenvolvimento) do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan é o ingrediente principal para a revolta.
 
Erdogan comanda um partido islâmico, ainda que moderado, mas que tem imposto medidas de controle social que tem desagradado a população urbana e educada, feitas sob medida para agradar o eleitorado sunita conservador turco.
 
Uma dessas medidas que têm causado revolta foi a restrição na venda e consumo de bebidas alcoólicas, através de uma lei que passou pelo Congresso sem maiores discussões com a sociedade. Aliás, a falta de discussão com a sociedade de medidas governamentais diversas é uma das grandes razões pra a insatisfação dos jovens com o governo.
 
Majoritariamente laicos, educados e cosmopolitas, não conseguem compreender ou mesmo aceitar a imposição de medidas conservadoras que os afetam direta ou indiretamente.
 
Grandes alterações arquitetônicas e urbanísticas em Istambul, como a demolição de um cinema histórico ou a construção de mais uma ponte sobre o Bósforo, cujo nome é o de um sultão Otomano da Idade Média conhecido por perseguir a minoria religiosa dos Alevitas (que formam quase 10% da população turca), tem causado enorme descontentamento junto à população. A destruição do Parque Gezi foi apenas o estopim.
 
No primeiro de maio, milhares de estudantes e trabalhadores foram violentamente reprimidos pela polícia enquanto realizavam os tradicionais protestos do Dia do Trabalho, deixando clara a incapacidade do governo de dialogar com a população e de preferir o uso da força e a repressão acima de tudo.
 
É preciso ainda lembrar que a Turquia vive um eterno clima de terror e negação, com a repressão aos Curdos que habitam majoritariamente o leste do país e são diariamente reprimidos - em um momento de trégua com o PKK (o Partido dos Trabalhadores Curdos), que dura cerca de 5 meses, mas é envolta em tensão -, com a negação aos direitos religiosos de minorias não-sunitas, como os Alevitas, e a negação do genocídio armênio (começo do século XX) que, junto, traz a proibição sequer da discussão aberta sobre o tema, levando jornalistas e acadêmicos à prisão caso tentem negar a versão oficial do Estado Turco.
 
A Turquia não é uma ditadura, mas está longe de ser uma democracia.
 
Se configura como um Estado policial, que sofre constantes intervenções militares (golpes de Estado são uma constante na história turca), em perpétuo estado de alerta pelo seu conflito com os Curdos e em um processo lento, mas constante, de islamização, o que desagrada a importantes parcelas da população - mesmo sunitas laicos.
 
Ainda é preciso lembrar que a Turquia é vizinha da Síria, que encontra-se no momento em franca guerra civil e há o temor do conflito "respingar", como já aconteceu no atentado à cidade fronteiriça de Reyhanli, em meados de maio. O medo do governo é de que a minoria curda local possa se aliar aos curdos sírios, que controlam diversas cidades fronteiriças, e mesmo que radicais sunitas possam usar a Turquia como base e espalhar o conflito.
 
Este temor dificulta o espaço de diálogo com o governo, já complicado, criando um estado constante de alerta e temor. E de suspeição. O conflito sírio, além do eterno conflito curdo, serve como desculpa para a negativa do governo em negociar, e para a escalada repressiva.
 
As ruas em diversas cidades turcas ficaram cobertas de sangue e gás enquanto milhares protestavam. Alguns falam em uma Primavera Turca, o que é irônico, considerando que Erdogan foi um dos líderes do Oriente Médio a defender a queda de Hosni Mubarak, no Egito, durante a Primavera Árabe.
 
Os protestos crescem, ao passo que a repressão policial acompanha este crescimento. Até quando os manifestantes e o governo irão aguentar esta queda de braço desigual?
 

SAÚDE DE MANDELA AGRAVA-SE. GRAÇA MACHEL CANCELA VIAGEM PARA O APOIAR

 

 
Mandela voltou a ser hospitalizado devido a infeção pulmonar
 
Lusa
 
O antigo Presidente de África do Sul e Nobel da Paz Nelson Mandela, de 94 anos, voltou hoje a ser hospitalizado devido a uma infeção pulmonar, encontrando-se em estado “preocupante, mas estável”, informou a presidência sul-africana.
 
“Esta manhã, cerca das 01:30 (00:30 em Lisboa), o seu estado deteriorou-se e foi transferido para um hospital de Pretoria. O seu estado é preocupante, mas estável”, refere o gabinete do Presidente sul-africano, Jacob Zuma, em comunicado.
 
