sábado, 2 de março de 2013

Portugal: O MISTÉRIO PÓS-MANIF




Henrique Monteiro – Expresso, opinião – escrito e publicado sábado de manhã

Não tenho dúvidas de que a manifestação de hoje será grande. Enorme! Cada um tem as suas amostragens, mas a minha é surpreendente. Pessoas que nunca imaginei lá porem os pés, vão. Algumas com muita convicção, outras como quem vai a um picnic. Mas vão! 

Se tudo correr bem (e entendo por correr bem não haver pequenos grupos provocadores violentos nem exageros policiais) há um enorme mistério que me ocorre: o que vai fazer o Governo? E o que vai fazer o Presidente? 

No pós-manif de 15 de setembro do ano passado o Governo recuou na proposta da TSU. As coisas não melhoraram, mas pelo menos acalmaram. E agora? Vai recuar? Em quê? Limita-se a dizer que vai conseguir mais tempo para pagar a dívida (o que deve ficar definido já na segunda feira)? Foi por causa disso que escondeu o corte de quatro mil milhões que devia estar decidido até ao fim de Fevereiro? Poderá haver uma boa (ou menos má) notícia? Não creio. 

E se a manifestação for mesmo enorme, como prevejo, será que o Presidente da República sai do torpor em que parece viver para partilhar com os seus concidadãos um pensamento, uma estratégia, um aceno de simpatia, que seja?

Hoje é um dia mau para o Governo. Não que eu espere que saia algo concreto da manifestação, mas porque perante o que deve ser um mar de gente o país voltará a verificar que os seus dirigentes não têm estratégia nem rumo. Estão gastos. 

Manifestação. Mais de um milhão e meio de pessoas nas ruas, confirma organização




Jornal i - Lusa

A organização da manifestação do movimento “Que se lixe a ‘troika’” estima que hoje mais de um milhão e meio de pessoas tenha saído às ruas do país e de algumas cidades estrangeiras, “mais do que na manifestação de 15 de setembro”.

Num palco montado no Terreiro do Paço, em Lisboa, a organização, que não avança ainda números para a adesão em Lisboa, avançou que foram contabilizados 400.000 manifestantes no Porto, naquela que terá sido "a maior manifestação de sempre" na Invicta, e 20.000 em Coimbra, referindo que se trata de números provisórios.

Em Setúbal, a estimativa aponta para 7.000 pessoas, o mesmo número registado em Braga. Portimão contou com 5.000 pessoas e Caldas da Rainha, Leiria e Marinha Grande 3.000 pessoas, em cada cidade.

A organização contou ainda 1.500 pessoas em Vila Real, 1.000 em Castelo Branco e outras tantas em Viana do Castelo.

A manifestação terá reunido 500 pessoas na Guarda, 300 no Entroncamento, o mesmo número em Tomar, e, em Chaves, duas centenas de manifestantes. Foram ainda contabilizadas 150 pessoas em Torres Novas e outras tantas na Horta (Açores).

No mundo, a organização estima que as concentrações em Paris e em Londres terão juntado uma centena de pessoas em cada cidade e três dezenas em Barcelona.

O movimento "Que se lixe a ‘troika'" convocou para hoje manifestações em mais de 40 cidades, em Portugal e no estrangeiro para pedir o fim das políticas de austeridade.

Com o lema “Que se lixe a ‘troika’, o povo é quem mais ordena”, a manifestação hoje convocada para dezenas de cidades portuguesas e algumas estrangeiras, que conta com o apoio da CGTP, coincide com a presença da delegação da ‘troika’ (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), em Lisboa, para fazer a sétima avaliação do memorando de entendimento.

As manifestações foram antecedidas por diversos protestos que ocorreram nas últimas semanas, junto de governantes, quase sempre ao som de “Grândola, Vila Morena”.

PARASITAS SEM-VERGONHA: PRESIDENTE DA REPÚBLICA, GOVERNO E DEPUTADOS




PARA A MAIORIA É “QUE SE LIXE A TROIKA”, PARA ELES É “QUE SE LIXE O POVO”

António Veríssimo

Foi mais uma. Mais uma manifestação de repúdio pelas políticas do atual governo, xingado e vaiado, assim como do presidente da República e políticos partidários quase na generalidade, principalmente deputados – como foi perceptível na SIC Notícias quando a repórter no Terreiro do Paço quis entrevistar Jamila Madeira, do Partido Socialista. Os portugueses já não suportam os políticos da atualidade, querem que sejam encontradas soluções em novos quadros de justiça, democracia e liberdade e não que a permanência dos gatunos (políticos da atualidade) perdure. Nesta “leva” estão incluídos alguns ministros do passado recente, os atuais e o presidente da República, Cavaco Silva.

Nunca em Portugal se viu e ouviu o povo “mimar” com impropérios um primeiro-ministro. Do estilo “cabrão”, “sacana”, “gatuno”, ou “Passos escuta és um filho da puta” - palavra de ordem sonante que transporta as nossas consciências em avaliação de sofrimentos causados pelas políticas de Passos Coelho e a condução a desesperos que resultam naquilo que não devíamos presenciar e escutar. Existe indignação, repúdio e um ódio contido às políticas deste governo. Assim como mais especificamente a determinados elementos do governo, principalmente a Vítor Gaspar e Passos Coelho. Para Cavaco Silva, presidente da República os “mimos” foram vaias sempre que a ele se referiam.

A organização de “Que se Lixe a Troika” estimou em 500 mil pessoas que se manifestaram nas ruas de Lisboa. Diríamos que foram mais. De qualquer modo foi uma enorme e cívica manifestação dos portugueses em Lisboa, em Coimbra (40 mil) e no Porto (200 mil), para além de outras cidades de Portugal que compreensivelmente viram os números de manifestantes muito mais reduzidos. Ao todo Portugal inteiro viu decerto mais de um milhão de portugueses manifestarem-se contra este governo aparentemente chefiado por Passos Coelho sob a proteção de Cavaco Silva, de banqueiros e outros agentes de grandes impérios do capital, para além dos neoliberais fascizantes que dominam a União Europeia.

A avaliação da Troika esteve a ser feita pelos funcionários diligentes - que fugiram ao percurso da manifestação e reuniram em local secreto – enquanto os portugueses exigiram por todo o país a demissão do governo. Quase podemos garantir que Cavaco Silva fará o que melhor sabe fazer: ignorar o que esta tarde aconteceu em Portugal. No seu estilo dixlexo tudo fará para o somar a uma enorme crise de autismo e daí à falsa cegueira e surdez não vai haver distância. Tudo redundará no silêncio ou, na melhor das hipóteses, em palavras ocas próprias de oportunista ganancioso com odores insuportáveis a salazarismo. O tabu perdurará quase de certeza e tudo fará para manter este seu governo em exercício. Compreende-se, na atualidade nem ele nem o governo têm o apoio da maioria dos portugueses e um indesejado nunca quer sê-lo sozinho. Deste modo apoiam-se uns nos outros, sozinhos, a dar cobertura ao malbaratar das vidas dos portugueses. Para eles importa ganhar tempo para implementarem o máximo de políticas possíveis contra Portugal e a sua população. Fazem-no por opção ideológica. Se o povo diz “Que se Lixe a Troika”, Cavaco, o governo e os deputados da falsa maioria que apoia o governo dizem “Que se Lixe o Povo”. O que prova que uns e outros não são mais nem menos que exatamente parasitas sem-vergonha - presidente da República, governo e deputados daquela falsa maioria que na atualidade já não tem representatividade legítima.

