quinta-feira, 19 de março de 2015

Portugal. A REFORMA CHORUDA DE JERÓNIMO DE SOUSA




Jerónimo de Sousa

Começou a trabalhar com apenas 14 anos na empresa MEC, como afinador de máquinas. Tem 67 anos de idade, 53 anos de descontos para a Segurança Social.

Apesar da avançada idade e dos muitos anos de descontos para a Segurança Social, continua a prescindir do seu direito de reforma, nem recebe qualquer subvenção (tem no entanto direito a 2400€).


É este o retrato de um perigoso comunista que todos os dias come criancinhas ao almoço.

*Excerto da entrevista na SIC Noticias, no programa "a propósito" conduzida por José Teixeira a Jerónimo de Sousa no dia 07 de Março de 2015 às 23h00.

A VEIA TERRORISTA DE BARACK OBAMA



José Goulão [*]

Depois de ter herdado, de início com algum pudor e sob outras designações, a guerra contra o terrorismo inventada pelo seu antecessor, Barack Obama não se limita a igualar George W. Bush no recurso a práticas terroristas como, em alguns casos – e não apenas o do record mundial de execuções extra judiciais cometidas com drones – consegue ultrapassá-lo. 

A situação mais flagrante, e que contribuiu para demonstrar como os Estados Unidos são governados por um partido único, porque em matéria de violações dos direitos humanos não há quem consiga distinguir um democrata de um republicano, é a da proliferação de ameaças, tentativas e execuções de golpes de Estado.

No reinado de Obama a série faz corar de inveja alguns dos mais empedernidos falcões que passaram pela Casa Branca: Honduras, Paraguai, Ucrânia, Macedónia, Egipto, Qatar, Síria, Líbia, Iraque, Mali, República Centro Africana e, como não podia deixar de ser, Venezuela.

O assunto venezuelano poderá ter passado quase despercebido. Foi escondido para com isso se tentar abadar o fracasso da intentona, ou então explicado ao contrário através dos mecanismos censórios doutrinários que caricaturam o papel da comunicação social.

O golpe esteve marcado para 12 de Fevereiro, tentando reeditar a tragédia chilena de 1973, mas as autoridades venezuelanas anteciparam-se e puseram a nu um contexto através do qual se prova que em Washington não se olha a princípios nem a meios para alcançar os fins pretendidos, sempre apresentados, como é de bom-tom, como a instauração da democracia onde supostamente ela não existe.

Nesse dia 12 de Fevereiro, no quadro da chamada "Operação Jericó", um bombardeiro Tucano ENB 312, já anteriormente envolvido num atentado contra dirigentes das FARC colombianas, deveria ter bombardeado o palácio presidencial de Caracas, a Assembleia Nacional, instalações da ALBA e a televisão TeleSur para instaurar um "governo de transição" a entregar a reconhecidos fascistas como António Ledezma, significativamente conhecido como "o vampiro", Maria Corina Machado e Leopoldo Lopez. O avião, pintado com as cores da aviação venezuelana, pertence a um bando de mercenários integrado na máfia mundial dos exércitos privados e empresas de segurança que dá pelo nome de Academi e outrora se chamou Blackwater – de que todos já ouviram falar como um dos mais activos braços terroristas na invasão do Iraque. Empresa onde pontificam um ex-patrão da NSA (Agência Nacional de Segurança) e o ex-procurador geral da Administração Bush.

A trama da intentona conduz ao quartel-general de operações em Bogotá e ao comandante da operação, Ricardo Zuñiga, assessor de Barack Obama para a América Latina e também, porque quem sai aos seus não degenera, neto do presidente do Partido Nacional das Honduras que organizou os golpes fascistas de 1963 e 1972. Acresce que Washington recorreu a outsorcing para montar a operação, atribuindo ao Canadá a gestão dos aeroportos civis a utilizar, ao Reino Unido a propaganda e ao Mossad israelita as eliminações físicas consideradas necessárias. Ledezma, o "vampiro", viajara recentemente a Israel, onde foi recebido afectuosamente por Netanyahu, Lieberman & Cia.

Como o golpe falhou e foi desmascarado, em 9 de Março Barack Obama accionou o estatuto que lhe permite declarar a Venezuela "uma ameaça contra a segurança nacional" dos Estados Unidos, previsto para os casos em que exista "uma extraordinária e invulgar ameaça à segurança nacional e à política externa, situação que deve ser tratada como uma emergência nacional". Isto é, Barack Obama instaurou a estratégia terrorista de golpe de Estado permanente contra a Venezuela, alegando a corrupção dos dirigentes de Caracas e a violação dos preceitos democráticos.

Ironia do destino, um dos escolhidos para o tal "governo de transição", o supracitado "vampiro" Ledezma, em tempos autor do "Caracazo", massacre de centenas de estudantes que protestavam contra a austeridade, é o governador da região de Caracas, eleito através dos mecanismos de um regime que ele próprio e os seus tutores não consideram democrático.

Eis como Obama em nada se distingue dos mais tenebrosos falcões que passaram pela Casa Branca. Anote-se, por ser verdade, que na Venezuela, na Ucrânia, na Macedónia e onde quer que tal lhe convenha, o presidente dos Estados Unidos não tem qualquer pudor em recorrer a dirigentes e grupos de assalto nazi-fascistas desde que seja, ele o diz, para instaurar a democracia. 

[*] Jornalista.

O original encontra-se em jardimdasdelicias.blogs.sapo.pt/a-veia-terrorista-de-barack-obama-748181

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 

OBAMA PREPARA O CERCO À VENEZUELA




A História como farsa: EUA tentam repetir, contra Caracas, campanha de desestabilização lançada por Ronald Reagan para sufocar revolução nicaraguense, nos anos 1980. Agora, chances são menores

 Mark Weisbrot, Counterpunch – Outras Palavras -  Tradução Vila Vudu

Em 10 de março, a Casa Branca deu mais um passo rumo ao teatro do absurdo, ao declarar “emergência nacional com respeito à inusual e extraordinária ameaça à segurança nacional e à política exterior dos EUA que se manifesta na situação na Venezuela” – como o presidente Obama escreveu em carta que enviou ao presidente do Congresso, John Boehner.

Falta ver se alguém, do valente corpo de jornalistas que cobre a Casa Branca, terá coragem de perguntar o que, afinal, o chefe do executivo da nação mais poderosa do universo pensou que estivesse dizendo na tal carta. O quê?! Estará a Venezuela financiando iminente ataque de terroristas contra os EUA? Planeja invadir território norte-americano? Está construindo bomba atômica?

