quinta-feira, 24 de outubro de 2013

EUA-Espionagem na Europa: UM ESCÂNDALO COM ALTO POTENCIAL EXPLOSIVO

 


Die Welt, Berlim – Presseurop – foto AFP
 
A colocação sob escuta do telemóvel de Angela Merkel prova sobretudo uma coisa: o descontrolo dos serviços secretos dos Estados Unidos, após os ataques de 11 de setembro, ganhou claramente proporções alarmantes.
 
 
É provável que Vladimir Putin tenha ido para a cama, na noite passada, com um sorriso de orelha a orelha. De facto, as revelações de que os serviços secretos norte-americanos terão escutado conversas telefónicas privadas da chanceler alemã começam por parecer uma brincadeira.
 
Um chefe de Estado europeu que nunca manifestou atitudes antiamericanas ao longo da sua carreira política, que defendeu fortemente o eixo transatlântico, é colocado sob escuta pelos norte-americanos? No Kremlin, devem ter-se rebolado a rir.
 
No entanto, na presente situação, esta notícia clamorosa não parece desprovida de fundamento. As reações da Chancelaria Federal e da Casa Branca sugerem que, pelo menos, a história revelada pelo Spiegel não é uma efabulação. Embora seja ainda muito cedo para avaliar a extensão do escândalo, temos já uma ideia de algumas questões que levanta.
 
Atitude paranoica
 
Que crédito dá o BND [os serviços secretos alemães] a essas escutas? Para começar, era bom saber a razão pela qual esta incrível “quebra de confiança” não foi descoberta pelas autoridades alemãs, mas por jornalistas. Considerará o BND que a colocação sob escuta do mais poderoso dirigente político da Europa é um caso de somenos importância?
 
Depois, há que perceber quem controla os serviços secretos dos Estados Unidos. Angela Merkel não é a primeira chefe de Estado a quem isto acontece. A Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, está manifestamente na mira da NSA [os serviços de informação dos EUA] – e cancelou mesmo, em setembro, uma visita oficial aos Estados Unidos.
 
Passados poucos dias, o embaixador dos Estados Unidos em França foi convocado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros em Paris, porque havia suspeitas de espionagem industrial dos EUA, a coberto da luta contra o terrorismo.
 
A questão foi levantada por Peer Steinbrück, candidato às eleições alemãs, durante a recente campanha eleitoral. Muitos consideraram, então, uma atitude paranoica. Hoje, parece que era uma desconfiança mais do que legítima.
 
Coesão política ameaçada
 
O facto de a República Federal da Alemanha ser tributária da proteção dos Estados Unidos, isso de forma alguma autoriza a potência protetora a colocar-se acima da lei e das regras diplomáticas. Nos Estados Unidos, o descontrolo dos serviços secretos a partir dos ataques de 11 de setembro ganha claramente proporções alarmantes. Este tipo de práticas mina os valores e a coesão política do Ocidente.
 
É muito cedo para avaliar as implicações políticas deste escândalo. Será ainda possível acreditar nos protestos de Washington, que alega não passar tudo de um mal-entendido? Provavelmente não. Quando os chefes de Estado são transformados em alvos, não se trata de um acaso, mas de uma estratégia cuidadosamente amadurecida. O caso das escutas da NSA pode ter repercussões políticas consideráveis e levar a um espetacular encontro de placas tectónicas dos dois lados do Atlântico.
 

NSA ESPIONOU LIGAÇÕES DE 35 LÍDERES MUNDIAIS, diz jornal

 

Deutsche Welle
 
Reportagem não revela que políticos teriam sido vigiados pelos EUA, mas denúncias recentes apontam que Dilma e Merkel estariam entre eles. Revelação ameaça aumentar atritos entre americanos e aliados.
 
A Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos teria monitorado as conversas telefônicas não só da presidente Dilma Rousseff e da chanceler federal alemã, Angela Merkel, como também de outros 33 líderes mundiais. A revelação foi feita nesta quinta-feira (24/10) pelo jornal britânico The Guardian, com base em documentos repassados pelo ex-técnico da CIA (agência de inteligência americana) Edward Snowden.
 
Para conseguir montar a base de dados, a NSA teria recorrido a outros departamentos do governo americano com contatos com políticos estrangeiros. A agência, segundo a reportagem do Guardian, incentivaria funcionários da Casa Branca, do Departamento de Estado e do Pentágono a informar os números de telefones de líderes e, assim, montar uma agenda telefônica para facilitar a espionagem.
 
Só um único funcionário americano teria entregado mais de 200 números de telefones, incluindo o de 35 líderes mundiais. A reportagem não identifica quais seriam os políticos, mas revelou-se recentemente, também com base nos documentos de Snowden repassados à imprensa, que Dilma e Merkel estariam entre as diretamente espionadas.
 
A revista italiana L'Espresso já antecipou que em sua edição desta sexta-feira publicará que, além dos líderes de Brasil e Alemanha, o governo italiano também foi espionado pelos EUA.
 
As revelações têm potencial para agravar a tensão entre americanos e seus aliados. Dilma cancelou uma viagem que faria a Washington neste mês após reportagem indicar que as comunicações do Planalto eram sistematicamente vigiadas pelos americanos.
 
Merkel, por sua vez, exigiu, diretamente e por telefone, explicações do presidente americano, Barack Obama, sobre as denúncias de que seu celular teria sido grampeado. Nesta quinta-feira, a chanceler federal disse que "espionagem entre amigos é algo que não dá [para aceitar]" e afirmou que a confiança dos alemães nos EUA como parceiros tem agora que "ser refeita".
 
O Guardian diz que procurou o governo Obama para comentar as novas denúncias, mas não obteve resposta. Nesta quinta-feira, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, evitou retrucar diretamente as revelações sobre espionagem a líderes mundias.
 
"Deixamos claro que os Estados Unidos reúnem inteligência no exterior assim como fazem todas as nações", limitou-se a afirmar Carney.
 
RPR/ dpa/ ap/ rtr
 
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Portugal: SÓCRATES JULGADO PELA MORAL DE SÓCRATES

 


 
José Sócrates escreveu um livro sobre a tortura em democracia. Explica, numa das entrevistas do último fim de semana, especialmente notável entre conversas notáveis, que, excetuando decisões entradas nos domínios do risco da vida humana e do sofrimento, não é um deontologista, não segue "correntes morais dos que acham que têm imperativos categóricos e uma ética da convicção". E explicita: "A boa ação é aquela de que resulta mais felicidade do que sofrimento. É um cálculo."
 
