domingo, 25 de dezembro de 2011

PASSOS FALOU, ESTÁ FALADO – MAIS UMAS MENTIRAS PARA MAIS TARDE RECORDAR




ANTÓNIO VERÍSSIMO

Passos Coelho, o mentiroso que há seis meses foi empossado primeiro-ministro de Portugal, falou hoje ao país numa pretensa mensagem de Natal. Quem o escutar atentamente e se lembrar quanto já mentiu, para obter o cargo que ocupa, fica ciente de que este “parlapié” é mais do mesmo.

Na “conversa” ele diz que tem consciência disto e daquilo, das injustiças, dos problemas dos mais velhos e da juventude, etc, etc. E que assim, desse modo, graças a ter consciência, as reformas que vai implementar em 2012 terão por objetivo conseguir “grandes mudanças e transformações”. Isso já sabe a maioria dos portugueses: que nos vai tramar muito mais, com mais “mudanças e transformações”.

No estilo habitual, o PM falou e causou vómitos. Imensos portugueses que o escutaram só não vomitaram porque hoje ainda nada comeram, nem ontem, nem anteontem… Mas disso o Passos, o tal aldrabão agora PM, não fala. Dirá que é impossível existirem portugueses com fome porque a “caridadezinha” está a funcionar em pleno… Ele vive noutro país e noutro mundo. No mundo, em que prevalece o cor-de-rosa adornado com cifrões…

Não tem interesse fazer desta prosa algo alongado. Ele nem isso merece para o descompormos. O mentiroso falou e é caso para dizer que o que disse entrou nos nossos ouvidos a cem e saiu a mil, porque afinal aquilo que disse foi o que muitos já disseram e escreveram a criticá-lo e a apresentar como sendo necessário este governo fazer - uma vez que o mentiroso até disse que tem consciência da bodega que anda a fazer. Ele disse uma boa parte daquilo que considerou que os portugueses queriam ouvir, não disse o que vai fazer na realidade, que é tramar os do costume e privilegiar os de sua laia e aqueles da minoria que serve e onde se mistura e lucra.

Falou, está falado. Mais umas valentes mentiras para as notas de assentos daqueles que fazem coleção… para mais tarde recordar.

MENTIROSO FALA AO PAÍS COM O ESTILO HABITUAL... GRANDE LATA!



Passos lembra que 2012 vai ser um ano de «grandes mudanças»

TSF

O primeiro-ministro apontou 2012 como um ano de «grandes mudanças e transformações», que «incidirão com profundidade» nas «estruturas económicas».

Numa mensagem de Natal em que afirma que há «razões para olhar de frente o futuro com esperança», o primeiro-ministro declarou que «os portugueses têm sido corajosos e que o seu esforço vai valer a pena».

«2012 será um ano de grandes mudanças e transformações. Transformações que incidirão com profundidade nas nossas estruturas económicas», afirmou Passos Coelho.

Para o Chefe de Governo, «são estas estruturas que muitas vezes não permitem aos portugueses realizar todo o seu potencial, que reprimem as suas oportunidades, que protegem núcleos de privilégio injustificado, que preservam injustiças e iniquidades, que não recompensam o esforço, a criatividade, o trabalho e a dedicação».

«São estruturas que têm que ser mudadas», sublinhou.

Assim, o próximo ano será, afirmou Passos Coelho, «determinante», não só pelos «compromissos» que há que honrar, com «muitos objetivos orçamentais e financeiros para cumprir», mas sobretudo pelas «reformas estruturais a executar».

O primeiro-ministro disse querer que «o crescimento, a inovação social e a renovação da sociedade portuguesa venha de todas as pessoas, e não só de quem tem acesso privilegiado ao poder ou de quem teve a boa fortuna de nascer na proteção do conforto económico».

Estas reformas, que devem «nascer de baixo para cima», foram pensadas pelo Governo «para fazer dos homens e das mulheres de todo o país os participantes ativos na transformação e na recuperação de Portugal», sustentou.

O primeiro-ministro disse que desde que tomou posse há seis meses tem ouvido «muita gente de todo o país», com as suas «ansiedades por dívidas que não conseguiam pagar, frustrações por oportunidades que não aparecem, preocupações com o futuro dos seus filhos», mas que também lhe chegaram «palavras de coragem, de tenacidade e de esperança».

«Estou bem consciente das desigualdades e das injustiças de tantos aspetos da sociedade portuguesa», disse Passos Coelho, considerando que há estruturas e instituições, «tanto políticas e económicas», que «nem sempre estão à altura do serviço que têm de prestar».

*Título PG

É NATAL, DEIXEM OS POBRES EM PAZ



João José Cardoso - Aventar

Entrámos na vertigem da caridadezinha agora chamada de voluntariado, registo que será o do ano de 2012. Não vou agora discutir a mais hipócrita das formas de perpetuar a miséria, é natal e estou contagiado pelo espírito de paz, amor e peúgas. Mas há um limite de decência para a propaganda travestida de jornalismo: os pobres também têm direito ao anonimato e ao sossego, senhores, mesmo que não tenham capacidade de se defenderem da vossa falta de vergonha.

Porque não vão entrevistar o Américo Amorim e acompanham a sua triste consoada? porque não tem Ricardo Espírito Santo direito a uma perguntinha sobre o bacalhau e se estava bem servido? porque não se questiona Belmiro de Azevedo sobre o frio de dezembro e se confirma se teve agasalhos que o abrigassem na noite da consoada?

É mais fácil ir para a rua e para as cozinhas económicas deste mundo entrevistar voluntários muito cristãos (excepto na soberba, no ódio ao franciscano e no esquecimento do velho princípio de que a caridade não se exibe) e sobretudo os desgraçados que além da indigência ainda levam com a devassa da sua privacidade, e essa é a miséria do jornalismo desta quadra. Mas será só por ser mais fácil?

Eu sei que quando um pobre escorrega cai logo em cima de um monte de merda mas um pouco de decência nas televisões ficava bem, ao menos no natal.

PORTUGAL, A EUROPA E O MUNDO




RENATO N. PEREIRA - BARLAVENTO

Já tem algumas semanas a notícia de ter a Palestina sido admitida na UNESCO. Mas vale a pena voltar ao assunto.

As autoridades comunitárias pediram aos estados europeus para votarem todos no mesmo sentido, pela abstenção. Portugal anuiu. O Ministro dos Negócios Estrangeiros explicou e muito bem que a Europa devia votar a uma só voz. Mas a Europa mostrou-se desunida e houve votos para todos os gostos. Os EUA amuaram e decidiram suspender a entrega do montante que lhe cabe no orçamento da UNESCO e que pesa 22% nas receitas desta organização. De uma só vez, o Mundo Ocidental mostra a fosso em que se está a afundar.

Perante a ascensão da China e de outras potências emergentes, que votaram, em grande parte a favor da Palestina, a Europa apresenta-se fragmentada. Os EUA isolam-se. Vai ser fácil aos BRIC fazerem um brilharete e assumirem uma parte importante do que os EUA dizem deixar de pagar.

A Europa e o seu peso demográfico, económico e político, está-se a ver, não existe. No dia em que for preciso falar a sério com a China, como vai ser? A Europa imperou no Mundo, durante séculos e muitas vezes mal. E está-se a por a jeito para ser dominada pelos BRIC. Pior, o Ocidente está dividido. Perante a China, não chega uma Europa unida. É essencial que a União Europeia, os EUA e o Canadá, no mínimo, se articulem e negoceiem com a China com uma posição única. O assunto deveria ser o de integrar o euro com o dólar e não a sobrevivência do euro.

O Ocidente está desunido. A China poderá assim escolher: se for suficiente aos seus intentos, vai manobrando entre desavenças do Ocidente e levando as suas posições avante. Mas, se tiver dificuldades, pode sempre ter uma posição imperialista, sem se sentir desautorizada para tal, já que pode desculpar-se com o que sofreu no passado às mãos da Europa. E pode sempre arranjar uns quantos Estados ocidentais que lhe sejam favoráveis.

