domingo, 1 de janeiro de 2012

A nova façanha da Wikileaks: IDENTIFICAR AS EMPRESAS QUE VIGIAM O MUNDO



Ciper

A mais recente revelação da organização dirigida por Julian Assange põe a nu o negócio milionário das empresas de segurança que converteram o seu negócio na nova indústria de espionagem maciça que alimenta sistemas de espionagem governamentais e privados. A última entrega de Wikileaks fornece os nomes das empresas que, em diferentes países, interceptam telefones, rastreiam mensagens de texto, reconstroem a navegação na Internet e identificam inclusive, as vozes de indivíduos sob vigilância. Tudo isso é feito de forma maciça com softwares que são vendidos a governos democráticos e a ditaduras.

Poderia dizer-se que se trata de um mau filme, mas os sistemas de intercepção maciça fabricados por empresas ocidentais e usados, entre outros objectivos, contra adversários políticos, são mesmo uma realidade. A 1 de Dezembro, Wikileaks começou a publicar um banco de dados de centenas de documentos provenientes de cerca de 160 empresas do sector de vigilância dos cidadãos.

Em colaboração com Budget Planet et Privacy International, bem como meios de comunicação de seis países – L' ARD na Alemanha, Le Bureau of Investigative Journalism na Grã-Bretanha, The Hindu na Índia, L'Espresso, em Itália, OWMI em França e Washington Post nos EUA, – Wikileaks expõe à luz do dia essa indústria secreta cujo crescimento explodiu após o 11 de Setembro de 2001, representando milhares de milhões de dólares em cada ano.

Desta vez Wikileaks publicou 287 trabalhos, mas o projecto "Um mundo sob vigilância" está lançado e novas informações serão publicadas esta semana e no próximo ano.

As empresas internacionais de vigilância estão localizadas nos países que têm as mais refinadas tecnologias. Elas vendem a sua tecnologia a todos os países do mundo. Esta indústria, na prática, não está regulamentada. As agências de espionagem, as forças militares e as autoridades policiais são capazes de interceptar massivamente, sem serem detectadas e no maior segredo, os telefonemas, tomar o controle de computadores, mesmo sem que os fornecedores das redes acesso se apercebam ou façam algo para o impedir. A localização de utentes pode ser seguida passo a passo, se usarem um telefone celular, mesmo se este estiver desligado.

Os dossiers de "Um Mundo Sob Vigilância" de Wikileasks estão acima do simplismo dos "bons países ocidentais", exportando as suas tecnologias para os "pobres países em vias de desenvolvimento". Empresas ocidentais também vendem um vasto catálogo de equipamento de vigilância para as agências de espionagem orientais.

Nas histórias clássicas de espiões, as agências de espionagem, tais como MI5, DGSE, colocam sob escuta o telefone de uma ou duas pessoas que interessem. Durante os últimos 10 anos a vigilância em massa tornou-se uma norma. Sociedades de espionagem, como a VASTech, têm secretamente vendido equipamentos que gravam de forma permanente chamadas telefónicas de países inteiros. Outros registam a posição de todos os telemóveis de uma cidade, com uma precisão de 50 metros. Sistemas capazes de afectar a integridade de pessoas numa população civil que usa Facebook, ou que tem um smartphone estão à venda neste mercado de espionagem.

VENDA DE FERRAMENTAS DE VIGILANCIA A DITADORES

Durante a primavera árabe, quando os cidadãos derrubaram ditadores no Egipto e Líbia encontraram câmaras de escuta onde, com equipes britânicas da Gamma, os franceses da Amesys, os sul-africanos da VASTech ou os chineses de ZTE, seguiam os seus mais pequenos movimentos on-line e por telefone.

Empresas de espionagem, tais como SS 8 nos Estados Unidos, Hacking Team na Itália e VUPEN na França, fabricam vírus (Troianos) que invadem computadores e telefones (incluindo iPhones, Blackberry e Android), assumindo o seu controle e gravação de todos os seus usos, movimentos e até mesmo imagens e sons da sala onde os usuários estão. Outras sociedades, como a Phoenexia da República Checa, colaboram com os militares para criar ferramentas para análise de voz. Elas identificam os indivíduos e determinam o seu sexo, idade e nível de stress e, assim, seguem-nos através de suas "faixas vocais." Blue Coat nos EUA e Ipoque na Alemanha, vendem as suas ferramentas aos governos de países como China e Irão para impedir os seus dissidentes de se organizar pala Internet.

Trovicor uma subsidiária da Nokia Siemens Networks, forneceu ao governo do Bahrein tecnologia de escuta que lhe permitiu seguir a pista do defensor dos direitos humanos Abdul Ghani Al Khanjar. Foram mostrados detalhes de conversas a partir do seu telefone pessoal, que datam de antes de ter sido interrogado e espancado durante o inverno de 2010 e 2011.

EMPRESAS DE VIGILÂNCIA PARTILHAM AS SUAS BASES COM ESTADOS

Em Junho de 2011, o NSA inaugurou um sítio no deserto de Utah para o armazenamento para sempre de terabytes das bases de dados tanto americanas como estrangeiras, a fim de poder analisá-las em anos futuros. Toda a operação teve um custo de US$1,5 mil milhões.

As empresas de telecomunicações estão dispostas a revelar as suas bases de dados dos seus clientes às autoridades de qualquer país. Os principais noticiários mostraram como, durante os confrontos em Agosto na Grã-Bretanha, a Research In Motion (RIM), que comercializa as Blackberry, propôs ao governo identificar os seus clientes. RIM tem estado envolvido em negociações semelhantes com os governos da Índia, Líbano, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, propondo-lhes compartilhar as suas bases de dados extraídas do sistema de mensagens do Blackberry.

TRANSFORMAR AS BASES DE DADOS EM ARMAS PARA MATAR INOCENTES

Existem muitas empresas que comercializam actualmente software de análise de bases de dados, transformando-os em poderosas ferramentas utilizadas por militares e agências de espionagem. Por exemplo, em bases militares dos EUA, pilotos da Força Aérea usam um joystick e um monitor de vídeo para pilotar os "Predator", aviões não tripulados durante as missões de vigilância no Médio Oriente e Ásia Central. Estas bases de dados estão acessíveis aos membros da CIA que se servem delas para lançar mísseis "Hellfire", sobre os seus alvos.

