quinta-feira, 26 de maio de 2011

Boletins de voto em Timor-Leste escolhem-se do monte nos correios, bastando dizer o nome





MSO - LUSA

Díli, 26 mai (Lusa) - Boletins de voto para as eleições legislativas de 05 de junho podem ser levantados nos correios de Timor-Leste por quem quiser, desde que saiba o nome de um ou mais eleitores portugueses, sem qualquer controlo.

Pelo menos dois boletins de voto foram levantados por uma pessoa que não detém a nacionalidade portuguesa e uma eleitora relatou à Lusa que teve de procurar o boletim que lhe estava destinado, num amontoado de envelopes postais.

Basta que alguém consiga fotocopiar o cartão de eleitor ou a certidão de recenseamento para poder votar em nome de outra pessoa e os boletins de voto são entregues nos correios de Timor-Leste a quem os for buscar.

A situação resulta do voto postal direto, aplicado em Timor-Leste, país que não tem sistema de distribuição postal ao domicílio, em vez do controlo do processo eleitoral nas instalações da embaixada, como sucedeu em anteriores atos eleitorais.

João Miranda já tem o seu boletim de voto, mas nem sequer foi aos correios: "Pedi a um amigo, ele deu o meu nome e de um familiar e fez o favor de trazer os nossos votos", conta à Lusa.

Joana Barros, uma eleitora portuguesa a residir em Díli, descreve à Lusa o levantamento do seu boletim de voto: "Quando eu fui aos correios buscar o meu boletim de voto, tinha umas cinco pilhas de boletins e eu tive de procurar o meu voto no meio de todos aqueles envelopes".

"Se eu fosse mazinha até podia desviar votos e votar vinte vezes que ninguém reparava", relata.

Joana Barros diz que a sua maior preocupação é não ter a certeza de que o voto conta: "Já enviei postais para Portugal que nunca chegam e mesmo quando chegam tanto podem demorar uma semana como um mês. Como o voto tem de chegar lá até dia 15, não tenho essa garantia".

A encarregada da secção consular, Sílvia Inácio, admitiu à Lusa que "os correios de Timor-Leste ainda enfrentam dificuldades, o que pode causar perturbações", mas salienta que "está a ser seguida a Lei Eleitoral da Assembleia da República, que prevê que os eleitores recenseados no estrangeiro votem por correspondência".

Segundo explica, "foi pedida autorização para que o processo pudesse decorrer na Embaixada, mas, ao contrário de outros anos, não foi aberta essa exceção para Timor-Leste".

Paulo Ferreira vive e trabalha em Baucau e diz que o novo sistema "é péssimo", sobretudo para os muitos portugueses que estão nos distritos e não na capital.

"É difícil ir durante a semana a Díli, para apanhar os correios abertos, para poder votar", diz, lembrando que "a viagem é de mais de seis horas, ida e volta, por más estradas" e "pior estão os de distritos mais afastados".

A questão do envio dos boletins de voto para os eleitores residentes em Timor-Leste foi o pretexto para trocas de acusações entre o PS e o PSD, com os socialistas a acusarem os sociais-democratas de inviabilizarem o voto daqueles eleitores por terem recusado o envio do material eleitoral por mala diplomática.

Apesar do consenso alcançado na Comissão Nacional de Eleições, quanto ao envio por mala diplomática, recorrendo a práticas anteriores, o mandatário nacional do PSD recorreu da decisão para o Tribunal Constitucional, levando a CNE a optar por manter o que está previsto na lei: envio por via postal para os cerca de 250 eleitores inscritos em Timor-Leste.

RAPIDINHAS DO MARTINHO – 16




MARTINHO JÚNIOR

OTAN – O CRIME “MAIS QUE PERFEITO”

As guerras do século XXI são um crimecontra a humanidade, por que as guerras do século XXI ocorrem quando cada vezhá menos justificações éticas e morais, quando cada vez mais se verifica que asua razão causal é o desequilíbrio em que se encontra a humanidade e odesrespeito que por parte duma minoria tem merecido a Terra, a manutenção dodomínio por parte duma minoria em contradição com a esmagadora maioria.

As guerras não são “democráticas”, nem feitas em nome da vida, em nome da humanidade,mas em função do domínio dessa minoria sobre o resto, tornando ainda maisinsustentável o planeta.

A ditadura financeira articula aglobalização promovida pelo império da hegemonia e usa o músculo militar onde aestratégia obriga, particularmente onde para os interesses é imperioso garantirdomínio sobre as fontes de energia, sobretudo o petróleo e o gás.

Há guerras, principalmente em África quesão feitas em função de rapinas sobre outras riquezas, como a “guerra dos diamantes de sangue”, ou a “guerra do coltan”, qualquer delasinseridas na devastação que foi a “Iªguerra mundial africana”.
O tempo das guerras que se poderiamconsiderar de justas acabou e os conflitos, as tensões, as contradições podemhoje, mais que nunca, serem resolvidas pela via do diálogo, da justiça eperseguindo sempre o primado da paz com equilíbrio e harmonia.

Angola terá vivido uma das últimasguerras justas que tiveram de ser travadas, contra o fascismo, contra ocolonialismo, contra o “apartheid” eviveu já uma das guerras injustas promovidas pelo quadro desta globalizaçãomanipulada pela hegemonia duma minoria, quando a disputa sobre as riquezas dopaís se assumiu não só como contradição antagónica entre as forças políticas “no terreno”, mas também comocontradição de todas as forças na região, com evidentes suportes em interessespoderosos a nível internacional, os interesses que continuam apostados naexploração egoísta das imensas riquezas de África quanto de outros continentesvulneráveis.

É nessa matriz que foram forjadas asnovas elites angolanas, como as novas elites nas regiões próximas e a paz seestá a tornar num monstro nutrido de desequilíbrios de mau augúrio.

Foi a isso que nos conduziu o capitalismoenquanto império e, à medida que a capacidade de circulação da informação se fazà velocidade da luz, mais rapidamente o mundo pode sustentar e ilustrar essapercepção inteligente: a conspiração, a conspiração de facto contra ahumanidade e o planeta, já não pode ser vista como uma teoria, antes pelocontrário, é uma prática terrível, constante, que nos chega por via noticiosa atodos os minutos de nossa vida, onde quer que nos encontremos e nos envolve numquotidiano intoxicado, manipulado e carregado de ameaçadoras nuvens.

A outra percepção que se pode ter noâmbito das guerras injustas que as potências, em nome da aristocraciafinanceira mundial, fazem proliferar, é de que os “danos colaterais” provocados pelas acções militares não se podemapenas medir pelos mortos e feridos produzidos pelas acções directas, massobretudo pelas implicações económicas e sociais que em cadeia e em ordemgeométrica se fazem sentir nas sociedades atingidas e a partir delas.

