terça-feira, 10 de maio de 2011

Brasil: Mais de 50 entidades repudiam mudanças no Código Florestal




Igor Felippe Santos, da Página do MST – Carta Maior

Mais de 50 entidades da sociedade civil rejeitaram o relatório do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB) com mudanças no Código Florestal e pediram mais tempo para a discussão, no seminário nacional promovido em São Paulo (SP), no sábado, que reuniu mais de 400 pessoas. Para João Pedro Stédile, da coordenação da Via Campesina Brasil e do MST, objetivos centrais do agronegócio são garantir a anistia financeira e criminal para os latifundiários que desmataram e desrespeitaram a lei, acabar com a Reserva Legal e abrir a fronteira agrícola para as empresas de papel e celulose.

A votação do projeto é a principal pauta da Câmara dos Deputados nesta semana. Com previsão de entrar em votação nesta terça-feira (10), o governo e o relator do projeto ainda não chegaram a um consenso sobre o texto final.

“Não podemos aceitar de forma alguma as mudanças no Código Florestal, que vão contra os princípios da vida e do meio ambiente”, afirmou o padre Nelito Dornelas, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Segundo ele, esse projeto está dentro do contexto de uma ideologia que leva à morte, com a qual a Igreja Católica no Brasil não compactua. “Temos o compromisso de continuar nesse luta”, disse.

Jayme Vita Roso, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), comparou a resistência às alterações propostas de Aldo Rebelo no Código Florestal à luta dos setores progressistas contra projeto que permitia aos Estados Unidos utilizar a Base Militar de Alcântara, no Maranhão. O projeto, que saiu da pauta no começo do governo Lula, era considerado uma ameaça à soberania nacional e, pela localização estratégica, a entrega da Amazônia aos Estados Unidos.

A militante ambientalista e ex-senadora Marina Silva (PV) afirmou que “em lugar de andar para frente, estamos andando pra trás” com essa discussão imposta pelo agronegócio. “Não podemos deixar que meia dúzia de atrasados monopolizar o debate”, afirmou.

Segundo ela, o relatório do Aldo vai contra os anseios da população e dos mais de 20 milhões de brasileiros que votaram na candidatura verde nas eleições de 2010. Para corrigir os problemas do texto, ela pediu mais tempo para a votação do relatório. “O adiamento é para que se possa propor o debate e para apresentar as propostas para corrigir o texto equivocado, no meu entendimento, que foi apresentado", disse Marina.

A ex-senadora cobrou também do governo uma política florestal, que crie condições para que os agricultores possam produzir, gerar renda, preservar o meio ambiente e recuperar o que foi degradado. “Não queremos suprimir a Reserva Legal. Queremos os meios para recuperar as áreas”, disse.

A atriz Letícia Sabatela, do Movimento Humanos Direitos, afirmou que a proposta de Aldo Rebelo “é uma tremenda cara de pau”. Para ela, os setores que defendem as mudanças no Código Florestal são os mesmos que impedem a votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Trabalho Escravo, que sugere que as áreas onde se explora mão de obra escrava sejam destinadas à Reforma Agrária.

Pressão do agronegócio

Marina disse ainda que o agronegócio não concorda com a Constituição de 1988, que garante a função social da terra, e o artigo 225, que considera o ambiente saudável um direito de todos os brasileiros.

"Eles não se conformam com isso e toda a oportunidade que têm eles querem revogar a Constituição e cabe a sociedade manter o direito constitucional de um ambiente saudável é um direito de todos os brasileiros", criticou Marina.

A secretária de Meio Ambiente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carmem Foro, avalia que é urgente a sociedade brasileira fazer o enfrentamento aos interesses das grandes empresas transnacionais da agricultura. “Não há necessidade de flexibilização do Código Florestal. Se não nos organizarmos, os interesses do agronegócio se sobrepõem às nossas vidas”, acredita.

“Vamos batalhar para manter o Código e fazer valer”, disse Geraldo José da Silva, da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetraf). Ele afirmou que o agronegócio já não cumpre a lei vigente e, com a flexibilização, “não vão deixar uma árvore em pé”.