PNE // PNE.
 
Graça Machel cancela deslocação a Londres para acompanhar Nelson Mandela no hospital
 
Expresso - Lusa
 
Joanesburgo, 08 jun (Lusa) -- Graça Machel, mulher de Nelson Mandela, cancelou hoje uma deslocação a Londres para acompanhar o marido que voltou a ser hospitalizado com uma infeção pulmonar.
 
"Graça Machel cancelou os encontros que tinha marcado em Londres até quinta-feira" disse à France Press o porta-voz da presidência sul-africana, Mac Maharaj.
 
"Esta manhã, quando Madiba (Nelson Mandela) foi hospitalizado ela acompanhou-o e ficou com ele no hospital", disse ainda o porta-voz.
 

Moçambique: FOGO DEVORA MOTORCARE EM MAPUTO

 

Jornal Notícias (mz)
 
ESTIMA-SE que algumas dezenas de viaturas, entre novas e usadas, tenham sido devoradas por um fogo prolongado, de grandes proporções, que invadiu ontem o parque oficial de viaturas da “Nissan” – MotorCare - na baixa da cidade de Maputo, por volta das 17:00 horas.
 
São carros de clientes que se encontravam nas oficinas para a manutenção de rotina e outros encomendados por empresas para venda, “zero quilómetro”. Ainda não são conhecidas as reais causas deste incêndio, que provocou prejuzos incalculáveis. Todavia, um trabalhador da MotorCare, que falou ao “Notícias” na condição de anonimato, refere que o fogo veio de um armazém vizinho que condiciona perfumes e outros cosméticos que ao deflagrar transpôs a zona das oficinas e o parque da instituição, com centenas de carros, entre os quais conta-se os de luxo, casos de “Navara”.
 
O Ministro dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula, deslocou-se ao local para tentar se inteirar do sucedido, porém devido à grande confusão que se gerou na entrada do parque em chamas foi-lhe recusado o acesso pela segurança privada que protegia o perímetro. A mesma sorte tiveram os jornalistas que acorreram ali para reportar, tendo sido impedidos com alguma violência por parte da segurança e trabalhadores da empresa.
 
O fogo iniciou com explosões violentas que assustaram todos aqueles que se encontravam por perto. Assim, as chamas, de forma impiedosa alastraram-se para o “vizinho” MotorCare, que tratou de chamar os Bombeiros que, mesmo se fazendo ligeiramente tarde, não tiveram mãos a medir para debelar as violentas chamas que até por volta das 20.00 horas ainda se podiam ver alguns dos seus focos.
 
Foram várias as vezes em que os carros tiveram que fazer vai-e-vens, tudo para tentar controlar o fogo que ameaçava impiedoso atingir outros pontos das instalações.
 
Na altura em que as chamas consumiam as viaturas foram chegando ao parque alguns proprietários com semblantes inconsoláveis que apelavam à salvação dos seus carros, ao mesmo tempo que iam procurando obter informações sobre o sucedido. Muitos viram impotente o fogo a devorar ali mesmo os seus automóveis.
 
Com efeito, a “Nissan” convocou de emergência todos os seus colaboradores, que tentaram evacuar parte dos carros que se encontrava na parte frontal das instalações, evitando que também fossem devorados. Foi uma atitude corajosa dos trabalhadores, que de tudo fizeram para que salvassem o que sobrava daquele incêndio. Estes carros foram levados para o parque reservado aos trabalhadores para que escapassem do fogo.
 
O corpo de salvação pública teve um trabalho duro para poder conter a intensidade das labaredas, que insistiam em invadir mais instalações daquela zona.
 
Este incidente mobilizou centenas de mirones que foram ali levados pela nuvem negra de fumaça que pairava pela baixa da cidade. Basta dizer que quem se encontrava na zona dos “33 Andares”, na Avenida 25 de Setembro, podia ver essa fumaça, que deslizava para os céus da Catembe.
 
Enquanto isso, o já caótico tráfego da hora de ponta na cidade agravou-se com este acidente, tendo as avenidas da OUA e 25 de Setembro ficado mais afectadas.
 
Entretanto, quer os proprietários como os Bombeiros e as diversas forças de segurança se recusaram a prestar qualquer declaração.
 