As guerras impedem a criação, otrabalho, a produção de riqueza, coarctam direitos à vida em sociedade, obrigampor fim ao deslocamento por vezes de comunidades inteiras, aumentando osdesequilíbrios, a miséria, o desespero, os traumas de toda a ordem e matam asaspirações e as esperanças de milhões e milhões de seres.

Aqueles que optaram em relação à Líbiapela solução da guerra, entre outros “danoscolaterais” puseram em causa a vida de mais de um milhão de trabalhadoresquase todos africanos e asiáticos, que ganhavam o seu pão nesse país e, pelofacto de eles serem africanos e asiáticos, tem-se esse imenso crime deliberadamenteescondido da opinião pública internacional, que só dá relevo à preocupação “europeia” de essa gente desesperada etraumatizada não alcançar o “porto desalvação” de Lampedusa, ou de Malta, a fim de evitar que entrem na Europa…

Foi a Europa (com a França de Sarkozy ea Grã Bretanha de Cameron à cabeça), os Estados Unidos e a OTAN que optarampela guerra na Líbia pondo de lado outro tipo de soluções; é a Europa, osEstados Unidos e a OTAN que colocam barreiras, cada vez mais barreiras noMediterrâneo, a fim de que uma parte dos deslocados dos conflitos no Norte deÁfrica não migrem para a Europa, mas são a Europa e os Estados Unidos quequerem dominar o petróleo e o gás, bem como de outras imensas riquezas da Líbiade acordo com suas inteiras e exclusivas conveniências.

As deliberadamente frágeis posições daUnião Africana face aos fenómenos que atingem o continente, neste caso aevolução da situação no Norte de África e particularmente na Líbia, evidenciamquão as novas elites africanas detentoras de poder estão agenciadas pelaspoderosas oligarquias que exercem o domínio, quão as instituições africanas setornaram impotentes para fazer frente ao monstro que chega de fora pela via dafronteira líquida que constitui o Mediterrâneo.

Para os ideólogos e políticos da UniãoAfricana não há império, nem ele se faz sentir dentro do continente da formamais perniciosa.

Num esforço para “branquear” a guerra até o G-8 convida os que são de suaconveniência, delegações do Níger, da Guiné Conacry e da Costa do Marfim, emnome dos conteúdos do domínio: os conteúdos da “democracia representativa” onde se revêem as elites e onde cadavez mais se excluem os interesses dos Povos…

Quantas dessas novas elites, por que seencontram ao mesmo nível, não estarão em breve dispostas em reconhecer osfantoches ocidentais que a pouco e pouco estão a ser injectados na Líbia pelavia conjugada do esforço militar e das inteligências das potências implicadasdirectamente no conflito que foi tão artificiosamente gerado?

Qual será o “efeito dominó”, um conceito tantas vezes expresso pelos diplomatasdo império, da guerra na Líbia, para com a Tunísia, para com o Egipto, para como Chade, para com o Níger?

A situação humana e social no Iraque eno Afeganistão confirmam também a regra: a OTAN é o “mais que perfeito” dos crimes, por que ao se fazer aceitar ofeudalismo fundamentalista da sua ordem ideológica estratégica medieval, areboque da hegemonia, “defende” todosos episódios de ordem táctica que se vão sucedendo, como este que abaixo seilustra sob o título “Ahogan en sangreuna revuelta anti-OTAN” (http://www.rebelion.org/noticia.php?id=128686).

No Afeganistão a hegemonia incrementou aprodução e o tráfico de droga, o ópio, de que as sociedades norte americanas eeuropeias são os maiores consumidores.

São os meios militares e os serviços deinteligência das potências que movimentam uma parte das correntes de tráficopara os centros consumidores, as metrópoles dos países presentes “no terreno”, provocando danos enormes amilhões, a fim de que isso contribua para haver capacidade financeira parasuportar as operações em curso, num ciclo vicioso infernal à escala global.

Poucos são os órgãos de difusão massivaque ousam abordar este tema.

A OTAN e seus mentores são os maiorescriminosos neste século XXI e, se houvesse alguma vontade de justiça, umajustiça que se fizesse com o mínimo de equilíbrio e de respeito para com ahumanidade e o planeta, são eles que deveriam ser os primeiros a sentarem-se nobanco dos réus dum Tribunal Penal Internacional sério e que buscasse alguma vezassumir-se com autoridade ética e moral.

O TPI, nos termos em que existe, éapenas um dos instrumentos do poder da hegemonia e não está instaurado em nomeda humanidade, nem do planeta, mesmo que a ele adiram todos os regimes daconveniência do império.

O TPI por aquilo que valoriza e poraquilo que omite, é um instrumento que promove imensos “danos colaterais”, contribui para tornar possível fazê-los crescerem ordem geométrica e não existiria nestes termos sem a hegemonia, sem a OTAN!

Kadafi merece ser julgado não nesseTribunal fantoche, mas num tribunal dos Povos, isento de vínculos com ahegemonia e com a OTAN!

A divisão da Líbia entre a influência deTripoli e a de Benghazi está em curso e, mesmo que Kadafi desapareça, a guerraem curso estimulou-a mais que qualquer outro factor; isso faz parte da geoestratégia do império: dividir e dividir, para melhor reinar, com todos ossentidos postos nas imensas riquezas naturais disponíveis, à mercê do vencedor!

A ética e a moral, com o modelo deglobalização imposto pela hegemonia, estão a sofrer danos essenciais e colateraiscada vez mais evidentes, em ordem geométrica, na medida da voracidade que deforma mais estúpida e desumanizada se impõe à Terra, imprópria dosconhecimentos e capacidades disponíveis em pleno século XXI.

A história, se a houver pois suaexistência só será possível enquanto houver humanidade, não é como o TPI que emfunção do crime não julga os primeiros dos criminosos; a história não absolveránem a hegemonia do império, nem a OTAN!

PAZ SIM, NATO NÃO!

Martinho Júnior - Luanda


MISÉRIA, REALIDADE TIMORENSE QUE TEM SIDO ESCAMOTEADA




ANA LORO METAN – DEBATES CULTURAIS

Nada melhor para se avaliar sobre o crescimento dos filhos como estarmos uns tempos sem os vermos. O mesmo se aplica a um país, à capital desse país, aos bairros dessa capital, às pequenas povoações, às gentes conhecidas de estratos sociais carenciados na actualidade como o eram há dois ou três anos.

Timor Leste está repleto de população carenciada e isso não é o que aparece em reportagens da comunicação social timorense, muito menos na internacional. O governo diz que tudo vai bem, ou quase, faz a sua propaganda, e a principal agência noticiosa estrangeira permanentemente em Díli, a Lusa, alinha com o governo em atitude politicamente correta, cometendo a falta imperdoável de não exercer a sua função mostrando ao mundo e consequentemente aos timorenses com acesso à internet e a noticiários estrangeiros, sobre a realidade do país.