A quem essa gente pensa que engana? Alguns alegaram que o linguajar tinha de ser esse, porque é o que a lei dos EUA exige, para impor a mais recente rodada de sanções contra a Venezuela. Mas não melhora coisa alguma alegar, como se fosse defesa, que a lei norte-americana autoriza o presidente a dizer mentiras à vontade, para contornar o que não queira confessar.

Foi precisamente o que fez o presidente Ronald Reagan em 1985, quando fez declaração semelhante para impor sanções – inclusive um embargo econômico – contra a Nicarágua.

Como Obama em 2015, Reagan também tentava derrubar governo eleito que não agradava a Washington. Conseguiu usar violência paramilitar e terrorista, além de um embargo, no esforço bem-sucedido para destruir a economia da Nicarágua e, afinal, derrubar o governo do país. (Em 2007, os sandinistas voltaram ao poder e são hoje o partido governante.) O mundo andou adiante. Washington, não.

A Venezuela conta hoje com o forte apoio dos países vizinhos contra o que praticamente todos os governos na América Latina veem como tentativa do governo Obama para desestabilizar o país.

“A Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribe (CELAC) reitera seu forte repúdio à aplicação de medidas unilaterais coercitivas que violentam a lei internacional” – lia-se na declaração assinada por todos os países do hemisfério, exceto EUA e Canadá, em 11/2. Respondiam às sanções que os EUA haviam imposto à Venezuela, sancionadas por Obama em dezembro passado.

Alguém leu alguma coisa sobre isso na imprensa-empresa em língua inglesa? Provavelmente, também nada se leu sobre a imediata reação do presidente da União de Nações Sul-americanas ao golpe da Casa Branca, em 10/3: “A Unasul rejeita qualquer tentativa externa ou interna de interferência que busque qualquer violência contra o processo democrático na Venezuela.”

Washington já esteve envolvida na tentativa de golpe militar, rapidamente derrotada em 2002, na Venezuela; deu “treinamento, construção de instituição e outros apoios a indivíduos e organizações que se sabia estarem ativamente envolvidos no golpe” contra o presidente Hugo Chávez (golpe que durou apenas algumas horas) – segundo oDepartamento de Estado dos EUA.

Os EUA não mudaram sua política para a Venezuela depois daquilo e continuaram a financiar grupos de oposição naquele país. Assim sendo, nada mais normal do que todos que conheçam essa história recente e conheçam o conflito entre EUA e América Latina também no golpe militar de 2009 em Honduras, imediatamente concluam que, sim, Washington está novamente envolvida em golpismos para derrubar governo democraticamente eleito.

O governo da Venezuela já exibiu provas perfeitamente aceitáveis de que há um golpe em marcha no país: a gravação de um ex-vice-ministro do interior lendo o que obviamente é um comunicado a ser lançado depois que os militares derrubassem o atual governo; confissões de oficiais militares acusados; e uma conversa telefônica gravadaentre chefes da oposição que admitem que há um golpe em preparação.

Independente de que se considerem suficientes essas provas, não surpreende que os governos regionais tenham-se dado por convencidos.  Praticamente há 15 anos, sem interrupção, veem-se esforços para derrubar o governo democraticamente eleito da Venezuela.  Por que seria diferente agora, quando a economia está em recessão e houve tentativa para derrubar o governo venezuelano ainda no ano passado?

Aliás… alguém alguma vez ouviu falar de tentativa de golpe para derrubar governo democrático, independente e progressista na América Latina, na qual Washington não estivesse metida? Pergunto porque eu, nunca.

A grande imprensa-empresa norte-americana e internacional fez grande alarde em torno do começo da normalização de relações entre EUA e Cuba. Mas entre os governos latino-americanos, qualquer traço de credibilidade que aquele movimento do governo de Obama talvez tivesse, acaba de ser radicalmente desmentido pela violenta agressão contra a Venezuela.

Duvido que alguém encontre um presidente, presidenta, ministro ou ministra de Relações Exteriores na região, que acredite que as sanções impostas à Venezuela teriam algo a ver com direitos humanos ou democracia.  Absolutamente não têm.

Considerem por exemplo o México, onde trabalhadores de direitos humanos e jornalistas são regularmente assassinados; ou a Colômbia, estado líder há anos nonúmero de sindicalistas assassinados. Nada sequer comparável a esses pesadelos de violação a direitos humanos jamais aconteceu na Venezuela em 16 anos de governos do presidente Chávez e do presidente Nicolás Maduro. E apesar disso México e Colômbia são os principais recebedores de ajuda dos EUA na região, incluindo financiamento para militares e policiais e para comprar armas.

O governo Obama está mais isolado hoje, na América Latina, que, até, o governo de George W. Bush. Por causa do abismo profundo que separa a grande imprensa-empresa internacional e o pensamento de governos regionais, nada disso é óbvio para os que não sejam dedicados estudiosos das relações hemisféricas.

Veja-se, por exemplo, quem são os autores da legislação que impôs sanções contra a Venezuela, em dezembro: os senadores Robert Menendez (que está prestes a ser indiciado criminalmente por corrupção ativa de funcionário público) e o senador republicano da Flórida Marco Rubio, ambos ardentes defensores do embargo contra Cuba. Pois o governo Obama anunciou, com orgulho – e sem vergonha – que as novas sanções “vão além do que essa legislação exige”.

Washington mostra, frente à América Latina, a face do extremismo. Apesar de algumas mudanças em algumas áreas da política exterior (por exemplo, a abertura de Obama em relação ao Irã), a face do extremismo norte-americano não mudou em nada, desde os dias em que Reagan “alertava” o país de que os sandinistas nicaraguenses estavam “a apenas dois dias de viagem, de carro, de Harlingen, Texas.” Foi ridicularizado por Garry Trudeau em “Doonesbury” e por outros chargistas.

A Casa Branca de Obama, Reagan redux, merece o mesmo tratamento.

Portugal. ANTÓNIO COSTA É PEIXE QUE MORRE PELA BOCA



Pedro Tadeu – Diário de Notícias, opinião

Ouvi o secretário-geral do Partido Socialista (repito: socialista) queixar-se, com razão, da política que levou 300 mil portugueses a emigrarem. Foi, disse, uma enorme perda de "capital humano"...

A teoria do capital humano, burilada desde há mais de 50 anos pelos economistas da Escola de Chicago e pelos apóstolos da globalização, vê na educação de cada indivíduo um investimento financeiro: quanto mais cada um aprende, mais cada um tem possibilidade de fazer fortuna e, por isso, a distribuição da riqueza será mais equitativa.