José Sócrates defende, convicto, o realismo virtuoso do paradoxo dissimulado: "É preciso medir as consequências da boa ação." Por isso, como político, garante que nunca aceitaria dar uma ordem de tortura. No entanto, sobre quase tudo o resto, sobre toda a ação política quotidiana, recusa o moralismo predestinado: o que é verdadeiramente moral na política é "o cálculo do mal menor", defende. Chama a isto "ética da responsabilidade".
 
A narrativa de Sócrates inclui múltiplas acusações. A Pedro Passos Coelho por ter, em horas, passado da aceitação do PEC IV para a declaração pública, falsa, de que essa negociação estava a ser feita sem seu conhecimento. A Cavaco Silva por ter preparado em Belém uma operação para derrubar o Governo. A Santana Lopes, "um bandalho", por ter engendrado o caso Freeport e a propagação do boato de uma alegada homossexualidade. A Miguel Relvas por não ter mandado retirar uns cartazes insultuosos dos "pulhas" da JSD. Ao ministro das Finanças alemão, "um estupor" e "filho da mãe" que "punha notícias nos jornais contra nós". A Teixeira dos Santos, por ter desistido de o defender. Aos notáveis do PS, uns "gajos que se achavam da aristocracia". Ao Bloco de Esquerda e ao PCP, por não terem aceitado participar no Governo e terem ajudado ao seu derrube...
 
Penso na filosofia de Sócrates.
 
Talvez a boa ação, a 23 de março de 2011, fosse Passos, Cavaco, Louçã, Jerónimo, Teixeira dos Santos, Schäuble e todos os outros terem viabilizado o PEC IV. Isso teria sido moralmente correto, acha, nitidamente, o primeiro-ministro caído nesse dia. Mas a "ética da responsabilidade" do político, o imperativo ditado pela medição previsível do que produz mais felicidade do que sofrimento implicava - acharam, nessa altura, todos os outros, unânimes - o derrube do Governo. O "chefe democrático que a direita sempre quis ter", nesse dia, era o produto do mesmo "cálculo do mal menor" que tanto o inspira.
 
O estudante de Filosofia, sem ética da convicção e sem imperativo categórico, não devia, portanto, queixar-se do resultado final, lógico, da sua tese teórica.
 

Portugal: Catroga diz que Sócrates "devia estar a ser julgado em tribunal"

 

RTP - Antena 1
 
Eduardo Catroga disse hoje à Antena 1 que o ex-primeiro-ministro José Sócrates "devia estar definitivamente enterrado" e a "ser julgado em tribunal pelos erros de gestão". O militante do PSD, que é agora presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP, reagiu assim à hipótese de um governo do Bloco Central, que Sócrates teria proposto a Passos Coelho.
 
Para Catroga, José Sócrates "levou o país à falência" e "está a tentar renascer das cinzas", mas o facto de ser um "indivíduo aventureiro, teimoso, determinado" faz que nunca tivesse vocação para coligações.
 
O antigo primeiro-ministro José Sócrates revelou, em entrevista à Antena 1, que Pedro Passos Coelho rejeitou um acordo de coligação ainda antes da apresentação do derradeiro Programa de Estabilidade e Crescimento da governação socialista, porque não concordava com a formação de um governo de bloco central.
 
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Cimeira da CPLP em Díli só depois do Mundial de Futebol do Brasil -- MNE timorense

 


Díli, 24 out (Lusa) - O chefe da diplomacia de Timor-Leste, José Luís Guterres, disse hoje que a cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa em Díli só vai realizar-se depois do mundial de futebol no Brasil, em 2014.
 
Timor-Leste vai assumir pela primeira vez a presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 2014 durante a cimeira dos chefes de Estado e de Governo, que se realiza de dois em dois anos e sempre no mês de julho.
 
O mundial de futebol do Brasil vai realizar-se entre 12 de junho e 13 de julho de 2014.
 
"Todos nós somos amantes de futebol e vai decorrer no Brasil e alguns de nós estaremos lá presentes e tivemos oportunidade de falar um pouco em Nova Iorque com o ministro do Brasil, Moçambique, Portugal e outros. Há um certo consenso de que não faria sentido fazer uma cimeira durante o Mundial", afirmou à agência Lusa José Luís Guterres.
 
"Faz sentido nós não realizarmos a cimeira durante o campeonato de futebol. O bom senso diz-me que temos de encontrar uma data posterior que seja aceitável para todos e pela nossa parte queremos é que os mais altos dignitários estejam presentes em Timor-Leste, porque também queremos homenagear os países irmãos que nos apoiaram muitos anos", disse.
 
Questionado pela agência Lusa sobre se vai ser escolhido outro mês para a realização da cimeira, José Luís Guterres disse que "talvez", mas que dependia da agenda dos chefes de Estado e de Governo.
 
"O nosso embaixador em Lisboa está em contactos para ver qual será a melhor data", acrescentou.
 
MSE // VM - Lusa
 

BANCO MUNDIAL APOIA RECONSTRUÇÃO DE PRINCIPAL ESTRADA DE TIMOR-LESTE

 


O Banco Mundial aprovou um apoio adicional de cerca de 29 milhões de euros para a reabilitar a estrada Díli/Ainaro, uma das vias rodoviárias mais importante para a economia de Timor-Leste, anunciou ontem a instituição em comunicado.

Segundo o comunicado feito em conjunto com o Governo timorense, o projeto prevê a reabilitação total dos 110 quilómetros de estrada que liga, através dos distritos de Díli, Aileu e Ainaro, o norte e sul do país.
 
"Construir uma melhor rede de estradas vai dar mais acesso aos serviços e mercados às pessoas de muitas áreas rurais", afirmou o representante do Banco Mundial Luís Constantino, citado no comunicado.

Segundo o responsável, o projeto vai ter um "impacto positivo no desenvolvimento da economia e no bem-estar da Nação timorense, especialmente nas populações rurais, a quem muitas vezes são cortadas oportunidades por não terem infraestruturas básicas".