Moçambique - Fraude financeira no MINED: GCCC conclui processo dentro de quarenta dias

 

Jornal Notícias (mz)
 
O GABINETE Central de Combate à Corrupção (GCCC) promete nos próximos 40 dias remeter às autoridades competentes o processo de fraude financeira denunciado recentemente no Ministério da Educação (MINED).
 
Bernardo Duce, procurador e porta-voz do GCCC, que falava quinta-feira em conferência de imprensa, em Maputo, disse que o processo está numa fase muito avançada e já foram, inclusive, identificados alguns arguidos onde, além de funcionários públicos, estão envolvidas igualmente pessoas que nada têm a ver com o Aparelho do Estado.
 
“O que eu quero pedir é um pouco de paciência. Estamos agora a terminar a tramitação do processo. Asseguro-vos que dentro dos próximos 40 dias esse processo já não estará connosco, porque terá sido remetido às entidades competentes para os termos subsequentes”, disse Duce.
 
No encontro, que visava fundamentalmente apresentar uma radiografia detalhada relativa aos processos de corrupção em tramitação judicial desde o mês o Maio último, Duce disse, por outro lado, que as pessoas que foram chamadas estão ainda em liberdade, daí ter julgado imprudente adiantar o número de funcionários envolvidos.
 
“Os colegas que trabalham no processo estão a fazer tudo ao seu alcance para assegurar que o processo saia em condições de ser recebido pelo tribunal”, sublinhou a fonte.
 
Na ocasião a fonte disse que no mês em referência registou-se, na província central da Zambézia, um caso em que um chefe de posto administrativo foi contactado por um cidadão interessado em explorar uma mina de pedras preciosas no distrito de Ilé.
 
O chefe do posto, segundo o porta-voz, autorizou verbalmente o cidadão a quem pediu em troca um valor igual a 75 mil meticais, contrariando as normas vigentes no país, pois no acto de licenciamento das actividades é preciso contactar as direcções provinciais de Recursos Minerais ou as suas representações a nível dos distritos.
 
Na província meridional de Inhambane há um processo a correr contra um professor que foi contactado por sete indivíduos interessados em assinar contratos para o exercício de docência.
 
O professor em questão assegurou que podia tratar do assunto e cobrou a cada um dos envolvidos um montante estimado em oito mil meticais e prometeu integrar os supostos candidatos para o exercício da função.
 
Aliás, as pessoas chegaram a assinar um suposto contrato, mas como não se tratava de nada formal, pois não partida da escola onde estavam interessadas em exercer a actividade, não chegaram a ser chamadas para o efeito.
 
AIM
 

PSICÓLOGOS ANALISAM ONDA DE CRIME EM LUANDA

 

Arão Ndipa – Voz da América
 
Instabilidade social apontada como uma das razões
 
A onda da criminalidade que se regista nos últimos na cidade de Luanda está a criar um sentimento de insegurança, cada vez mais preocupante no seio das populações.

Mesmo a exoneração da comandante da polícia nacional não serviu para acalmar os receios servindo para confirmar receios de que as autoridades se estavam a mostrar incapazes de controlar a segurança na capital.

A natureza dos crimes praticados e a posição social das vítimas escolhidas pelos supostos marginais, são apontados por especialistas como sendo consequência da instabilidade social.

A psicóloga Sandra Aragão disse que provavelmente os indivíduos envolvidos em alguns destes crimes “devem apresentar alguma descompensação do ponto de vista psicológico”.

“Todo este período de conturbação social a que nós temos estado expostos acabou levando-nos do ponto de vista comportamental a atitudes mais grosseiras,” disse.

“Nós perdemos o respeito pelas pessoas, perdemos a dignidade da pessoa humana,” acrescentou apelando depois a uma participação da comunidade no combate ao crime.

“Casos de polícia não devemos escamotear, devemos chamar as autoridades, devemos levar as pessoas que nos apresentam comportamentos desviantes para aqueles que são os psicólogos, os sociólogos para estarmos informados do que se passa,” acrescentou.

Já o psicólogo Nvunda Tonnet disse haver “várias causas para o comportamento agressivo”.

“O que se passa muitas vezes é que determinados comportamentos patológicos se passam com pessoas que nós consideramos como normais que convivem connosco no dia-a-dia,” disse.
 