A humanidade atingiu um grau de civilização, quer na sua capacidade destrutiva, quer na reflexão sobre as vantagens em o evitar, que decerto levará as novas potências a evitar os erros do passado, a começar pelo imperialismo. Mas o Ocidente não deve contar com tal demonstração de civilização e descurar a sua capacidade negocial com as novas potências.
Perante a crise económica que será demorada, é assim que o Ocidente se apresenta ao Mundo?

Como quer o Ocidente (Europa e EUA) negociar com a China a valorização da moeda chinesa, favorecendo simultaneamente as exportações europeias e norte-americanas e a diminuição das nossas importações? Como queremos (Europa e EUA) negociar na OMC as questões de dumping social e ambiental da indústria chinesa?

A questão da adesão da Palestina à UNESCO não é um assunto menor, mas é, apesar de tudo, apenas um aspeto. Os desafios económicos entre blocos são muito mais do que uma questão. É tão só a sobrevivência da Europa e do Ocidente o que está em causa. E se, na UNESCO a Europa se mostra tão desunida, não sendo sequer exequível pensar em se articular com os EUA. Como espera em questões essenciais ter capacidade para negociar com os BRIC?

Está visto que Portugal tem de por um olho na UE e outro na CPLP, incluindo Timor e Macau, para estabelecer, por si, uma estratégia de sobrevivência internacional na eventualidade de falência do projecto da União Europeia. Esta foi a estratégia seguida desde os anos 90, embora com uma evolução relativamente lenta, de valorizar Portugal no Mundo por estar na UE e ganhar peso na UE por nos apresentarmos como portadores de uma língua e cultura com presença em todo o planeta.

*Economista no CHBA, docente da Faculdade de Economia da UAlg, membro www.vialgarve.org, renato.pereira@criarvalor.com

LOBBIES PASSAM INFORMAÇÃO PARA DESACREDITAR ANGOLA




GABRIEL BUNGA – JORNAL DE ANGOLA, com foto

O embaixador de Angola em Portugal disse existirem alguns círculos naquele país da Europa que fazem lobbies que visam passar informações negativas sobre Angola para desestabilizar o país e desacreditar as instituições do Estado. Em entrevista exclusiva ao Jornal de Angola, à margem da reunião de embaixadores angolanos, decorrida em Luanda, Marcos Barrica afirmou que a Missão diplomática em Portugal mantém informada a comunidade angolana sobre o país e que um dos instrumentos que usa é o desporto, através do torneio “Angola avante”.

JORNAL DE ANGOLA (JA) - Como estão as relações entre Angola e Portugal?

MARCOS BARRICA (MB) - Tal como temos dito várias vezes e a diferentes níveis, as relações estão bem! São relações intensas, favoráveis e recomendam-se.

JA - O que é que a Embaixada faz para mobilizar os angolanos para regressarem ao país?

MB – A comunidade angolana em Portugal é heterogénea. Está estratificada em diversos escalões, em função do tempo em que lá estão, em função dos motivos e interesses que levaram à sua ida para lá. Há angolanos que estão lá há mais de 30 anos. Uns foram por altura da independência, outros estão lá há muito mais tempo e outros ainda foram depois do recrudescimento do conflito armado em Angola, à procura de melhores condições de vida. Há também os que nasceram lá. Há os que conhecem melhor a nova Angola e há aqueles que desconhecem, porque as fontes de informação são diversas, mas a nossa missão diplomática tem vindo a passar uma informação real.

JA – Disse que há muitas fontes de informação. Que fontes são essas que refere?

MB - Portugal é uma placa giratória onde há muita intoxicação de informação e que nem sempre é verdadeira. Há muitos lobbies e focos que estão a passar informação, intencionalmente negativa, sobre Angola para desestabilizar o país, para desacreditar as instituições. Mas há um trabalho que está a ser feito, na medida do possível, de modo a que se possa dar informação credível e real sobre o que se passa em Angola. Há os que estão interessados em vir para o país, sobretudo aqueles estudantes que concluíram os seus cursos. Lá há dificuldades de emprego e cá, com maior ou menor dificuldade, pode-se encontrar uma oportunidade de emprego. Aliás, é sua obrigação virem desempenhar o seu papel no jogo do desenvolvimento do país.

JA - De que forma a diplomacia angolana reage contra estes focos de informação a que o senhor embaixador se refere?

MB – Temos um sector de imprensa que tem um jornal mensal, para além de uma revista que circula nos meios diplomáticos. Mas também temos intervenções pontuais nas entrevistas que prestamos aos órgãos de informação portugueses e nos encontros com a comunidade. Passamos igualmente a informação sobre o país nos colóquios nas universidades. Também estamos de parabéns porque a nossa Televisão Pública de Angola tem um canal internacional e aqueles que têm acesso a este canal usufruem das informações que lhes chegam. Contamos também com a Angop e o Jornal de Angola que também são lidos lá. Ainda assim, precisamos é de um sistema de informação mais sistematizado, mais coordenado e articulado.

JA – Portugal é um dos países mais afectados pela crise na zona Euro. Como tem a comunidade angolana aqui tem resistido a essa crise económica?

MB – Como deve calcular, se os próprios portugueses têm dificuldades sérias decorrentes desta crise muito mais têm aqueles que não são portugueses. Temos no seio da comunidade angolana situações de grandes dificuldades para obter emprego, uns têm empregos temporários e até sazonais e a comunidade é vasta e os problemas existem. A Embaixada não é uma entidade empregadora que acolha toda a comunidade e não pode fazer nada para acudir neste aspecto particular as necessidades desses aflitos. A nossa orientação é no sentido daqueles que têm algum ofício, algum conhecimento ou algum saber, buscarem oportunidade no seu próprio país.

JA - Que tipo de vistos os portugueses solicitam mais quando pretendem vir para Angola?

MB - Os vistos são diversificados e concedidos pelos serviços consulares. Temos os vistos ordinários, os turísticos e de trabalho. Grosso modo, os vistos mais solicitados são os vistos ordinários, dos que vêm em visita. Os cidadãos que pedem vistos extraordinários vêm para muitos fins. E muitos dos fins, pelo que nós sabemos, é de vir explorar o mercado de emprego ou para negócios.

JA – O acordo de facilitação de vistos, assinado este ano, tem facilitado o processo?

MB – Efectivamente! Veio facilitar, dada a intensidade migratória e a circulação dos cidadãos dos dois países. Devo dizer que há muita solicitação de pessoas que querem vir trabalhar em Angola. Isso resolve-se no contexto dos vistos de trabalho, que também foram acautelados no novo acordo de facilitação de vistos que foi assinado. Estes vistos de trabalho são vistos de curta duração, que não exigem longo tempo de permanência e trabalhos de longa duração.

JA - Em que áreas estão formados os portugueses que mostram interesse em vir trabalhar em Angola?

MB – Temos os domínios da indústria, a construção e também os serviços. A construção é a que absorve a maior parte dos cidadãos portugueses cá. Mas temos também a indústria extractiva e os serviços de telecomunicações e transportes. Vêm ainda outros no domínio da ciência e tecnologia. Há muitos professores nas academias, porque há uma intensidade nas relações entre as universidades e isso é muito bom. Para além daqueles que vêm em turismo.

JA - Que balanço se pode fazer da acção da Embaixada angolana em Portugal?

MB - Este ano foi um ano extraordinariamente bom em termos de movimentação diplomática entre Angola e Portugal, como de resto tem sido quase norma. Mas este ano se deve destacar a vinda a Angola do senhor primeiro-ministro, Dr. Passos Coelho, do ministro dos Negócios Estrangeiros, Dr. Paulo Portas, no âmbito da reunião da CPLP, a visita a Portugal do ministro das Relações Exteriores de Angola, Dr. Georges Chikoti, durante a qual foram celebrados importantes acordos, como, por exemplo, o acordo de facilitação de vistos entre os dois países. Também foi celebrado um acordo de formação entre o Instituto Diplomático Português e o Instituto de Relações Internacionais de Angola, no domínio da formação de quadros e troca de informação.

JA - E no âmbito da CPLP, cuja sede se encontra em Portugal?

MB – Houve uma movimentação nesse domínio. Passaram lá várias delegações angolanas na CPLP, cuidaram dos respectivos dossiers e sempre com a intervenção angolana.

JA – E o trabalho com as comunidades?