O projeto inicial previa apenas reabilitações de emergência em algumas zonas daquela estrada, muitas vezes danificada por inundações devido à chuva.

O fundo adicional vai permitir reabilitar toda a estrada que passa pelos três distritos, nomeadamente ao nível da estrutura de estabilização e inclinação e de drenagem das águas.

"O Governo comprometeu-se a construir uma rede de estradas de qualidade para promover o desenvolvimento nacional com equidade. Este projeto vai aumentar a reabilitação de uma estrada crítica para a prosperidade futura do país", afirmou o ministro das Obras Públicas, Gastão de Sousa.

O Governo timorense vai contribuir para o projeto, que está orçado em 112 milhões de dólares (cerca de 81,9 milhões de euros) e deverá estar pronto em dezembro de 2018, com 47 milhões de dólares (cerca de 34,3 milhões de euros).

Lusa, em Sapo TL
 

Renamo diz que continua "vinculada" ao Acordo Geral de Paz em Moçambique

 


A Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), o principal partido da oposição moçambicana, afirmou hoje que continua "vinculada" ao Acordo Geral de Paz, considerando "uma má interpretação" a declaração de que o movimento havia denunciado o entendimento.
 
Na segunda-feira, o porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, leu uma declaração à imprensa que dizia que a tomada pelo exército da base onde se encontrava o líder do partido, Afonso Dhlakama, "coloca ponto final aos entendimentos de Roma", assinados em 1992.
 
"A tomada da base do presidente Dhlakama, pelos comandos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique e pela Força de Intervenção Rápida (FIR), marca o fim da democracia multipartidária em Moçambique. Esta atitude irresponsável do Comandante em Chefe das Forças de Defesa e Segurança coloca ponto final aos entendimentos de Roma", afirmou na ocasião Fernando Mazanga.
 
Em declarações hoje à Lusa em Maputo, o porta-voz da Renamo declarou que o partido continua vinculado ao AGP assinado com o governo moçambicano em 1992 e que as informações sobre a denúncia do pacto resultam de uma interpretação errada.
 
"O AGP é o nosso produto, continuamos vinculados a ele, é o nosso filho e usamos com ele a sabedoria do Rei Salomão, que ficou do lado da mulher que se recusou a sacrificar o seu filho", disse o porta-voz da Renamo.
 
"Fizemos ver na conferência de imprensa que aquela atitude do governo significa que está a romper o acordo e não nós. Vamos emitir uma declaração política a corrigir a interpretação errada de que nos retirámos do acordo", disse Fernando Mazanga.
 
O porta-voz da Renamo afirmou que a prova de que o seu partido mantém o respeito pelo AGP é a participação da bancada parlamentar do partido nas sessões de quarta-feira e de hoje na Assembleia da República.
 
"O partido e os seus órgãos continuam a funcionar normalmente e o líder está de boa saúde", ressalvou Fernando Mazanga, sobre Afonso Dhlakama, que continua em paradeiro desconhecido desde que foi desalojado da sua casa em Sadjunjira.
 
PMA // PJA - Lusa
 

Moçambique. Zimbabué apoia governo e avisa Renamo de que não quer guerra

 

Diogo Vaz Pinto – jornal i
 
Vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Zimbabué garante que o seu país não irá tolerar um retorno à guerra civil em Moçambique
 
"A Renamo está equivocada se julga que pode criar instabilidade e esperar que o Zimbabué se limite a assistir de braços cruzados", afirmou ontem à BBC Christopher Mutsvangwa, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Zimbabué. Na segunda-feira, o movimento que lidera a oposição ao governo moçambicano - e que, além dos 51 assentos que detém actualmente no parlamento, conta com um pequeno exército de cerca de mil homens - rasgou o tratado de paz assinado em Roma em 1992, que pôs fim à guerra civil que assolou o país nos 16 anos que se seguiram à independência, em 1975.
 
A denúncia do acordo veio em resposta à operação do exército moçambicano, que, no mesmo dia, tomou de assalto a base da Renamo na região montanhosa da Gorongosa, no centro do país, onde o seu líder, Afonso Dhlakama, se encontrava aquartelado há mais de um ano.
 
Na entrevista concedida a um programa de rádio da cadeia britânica, Mutsvangwa dirigiu um aviso claro a Dhlakama, acentuando que "nunca, nunca" lhe passe pela cabeça um retorno à violência. "Os países no Sul de África não vão permiti-lo. É algo que simplesmente a região não pode aguentar neste momento", sublinhou, acrescentando que o dispositivo regional da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral estaria disposto a enviar tropas para ajudar o governo de Moçambique na eventualidade de a segurança no país se deteriorar.
 
A captura pelos militares do principal quartel do antigo movimento de guerrilha, em Sandjunjira, na província de Sofala, levou Afonso Dhlakama e o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, a fugirem para local incerto. Entretanto, homens armados retaliaram ao raiar do dia seguinte, abrindo fogo sobre uma esquadra da polícia na vila de Marínguè, a cerca de 35 km daquela base. Na tarde do mesmo dia, uma coluna militar na região de Muxúnguè, na mesma província, foi também atacada pelos rebeldes.
 
Os acontecimentos que estão a alimentar os receios de que Moçambique possa resvalar novamente para um conflito civil coincidiram com o início da "presidência aberta" de Armando Guebuza, actual líder do regime que detém o poder no país desde 1975. A iniciativa presidencial era aguardada há muito como uma oportunidade para um alívio na crescente tensão entre a Renamo e a Frelimo (partido do poder) nos últimos meses.
 
Ontem Guebuza defendeu a necessidade de manter o diálogo com a oposição, sublinhando que o momento "não é apropriado para inimizades, pois o maior perdedor é o povo moçambicano". "Este não é o tempo para perguntar o que está certo e está errado. Se alguém pensa que está certo, então que traga a sua posição para a mesa do diálogo."
 
Já o ministro da Defesa de Moçambique, Filipe Nyusi, justificou ontem o ataque do exército à base da Renamo com a necessidade de "desactivar núcleos do terrorismo" no país, explicando que o acampamento poderá ser transformado em quartel militar. "A perseguição era necessária para desactivar este núcleo do terrorismo e vai continuar para manter a estabilidade no país", disse.
 