EDUARDO DOS SANTOS NÃO TEM RESPOSTA PARA OS DESAFIOS DE ANGOLA

 

Manuel José – Voz da América
 
Presidente "já esgotou o que tinha a dar e deve ir-se embora"
 
O presidente Eduardo dos Santos já não tem resposta para os desafios a que Angola faz face e por isso deve abandonar o poder, disse o dirigente da CASA CE Abel Chivukuvuku

Abel Chivukuvuku que falava aos quadros recém empossados do Secretariado Executivo nacional da coligação, lembrou que o presidente da república já esgotou tudo que tinha para dar ao país.

"O país tem que se preparar para mudar, o presidente da república cumpriu o seu papel, chegou o tempo de sair porque já não está a altura dos desafios do futuro, “ disse.

“Por isso a mudança será inevitável em 2017 ou antes disso," acrescentou. Chivukuvuku salvaguardou que a saída de Eduardo Dos Santos deve ser feita sem violência.

"Temos que garantir uma mudança positiva, para isso é necessário identificar quais são os autores no país que garantam esta mudança positiva e é aí onde entra a CASA-CE," acrescentou.

Para o presidente da CASA-CE é preciso que Angola se liberte da total dependência que tem numa única figura que é o presidente da república.

"Este estado é totalitário, autoritário, concentrado e dificilmente haverá mudança no sistema político e de governo em que tudo se concentra numa só pessoa,” disse o líder da CASA CE.

O presidente da CASA aproveitou para manifestar a sua inquietação pelos recentes assassinatos que se verificaram no país.

Chivukuvuku disse que teme pelo regresso ao pais dos crimes de natureza política. Por outro lado o político receia que haja um aumento da criminalidade, decorrente da degradação da situação social dos angolanos.
 

Angola: FRUSTRADO É O EDUARDO DOS SANTOS - jovem activista

 

Coque Mukuta – Voz da América
 
Entrevista de presidente angolano rejeitada pela oposição
 
O Presidente José Eduardo dos Santos é que é um frustrado e não nós. Foi assim que reagiu a declarações do presidente um jovem recentemente envolvido numa manifestação e agredido pela polícia.

Dos santos disse á televisão portuguesa SIC que recentes manifestações anti governamentais registadas no país tinham sido levadas a cabo por poucas pessoas organizadas por jovens “frustrados” que não tinham tido sucesso na vida escolar ou no mercado de trabalho.

Em resposta o activista Raul Lindo “Mandela”, jovem espancado na última vigília condenou os pronunciamentos de Dos Santos.

“Nós não somos frustrados, apenas cumprimos com que está na constituição. E frustrado não somos nós. Frustrado é José Eduardo dos Santos” disse

“E queremos avisar ao José Eduardo dos Santos que nunca mais repita isto porque são aqueles que ele ignora que o vão tirar do poder” acrescentou.

O presidente dos Santos disse na sua entrevista que não há perigo de instabilidade social no país.

O presidente prometeu também intensificar a luta contra a corrupção mas disse que isso é comum em todos os países

O presidente disse ter já pensado na sua sucessão mas disse que isso teria que ser uma decisão do MPLA

Partidos da oposição declararam não ter ficado convencidos pela entrevista.

Para o partido Bloco Democrático (BD), a entrevista de Eduardo dos Santos visou apenas "branquear os actos da governação" e serviu para o chefe de Estado angolano tentar melhorar a sua imagem.

Para o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, não trouxe nada de novo.

José Eduardo dos Santos "não se assumiu como Presidente de todos os angolanos", disse.
 

UM “PONTO DE PARTIDA” PARA NEGÓCIOS ALEMÃES-ANGOLANOS

 

Deutsche Welle
 
Terminou esta quarta-feira (5.06), em Luanda, o V Fórum Económico Alemão-Angolano, com uma cerimónia de encerramento presidida pelo Embaixador da Alemanha em Angola, Jörg-Werner Marquardt.
 
"Estimados participantes do V Fórum Económico Alemão-Angolano: tivemos dois dias emocionantes, cheios de sugestões para o reforço das relações económicas alemãs-angolanas. Essas relações são também, no seu todo, uma expressão da intensificação das já excelentes relações bi-laterais entre os dois países".
 
Foi com estas palavras que o Embaixador alemão encerrou o Fórum Económico Alemão-Angolano, num ambiente descontraído, na presença de 50 representantes de grandes, médias e pequenas empresas alemãs e de uma boa centena de representantes angolanos, entre eles representantes de associações empresariais, empresas públicas, secretários de Estado e ministros.