Os portugueses exigem e urge a demissão de todos estes devassos políticos, uma renovação e novas práticas, menos gula, honestidade, patriotismo e novas eleições.

MOÇÃO DE CENSURA LIDA NO TERREIRO DO PAÇO, EM LISBOA (Porto, Coimbra e noutras cidades de Portugal)

DIRETO - MANIFESTAÇÃO EM PORTUGAL "QUE SE LIXE A TROIKA", A REVOLTA NAS RUAS





MANIFESTAÇÃO DE PORTUGAL EM DIRETO 

Envidámos esforços para levar aos leitores habituais, esporádicos ou acidentais do Página Global a manifestação que neste momento decorre em Lisboa. Transmitida pela SIC e possível de blogar através do SAPO. Esperamos satisfazer os que por esta via possam acompanhar a luta do povo português pela libertação, pela justiça e pela democracia. Em Portugal cerca de 40 cidades estão neste momento a manifestar-se contra o presidente da República, Cavaco Silva, contra o governo PSD/CDS de Passos Coelho e Paulo Portas, contra a Troika, o FMI e os tecnocratas neoliberais e fascizantes da União Europeia.

OBVIAMENTE, DEMITAM-SE




Tiago Mota Saraiva – Jornal i, opinião

Todos os argumentos mobilizadores para as manifestações que hoje irão encher as ruas deste país já terão sido dados. Até entre militantes do PSD a apreciação pública deste governo é devastadora e a sua demissão é a única solução possível para evitar a radicalização do confronto.

Mas vejamos quais são os argumentos invocados para a sua manutenção em funções. Esgotada que está a tentativa de encontrar dados favoráveis que atestem competência e transmitam confiança (o que dizer de um Orçamento que com um mês de execução já está em derrapagem e a exigir medidas extraordinárias?), o governo tem vindo a entrincheirar-se no argumento da legitimidade democrática e os seus seguidores no de que não há alternativa.

O primeiro argumento radica no pecado da soberba. A democracia não corresponde a um acto isolado de quatro em quatro anos, em que o povo passa um cheque em branco aos vencedores das eleições. O célebre momento durante a campanha eleitoral em que uma jovem se dirige a Passos Coelho perguntando se ia roubar o subsídio de Natal da sua mãe, roubo que o próprio nega veementemente e que passados poucos meses veio a anunciar, comprometem tanto a democracia como as nossas carteiras. No dia em que Passos anunciou o roubo, perdeu legitimidade democrática, por mais deputados que continuem a apoiá-lo.

O segundo argumento procura sustentar-se na preguiça do eleitorado. Pensa que não há alternativas? Construam-se. Fazer o contrário é perigoso? Arrisque-se. Não confia “neles”? Tome a palavra. Dá trabalho, exige esforço e implica coragem. Tal como a 24 de Abril de 1974, a luta pela democracia confunde-se com o combate pelas nossas vidas. Tal como a 25 de Abril de 1974, a liberdade está na rua.

Escreve ao sábado

Portugal – Manifestação: PROVA DE FOGO EM 40 CIDADES




Liliana Valente – Jornal i

Em mais de 40 cidades hoje é dia de sair à rua contra a política de austeridade da troika e do governo. Os organizadores esperam uma “gigante” mobilização, o governo compara com as anteriores e a polícia garante um dispositivo “necessário e adequado”. Mas poderá esta manifestação ser diferentes das anteriores? Desta vez o apoio implícito do PS, com alguns deputados a participarem, mostra que aruptura ultrapassou a fronteira da esquerdae está a chegar ao bloco central

Sob o lema “Que se lixe a troika, o povo é quem mais ordena”, milhares de portugueses vão sair hoje à rua em protesto contra as medidas de austeridade. A manifestação que começa ao início da tarde promete uma jornada de “gritos” e de “indignação”, duas palavras que o primeiro-ministro acredita não resolverem a crise. Mas é delas que estes portugueses vão munidos. No governo o clima é de aparente tranquilidade e da polícia chega a certeza de que o dispositivo está preparado e será o “necessário e adequado”.

Certo é que independentemente da dimensão da manifestação ela não vai fazer cair o governo, nem fazer com que se altere a política, pelo menos significativamente. O protesto de hoje, porém, chega num momento especial: a troika está em Portugal a avaliar o cumprimento do Memorando de entendimento pela sétima vez e ainda não testemunhou ao vivo e a cores o descontentamento dos portugueses. E para evitar cenários mais pessimistas, hoje os técnicos da troika não trabalham.

“Esperamos uma grande manifestação, combativa. Mesmo que sejam só mil, que seja combativa e que se consiga pelo menos o objectivo de derrubar o governo”, diz ao i Tiago Mota Saraiva, do movimento Que Se Lixe a Troika. Para os organizadores, desde as anteriores iniciativas tem havido um “aprofundamento da mensagem política” que é agora mais “clara e objectiva”. Estão em causa dois propósitos: “Fazer frente à troika” e “fazer cair este governo, que é uma correia de transmissão da troika”, explica. Desta vez os organizadores acreditam que a mobilização vai ser ainda maior porque já chega a todos os quadrantes políticos, mesmo ao do actual governo: “Neste momento, o próprio governo não consegue controlar os seus militantes, vamos ter pessoas de várias correntes políticas, é transversal. O que prova que é a democracia que vai estar nas ruas.”

O momento político é delicado e os nervos estão sensíveis. É que os protestos dirigidos aos diferentes membros do governo de cada vez que saem à rua criaram uma presença quase diária de contestação nos meios de comunicação e na cabeça dos governantes que não desvalorizam a iniciativa. Antes pelo contrário: a manifestação de hoje é encarada com preocupação, apesar de nada transparecer nos discursos oficiais. Ontem o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, apelou à calma: “Tenho a certeza que as manifestações que amanhã vão ocorrer não vão fugir àquilo que tem sido regra em Portugal. São manifestações de gente responsável, ordeira, que expressa de uma forma elevada as suas opiniões.”

No meio da multidão vão estar hoje alguns deputados socialistas. Os mais jovens, e alguns ex-líderes da JS, como Pedro Delgado Alves, Duarte Cordeiro mas, além destes, o deputado João Galamba, a deputada Isabel Moreira e a líder das mulheres socialistas, Catarina Marcelino, também dizem que vão marcar presença. Este apoio de alguns socialistas, além da frase de António José Seguro, que disse esta semana “os portugueses têm todo o direito de se manifestarem e até o dever de o fazerem porque a situação económica e social do país é de pré-ruptura iminente”, deixaram o executivo mais alerta.

A inquietude notou-se ontem no debate de urgência na Assembleia da República, em que os dois ministros de Estado, Vítor Gaspar e Paulo Portas, referiram várias vezes a necessidade de “acordo social”. Portas, aliás, vincou várias vezes a necessidade de se preservar a “confiança interna”: “É essencial cuidar do consenso político”.

As palavras do líder do CDS-PP não foram proferidas por acaso na véspera da manifestação. É que além de alguns socialistas, a CGTP enviou um comunicado a apoiar o protesto, assim como o PCP e o BE. A ruptura total com o PS levaria mais socialistas à rua e por isso ontem o discurso não foi de provocação - tratou o PS com pinças.