O governo AMP de Xanana Gusmão é uma fraude que tem numa oposição abstinente e quase ausente livre arbítrio para fazer a sua propaganda enganosa, mistificando a realidade do país. Compete à oposição, com mais ou menos deputados no Parlamento Nacional denunciar a realidade. Continua a haver fome em Timor Leste, continuamos a ver o interior do país sem água potável, sem energia eletrica, sem saneamento básico, com grandes problemas nas suas agriculturas familiares e domésticas. Os problemas de saúde são os mesmos de há anos e a subnutrição é numa escala que desafia a imaginação dos governantes que querem fazer-nos acreditar que tudo vai muito melhor e em vias de desenvolvimento. Mas que desenvolvimento podemos tomar em consideração se continuamos a ver timorenses carenciados como há dois ou três anos? A fraude Xanana Gusmão e o seu governo AMP deve ser desmascarada de uma vez por todas. Nem se compreende como a oposição se considera fiel representante dos eleitores que votaram nela se demonstra estar longe da realidade do país, por isso quase nada fazendo para pressionar o governo a pôr cobro às enormes carências do povo do interior.

Na capital já existe a pobreza envergonhada. Existem carenciados de alimentação e de outros consumíveis, de habitação condigna, de emprego (mas isso já sabemos desde sempre) que se calam e fazem todos os possíveis por aparentarem melhor vida. Para isso recorrem à prostituição e a outras práticas marginais em que saciam temporariamente algumas das suas necessidades. Em Díli e em Baucau, pelo menos, há crianças e jovens a prostituírem-se. Adultos, nacionais e estrangeiros, são seus “clientes”. São eles e elas, através da prostituição, que se esforçam por alimentar as famílias. Os timorenses quase nada mais comem que arroz. Peixe, carne e leite é coisa que as crianças quase não conhecem. O leite é quase inexistente em Timor Leste nos hábitos de alimentação.

A miséria na capital ou no resto do país não se resolve com uns parcos subsídios oferecidos pelo governo AMP mas sim enfrentando o problema de raiz, com interesse, honestidade, solidariedade e abnegação, em vez olharem constantemente para os seus umbigos e tomarem medidas avulso que acabam por iludir as populações e mitigar-lhes a subnutrição e o subdesenvolvimento mas não mais que isso. É tempo de exigir aos que estão de posse dos poderes que cumpram as suas funções, as suas promessas. De miséria já basta!

Em poucos dias em Timor Leste, desde que se contactem as populações, sem sofismas ou baias político partidárias, temos oportunidade de constatar a realidade do nosso povo e ver o seu medo de falar, o seu encolher de ombros parceiro do descrédito e da desesperança. Afinal, o que é que Gusmão tem andado a fazer a este povo e a este país? O que é que faz calar a oposição neste caos em que a população vive? Por que só surgem casos pontuais de denuncias às más atuações dos diversos ministérios quando o que acontece na realidade é grave e alarmante? As próprias ONGs, a quem cabe muito mérito em denúncias e ajudas efetivas, talvez se devam aliar sem pruridos, cruzando dados e informações, assim como suas acções no terreno, para mostrar ao mundo e aos timorenses que parecem viver noutro país que há irmãos nossos, timorenses, no nosso país, a sobreviverem em condições deploráveis.

Há uma realidade timorense que tem sido sabiamente escamoteada: a miséria. Por isso se deve perguntar insistentemente para onde têm ido os milhões de dólares, alegadamente empregues no bem-estar e desenvolvimento do povo e do país? Para pôr cobro à miséria não tem sido. Nem por sombras.

*Ana Loro Metan é timorense e portuguesa, professora do Magistério Primário de Portugal, reformada. Lecionou em Timor Leste até 1975, seguidamente em Portugal e por último em Angola. Coordena e colabora ainda com diversos blogues destinados às comunidades lusófonas, como o Página Global, onde o texto acima foi, originalmente, publicado.

Outros títulos em Debates Culturais:

Timor Leste: Governo aprovou criação de empresa nacional de petróleo e gás, a TIMORGAP




MSO - LUSA

Díli, 26 mai (Lusa) - O Conselho de Ministros de Timor-Leste aprovou a criação da empresa nacional de gás e petróleo, a TIMORGAP, EP, anunciou hoje o Governo timorense.

A nova empresa é criada "com a finalidade de deter e gerir, com um enquadramento e princípios de natureza empresarial, os ativos de propriedade do Estado de Timor-Leste no setor do petróleo, atribuídos por lei".

Nos termos da decisão aprovada, "as atribuições, que eram anteriormente exercidas pelo órgão de administração direta responsável pelo setor do petróleo, no âmbito da Secretaria de Estado dos Recursos Naturais, relativas a atividades de cariz empresarial, são transferidas para a TIMORGAP, EP."

"Enquanto empresa pública, fica sujeita ao poder de tutela do órgão do Governo, o qual exerce a todo o tempo poderes de controlo de legalidade da sua conduta", refere o comunicado saído da reunião semanal do Conselho de Ministros.

A empresa pública passará a exercer as atividades comerciais respeitantes ao setor petrolífero e "no exercício da respetiva atividade económica, a TIMORGAP, E.P. observará sempre, e compromete-se a proteger a Saúde, Segurança e Ambiente e a promover a Responsabilidade Social", assegura o Governo.

Portugal: PROBLEMAS COM A VOTAÇÃO EM TIMOR LESTE JÁ ERAM ESPERADOS




EL – MSO - LUSA

Lisboa, 26 mai (Lusa) -- A Comissão Nacional de Eleições já estava à espera que se registassem em Timor-Leste os problemas que estão a verificar-se com a participação dos eleitores inscritos naquele país, disse hoje à Lusa o porta-voz daquela organização.

Segundo Nuno Godinho de Matos, o que se passa em Timor-Leste "levanta uma série de questões melindrosas e difíceis".

O que está em causa é o envio dos boletins de voto para os eleitores residentes em Timor-Leste, que há cerca de duas semanas suscitou trocas de acusações entre o PS e o PSD, com os socialistas a acusarem os sociais-democratas de inviabilizarem o voto daqueles eleitores por terem recusado o envio do material eleitoral por mala diplomática.

Apesar do consenso alcançado na Comissão Nacional de Eleições, quanto ao envio por mala diplomática, recorrendo a práticas anteriores, o mandatário nacional do PSD recorreu da decisão para o Tribunal Constitucional, o que levou as autoridades portuguesas a optarem por manter o que está previsto na lei: envio por via postal para os cerca de 250 eleitores inscritos em Timor-Leste. Mas como não existe distribuição postal ao domicílio, e conforme a Lusa confirmou hoje em Díli, os envelopes, com os boletins de voto, podem ser levantados na estação dos correios sem qualquer controlo.

"As autoridades portuguesas, nelas incluindo a CNE, não têm a mínima competência para gerir o que quer que possa ocorrer no território de Timor. A falta de garantia de que a correspondência seja entregue ao destinatário e somente ao destinatário, de forma a garantir que os votos sejam entregues àquela pessoa e só àquela pessoa, é algo que a CNE não pode controlar", salientou Nuno Godinho de Matos.