Christoph Kannengießer, Diretor Geral da Afrika-Verein, faz um balanço positivo do fórum. Os contatos pessoais que os empresários puderam fazer ao longo dos dois dias da conferência podem constituir um ponto de partida para mais e melhores negócios, entre dois países muito diferentes, mas que se complementam.
 
Passar das palavras às ações
 
Um dos participantes angolanos, neste dia de encerramento, foi o ministro da Saúde, José Van Dunem, que proferiu um discurso perante os empresários angolanos e alemães: "Na comunicação que fiz, manifestei a esperança de que passemos rapidamente das palavras às ações", afirma. Van Dunem espera "que este fórum não seja o arrolar de uma série de boas intenções, mas que se consubstancie em actos que traduzam a vontade dos nossos dois países de se ajudarem mutuamente".
 
Sobre as lacunas na área da saúde, em Angola, José Van Dunem admitiu que elas existem, tal como noutros setores e também em todo o mundo."Nós partimos de uma base mais difícil", explica, especificando: "30 anos de guerra, 70% da rede sanitária destruída, uma herança de analfabetismo muito grande, de modo que atingir os padrões de normalidade significa que há muito para fazer".
 
José Severino, Presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), também conversou com a DW. Em tom de balanço falou sobre esta iniciativa organizada em conjunto pelo Afrika-Verein (Associação Empresarial Alemã-Africana) e a Delegação da Economia Alemã em Angola.
 
Angola pode ser ponto de partida para empresários alemães
 
"Os alemães sabem fazer bem, os angolanos querem correr", afirma José Severino, acrescentando que "há, de facto, um binómio que pode interagir no sentido de termos um projeto de sucesso. Temos a região toda, não só o mercado angolano".
 
De acordo com o Presidente da Associação Industrial de Angola, "o país, pela sua localização geográfica, pelos investimentos que está a fazer nas infra-estruturas, nas relações com os países vizinhos, pode ser uma base para a Alemanha se enraizar e daqui partir para novas ações, para um mercado que tem 250 milhões de consumidores e recursos minerais e, portanto, pode fazer investimento no setor produtivo e infra-estruturas"."A Alemanha pode dar uma grande contribuição", conclui.
 
José Severino fez questão de lembrar que a economia de Angola é hoje uma das mais dinâmicas do continente africano. Segundo ele, o objetivo é atingir níveis de crescimento comparáveis aos verificados nos anos 70, antes da independência. Na altura – lembra Severino – o grau de desenvolvimento de Angola era relativamente alto e contava com o contributo das empresas alemãs.
 
"Os alemães conhecem Angola, de outra época, numa época em que Angola crescia 25%. Nesse aspeto, tinha também a cooperação do know-how e do capital alemão", recorda o presidente da AIA.
 
Uma viagem pelo país da diversidade
 
Recorde-se que, depois do encerramento oficial do Fórum Económico, própriamente dito, os empresários alemães teräo oportunidade de conhecer duas províncias de Angola: Benguela e Huíla. O objetivo dos organoizadores é mostrar que Angola é muito mais do que Luanda – onde se concentra a maior parte das empresas, assim como (estimadamente) um terço da população total do país. José Severino, presidente da Associação Industrial de Angola, diz que essa viagem, organizada pelo goveno de Angola, mostrará um pouco da diversidade desconhecida deste país geograficamente 4 vezes maior que a Alemanha.

"Tanto a diversidade que se pontua não só no mar rico, numa terra que tem os segundos recursos hídricos e os terceiros recursos de terras de África, um clima diversificado, pode fazer desde café a uva, no Sul. Tem um clima mediterrânico, tem um clima temperado-húmido, temperado-seco, clima equatorial...Enfim, são as possibilidades que temos, mas, para isso, precisamos de parcerias".
 

GUINÉ-BISSAU TEM NOVO GOVERNO

 

Deutsche Welle
 
O presidente guineense de transição nomeou esta sexta-feira (7.06) um novo Executivo que põe fim a dois meses de intensas negociações políticas e responde a uma das principais exigências da comunidade internacional.
 
O novo Governo, anunciado por Serifo Nhamadjo, substitui o executivo de transição nomeado em maio de 2012, e deverá manter-se até ao fim do período de transição, em dezembro.

O governo remodelado, na perspectiva de ser mais inclusivo, é constituído na sua maioria pelos quadros do PAIGC e PRS - as duas principais forças políticas do país - e algumas figuras independentes. O Executivo conta com 34 membros: 19 ministros e 15 secretários de estado, com apenas 5 mulheres.