Todos os dias a vida real desmente a teoria: um por cento da humanidade tem 40 por cento de toda a riqueza e os rendimentos de quem trabalha não se aproximam dos rendimentos do capital, pelo contrário.

A teoria do capital humano garante ser a educação um elevador social mas concebe um ensino onde se normaliza, em direção à máxima produtividade, o potencial físico e intelectual dos estudantes, mentalizando-os para a busca da rentabilidade empresarial e para a disciplina da aceitação de que a organização económica não pode ser alterada. Nas escolas de elite afinam-se, em contrapartida, as técnicas de liderança pragmática que perpetuam o lugar dos privilegiados no topo da escala social.

A teoria do capital humano deseja indivíduos empreendedores. Neste contexto, porém, o empreendedor é um escravo de um projeto empresarial, aparentemente seu, onde aplica todo o seu tempo e conhecimentos na busca frustrante de uma fortuna quimérica.

A teoria do capital humano finge acabar com trabalhadores e patrões e substitui-os por fornecedores e clientes. Mas tem o mesmo objetivo de sempre: redução do custo do trabalho.

A teoria do capital humano reinventa o operário do século XIX: dá-lhe banho, um fato, um computador, um curso, chama-lhe empresário e, em vez de salário, promete-lhe lucro. Reconverte o escriturário do século passado: empresta-lhe uma casa, um carro, entrega-lhe um cartão de crédito, vende-lhe produtos, viagens, ações. Chamou-lhe consumidor, agora chama-lhe gestor e exige-lhe a ética, a cobiça e o pathos de um executivo num banco de investimento.

A teoria do capital humano leva milhões de homens e mulheres, atomizados, sem ação nem espírito coletivos, competidores, a pensarem em futuros filhos como se desenhassem um plano de negócios: "Este projeto é financeiramente viável"?... É este o Homo oeconomicus que substitui o Homo sapiens.

A teoria do capital humano é um dos pilares da sociedade neoliberal. Ao morder o anzol da aparente benignidade da expressão, o socialista António Costa demonstra, mais uma vez, ser mesmo peixe que morre pela boca.

António Costa:«ministra das finanças cria fantasias, os portugueses estão com os cofres vazios»




«Este governo vive fora da realidade», é o comentário de António Costa às declarações da Ministra das Finanças. Ontem à noite, Maria Luís Albuquerque afirmou que «o país tem os cofres cheios.»

Em Bruxelas, o lider do PS disse que «Os portugueses é que estão com os cofres vazios. Esta ideia que o governo tem de que os portugueses estão mal e o país bem, como se o país não fossem as pessoas é não compreender que o centro da atividade política tem que ser as pessoas.

Este governo vive fora da realidade. Só isso explica que governo tenha lançado um programa de regresso dos imigrantes. Nem a economia nem o país são estatísticas, mas empregos e pessoas que têm ou não trabalho e a realidade das pessoas é a sua vida e não as fantasias da ministra das finanças».

A ministra de Estado e das Finanças, Maria Luís Albuquerque, afirmou na quarta-feira que o país tem os «cofres cheios» para honrar os seus compromissos na eventualidade de surgirem perturbações no funcionamento do mercado da dívida, o que permitiria ao país «estar tranquilamente durante um período prolongado sem precisar de ir ao mercado, satisfazendo todos os compromissos».

« [A dívida pública] está, de facto, ainda muito elevada (...). Mas hoje, quando olhamos para a dívida pública, está lá tudo e está também o conforto de saber que, para além disso, temos cofres cheios para poder dizer tranquilamente que se alguma coisa acontecer à nossa volta que perturbe o funcionamento do mercado, nós podemos estar tranquilamente durante um período prolongado sem precisar de ir ao mercado, satisfazendo todos os nossos compromissos», garantiu Maria Luís Albuquerque.

Em Pombal, distrito de Leiria, na sessão de encerramento das jornadas da JSD «Portugal nas tuas mãos», a governante afiançou que esta situação permite o pagamento de salários, de pensões ou fazer os reembolsos da dívida, «mantendo tudo a funcionar sem perturbação».

TSF com Lusa

PS acusa primeiro-ministro de se esconder atrás dos serviços no caso da "lista VIP"




O líder do PS, António Costa, considerou hoje que as declarações de Passos Coelho sobre a chamada 'lista VIP' de contribuintes «põem em causa tudo o que o primeiro-ministro diz», que acusou de se esconder atrás dos serviços.

«Creio que hoje é claro que aquilo que o primeiro-ministro disse a semana passada na Assembleia [da República] foi violentamente desmentido pelos factos e que isto põe em causa tudo o que o primeiro-ministro diz», afirmou António Costa em Bruxelas, à chegada à reunião do Partido Socialista Europeu (PSE), que antecede o Conselho Europeu de hoje.

Segundo o secretário-geral do PS, neste caso, e mais uma vez, o Governo teve uma «atitude de passa culpas» para os serviços, em vez de «assumir responsabilidades».

«A lista VIP existia, a lista VIP foi criada e já conhecemos alguns dos responsáveis. Falta conhecer o resto. De uma vez por todas, o primeiro-ministro não pode continuar esconder-se atrás dos serviços», afirmou o dirigente socialista.

António Costa afirmou também que este caso tem de ser esclarecido uma vez que não se pode estar «a criar uma espécie de imunidade fiscal VIP para alguns contribuintes».

Questionado sobre se o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, tem condições para continuar em funções, António Costa repetiu que considera que a «responsabilidade é do primeiro--ministro» uma vez que foi Passos Coelho que «perante o parlamento deu uma garantia que não existia essa lista VIP», e «foi desmentido pelos factos».

No último debate quinzenal, o líder parlamentar do PS, Ferro Rodrigues, confrontou o primeiro-ministro com a suposta existência de uma lista VIP de contribuintes, mas o chefe do executivo negou, citando a informação que recebera da Autoridade Tributária e Aduaneira.

A revista Visão noticiou que a lista de contribuintes VIP terá sido anunciada pelo chefe de serviços de auditoria da Autoridade Tributária (AT) a vários funcionários do fisco numa ação de formação para inspetores realizada a 20 de janeiro passado.

Em gravações disponibilizadas no 'site' da Visão, num áudio atribuído pela revista ao chefe daqueles serviços da AT, Vítor Lourenço, é anunciado aos formandos presentes no encontro de janeiro a existência de uma lista que a própria AT batiza de «pacote VIP».

O diretor-geral da Autoridade Tributária e Aduaneira apresentou na quarta-feira a sua demissão do cargo, reafirmando que não existe uma lista VIP de contribuintes e justificando a decisão por não ter informado a tutela sobre procedimentos internos que podem ter criado a perceção de que essa lista existia.