MB - A Embaixada de Angola entendeu dar maior atenção às comunidades. Embora seja uma área específica dos consulados, entendeu que esta deve ser cuidada com maior atenção. É importante manter os angolanos unidos. Tal como disse no princípio, temos uma comunidade diversificada e era importante manter o sentimento de angolanidade presente, fazer com que aqueles que estão longe da pátria se sintam presentes, para que tenham momentos de lazer e de convívio, momentos de exaltação patriótica. Achamos que a melhor forma de fazê-lo é realizar actividades interactivas, que movimentam multidões e o desporto é um desses instrumentos poderosos para aproximar pessoas, congregá-las e orientá-las numa determinada direcção.

JA – Como têm feito isso?

MB – Institucionalizámos, há dois anos, o torneio “Angola avante”, que tem uma grande adesão da comunidade angolana na diáspora, mas também envolve outras comunidades dos PALOP na diáspora. Este torneio tem vindo a ser referenciado e tem recebido vários elogios porque os angolanos sentem que é um momento particular. Todo o mundo espera que por altura de Novembro haja estas edições. Também estamos a realizar outras actividades para manter essa ligação.

JA – Que actividades são essas que se refere?

MB - Estamos a intensificar encontros com os homens da cultura. Temos muitos artistas, cantores, artistas plásticos e escritores e a ideia tem sido no sentido de incentivar essa gente a regressar ao país. Por isso, quando realizamos exposições culturais pretendemos mostrar o que é Angola e temos aproveitado as efemérides para divulgar o país. Tivemos um ano bom e desejo continuar a realizar coisas que enalteçam a imagem de Angola no estrangeiro, em Portugal em particular, e que levem os cidadãos a voltarem para o seu país. Penso que isso é possível.

Últimas notícias

O NATAL DE CORPO E ALMA




FILOMENO MANAÇAS – JORNAL DE ANGOLA, opinião – A Palavra do Diretor

O mundo cristão celebra hoje o Natal e os angolanos mergulharam de corpo e alma na festa que exalta os valores da família e da solidariedade humana. Os angolanos têm motivos de sobra para assinalar a data com renovadas energias e forte presença de espírito porque souberam suplantar grandes obstáculos e a reconstrução do país continua a somar resultados positivos. Quer no plano económico, quer no social, quer no político, o somatório de ganhos infunde confiança no futuro e é com redobrada satisfação que se constata que o país inteiro se engaja na grande tarefa de transformar Angola numa economia de progresso constante em busca do desenvolvimento.

A grande prenda que há nove anos faz a diferença e catapulta todos os angolanos para a construção de um país melhor é a paz conquistada em 2002. A paz tem um valor incalculável e sem ela os angolanos não teriam conhecido os avanços que hoje são visíveis a olho nu e que são motivo para que Angola continue a receber elogios de várias instituições económicas e financeiras internacionais sobre o seu desempenho.

Hoje é possível o reencontro de famílias antes separadas pela guerra, hoje os angolanos celebram a grande vitória que é a possibilidade de escolherem o ponto do país onde pretendam passar a quadra festiva com os familiares e ente queridos, enfim, a paz e a estabilidade política são uma realidade indesmentível graças ao trabalho esmerado do Executivo na sua conquista mas também em assegurar todos os anos a sua consolidação.

Quem antes do final da guerra encontrava constrangimentos de vária ordem para conviver com os seus sabe o valor que essa grande aquisição representa hoje para o país, traduzido em estradas reabilitadas que tornaram a ligar várias localidades, em escolas e hospitais (re)construídos onde antes só havia ruínas, em novas habitações que surgem e dão lugar a novas cidades.

As famílias angolanas desfrutam a cada ano que passa de melhores condições e oportunidades de realização na vida pessoal, social e profissional e é forte o sentimento de que com o esforço de todos estamos a conseguir mudar a face do país, da nossa Angola.

O Natal é ocasião para revisitar familiares e amigos e por isso a quadra festiva acaba por servir como mais uma oportunidade para reforçar o sentimento de fraternidade, de irmandade. É comum também por esta altura fazer-se o balanço das realizações conseguidas ou não. Cada obra efectuada é um ganho para o país. As famílias são chamadas a dar o seu melhor para que o país possa superar rapidamente as fracturas da guerra. E são chamadas a fazê-lo por via das diversas formas de contribuição dos seus membros, que vão desde a obtenção de bons resultados nos estudos e na formação académica e profissional à implementação com êxito de um determinado empreendimento, o que acaba por reverter em benefício da economia nacional e constitui uma forma de ajudar o Estado a combater as assimetrias.

Os programas de combate à fome a à pobreza e de inclusão social traduzem o desejo genuíno do Executivo de que os angolanos possam ter uma vida condigna. Por isso estamos certos de que, desde 2002, a cada ano que passa a festa de Natal tem sido melhor para as famílias angolanas. Foram vencidas as angústias que antes pairavam nas mentes e dilaceravam os corações de muitos angolanos. A paz é hoje uma força que arrasta o país para mudanças que não admitem recuos no caminho do progresso.

MEDO E RESIGNAÇÃO, NÃO!




CARVALHO DA SILVA – JORNAL DE NOTÍCIAS, opinião

Nesta quadra de Natal e fim de ano, sem deixarmos de ser realistas e objectivos na análise dos tempos que vivemos, até porque o binómio individualismo/consumismo não desapareceu da sociedade, impõe-se um esforço acrescido na busca de mensagens positivas.

Tenho para mim que, perante grandes dificuldades, a atitude construtiva e eficaz que um ser humano pode assumir é olhar os problemas com determinação e rigor, não desistir da vida (nunca) e decidir avançar para o combate com coragem, sacudindo medos e resignações, disposto a vencer. E, quando os problemas são de todos, é por esse caminho que se faz despertar a "alma colectiva" que impulsiona o avanço da sociedade.

A sujeição amorfa, o aprisionamento dos temores, o imobilismo do susto, jamais contribuíram para as respostas necessárias em momento difícil e muito menos podem ser forma de viver prolongado na expectativa de que desses estados de vida emanará um novo impulso de progresso. No caminhar das sociedades, quando se foi por aí sempre correu mal, por vezes muito mal.

Estamos a viver o que o meu amigo e prestigiado sociólogo António Casimiro Ferreira (ACF) chama de sociedade da "austerização" caracterizando-a por, entre outros aspectos, os poderes dominantes (em regra não eleitos) e os governos ao seu serviço, buscarem a legitimidade e credenciação das suas políticas violentas nas inevitabilidades, na exploração dos medos e resignações inerentes à "não existência de alternativas", na emergência da mentira, na imposição de conceitos e mitos manipulados, na inculcação da negação do futuro.

Nesse processo assistimos à desconstrução do valor do trabalho, do direito do trabalho, da cidadania, que agora nos é apresentada, criminosamente, como a resultante de um conjunto de produtos que se adquirem no mercado e debaixo das regras do mercado. E, para estas governações neoliberais e retrógradas, a estrutura e funções do Estado também se podem contratualizar no mercado.

Quando as políticas em curso nos afundam na recessão económica e no empobrecimento a pique, quando o que está delineado pelo Governo no plano social e laboral nos conduz à pobreza (também porque nos roubam o acesso à saúde, ao ensino, à protecção social ou à justiça), quando nos querem impor mais 30 dias de trabalho por ano sem receber e a abdicar de 2 a 3 salários, quando o impacto dessas políticas pode provocar o desemprego de mais 200 mil trabalhadores e trabalhadoras num espaço muito curto, não pode haver hesitações: é preciso, com confiança, ir à luta e construir na sociedade denominadores comuns que afirmem caminhos alternativos de políticas e de governação.

O professor Jorge Leite, provavelmente o mais sólido jurista português que se debruça sobre o trabalho, refere, a propósito da tentativa de aumento do horário de trabalho em mais 2,5 horas por semana, que tal objectivo se configura como trabalho forçado ou novo "imposto", espécie de reposição da corveia da sociedade medieval. Corveia significa "Trabalho ou serviço gratuito que o servo devia prestar ao suserano".

Como diz ACF é preciso afirmar a ética da indignação. Os trabalhadores e povo português vão ser capazes de dar a volta à situação e ganhar o futuro!