Os representantes da CIA têm adquirido software que lhes permite instantaneamente correlacionar os sinais de telefone com faixas vocais para determinar a identidade e a localização de um indivíduo. A empresa Intelligence Integration Systems Inc. (IISI), sediada no Estado de Massachusetts (EUA), vende software para esse fim – "análise com base na posição",– chamado "Geospatial Toolkit". Outra empresa, a Netezza, também de Massachusetts, que comprou este software com o objectivo de analisar o seu funcionamento, vendeu uma versão modificada à CIA, destinada a equipar aviões pilotados remotamente.

A IISI, que diz ter o seu software uma margem de erro de 12 metros, processou a Netezza para impedir a utilização deste software. O criador da sociedade IISI, Rich Zimmerman, disse a um tribunal que ficou "chocado e surpreso com o fato de que a CIA teria um plano para matar pessoas com o meu software, que nem funciona."

UM MUNDO ORWELLIANO

Em todo o mundo fornecedores mundiais de instrumentos de vigilância em massa ajudam as agências de espionagem a espiar os cidadãos e os "grupos de interesse" em larga escala.

COMO NAVEGAR PELOS DOCUMENTOS DE "UM MUNDO SOB VIGILÂNCIA?

O projecto " Um mundo sob Vigilância " da Wikileaks revela, até ao pormenor, as empresas que estão fazendo milhares de milhões na venda de sistemas refinados de vigilância para os governos, ignorando as leis de exportação e ignorando de forma sobranceira que os regimes a quem vendem são ditaduras que não respeitam os direitos humanos.

Para pesquisar estes documentos, clique no local escolhido no mapa na esquerda da página para obter a lista por tipo, empresa, data ou palavra-chave.

29/Dezembro/2011

O original encontra-se em ciperchile.cl/... e em www.cubadebate.cu/... . Tradução de Guilherme Coelho.

– Ver o mapa Um mundo sob vigilância , elaborado pela Wikileaks


ESTADOS UNIDOS E IRÃ MANTÊM ROTA DE COLIZÃO





Após os EUA determinarem novas sanções, Irã divulga ter produzido pela primeira vez uma barra de combustível nuclear e afirma que concluiu teste com míssil de fabricação própria no Estreito de Ormuz.

O tom entre os Estados Unidos e o Irã voltou a subir a neste domingo (1º/01), marcado por declarações e anúncios de ambos os lados, sinalizando que o clima de tensão entre os dois países deverá continuar nos próximos dias.

Neste domingo, a agência nuclear iraniana anunciou que seus cientistas pela primeira vez produziram um tubo de combustível atômico, um feito do qual o Ocidente duvidada que fossem capazes. O Irã foi obrigado a produzir esses bastões de urânio porque as sanções internacionais impediram a sua compra nos mercados externos, disse a agência.

O anúncio marca mais um passo nos esforços iranianos de dominar o ciclo de produção de combustível nuclear, desde a exploração do urânio até o seu enriquecimento, e ocorre apesar das ameaças de sanções de países europeus e dos Estados Unidos.

Estes querem que o Irã abandone seu programa nuclear, temendo que o objetivo secreto seja a obtenção de armas atômicas. Os iranianos, porém, afirmam que o programa tem fins exclusivamente pacíficos, como a produção de energia e o tratamento de câncer.

Negociações sem sucesso

No sábado, a República Islâmica havia anunciado estar disposta a retomar os diálogos sobre seu programa nuclear, conduzidos pelas cinco potências com assento permanente no Conselho de Segurança (EUA, China, Rússia, Reino Unido e França) mais a Alemanha.

O último encontro, em janeiro de 2011, foi realizado em Istambul e, como todos os anteriores, não deu em nada. As Nações Unidas já anunciaram quatro rodadas de sanções ao governo em Teerã, e os Estados Unidos e a União Europeia anunciaram sanções adicionais.

A Alemanha reagiu com ceticismo à oferta iraniana. Segundo o ministro do Exterior, Guido Westerwelle, o que conta não são anúncios vagos, mas ações concretas e verificáveis. Ele acrescentou que é de interesse do próprio Irã cumprir com suas obrigações internacionais e tornar o seu programa atômico transparente.

Já segundo a União Europeia, novas sanções deverão ser definidas até o final de janeiro, no mais tardar no encontro dos ministros do Exterior da UE, segundo o porta-voz Michael Mann declarou à agência de notícias Reuters.

Míssil no Estreito de Ormuz

Também neste domingo, o vice-comandante da Marinha, Mahmoud Moussavi, anunciou que o país testou um míssil de longo alcance no Estreito de Ormuz, um canal de transporte de vital importância para a indústria do petróleo. O míssil teria sido desenvolvido por cientistas iranianos.

Moussavi também anunciou que, nesta segunda-feira, navios e submarinos iranianos vão executar manobras no Estreito de Ormuz, destinadas ao bloqueio do canal caso a República Islâmica decida dar esse passo. Essa não seria, porém, a intenção do país, afirmou.

O anúncio iraniano ocorreu poucas horas depois de o presidente dos EUA, Barack Obama, assinar uma lei que reforça as sanções norte-americanas ao país asiático, justamente por causa do programa nuclear iraniano. Há poucos dias, o Irã anunciara que bloquearia o Estreito de Ormuz se o Ocidente ameaçasse o país com sanções.

Em resposta às novas sanções, o presidente Mahmud Ahmadinejad declarou que o Irã vai reagir à pressão feitas pelos seus inimigos. “Temos que proteger o povo e a nação da conspiração do inimigo”, afirmou.

AS/ap/dpa/rtr/afp/lusa

UM DISCURSO PARA MATUMBOS!




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA*

O Presidente da República de Portugal falou ao país. Disse o óbvio, quase parecendo que nada tem a ver com o que se passou nos últimos anos. Foi o esperado.

Cavaco Silva adverte que se não houver uma agenda para o crescimento e emprego o país poderá vir a enfrentar uma "situação social insustentável". Novidade? Não. Tudo velho, bem velho.

Foi nesse sentido que, na sua mensagem de Ano Novo, Cavaco Silva deixou um alerta: além de rigor orçamental, a resolução das dificuldades nacionais exige uma agenda para o crescimento e emprego. Pois!

O Presidente lembrou, como se tal fosse necessário, que 2011 foi um ano que "marcou profundamente a vida de muitos portugueses" no plano social, mas antevendo que "no ano que agora começa, as dificuldades não irão ser menores. Esta é uma realidade que não pode ser iludida".

