Opera Mundi – São Paulo - 20 junho 2013
Relatório divulgado hoje expressa "profunda preocupação" com abusos cometidos por soldados
Um órgão de
direitos humanos da ONU acusou as forças israelenses de maus-tratos a crianças
palestinas, incluindo tortura, confinamento e até mesmo o uso de algumas delas
como escudo humano, de acordo com um relatório liberado nesta quinta-feira
(20/06).
Segundo o texto do
Comitê da ONU sobre os Direitos da Criança, “crianças palestinas detidas por
militares e policiais (israelenses) são sistematicamente sujeitas a tratamento
degradante e muitas vezes a atos de tortura; são interrogadas em hebraico, uma
língua que não entendem, e assinam confissões em hebreu para serem libertadas”.
O Comitê também indicou que as crianças na Faixa de Gaza e na Cisjordânia,
regiões ocupadas por Israel na guerra de 1967, têm o acesso aos seus registros
de nascimento e aos serviços de saúde, escolas decentes e água potável
rotineiramente negado.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel se manifestou dizendo ter
respondido a um relatório da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância)
sobre os maus-tratos a menores palestinos em março e questionou se a
investigação da ONU traz fatos novos.
"Se alguém simplesmente quer ampliar seu viés político e bater na política
de Israel sem se basear em um novo relatório, em trabalho de campo, mas
simplesmente reciclando material antigo, não há nenhuma importância
nisso", disse o porta-voz Yigal Palmor.
O Comitê, por sua vez, diz ter obtido suas informações a partir de outros
grupos de direitos humanos israelenses, palestinos e da ONU, além de fontes
militares. De acordo com eles, Israel não atendeu aos pedidos de informação
para o relatório.
O documento,
composto por 18 peritos independentes, reconheceu as preocupações de segurança
nacional de Israel e que as crianças de ambos os lados continuam a ser mortas e
feridas, mas com mais vítimas entre os palestinos.
A maior parte das crianças palestinas presa é acusada de atirar pedras, o que,
segundo o relatório, pode levar a uma pena de até 20 anos de prisão. A
estimativa é que 7 mil crianças, entre 12 e 17 anos, mas algumas de apenas nove
anos, tenham sido presas, interrogadas e detidas desde 2002, gerando uma média
de duas por dia.
Além disso, muitos desses menores teriam sido levados acorrentados nos
tornozelos e algemados perante tribunais militares, enquanto os jovens seriam mantidos
em confinamento solitário, às vezes por meses.
O relatório destacou profunda preocupação com o "uso contínuo de crianças
palestinas como escudos humanos e informantes", dizendo que 14 casos foram
notificados somente entre janeiro de 2010 e março deste ano.
A denúncia feita é que soldados israelenses usaram crianças palestinas na
frente deles para entrar em edifícios potencialmente perigosos e ficar na
frente de veículos militares para deter lançamentos de pedras. Quase todos
esses militares permaneceram impunes ou receberam sentenças leves, segundo o
documento.
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