Apesar de esta manifestação estar a merecer uma atenção especial pelo momento em que se realiza, o governo não quis nos últimos dias dar sinal de fraqueza e não alterou a agenda, apesar de a segurança estar mais vigilante. E Passos Coelho, que esteve três dias seguidos na rua, não se coibiu de falar indirectamente de protestos. Primeiro lembrou que o debate deve ser aprofundado e não se ficar “pela espuma dos dias”, para na quinta-feira defender que a “indignação por si só” não resolve a crise.

HOJE NESTE BLOGUE NÃO HAVERÁ POSTAGENS A PARTIR DE PORTUGAL




Redação*

Como é do conhecimento global a Europa está a atravessar uma crise imposta pelos mercados do capital em conluio com os políticos neoliberais (fascizantes) que se apoderaram da União Europeia e até de uma boa parte do mundo ocidental. Portugal não é exceção. A crise em Portugal promete continuar e piorar se nada for feito para apear dos poderes uma verdadeira máfia que através de expedientes e mentiras conseguiu impor-se de modo aparentemente democrático. 

É contra tudo isso que os europeus devem lutar. É contra isso, contra estes autênticos carrascos dos trabalhadores, dos jovens, dos idosos, das crianças, que os portugueses se devem insurgir e manifestarem-se, exigindo a demissão de um repelente presidente da República que tem sido inútil e consentâneo com a imposição aos portugueses da miséria urdida pelos seus correligionários partidários, amigos banqueiros  e outros da mesma estirpe. O mesmo deve ser exigido ao governo de Cavaco-Passos-Portas. Hoje, 2 de Março, os portugueses que compõem o coletivo dos blogues da Fábrica - Página Global e Timor Lorosae Nação - vamos à manifestação. 

Por essa razão não haverá postagens nos referidos blogues a partir de Portugal. O restante coletivo, na lusofonia, se encarregará disso. São poucos mas bons e apoiam a luta pela libertação de Portugal e dos portugueses da canga da troika, de Cavaco, de Passos, de Portas, dos banqueiros e de outros criminosos que estão a arrasar Portugal e os portugueses.

Se está em Portugal manifeste-se. Estamos a viver uma ditadura imposta por Cavaco, Passos e Portas. Não foi nada do que acontece na atualidade que eles prometeram para serem eleitos. Sejamos conscientes e diretos. Basta! Estamos fartos de vigaristas, de mentirosos, de gatunos!

Por tudo isso vamos manifestar-nos. Nós vamos! Eu vou! Venha também!

Pela redução de postagens pedimos desculpa.

*Versão correspondente a reposição atualizada de AMANHÃ NÃO HAVERÁ POSTAGENS A PARTIR DE PORTUGAL NESTE BLOGUE

Soares pede “respeito” pelo PGR angolano - investimentos são necessários e bem-vindos




Ana Sá Lopes – Jornal i

“O PGR de Angola deve merecer acrescido respeito”, diz Soares, que considera investimento angolano em Portugal útil, necessário e bem-vindo”

“Os nossos povos, português e angolano, são povos irmãos, pelo que é nossa obrigação tudo fazermos para aprofundar as relações entre ambos. Certos artigos, como o que referiu, do Expresso, são muito prejudiciais a ambos os povos”. Foi assim que o ex-Presidente da República Mário Soares respondeu, quando o i lhe pediu um comentário sobre o actual momento nas relações entre Portugal e Angola, na sequência da notícia do semanário Expresso sobre a investigação ao PGR angolano, a que se seguiu um violento editorial do “Jornal de Angola” dizendo que os investimentos angolanos não seriam bem-vindos em Portugal.

O ex-Presidente da República afirma, pelo contrário, que “o investimento angolano em Portugal é útil, necessário e bem-vindo” e que “o cargo de procurador-geral da República de Angola deve merecer acrescido respeito institucional no quadro das relações que têm que ser salvaguardadas entre os dois países”.

Mário Soares lembra que “a importância da comunidade portuguesa em Angola e da comunidade angolana em Portugal tem de estar sempre presente” e que “equívocos eventualmente existentes devem ser desfeitos com boa vontade recíproca”.

Soares relembra a sua história pessoal relativamente à independência de Angola e dos outros países africanos. “Como é público, fui e sou anticolonialista. Dei a minha solidária contribuição ao povo angolano e aos demais povos em defesa da independência. Nunca fui anti-MPLA ou anti-Savimbi. Limitei-me a querer a paz entre ambos. Defendi, como advogado, dirigentes do MPLA no tribunal plenário de Lisboa. Fui e sou amigos de muitos como fui do presidente Agostinho Neto, tendo estado preso ao lado dele no Aljube”.

Depois do 25 de Abril, “no Portugal libertado coube-me como ministro dos Negócios Estrangeiros garantir em nome de Portugal o direito inalienável dos povos colonizados à independência. Nunca escondi o que penso”.

Mário Soares defende que é preciso “aprofundar cada vez mais as relações entre Portugal e Angola” e que a polémica desencadeada pela notícia do Expresso “não é positiva para ninguém, neste mundo global em que tanto conta a lusofonia”.

A LUTA COMUM 

Mário Soares afirma, na sua resposta à pergunta do i, que “como mero cidadão português sem responsabilidades partidárias hoje”, mas “presidindo a uma fundação que tem um importante espólio da luta anticolonial de todos os países da lusofonia”, está disponível para tudo fazer em nome das relações entre os dois povos. “Desejaria ainda no meu tempo desenvolver esforços mútuos para estabelecer e dinamizar parcerias com instituições angolanas e de todos os outros países da CPLP no sentido de legar aos jovens a importância da luta comum dos nossos povos”.

Foi há uma semana que o Expresso noticiou que o procurador-geral de Angola estava sob investigação da justiça portuguesa. O “Jornal de Angola” reagiu, em editorial, apelando ao fim dos investimentos angolanos em Portugal, porque “as elites portuguesas corruptas não querem nada com angolanos”.

QUEM GANHA COM A ACTUAL “GUERRINHA” LUSO-ANGOLANA?




Eugénio Costa Almeida* – Pululu

Citando de memória o primeiro presidente de Angola, Dr. António Agostinho Neto: “Conseguimos ter melhores reacções com os partidos de direita portuguesa do que com a esquerda que nos está próxima”. Isto foi dito, mais palavra, menos palavra, durante o consolado português da AD.

Uma vez mais, as reações Angola/Portugal passam, a nível institucional governativo por um excelente período com as recentes visitas do MNE português, Paulo Portas, a isso demonstrarem. Recordemos que PP chegou a afirmar que José Eduardo dos Santos, presidente de Angola, é “grandes líderes africanos” contra a opinião de alguns dirigentes portugueses, socialistas e bloquistas, que consideram o actual regime angolano mais próximo de uma autocracia, de uma democratura.

Se a nível institucional governativo as relações parecem ser próximas do ideal – espectava-se uma visita, em breve, do chefe de governo português Passos Coelho, a Angola – já as relações comunicacionais estão em linha de ruptura com vários confrontos entre o órgão oficioso do Governo de Angola, o Jornal de Angola (JA), e alguns órgãos justicialistas e comunicacionais de Portugal, nomeadamente, o DCIAP e o Expresso.

Por norma o JA reflecte a linha oficial de Luanda. Todavia, quando os temas saem directamente da pena do seu director fica-se com a sensação que elas difundem somente a vontade do mesmo em criar conflitos entre a sua original terra-pátria e a sagrada terra de acolhimento.

No entanto, não se pode deixar de admitir que algumas das afirmações apresentadas nos recentes editoriais do JA não deixam de conter alguma incómoda verdade para quem lê e quem comenta.