Também o subdiretor-geral da Justiça Tributária e Aduaneira, José Maria Pires, apresentou na quarta-feira a demissão à ministra das Finanças, que a aceitou, não sendo conhecido os motivos apresentados.

O PS disse hoje que a demissão de mais um responsável do fisco vem «reforçar a necessidade» de o secretário de Estado Paulo Núncio prestar no parlamento todos os esclarecimentos sobre o caso. O partido não exclui o pedido de demissão do secretário de Estado, mas para já quer ouvir o que o responsável político tem para dizer.

TSF com Lusa

MNE timorense em "comunicação constante" com Guiné Equatorial no quadro da CPLP




Díli, 19 mar (Lusa) - O ministro dos Negócios Estrangeiros timorense, Hernâni Coelho, afirmou hoje que Timor-Leste, que detém a presidência da CPLP, está em "comunicação constante" com a Guiné Equatorial para acompanhar todos os aspetos da sua integração na organização lusófona.

Em entrevista à Lusa, Hernâni Coelho, que tomou posse há cerca de dois meses, com o novo Governo timorense, insistiu que a Guiné Equatorial é um parceiro importante para Timor-Leste, para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e para outros países da sua região.

"Temos que reconhecer a realidade. Sabemos que há desafios, mas os desafios que eles têm, podem ser transformados em oportunidades", afirmou.

Questionado sobre se Timor-Leste está a verificar se o país cumpre ou não todos os aspetos inerentes à sua adesão e integração na CPLP, incluindo a moratória da pena de morte, Coelho disse que o acompanhamento está a ser feito.

"Temos que enquadrar o acompanhamento que tem que ser feito. Não podemos ir lá, saltar de repente e dizer que temos que fazer isso e aquilo. Mas mantemos comunicação constante", disse.

"O embaixador da Guiné Equatorial apresentou as suas credenciais. Estamos a trabalhar já em várias áreas. Mas estas coisas não acontecem de um dia para o outro", disse.

O chefe da diplomacia timorense preferiu não tecer comentários alargados sobre o que o Presidente da República português, Cavaco Silva, escreveu no prefácio do seu Roteiros IX sobre a entrada da Guiné Equatorial para a CPLP.

Nesse texto, recorde-se, Cavaco Silva justificou a entrada da Guiné Equatorial com os "danos" diplomáticos que provocaria a Timor-Leste - que acolheu a cimeira em que a adesão foi ratificada.

"É uma opinião que deve servir de base de análise a todos. Mas recordo que a adesão da Guiné Equatorial passou por um processo definido pelos próprios estatutos da CPLP. Não foi uma coisa que ocorreu de um dia para o outro, mas sim um processo com vários passos", disse.

Recorde-se que em resposta a esse texto, o ex-Presidente da República timorense José Ramos-Horta considerou uma "falsidade" atribuir a Timor-Leste um papel de relevo no lóbi para a adesão da Guiné Equatorial, recordando que Angola e o Brasil sempre lideraram o lóbi favorável a Malabo na CPLP.

Em resposta e mantendo a posição do texto de Cavaco Silva, fonte da Presidência da República portuguesa disse ao jornal Sol que Timor-Leste e o próprio Ramos-Horta não estaria a fazer o acompanhamento do processo de integração, incluindo a moratória sobre a pena de morte.

Questionado pela Lusa sobre esta matéria, José Ramos-Horta disse que só vários meses depois da cimeira de Díli recebeu dos países membros da CPLP uma resposta à presidência timorense da organização a confirmar que seria o enviado para a Guiné-Bissau e Guiné Equatorial.

"Por outro lado, ainda não recebi formalmente uma carta ou documento de nomeação e termos de referência", disse, explicando que tem estado "completamente absorvido" com as suas novas funções como presidente do Painel Independente de Alto Nível para as Operações de Paz.

Apesar disso, afirmou, já falou sobre essa questão, quer com Hernâni Coelho, quer com o Presidente da República timorense, Taur Matan Ruak, para pedir algum credenciamento para poder iniciar as atividades necessárias.

Em Nova Iorque, pediu igualmente à missão de Timor-Leste para pedir à missão da Guiné Equatorial que emita um convite formal para uma visita ao país.

"Um enviado especial de um órgão de Estados como a CPLP não pode pegar em si e ir a um país sem receber um convite formal desse país", disse.

ASP // VM

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PM timorense recebeu alta hospitalar mas realizará últimos exames sexta-feira - governo




Díli, 19 mar (Lusa) - O primeiro-ministro timorense recebeu na quarta-feira alta na unidade hospitalar em que se encontrava sob observação, em Singapura, e deverá realizar um último exame antes de regressar no fim de semana a Timor-Leste, informou hoje o Governo.

Em comunicado hoje divulgado, o executivo timorense explica que Rui Maria Araújo deverá realizar "um último exame médico na sexta-feira", regressando no sábado a Timor-Leste.

Hoje, Rui Araújo manteve um encontro de cortesia com o ministro dos Negócios Estrangeiros de Singapura, K. Shanmugam, "para agradecer a hospitalidade e o apoio concedido durante o seu tratamento e manifestar a solidariedade de Timor-Leste pelo estado de saúde do ministro mentor Lee Kwan Yew".

Durante a sua estadia no Hospital Nacional Universitário de Singapura, o primeiro-ministro timorense, Rui Araújo, médico de formação, reuniu-se com a equipa de gestão hospitalar "para compreender melhor o funcionamento do setor da saúde em Singapura e os tratamentos disponibilizados à população".

"Timor-Leste e o Hospital Nacional Universitário de Singapura têm colaborado em matéria de cuidados de saúde nos últimos dois anos e, durante a reunião, foi abordada a possibilidades de futura cooperação com Timor-Leste", explica o Governo, no comunicado.

Rui Maria Araújo tinha sido internado no Hospital Nacional Guido Valadares, em Díli, no domingo, depois de se ter sentido mal em casa, após uma viagem de trabalho de fim de semana para fora de Díli.

Ao início da tarde de segunda-feira seguiu com uma equipa médica para Singapura.

ASP // ARA

Timor-Leste é uma democracia eleitoral "participada e vibrante" - Presidente da República




Díli, 18 mar (Lusa) -- O Presidente timorense, Taur Matan Ruak, disse hoje que o país é uma democracia eleitoral "participada e vibrante" em que a cidadania demonstra "uma opção clara pela estabilidade e democracia" com uma aposta na "transparência e rigor" dos atos eleitorais.

"A participação das agências do Estado é um fator chave nos êxitos dos processos eleitorais. Mas o ambiente social e a confiança dos cidadãos são os fatores verdadeiramente decisivos", considerou Taur Matan Ruak.