Sérgio Leitão, diretor do Greenpeace Brasil, analisa que o relatório “interessa às grandes multinacionais que dominam a agricultura no Brasil”. Segundo ele, a flexibilização da lei ambiental é a reforma "abre alas" de uma série de mudanças que o agronegócio pretende fazer.

Na pauta, está o fim da diferenciação de grande e pequena agricultura, a desregulamentação da lei trabalhista, o fim dos índices de produtividade e a revogação de medidas que limitam a atuação do capital estrangeiro nas agricultura e na compra de terras.

Para João Pedro Stedile, da coordenação da Via Campesina Brasil e do MST, a legislação ambiental é um “obstáculo” para a ofensiva das empresas transnacionais, do capital financeiro e dos fazendeiros capitalistas, que passaram a dominar a agricultura brasileira no governo FHC.

Os objetivos centrais do agronegócio, de acordo com Stedile, são garantir a anistia financeira e criminal para os latifundiários que desmataram e desrespeitaram a lei, acabar com a Reserva Legal e abrir a fronteira agrícola para as empresas de papel e celulose.

“Há forças, energias na sociedade, para barrar essas manipulações do poder econômico”, avalia. “Estamos esperançosos que se crie um clima na sociedade para que a Câmara vete essa proposta. Se não, que o Senado vete ou a presidenta Dilma vete”.

O dirigente do MST propôs também a convocação de um plebiscito nacional para que a população participe e opine sobre as mudanças no Código Florestal. “O povo tem que dizer se é a favor do desmatamento ou não”, disse.

Correlação de forças no Congresso

O deputado federal Paulo Teixeira, líder do PT na Câmara dos Deputados, avalia que a correlação de forças beneficia Aldo Rebelo. Dos 21 partidos com representação na Câmara, apenas o PT, PV e PSOL defendem a necessidade de mais tempo para a discussão com a sociedade.

Segundo ele, a bancada do PT votou favorável ao regime de urgência para não se isolar da conjunto da base do governo e manter influência sobre a discussão. “O debate é o governo centralizar a base, não a base centralizar o governo”, avalia.

Teixeira reforça que não se pode, de forma alguma, abrir mão das medidas que protegem o meio ambiente. “Nós temos que continuar com as exigências ambientais, para o Brasil continuar sendo a potência ambiental que é. Queremos que a mudança no Código não comprometa esse ativo que temos”.

Ele não está confiante na votação do projeto nesta semana. "O governo só aceitará um relatório equilibrado e que não viole as leis ambientais. Caso isso não ocorra, não dá pra votar", garantiu o deputado.

Caso os ruralistas forcem a barra e imponham uma derrota ao governo, ele acredita que existem "recursos pela frente", como a possibilidade de mudanças no Senado e de veto pela presidenta Dilma. “Precisamos de mobilização da nossa sociedade” completou.

O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) apontou que “precisamos não votar o relatório”. Ele é contra o texto do Aldo Rebelo e avalia que as mudanças pontuais no projeto original, propostas pelo governo, não têm condições de resolver os problemas do relatório.

Para Valente, é fundamental uma discussão maior da sociedade, porque esse tema não está relacionado apenas aos atores do meio rural, mas é de interesse nacional e da sociedade brasileira, que está contra mudanças que contribuem com a ampliação do desmatamento. “O Aldo Rebelo deu o verniz que o agronegócio precisava”, atacou Valente.

Um dos pontos problemáticos, de acordo com ele, é tirar do governo federal a exclusividade da atribuição de operar a legislação ambiental, que passaria a ser responsabilidade também dos Estados e municípios, onde a pressão do agronegócio é mais forte.

Luiz Antonio de Carvalho, assessor especial do Ministério do Meio Ambiente, acredita que o desafio do governo é resolver os problemas dos pequenos produtores, tirar a base de apoio do projeto do Aldo, barrando os pontos que aumentam o desmatamento e beneficiam o agronegócio.