Senão vejamos, como é possível que um processo, natural nas relações interbancárias, já seja apresentado como um processo jurídico sob a forma de inquérito pecaminoso? Do que se sabe, o PGR de Angola só fez uma transferência em dinheiro que, ultrapassando o limite máximo normal aceite internacionalmente, levou a que o banco depositário avisasse o banco central e este, por sua vez, dado ser uma entidade estrangeira, avisasse o sistema jurídico português que, mais não terá feito que cumprir as normas e mandar uma carta rogatória ao PGR angolano solicitar os devidos e oportunos esclarecimentos.

Ora a notícia que se transmitiu quase indiciava que o visado era um veículo de “limpeza” de dinheiro e, naturalmente, ninguém gosta que um seu magistrado seja conotado desta forma. Com a agravante do caso mostrar contornos de fuga de informação; nada que já não seja habitual na Justiça lusa.

Acresce que esta notícia teve maiores honras por ter acontecido por alturas do aniversário da morte de Jonas Savimbi, reconhecido como o último líder africano que defendia a liberdade efectiva dos africanos e que, simultaneamente, era admirado pelo actual chefe da diplomacia portuguesa e por aqueles que debradam Eduardo dos Santos – recorde-se as palavras de Mário Soares na sua recente biografia, da autoria de jornalista Joaquim Vieira, quando verbera a entrada dos antigos líderes norte-africanos derrubados pela “Primavera árabe” e aos quais inclui o MPLA e dos Santos, na Internacional Socialista. (...)" 

(continuar a ler aqui ou aqui)

- Publicado no portal LusoMonitor.

*Página de um lusofónico angolano-português, licenciado e mestre em Relações Internacionais e Doutorado em Ciências Sociais - ramo Relações Internacionais -; nele poderão aceder a ensaios académicos e artigos de opinião, relacionados com a actividade académica, social e associativa.

Angola: POLÍCIA PRESSIONA FAMILIARES DE DESAPARECIDOS




Coque Mukuta – Voz da América

Irmão de Isaías Cassule diz que polícia tentou levá-lo a assinar um documento e pressionou-o para não falar com jovens que organizam manifestações

Um familiar de um dos dois jovens activistas desaparecidos há quase um ano disse estar a ser vítimas de pressões policiais para não falarem sobre o caso.

Alves Kamulingue e Isaías Cassule desapareceram nos dias 27 e 29 de Maio quando se encontravam envolvidos nos preparativos de manifestações de veteranos das forças armadas.

Recentemente os seus familiares desmentiram declarações do governo de que estariam a ser informados do andamento das investigações sobre os desaparecimentos

Segundo Veloso Sebastião Cassule irmão de Isaías Cassule, as autoridades tentaram leva-lo a assinar um documento na Direcção Nacional de Investigação o que el se recusou a fazer por desconhecer o seu conteúdo.

“Fui à polícia porque a polícia me chamou,” disse Veloso Cassule.

“Quando cheguei encontrei um documento que eles me mandaram assinar e eu neguei assinar,” disse.

Veloso Cassule denunciou ainda a pressão que disse estar a ser efectuada pelos elementos da Direcção Nacional da Investigação Criminal para não falarem sobre o caso com o grupo de jovens que tem estado a organizar manifestações e a protestar contra o desaparecimento dos activistas.

As autoridades desencorajaram- no também a falar sobre o ministro do interior.

“Estão a me falar para não falar coisas sobre o Ministro do Interior,” disse.

“Uma vez eles me disseram se um grupo de manifestante se meterem mais neste assunto você diz para não se meterem mais, porque o irmão é teu, mas eu disse não, porque para esse problema vir parar aqui na policia foi graças a eles,”  acrescentou.

Entretanto o último jovem a ter contacto com Isaías Cassule antes deste desaparecer disse nunca ter sido sequer contactado pela policia.

Os familiares dos desaparecidos afirmam que nem a Polícia Nacional nem qualquer entidade do estado angolano está a investigar o desaparecimento dos dois activistas.

“Nós estamos a achar que eles não estão a fazer nenhuma investigação porque eles também têm medo” lamentou.

“Nós assim não sabemos o que vamos fazer ou vamos nos unir com outra família e vamos sair às ruas,” disse Veloso Cassule irmão de Isaías Cassule. 


ACÇÕES DA POLÍCIA EM LUANDA PROVOCAM ACESA DISCUSSÃO




Manuel José – Voz da América

Capital é onde se regista mais casos de violação de direitos humanos

A jornalista e activista cívica Suzana Mendes corrobora com a conclusão do secretário de estado para os Direitos Humanos quando dizia que a capital angolana é a que mais casos de violação de direitos humanos regista.

E um dos exemplos trazidos pela jornalista tem a ver com a postura dos agentes da polícia de Luanda contra os cidadãos fazendo notar a "excessiva brutalidade com que a policia muitas vezes age com relação aos cidadãos"

Isto foi  prontamente refutada pela jurista Ana Paula Godinho que disse não ser bem assim.

"Não é bem assim como as pessoas propalam também," disse

"Ainda há pouco tempo estive em Portugal e outros países da Europa, as pessoas saíram as ruas e a policia foi com paulada pra cima deles, aí ninguém diz que há violação dos direitos humanos," acrescentou.

O debate das analistas da Luanda Antena Comercial aqueceu quando Suzana Mendes rebateu a posição da jurista.

"Não é pelo facto de na Europa estarem a agredir manifestantes que nós aqui temos que suportar calados esta situação de violação de direitos humanos," acrescentou.

Mais do lado da posição de Ana Paula Godinho esteve a economista Laurinda Hoygard que chamou a atenção dos cidadãos para se preocuparem mais com os seus deveres.

"E nós vamos criar sociedade sem limites? Não é possível, há sempre limites nas actuações que temos de ter," disse. 


BRADLEY MANNING E OS CRIMES DE GUERRA DOS EUA




PAUL JAY, editor sênior de TRNN: Michael Ratner, advogado de Wikileaks, assistiu à audiência, ontem, em que Manning falou, em tom firme, com inteligência e confiança, detalhando as inúmeras brutalidades às quais assistiu e que o levaram a enviar os documentos que, sim, enviou a Wikileaks. Aqui, Michael Ratner fala à TRNN e conta o que viu. 

Michael, que fala conosco de New York City, é presidente emérito do Centro de Direitos Constitucionais; é presidente do Centro Europeu pelos Direitos Humanos e Constitucionais em Berlim; é o advogado que defende Julian Assange nos EUA; e também é membro do conselho editorial de The Real News Network. Obrigado pela entrevista. 

MICHAEL RATNER: É um prazer estar com você, Paul. 

JAY: Você ontem viveu dia muito fortemente emocionante, assistindo ao julgamento histórico de Bradley Manning. O que aconteceu lá? 

RATNER: Fui cedo para Fort Meade, e foi coisa de dia inteiro. Bradley Manning estava na sala do tribunal. A maior parte de imprensa foi direcionada para um auditório, e só uns poucos – eu também, mas não sou jornalista – fomos autorizados a entrar na sala em que Bradley Manning depôs. Foi dia especial, porque o advogado de Bradley Manning e o próprio Bradley decidiram que Bradley se declararia culpado em algumas das acusações, com penas menores; mas não nas acusações de espionagem e colaboração com o inimigo.. 