Embora nada adiante, permitam-me que volte a perguntar o que tem andado Cavaco Silva a fazer, pelo menos desde Março de 2002, para além de gozar com a miséria dos outros?

E, como se não bastasse aos portugueses estarem a aprender a viver sem comer, ainda têm de gramar com as teorias do actual presidente da República, Cavaco Silva, que o máximo que consegue dizer é que existe “insuficiência alimentar”.

Dizer a quem passa fome que apenas padece de "insuficiência alimentar" é, digamos, uma poética forma de juntar à barriga vazia dos portugueses um atestado, em papel timbrado da Presidência da República, de menoridade ou estupidez.

Consta, aliás, que Cavaco Silva (que em termos vitalícios só tem direito a 4.152 euros do Banco de Portugal, a 2.328 euros da Universidade Nova de Lisboa e a 2.876 euros de primeiro-ministro) terá até decidido que, por solidariedade com os que sofrem de “insuficiência alimentar”, vai passar a fazer greve de fome… entre as refeições.

Que fique igualmente claro que Cavaco Silva nada tem a ver com o estado a que Portugal chegou. E não tem, registe-se, porque só foi primeiro-ministro de 6 de Novembro de 1985 a 28 de Outubro de 1995, só venceu as eleições presidenciais de 22 de Janeiro de 2006 e só foi reeleito a 23 de Janeiro de 2011.

Bem verdade é que o presidente da República continua a gozar com a chipala dos portugueses. Até parece que só agora chegou à política “made in Portugal”.

Sempre que fala ao país, directa ou indirectamente, Cavaco Silva sacode a água do capote e continua (como se, para além de presidente da República, não andasse há um monte de anos na política portuguesa e sempre nos areópagos do poder) a esquecer-se de que quem não vive para servir não serve para viver.

"Eu disse que se devia ter em conta o limite que se pode exigir ao cidadão comum" e é relativamente a esses "que nós temos que pensar como, neste tempo de dificuldades, assegurar uma vida digna", diz o presidente.

O presidente da República defende, também, um "debate aprofundado" e "com muito bom senso" na Assembleia da República (AR) em matéria fiscal e de justiça fiscal, para evitar "erros" prejudiciais ao país.

"A competência exclusiva em matéria fiscal cabe à AR e o que eu aconselharia é que, nesse domínio, se faça um debate aprofundado, com muito bom senso, tendo presente todas as consequências para o desenvolvimento futuro do nosso país", disse.

O chefe de Estado lembrou que, "às vezes" se cometem "erros", como "já aconteceu noutros países no domínio fiscal", os quais "têm consequências muito negativas para o futuro do país, prejudicando as possibilidades de aproximação aos níveis de desenvolvimento da União Europeia".

Será que os portugueses se recordam que o mesmo Cavaco Silva afirmou que o mal da economia portuguesa estava nas finanças públicas, mas que o "medo" dos políticos dificulta a sua correcção, malgrado defender um quase poder de veto para o ministro das Finanças?

Recordam-se que o também ex-líder do PSD e ex-primeiro-ministro considerava, em Março… de 2002, que Portugal tinha no máximo um ano e meio para inverter a tendência de degradação da situação económica?

Para o também economista, professor universitário e presidente da República, seria, contudo, "muito complicado" para o Governo resolver "o problema mais grave" que afecta a economia portuguesa: a crise nas finanças públicas. Recordam-se?

Será que também se recordam de ele ter dito que “os políticos, como pessoas normais que são, têm medo, e será precisa muita coragem política para adoptar políticas necessárias, mas cuja viabilidade política é duvidosa"?

Ou que Cavaco Silva dizia que a solução passava, necessariamente, por "reforçar os poderes do ministro das Finanças", que devia contar com o apoio incondicional do primeiro-ministro e dispor "de um poder quase de veto sobre os restantes ministérios"?

Recordam-se que também foi ele quem afirmou que o objectivo era assegurar a concretização de medidas que se antevêem impopulares, como as reformas da saúde - apostando na gestão privada dos hospitais públicos - e educação, a extinção de alguns serviços públicos, a contenção nas transferências para as autarquias, o equilíbrio das contas externas e o assegurar de "disciplina" nas empresas públicas?

Ou que era necessário acompanhar "quase à semana o endividamento de determinadas empresas públicas, nomeadamente no sector dos transportes e do audiovisual”?

Recordam-se ainda que Cavaco Silva defendia, quanto à evasão e fraude fiscais, como única solução viável "um claro levantamento do sigilo bancário" sustentando que, mesmo face ao risco de fuga de capitais, "em situação de crise" esta medida se impõe?

E então, se Cavaco Silva afirmava tudo isto há quase dez anos, é caso para perguntar, para voltar a perguntar, para nunca deixar de perguntar, o que tem andado Cavaco Silva a fazer pelo menos desde Março de 2002, para além de gozar com a miséria dos outros?

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: “NOVAS OPORTUNIDADES” PARA EMIGRAR

Portugal: QUE É FEITO DO PAULINHO DAS FEIRAS?




Carlos Fonseca - Aventar

Nas últimas semanas de 2011, aproveitei o tempo para visitar feiras ou mercados de província; como se queira. Percorri cidades e vilas do Alto Alentejo e da Beira Baixa.

Falei com feirantes. A D. Ofélia, no Fundão, disse-me que a coisa está má: “Vende-se muito pouco, as pessoas já cortam na comida”, acentuou. Em Alpedrinha, a tia Odete, com a banca cheia de brócolos, couves, nabos, cenouras, cebolas, batatas e não sei que mais, também se lamentou da quebra de vendas. Mas, zangado, azedo, estava em Ponte de Sor o Sr. Ismael, homem de 70 anos, de semblante fechado e duro. Quando lhe perguntei pelo negócio, de mau humor e olhar furioso, gritou: “Estou farto de ser enganado, volte cá o Sr. Paulinho das Feiras que eu e os outros aqui do mercado, tratamos-lhe da saúde. Ele ou qualquer outro político, levam uma corrida em osso!”