Enquanto isso, um conjunto de organizações moçambicanas acusou ontem Armando Guebuza de violar a Constituição, pelo assalto militar conduzido com o pretexto de reposição da ordem pública, uma vez que, dizem, constitucionalmente esta acção cabe à polícia. Falando aos jornalistas, a presidente da Liga dos Direitos Humanos de Moçambique, Alice Mabota, afirmou que para a sociedade civil moçambicana "não está claro" o que aconteceu na Gorongosa nem a razão por que aquele ataque foi perpetrado pelo exército.
 
Durante os anos da guerra civil, a Renamo era apoiada pelo regime da minoria branca que controlava o poder no Zimbabué, mas quando Robert Mugabe chegou ao poder trocou o sentido da aliança, e desde então passou a ajudar o governo da Frelimo. O CanalMoz (publicação diária online moçambicana) adiantou entretanto que o exército moçambicano contou inclusivamente com apoio de tropas do Zimbabué na operação que levou à captura da base da Renamo esta segunda-feira.
 
Com 54% da sua população a viver com menos de um dólar por dia, Moçambique destaca-se como um dos países mais pobres do mundo, mas a descoberta de enormes reservas de gás natural na bacia do Rovuma, no Norte de Moçambique, aliada à exploração das importantes reservas de carvão em terra, têm conduzido o país a um súbito florescimento económico.
 

Moçambique: PR Guebuza diz que a paz está ameaçada e apela ao diálogo

 


O Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, disse, na província de Sofala, que a paz no país está ameaçada na sequência dos confrontos entre o Exército e os rebeldes da Renamo e apelou ao diálogo.
 
“Moçambique está atualmente a viver momentos em que a paz está ameaçada” afirmou Guebuza durante um encontro com a população de Metuchira, província de Sofala, centro do país.
 
“Este período é um teste, um exame sobre se as nossas convicções querem a paz ou não. Devemos mostrar que queremos a paz. Nós não queremos ruturas. Nós queremos continuar com o desenvolvimento”, afirmou o chefe de Estado de Moçambique.
 
“Neste momento devemos ter uma solução e essa solução está no diálogo. Devemos todos continuar a comprometer-nos com o diálogo. Se dialogarmos com convicção seremos fortes e continuaremos o desenvolvimento”, acrescentou.
 
Moçambique vive a sua pior crise política e militar desde a assinatura do acordo de paz em 1992, após o exército moçambicano ter desalojado, na segunda-feira, o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, principal partido da oposição), Afonso Dhlakama, da base onde se encontrava aquartelado há mais de um ano, no centro do país.
 
Afonso Dhlakama e o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, fugiram para local incerto, enquanto as forças de defesa e segurança moçambicanas mantêm a ocupação da residência do líder do movimento, em Sandjunjira, na província de Sofala.
 
Um dia depois, os antigos rebeldes da Renamo denunciaram o acordo de paz assinado com a Frelimo.
 
PSP (PMA) // VM - Lusa
 

Portugal: O ÓDIO A SÓCRATES

 

Daniel Oliveira – Expresso, opinião
 
Quando comecei a minha coluna semanal no EXPRESSO, ainda Santana Lopes era primeiro-ministro e Sócrates o queria ser, o meu primeiro texto tinha como título "A coisa". Era sobre José Sócrates e o seu vazio ideológico e programático. Uma acusação, à altura, mais do que justa. Ao contrário de outros ex-primeiro-ministros, Sócrates fez-se ideologicamente no poder. Com várias guinadas ao longo de seis anos. Não apenas guinadas tácticas, bastante comuns em muitos políticos. Mas guinadas sinceras de quem estava a aprender o mundo enquanto governava.
 
Durante seis anos fiz-lhe oposição. E não me arrependo. Também o apoiei em várias medidas, como é evidente. Mas, acima de tudo, tratei sempre com cuidado os casos menos políticos em que o seu nome foi sendo envolvido. Na realidade, o mesmíssimo cuidado que tenho com todos os casos que surgiram com pessoas deste governo: não os deixo de tratar, exponho os factos conhecidos e retiro conclusões políticas. Com Sócrates, nuns casos fiquei esclarecido, noutros mantenho dúvidas. Numa análise a todas as acusações que lhe tinham sido feitas conclui, em fevereiro de 2010: "No meio desta histeria, que torna o debate político insuportável - é já quase sinal de cedência escrever sobre qualquer outro assunto que não seja José Sócrates -, a falta de rigor e de apego à verdade de que o primeiro-ministro é acusado parece ter tomado conta do país inteiro. Interessa saber se José Sócrates fez o que se diz que ele fez. Mas, se não levarem a mal, a verdade dos factos pode, de vez enquanto, ter voto na matéria." Sobre esses casos, podem ler texto que aqui refiro. Chega e sobra. Não é com eles que quero perder tempo.
 
É normal que se investiguem primeiros-ministros e dificilmente me veem a comprar teses de cabalas e campanhas negras. Mas ninguém negará que nunca, sobre um governante, saíram tantas notícias de pequenos casos de forma tão insistente. Sobretudo não me lembro de terem sobrevivido tanto tempo a qualquer esclarecimento, bom ou mau. Compare-se o caso do Freeport - que durou anos - com o da Tecnoforma, que passou desapercebido a quase todos os portugueses. Acho que posso dizer com rigor, sem ter de tomar partido, que nunca um primeiro-ministro em Portugal foi tão atacado como José Sócrates. Nada escapou: da sua vida intima ao património da sua família, do seu percurso profissional e académico à forma como exerceu os seus cargos políticos anteriores. Até escutas ao primeiro-ministro a oposição de direita quis que o país ouvisse, coisa que nunca alguém se atreveu a propor em qualquer outro caso. A verdade é esta: pequenos pormenores da vida de Sócrates ainda hoje vendem mais jornais do que venderia a biografia mais intima de Passos Coelho.
 
Porque gera tantos ódios José Sócrates? Os que o odeiam responderão com rapidez que faliu o país. Nessa não me apanham mesmo. Até porque a "narrativa" tem objetivos políticos e ideológicos que ultrapassam em muito a figura do ex-primeiro-ministro, o que revela até que ponto podem ser estúpidos os ódios pessoais de uma esquerda que, por mero oportunismo de momento, comprou uma tese que agora justifica todo o programa ideológico deste governo.
 