Fato é que, para mim, no plano emocional, foi um dia devastador. No fim do dia, sentia-me uma ruína, emocionalmente devastado. Mas, ao mesmo tempo... Quem lá estava viu, afinal, quem é Bradley Manning. É um herói. Um desses raros homens que, diante de um crime para o qual todos fecham os olhos, encontra o que fazer e age. 

Tecnicamente, Bradley, hoje, declarou-se culpado em nove acusações. E, quando o acusado se declara culpado, a corte tem de ter certeza de que o acusado entende perfeitamente o que está fazendo, que entende a natureza da confissão de culpa. Então, a corte pede ao acusado que narre detalhadamente as próprias ações. Bradley Manning declarou-se culpado de distribuir, ou de transferir a WikiLeaks (que são meus clientes), todos os documentos dos chamados “Iraq War Logs”, dos “Afghan war logs”, o vídeo “Collateral Murder”, telegramas do Departamento de Estado, os 13 telegramas de Reykjavik, etc. 

Mas o mais interessante, nessa admissão de culpa em nove acusações, foi que a juíza permitiu que Bradley lesse uma declaração de cerca de 30 laudas. A leitura durou duas, quase três horas. E esse documento, sim, permitiu ver que tipo de homem é Bradley Manning. Foi declaração profunda, imensamente emocionante. 

Começa com quando ele se alistou no exército; fala depois de sua primeira missão no Iraque. E essa primeira missão já foi associada a algo que se conhece como SigAct, abreviatura de “atividades significativas”: são os relatórios diários de tudo que acontece em campo. E Bradley, quanto mais lia aqueles relatórios, mais perturbado se sentia com o que via acontecer no Iraque: número de mortos, número de... Bradley disse que entendeu rapidamente que estavam assassinando pessoas cujos nomes constavam de uma 'lista de matar'. Que absolutamente não estavam ajudando a salvar ninguém. E conta que concluiu que teria de haver discussão muito séria sobre a contra-insurgência: se existe para ajudar alguém ou para ferir inocentes e matar alvos predefinidos. 

Ao mesmo tempo em que trabalhava com os arquivos da guerra do Iraque – era parte do seu trabalho – trabalhava também com os arquivos da guerra do Afeganistão, material muito semelhante, condições semelhantes, locais semelhantes. Todos esses arquivos passaram pelas mãos de Bradley. 

Também ao mesmo tempo, ouviu falar da organização WikiLeaks. E ouviu falar de WikiLeaks porque WL acabava de divulgar – nem lembro quantas dezenas de milhares de SMSs, aquele, com as mensagens de texto de pessoas que estavam dentro do World Trade Center quando foi atacado. Assim, ele tomou conhecimento da existência de WL. Em seguida fez algumas pesquisas pelo computador, e descobriu que, em 2008, havia um documento do governo dos EUA sobre como desmontar a organização WL. 

Quer dizer... Foram dois processos: Bradley lendo os arquivos da Guerra do Iraque, os arquivos da Guerra do Afeganistão e, em seguida, fazendo contato, como fez, com WikiLeaks. 

Mas, no início, só havia os arquivos da Guerra do Iraque e os arquivos da Guerra do Afeganistão, e Bradley cada vez mais perturbado com o que lia. De início, não fez qualquer movimento. Mas, em certo momento, ele viajou aos EUA já com todos aqueles arquivos baixados em seu computador, acho, ou num CD, talvez num pequeno cartão para transporte de dados. Estava em Maryland. Nevava muito. Bradley não conseguia decidir-se sobre o que fazer com os arquivos. Falou sobre eles com um amigo, seu namorado, pelo menos durante algum tempo, e perguntou a ele “o que você faria se tivesse com você coisas que todos os norte-americanos têm de ver?” O rapaz nada disse de relevante. Bradley continuou a pensar nos arquivos, que continuavam a incomodá-lo. 

Quando voltava de Boston a Maryland, entrou numa loja [livraria] Barnes & Noble, para fugir da tempestade de neve e, também, porque precisava do acesso à banda larga, e, dali, enviou os documentos a WikiLeaks. Enviou pela própria página de WL, na qual há uma sessão para envio anônimo de documentos. Depois, Bradley, como já dissera antes, diz que se sentiu muito aliviado; “eu tinha certeza de que era algo que o povo norte-americano tinha de ver; que todos têm de debater essa guerra. E eu esperava que os arquivos da Guerra do Afeganistão e os arquivos da Guerra do Iraque modificassem a situação”. Assim, o primeiro bloco de documentos estava enviado. 

A partir daí, é claro, há correspondência, de algum modo, entre Manning e WikiLeaks. Manning nunca soube quem estava na outra ponta do contato por computador. Diz que, em algum momento, é possível que tenha sido o próprio Julian Assange, ou, talvez, alguém chamado Daniel Schmitt (um rapaz alemão que esteve com os WikiLeaks durante algum tempo, Domscheit/Schmitt). Mas Bradley não sabe quem seria. Diz que, sim, bem poderiam ser outras pessoas das organizações WikiLeaks. “Eu nunca soube com quem me comunicava, da organização WikiLeaks. Todos os contatos eram anônimos.” 

Bradley diz também que, ninguém associado com a Organização WikiLeaks (WLO) pressionou-o para que lhes desse mais informação. “A decisão de entregar documentos a WikiLeaks foi exclusivamente minha”, ele disse. É bem claro que Bradley é pessoa politizada. Pelo menos, entende claramente que a opinião pública tem de conhecer exatamente o que fazem os governantes. 

Depois disso, o grande acontecimento foi o vídeo “Collateral Murder”. As pessoas, nos gabinetes no Iraque, discutiam se os vídeos seriam legais, se estariam de acordo com as leis de guerra e do serviço militar, ou não. Bradley decidiu ver, ele mesmo, os tais vídeos. E viu. E horrorizou-se porque “primeiro, sim, até se poderia argumentar que tivesse sido acidente”, quando os dois jornalistas da Reuters foram mortos com tiros de arma que atirava do que parece ser um helicóptero. E, sim, é possível que tenha acontecido um engano, como Bradley disse. E há discussão até hoje sobre se teriam, mesmo, de assassinar os jornalistas da Reuters. 

Mas o problema é que, em seguida, aparece uma caminhonete para socorrer as pessoas feridas... E os atiradores no helicóptero atiram contra a caminhonete. E isso, Bradley parece não ter dúvida alguma, é crime de guerra, ação bem claramente proibida. Era pessoal de resgate, que vinha resgatar os feridos. Ninguém portava armas. Mas o vídeo permite ouvir as falas dos militares dentro do helicóptero, a sanha por sangue. E a expressão que ele usou: sanha de sangue [orig. bloodlust]. Quando veem alguém que rasteja no chão, aparentemente já ferido, alguém diz no helicóptero que “tomara que ele saque a arma”. Evidentemente, para terem o pretexto necessário para matá-lo. 

O vídeo também o incomodou. Incomodou-o, sobretudo, o fato de o vídeo não ter sido entregue à Agência Reuters, apesar de a Reuters tê-lo requisitado, em nome das famílias dos dois jornalistas mortos. E o governo dos EUA, o CENTCOM, os militares responderam que nem tinham certeza de que tivessem o tal vídeo. E o vídeo lá estava. Outra vez, o que temos é Bradley profundamente incomodado com o que via e agindo, reagindo, tomando uma atitude. 

Essa é a segunda acusação face à qual Bradley declarou-se culpado: ter entregado aquele vídeo, outra vez, como antes, enviado à página de WikiLeaks. Esse vídeo sequer estava classificado como secreto – o que é interessante. Mas Bradley enviou o vídeo, sim, à organização WikiLeaks. 