"A transparência eleitoral, a prestação de contas, a transparência na vida pública em geral são condições essenciais (...) para a boa governação", acrescentou o chefe de Estado.

Taur Matan Ruak falava na abertura de uma conferência internacional em Díli sobre o sistema eleitoral e democrático, organizada pela CNE, no âmbito do Asian Electoral Stakeholder Forum (AESF), um encontro de "amigos com prioridades e preocupações comuns".

O encontro que decorre até quinta-feira é um dos primeiros em que Timor-Leste serve de 'ponte' entre a Ásia Pacífico e a CPLP, reunindo os órgãos e agentes da administração eleitoral dessas regiões.

Uma oportunidade de "aprofundar o contacto entre o continente" asiático e "a família da CPLP, a que Timor-Leste preside até 2016, e que permitirá e encontrar sinergias entre os vários órgãos eleitorais nacionais, disse Taur Matan Ruak.

Timor-Leste, recordou, é um país com 12 anos de independência, uma "democracia eleitoral participada e vibrante" e instituições ainda a ser consolidadas, mas já com uma experiência de oito atos eleitorais e só em 2012, três atos eleitorais sucessivos.

"Eleições altamente participadas e pacíficas, reconhecidas como transparentes e rigorosas por todos. Um trabalho que resulta da firme determinação dos nossos cidadãos, com uma opção clara pela estabilidade e democracia", disse.

Taur Matan Ruak destacou a importância da cidadania nos processos, dando como exemplo a Guiné-Bissau onde "os cidadãos se mostraram determinados em recuperar a normalidade constitucional e expressar a sua vontade democrática".

Intervindo na abertura do encontro, José Agostinho da Costa Belo, presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) timorense, recordou que Timor-Leste deverá celebrar este ano eleições locais de 'sucos' e municípios e, em 2017, presidenciais e legislativas.

Para isso, afirmou, Timor-Leste deve garantir que os cadernos eleitorais estão "em conformidade" e são credíveis e que o processo é conduzido com total transparência, com acesso total da cidadania.

Para garantir a mais credibilidade ao processo José Belo defendeu ainda que devem ser as comissões eleitorais independentes a supervisionar todo o processo, com o apoio do Secretariado Técnico Administrativo Eleitoral (STAE) - financiada pelo Governo - a ser apenas "prático" e "sem interferência governamental no processo".

Para Damaso Magbual, presidente do Asian Network for Free and Fair Elections (ANFREL), o êxito dos processos eleitorais não dependente apenas das comissões eleitorais mas sim do "trabalho conjunto" de todas as partes envolvidas no processo.

"Não há eleições perfeitas. O desafio é todos trabalharem em conjunto, com o mesmo objetivo que é conduzir eleições livres e democráticas", afirmou.

Ao longo dos próximos dois dias os participantes no encontro analisarão temas como os desafios eleitorais da Ásia e na CPLP, o fortalecimento do direito do voto, o financiamento de partidos políticos, inovações do processo eleitoral e a promoção "de eleições democráticas e de processos eleitorais responsáveis".

Participam no encontro representantes de, praticamente, todos os países da CPLP.

ASP // JCS

Ex-ministra das Finanças timorense acusa tribunal de desrespeitar Recurso




Díli, 18 mar (Lusa) - A ex-ministra das Finanças timorense, Emília Pires, acusa o Tribunal de Díli de, no seu processo, ter "pura e simplesmente desrespeitado" um Acórdão do Tribunal de Recurso escusando-se a comprovar se houve ou não irregularidades no inquérito.

A posição de Emília Pires está explicada numa carta aberta de 21 páginas dirigida ao Presidente da República, ao presidente do Parlamento Nacional, ao primeiro-ministro, Rui Araújo, aos ministros timorenses e ao provedor dos Direitos Humanos e da Justiça, a que a Lusa teve acesso.

Em causa está o processo 722/2014 que deverá começar a ser julgado na próxima semana em que Emília Pires é acusada da prática de crimes de participação económica em negócio e administração danosa, por factos que alegadamente ocorreram quando ainda era ministra das Finanças.

Na carta, Pires refere-se ao que diz serem contradições no processo.

Como exemplo cita o facto de o tribunal reconhecer que a defesa tinha apresentado "múltiplas nulidades e irregularidades cometidas no inquérito", que careciam de resposta do Ministério Público, marcando datas para o julgamento num despacho em que diz que não existiam essas nulidades e irregularidades.

"Vícios" que o tribunal não apreciou e que incluíram, nota, o facto de nunca ter sido interrogada e de o seu pedido de suspeição sobre o investigador José Neves, número dois da Comissão Anticorrupção (CAC), ter sido ignorado.

Emília Pires explica que pediu a suspeição porque José Neves tinha estado na origem de todo o caso quando disse a um jornal, em novembro de 2012, que a ministra tinha violado a lei e participado numa conspiração.

A antiga governante disse que só foi chamada a depor um ano depois, a 14 de novembro de 2013, e que esse interrogatório ia ser conduzido por José Neves, algo que denunciou por considerar que era uma situação "aberrante" que impedia ser ouvida em "condições mínimas de objetividade e imparcialidade".

A ex-governante pediu que José Neves fosse afastado do caso, mas garante nunca ter sido notificada de qualquer decisão sobre esse pedido.

Sobre estas e outras matérias, o Tribunal de Recurso acabaria, a 28 de outubro de 2014, por dar razão a Emília Pires, considerando que o Tribunal de Díli era obrigado a analisar e a decidir de forma fundamentada se as referidas irregularidades existiam ou não, antes de marcar julgamento.

"Em vez de conhecer as referidas irregularidades, o Tribunal de Díli, por despacho de 13 de fevereiro de 2015, sugeriu simplesmente que essa matéria era da responsabilidade do Ministério Público e que nada obstava ao prosseguimento do processo, tendo voltado a marcar datas de julgamento sem conhecer os referidos vícios", escreve.

"Ou seja, o Tribunal de Díli pura e simplesmente desrespeitou o Acórdão do Tribunal de Recurso", considerou, marcando o julgamento para 23 de março.

Uma situação, diz, que levou a que apresentasse um novo recurso sem que, "até ao momento", tenha sido notificada da desmarcação das datas de julgamento.

Na carta Pires considera ainda ter sido alvo de uma aplicação ilegal de medida de coação, afirmando que o Tribunal de Díli deliberou proibir a sua saía do país sem sequer a ouvir, tomando uma decisão sem sequer referir os critérios em que se baseia.