Como ser humano (cidadão) empenhado na sociedade, que sente o presente do seu país carregado de expressões de malvadez e perigos, e também de desafios (num contexto de descalabros a nível europeu e global), mas que ao longo da sua vida já viu e participou numa excepcional transformação social e política que tantos sonhos individuais e colectivos concretizou, desejo para 2012 que:

- os portugueses não cedam ao medo e à resignação e, em vez de prepararem o kit da emigração, se mobilizem e lutem pelos seus direitos e pelo futuro do seu país;

- os jovens afirmem, com determinação, não aceitarem uma vida pior que a dos seus pais ou avós;

- avance a luta contra a pobreza, a injustiça e as desigualdades, pela dignidade e pela solidariedade, pela soberania dos povos e países, pois assim poderemos evitar grandes catástrofes ou guerras.


Portugal - Greve Maquinistas: Mais de dois mil comboios cancelados desde sexta-feira



TSF

A greve dos maquinistas da CP já provocou o cancelamento de mais de dois mil comboios, tendo hoje sido suprimidos 121 e circulado 36, até às 10h00, adiantou a porta-voz da empresa.

Este domingo e até às 10h00 deveriam ter circulado 157 comboios, mas só se realizaram 36 em todo o país, estes ao abrigo dos serviços mínimos decretados pelo tribunal arbitral do Conselho Económico e Social (CES), salientou Ana Portela que neste período da manhã já haveria muito menos comboios, comparativamente a sexta-feira e sábado.

«Hoje haveria mais comboios seguramente da parte da tarde e, sobretudo, vários comboios de longo curso [por causa das pessoas que regressam a casa depois do Natal] que não se vão realizar», antecipou.

A greve de maquinistas da CP que hoje cumpre o terceiro dia provocou já o cancelamento de 2013 comboios, tendo na sexta-feira sido suprimidos 1248, sábado 644 e hoje, até às 10h00, foram 121 os comboios que não circularam.

A greve, agendada pelo sindicato dos maquinistas, começou à meia-noite de sexta-feira e prolonga-se até domingo, numa primeira fase, tendo como objectivo contestar os processos disciplinares ilegais alegadamente interpostos pela empresa.

A paralisação está também marcada para 1 de Janeiro e ao trabalho extraordinário até ao final deste mês.

O presidente do sindicato dos maquinistas, António Medeiros, disse na sexta-feira à Lusa que a greve estava a contar com a «adesão da totalidade» dos associados da estrutura, ou seja, 1200 maquinistas da CP.

A CP estima um prejuízo de 2,5 milhões de euros com a greve da época natalícia.

Portugal: EUSÉBIO DEVE PASSAR FIM DE ANO EM CASA




O antigo futebolista «está a evoluir bem» e «deve passar para um quarto» na segunda-feira. O director clínico do Hospital da Luz está confiante de que Eusébio já vai passar o Fim de Ano em casa.

«Está a evoluir de uma forma favorável. Do ponto de vista clínico, radiológico, e laboratorial está melhor, mas não suficientemente bem para se diminuir a vigilância. Permanece nos cuidados intermédios e amanhã [segunda-feira] é provável que passe para um quarto», afirmou José Roquette à TSF.

O director clínico do hospital lisboeta acrescentou que Eusébio «passou a consoada com a família até cerca da meia-noite».

«Se continuar a evoluir assim admito que possa passar o Fim de Ano em casa», revelou José Roquette.

Eusébio, que completa 70 anos em 25 de Janeiro, deu entrada no Hospital da Luz na segunda-feira (19 de Dezembro) com um quadro de pneumonia bilateral, sendo dois dias depois transferido para os cuidados intensivos, onde permaneceu até sábado, quando passou para os cuidados intermédios.

Portugal: CP CONDENADA A PAGAR MILHARES DE EUROS A CADA MAQUINISTA





Na sequência do acórdão do Supremo Tribunal de Justiça datado de 16/12/2010 o SMAQ, sindicato dos maquinistas, anunciou em comunicado datado de 14/12/2011 que “FACE À RECUSA DA CP EPE/CP CARGA DO PAGAMENTO DOS DÉBITOS SALARIAIS AOS MAQUINISTAS/TRACÇÃO, O SMAQ INDICOU BENS À PENHORA NA ACÇÃO DE EXECUTAÇÃO DA SENTENÇA DA RETRIBUIÇÃO VARIÁVEL, HOJE, 14DEZEMBRO 2011: OS BENS MÓVEIS E IMÓVEIS DA SEDE DA CP; TODOS OS VEÍCULOS AUTOMÓVEIS; CRÉDITOS DA CP PERANTE A ADMINISTRAÇÃO FISCAL; DEPÓSITOS BANCÁRIOS E TODAS AS RECEITAS DE BILHETEIRA DE Lx. ORIENTE, Stª. APOLÓNIA, ROSSIO, CAIS DO SODRÉ, CAMPANHÃ, S. BENTO E COIMBRA-B.

O montante em causa, nesta primeira fase, é 152.669,43 €; atingindo até 2006 o valor de 14.000.000 € para a totalidade dos associados, acrescendo ainda juros de mora e o pagamento dos anos seguintes a 2006. Quando o Presidente da CP EPE/CP Carga afirma que cumpre as Leis da República, deve cumprir também, num Estado de Direito Democrático as sentenças do Supremo Tribunal de Justiça, como é caso/acórdão – processo nº2065/07.5TTLSB”. PONTO!


MACAU VOLTA A SER PORTO DE ABRIGO PARA PORTUGUESES




SOL, com foto – LUSA

A poucos meses dos 500 anos da chegada dos portugueses a Macau, o "porto de abrigo" do Oriente volta a estar na rota de Portugal e dos que querem dar a volta à crise europeia.

Com idades entre os 30 e os 45 anos, um currículo académico de nível superior, alguns dos "novos portugueses" em Macau possuem um desejo comum: trabalho e crescimento profissional.

Natacha Morais, 36 anos, chegou a Macau há seis meses, deixando para trás marido e filhos pequenos, que hão-de juntar-se-lhe em Janeiro. Tem tudo para ser chamada de "mãe coragem", mas rejeita o título. "Coragem é não ter dinheiro para pôr comida na mesa ao fim do dia e não fazer nada para mudar as coisas", afirmou a professora de inglês, que durante dois anos viveu entre o trabalho precário e o recibo verde em Portugal.

A decisão de ser ela a "vir à frente" foi tomada porque Macau precisa sobretudo de mão-de-obra com formação superior, e Natacha Morais era a única do casal que correspondia aos requisitos. Ainda assim, demorou cinco meses a arranjar trabalho e encontrou-o na escola chinesa.

Motivado pelas mesmas circunstâncias económicas, "Bibito" (Henrique Silva), 44 anos, chegou a Macau em Setembro, mas com a vantagem de já conhecer "os códigos" do território, uma vez que foi na Macau da década de 1990 que "nasceu" profissionalmente.

A transferência da região para a China em 1999 marcou o regresso a Portugal. Mas 12 anos depois voltou a uma cidade com um mercado mais competitivo, com cada vez mais casinos e muito menos aspecto de aldeia. Com uma diferença face a Portugal: "Lá andamos todos deprimidos e aqui há uma aura positiva".

"Aqui uma pessoa pode pensar a longo prazo; pode pensar em férias, em comprar uma casa, em ter um projecto de vida", explicou o designer, actualmente a estabelecer uma agência de publicidade em Macau.

Além dos que regressam ao "porto de abrigo" como Bibito, muitos mais pisam o Oriente da calçada e língua portuguesa pela primeira vez.

Joana Fernandes e Gonçalo Rocha, de 30 e 33 anos, são o exemplo de um casal “chegado de fresco”, com um percurso idêntico ao de muitos jovens licenciados portugueses.

Ele era administrativo durante o dia e chefe num restaurante à noite, ela, com currículo na gestão hoteleira, estava sem trabalho.

Em meados de Outubro, tentaram a sorte em Londres, mas o "clima", a "segurança", e a oportunidade de fazer "currículo" na Ásia fizeram com que nem olhassem para trás quando surgiu o convite para Macau.