A maioria dos membros do atual Executivo já desempenharam as funções ministeriais no passado, alguns transitaram no executivo empossado há um ano para o atual e outros são estreantes.

Novo governo é resultado do “consenso nacional”

A cerimónia de tomada de posse dos membros de governo teve lugar esta sexta-feira, nas instalações da Presidência da República. O novo governo "é a expressão viva do consenso nacional hoje possível", disse Serifo Nhamadjo, perante o presidente da Assembleia, as chefias militares, os representantes da ONU, da União Africana e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Pela frente, o novo Governo tem a missão de assegurar a transição até à realização de eleições gerais ainda este ano. Serifo Nhamadjo disse mesmo aos membros do Executivo que lhes é "confiada e exigida no essencial, e só, uma missão: a realização de eleições gerais", que vão pôr termo ao presente período de transição iniciado há um ano com um golpe de estado que depôs o regime de Carlos Gomes Júnior.

O novo governo empossado esta sexta-feira continua a ser chefiado por Rui Duarte de Barros, que manteve parte dos ministros. Mas há algumas mudanças: Fernando Delfim da Silva é o novo ministro dos Negócios Estrangeiros, em substituição de Faustino Imbali, que deixa o executivo. Abubacar Demba Dahaba deixa também a pasta das Finanças, agora ocupada por Gino Mendes.

ONU aplaude formação do novo governo

O representante especial do secretário-geral das Nações Unidas na Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, já se congratulou com a formação de um novo Governo de transição e disse esperar que a comunidade internacional venha apoiar financeiramente o país.

"Felicito as autoridades de transição, todos os partidos políticos que lutaram durante meses, num diálogo intenso, com as suas diferenças, pontos de vista, mas que conseguiram chegar a um acordo. Merecem os nossos parabéns e apoios", disse Ramos- Horta, em declarações à agência Lusa, à margem de uma visita ao mercado de Bissau.

De acordo com Ramos-Horta, estão criadas as condições para que a comunidade internacional avance com os "apoios concretos, pelo menos da parte da ONU”.

“O Fundo para a Consolidação da Paz já vai ser ativado. Vou fazer apelo à União Africana, à Comunidade de Países de Língua Portuguesa, à União Europeia para também darem passos correspondentes a esses progressos internos", observou o representante da ONU, instando a União Europeia a ser mais compreensiva para com a Guiné-Bissau.

Apesar das palavras de apoio, começam a surgir as primeiras críticas. Rui Landim, analista guineense, considera que o número de membros do Governo é exagerado e visa apenas agradar ao clientelismo.
 

O AFRICOM NO SEU MAIS “REQUINTADO” ESTILO

 

Martinho Júnior, Luanda
 
1 – Sem dúvida que os recursos para a implementação do AFRICOM são múltiplos, com ementas “variáveis” e “criativas”, expandindo também e dessa maneira a constelação de alianças possíveis não só no quadro do Pentágono, mas também com a NATO, o ANZUS e os “parceiros” africanos e arábicos cada vez mais instrumentalizados… e disponíveis!
 
As possibilidades de através dos interesses se estarem a armar cada vez mais grupos da Al Qaeda e de outras sensibilidades radicais, facto que eu tenho vindo a apontar em consonância com os dados evidenciados sobretudo pelos analistas do Global Research e da Rede Voltaire, passou finalmente às preocupações de alguns estados europeus, mas parece ser uma preocupação distante dos africanos, salvo no Mali, no Níger, na Argélia, na Nigéria, no Chade... e na Líbia (após o assassinato do embaixador norte americano J. Christopher Stevens).
 
Alguns serviços de inteligência ocidentais já o haviam assumido “in”, como é o caso dos franceses, mas o “combate ao terrorismo” como faz parte, enquanto instrumentalização, da justificação para a presença militar do AFRICOM e da NATO em África e no Médio Oriente, (dos franceses, por exemplo, em vários países do Sahel na sequência do que ocorre no espaço CEDEAO), as preocupações vão-se situando, até prova em contrário, num segundo plano que não deixa de ser deliberadamente controverso…
 
…É o que está a acontecer com a Síria…
 
África está pois cada vez mais à mercê dos monstros desencadeados pelos tais 1% mandantes do quadro da presente globalização, uma globalização que se executa ao sabor dos seus exclusivos interesses e conveniências (entre eles a necessidade de domínio sobre o petróleo barato do norte de África e da península arábica) e que deixa as migalhas do grande manjar para os outros tão manipulados 99%!...
 