O porta-voz da CNE adiantou que a questão era "algo que se sabia que podia ocorrer e que eventualmente iria ocorrer. Mas não o pode impedir, porque a lei determina que os votos sejam enviados por correspondência".

"Agora teremos que nos sujeitar àquilo que possa ocorrer no exercício desse direito de voto, preparado em Timor tal qual como as autoridades de Timor o quiserem fazer", frisou.

Quanto a eventuais pedidos de impugnação da votação dos eleitores em Timor-Leste, Nuno Godinho de Matos disse que os delegados das forças políticas concorrentes às legislativas de 05 de junho somente os poderão apresentar no momento da contabilização e apuramento dos votos, lavrando o respetivo protesto em ata.

Contudo, concluiu, "as consequências para o ato eleitoral serão nulas, porque não vai alterar a correlação de forças, por mais empatada que ela esteja".

PS RESPONSABILIZA PSD POR PROBLEMAS COM ELEITORES EM TIMOR LESTE




ANP - LUSA
Lisboa, 26 mai (Lusa) -- O mandatário do PS para o círculo da Europa e Fora da Europa lamentou hoje os problemas que estão a verificar-se em Timor-Leste com a participação dos eleitores registados naquele país, responsabilizando o PSD por esta situação.
"Lamentamos que o PSD tenha posto em causa um consenso que funcionou em 2005 e também em 2009", disse António Braga, criticando que tenha sido mantido o sistema de voto por correspondência num país onde a circulação postal não funciona, situação que está a gerar problemas.
António Braga, secretário de Estado das Comunidades, falou à Lusa na qualidade de mandatário do Partido Socialista (PS) e disse que o seu partido "manifestou vontade no seio da Comissão Nacional de Eleições para um consenso no sentido de os votos poderem ser distribuídos através da embaixada, que registaria a distribuição".
Apesar do consenso nesse sentido alcançado na Comissão Nacional de Eleições, o mandatário nacional do PSD recorreu da decisão para o Tribunal Constitucional, o que levou as autoridades portuguesas a optarem por manter o que está previsto na lei: envio por via postal para os cerca de 250 eleitores inscritos em Timor-Leste.
António Braga reagia à notícia de que os boletins de voto para as eleições legislativas de 05 de junho podem ser levantados nos correios de Timor-Leste por quem quiser, desde que saiba o nome de um ou mais eleitores portugueses, sem qualquer controlo.
"Sabemos todos que em Timor-Leste os correios funcionam de forma muito deficiente, que não existe uma rede que garanta quer a distribuição quer a recolha para os fazer chegar pela via postal a Portugal", frisou.
Questionado sobre se estas situações abrem hipótese a algum tipo de fraude eleitoral, António Braga disse que "neste momento o importante é que estando esse método em vigor ele seja, de uma forma insuspeita, mantido para que cada português no estrangeiro possa fazer chegar o seu voto em boas condições".
Para o futuro, "sabendo todos os agentes políticos" que "há países do mundo em que a circulação postal não é de todo garantida", defendeu que é preciso "refletir um modelo que facilite a exigência e o rigor de transparência e de verdade na expressão da vontade eleitoral do portugueses que vivem também no estrangeiro".

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Timor Leste: Zacarias da Costa apelou à revitalização do Movimento dos Não-Alinhados




MSO - LUSA

Díli, 26 mai (Lusa) - O ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste, Zacarias da Costa, apelou hoje ao Movimento dos Países Não-Alinhados para que revitalize a organização, "a fim de responder eficazmente aos desafios globais contemporâneos".

Falando em Bali, onde participa na 16 ª Conferência Ministerial do Movimento dos Não-Alinhados, Zacarias da Costa considerou importante a revitalização do Movimento dos Não-Alinhados, "olhando para os seus princípios fundadores, mas também para as realidades contemporâneas".

"Devemos olhar também para áreas que são importantes para o nosso desenvolvimento e para a promoção ativa e efetiva da participação dos países em desenvolvimento na comunidade internacional. O diálogo construtivo entre os Estados em busca dos nossos objetivos e valores compartilhados, é fundamental para enfrentar os múltiplos desafios", disse o governante timorense.

No discurso proferido hoje de manhã, o ministro destacou a importância de capacitar e envolver as mulheres e os jovens nesse desenvolvimento, destacando o efeito exponencial que têm na sociedade.

"Os Princípios de Bandung devem ser um catalisador nesse esforço. No movimento no sentido de reconhecer a igualdade de todas as nações, raças e povos, é importante destacar também a necessidade de capacitar mulheres e jovens, a igualdade de género, porque são cruciais para o desenvolvimento sustentável dos nossos países", declarou.

Falando de Timor-Leste, Zacarias da Costa destacou o compromisso de país com o respeito pelos direitos humanos, a democracia e o Estado de Direito.

Por último lembrou "a difícil situação dos povos do Sara Ocidental e da Palestina e o seu direito à autodeterminação".

Timor-Leste aderiu ao Movimento dos Países Não-Alinhados em 2003.

Segundo uma nota divulgada pelo seu Ministério dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste o Zacarias da Costa reuniu à margem da Conferência com os seus homólogos da ASEAN, para discutir e promover a candidatura de adesão do seu país aquela organização.

Portugal: O ABORTO DE PASSOS COELHO NA APANHA ELEITORAL




ANTÓNIO VERÍSSIMO

A apanha eleitoral vai quase numa semana em Portugal, oficialmente. Sim, porque as campanhas político partidárias são permanentes. Era o que faltava passar um dia sem que os políticos lusos não pronunciassem umas loas para se sentirem compensados pela profissão que escolheram ou para que foram empurrados como reféns agradados de suas nababas vidas custeadas por um povo faminto mas que a eles sabe não faltar nada e que a abundância e a estragação estão garantidas.

Passa uma semana da apanha eleitoral, a que dão a definição de campanha, que significa o mesmo. O objetivo é apanhar incautos e ingénuos crentes nas mentiras pronunciadas pelos agora sofisticados vendedores da banha da cobra que resolve tudo, que se afirma ser a ponte entre a miséria e o Éden e o próprio extreminador implacável da fome e miséria. Os da banha da cobra pegam no cinzentão mísero e feioso que têm para distribuir e pintam-no ilusoriamente das cores vivas e enganadoras dos seus partidos políticos. Prometem vidas cor de laranja, de rosa, azul, verde, vermelho e o mais que vier das cores do arco-íris. É a apanha eleitoral, ninguém pode levar a mal.