Explicando que soube da medida de coação quando estava em visita de trabalho ao estrangeiro, Emília Pires insiste que informou detalhadamente o Tribunal sobre a sua viagem, de forma "totalmente transparente", o que permitiu que as autoridades apreendessem o seu passaporte à chegada a Díli.

ASP // JCS

É preciso dar confiança aos agentes da justiça - ministro Coordenador timorense




Díli, 18 mar (Lusa) - O ministro Coordenador dos Assuntos da Justiça timorense considerou hoje ser preciso "dar confiança" aos agentes da justiça, um sistema que está "a amadurecer" em Timor-Leste e que está a ser alvo de uma análise em detalhe pelo Governo.

"Temos que dar confiança aos que estão a trabalhar no sistema de justiça, que está a crescer, para irem amadurecendo e ser uma instituição cada vez mais credível", disse à agência Lusa Dionísio Babo, que é também ministro de Estado e da Administração Estatal.
"As expressões de cada cidadão, principalmente os que tenham casos nos tribunais neste momento, devem ser consideradas também para ver como melhorar essa instituição no futuro", disse ainda.

Dionísio Babo reagia, em declarações à Lusa a uma carta aberta, endereçada às autoridades timorenses pela ex-ministra das Finanças, Emília Pires, que considera que no processo em que é arguida tem havido "violações sistemáticas e graves" dos seus direitos e "decisões arbitrárias e incompreensíveis".

Em causa está o processo 722/2014 em que Pires é acusada da prática de crimes de participação económica em negócio e administração danosa, por factos que alegadamente ocorreram quando ainda era ministra.

Emília Pires e a ex-vice-ministra da Saúde, Madalena Hanjam, são arguidas por alegadas irregularidades na compra de camas hospitalares em contratos adjudicados à empresa do marido da ex-ministra das Finanças, com um suposto conluio entre os três para o negócio.
"Como cidadã tem todo o direito de expressar o que sente em relação ao caso em que está arguida. É normal", disse Dionísio Babo, ex-ministro da Justiça.

Questionado sobre se considera que o sistema judicial timorense tem condições para garantir julgamentos livres, imparciais e objetivos, Babo recusou-se a comentar "questões que podem ser interpretadas como interferências no poder judicial ou no poder dos magistrados".

"Não sou ministro da Justiça, mas também estou a coordenar o trabalho nessa área. Vamos discutir e ver qual será a melhor saída para pode satisfazer todas as partes", disse.
Sobre a auditoria ao setor judicial, que o Governo anunciou iria levar a cabo, Babo explicou que o executivo só tomou posse em fevereiro e que o assunto está a ser coordenado com o ministro da Presidência do Conselho de Ministros.

"A lei orgânica só foi promulgada muito recentemente. E só agora é que vamos entrar num debate mais sério e ver que medidas podemos tomar em relação a estes assuntos", disse.
Questionado sobre o pedido de Emília Pires para a contratação "imediata" de observadores independentes para acompanhar processos pendentes, incluindo o seu, Dionísio Babo recordou que os julgamentos são abertos.

"Os julgamentos nos tribunais são abertos ao público, a não ser que a lei declare o contrário. Compreendo essa aspiração (de Emília Pires) e deve ser respeitada", disse.

No documento, em que refuta as acusações de que é alvo, Emília Pires pede aos destinatários que "procedam, com urgência, a todas as diligências necessárias a assegurar aos cidadãos timorenses (...) o real acesso à Justiça e o direito a um processo justo".

Pede ainda que se implementem as polémicas resoluções do ano passado, com base nas quais foram expulsos os magistrados internacionais que estava no sistema de justiça em Timor-Leste, e a contratação "imediata" de observadores independentes para acompanhar processos pendentes incluindo o seu.

Finalmente pede também o "desenvolvimento de mecanismos de proteção jurídica mais eficazes, designadamente de reforço da capacidade da defensória pública".

ASP // JCS

Portugal. AINDA VÃO ROLAR MAIS CABEÇAS VIP?



Público, direção editorial

O caso da alegada “lista VIP” de contribuintes já provocou uma baixa na Autoridade Tributária.

Foi em Julho de 2014 que António Brigas Afonso substituiu Azevedo Pereira à frente da Autoridade Tributária (AT). Um cargo de elevada importância, já que a AT administra cerca de 60% de toda a receita pública. Esta quarta-feira, apresentou a demissão do cargo de director-geral e, apesar de continuar a sustentar que “não existe e nunca existiu” a famigerada lista VIP de contribuintes, justificou a sua demissão com o facto de não ter informado a tutela sobre “procedimentos internos” que podem ter criado a percepção de que essa lista existia. E que procedimentos internos são esses?

Segundo o próprio, numa carta enviada à ministra das Finanças a explicar a sua demissão, a área de informática da AT terá mesmo chegado a propor “um procedimento de controlo de acesso aos dados, com mecanismos de alerta de determinados contribuintes e verificação da legalidade das respectivas consultas”. Se esse tal procedimento não é uma lista VIP, é algo muito parecido. E, havendo essa lista ou a intenção de criar essa lista, Brigas Afonso não tinha condições para continuar. Uma lista VIP seria um assumir de que existem contribuintes de primeira e de segunda, o que seria uma aberração constitucional. O que não é a mesma coisa que dizer que a AT deva ser complacente com casos de violação do sigilo fiscal.

O que é surpreendente neste caso, além do caso em si, é que um director-geral dos Impostos possa aparentemente estar meses a fio a estudar, a aperfeiçoar e a testar um alegado mecanismo para condicionar o acesso aos dados de determinados contribuintes sem dar nenhum cavaco à tutela, que continua a jurar a pés juntos que de nada sabia. Nesta altura, o Parlamento, a PGR, a Inspecção-Geral de Finanças e até a Comissão de Protecção de Dados já estão a investigar o caso. E será uma questão de dias até se perceber se Brigas Afonso cai sozinho.

Na foto: Brigas Afonso

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Portugal. Lista VIP. Subdiretor-geral da Justiça Tributária e Aduaneira também se demite




Fonte oficial do Ministério das Finanças diz que José Maria Pires apresentou ao final da tarde de quarta-feira o seu pedido de demissão à ministra das Finanças, "que o aceitou". Este responsável terá sido o mentor da idela da lista VIP de contribuintes.

O subdiretor-geral da Justiça Tributária e Aduaneira, José Maria Pires, apresentou esta quarta-feira a sua demissão à ministra das Finanças, que a aceitou, disse hoje à agência Lusa fonte oficial.