É pura e simplesmente falso que Sócrates tenha falido o país. E isto não é matéria de opinião. Sócrates faliu o país da mesma forma que todos os que eram primeiros-ministros entre 2008 e 2010 em países periféricos europeus o fizeram. Até 2008 todos os indicadores financeiros do Estado, a começar pela dívida pública, e todos os indicadores da economia seguiam a trajetória negativa que vinha desde a entrada de Portugal no euro (ou até desde o início da convergência com o marco, que lhe antecedeu), verdadeiro desastre económico que ajuda a explicar uma parte não negligenciável da situação em que estamos. A narrativa que esta crise se deve ao governo anterior, além de esbarrar com todos os factos (o truque tem sido o de juntar o aumento da dívida anterior e posterior a 2008 e assim esconder a verdadeira natureza dessa dívida), esbarra com a evidência do que se passa nos países que estavam em situação semelhante à nossa e não tiveram Sócrates como primeiro-ministro. Posso escrever tudo isto com uma enorme serenidade: fui opositor de Sócrates e sempre disse o que estou a dizer agora.
 
Também nada de fundamental, até 2008, distinguia, para o mal e para o bem, os governos de Sócrates dos anteriores. O que era diferente correspondia às pequenas diferenças entre os governos do PS e do PSD, que já poderiam ter sido detectadas em Guterres. O que era igual, conhecemos bem e podemos identificar em Barroso, Guterres ou Cavaco. Em todos eles houve decisões financeiras desastrosas - das PPP à integração de fundos de pensões privados na CGA, da venda ruinosa de ativos a maus investimentos públicos. Em todos eles houve interesses, tráficos de influências, mentiras, medidas demagógicas e eleitoralistas. Sócrates foi apenas mais um.
 
Há uma parte deste ódio que surgiu à posteriori (sim, vale a pena recordar que Sócrates venceu duas vezes as eleições). Perante a crise, o país precisava de encontrar um vilão da casa. Como escrevi, irritando até muitas pessoas de esquerda, em Outubro de 2010, ainda Sócrates era primeiro-ministro: "São sempre tão simples os dilemas nacionais: encontra-se um vilão, espera-se um salvador. Sócrates foi um péssimo primeiro-ministro? Seria o último a negá-lo. Mas, com estas opções europeias e a arquitetura do euro, um excelente governo apenas teria conseguido que estivéssemos um pouco menos mal. Só que discutir opções económicas e políticas dá demasiado trabalho. Discutir a Europa, que é 'lá fora', é enfadonho. É mais fácil reduzir a coisa a uma pessoa. Seria excelente que tudo se resumisse à inegável incompetência de Sócrates. Resolvia-se já amanhã." O único acerto a fazer é que, perante este governo, a avaliação de incompetências passou para um outro patamar.
 
Sócrates acabou por servir, nesta crise, para muitas cortinas de fumo. A de quem quis esconder as suas próprias responsabilidades passadas. A de quem queria impor uma agenda ideológica radical e tinha de vender uma "narrativa" que resumia a história portuguesa aos últimos 9 anos e esta crise a um debate sobre a dívida pública. E a de quem, sendo comentador, economista ou jornalista, e tendo fortes limitações na sua bagagem política, foi incapaz de compreender a complexidade desta crise e optou por uma linha um pouco mais básica: o tiro ao Sócrates. Não lhes retiro o direito ao asco. Eu tenho o mesmo pelo atual primeiro-ministro. Mas não faço confusões e já o escrevi várias vezes: Passos sai, Seguro entra e, se não houver um enfrentamento com a troika, fica tudo exatamente na mesma. Porque o problema não é exclusivamente português e, mantendo o país no atual quadro europeu, depende muito pouco do nosso governo.
 
Há outra explicação para o ódio que Sócrates provoca. As novas gerações da direita portuguesa são, depois de décadas na defensiva, de uma agressividade que Portugal ainda não conhecia. A que levou à decapitação da direção de Ferro Rodrigues, através do submundo da investigação criminal e do submundo do jornalismo, representado, desde sempre, pelo jornal "Correio da Manhã". A mesma que tratou de criar um cerco de suspeição que transformou, durante seis anos, a política nacional num debate quase exclusivamente em torno do carácter do primeiro-ministro. Um primeiro-ministro que, como tantos políticos em Portugal, se prestou facilmente a isso. Um cerco que fez com que poucos se dessem ao trabalho de perceber o que estava a acontecer na Europa desde 2008 e como isso viria a ser trágico para nós. Andávamos entretidos a discutir escutas e casos.
 
Foi esta direita que, irritada pela iminência de perder prematuramente o poder que tinha reconquistado há apenas três anos, espalhou o boato sobre a suposta homossexualidade de Sócrates. Pedro Santana Lopes veio, em reação à entrevista de Sócrates ao EXPRESSO, dizer que essa campanha vinha do PS. Tenho boa memória e recordo-me das indiretas no debate entre Santana e Sócrates, na SIC. Lembro-me também de Santana ter passado uma campanha a insistir para que Sócrates tomasse posição sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, quando isso ainda nem era debate e sabendo-se o boato que corria. Lembro-me ainda de, num inédito mas muito conveniente comício de mulheres do PSD, em Famalicão, em plena campanha, uma ter dito isto: "Ele [Santana] ainda é do tempo em que os homens escolhiam as mulheres para suas companheiras... bem hajam os homens que amam as mulheres!" E de, entusiasmado, Santana Lopes ter rematado, em declarações aos jornalistas: "O outro candidato [Sócrates] tem outros colos, estes colos sabem bem". Todos sabem como Santana importou, através de um publicitário brasileiro, uma determinada forma de fazer política. Felizmente, como se viu pelo seu resultado, não funcionou.
 
Goste-se ou não do estilo, Sócrates é, muitas vezes, de uma violência verbal inabitual em Portugal. Ele é, como se definiu na entrevista a Clara Ferreira Alves, anguloso. E voltou a prová-lo, nesta conversa, de forma eloquente. Num País habituado a políticos redondos isso choca. Ainda mais quando se trata de um líder do centro-esquerda, por tradição cerimoniosa e pouco dotada de coragem política. Sócrates, pelo contrário, tem, e isso nunca alguém lhe negou, uma extraordinária capacidade de confronto e combate. O estilo público de Guterres, Sampaio, Ferro Rodrigues e Seguro (muito diferentes entre si em tudo o resto) é aquele com o qual a direita gosta de se confrontar. A aspereza de Sócrates deixa-a possuída, irritada, quase invejosa. A ele não podiam, como fizeram com Guterres, acusar de indecisão e excesso de diálogo. Sócrates acertou na mouche: ele é o líder que a direita gostaria de ter.
 