Talvez por ser um estreante a candidato a primeiro-ministro percebemos que Passos Coelho, o da cor laranja que se vê e encobre o cinzentão, ainda não se refinou o suficiente para falar, opinar, prometer e não lhe encontrarmos enormes inconsistências. Este Coelho ainda é um aborto nas artes de prestidigitações e promessas ilusórias da política em Portugal. Ele é quem se denuncia ao ajustar o discurso, as promessas, as opiniões, em conformidade com as audiências. Hoje supôs estar a falar para uma maioria católica e contra o aborto na Rádio Renascença, emissora católica. Foi assim que achou por bem afirmar que será pertinente rever a lei do aborto, instigando à realização de um novo referendo. Isso porque, segundo ele, acredita que a lei foi mais além do que devia. E pronto, os que são contra pularam de convicção em votar PSD-Passos Coelho, o laranja para ele e uns quantos, cinzentão para a maioria. Um aborto de pigmentação, é o que é.

Que sim. Os cidadãos devem exigir novo referendo, instigou Passos, tão ao agrado de ciclópicos radicais antiaborto legal e a favor das fortunas conseguidas através do aborto ilegal. A favor igualmente das imensas vítimas ginecológicas, às vezes mortais, que depois dos abortos ilegais pagos a peso de ouro mas sem as devidas condições recorrem ao sistema de saúde por se encontrarem gravemente doentes.

Mas sobre isso Passos não sabe nem quer falar. Passos falava para a Rádio Renascença, supostamente para uma audiência da igreja que é radicalmente anti-aborto legal. E disse o que queriam ouvir de sua parte que lhe garanta mais votos nas eleições em 5 de Junho. O resto pouco importa. Na apanha eleitoral vale tudo. Vale até falar em abortar a lei do aborto.

Passos falou para os radicais da igreja que julgou que o estavam a escutar. Foi a apanha eleitoral. Foi conversa de aborto.
Na apanha eleitoral vale tudo. Por acaso ainda não votam as vacas leiteiras, quando não Passos garantiria às mesmas que mais ninguém lhes tocaria nas tetas, fosse com as mãos ou com os apetrechos de ordenha. Isso, se acaso considerasse que tiraria vantagem na apanha eleitoral. E o mesmo faria às cabras e a outros animais ou pessoas. Se Passos Coelho tiver a possibilidade de ir a uma emissora ou a um outro fórum eminentemente de esquerda acreditem que dirá que não disse nada daquilo de que o acusam, que até é socialdemocrata como Karl Marx, que é contra a exploração do homem pelo homem, que é contra o capitalismo desbragado e sem ser desbragado. Passos dirá “especificamente e de forma vaga” (vá-se lá saber o que isso é) aquilo que considerar que apanha mais votos a esta ou àquela audiência, mantendo tudo num limbo abortivo, digno de um aborto sofista levado ao colo pelos barões do PSD e pupilo de platina de Ângelo Correia, que há tanto tempo que o anda a preparar. Mal, ao que vimos. Mas para a apanha eleitoral deverá servir… Servir, aos que estão desesperados por se servirem, seguindo o exemplo de Sócrates e de tantos outros antes, do PS, do PSD e… Quase mais ninguém ao longo de três décadas, graças aos abortos.

* Também publicado em PÁGINA LUSÓFONA, blogue do autor

OBAMA E O JOGO DE ESPELHOS NO ORIENTE MÉDIO





OK, então lá vai o que o presidente Barack Obama deveria dizer em discurso sobre o Oriente Médio: Vamos sair amanhã do Afeganistão. Vamos sair amanhã do Iraque. Vamos parar de dar apoio covarde incondicional a Israel. Os EUA forçarão os israelenses – e a União Europeia – a pôr fim ao sítio de Gaza. Suspenderemos todos os fundos que Israel espera receber de nós, até que acabe, completamente, sem condições, a construção de colônias em terras roubadas aos árabes que nunca pertenceram a Israel. Poremos fim a todos os negócios e cooperação com os ditadores viciosos do mundo árabe – seja saudita, sírio ou líbio – e apoiaremos a democracia também nos países nos quais os EUA têm interesses comerciais massivos. Ah! E, sim, conversaremos com o Hamas, claro.

Evidentemente o presidente Obama não dirá nada disso. Arrogante e covardemente, só falará sobre os “amigos” que o ocidente teria no Oriente Médio, sobre a segurança de Israel – e “segurança” é palavra que Obama jamais usou ao falar da Palestina – e enrolará e enrolará sobre a Primavera Árabe, como se, algum dia, tivesse dado algum apoio a alguma democracia no Oriente Médio (antes, claro, de os ditadores já estarem em fuga); como se – quando mais precisaram do apoio de Obama – Obama tivesse oferecido a ajuda moral de sua autoridade ao povo do Egito. E que ninguém duvide: Obama falará também muito sobre um grande Islã religioso (mas nunca muito grande, ou os Republicanos recomeçam a exigir a certidão de nascimento de Barack Hussein Obama). Temo que ouçamos também – ah, sim, temo! – um convite-comando para que viremos a página de Bin Laden, para “dar o assunto por encerrado” e “seguir avante” (convite-comando que, também temo, o Talibã não aceitará).

Mr. Obama e sua igualmente desfribrada secretária de Estado não têm ideia do que enfrentam no Oriente Médio. Os árabes perderam o medo. Estão fartos de nossos “amigos” e enojados de nossos inimigos.Em breve, os palestinos de Gaza marcharão sobre as fronteiras de Israel e exigirão o direito de “voltar para casa”.

No domingo, já vimos sinais disso nas fronteiras da Síria e do Líbano. O que farão os israelenses? Matarão palestinos aos milhares? E o que dirá então Mr. Obama? (Claro, exigirá “contenção dos dois lados”, frase que aprendeu do seu torturante predecessor).

Penso que os norte-americanos sofrem do mesmo mal que os israelenses: acreditam cegamente nos seus próprios argumentos de autoengano. Os norte-americanos continuam a falar da bondade do Islã; os israelenses, de como entendem “a mente árabe”. Mas não entendem coisa alguma.

O Islã, como religião, nada tem a ver com isso, como tampouco o Cristianismo (palavra que não tenho ouvido nos últimos tempos) tem algo a ver com isso, ou o Judaísmo. Trata-se agora de dignidade, honra, coragem, direitos humanos – qualidades que, noutras circunstâncias, os EUA sempre elogiam –, que os árabes entendem agora que também lhes cabem. E estão certos.

Está na hora de os norte-americanos se livrarem do medo que lhes inspiram os lobbyistas pró-Israel – de fato, são lobbyistas pró-Likud – e a repugnante acusação de antissemitismo que repetem contra qualquer um que se atreva a criticar Israel. É hora de os norte-americanos aprenderem a ter coragem, como a valente comunidade de judeus norte-americanos que protestam contra as injustiças cometidas por Israel e líderes árabes.

Mas nosso presidente favorito jamais dirá em seu discurso qualquer dessas verdades. Podem esquecer. Não passa de presidente bico-doce, que diz qualquer coisa, e que deveria ter devolvido – esquecemos? – seu Prêmio Nobel, porque nem Guantánamo conseguiu fechar; imaginem se conseguirá construir alguma paz!