À distância dos grandes centros, menos publicitadas é certo, também há manifestações de desagrado e contestação da gente do povo. São reacções individuais e ditas inorgânicas. Ainda assim, encontrei quem, em feiras e mercados, me tivesse lembrado da demagogia e dos “beijos de vampiro” das campanhas do Paulinho das Feiras. Um político hábil – reconheça-se – na fuga a mediatismos em momentos adversos das medidas de austeridade que, sob a prescrição da ‘troika’ e para além dela, Coelho é publica e quase solitariamente responsabilizado. Para mais, com excessivo protagonismo de um Relvas que já se tornou a figura nuclear de textos e programas de comédia.

De facto, e a despeito de ser ministro, é oportuno perguntar: “Que é feito do Paulinho das Feiras?”. Na altura de prestar contas e pedir novos votos, Paulo Portas, agora vedeta dos engalanados e sofisticados salões de ‘Negócios Estrangeiros’, saberá certamente trocar os diplomáticos uniformes por jeans, blusão ou casaco desportivo, camisa esgargalada e o indispensável boné de lavrador. Para o Coelho, ficarão as cenouras mais duras. Mas nunca tão árduas de mastigar como as medidas que, com o seu “Gasparzinho”, lançou sobre os que trabalham, os que já trabalharam anos a fio ou os que querem trabalhar e não encontram onde..(salvo em Angola, no Brasil ou algures longe de Portugal).

Portugal - Cavaco: "SITUAÇÃO SOCIAL PODERÁ TORNAR-SE INSUSTENTÁVEL"



TVI 24

Na mensagem de Ano Novo, o Presidente da República defendeu que a resolução da crise em Portugal passa por uma agenda de crescimento e emprego

O Presidente da República, Cavaco Silva, considerou este domingo na sua habitual mensagem de Ano Novo que a resolução das dificuldades nacionais exige, além de rigor orçamental, uma agenda para o crescimento e emprego, sem a qual «a situação social poderá tornar-se insustentável».

Na mensagem de Ano Novo, transmitida pela RTP, Cavaco Silva apelou ao «diálogo construtivo entre o Governo e a oposição» e ao «aprofundamento da concertação social», alertando para a necessidade de preservação da «coesão nacional» e da «coesão social», cita a agência Lusa.

Crescimento da economia e do emprego

«A resolução dos desafios que Portugal enfrenta exige, além do rigor orçamental, uma agenda orientada para o crescimento da economia e para o emprego. Sem isso, a situação social poderá tornar-se insustentável e não será possível recuperar a confiança e a credibilidade externa do país», afirmou o Presidente da República.

Cavaco Silva argumentou que «a coesão social é da maior importância para o crescimento económico, para a contenção do desemprego e para atenuar os custos da resolução dos graves desequilíbrios que se verificam na economia portuguesa».

«Daí a insistência com que tenho sublinhado a importância da repartição equitativa dos sacrifícios exigidos aos portugueses, do combate às desigualdades, do apoio aos mais carenciados e desprotegidos, do diálogo construtivo entre o Governo e a oposição e do aprofundamento da concertação social», acrescentou.

O Presidente da República referiu que a Comissão Europeia já «reconheceu» que além da disciplina orçamental «era necessário também crescimento económico e criação de emprego».

Nesta sua mensagem de Ano Novo, Cavaco Silva deixou uma palavra aos jovens portugueses no estrangeiro, dizendo-lhes que o país precisa deles, uma mensagem contrária à que tem sido a indicação do Governo.

Cavaco Silva diz que o país precisa dos jovens

TVI 24

«Muitos procuram a sua sorte longe da família e do seu País, quando tanto precisamos deles», refere Cavaco Silva na sua mensagem de Ano Novo

Na sua mensagem de Ano Novo, Cavaco Silva deixou uma palavra aos jovens portugueses no estrangeiro, dizendo-lhes que o país precisa deles, uma mensagem contrária à que tem sido indicada pelo Governo.

«Conheço a ansiedade de milhares de jovens para quem tardam os caminhos com que sonharam, muitos dos quais procuram a sua sorte longe da família e do seu País, quando tanto precisamos deles».

Segundo o chefe de Estado, «a situação difícil» em que Portugal se encontra não deve ser impedimento para o país «ter uma voz activa na defesa de uma resposta à crise da zona euro que inclua uma estratégia europeia de crescimento económico e do emprego, visando em particular os jovens desempregados».

O Presidente da República começou esta comunicação lembrando 2011 como um ano que «marcou profundamente a vida de muitos portugueses» no plano social. «No ano que agora começa, as dificuldades não irão ser menores. Esta é uma realidade que não pode ser iludida», acrescentou.

Cavaco Silva anteviu 2012 como um ano em que «se irão exigir grandes sacrifícios ao comum dos portugueses», em que «as dificuldades se farão sentir de forma mais acentuada no dia a dia», mas manifestou-se confiante na resposta dos portugueses: «Será igualmente um ano em que a fibra do nosso povo virá ao de cima.

«Portugal é maior do que a crise que vivemos», afirmou o chefe de Estado, pedindo uma «união de esforços» para o país aproveitar esta «crise» para «mudar de vida e construir uma economia saudável».

Nesta mensagem, Cavaco Silva pediu que, nesta conjuntura difícil, os agentes políticos «expliquem aos portugueses o fundamento das suas decisões e que sejam os primeiros a acarinhar as sementes de uma nova esperança, agindo com justiça, com ponderação e com sensibilidade social».


Brasil: DILMA VAI DEDICAR BOA PARTE DO TEMPO EM 2012 ÀS QUESTÕES SOCIAIS




Renata Giraldi e Yara Aquino* - Repórteres da Agência Brasil – Correio do Brasil

Brasília – Em pouco mais de uma semana, a presidenta Dilma Rousseff retoma suas atividades políticas. A presidenta deve retornar a Brasília no dia 10, depois de passar duas semanas na Base Naval de Aratu, na Bahia, com a filha, Paula, e o neto, Gabriel. Dilma, de acordo com assessores, deve dedicar boa parte do tempo às questões sociais.

No final de janeiro, a presidente é esperada no Fórum Social Mundial, nos dias 23 a 29, em Porto Alegre. Em pauta a crise econômica internacional, as prioridades que devem ser tratadas na Conferência Rio+20, em junho no Rio de Janeiro, desafios para a democracia e solidariedade a Honduras – alvo de denúncias de violações de direitos humanos.

Para 2012, estão programadas várias conferências setoriais envolvendo distintos segmentos da sociedade. A presidenta pretende participar de todos os encontros. Em fevereiro está marcada a Conferência Nacional da Criança e Adolescente, em maio ocorrerá a Conferência Nacional da Pesca e Aquicultura, em maio a da Conferência Nacional do Emprego e Trabalho Descente.