O terceiro caso é com a polícia iraquiana. Pediram que Bradley ajudasse a polícia do Iraque, a polícia de Bagdá, que os ajudasse a identificar, insurgentes, não sei, ou outros desse tipo. Àquela altura, 15 pessoas foram entregues à polícia iraquiano. E Bradley examinou aqueles casos; pediu para examiná-los. E descobriu que nada havia contra aquelas pessoas; no máximo, acusações de terem colado cartazes criticando a corrupção no governo iraquiano. Mais uma vez o caso incomoda Bradley, porque aqueles prisioneiros foram terrivelmente maltratados. Bradley temeu que fossem mortos ou desaparecessem ou, até, que fossem mandados para Guantánamo, se fossem entregues aos EUA. 

Então, sua primeira providência foi tentar relatar o caso aos seus próprios superiores, os quais, é claro, não lhe deram qualquer atenção. Bradley, outra vez, enviou os arquivos relacionados àqueles prisioneiros, para WikiLeaks. WikiLeaks não publicou aqueles documentos, mas, é claro, Bradley continuava conversando com WikiLeaks. Mas o caso dos iraquianos presos chamou a atenção de Bradley para outro tópico: Guantánamo.

O que Bradley disse à corte foi “[incompr.] tem direito de interrogar pessoas, é claro, mas Guantánamo é moralmente questionável. O que fazemos ali é manter encarceradas pessoas inocentes, pobres, gente de escalão muito inferior, e Barack Obama prometeu fechar Guantanamo. Minha opinião é que manter aquela prisão fere os EUA”. 

A partir daí, Bradley passou a trabalhar no que hoje se chama “arquivos dos detentos”, arquivos sobre cada um dos prisioneiros de Guantánamo. E, quando falou com WikiLeaks, disse que mandaria aqueles arquivos; WikiLeaks respondeu “OK, são arquivos antigos, já perderam o conteúdo político, mas são historicamente importantes para o caso Gauntánamo; e podem ser úteis aos advogados”. Então, os arquivos foram enviados para WikiLeaks. 

Na sequência, a última coisa sobre a qual Bradley falou foram os telegramas do Departamento de Estado. Houve telegrama anterior, chamado “Reykjavik 13”, que, de fato, foi o primeiro documento, pelo que sei, que WikiLeaks divulgou online. Reykjavik 13 foi recolhido de uma website que tem algo a ver com a Islândia. E, de repente, lá estava a Islândia – no coração da crise financeira. – E havia terríveis pressões, pelo Reino Unido e pelos EUA, sobre a Islândia, para que o país se rendesse aos programas de resgate e de austeridade. E a Islândia recusou. E o tal telegrama falava das pressões que os EUA estavam fazendo sobre a Islândia. E Bradley Manning – que sabia o que mais ninguém sabia – reagiu. Denunciou que os EUA estavam assediando a Islândia. Que não pode ser. Que nada, naquele caso, poderia ser secreto. 

Com isso, claro, Bradley chegou aos telegramas diplomáticos. – Bradley leu todos os telegramas sobre o Iraque, cada um daqueles telegramas, disse ele; e percebeu que, basicamente, todos aqueles telegramas incluíam crimes, criminalidade de diferentes níveis. O que o convenceu de que aquele tipo de diplomacia também prejudica os EUA: diplomacia de segredos inconfessáveis dos quais o público jamais toma conhecimento. Em seguida, então, enviou a WikiLeaks os telegramas diplomáticos. 

Mas o que se vê em cada um desses casos, é que Bradley foi influenciado, sempre, pelo que viu ou leu. Foi sincera e profundamente atingido e influenciado. E não conseguiu nada, nas tentativas que fez para alertar, primeiro, os seus superiores. Se não conseguia fazer nada dentro da estrutura onde estava – o que mais poderia fazer? Então, decidiu que todos, todos os cidadãos dos EUA, toda a opinião pública, nos EUA e no mundo, tinham de ser informados. Porque era preciso discutir aquilo tudo. Supôs que talvez, com a discussão, se conseguiria mudar aquelas políticas. 

Mas... Houve vários momentos muito interessantes, no depoimento. A certa altura, quando já havia voltado para Maryland, pensando em divulgar os arquivos sobre o Iraque e o Afeganistão, Bradley contou que, em primeiro lugar, fez contato com outros veículos. Telefonou a um dos editores do The New York Times e deixou uma mensagem na secretária eletrônica, ou na página do editor. Jamais houve resposta. Telefonou ao The Washington Post e, disse ele, ninguém, ali, o levou a sério. Foi quando entendeu que nada conseguiria, em matéria de divulgar os fatos, nem doWashington Post nem do New York Times. Disse que, então, começou a procurar outros meios para divulgar os arquivos. No final, considerando o que WikiLeaks já fizera no passado, Bradley disse que concluiu que seria o melhor meio de divulgar os arquivos. 

O que pensei, naquele tribunal, vendo e ouvindo aquele rapaz, 22 anos, que se alistou no Exército aos 20 anos, e que aos 22 já distribuía aqueles documentos para WikiLeaks, porque se sentiu horrorizado, perturbado... O que pensei ali, naquela hora, é que esse rapaz é um herói. Bradley Manning é um grande herói. Um homem que viu o que os militares dos EUA faziam no Afeganistão, no Iraque, em Guantánamo, que viu o que o Departamento de Estado fazia pelo mundo... E decide que é indispensável agir, fazer alguma coisa. 

Infelizmente, pagará preço muito, muito alto pela sua coragem... 

Para que todos entendam, tenho de explicar um pouco como aquilo funciona. Não é como o que se vê nas cortes comuns, quando é possível fazer um acordo com o Procurador, quando há pena máxima e pena mínima, conforme o crime que o acusado escolha confessar. No caso desse tribunal militar as coisas não funcionam desse modo. 

Trata-se, nesse caso, do que a juíza chamou de “naked plea” [lit. “admissão nua”(?) (NTs)]. Significa que Bradley apenas decidiu declarar-se culpado nessas nove acusações. Então, a juíza requereu que ele narrasse todos os atos praticados. 

Mas essas não são as acusações mais graves. Até aí, só se falou de acusações que, se o acusado for condenado, gerarão pena de 20 anos de prisão. Mas a questão é que o procurador não é obrigado a aceitar coisa alguma. Ele pode dar andamento ao processo e exigir julgamento de todas as demais acusações, as mais graves. Pode até usar elementos do que Bradley Manning confessou ter feito e de como agiu. 

E esses desdobramentos é que serão realmente decisivos. Mas o primeiro passo também conta muito. Bradley demonstrou que é homem que faz e assume a responsabilidade pelo que faz. A declaração que leu no tribunal é perfeitamente verossímil, faz perfeito sentido, é crível. De fato, é documento impressionantemente sincero e claro. Pode-se esperar que o juiz seja tocado por aquela fala. Pode-se esperar que a sentença considere que o acusado declarou-se culpado de alguns feitos. Mas não, de modo algum, se declara culpado das acusações que a Procuradoria amontoa contra ele e que podem condená-lo à prisão perpétua. Foi um dia de tribunal realmente impressionante, Paul. 

JAY: Muitos disseram que Manning seria homem perturbado, pessoa fraca... Que impressão você teve. De que tipo de homem se trata? 