"Aqui há muito emprego, principalmente na parte da hotelaria e turismo. Uma pessoa que diga que esteve na Ásia ou em Macau a trabalhar, faz um currículo muito bom e por isso é uma oportunidade", lembrou Joana, logo apoiada pelo namorado que sublinhou a grande mais-valia de a economia local estar "a crescer cada vez mais".

É aliás esta dinâmica da Ásia que justifica o fluxo de novas caras a falar português em Macau.

"Compreendo perfeitamente a situação difícil que se está a viver lá [Portugal] e que as pessoas tenham de procurar oportunidades noutros locais. Fico muito feliz por Macau ter oportunidades para oferecer às pessoas. E claro que têm de agarrá-las, especialmente agora que vai piorando a crise", salientou o advogado, José Maria Abecassis.

O jurista ainda a concluir o estágio chegou a Macau com a família aos sete anos e hoje, aos 31, é o único de 12 irmãos que permanece na região, tendo-se ausentado uma única vez, entre 2000 e 2004, para iniciar o estudo de Direito em Lisboa, curso esse que viria a concluir "em casa".

"Sou mais um macaense que regressou à terra do que um português que fugiu à crise", assume, ao comentar que "Macau pode dar uma oportunidade para as pessoas ganharem de novo a vida". Portugal a partir de agora, “só de férias", concluiu, resumindo o estado de alma dos recém-chegados.

O número de portugueses em Macau e Hong Kong é de cerca de 130.000. A grande maioria é de origem chinesa, entre 3.000 a 3.500 são oriundos de Portugal e entre 10.000 a 15.000 são os chamados macaenses, naturais de Macau com origem chinesa e portuguesa.

Ao contrário de outras nacionalidades, os portugueses que chegam a Macau com um contrato de trabalho passam a ser titulares do bilhete de identidade de residente não permanente.

Mas após sete anos de residência com contrato de trabalho, assumem o estatuto de residentes permanentes, passando a ter os mesmos direitos de todos os outros cidadãos, menos desempenhar cargos no governo, embora possam candidatar-se a deputados à Assembleia Legislativa.

São Tomé: PR diz que não haverá estabilidade enquanto existir miséria e desemprego




MYB – LUSA, com foto

São Tomé 25 Dez. (Lusa) - O presidente são-tomense Manuel Pinto da Costa garantiu que enquanto houver miséria, pobreza e desemprego, será difícil garantir a estabilidade, paz e tranquilidade no seu país.

"Enquanto houver miséria, pobreza, gente sem trabalho, gente sem esperança, vai ser muito difícil garantirmos a estabilidade, paz e tranquilidade na nossa república", disse Pinto da Costa durante a ceia com os militares das Forças Armadas, realizada na noite de sábado no quartel.

O chefe de estado são-tomense sublinhou ainda que o arquipélago "tem todas as condições para proporcionar felicidade aos seus filhos", mas para isso "é preciso muito trabalho e muita justiça".

"Se houver trabalho poderemos produzir riqueza e essa riqueza se não for distribuída para que todos os são-tomenses possam beneficiar dela, então teremos sempre miséria e pobreza na nossa terra".

Pinto da Costa lançou por isso um desafio: transformar 2012 no "ano de arranque de São Tomé e Príncipe".

"Com a determinação lá onde nós estivermos, fazermos o melhor para realmente sairmos desse círculo eterno de pobreza e miséria. É isso que está a destruir o nosso país" acrescentou Pinto da Costa, acreditando que "2012 vai trazer mais esperança numa vida melhor para todos".

Ao exército são-tomense, Pinto da Costa expressou um desejo. "Gostaria de poder celebrar o natal de 2012 aqui, noutras condições: com maior alegria, mas também com maior disciplina porque quando se lia a mensagem do comandante vocês falavam, isso não pode ser", lamentou Pinto da Costa.

Este ano termina para os militares das Forças Armadas são-tomenses com a aprovação da revisão da Lei da Defesa Nacional e das Forças Armadas e Programação militar.

Por aprovar ficaram o Estatuto Militar, Lei das Forças Armadas, do Exército e da Guarda Costeira, Lei de Continência e Honras Militares e o Conceito Estratégico Militar.

Um conjunto de diplomas que segundo o comandante do exército, Idalécio Pachire, irá "alterar o quadro jurídico e estrutural das Forças Armadas, tornando-as mais operacional".

Sistema de aluguer de bicicletas conquista os cariocas e torna-se moda no Rio de Janeiro




FYRO – LUSA, com foto

Após um lançamento pouco empolgante, há cerca dois anos, o sistema de bicicletas do Rio de Janeiro, que chegou a ter suas atividades paralisadas, voltou para ficar, com adesão maciça de cariocas e estrangeiros.

Totalmente remodelado e com 50 novas estações, a versão modernizada do programa Bike Rio foi relançada há dois meses - tempo suficiente para que mais de 18 mil pessoas realizassem o registo no sitio de internet para adquirir um passe mensal.

Ao todo, foram cerca de 70 mil viagens feitas nesta período sendo que um único domingo somou 2.800 retiradas de bicicletas.

Lançado inicialmente em janeiro de 2009, o sistema de aluguer de bicicletas sofreu com furtos e vandalismos logo após a abertura das primeiras estações. Ao todo, eram 19 pontos de retirada que ofereciam 200 bicicletas.

Nesta etapa, que funcionou até agosto deste ano, o projeto teve cerca de 600 utentes inscritos e o uso das bicicletas não ultrapassava 200 viagens por dia.

"A falta de patrocinador para viabilizar economicamente o projeto, que não recebe recursos públicos e depende exclusivamente da receita dos usuários e de investimentos privados, foram os principais problemas da primeira versão", destacam os responsáveis do novo sistema, que agora conta com o patrocínio de uma rede de bancos privada.

Os responsáveis destacam que as bicicletas foram remodeladas, bem como o sistema de traves de segurança. As estações passaram a ser interligadas por rede GSM e 3G que permitem que a central controle os velocípedes 24 horas por dia.

"Eu gosto demais, achei a ideia sensacional. É bom para a qualidade de vida e para a sustentabilidade do planeta", elogia a funcionária pública Mónica Borges, que disse utilizar para lazer o sistema numa média de três vezes por semana.

A utilizadora admite, no entanto, que o trajeto até ao centro da cidade pode ser "complicado" para quem não conhece bem o caminho, além do inconveniente do trânsito.

"Funciona muito bem para quem é da zona sul [região próxima à orla da praia, que possui ciclovia], e para ir de um bairro a outro pela praia", opina.

A advogada Monique Baeta, moradora de Copacabana, concorda que o uso será mais para as horas de ócio do que para o transporte público.

"Achei o sistema muito interessante e tenho utilizado como lazer. Agora, para o trabalho, não acredito que ninguém use. Não dá para imaginar você saindo toda arrumada para ir trabalhar e ir de bicicleta nesse calor de 40 graus do Rio de Janeiro", observou.

As informações sobre as estações de maior fluxo confirmam a tendência. As que registam maior retirada de bicicletas encontram-se próximas à orla de Copacabana ou no redor da Lagoa Rodrigo de Freitas - as preferidas dos cariocas para a prática de desporto.

O pico de uso, no entanto, indica que pode haver muita gente que as utiliza como meio de transporte. A maior parte da viagens ocorre entre as sete e dez da manhã e, em seguida, entre as cinco e oito horas da noite.

O suíço Matthias Barfuss está entre os que se animam a usar o meio de transporte para se movimentar. "Uso como transporte para ir à praia e encontrar com amigos que moram em outro bairro. Agora vou até Ipanema, onde vou jogar futebol", afirmou o professor de alemão, há um ano a viver no Rio.

O projeto Bike Rio enquadra-se na estratégia de incentivo do uso da bicicleta adotada pela Prefeitura do Rio de Janeiro que vê no meio de transporte a melhor alternativa para reduzir as emissões de carbono e melhorar o trânsito caótico da cidade.

Nesse momento, estão em andamento diversos projetos de expansão da malha de ciclovias da cidade, que deverá duplicar sua extensão dos atuais 150 quilómetros para 300 quilómetros, até o final de 2012.