No segundo semestre estão previstas para outubro a Conferência Nacional da Defesa Civil e em novembro a Conferência Nacional do Desenvolvimento Rural e Sustentável. Ao longo de 2011 houve conferências temáticas sobre mulheres, idosos, pessoas com deficiência, jovens e também gays, lésbicas, transexuais e transgêneros.

*Colaborou Luciana Lima - Edição: Rivadavia Severo

Brasil: Cabral tenta defender ex-aliados envolvidos em Privataria Tucana




Correio do Brasil, com foto - do Rio de Janeiro

Dono de um patrimônio político oriundo da direita, o governador do Estado do Rio, Sérgio Cabral Filho, saiu em defesa de seus antigos padrinhos do PSDB, hoje envolvidos nas denúncias contidas no livro de Amaury Ribeiro Jr., A Privataria Tucana, sobre desvios bilionários durante o processo de privatização de empresa brasileiras como a Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional, entre outras.

– Acho uma bobagem esse discurso. O presidente Fernando Henrique fez muito bem ao Brasil ao abri-lo para investidores nacionais e estrangeiros, ao permitir, no caso da exploração do petróleo e do gás, a entrada de empresas nacionais e multinacionais, acabando com o monopólio da Petrobras, acabando com o monopólio da Telebrás e abrindo para investidores nacionais e as telecomunicações. Qualquer discurso caricato antiprivatização eu rejeito preliminarmente. Esse momento internacional permite um discurso falso, demagógico e arriscado, de que o Estado é capaz de tudo. Pelo contrário, o Estado precisa cada vez mais das parcerias público-privadas. A aliança PT-PMDB é muito positiva para o Brasil, para a governabilidade – disse Cabral em recente entrevista ao diário conservador paulistano Folha de S.Paulo.

Cabral mantém estreitos laços com o empresariado fluminense e chegou a repassar verbas destinadas às obras de contenção de encostas, preservação ambiental e saneamento, no total de R$ 24 milhões, à Fundação Roberto Marinho, pouco antes de uma série de desabamentos de grandes proporções, em vários pontos do Estado, causar a morte de mais de 600 pessoas, há um ano. Atualmente no PMDB, Cabral manteve seus laços políticos com o tucanato, dono dos grandes meios de comunicação no país, e de amizade com o senador Aécio Neves (PSDB-MG); além de empresários beneficiados com o fornecimento de bens e serviços ao governo estadual.

A defesa de Cabral aos antigos correligionários, no entanto, não tem sido suficiente para evitar o aprofundamento da crise no ninho tucano, como aponta a colunista Mônica Bergamo, na mesma Folha de S. Paulo. Segundo a colunista, duas semanas após ter sido lançado, a obra está entre as mais vendidas das livrarias de todo o país e pessoas que convivem com o ex-governador paulista José Serra afirmam que “a mágoa por Aécio Neves – que teria acendido uma faísca para as investigações – aumentou”.

Saia justa

A resposta de Cabral à entrevistadora do diário paulistano, de propriedade de aliados do governador José Serra, não chega ao foco de Privataria Tucana, que aponta evidências de fraudes gigantescas no processo de privatização consolidado nos dois governos de FHC. O fato, explorado à larga na pré-campanha eleitoral de 2002, pouco antes de Serra ser escolhido candidato à sucessão de FHC e o governador fluminense concorrer ao seu primeiro mandato, também não teve repercussão na campanha de outrora.

Na época, as denúncias ficaram restritas à disputa intestina que se desenvolvia na direita, entre o antigo e hoje extinto Partido da Frente Liberal (PFL) e o PSDB. Na imprensa, ganhou as páginas da revista semanal de ultradireita Veja, em pesadas tintas contra as mesmas personagens que, agora, frequentam as páginas do livro de Amaury Jr. Quem conduzia a pena de Veja, na ocasião, era o então senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), adversário ferrenho de Serra.

Diante de uma saia justa histórica, hoje a revista não tem como contestar o conteúdo do livro, pois além das provas documentais, a apuração de Amaury Jr. aprofunda a apuração da própria Veja, de maio de 2002, sobre a existência de um propinoduto na privatização da Vale e das teles. As denúncias, que ganharam a capa da revista na época, recaiam sobre o comprador da Vale, Benjamin Steinbruch. Descobriu-se, logo depois, que os tucanos Paulo Renato de Souza, ex-ministro da Educação de FHC, e Mendonça de Barros, então presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foram as fontes da reportagem, sempre falando em Off para os repórteres.

Veja também publicou denúncias envolvendo Ricardo Sérgio e Gregório Preciado, chefes do esquema desvendado no livro de Amaury Jr., e com as mesmas denúncias, reforçadas desta vez com provas documentais, e acrescida a participação da filha e genro de José Serra. Atualmente, a revista tem guardado um silêncio suspeito sobre os fatos descritos na obra atual. A exemplo do governador fluminense, a publicação também adota o expediente de avaliar o escândalo sob pontos de vista diversos, na tentativa de minimizar a gravidade dos atos criminosos cometidos à época.

UM PLANETA À BEIRA DO PRECIPÍCIO!



Martinho Júnior, Luanda

A situação da Terra vai-se deteriorando inexoravelmente, em relação às questões humanas e à própria essência do planeta que conhecemos, por muito limitado que seja esse conhecimento.

Em relação ao homem, salvo honrosas excepções à barbárie, tudo se parece desagregar: as economias, as finanças, os indicadores duma cada vez maior proliferação de tensões, conflitos e guerras e, mesmo nas emergências, a tendência para as desigualdades, os desequilíbrios, a precariedade, a marginalidade, a miséria e o aumento das injustiças sociais, são sintomas de completa decadência.

De forma contraditória nunca se afirmou tanto em nome da democracia, sem fazer a crítica consciente à democracia: o seu falseamento com a aberração da representatividade que impede cidadania e participação, é sintoma também dessa desagregação, com o cortejo de manipulações que acarreta e o jogo psicológico disponível, sem ética, sem moral e quantas vezes revelando estar-se em plena alienação e demência, pelo surrealismo dos seus termos e dos actos correspondentes.