A mesma fonte oficial do Ministério das Finanças escusou-se a apresentar os motivos apresentados por José Maria Pires para a sua demissão. Subdiretor-geral da Justiça Tributária e Aduaneira terá sido o mentor da idela da lista VIP de contribuintes divulgada na Comunicação Social, depois da polémica em torno do não pagamento de impostos por parte do primeiro-ministro Passos Coelho, referentes ao período entre 1999 e 2004, e que só foram liquidados este ano.

A demissão de José Maria Pires já tinha sido reclamada esta quarta-feira pelo Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos. O "Jornal de Notícias" desta manhã refere que Pires é tido como pessoa muito próxima do secretário de Estado das Finanças, Paulo Núncio, que o desejaria ver como sucessor de Azevedo Pereira à frente da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT). Mas a ministra Maria Luís Albuquerque, que segundo o matutino portuense mantém uma má relação com Núncio, não teve a mesma opinião e acabou por escolher António Brigas Afonso, que ontem se demitiu do cargo de diretor-geral da AT.

A renúncia de José Maria Pires regista-se um dia depois da demissão de Brigas Afonso, que justificou a sua decisão com a necessidade de "proteger a instituição e os funcionários", vincando que estavam a ser ponderadas novas medidas de proteção de dados na AT, mas que estas não chegaram a ser implementadas. 

O diretor-geral da AT garantiu que não existe uma lista VIP de contribuintes no Fisco e justificou a demissão por não ter informado a tutela sobre procedimentos internos que podem ter criado a perceção de que essa lista existia.

Na nota interna enviada aos trabalhadores do Fisco na quarta-feira de manhã, Brigas Afonso considerava que "a importância e a sensibilidade da proteção dos dados pessoais dos contribuintes exigem da AT a adoção de metodologias preventivas e não apenas reativas, contra a intrusão e o acesso ilícito".

Nesse sentido, o diretor-geral demissionário acrescentava que "estavam a ser ponderadas novas alternativas", mas que "nenhuma tinha sido até agora implementada".

Na nota, Brigas Afonso reiterava que a lista "não existe e nunca existiu" e afirmava que "todos os processos disciplinares que são do conhecimento público resultam exclusivamente de notícias publicadas nos jornais, com violações consumadas do direito ao sigilo e de queixas de contribuintes individuais sobre acessos indevidos aos seus dados pessoais".

"Não foi aberto nenhum processo contra funcionários que efetuaram consultas no exercício das suas funções", sublinhava Brigas Afonso, que terminava a nota interna com o elogio aos trabalhadores, agradecendo a ajuda neste "período difícil" e perante o "ambiente de extrema escassez de recursos e de exigências cada vez mais difíceis".

Expresso, com Lusa

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BOM DIA! BOM DIA! BOM DIA!... AFINAL JÁ NÃO É BOM DIA PARA OS PORTUGUESES




Bom dia! Bom dia! Bom dia! Hoje é dia especial em Portugal! Finalmente há justiça! Finalmente os políticos, os banqueiros, os grandes empresários das relações promíscuas com os políticos estão a ser apresentados em tribunal e, alguns, já em prisão preventiva! Tudo porque configuram associações criminosas! Os portugueses estão siderados com a surpresa! Com isto é que não contavam. Nem os criminosos e eventuais criminosos! Os mafiosos que em 40 anos desbundaram nas finanças públicas e em conluios que causaram enormes prejuízos a Portugal. Nas ruas, os portugueses manifestam nos seus semblantes felicidade. Chegou finalmente a hora da justiça! A hora da nossa libertação das máfias políticas, da banca e do grande empresariado… O quê? Isto é só um sonho? Aaaah! Pois é! Ora bolas! Assim já não é bom dia. Muito menos um bom dia esfuziante…

Caindo na real… O dia está cinzento e não são só efeitos do eclipsem do sol. Também a democracia em Portugal se está a eclipsar. E a justiça já foi. Cavaco continua a ser o péssimo e horripilante presidente da República, o governo do PR, com Passos e Portas, lá está na senda do trama-o-mexilhão desde os sem-abrigo até aos da classe média e uns quantos assim-assim da riqueza, os mais pequenotes… Está visto que esta realidade é um pesadelo. Mas realidade por realidade o melhor é acordar convenientemente. Para já tomar um Expresso Curto, do jornal Expresso, servido com todos os requintes de Pedro Santos Guerreiro, diretor executivo daquele burgo da Impresa. Esse Pedro que identifica Ricardo Salgado como VIP. Sim, é. É um VIP da criminalidade, das trapaças, dos golpes, do andar a tramar o dinheiro dos outros. Mas não está só, há muitos mais como ele. Curiosamente quase todos em conluios de amizades e “doações” com gente igualmente VIP. Olhem, estou a lembrar-me de Cavaco Silva. Oh, esse conhece mais banqueiros que o Chico da Fisga conhece prostitutas em Lisboa. E olhem que o Chico é mais que uma enciclopédia acerca da prostituição de baixo calado. Sim. Porque a prostituição de alto calado é coisa “asseada” e reservadíssima.

Redação PG  

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Pedro Santos Guerreiro, diretor executivo

Ricardo Salgado, um VIP no Parlamento

Hoje o VIP é Ricardo Salgado. É ele quem vai marcar o dia, na sua segunda ida à comissão parlamentar de inquérito ao caso Espírito Santo, que, depois de passar um apagador sobre 68 nomes da lista de audições, caminha rapidamente para o fim.

A sessão começa às quatro da tarde e há de ir pela tarde (e noite?) fora. Cem dias e 41 audições depois da primeira audição, como lembra o DN, esta será, provavelmente, mais tensa e agressiva, quer do lado dos deputados, que têm muitas contradições por esclarecer, quer do lado de Salgado, que ali tem sido acusado dia sim-dia sim. No Expresso Diário, listámos as contradições e as suspeitas com que Salgado há de ser confrontado.

“Ricardo Salgado não conseguirá tão facilmente ocultar ou camuflar informação”, antecipa o deputado Pedro Nuno Santos no Negócios. É que agora há muitas versões – e há duas partes de uma auditoria forense altamente comprometedora, que apontam para gestão ruinosa e indícios de três crimes: burla, infidelidade e favorecimento de credores. “A auditoria forense, embora sem o nomear, diz-nos que Ricardo Salgado sabia tudo, concentrava a gestão, decidia quase tudo”, resume Helena Garrido. O Económico diz que Salgado regressa para salvar a “pele de leopardo”, isto é, a sua reputação.

José Maria Ricciardi é que já pediu para voltar à comissão de inquérito para desmentir o que Salgado disser hoje, avança também o Negócios. O banqueiro – o único que resta da família com estatuto de idoneidade - é um dos seis Espírito Santo que estavam no BES que até ao fim de Março terão de apresentar ao Banco de Portugal argumentos para provar que não foram responsáveis pela queda do banco, revela o Económico.