Também a maioria dos portugueses tende a gostar de um estilo autoritário, mas sonso, que nunca diz claramente ao que vem, de que Cavaco Silva é talvez o exemplo mais acabado. Diz-se, ou costumava dizer-se, que Cavaco é previsível. Mas ele não é previsível por ser fiel às suas convicções, que nós desconhecemos quais sejam. É previsível porque quer sempre corresponder ao arquétipo do político nacional: moderado, ajuizado, prudente, asceta e severo. Apesar de, na realidade, no seu percurso cívico e político pouco ou nada corresponder a estas características. Pelo contrário, Sócrates corresponde, na sua imagem pública, ao oposto de tudo isto.
 
Não é o primeiro político português a fugir ao modelo do líder austero e sacrificado, que Salazar impôs ao imaginário nacional e que Cunhal, Eanes, Cavaco ou Louçã acabaram por, mesmo que involuntariamente, reproduzir. Já Soares fugira desse estilo e se apresentara emotivo, imprevisível e bon vivant. O que mudou desde então? Tudo. A exposição pública, o escrutínio da imprensa, o poder de disseminação do boato. Ainda assim, arrisco-me a dizer que se há um político português vivo que consegue arrebatar mais paixões, sejam de amor ou de ódio, do que José Sócrates ele é Mário Soares. À sua direita e à sua esquerda.
 
Mas há uma enorme diferença entre Soares e Sócrates: o estatuto. Que resulta da idade, do currículo político e do tempo histórico em que foram relevantes. E, para tentar resumir, é esta diferença que ainda faz Sócrates correr. Acho que ele não se importa nada de ser odiado pela direita e por parte da esquerda. O que o incomoda é isso não corresponder a um papel histórico que, mal ou bem, lhe seja reconhecido. É não ter atingido um estatuto em que ser odiado por muitos não só é normal como recomendável. No fundo, move-se pelo mesmo que todos os políticos que ambicionaram mais do que uma pequena carreira: o sonho da imortalidade. E essa é, entre outras, uma das razões porque não compro o retrato do pequeno bandido que enriqueceu com uns dinheiros dum outlet em Alcochete. Parece-me que a sua ambição é muito maior. Por isso, façamos-lhe justiça de acreditar que também serão maiores e, quem sabe, mais nobres os seus pecados.
 

Portugal-Angola: A BEM DA RAZÃO

 

Eduardo Oliveira Silva - Jornal i, opinião
 
É preciso desarmadilhar o terreno das relações luso-angolanas
 
As relações entre Angola e Portugal têm por definição uma faceta fraterna e outra de tensão natural. Não é de estranhar que assim seja. Os laços históricos que existem começaram por ser forjados pela imposição de uma subjugação colonial. A uma guerra de libertação seguiu- -se uma descolonização penosa e, por fim, o patamar de relativa normalidade foi conseguido a partir do momento em que terminou a guerra civil e Angola alcançou a paz para entrar no de- senvolvimento. Isso permitiu que Portugal crescesse como parceiro privilegiado, obtendo proveitos gradualmente mais valiosos e abrindo horizontes de trabalho para milhares dos seus nacionais.
 
Naturalmente, o desenvolvimento de Angola deu origem a uma capacidade de internacionalização da sua economia que, exactamente por causa de laços absolutamente únicos entre os países, se dirigiu primeiro para Portugal, o qual, entretanto, também intensificou os seus investimentos em Angola.
 
Há portanto uma sintonia e um envolvimento económico que interessa sobremaneira aos dois países e aos seus cidadãos em concreto.
 
Ora nos últimos meses essa tranquilidade foi objectivamente perturbada por informações e notícias dando conta de que há personalidades angolanas a ser investigadas pela justiça portuguesa a partir de denúncias feitas cá por angolanos.
 
Seja português, seja chinês, angolano, espanhol, coreano do Sul ou do Norte, qualquer indivíduo tem o direito de se indignar com esse tipo de situação e com flagrantes violações do segredo de justiça, das quais os media são os menores responsáveis, pois não são eles que têm acesso directo ao que quer que seja.
 
E foi isto e só isto que indispôs Angola e as personalidades visadas, que, legitimamente, reagem e suscitam intervenções de Estado com base no pressuposto de inocência até prova em contrário que é próprio da justiça justa.
Entre nós não estamos habituados a que quem seja posto na berlinda tenha publicamente a capacidade de reagir com meios e mecanismos de diversa ordem, inclusivamente económicos.
 
Mas é evidente que quem vê o seu nome atirado para a praça pública e cozinhado em lume brando em função de diligências judiciais e judiciosamente mediatizadas pode não se conformar e pode reagir, se tiver ao seu alcance meios de resposta que evitem que tenha de se sujeitar a determinado tipo de vexames e controlos remotos de quem quer que seja.
 
Este imbróglio que vivemos tem três planos: o da justiça, que se arrasta e não resolve; o da política globalmente falando, que por um lado procura evitar rupturas excessivas, mas por outro incita ao confronto; e o da economia e da dimensão humana, que procura seguir em frente em Portugal e Angola, evitando consequências funestas e rupturas drásticas por via da dramatização de momentos pontualmente complexos dentro de uma longa e nem sempre fácil história comum.
 
São poderes independentes uns dos outros, mas é bom que haja consciência de que cada um dos seus agentes interage directamente com os outros e tem responsabilidades acrescidas em relação à sua singela esfera de actuação.
 
É pois desejável que cada um actue com diligência, rapidez e clareza na sua área, não deixando terrenos armadilhados no caminho dos outros, sob pena de prejudicar uma vastíssima comunidade de dois países entrosados a tal ponto que as suas gentes muitas vezes se confundem até não se distinguir quem é de onde.
 