Um grupo cada vez mais reduzido de pessoas que concentram poder e riqueza à escala global, estimula com exacerbado egoísmo a gestão capitalista que em nome da concorrência se tornou num acto neo liberal contínuo, promotor de carteis, de monopólios e de cada vez mais evidentes ditaduras, que continua seu curso perante a impotência das alternativas, mesmo que em alguns casos hajam expectativas, actos e vontades heróicos, optimistas e esperançosos.

As rupturas humanas podem atingir um estágio inaudito se a tendência para a escalada dos conflitos e da guerra no Médio Oriente se mantiver, sucedendo-se ao Iraque, ao AfPaq, à Líbia, o que está em curso no Líbano e na Síria e o que pode vir a eclodir com o Irão.

Muitos sectores de análise e opinião apontam o “lobby” judeu como o factor mais importante de desestabilização, por dentro dos mecanismos de decisão nos Estados Unidos, na zona de impacto do Médio Oriente e nas suas envolventes.

O que é facto é que Israel é um regime de falcões com armas nucleares embora não seja reconhecido “de jure” a sua existência como tal, nem conhecido de forma abalizada o seu potencial.

Os “media de referência” escondem o monstro e pintam as suas práticas com as cores aberrantes da manipulação, da mentira pontual ou continuada, das meias verdades, da falsidade e da ignomínia.

Esconde-se de forma deliberada o feudalismo em que nos encontramos no pântano das filosofias e ideologias “politicamente correctas” que são os traços da submissão da maioria à minoria, bem como do subdesenvolvimento humano patenteado a cada ano que passa pelos próprios Índices de Desenvolvimento Humano e por outros Relatórios globais referentes à população e à criança.

De facto também outras regiões estão a ser afectadas à volta dessa imensa área de impacto que constitui o Médio Oriente, matriz de petróleo e do gás: o continente Euro-Asiático e a África.

Para outros, concomitantemente, há ainda evidências do cerco geo estratégico à Rússia e à China, com um aumento das contradições em relação a esses emergentes.

Em África, essa tendência pode ser levada a efeito em todo o continente e substancialmente em relação à África Austral onde a emergente África do Sul ocupa a latitude mais austral, como na América Latina está já a acontecer com o Brasil (observe-se a evolução da situação no Peru, onde as contradições entre um Brasil emergente e os Estados Unidos já não podem ser mais escondidas).

O movimento de libertação, apesar de sua energia vital mobilizadora, apesar dos resgates que trouxe em relação às sequelas da escravatura, em relação ao colonialismo e ao “apartheid”, em África está a ser digerido pelas entranhas desse monstro, substituindo subtilmente as suas ideologias de luta, pelas razões dos tecnocratas do “mercado”, também eles autores e actores de neo colonialismo, insensíveis ao passado dos seus povos por que quantas vezes insensíveis às dores do presente e aos anseios maiores do futuro.

Em relação ao clima e ao ambiente, cada vez mais se levantam investigadores e estudiosos que demonstram o aquecimento a que está sujeito o planeta, com o cortejo de consequências que isso acarreta.

A área do gelo, no Árctico e na Antárctida, bem como nos glaciares de elevadas altitudes, está a diminuir.

Cada vez há mais relatos de espécies animais e vegetais a desaparecer, ou a sujeitar-se a provas radicais de sobrevivência, que podem incluir penosas migrações.

Os riscos de catástrofes são também mais evidentes: terramotos, tsunamis, furacões, cheias em alguns lados e secas intermináveis noutros…

O potencial de riscos de toda a natureza está a aumentar em relação ao homem e à natureza por que essa tendência, apesar dos esforços de alguns que respondem com mérito à situação, não foi contida.

Os próximos anos vão ser muito difíceis.

Em África a paz é cada vez mais frágil, por que os instrumentos de subjugação, por mais que a persuasão tente ser utilizada pelos poderosos, estão cada vez mais omnipresentes e activos, por todas as vias e com todo o tipo de meios, a partir do exterior do continente e no interior das nações e sociedades.

Um dos riscos é o redesenhar do mapa, como se outra imperiosa “conferência de Berlim” tivesse sido instigada em pleno século XXI!

As potências ocidentais tentam esconder as suas responsabilidades maiores nos actos de rapina, nos conflitos e nos holocaustos e, como corolário, levam ao Tribunal Penal Internacional preferencialmente alguns dos dirigentes africanos… “os não Kadafi” que conseguem sobreviver…

Ao mesmo tempo, fazem proliferar suas “invulneráveis” ONGs que difundem direitos humanos e a tal (falsa) democracia representativa, (uma “democracia” para os outros e nunca para eles), nem que tenham para isso de catapultar as manipuladas “revoluções coloridas” que advêm dos tempos do final da chamada Guerra Fria.

Pretendem com isso ter instrumentos para as engenharias psicológicas e sociais que implicam e respondem aos seus interesses e conveniências, para que cada vez haja mais difusão e proliferação de processos subtis de ingerência, que prolongam em primeira mão nas sociedades os tentáculos do seu poder, para em segunda mão fazer emergir esses tentáculos por dentro do miolo das frágeis instituições estatais do Terceiro Mundo…

Apregoam os benefícios das democracias representativas, mesmo que elas estejam tão corroídas pelos “lobbies” que promovem a arrogância sangrenta duma minoria constituída em aristocracia financeira mundial, mesmo que seja essa minoria o estimulante motor de divisões étnicas, religiosas, de desigualdades e desequilíbrios, de conflitos e tensões de toda a ordem, enfim todo um cortejo de “opções” que, ao darem muito lucro, em nada dizem respeito à democracia, muito menos aos direitos humanos e em tudo à guerra, sem limites e sem fronteiras, para além dos conflitos no interior das sociedades humanas!

As potências ocidentais nada têm a ensinar a África, mas estão de volta com um arrogante e cínico neocolonialismo, que quando não é militar e sangrento, é enfatuado e engravatado à imagem e semelhança dos banqueiros ao serviço dos cartéis, dos monopólios e da aristocracia financeira mundial que sustenta a sua própria hegemonia quantas vezes pelo recurso a uma direita de pendor ditatorial e à custa dos seus próprios povos.

Em todos os campos de acção humana, nunca houveram tantos mercenários, nem candidatos a mercenários!

Os que em nome de coerência histórica se lhes opõem com visão alternativa, correm o risco das provocações, das manipulações, da marginalidade, do jogo dos interesses e por vezes até obrigados a evocar as contingências da sobrevivência para calarem suas vozes e convicções!