PADRE PORTUGUÊS REÚNE LIVROS PARA APOIO AOS ESTUDANTES



LYR – LUSA, com foto

Nampula, 25 dez (Lusa) - José Luzia Gonçalves, padre católico há 40 anos em Moçambique, lidera uma "operação" de angariação de livros literários e de investigação científica em várias editoras e livrarias portuguesas para apoiar estudantes do ensino secundário, universitário e técnico-profissional em Nampula, norte.

O projecto visa proporcionar aos amantes da leitura, oportunidades de acesso ao material bibliotecário e contribuir para o avanço da educação, cultura e consequente adesão às novas tecnologias de informação e comunicação numa província com cerca de 12 mil estudantes.

Antigo diretor da Rádio Encontro e da Escola Polivalente São João Baptista de Marrere, Padre Luzia é um dos fundadores da Naiwanana (se nos unirmos), Associação para o Apoio a Estudantes que na quinta-feira abriu formalmente uma biblioteca, com mais de duas mil obras, na capital provincial de Nampula.

"Alguém pensou em multiplicar universidades, mas não pensou em criar livrarias", disse à Lusa José Luzia Gonçalves.

"Se soubermos somar as nossas energias individuais poderemos fazer deste espaço uma coisa muito bonita", considerou.

De acordo com o sacerdote, a biblioteca faz parte de um rol de projetos que a associação Naiwanana pretende desenvolver a partir do próximo ano. As ações daquela integram ainda a construção de um lar no bairro de Marrere, na fase de conclusão. A infraestrutura, com capacidade inicial para 16 camas, poderá albergar estudantes com problemas de alojamento na cidade de Nampula.

Luzia disse que está a idealizar um programa denominado "Restudante", ou seja, "Residência/Estudante para minorar o drama de falta de acomodação" por parte de muitos estudantes que pretendem prosseguir com os seus estudos em Nampula.

O "Restudante" vai abrir espaço para que várias famílias obtenham créditos, através de instituições financeiras, para construírem pequenos apartamentos que possam arrendar aos estudantes, mediante um pagamento simbólico.

De resto, esta experiência já está a ser implementada na cidade do Maputo desde 1996, pela extinta Associação dos Estudantes do Norte, atualmente transformada em Naiwanana.

Segundo José Fialho Muissa, médico veterinário, afeto ao distrito de Matutuine, a ideia foi concebida por um grupo de antigos estudantes da Universidade Eduardo Mondlane que, por dificuldades de acomodação na capital do país, se viram obrigados a interromper os estudos.

Até agora, a casa beneficiou de obras de reabilitação, num projeto financiado pela embaixada holandesa, que já conta com um elevado número de estudantes, provenientes de vários pontos do país, particularmente da zona norte.

"Queremos estender esta experiência para a província de Nampula para acomodarmos os nossos compatriotas", disse Fialho Muíssa, que se considera "o primeiro inquilino da casa dos estudantes do norte em Maputo".

NO PLANETA ELITE NÃO TEM CRISE




Najar Tubino – Carta Maior

Para o planeta elite, que usufrui das benesses e dos produtos do mercado de luxo e seus 191 bilhões de euros (número de 2010), os problemas econômicos do capitalismo não existem. Muito pelo contrário. Na Itália, para comprar o último lançamento do carro esportivo Lamborghini Aventador a espera é de 1,5 ano. E os utilitários custam US$ 400 mil. No Brasil, a Louis Vuitton, conhecida por suas bolsas que custam quase 3 mil dólares, está ampliando o número de lojas de seis para nove. O artigo é de Najar Tubino.

Como disse o ex-premiê Silvio Berlusconi se os aviões estão lotados e há filas nos restaurantes, não tem crise econômica. Na Itália, além disso, para comprar o último lançamento do carro esportivo Lamborghini Aventador a espera é de 1,5 ano. E os utilitários custam US$ 400 mil. Um outro italiano, Sérgio Marchionne, presidente da Fiat, também comentou na feira de automóveis de Frankfurt, na Alemanha, em setembro:

- Quando estava na estande da Ferrari não ouvi nenhum cliente chorando por causa da crise.

Para o planeta elite, que usufrui das benesses e dos produtos do mercado de luxo e seus 191 bilhões de euros (número de 2010), os problemas econômicos do capitalismo moderno não existem. Muito pelo contrário. O Brasil, por exemplo, recebeu a visita de dois presidentes de grifes mundiais importantes, recentemente: Ives Carcelle, da Louis Vuitton e Pierre Pringuet, da Pernod Ricard. A LV francesa, conhecida por suas bolsas de couro bovino, custam em média quase 3 mil dólares, está ampliando o número de lojas no Brasil, de seis para nove. A maior delas substituirá a do Shopping Cidade Jardim, e terá 1.000 metros quadrados.

Em dois anos, o cliente poderá personalizar os acessórios, ou seja, escolher cinco modelos básicos no computador, depois monta os outros ingredientes, como cor e tipo de couro. Lógico que o preço aumenta, entre 5 e 7 mil reais. Se for couro de crocodilo, o preço dobra. A Louis Vuitton faz parte do conglomerado de luxo do bilionário francês Bernard Arnaut, também acionista do Carrefour. O LVMH (Louis Vuitton, Moet, Hènessy), fatura mais de 20 bilhões de euros anualmente. O bilionário este ano resolveu estender seus contatos a outra marca histórica francesa, a Hèrmes, e comprou quase 20% da empresa, através de ações de terceiros, o que deixou a empresa em pé de guerra. A Hèrmes ainda é controlada por grupos familiares, desde a fundação no século XIX. A sua mais famosa bolsa, a Birkis, custa US$7,5 mil. É feita de couro de bezerro, que por sinal, teve um aumento de mais de 20%, em 2011. Tudo é fabricado manualmente.

GARRAFA DE CRISTAL E OURO

O Brasil emergente do planeta elite recebeu um simpósio de luxo - Hot Luxury -, no mês de novembro em São Paulo, patrocinado pelo jornal inglês, Herald Tribune, coordenado pela editora de moda, Suzy Menkes, figura carimbada do mercado de luxo mundial. Segundo um dos participantes, controla vendas de outlet de luxo na Europa, as grifes, hoje em dia, estão atrás do mercado "aspiracional", normalmente de clientes que gastam mais do que tem. Uma prática que já foi abandonada entre os países ricos, onde as empresas querem é a minoria abastada, que procura exclusividade no luxo. Ou como diz Ives Carcelle não vai ser pela desvalorização das bolsas de valores que os clientes vão deixar de comprar uma bolsa ou um par de sapatos.

De qualquer forma, o Brasil já faz parte do grupo dos 10 clientes mais importantes no mundo da Louis Vuitton, uma definição definida pela empresa, em decorrência das compras dos brasileiros nas butiques da Europa e Estados Unidos. O Brasil também é o segundo mercado, atrás dos americanos, no consumo da vodca Absolut, um dos carro-chefe da Pernod Ricard, que também está inaugurando uma loja no Shopping Cidade Jardim.

- O Brasil tem condições de estar entre os 10 mercados mais importantes da Pernod Ricard. Nós esperamos que a classe média brasileira continue comprando nossas marcas com valor agregado, aumentando o padrão do consumo", disse Pierre Pringuet.

Ele quer que os brasileiros troquem o uísque Natu Nobilis pelo Ballantaines ou o Chivas 12 anos, uma troca de quase 30 reais por R$110. A Pernod também está lançando a vodca Absolut Elyx, ao preço de R$390. Agora, para integrar o planeta elite tem que comprar uma das 50 garrafas do uísque Royal Salute 62 Gun Salute, de cristal e pintada a ouro, custa R$10 mil. Durante o mês de dezembro, a Pernod está distribuindo kits no Cidade Jardim. Ela também é dona da marca Orloff e diz que repaginou a vodca, do tipo popular, chegará ao mercado com nova embalagem, a preços irrisórios (R$21,90).

O luxo também terá de 15 a 20% das 212 lojas do no Shopping JK, do grupo Iguatemi, será inaugurado em março de 2012.

RELÓGIO DE US$3 MILHÕES

No JK, segundo Carlos Jereissati, estreará a grife francesa Goyard, fabricante de malas e bolsas mais luxuosas que a Louis Vuitton. Fundada em 1853, a Goyard só tem 12 lojas no mundo, nos principais mercados do luxo: Estados Unidos (4 butiques) e 48,1 bilhões de euros, seguido pelo Japão (4 butiques) e 18,1 bilhões de euros. As outras quatro estão na Europa. O mercado chinês é o terceiro em faturamento, 9,6 bilhões de euros. O Brasil, segundo a projeção da Bain & Company, que faz a pesquisa mundial do luxo, é um mercado de 2,3 bilhões de euros.