Guiné-Bissau: Presidente do STJ classifica sistema judicial como «arcaico»

 


III Fórum Nacional sobre Justiça Criminal
 
 
Bissau - O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) da Guiné-Bissau, Paulo Sanha, afirmou, esta segunda-feira, 22 de Outubro, que o sistema judicial padece de «arcaísmo».
 
O responsável máximo do STJ fez as declarações durante a cerimónia de abertura do III Fórum Nacional sobre Justiça Criminal, onde disse que não se pode conceber que na era das novas tecnologias e comunicação globalizada, os tribunais guineenses não disponham de um sistema integrado de rede interna e continuem a utilizar as máquinas dactilográficas nas audiências, sem sistemas audiovisuais fundamentais para a produção de provas.

Paulo Sanha referiu ainda que os edifícios que albergam os tribunais em Bissau e no interior do país são «indignos» para a nobre missão da magistratura, destacando a exiguidade dos mesmos e a crónica falta de energia eléctrica.

Apesar de tudo, o Presidente do STJ referiu que está a avaliar-se uma estratégia do Governo para a construção de Tribunais de Primeira Instância, prisões, Centros de Formação Judiciários e um Centro de Detecção.

«Os tribunais não poderão atingir a excelência sem uma aposta séria nos recursos humanos», disse o responsável.

Paulo Sanha afirmou que as palavras do jornalista, escritor e advogado português, Miguel Sousa Tavares, reflectiram o estado actual da justiça criminal da Guiné-Bissau, quando afirmou que, em qualquer estado de direito digno desse nome, a função da justiça pode ser resumida em três palavras: investigar, julgar e fazer justiça. No caso particular da Guiné-Bissau estas três palavras são: arquivar, amnistiar e prescrever.

«Entre nós, a finalidade deste poder parece ser outro: arquivar, amnistiar e prescrever», sublinhou Paulo Sanha.

O III Fórum Nacional sobre Justiça Criminal tem o apoio do Gabinete Integrado das Nações Unidas para Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS) e decorre durante três dias, em Bissau.
 
(c) PNN Portuguese News Network
 

Governo cabo-verdiano garante apoio técnico a eleições na Guiné-Bissau

 
 
 
Cabo Verde vai apoiar tecnicamente as eleições na Guiné-Bissau, avançou o primeiro-ministro cabo-verdiano, antes de partir para o Senegal, onde participa na Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental).
 
"Cabo Verde vai apoiar tecnicamente as eleições, conforme pedido e necessidades no quadro da CEDEAO. Temos possibilidade de apoiar o recenseamento e o processo eleitoral", garantiu, em declarações aos jornalistas, José Maria Neves, antes de partir para a Cimeira do bloco da África Ocidental, que irá discutir a situação da Guiné-Bissau.
 
O chefe do Governo cabo-verdiano disse que as eleições estavam previstas para novembro, mas, devido ao atraso no recenseamento eleitoral, o ato deve acontecer o mais breve possível, no primeiro trimestre de 2014.
 
O chefe do Governo cabo-verdiano disse ainda que, depois das eleições, o arquipélago vai ainda apoiar a reforma das Forças Armadas e de todas as forças de segurança
 
"Após as eleições, Cabo Verde tem todas as condições para apoiar financeiramente a reforma das Forças Armadas e da Segurança", avançou.
 
Por sua vez o Presidente do MpD, (principal partido da oposição), que hoje se encontrou com José Maria Neves para acertar a agenda da Cimeira da CEDEAO, saudou os amplos consensos alcançados.
 
Ulisses Correia e Silva disse entender que a Guiné-Bissau deve marcar uma nova data para as eleições, num prazo mais curto possível.
 
"Tudo que tem a ver com a rápida normalização da situação política na Guiné-Bissau interessa a Cabo Verde e à CEDEAO, pelo que o nosso país vai estar alinhado relativamente àquilo que vai sair da cimeira de Dacar", garantiu.
 
A Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CEDEAO deverá discutir, na sexta-feira, uma nova data para as eleições na Guiné-Bissau.
 
CLI // HB - Lusa
 

Guiné-Bissau: ONU quer técnicos do FMI no Ministério das Finanças depois das eleições

 

"Para sair desta situação de forma definitiva"
 
 
Bissau - O Representantes Especial do secretário-geral das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), José Ramos-Horta, informou que depois das eleições Gerais no país, as Nações Unidas vão colocar técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI) no Ministério das Finanças para a gestão das finanças públicas da Guiné-Bissau.
 
Em declarações à PNN no enceramento da 2.ª Conferência do Instituto da Defesa Nacional, José Ramos-Horta sublinhou que este é o sentimento dos organismos internacionais.

«Nas fianças públicas, ter técnicos internacionais do FMI a trabalhar com o Ministro das Finanças, as Alfândegas e o Porto de Bissau entregue ao grupo inglês «Craus», que actuam em todo o mundo, vai dar resultado», disse o Representantes Especial do secretário-geral da ONU.

O diplomata timorense recomendou que a comunidade internacional se disponibilize, no que for necessário, para negociar com o Executivo saído das urnas.

«A minha receita e recomendação para a Guiné-Bissau é que, depois das eleições com as Nações Unidas, Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional, União Africana, Comunidade de Estado de Desenvolvimento da África Ocidental e os países amigos da Guiné-Bissau, vamos colocar técnicos internacionais, no número que for necessário, para entrarem em negociação com o Governo», disse José Ramos-Horta, confirmando que Ban Kim Moon se disponibilizou para presidir à mesa redonda de doadores internacionais a favor do país, se as próximas eleições correrem bem, anunciando grandes ajudas financeiras sob a condição de ver as eleições realizadas da melhor forma possível.

José Ramos-Horta avisou que, se isto não for feito, depois das eleições tudo vai continuar na mesma situação. «Tudo tem que ser bem pensado porque se não, depois das eleições, nada vai mudar. Os professores vão continuar a ser não pagos, as alfândegas vão continuar a produzir dinheiro que não vão para os cofres do Estado» advertiu o representante da ONU, sublinhando que não se trata de uma questão de vergonha e dando o exemplo muitos portos no mundo que são geridos por empresas estrangeiras com muito bons resultados económicos.

Para sair desta situação de forma definitiva, o Nobel da Paz disse que os guineenses têm que abandonar as práticas passadas, referindo que esta é a oportunidade, que passa pelas eleições Gerais ainda agendadas para 24 de Novembro.