E o que disse ele no discurso do Nobel? Que ele, Barack Obama, tinha de viver no mundo real; que não é Gandhi… Como se – e honra ao The Irish Times, por ter sabido ler – Gandhi não tivesse combatido o império britânico! Assim sendo, seremos como sempre ensaboados pelas análises de sempre nos EUA, que elogiarão a fala do presidente, essa conversa fiada miserável.

Depois, virá o fim de semana em que Mr. Obama falará à conferência anual do AIPAC, o mais poderoso “amigo” de Israel nos EUA. E começará tudo outra vez, segurança, segurança, segurança; rápida – se acontecer – referência às colônias israelenses na Cisjordânia; e, isso eu garanto, muitas e muitas referências a terrorismo, terrorismo, terrorismo, terrorismo, terrorismo, terrorismo, terrorismo. E, sim, mencionará o assassinato (para não usar a palavra execução) de Osama bin Laden.

Mas o que Mr. Obama não entende – e Mrs. Clinton, essa, então, não faz nem ideia – é que, no novo mundo árabe, já não se trata de confiar em ditadorezinhos e seus asseclas. Que basta de bajulação. A CIA deve andar carregando malas cheias de dinheiro para distribuir, mas suspeito que poucos árabes se animarão a tocar nesse dinheiro.

Os egípcios não mais tolerarão o sítio de Gaza. Nem, creio, os palestinos. Nem, tampouco, os libaneses, e nem os sírios, depois que se livrarem dos chefetes que os governam. Os europeus perceberão antes que os norte-americanos – estamos, afinal de contas, mais próximos do mundo árabe –, e duvido que continuem a admitir que a vida de todos continue a ser guiada pela indiferença acovardada com que os norte-americanos insistem em não ver o roubo de terras de que os israelenses fizeram meio de vida.

Tudo isso, claro, será como deslocamento vertiginoso de placas tectônicas para os israelenses – que deveriam estar elogiando e congratulando-se com os vizinhos árabes e com os palestinos, por se terem reunificado e unificado a causa; e que deveriam estar demonstrando solidariedade e amizade aos vizinhos árabes, em vez de medo.

Faz tempo que minha bola de cristal se partiu. Mas lembro bem do que Winston Churchill disse em 1940: “o que o general Weygand chamou de batalha pela França, acabou. Começa agora a batalha pelo Reino Unido.”

*Robert Fisk é correspondente do jornal britânico The Independent no Oriente Médio. Artigo originalmente publicado no The Independent, traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu e reproduzido pelo blog Viomundo.

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Ex-combatentes do exército colonial português ameaçam manifestar-se na Beira




AYAC - LUSA

Chimoio, Moçambique, 26 mai (Lusa) - Cerca de 200 ex-combatentes moçambicanos que serviram a tropa colonial portuguesa ameaçaram hoje desencadear uma manifestação em frente ao consulado de Portugal na Beira, centro de Moçambique, para exigir o pagamento das suas pensões de reforma.

Em declarações à Agência Lusa, Francisco Malenda, um dos ex-militares das Forças Armadas portuguesas em Moçambique, disse que os ex-combatentes aguardam pelo pagamento das pensões desde 2004, depois de o Governo de Lisboa ter "assumido através de uma lei" o "envio das pensões" para o país.

"Já passaram sete anos após a promessa do pagamento de pensões e nada. Isso está a esgotar a nossa paciência", afirmou Francisco Malenda, que calcula em mais de 250 mil os ex-combatentes, que, disse, se encontram numa situação de desespero.

Segundo afirmou, o Governo português fez várias promessas para cumprir com os "Acordos de Argel", sobre o pagamento das pensões de sangue e invalidez, além de reintegrar os ex-combatentes na vida civil após a independência de Moçambique, em 1975.
"Sentimo-nos marginalizados pelas autoridades de Lisboa, depois duma longa luta armada, em que derramámos sangue em defesa da bandeira de Portugal", disse Francisco Malenda, que deu um prazo de dois meses para Portugal "rever a situação".

O recenseamento dos ex-combatentes decorreu em 2002 no país. Os processos e os respetivos títulos foram enviados à Caixa Geral de Aposentações (CGA) que, em coordenação com o Arquivo Geral do Exército em Lisboa, onde está centralizada a gestão dos ex-combatentes, iniciariam o pagamento das pensões em janeiro de 2004.

Em Moçambique, os pagamentos iriam entrar via Banco Central e os processos canalizados para o Ministério do Trabalho, e as pensões pagas pelo extinto Banco Standard Totta Moçambique.

Vinte por cento do valor a ser pago seriam retidos pelo Governo Moçambicano, alegadamente para amortização dos serviços e imposto.

AUSTRÁLIA GARANTE BOLSAS PARA QUADROS ANGOLANOS


  Enviado da Primeira-Ministra australiana - Fotografia: Mota

JOÃO DIAS – JORNAL DE ANGOLA

O enviado especial da Primeira-Ministra da Austrália para a CPLP, Neil Mules, anunciou terça-feira, em Luanda, que o seu país tem disponíveis bolsas de estudo de curto prazo para quadros angolanos, nas áreas de minas, informação geoespacial, higiene e segurança no trabalho. O anúncio foi feito após um encontro com o secretário de Estado da Indústria, Kiala Gabriel, na sequência de uma visita que Neil Mules está a realizar a Angola para identificar as possíveis áreas de cooperação entre os dois países.

À chegada, na segunda-feira, Neil Mules foi ao Ministério do Planeamento e ao das Relações Exteriores, tendo ontem visitado o Ministério da Geologia, Minas e Indústria. "Estamos a explorar os sectores nos quais podemos reforçar as nossas relações com Angola, num momento em que a Austrália começa a intensificar a sua política em África", disse.

Neil Mules considera existir, por parte de Angola, potencial para que mais empresas invistam no sector minério, onde já operam cinco companhias australianas. Disse igualmente que o seu país tem grandes potencialidades para desenvolver a cooperação no sector minério. O enviado especial da Primeira-Ministra da Austrália para os países da CPLP convidou as autoridades angolanas a participarem, em Setembro, no "África Down Under", um evento que reúne anual­mente delegações de diversos países para troca de experiências, cooperação empresarial e formação de parcerias.

O secretário de Estado da Indústria, Kiala Gabriel, realçou a importância da visita do enviado especial da Primeira-Ministra da Austrália, referindo que é um sinal evidente da necessidade de cooperação. "Nesta fase inicial, vamos procurar trocar o máximo de informação para que se dêem, posteriormente, os passos necessários para a sua consolidação", referiu, acrescentando que existe um programa para desenvolvimento da indústria transformadora. Na segunda-feira, o enviado especial da Primeira-Ministra australiana encontrou-se com o ministro das Relações Exteriores a quem sugeriu o estabelecimento de "uma nova parceria" entre os dois países.