Eles devem ser os primeiros a apontar o que é legítimo, mas com o cuidado dos que advertidamente lêem os sinais da ingerência da aristocracia financeira mundial nas sociedades e no espectro político de suas nações e estados.

Eles devem ser a vanguarda consciente duma luta com parâmetros de paz e pela democracia participativa, como vanguarda consciente e lúcida contra as ingerências que são provocadoramente animadas com o sinal nocivo da ingerência dos poderosos, que ao longo de séculos e particularmente desde inícios do século XX, tantos estragos têm causado a toda a humanidade e ao próprio planeta!

O ano de 2012 ocorre com um planeta à beira do precipício, conforme alguns em plena IIIª Guerra Mundial, com o espectro dum terrível episódio nuclear no horizonte e por isso os princípios estratégicos do movimento de libertação, a paz, o amor, a fraternidade, a solidariedade, a cidadania e a nossa participação, é um verdadeiro acto de resistência e uma saudável ainda que efémera quão precária barricada!

A luta continua!

* Imagem: Quadro de Malangatana

Feriados podem calhar sempre ao domingo num calendário proposto por investigadores



TSF

Um astrofísico e um economista da Universidade Johns Hopkins lançaram uma campanha para a definição de um novo calendário fixo, no qual os feriados podem calhar sempre ao domingo.

A ideia é simplificar a forma de organização, reduzindo esforço e tempo gastos a cada ano que passa para redesenhar o calendário em todo o mundo.

Os dois investigadores da universidade norte-americana consideram que o calendário actual, ditado em 1582 pelo Papa Gregório, está desactualizado.

Por isso, apresentam a nova forma de organizar os dias, fixando datas e permitindo que feriados, como o Natal e o Dia de Ano Novo, possam calhar sempre a um domingo, todos os anos.

São apontadas vantagens laborais e produtivas, além de outros benefícios económicos, como o planeamento estável de férias, salários e calendários escolares e a simplificação de cálculos financeiros, por exemplo, de juros.

Deixa de ser preciso fazer contas de dias para definir juros, mercados futuros, câmbios e outras operações financeiras, porque seria adoptado um padrão trimestral de 91 dias para cálculos, eliminando a necessidade actual de recorrer a convenções para contagem artificial dos dias.

Os dois investigadores partem para esta campanha para convencer governos e instituições mundiais a adoptar o novo calendário fixo que mantém o ano em 12 meses, quatro trimestres, mas acaba com os anos bissextos, acumulando os dias extra para uma semana adicional a cada cinco ou seis anos.

A ideia é recuperar os chamados dias à deriva que se foram perdendo, com o reajuste do mês de 28 dias, desde que foi adoptado o calendário gregoriano.

A proposta quer fazer, assim, uma amortização permanente, a partir de agora, num novo calendário fixo que prevê ainda apenas um dia semanal de descanso.


Imagem Escolhida: AVERSÃO DE CAVACO SILVA A SARAMAGO PARECE QUE ESTÁ EXPLICADA



Imagem Escolhida que finalmente explica as razões por que o presidente Cavaco Silva tratou com tanto desprezo José Saramago, Nobel da Literatura. Em vida e após a sua morte. Nas próprias cerimónias fúnebres.

Dizia-se que Cavaco agia assim por Saramago ser de esquerda, exigir mais justiça e democracia e ter sido um acérrimo crítico dos governos Cavaco. Nos bastidores comentavam na época que, por isso, Cavaco nunca fora capaz de ler uma única obra de Saramago.

Falta saber se leu de outros escritores, para além dos manuais económicos e numerológicos, matemáticos, que fizeram dele professor doutor, primeiro-ministro e, infelizmente, presidente da República em fase tão trágica para os portugueses e para Portugal.

O que faz espécie é que haja quem pretenda ler com os livros de "pernas para o ar". Assim não, senhores leitores. Saiba-se que o Nobel com que laurearam José Saramago foi justo reconhecimento de seu valor. Já será discutível certos prémios que Cavaco recebeu ou possa vir a receber...

Parece que a aversão de Cavaco a Saramago está explicada.

Portugal: CRISE NÃO PODE PÔR EM CAUSA A FAMÍLIA, frisa bispo do Porto




TSF, com foto

Na missa de Ano Novo, D. Manuel Clemente lembrou que voltar atrás nos progressos na dignificação da mulher, pais, filhos e idosos seria dramático.

O bispo do Porto frisou, este domingo, que a crise não pode pôr em causa a instituição família sob pena de tal significar uma «tremenda tragédia civilizacional» para os valores alcançados nos últimos séculos.

Durante a missa de Ano Novo, D. Manuel Clemente lembrou que «voltar atrás» nos progressos na dignificação da mulher, pais, filhos e idosos seria dramático e poderia ter «graves riscos para a solidariedade e a paz que têm geralmente na família a sua primeira e indispensável pedagogia».

Considerando que estes recuos significariam riscos graves para a solidariedade e unidade da família, D. Manuel Clemente apelou para que a sociedade e o trabalho se organizem em função das famílias e da unidade, não pensando apenas no individual.

«Estamos em tempo de crise, mas sobretudo de sair dela. Não deixemos então que os mesmos factores individualistas ou economicistas, que negativamente a provocaram, prevaleçam agora, ainda que doutra maneira, sobre os factores familiares e personalistas que foram por demais esquecidos», sublinhou.

Para o bispo do Porto, a crise só pode ser ultrapassada se houver um empenho ao máximo na educação e na transmissão de valores.

«Reconhecemos na família o maior e mais pedagógico sustentáculo da sociedade à qual, por motivos religiosos ou humanitários, devemos dar o apoio social e a primazia legal que indubitavelmente merece», adiantou.

D. Manuel Clemente quer ainda que as famílias que se venham a constituir tenham as «condições materiais e institucionais que as tornem mais sustentáveis e até apetecíveis».

Portugal: Apenas 51 comboios circularam até às 14:00 devido à greve dos maquinistas - CP




Filipa Parreira – Lusa, com foto

Lisboa, 01 jan (Lusa) - Apenas 51 comboios, cerca de 14 por cento do total, circularam em todo o país até às 14:00, devido à greve dos maquinistas, que contestam processos disciplinares interpostos pela empresa alegadamente de forma ilegal.