Só para se ter uma ideia da expansão do negócio. A Louis Vuitton dobrou de produção nos últimos cinco anos. Em 2011, o mercado de luxo crescerá 10%. Dividindo por segmento, os índices são os seguintes, ainda conforme os dados da consultoria: artigos de couro l6%, sapatos 11%, joias 15% e relógios 20%.

Sobre relógios foi constatada uma nova tendência, as mulheres estão comprando como investimento. A Omega lançou o Ladymatic ao preço de US$42 mil. Vamos dizer que é um padrão mediano. A Hublot vendeu um modelo cravejado de diamantes por US$3 milhões. E pretende colocar no mercado em 2012 o relógio mais caro da história: US$5 milhões, com 300 quilates de diamantes. Trata-se de um modelo extravagante, tipo milionário asiático ou do Oriente Médio, os que mais compram. Para clientes finos e arrojados, mas sem ostentação, indica-se um modelo da IWC Schaffahausen, única marca suíça no leste do país, onde se fala alemão.

Ela tem relógios básicos a partir de US$4 mil. Mas o melhor modelo foi lançado recentemente: o Portuguese Sidérale Scafusic, levou 10 anos para ser desenvolvido. Tem calendário perpétuo, marca horário sideral, diferente do solar, um mapa atrás em movimento, com as estrelas visíveis no horizonte. É o mais caro da fábrica suíça - US$750 mil, é produzido somente por um relojoeiro, Stefan Brass. A Suíça exportou em 2010, 7 bilhões de euros em relógios. Na conta estão quase 1 milhão de Rolex.

PROBLEMA EXISTENCIAL DA MERCEDEZ

Para completar o quadro, de um segmento muito sensível do mercado de luxo. A Scoth Whisky Association, da Escócia, anunciou que as vendas cresceram 22% no primeiro semestre de 2011. O Brasil importou R$125 milhões em garrafas, nesse período. No mundo, em 2010, os escoceses venderam 569 milhões de garrafas. Mesmo ímpeto é registrado no mercado de carros de luxo. A BMW manteve a liderança no ano passado vendendo 234.175 BMW mini e 196.004 da série 1. A Audi vendeu 2.332 mil e a Mercedez Bens 222.400 das marcas A e B. A Mercedez vive uma crise existencial, como disse o presidente executivo, Dieter Zetsche:

- É impossível dizer aos nossos clientes, funcionários e investidores que temos que aceitar o terceiro lugar".

A Mercedez sempre liderou o mercado de luxo no mundo. Perdeu a posição nos últimos anos. Lançou até um compacto da marca B-class por 26 mil euros, na Europa, onde o S-class custa 72 mil euros. A Porshe vendeu 100 mil carros este ano, aos europeus em crise.

A Universidade de N. York fez uma pesquisa durante dois anos e meio, e chegou a seguinte conclusão:

- Os poderosos não prestam atenção nas outras pessoas.

Para ilustrar a síntese da pesquisa, vamos citar alguns números.

No caso do Brasil. Segundo a Merryl Lynch Global Wealter Management e a Consultoria Capegemini são 155 mil brasileiros com US$1 milhão disponíveis para investir. O Brasil é o décimo primeiro na lista dos milionários do mundo. Porém, é o mercado que mais cresce, inclusive acima da Ásia - 28% nos últimos 12 meses. Segundo a Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), até junho de 2011 eram 64.260 clientes com investimentos no chamado "private banking".

38.095 MILIONÁRIOS NO BRASIL

O volume de recursos aplicados por esse seleto grupo atingiu R$421,8 bilhões. No primeiro semestre deste ano, ingressaram no clube milionário mais 1.036 pessoas. Os motivos são conhecidos: maior circulação de dinheiro entre empresários, altos executivos, consultores e profissionais liberais. Além dos resultados para muitos interessados em fusões e aquisições de empresas. Para quem não sabe um presidente executivo no Brasil ganha uma média de R$2 milhões por ano. Um diretor executivo na faixa de R$240 mil. Estão no topo mundial, às vezes, acima dos ricos desenvolvidos. Hiram Maisonave, vice-presidente do BNP Paribas, banco francês, que atua no Brasil, detalha quem são os participantes do "private banking":

- Não são mais apenas os empresários, altos executivo, ou herdeiros de grandes fortunas. O crescimento econômico desencadeou uma mudança de patamar na renda de profissionais liberais, como médicos, engenheiros, arquitetos, advogados e consultores".

São Paulo, tradicionalmente, concentra o maior número de milionários, mais de 50%, em dinheiro são R$233,53 bilhões sob gestão. Há uma expansão na região norte cresceu 34,1% e no centro-oeste 25,6%, mas em termos de volume de capital não se compra: R$8,47 bilhões no centro-oeste e R$1,26 bilhão no norte. O economista Márcio Pochmann do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Avançadas), em um trabalho sobre as famílias mais ricas do país, disse que as 5 mil no topo da lista, possuem um patrimônio equivalente a 40% do Pib, o que daria mais ou menos R$1,65 trilhão.

A Receita Federal tem um estudo detalhado sobre o patrimônio dessas famílias: 997 contribuintes tem patrimônio superior a R$100 milhões; 1.327 entre R$50 e R$100 milhões; 5.047 entre R$20 e 50 milhões; 10.168 entre R$10 e R$20 milhões e 26.206 entre R$5 e R$10 milhões. Se aprovassem um imposto sobre fortunas no Brasil, ele recairia sobre 38.095 contribuintes, e uma alíquota de 1,5 poderia arrecadar R$22 bilhões.

A ILUSÃO ACABOU

Agora vamos examinar o lado, digamos, mais traumático do planeta elite. A crise em Wall Street. A primeira notícia: redução de 30% no bônus anual. O presidente do Fundo de Hedge (risco), Navigator Group, Charles Stevenson, mora perto da praça Zucotti, local dos acampados de Nova York. Ele mora no condomínio Park Avenue, junto com muitos outros membros do planeta elite. Ele declarou ao The Wall Street Journal:

-Não acho que é hora de ganhar dinheiro, este é um momento de nos prepararmos para sobreviver. O futuro não vai ser como um passado que conhecemos. Não há saída deste atoleiro".

Fundos de risco, gestores de patrimônio e, principalmente, os bancos de investimentos, que aprontaram as peripécias que resultaram na maior crise financeira estão com problemas. Um diretor executivo da empresa de recrutamento Options Group, o chamado "headhunter", caçador de talentos, foi tomar um chá com um corretor, de um dos cinco bancões americanos, em um hotel de N. York. A queixa do corretor, de 27 anos, diplomado na Universidade de Ivy League: só ganharia os mesmos US$500 mil de bônus do ano passado e teve que trabalhar mais em 2011. O comentário do caçador de talentos:

-É muito desmoralizante para as pessoas, especialmente para gente jovem, com curso superior, que veio para Wall Street embalada em sonhos de tornar-se milionário e não conseguir".

Mesmo com a queda no valor dos bônus, o Goldman Sachs, que é o maior banco de investimentos do mundo, separou US$10 bilhões para distribuir aos seus 34,2 mil funcionários, uma média de US$292.836 para cada um. Isso é mais que 10 vezes a renda dos 49 milhões de americanos classificados na faixa de pobreza - famílias com dois filhos e renda anual de US$22 mil.

O cenário negativo de Wall Street estão nas demissões. O Bank of America já avisou que vai demitir 30 mil até o ano que vem. Mesmo número do HSBC, maior banco do Reino Unido. O BNP Paribas, maior da França vai demitir 1,4 mil e o Unicredit, maior da Itália, outros 6.150 funcionários. A Agência Bloomberg fez um levantamento sobre as demissões nos serviços financeiros em todo o mundo.