Boletins de voto em Timor-Leste escolhem-se do monte nos correios, bastando dizer o nome




MSO - LUSA

Díli, 26 mai (Lusa) -- Boletins de voto para as eleições legislativas de 05 de junho podem ser levantados nos correios de Timor-Leste por quem quiser, desde que saiba o nome de um ou mais eleitores portugueses, sem qualquer controlo.

Pelo menos dois boletins de voto foram levantados por uma pessoa que não detém a nacionalidade portuguesa e uma eleitora relatou à Lusa que teve de procurar o boletim que lhe estava destinado, num amontoado de envelopes postais.

Basta que alguém consiga fotocopiar o cartão de eleitor ou a certidão de recenseamento para poder votar em nome de outra pessoa e os boletins de voto são entregues nos correios de Timor-Leste a quem os for buscar.
 

O GAMASUTRA




MIA COUTO - O PAÍS (Moçambique)

A miséria é, infelizmente, fértil nesse paradoxo: em vez de produzirmos riqueza, produzimos ricos. Antes fossem ricos. Porque são apenas endinheirados. E endinheirados que não produzem.

O Kamasutra não seria a prenda mais apropriada para a presente quadra. Nem sequer seria oferta original. Se é para dar um presente que seja algo que fale do gosto de nos darmos, da identidade de quem dá. Por isso, este Natal vou dar um livro que traduza a nossa originalidade e que, sendo publicação recente, cedo rivalizará com o célebre livro sobre os prazeres do amor. A longa lista de tentadoras posições sexuais do Kamasutra cedo ficará esquecida perante o rasgão criativo desta outra obra. Falo, é claro, do “Gamasutra, a infinita arte do gamanço”. Um manual ilustrado sobre a roubalheira como modo de viver. Começo deste modo, fazendo paródia junto à fronteira do solene e do sagrado. Não o faço gratuitamente. Tenho uma intenção. Entenderão ao lerem, se assim tiverem paciência. O melhor do Natal é a festa, a família, a sugestão de um mundo solidário. O tempo do verbo terá que ser, no entanto, alterado: o melhor do Natal já foi o Natal. Porque uma descarada subversão do espírito natalício foi convertendo em mercadoria e comércio aquilo que parecia ser generosidade pura e simples: darmo-nos nós, como somos, e tornarmo-nos mais próximos dos outros. Se ressuscitasse hoje, Cristo não teria que abordar apenas os vendilhões de um templo. O mundo inteiro é um bazar onde tudo se compra e se vende. Incluindo o chamado espírito natalício.

Rectifico o início desta crónica: o melhor do Natal é o espírito do Natal. Esse espírito não resiste à manipulação oportunista que a imagem de um simpático mas estafado Pai Natal, vestido com as cores da Coca Cola, apenas confirma a lógica de lucro a que nem os mitos escaparam. Um dos piores tormentos dos novos tempos de Natal são as mensagens feitas a metro. Por via de email, de telefone celular, as mensagenzinhas entopem as caixas de correio e obrigam-nos a um exercício penoso de as apagar às dúzias. Corro o risco de ser ingrato. Mas eu peço aos meus amigos: não me enviem mensagens natalícias. Mandem-mas ao longo do ano, sobretudo, mandem-nas sem necessidade de data especial, com a originalidade e a graça que a verdadeira amizade requerem. A obrigação de trocar mensagens com amigos é algo de nobre. Mas também aqui aconteceu a banalização. Fórmulas repetidas, clichés sem gosto, fizeram da humana troca de emoções aquilo que os maus políticos fizeram ao discurso oficial: um desfile de frases feitas, em construção previsível, vazio de ideias, incapaz de comunicar ou de comover o mais ingénuo dos cidadãos. Pediram-me há dias, num programa de televisão, que formulasse um desejo para o nosso país. A dificuldade primeira é escolher um único desejo quando os votos que trazemos são sempre múltiplos. Sentado ante a câmara de filmar demorei um tempo, navegando entre brumas e luzes. Acabei escolhendo uma meia fórmula, optei pelo seguro. Fiz mal. Porque o que mais queria ter formulado era uma espécie de anti-voto. Ou seja, eu devia ter falado daquilo que eu não queria que acontecesse. Seria o meu voto pela negativa. Disse o que todos dizemos: que o ano próximo seja um momento de construção de riqueza. Mas de riqueza nacional. E não de uns poucos. A miséria é, infelizmente, fértil nesse paradoxo: em vez de produzirmos riqueza, produzimos ricos. Antes fossem ricos. Porque são apenas endinheirados. E endinheirados que não produzem. Faço aqui, pois, o voto pela via da negação: o que eu mais queria que deixássemos de ser. E escolho: que virássemos costas ao roubo. Já não falo da prática generalizada que tomou conta das colunas dos jornais. Não falo apenas desse roubo que se estende dos medicamentos, aos cabos de fibra óptica, dos passaportes ao carris de comboio, das condutas de combustível a painéis solares para fontes de água. Não falo só do furto que causa milhões de dólares de prejuízo a companhias de electricidade, telefone e águas. E que nos torna mais pobres a todos nós. Não falo sequer desse outro espantoso roubo que faz com que, na berma das estradas, se comece por roubar os pertences dos sinistrados em lugar de lhes prestar socorro. Falo de outra roubalheira que se infiltrou no tutano do nosso corpo enquanto nação: a ideia que roubar é legítimo por causa da pobreza. Ou por causa da escassez de tempo que o político tem por mandato. Ou por causa de qualquer outra razão. Falo de outros níveis de roubo: o roubo da esperança pelos políticos, o roubo da propriedade pública pelo gestor, o roubo da História e da memória por aqueles que se acham a geração de estreia nacional. Falo dessa roubalheira que é a corrupção, lenta hemorragia que nos pede insidiosa habituação. Falo do roubo do pensamento crítico por aqueles que fazem uso da ameaça velada, da censura subtil ou da arrogância e desprezo pelo debate aberto. Numa palavra, o roubo no nosso país já não é um simples somatório de casos policiais, uma onda crescente que se destaca de um mar são. O furto tornou-se numa cultura, num sistema. Tornou-se regra. Somos hoje um país em permanente assalto a si mesmo. E nenhuma nação, por mais bem que esteja no caminho do progresso, pode conviver com uma doença assim.

*Em Opinião, Janeiro 2011

Moçambique: População queixa-se de falta de quase tudo no distrito de Inhaca




O PAÍS (Moçambique)

A população daquele distrito da cidade de Maputo queixa-se de falta de estradas, transporte, energia eléctrica, centros de saúde, entre outras infra-estruturas básicas.