Num balanço dos efeitos da jornada de greve que começou à meia-noite, a porta-voz da CP, Ana Portela, disse à Lusa que até às 14:00 tinham circulado "apenas os serviços mínimos, num total de 51 comboios, o que equivale a pouco mais de 14% do que seria um dia normal".

A representante disse que a expetativa da empresa é de que, ao longo de todo o dia, "se cumpram apenas os serviços mínimos, à semelhança do que tem acontecido nos outros dias de greve".

Macau: DOZE ANOS DEPOIS




Carlos Morais JoséHoje Macau, opinião,  editorial

Doze anos passaram. E equivocam-se os que pensam e afirmam ter Macau perdido a sua identidade, pois nunca ela foi tão forte, na sua diferença, na sua originalidade e até, se quisermos, na presença da lusofonia. Sobretudo, se pensarmos na qualidade dessa presença. Finalmente livre do fantasma de ter sido administração deste território, a comunidade portuguesa encontra hoje um espaço de criatividade e afirmação, longe da modorra histérica de Portugal, que a relança como farol da contemporaneidade no Macau de hoje e do futuro.

Os portugueses são a Europa da cultura, do bom gosto e também da normalidade nas relações, como mais nenhum outro povo ocidental aqui conseguiu ou conseguirá. Trazemos a literatura e o vinho. A liberdade e o estilo. Eventualmente, o amor… Que mais se pode pedir a um povo que se desloca de um lado ao outro do mundo?

*
Doze anos depois, o que dizer da governação da RAEM? Passou, é certo, a fase de aprendizagem, em que a “falta de experiência” foi abundantemente utilizada para justificar os erros. Já não pega. Contudo, poder-se-ão assacar erros terminais? Certamente que não. Aliás, os sucessivos governos pecam mais pelo que não fazem do que, propriamente, por fazerem mal o pouco em que se cometem. Torna-se inexplicável como pode um Executivo, com o orçamento mais luxuoso do mundo, manter a sua população privada de uma estrutura de apoio social que permita prescindir do engodo dos cheques anuais. E, na sua inexistência, de como não se vislumbra uma estratégia coerente para o futuro.

Não se compreende, nomeadamente, como pode uma cidade destas ter níveis ambientais lamentáveis, um sistema de saúde público vacilante e tantas outras contradições que espelham algum desnorte governativo.

Entendemos o caso Ao Man Long como um sintoma de uma doença de um sistema que, sem ser a causa directa, facilita ou possibilita ainda a emergência destes fenómenos, cuja irradicação só será realmente conseguida através de uma profunda reforma metodológica.

Ora este caso que, ao invés de ter sido resolvido de forma adulta e frontal, continua a pairar como um fantasma nas instâncias administrativas e decisórias, tem obstruído grande parte da criatividade política e refreado a audácia governativa. Ainda recentemente, restos e vestígios do caso foram de novo chamados à colação, lançando algum pânico e mal-estar num Governo que ainda parece refém deste passado mal resolvido. Esta situação deve e tem que acabar, para o bem comum.

O que o Governo precisa rapidamente de sinalizar é que se interessa realmente pelo futuro desta população e não que remenda o barco cada vez que um tripulante faz um furo. Precisa de despoluir a península de Macau e criar mais e melhores acessos à Taipa, sem a transformar num espaço mal amanhado. Precisa de proteger Coloane. Precisa de garantir a saúde viária da cidade. Precisa de diversificar realmente a economia. Precisa de não se enredar no logro em que se transformou o conceito de indústrias criativas. Precisa de… fazer tantas, tantas coisas…

*
Kim morto, Kim posto. E, ao contrário da maior parte dos analistas, não me parece que tudo ficará na mesma. Ou seja, a sinificação do país terá agora de ocorrer de forma galopante. É assim que leio os pesares e as homenagens de Pequim à dinastia norte-coreana. A China aposta no longo prazo mas uma coisa é certa: não lhe apetece prescindir da sua influência, agora e no futuro, naquela parte da península coreana. Daí que tenha aturado as desfeitas dos generais dos Kim.

Quem foi esperto, no meio disto tudo, foi Kim Jong-nam, o filho mais velho e velho conhecido de Macau. Ele não está para estas coisas das lutas de poder e das políticas e prefere gastar o dinheiro extorquido ao povo pelos casinos e hotéis de luxo do mundo. Eles deviam era ser todos presos…

*
Doze anos passaram. E agora, assim do nada, saiu um artigo em Portugal, no jornal i, que insulta quem exerce em Português a profissão de jornalista em Macau. É giro porque nunca li um elogio ao facto de nós por aqui mantermos vivos língua e valores ao fim de uma dúzia de anos. Diz muito sobre Portugal.

Mas não pode ser cada jornalista individualmente a manifestar-se, pois é para isso que somos representados. Num caso que gera unanimidade e em que toda a classe foi humilhada, é imprescindível que a direcção da AIPIM – Associação da Imprensa em Português e Inglês de Macau – tome uma posição sobre o assunto junto do referido diário. Se não o quiserem fazer, não se expliquem: demitam-se.

Indonésia: QUATRO MORTOS E SETE FERIDOS EM ALEGADOS ATAQUES SEPARATISTAS


DM - Lusa      

Jacarta, 01 jan (Lusa) -- Quatro pessoas morreram e outras sete ficaram feridas em ataques independentes cometidos por alegados rebeldes separatistas na província de Aceh, no norte da ilha de Sumatra, na Indonésia.

Segundo informou hoje a polícia, o primeiro ataque perpetrado no sábado por um grupo de indivíduos armados com metralhadoras matou três trabalhadores da companhia estatal de telefones -- PT TelKom -- na cidade de Biruen, enquanto procediam à instalação de um cabo de fibra ótica.

Outros sete operários foram atingidos pelos disparos e encaminhados para o hospital na sequência de ferimentos graves, segundo indicou o chefe da esquadra da província, Yuri Karsono, em declarações citadas pela agência oficial Antara.

No mesmo dia, morreu um gerente comercial em Aceh, capital da província, após ter sido baleado à queima-roupa por duas pessoas que fugiram logo depois do ataque.

A polícia atribuiu estes ataques a uma fação dissidente do Movimento para a Libertação de Aceh, a organização separatista que, em 2005, depôs as armas, depois de mais de três décadas de luta armada.

Nas eleições de 2006, dois anos após o tsunami que assolou a região, alguns dos mais proeminentes líderes do movimento conquistaram assentos na assembleia regional de Aceh.

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