RATNER: Sabe... Vi Manning pela primeira vez na audiência em que ele testemunhou sobre os abusos e a tortura que havia sofrido, durante praticamente um ano, no Iraque e na prisão de Quantico. Já naquele dia, via-se que não é fraco, nem perturbado; é, de fato, muito diferente disso. É homem forte, muito inteligente. Já se via claramente na audiência sobre a tortura e viu-se novamente agora, o mesmo homem. 

Em primeiro lugar, é visivelmente pessoa muito inteligente. Não fosse, não teria sido enviado para missão no serviço de computação de alto nível, computadores, informes. É evidente que ele entende do que fazia e fez, em serviço para o qual foi selecionado e nomeado. 

Mas também é pessoa que tem personalidade política, que percebe as implicações do que pensa, de como se apresenta. Não é fraco nem é voz fraca. 

Num certo momento da audiência, a juíza lhe fez uma pergunta; Bradley respondeu que não poderia responder, porque teria de revelar informação secreta. Muitos riram, porque... ali, sob processo, sob ataque do Promotor, ele ainda pensou mais em proteger informação secreta do que em responder à juíza. Alguns riram. Outros permaneceram sérios. Outros baixaram a cabeça. 

Mas é claro que foi dia duríssimo para Bradley Manning... Será sentenciado a pena muito longa. Esperemos que não receba a pior sentença. Esperemos que considerem essas acusações nas quais ele se declarou culpado. 

Ainda se deve registrar aquela declaração lida, umas 35 páginas, que não foram distribuídas a ninguém, nem a advogados nem a jornalistas presentes. Só a juíza recebeu o documento. Mas havia cópias circulando entre aqueles caras que andavam por ali, no salão, em uniforme de camuflagem. Nós não recebemos. Evidentemente, não é documento secreto. Eu, como outros, ouvimos a leitura de todo o documento, palavra a palavra; claro que não é secreto. O que há é que essa corte é conhecida por demorar muito, inadmissivelmente demais, para distribuir documentos devidos à defesa. 

Já há importante processo iniciado contra essa Corte, pelo Centro [de Direitos Constitucionais]. Já obrigamos essa Corte a liberar alguns documentos devidos à Defesa. Mas a declaração que Manning leu no tribunal é documento muito, muito importante. Todos, jovens, velhos, que leiam aquela declaração hão de se sentirem tocados. Talvez mais gente se disponha a agir, a fazer o que possa, para que esse país seja forçado a andar na direção do estado de direito, na direção do respeito à lei. Para que os EUA deixem de ser a máquina de matar que, me parece, Bradley Manning viu, com clareza, em escandaloso funcionamento.

01/Março/2013 - O vídeo e a entrevista encontram-se em The Real News Network, TRNN . Tradução de Vila Vudu. 

Esta entrevista encontra-se em http://resistir.info/ .

AS 50 VERDADES INCONVENIENTES QUE YOANI SÁNCHEZ OCULTARÁ




Salim Lamrani* - Pragmatismo Político - 1 mar 2013 – foto Divulgação

Cuba: 50 verdades que Yoani Sánchez ocultará. Blogueira faz turnê mundial de 80 dias em cerca de 12 países do mundo para falar sobre Cuba. Mas não dirá tudo… A famosa opositora está realizando uma turnê mundial de 80 dias em cerca de doze países do mundo para falar sobre Cuba. Mas não dirá tudo…

1. O artigo 1705 da Lei Torricelli, de 1992, adotada pelo Congresso norte-americano, estipula que: “Os Estados Unidos fornecerão apoio a organizações não-governamentais apropriadas, para apoiar indivíduos e organizações que promovam uma mudança democrática não-violenta em Cuba”.

2. O artigo 109 da Lei Helms-Burton, de 1993, aprovada pelo Congresso, confirma essa política: “O Presidente [dos EUA] está autorizado a proporcionar assistência e oferecer todo tipo de apoio a indivíduos e organizações não-governamentais independentes para apoiar os esforços com vistas a construir a democracia em Cuba”.

3. A agência espanhola EFE fala de “opositores pagos pelos EUA” em Cuba.

4. Segundo a agência britânica Reuters, “o governo norte-americano proporciona abertamente apoio financeiro federal para as atividades dos dissidentes”.

5. A agência de notícias norte-americana The Associated Press reconhece que a política de financiar a dissidência interna em Cuba não é nova: “Há muitos anos, o governo dos EUA vem gastando milhões de dólares para apoiar a oposição cubana”.

6. Jonathan D. Farrar, ex-chefe da Seção de Interesses Norte-americanos em Havana (SINA), revelou que alguns aliados dos EUA, como o Canadá, não compartilham da política de Washington: “Nossos colegas canadenses nos perguntaram o seguinte: Por acaso alguém que aceita dinheiro dos EUA deve ser considerado um preso político?”

7. Para Farrar, “Nenhum dissidente tem uma visão política que poderia ser aplicada em um futuro governo. Ainda que os dissidentes não admitam, são muito pouco conhecidos em Cuba fora do corpo diplomático e midiático estrangeiro […]. É pouco provável que desempenhem um papel significativo em um governo que sucederia ao dos irmãos Castro”.

8. Farrar afirmou que “os representantes da União Europeia desqualificaram os dissidentes nos mesmos termos que os do governo de Cuba, insistindo no fato de que não representam a ninguém”.

9. Cuba dispõe da taxa de mortalidade infantil (4,6 por mil) mais baixa do continente americano – incluindo Canadá e EUA – e do terceiro mundo.

10. A American Association for World Health, cujo presidente de honra é Jimmy Carter, aponta que o sistema de saúde de Cuba é “considerado de modo uniforme como o modelo preeminente para o terceiro mundo”.

11. A American Association for World Health aponta que “não há barreiras raciais que impeçam o acesso à saúde” e ressalta “o exemplo oferecido por Cuba, o exemplo de um país com a vontade política de fornecer uma boa atenção médica a todos os cidadãos”.

12. Com um médico para cada 148 habitantes (78.622 no total), Cuba é, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a nação melhor dotada do mundo neste setor.

13. Segundo a New England Journal of Medicine, a mais prestigiada revista médica do mundo, “o sistema de saúde cubano parece irreal. Há muitos médicos. Todo mundo tem um médico de família. Tudo é gratuito, totalmente gratuito […]. Apesar do fato de que Cuba dispõe de recursos limitados, seu sistema de saúde resolveu problemas que o nosso [dos EUA] não conseguiu resolver ainda. Cuba dispõe agora do dobro de médicos por habitante do que os EUA.

14. Segundo o Escritório de Índice de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Cuba é o único país da América Latina e do Terceiro Mundo que se encontra entre as dez primeiras nações do mundo com o melhor Índice de Desenvolvimento Humano sobre três critérios, expectativa de vida, educação e nível de vida durante a última década.

15. Segundo a Unesco, Cuba dispõe da taxa de analfabetismo mais baixa e da taxa de escolarização mais alta da América Latina.

16. Segundo a Unesco, um aluno cubano tem o dobro de conhecimentos do que uma criança latino-americana. O organismo enfatiza que “Cuba, ainda que seja um dos países mais pobres da América Latina, dispõe dos melhores resultados quanto à educação básica”.

17. Um informe da Unesco sobre a educação em 13 países da América Latina classifica Cuba como a primeira em todos os aspectos.