Ter infra-estruturas ainda é um sonho no distrito municipal de Inhaca. As populações dos três bairros de Inhaca (Ribzêne, Inguane e Nhaquene) queixam-se da falta de um pouco de tudo. Os munícipes clamam por estradas asfaltadas, transporte público, expansão da energia eléctrica, construção de mais centros de saúde, entre outras infra-estruturas básicas.

Estas preocupações foram apresentadas ao presidente do Município de Maputo, David Simango, no decurso uma visita de trabalho de três dias.

Falando durante um comício popular orientado por Simango, Marcelina Chancoma, residente em Inhaca, disse ser muito difícil viver no distrito e percorrer longas distâncias por qualquer necessidade. Para Chancoma, uma estrada asfaltada poderia trazer melhorias na vida das populações. “A estrada é a nossa maior preocupação aqui em Inhaca. Se a tivéssemos, o nosso distrito já estaria melhor do que isto. Há muito areal e os carros têm dificuldades ao andar. Pedimos que nos ajudem em uma estrada alcatroada, se possível”, disse.

Pelo mesmo diapasão alinhou Nataniel Noje, residente naquele distrito, que apelidou a situação das vias de “grande vergonha”. “A questão da estrada é bastante preocupante. Aqui, tanto os residentes como os turistas precisam de se deslocar para visitar outros bairros, mas para chegar lá é um verdadeiro caos”, defendeu.

Devido às distâncias, a população leva muitas horas para se deslocar de um bairro para outro, por isso, no comício, exigiu que a edilidade introduza o transporte público. Em resposta, Simango reconheceu haver ainda muito por fazer no distrito, uma vez que há muitas carências. Assim, Simango garantiu de tudo fazer para trazer soluções a este distrito.

“A estrada é também nossa preocupação e nós vamos incluir isto no orçamento, para que se garanta a reabilitação e construção de estradas”, disse, deixando claro que prefere disponibilizar recursos e deixar que a população defina as prioridades.

Negócios em Inhaca

O comércio é uma das principais actividades no distrito Municipal de Inhaca, depois do turismo e pesca, mas o mesmo já não é visto como tal.

*Leia mais na edição impressa do «Jornal O País»

Município da Beira pode estar a pagar 40 mil dólares por cada premiação de Daviz Simango





Um perito sénior em matéria de Administração e Marketing com conhecimentos sólidos sobre a PMR-África, revista sul africana que nos últimos anos tem estado a distinguir Daviz Simango alegadamente pelo seu desempenho autárquico, denunciou, quarta-feira, ao nosso jornal que o município da Beira pode estar a pagar àquela publicação cerca de quarenta mil dólares norte americanos (aproximadamente 1.3 milhões de meticais) por cada premiação ao seu edil.

Segundo o perito baseado em Maputo, o montante inclui os pagamentos a assessoria prestada com a elaboração dos termos de sustentação da distinção, pagamentos das páginas da revista para a inserção dos conteúdos ou pressupostos da premiação, e ainda deslocações e alojamento tanto dos promotores da revista assim como do próprio edil e membros da sua comitiva que geralmente participam desses eventos que acabam se transformando mais num jantar do que propriamente uma cerimónia.

A fonte indicou que qualquer sujeito e/ou instituição pode encomendar àquela revista para a sua distinção, uma prática comum nos últimos tempos geralmente usada por organizações empresariais que pretendam promover a sua imagem no mercado ou obter créditos junto de instituições do seu interesse.

Essa revelação, no entanto, desvaloriza o mérito das sucessivas distinções do autarca Daviz Simango pela PMR-África, porquanto entendesse uma premiação é um acto de recompensa ou honra concedida alguém, o que difere de um acto de aquisição, pois o prémio ou a honra o normal não se compram, se não passa a ser uma auto-premiação ou pseuda-premiação.

Uma vez que Daviz Simango já foi premiado cinco vezes pela mesma instituição e tendo em conta a denúncia feita ao nosso jornal pelo perito em matéria de Administração e Markting baseado em Maputo e que, sabe-se, já ajudou algumas organizações a aderirem aquele negócio, o município da Beira pode ter despendido até aqui cerca de duzentos mil dólares (aproximadamente 6.6 milhões de meticais) para suportar a distinção do seu edil.

Trata-se de um valor bastante elevado que certamente sugere as entidades competentes averiguarem a sua proveniência, porquanto sabe-se essa despesa não consta de nenhuma rubrica das contas do município.

Última distinção não teve o impacto desejado

Entretanto, a nossa fonte em Maputo considerou a última premiação de Daviz Simango pela revista sul africana PMR-África não surtiu o impacto que seria de desejar por parte do edil da Beira, ao não ter merecido destaque em quase toda imprensa nacional.

Aliás, na nossa edição anterior apresentamos argumentos de um jornalista em exercício na Beira que disse a distinção de Daviz Simango nesta segunda-feira não suscitou interesse por parte da mídia uma vez que esta já tem a percepção de aqueles prémios não passam duma farsa para atrair simpatia popular.

Na opinião do mesmo jornalista, a história desses prémios sabe-se muitas vezes são encomendados, envolvem pagamentos, e observou que os critérios de atribuição não são claros, pior em relação a uma cidade que se sabe enfrenta sérios problemas desde o saneamento, estradas, limpeza, fraca atracção de investimento o que torna a urbe com taxas elevadas de desemprego, criminalidade, e ainda os problemas que sistematicamente se levantam na imprensa sobre a própria gestão que tem assumido um carácter nepotista e de certa arrogância.

“São aspectos que acho deviam ser levados em conta para uma cidade que conquista o quinto prémio consecutivo, piora ainda o facto de os mesmos serem atribuídos sempre pela mesma instituição”.

Cúpula de Daviz usou truque para simular que houve muita aderência

Ainda na edição de ontem referimos que Daviz Simango não conseguiu nesta terça-feira renovar a dimensão de recepção que já teve outras vezes quando foi receber o prémio de melhor desempenho autárquico em Moçambique. O número de pessoas que o foram receber anteontem no Aeroporto Internacional da Beira não superava sequer um quinto do universo que vinha se registando das vezes anteriores.

Há quem tenha feito uma contagem superficial e disse ao nosso jornal não passavam sequer quinhentas pessoas, apesar de o prémio que trouxe anteontem ser ainda maior que os anteriores por se referir de melhor desempenho autárquico em toda África Austral, enquanto doutras vezes se referia apenas ao conjunto das trinta e três autarquias moçambicanas.

Um influente actor político na Beira disse ontem ao nosso jornal que Daviz Simango e a sua cúpula percebendo da fraca afluencia popular, usaram uma estratégia que foi barrar o trânsito na via usada simulando que todas restantes viaturas que seguiam atrás faziam parte da caravana, para criar uma sensação na opinião pública de ter sido recebido com pompa e circunstância.

Esse cenário, segundo a fonte, criou sérios transtornos à vários automobilistas que acabaram não conseguindo cumprir os seus compromissos porque não puderam chegar a hora uma vez o trânsito estava bloqueado.

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