…Daí o neo colonialismo que se vai abatendo sobre o continente, acentuando os casos dos mais vulneráveis, entre eles o da Guiné Bissau…
 
2 – Ao relembrar o “Steadfast Jaguar 2006”, o que então escrevi sobre o papel submisso de Cabo Verde e dos africanos e o que tem vindo a ocorrer em África, no Médio Oriente, assim como nos oceanos e mares circundantes, recordo também que é em centros produtores de drogas pesadas como a Colômbia e o Afeganistão que a presença das Forças Armadas dos Estados Unidos e de seus aliados da NATO e do ANZUS é mais forte… as mesmas forças armadas que “ensaiaram” em Junho de 2006, em Cabo Verde, (com exercícios similares nas Caraíbas e no Mediterrâneo), o “desembarque” no Afeganistão!...
 
…Quanto mais presença militar, mais produção de droga e quanto mais produção de droga, mais os centros consumidores a absorvem sem remissão.
 
São precisamente as potências detentoras das moedas fortes como o dólar, o euro e o rublo, as potências consumidoras de droga, duas potências ao serviço da globalização neo liberal e um emergente, os Estados Unidos, a Europa e a Rússia, os mentores do “combate ao tráfico de droga” e do “combate”, cada vez mais surrealista, ao “terrorismo”!...
 
Se algum combate há ao “tráfico de droga” nos principais países receptores como os Estados Unidos e os diversos componentes Europeus, é impensável que neles os que dominam corporações multinacionais e os cartéis sejam atingidos pela repressão, por que o capital à sua disposição se mescla com o capital das oligarquias e da aristocracia financeira mundial e esses 1% são “intocáveis”!
 
A repressão fica-se quanto muito pelos tentáculos, pelos circuitos, por aqueles que foram instrumentalizados e por isso nunca é feita sobre a cabeça do polvo!
 
Por isso é “fácil e oportuno” fazer a repressão na América Latina, em África ou no Médio Oriente, bem como nos mares próximos: essa é uma “ementa” que aliás serve os interesses dessas mesmas oligarquias, da aristocracia financeira mundial e de suas novas elites “parceiras”… tal como acontece com o “terrorismo”!...
 
Na amplitude da CEDEAO e na imensa região oceânica circundante, o “combate à pirataria, ao terrorismo e ao tráfico de droga”, processos típicos do “soft power” da administração democrata de Barack Hussein Obama, utiliza os mesmíssimos meios de inteligência e militares, que respondem à NATO e ao AFRICOM!
 
3 – No preciso momento, em Março e Abril de 2013, que convergiam várias armadas à região atlântica entre Cabo Verde e o Senegal, recorrendo às experiências que se desencadearam a partir do “Steadfast Jaguar 2006”, foi detido em nome do “combate ao tráfico de droga”, numa operação singular de inteligência dos Estados Unidos, o Almirante da Guiné Bissau, José Américo Bubo Na Tchuto…
 
De entre as armadas que acorreram na época à região entre Cabo Verde e o Senegal, estavam os navios da armada colonial britânica que se dirigia para as Malvinas, entre eles o HMS Argyll, que haveria de tocar Luanda em finais de Abril de 2013!
 
O HMS Argyll na altura, além de escalar Cabo Verde, realizou exercícios no quadro do “Saharan Express 2013” (Março de 2013) e com os navios da Marinha de Guerra francesa que fazem o reabastecimento das forças militares francesas do Senegal ao Gabão (Abril de 2013).
 
Eis os países que participaram no exercício multifunções “Saharan Express 2013”: Cabo Verde, Costa do Marfim, Espanha, Estados Unidos, França, Gâmbia, Libéria, Holanda, Mauritânia, Marrocos, Portugal, Reino Unido, Serra Leoa e Senegal, oito países oeste-africanos, cinco da NATO, 10 navios e 4 comandos operacionais…
 
Os navios franceses que realizaram exercícios com o HMS Argyll foram o FS Mistral e FS Henaff…
 
Só o Almirante da Guiné Bissau parece ter andado distraído em relação ao amplo movimento de interesses e de naves da NATO e dos países africanos circunvizinhos nos mares mais próximos e só o governo da Guiné Bissau se parece ter distraído com o facto de ter sido considerado como um “estado falhado”, simultaneamente como um “narco estado”.
 