Salgado e Ricciardi também estão na primeira página do Correio da Manhã, mas por outra “very important” razão: também estão na lista VIP das Finanças, que rebentou com escândalo há uma semana na revista Visão. Depois de vários desmentidos sobre a existência de um esquema de alerta na Administração Tributária para consultas de funcionários às informações de determinadas personalidades, a Visão volta hoje com gravações irrefutáveis da sua notícia. Como explicao Observador, na prática qualquer funcionário do fisco pode consultar dados de contribuintes.

O caso é agora de confiança, diz o Ricardo Costa, e ainda vai fazer correr muita tinta… e rolar cabeças, admite em editorial o Público. Depois da demissão ontem do diretor geral da Autoridade Tributária, Passos Coelho segurou Paulo Núncio, mas os pedidos de demissão do secretário de Estado são muitos. Em manchete, o Jornal de Notícias garante que Núncio conhecia a lista VIP, ao contrário do que diz.

Quanto a Salgado, os funcionários do fisco não precisam de mais do que consultar o relatório e contas do BES. Em 2012, o então presidente executivo do banco declarou 550 mil euros de salário anual. Nesse ano, não houve retificações de declarações de IRS nem registo de prendas de 14 milhões…

OUTRAS NOTÍCIAS

Benjamín Netanyahu alcançou uma vitória clara nas eleições em Israel. Os resultados (que pode ver aqui ) foram surpreendentes, depois de as sondagens apontarem para um cenário renhido com Isaac Herzog. A vitória foi “contra tudo e contra todos”, como escrevemos no Expresso Diário, mas, como explica o El Pais,aconteceu depois de declarações polémicas de Netanyahu de que não permitirá a criação de um Estado Palestiniano: Um “compromiso peligroso”, escreve o diário espanhol, num editorial apreensivo. O que se pode esperar de quem faz uma promessa assim? O Henrique Monteiro responde: “apenas a continuação do conflito, aradicalização ainda maior dos inimigos de Israel e o afastamento daqueles moderados que tentavam manter as pontes”. “Israel nunca esteve tão isolado internacionalmente e vive uma crise económica e social de grandes proporções”, frisa Daniel Oliveira.

O tema de Israel divide as opiniões. Como escreve o The Guardian, aCasa Branca vai reavaliar a sua aproximação nas conversações para a paz, até porque, lembra a CNN, Obama tem grandes preocupações com a segurança. Já o New York Times mostra-se mais otimista, argumentando que Netanyahu tem condições políticas para um governo mais forte. No diário americano, Thomas L. Friedman exulta: Bibi, como é conhecido Netanyahu, “vai fazer história”, pois será o pai da solução de Estado-único, sem separação entre israelitas e palestinianos.

Era madrugada em Lisboa quando confrontos entre rebeldes e tropas governamentais no Iémen, mataram pelo menos três pessoas e feriram 21.

Depois dos ataques de ontem a um museu na Tunísia, reivindicados pelo auto-proclamado Estado Islâmico (Daesh), que fizeram 22 mortos, sobretudo turistas mas também dois terroristas, os medos regressam à região. Incluindo o da ameaça ao progresso da única democracia que emergiu da Primavera Árabe, escreve a Time. A Tunísia “era um dos poucos casos de sucesso da Primavera Árabe”, concorda o Wall Street Journal. Vale a pena ler esta reportagem do The Guardian: a Tunísia, “que elegeu pacificamente um novo parlamento em dezembro, mostra-se orgulhosa de ser um modelo de transição política” desde a queda do ditador Ben Ali em 2011. Mas este é um rude golpe também no turismo, cujas receitas são essenciais para esta economia ainda frágil. “Uma gota de água na aridez democrática do Norte de África”, chamou-lhe o Expresso numareportagem em junho de 2014, que vale a pena (re)ler, de Paula Cosme Pinto (texto) e Tiago Miranda (fotografia).

Um casal de turistas alemães depositou numa prefeitura de Peloponense um cheque de 857 euros referente à "sua" parte da dívida alemã de guerra com a Grécia, noticia a Lusa.

Ter depósitos é cada vez mais caro: as comissões bancárias registam aumentos que podem chegar aos 200%, noticia o Negócios

Conselho de Finanças Públicas avisa: sem austeridade défice mantém-se acima de 3% a partir de 2016.

Câmara de Lisboa: parecer jurídico arrasa proposta sobre taxas do Benfica.

O Ikea proibiu os clientes de brincar às escondidas nas suas lojas na Bélgica e Holanda. A brincadeira estava a tornar-se de culto: fora programada nas redes sociais mais uma “brincadeira” com milhares de pessoas inscritas. O Ikea alegou razões de segurança.

FRASES

“[O país tem os] cofres cheios". Maria Luís Albuquerque, citada pela Rádio Renascença.

“O secretário Núncio, que gere os Assuntos Fiscais, não sabe o que se passa na sua própria casa. Sendo assim, parece ter qualidades demasiado elevadas para o simples cargo que ocupa.” Fernando Sobral, no Negócios.

“O que é trágico para a Grécia, que votou no Syriza para bater o pé à Troika, é que está hoje muito mais dependente da própria Troika.”Pedro Romano, no Observador.

“Já nos fizeram muitos funerais, felizmente nunca foi do corpo presente”. Rui Reininho sobre os GNR, na Visão.

O QUE EU ANDO A LER

Também comecei a ler o livro “The Bankers New Clothes”, sobre as raízes do mal no sistema financeiro que levaram a tantos problemas nos últimos anos. Mas como o Henrique Monteiro já aqui recomendou o livro, passo do fator capital para o fator trabalho e cito um texto da Atlantic sobre “porque os trabalhadores não se unem”, sobre como a globalização e o desenvolvimento tecnológico têm desagregado o movimento dos trabalhadores, acrescentando que “o trabalho a tempo parcial (part-time) está a sabotar a solidariedade”. É um ensaio longo mas que traz reflexão sobre a sociedade em que vivemos.

Para uma leitura mais rápida (que inclui uma visualização de um vídeo de dois minutos), veja este trabalho da CNN sobre um novo estudo que mostra como as alterações climáticas estão a ameaçar o glaciar na Antártica. Um susto que parece não assustar ninguém.

E pronto: hoje há eclipe solar (o JN diz-lhe o que precisa de saber).

E hoje é bom dia para dizer bom dia àqueles de quem gosta. Incluindo um enorme e sorridente “Bom dia, pai!” Não há gente mais VIP.

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