18. Segundo a Unesco, Cuba ocupa o décimo sexto lugar do mundo – o primeiro do continente americano – no Índice de Desenvolvimento da Educação para todos (IDE), que avalia o ensino primário universal, a alfabetização dos adultos, a paridade e a igualdade dos sexos, assim como a qualidade da educação. A título de comparação, EUA está classificado em 25° lugar.

19. Segundo a Unesco, Cuba é a nação do mundo que dedica a parte mais elevada do orçamento nacional à educação, com cerca de 13% do PIB.

20. A Escola Latino-americana de Medicina de Havana é uma das mais prestigiadas do continente americano e já formou dezenas de milhares de profissionais da saúde de mais de 123 países do mundo.

21. O Unicef enfatiza que “Cuba é um exemplo na proteção da infância”.

22. Segundo Juan José Ortiz, representante da Unicef em Havana, em Cuba “não há nenhuma criança nas ruas. Em Cuba, as crianças ainda são uma prioridade e, por isso, não sofrem as carências de milhões de crianças da América Latina, que trabalham, são exploradas ou caem nas redes de prostituição”.

23. Segundo o Unicef, Cuba é um “paraíso para a infância na América Latina”.

24. O Unicef ressalta que Cuba é o único país da América Latina e do terceiro mundo que erradicou a desnutrição infantil.

25. A organização não governamental Save the Children coloca Cuba no primeiro lugar entre os países em desenvolvimento no quesito condições de maternidade, à frente de Argentina, Israel ou Coreia do Sul.

26. A primeira vacina do mundo contra o câncer de pulmão, a Cimavax-EGF, foi elaborada por pesquisadores cubanos do Centro de Imunologia Molecular de Havana.

27. Desde 1963, com o envio da primeira missão médica humanitária à Argélia, cerca de 132 mil médicos cubanos e outros profissionais da saúde colaboram voluntariamente em 102 países.

28. Ao todo, os médicos cubanos atenderam mais de 85 milhões de pessoas e salvaram 615 mil vidas em todo o planeta.

29. Atualmente, 38.868 colaboradores sanitários cubanos, entre eles 15.407 médicos, oferecem seus serviços em 66 nações.

30. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) “um dos exemplos mais exitosos da cooperação entre cubana com o Terceiro Mundo tem sido o Programa Integral de Saúde América Central, Caribe e África”.

31. Em 2012, Cuba formou mais de 11 mil novos médicos: 5.315 são cubanos e 5.694 são de 69 países da América Latina, África, Ásia… e inclusive dos Estados Unidos.

32. Em 2005, com a tragédia causada pelo furacão Katrina em Nova Orleans, Cuba ofereceu a Washington 1.586 médicos para atender as vítimas, mas o presidente da época, George W. Bush, rejeitou a oferta.

33. Depois do terremoto que destruiu o Paquistão em novembro de 2005, 2.564 médicos cubanos atenderam as vítimas durante mais de oito meses. Foram montados 32 hospitais de campanha, entregues prontamente às autoridades do país. Mais de 1,8 milhões de pacientes foram tratados e 2.086 vidas foram salvas. Nenhuma outra nação ofereceu uma ajuda tão importante, nem sequer os EUA, principal aliado de Islamabad. Segundo o jornal britânico The Independent, a brigada médica cubana foi a primeira a chegar e a última a deixar o país.

34. Depois do terremoto no Haiti, em janeiro de 2012, a brigada médica cubana, presente desde 1998, foi a primeira a atender a população e curou mais de 40% das vítimas.

35. Segundo Paul Farmer, enviado especial da ONU, em dezembro de 2012, quando a epidemia de cólera alcançou seu ápice no Haiti com uma taxa de mortalidade sem precedentes e o mundo voltava sua atenção para outro lado, a “metade das ONG já tinham se retirado, enquanto os Cubanos ainda estavam presentes”.

36. Segundo o PNUD, a ajuda humanitária cubana representa, proporcionalmente ao PIB, uma porcentagem superior à media das 18 nações mais desenvolvidas.

37. Graças à Operação Milagre, lançada por Cuba e Venezuela em 2004, e que consiste em operar gratuitamente as populações pobres vítimas de cataratas e outras doenças oculares, mais de dois milhões de pessoas procedentes de 35 países puderam recuperar a visão.

38. O programa de alfabetização cubano “Yo, sí puedo”, lançado em 2003, já permitiu que mais de cinco milhões de pessoas de 28 países diferentes, incluindo da Espanha e da Austrália, aprendessem a ler, escrever e a somar.

39. Desde a criação do Programa humanitário Tarará, em 1990, em resposta à catástrofe nuclear de Chernobil, cerca de 30 mil crianças 5 e 15 anos foram tratadas gratuitamente em Cuba.

40. Segundo Elías Carranza, diretor do Instituto Latinoamericano das Nações Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente, Cuba erradicou a exclusão social graças “a grandes conquistas na redução da criminalidade”. Trata-se do “país mais seguro da região, [enquanto que] a situação em relação aos crimes e à falta de segurança em escala continental se deteriorou nas últimas três décadas com o aumento do número de mortes nas prisões e no exterior”.

41. Em relação ao sistema de Defesa Civil cubano, o Centro para a Política Internacional de Washington, dirigido por Wayne S. Smith, ex-embaixador norte-americano em Cuba, aponta em um informe que “não há nenhuma dúvida quando à eficiência do sistema cubano. Apenas alguns cubanos perderam a vida nos 16 furacões mais importantes que atingiram a ilha na última década, e a propabilidade de se perder a vida em um furacão nos EUA é 15 vezes maior do que em Cuba”.

42. O informe da ONU sobre “O estado da insegurança alimentar no mundo 2012” aponta que os únicos países que erradicaram a fome na América Latina são Cuba, Chile, Venezuela e Uruguai.

43. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), “as medidas aplicadas por Cuba na atualização de seu modelo econômico com vistas a conseguir a soberania alimentar podem se converter em um exemplo para a humanidade”.

44. Segundo o Banco Mundial, “Cuba é reconhecida internacionalmente por seus êxitos no campo da educação e da saúde, com um serviço social que supera o da maioria dos países em vias de desenvolvimento e, em alguns setores, é comparável ao de países desenvolvidos”.

45. O Fundo das Nações Unidas para a População salienta que Cuba “adotou, há mais de meio século, programas sociais muito avançados, que permitiram ao país alcançar indicadores sociais e demográficos comparáveis aos dos países desenvolvidos”.

46. Desde 1959, e da chegada de Fidel Castro ao poder, nenhum jornalista foi assassinado em Cuba. O último que perdeu a vida foi Carlos Bastidas Argüello, assassinado pelo regime militar de Batista em 13 de maio de 1958.

47. Segundo o informe de 2012 da Anistia Internacional, Cuba é um dos países da América que menos viola os direitos humanos.

48. Segundo a Anistia Internacional, as violações de direitos humanos são mais graves nos EUA do que em Cuba.

49. Segundo a Anistia Internacional, atualmente, não há nenhum preso político em Cuba.

50. O único país do continente americano que não mantém relações diplomáticas e comerciais normais com Cuba são os EUA.

* Doutor em Estudos Ibéricos e Latino-americanos da Universidade Paris Sorbonne-Paris IV, Salim Lamrani é professor titular da Université de la Réunion e jornalista, especialista nas relações entre Cuba e Estados Unidos. Seu último livro se intitula Etat de siège. Les sanctions économiques des Etats-Unis contre Cuba, Paris, Edições Estrella, 2011, com prólogo de Wayne S. Smith e prefácio de Paul Estrade.


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