Serão 220 mil, bem maior que os 174 mil em 2009. Os motivos: maiores exigências de capital, pelas regras que entrarão em vigor em 2013, o fracasso dos produtos financeiros exóticos e a redução de negócios com carteira própria. O presidente do Conselho de Administração do UBS, maior banco suíço, Kasper Villiger, comentou o caso:

- Muitos banqueiros de investimentos estavam convencidos de que estamos vivendo hoje um período limitado, em que tudo está um pouco mais difícil, mas depois o velho mundo retornaria. Mas agora essa ilusão acabou".

DE QUEM SÃO OS IATES?

Na América do Norte os bancos, seguradoras e administradores de recursos já anunciaram 50 mil demissões em 2011, mais que o dobro do ano passado, ainda longe dos 175 mil cortes de 2008. Na Europa as companhias financeiras já anunciaram 125 mil demissões, quase o dobro das realizadas em 2008. O número de funcionários da City de Londres e no Canary Wharf, os distritos financeiros, cairá para 288 mil (27 mil a menos), considerado o menor nível desde 1998.

No final de 2011, os corretores e gestores de patrimônio de Wall Street não estarão tão seguros na hora de fazer a piada para turistas, que chegam na baía do rio Hudson e se espantavam com a quantidade de iates. Os turistas perguntavam: quem são os donos desses iates? Ao que o povo de Wall Street respondia - são os corretores e gestores de patrimônio. E os turistas retrucavam: e onde estão os iates dos clientes? Desmancharam na comissão de 2% fixa que os profissionais cobram, além de mais 20% sobre o desempenho.

CHINESES RICOS QUEREM SEGURANÇA

Sobre os pouco mais de 500 mil chineses com renda acima de US$1 milhão para investir circulam muitas informações de extravagâncias. Mas surgiu uma nova tendência. Procurar residência fixa nos países ricos como Canadá, Estados Unidos, Inglaterra, Austrália. Em 2011, quase 3 mil chineses pediram visto de investidor para se fixar nos Estados Unidos. O candidato precisa ter US$500 mil para investir e dar emprego a 10 americanos em dois anos. Em 2007, foram apenas 270 chineses. Boston é uma das cidades escolhidas, assim como Vancouver, no Canadá. Os chineses do planeta elite argumentam que procuram segurança, como empreendedores, não sujeitos à mudanças na legislação ou rupturas políticas.

Na China, mais de 800 empresas licenciadas de serviços de emigração orientam candidatos como proceder em entrevistas, para obtenção do visto. A Well Trend United, de Pequim, cobra US$30 mil por cliente, tem 10 escritórios nas maiores cidades chinesas e 400 consultores, já conseguiu mais de 10 mil vistos desde que iniciou a operação, no final dos anos 1990.

Um problema dos ricos chineses é documentar o patrimônio, principalmente, a origem dos bens. Como a maioria deles não gosta de pagar imposto, como afirma Gao Tang, da empresa de emigração Harmonia Capital," temem ser pegos se tiverem que informar sua renda total".
A verdade é que os ricos chineses, na maioria, tem uma ligação oficial com governantes e tem um "pecado original para conseguir seu primeiro balde de ouro", como comentou outro empresário que tem uma fábrica em Xangai e não quis se identificar, para a revista Business Week.

O medo na verdade é das tensões sociais, que estão se acumulando na China. O número de conflitos entre trabalhadores ou populações despejadas de áreas em obras tem duplicado nos últimos anos. Os chineses não esqueceram que em 1949, na revolução maoísta, mais de um milhão de proprietários foram mortos. Alguns deles, alegaram que a qualidade do ensino nas universidades americanas e canadenses é melhor, que a poluição é um problema grave e existe uma insegurança na hora de consumir alimentos, em consequência do uso de venenos. Sem contar que os filhos dos revolucionários de 1949 andam desfilando de ferraris, lamborghinis e maseratis nas ruas de Pequim, perto do Estádio do Trabalhador, onde se concentram boates e discotecas. Na China, mais uma vez, tem se divulgado com frequência a expressão "fen fu", ódio aos ricos e seus desmandos.

CHAMPANHE DE 130 MIL EUROS

Um dos legítimos representantes do planeta elite é o hotel Cheval Blanc, na estação de esqui construída pelo bilionário Bernard Arnaut em Courchevel (França). É preciso ter US$10 mil dólares para pagar o helicóptero de Genebra até o hotel, com 34 quartos, lotação de 90% entre os meses de dezembro a abril. A maior percentagem de hóspedes são novos ricos russos, país onde 40% da população está na linha de pobreza. Depois são britânicos, franceses e tem mais brasileiros do que americanos. As diárias variam de 1.130 euros a 20 mil euros.

- O luxo é uma experiência natural para nós, diz o diretor geral, Philippe Gourgan, à agência Bloomberg. Não se sente recessão em nossos quartos".

A única preocupação com a inflação é a do gás hélio injetado em balões prateados, recheados de chocolate, que ficam nos quartos. Por 47 mil euros o abastado pode usufruir de um nascer do sol com uma garrafa da safra 1947 do famoso Chatêau Cheval Blanc, de Bordeaux, e posteriormente, tomar um café regado a trufas negras. O hotel tem um chef três estrelas no guia Michelin, uma ceia de Uannick Alleno, com pombo cozinhado no vapor, grãos de cacau derretido em cenouras e cogumelos temperados com favas de cumaru, está no menu. Mais importante: por 130 mil euros, o somelier Sebastian Labe abrirá uma champanhe "Nabucodonosor St Emilion Premier Grand Cru clase 1990", de 15 litros.

Não há um limite em que o luxo torna-se absurdo. Os homens precisam sonhar no Cheval Blanc. Imagine o tipo de sonho. O porteiro Jean Batiste Ran atendeu a um desses pedidos. O hóspede queria comer bolo fresco. Não qualquer bolo fresco. Tinha que ser de uma padaria de Zurique, na Suíça, exatos 924 km ida e volta. O porteiro mandou uma limousine buscar dois bolos frescos de creme em 10 horas.

O Cheval Blanc é estiloso. As camisetas polos dos funcionários chamados de jogadores são tecidas com casimira de pelos de cabra. Funcionários andam pelo hotel fumando charutos cubanos e, dentro de uma iurta mongol, adornada com chifre de cabrito montês da Saboia, carregam conhaque Armagnac, de 100 anos. No balcão do bar de três metros, esculpido em gelo, o cliente pode tomar a sua vodca.

- O Cheval é um clichê, uma dramaturgia de momentos táteis, prazeres perfumados, na qual os hóspedes com óculos escuros para não serem reconhecidos, perambulam pelas dependências como se fossem instalações de um museu", registra o colunista da Bloomberg.

ANÚNCIO DE CÃES NA TV

Para encerrar este relato uma informação de um segmento dos mais resistentes à crise financeira. A Nestlé, maior empresa de alimentos do mundo, com 400 fábricas e faturamento mais de US$100 bilhões, com participação de quase 25% no mercado de alimentos para animais de estimação, chamados de pets. É um mercado que faturou em 2009, logo após a quebra do Lehman Brothers, US$53 bilhões, as vendas aumentaram 9%, nesse ano. O último lançamento da Nestlé é um anúncio para televisão já veiculado na Alemanha e lançado na Áustria, em outubro. Trata-se de uma peça publicitária dirigida diretamente aos cães de sofá. Ou seja, o anúncio emite sons de alta frequência e tons agudíssimos, que provocam frenesi nos animais. O resultado é óbvio: o cachorro corre para a frente da televisão e fica pulando, querendo comer a ração Benefuel.

Na Alemanha aumentaram as vendas. O mesmo deve acontecer na Áustria. Interessante é que no Reino Unido não existe promoção de alimentos pets. Lá é comum satirizar os donos de animais domésticos por gostarem mais deles do que dos filhos. Por sinal, no Reino Unido e no Japão já existem mais animais de estimação do que crianças. A Nestlé deve lançar em breve um sorvete especial para cães e um ipad de jogos para gatos.

Tem mais: nos Estados Unidos, a Qualcom, empresa especializada na produção de chips de rádio, lançou um novo produto, o Tagg, custa US$200. É um acessório usado em coleiras com GPS (sistema de posicionamentos global). Nos Estados Unidos são criados 77 milhões de cachorros e 10 milhões se perdem por ano. O equipamento tem bateria válida por 30 dias.

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