«É uma oportunidade única de fazer eleições e formar Governo com todos os partidos que ficarem em segundo e terceiro lugares. O Presidente da República e o Primeiro-ministro têm que colaborar», expôs o diplomata timorense.

Sobre os militares, Ramos-Horta informou que estão sempre vulneráveis às críticas quando se introduzem nas questões políticas.
 
(c) PNN Portuguese News Network
 

ANGOLA – CATOCA: PRODUÇÃO COMPLETA DE DIAMANTES DESAPARECEU MISTERIOSAMENTE

 


PRODUÇÃO DO DIA 21 OUTUBRO 2013 DESAPARECEU, RESPONSAVEIS PREOCUPADOS
 
Fonte que acompanha o dossier Catoca, disse que a produção de diamantes do dia 21 de Outubro de 2013, desapareceu misteriosamente, não entrou nos cofres do Governo.
 
Neste momento o Conselho da Administração esta reunida na vila de Catoca a procura de responsáveis pelo misterioso roubo ou desaparecimento.
 
Vários responsáveis estão presos, Sul-Africanos, Israelitas, Brasileiros e alguns Angolanos que se ocupam da Segurança da zona de produção de Catoca. Ganga Júnior o PCA, esta em apuro para justificar a situação ao Governo num vai vem Luanda-Saurimo.
 
Catoca tem uma segurança muito forte, não é possível que uma produção inteira desapareça sem deixar rasto, para além de que a saída e entrada é só uma, não existe alternativas, nem a presença na área de produção de gente estranha.
 
Existe também a segurança electrónica, o famoso polígrafo e o scaner. Quem é o responsável deste roubo espectacular e misterioso? Aqui há máfia…
 
Calcula-se em uns bons milhões de dólares da produção desaparecida. É muito diamante que desapareceu, ainda não foi calculado os prejuízos. No perímetro de CATOCA, os membros da Direcção estão nervosos, ninguém consegue falar…
 
Catoca vende 78,2% de todos os diamantes que actualmente são produzidos em Angola e, é o 4º KIMBERLITO DO MUNDO, emprega cerca de 3000 trabalhadores entre Nacionais e Estrangeiros; Brasileiros, Sul-africanos, Russos, Portugueses, Israelitas e ultimamente os Filipinos.
 
Foi reforçado o sistema de segurança desde o dia 22 de Outubro de 2013, depois de ter sido detectado o misterioso desaparecimento da produção diária do dia 21 do corrente.
 
É pela primeira vez que acontece um roubo desta natureza desde a fundação do considerado 4º Kimberlito do mundo há sensivelmente 20 anos, tendo sempre a cabeça o actual PCA Sr Ganga Júnior.
 
Voltaremos ao assunto.
 
Comissão do Manifesto Jurídico Sociológico do Protectorado da Lunda Tchokwe
 
 

José Eduardo dos Santos que meta a parceria estratégica onde melhor lhe convier

 

Ricardo Ferreira Pinto - Aventar
 
Era o que faltava que Portugal continuasse a baixar as calças a um regime corrupto e a um dos maiores cleptocratas do mundo.

O anedótico ministro Machete já ultrapassara todos os limites ao misturar, de forma abjecta, o poder político com o poder judicial. Só faltava vir Passos Coelho, no Sábado, quase a pedir desculpa a Angola e a comprometer-se a fazer tudo para que José Eduardo dos Santos reveja o fim da parceria estratégica.

Por mim, o cleptocrata-mor pode meter essa parceria onde melhor lhe convier.

Leia mais em Aventar
 

PORTUGAL JÁ COMPRA MAIS DO QUE VENDE A ANGOLA

 

Nuno Aguiar – Jornal de Negócios
 
Entre Janeiro e Agosto deste ano, Portugal já importou mais bens de Angola do que exportou. Segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), durante esse período, Portugal acumulou um saldo comercial negativo de 120 milhões de euros. Se o ano terminar assim, será o primeiro défice comercial com Angola pelo menos desde 1993.
 
Nos últimos anos, Angola ganhou um peso cada vez maior nas vendas ao exterior, tornando-se no quarto maior mercado de destino, à frente de países como o Reino Unido, Itália, Holanda ou Estados Unidos.
 
Ler mais em Jornal de Negócios
 

Moçambique: Dhlakama "foragido" há três dias sem nenhum mandado judicial conhecido

 


Três dias após ser desalojado da sua base pelo exército, Afonso Dhlakama continua dado pela imprensa como "fugitivo", mas desconhece-se se pesa sobre ele um mandado judicial, enquanto o seu partido continua a participar nas sessões parlamentares.
 
Afonso Dhlakama, líder do principal partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), está em paradeiro desconhecido, após ter sido obrigado, na segunda-feira, a abandonar o acampamento em que vivia, há mais de um ano, na província de Sofala, centro, por uma ofensiva do exército.
 
Descrito como estando em fuga pela generalidade da imprensa, Afonso Dhlakama não tem "à perna" um mandado judicial conhecido e o ministro da Defesa, Filipe Nyusi, esquivou-se a responder a perguntas dos jornalistas sobre o objectivo do Governo em relação ao "foragido".
 
"O exército vai continuar a trabalhar", afirmou Filipe Nyusi, não se alongando sobre o tema da perseguição ou não a Afonso Dhlakama, após visitar as unidades das forças de defesa e segurança envolvidas no assalto a Santunjira.
 
A Procuradoria-Geral da República não se pronunciou sobre o estatuto judicial de Afonso Dhlakama, apesar de o Governo justificar a sua acção em Santunjira com a necessidade de repor a lei e a ordem públicas, supostamente postas em causa por ataques de homens às ordens do líder da Renamo.
 
Por outro lado, a bancada da Renamo na Assembleia da República, com 51 assentos, continua a desenvolver o seu trabalho parlamentar, tendo participado nas sessões de quarta-feira e de hoje.
 
"O partido e os seus órgãos continuam a funcionar normalmente e o líder está de boa saúde", disse hoje à Lusa o porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, sobre Afonso Dhlakama.
 
Lusa
 
Leia em PG opinião sobre a situação em Moçambique
 
Leia em PG tudo sobre Moçambique - use a ligação dos países lusófonos junto ao cabeçalho
 

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