A caracterização da vulnerabilidade da Guiné Bissau enquanto “estado falhado”, está a ser útil à AFRICOM e à NATO: é a partir dessa qualificação que a Guiné Bissau tem sido colocada à margem das relações na região (o que não acontece com o actual governo do Mali, produto também dum golpe de estado naquele país) e por isso podem ser sacrificadas algumas das entidades que compõem a sua elite política e militar.
 
Nesse aspecto os Estados Unidos estão a utilizar a experiência em relação à Guiné Bissau como uma experiência pioneira que depois irão também utilizar em relação a outros “estados falhados”!
 
O uso do cacete para com essas entidades, que estando ligadas ao tráfico de droga são apenas tentáculos dele, (a Guiné Bissau quando muito é produtora em muito pequena escala de canábis) serve para o uso da cenoura em relação a todos os outros países africanos da região, agenciando para a causa do AFRICOM e da NATO as suas elites políticas e militares, de forma a colocá-las ao seu serviço com o rótulo de “parceiros”…
 
De facto, para que houvesse um agenciamento tão extensivo de “parceiros” no Atlântico afecto ao espaço CEDEAO, era necessário sacrificar o elo mais frágil: a Guiné Bissau e alguns dos que nela sustentaram o último golpe de estado!
 
Desse modo se trabalha no agenciamento das elites militares africanas da CEDEAO, em estreita conjugação com o “esforço” no “combate ao terrorismo”!
 
É evidente que nada há de referência a Amílcar Cabral, assassinado há 40 anos, nas actuais conjunturas sócio-políticas de Cabo Verde e da Guiné Bissau, muito menos nos outros países africanos da região: está-se a todo o vapor a trabalhar nas ingerências e nos expedientes de agenciamento, que conduzem ou pela via da afirmação ou pela da negação, à constituição dos grupos afins à globalização neo liberal que em cada um dos países CEDEAO estão a assumir o tributário poder local neo colonizado!
 
Esse quadro da CEDEAO, dado o peso da região na União Africana, transmite à organização continental 50 anos depois da sua fundação, um estado de neo colonialismo com consequências gravosas, sob o ponto de vista humano e político, que podem inclusive conduzir ao redesenhar do mapa político do continente, sem diminuir a fragilidade e a vulnerabilidade dos estados!
 
É o AFRICOM ao seu melhor estilo!
 
Foto: Os FS Mistral, FS Henaff e HMS Argyll entre Cabo Verde e o Senegal, precisamente na altura em que as autoridades norte americanas anunciavam a detenção em mar internacional do Almirante da Guiné Bissau, José Américo Bubo Na Tchuto! – (“HMS Argyll bolsters l’Entente Cordiale” – http://www.royalnavy.mod.uk/News-and-Events/Latest-News/2013/April/09/130409-HMS-Argyll-LEntente-Cordiale).
 
A consultar:
.Apagando países do mapa: quem faz com que falhem os “estados falhados” – Fonte: http://www.globalresearch.ca/destroying-countries-transforming-syria-into-a-failed-state/5317160
.Al Qaeda in the islamic Maghreb: Who is who? Who is behind the terrorists? – http://www.globalresearch.ca/al-qaeda-in-the-islamic-maghreb-whos-whos-who-is-behind-the-terrorists/5319754
.A invasão real de África não está nos noticiários – uma licença para mentir como prenda de Hollywood – http://resistir.info/pilger/pilger_31jan13.html
.La reconquête de l’Afrique – http://www.voltairenet.org/article177305.html
.A nova estratégia americana para África – http://www.revistamilitar.pt/modules/articles/article.php?id=195
.El opio, la CIA y la administracion Karzai – http://www.voltairenet.org/article167879.html
.O narcotráfico e seus submarinos – http://repositorio.ub.edu.ar:8080/xmlui/handle/123456789/1027
.O comércio de drogas hoje – http://www.oolhodahistoria.ufba.br/04coggio.html
.Saharan Express 2013 concludes in Senegal – http://www.navy.mil/submit/display.asp?story_id=72743
.Almirante Bubo Na Tchuto faz face a prisão perpétua nos EUA – http://paginaglobal.blogspot.com/2013/04/almirante-guineense-bubo-na-tchuto-faz.html
.Serviços secretos portugueses assassinaram Amílcar Cabral – http://www.odiario.info/?p=2753
 

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