Segundo Carvalho, o governo não aceita a diminuição da Reserva Legal e das APPs, além da anistia aos desmatadores. Para isso, ele coloca a necessidade da discussão dos casos pontuais em que as APPs inviabilizam o pequeno agricultor para evitar que as exceções se tornem uma regra.

“A presidente Dilma vai manter sua posição que foi defendida, inclusive no período eleitoral, de não aceitar a anistia dos desmatadores”, disse Carvalho. “O governo defende que a Reserva Legal deve ser mantida em todas áreas, sem exceção, e é totalmente contra a diminuição de áreas de APPs”.

O governo teme a apresentação de emendas ao projeto, que abriria uma porta para que a bancada ruralista imponha medidas de interesse do agronegócio. “É o pior que pode acontecer, porque as emendas não virão a nosso favor. Elas virão em favor da anistia para a área rural consolidada, para massacrar, digamos assim, para demolir o conceito de reserva legal, e por aí vai”.

“Estamos otimistas, vamos brigar até o último momento para que se construa um consenso, inclusive com o deputado Aldo Rabelo, para que o projeto entre sem sofrer emendas lá dentro”, disse Carvalho.

Fotos: João Zinclar

CARTA DE UM NOBEL DA PAZ A BARACK OBAMA


Adolfo Pérez Esquivel

OPERA MUNDI – 10 maio 2011

Estimado Barack, ao dirigir-te esta carta o faço fraternalmente para, ao mesmo tempo, expressar-te a preocupação e indignação de ver como a destruição e a morte semeada em vários países, em nome da “liberdade e da democracia”, duas palavras prostituídas e esvaziadas de conteúdo, termina justificando o assassinato e é festejada como se tratasse de um acontecimento desportivo.

Indignação pela atitude de setores da população dos Estados Unidos, de chefes de Estado europeus e de outros países que saíram a apoiar o assassinato de Bin Laden, ordenado por teu governo e tua complacência em nome de uma suposta justiça. Não procuraram detê-lo e julgá-lo pelos crimes supostamente cometidos, o que gera maior dúvida: o objetivo foi assassiná-lo.

Os mortos não falam e o medo do justiçado, que poderia dizer coisas inconvenientes para os EUA, resultou no assassinato e na tentativa de assegurar que “morto o cão, terminou a raiva”, sem levar em conta que não fazem outra coisa que incrementá-la.

Quando te outorgaram o Prêmio Nobel da Paz, do qual somos depositários, te enviei uma carta que dizia: “Barack, me surpreendeu muito que tenham te outorgado o Nobel da Paz, mas agora que o recebeu deve colocá-lo a serviço da paz entre os povos; tens toda a possibilidade de fazê-lo, de terminar as guerras e começar a reverter a situação que viveu teu país e o mundo”.

No entanto, ao invés disso, você incrementou o ódio e traiu os princípios assumidos na campanha eleitoral frente ao teu povo, como terminar com as guerras no Afeganistão e no Iraque e fechar as prisões em Guantánamo e Abu Graib no Iraque. Não fez nada disso. Pelo contrário, decidiu começar outra guerra contra a Líbia, apoiada pela OTAN e por uma vergonhosa resolução das Nações Unidas. Esse alto organismo, apequenado e sem pensamento próprio, perdeu o rumo e está submetido às veleidades e interesses das potências dominantes.

A base de fundação da ONU é a defesa e promoção da paz e da dignidade entre os povos. Seu preâmbulo diz: “Nós, os povos do mundo...”, hoje ausentes deste alto organismo.

Quero recordar um místico e mestre que tem uma grande influência em minha vida, o monge trapense da Abadia de Getsemani, em Kentucky, Tomás Merton, que diz: “a maior necessidade de nosso tempo é limpar a enorme massa de lixo mental e emocional que entope nossas mentes e converte toda vida política e social em uma enfermidade de massas. Sem essa limpeza doméstica não podemos começar a ver. E, se não vemos, não podemos pensar”.

Você era muito jovem, Barack, durante a guerra do Vietnã e talvez não lembre a luta do povo norte-americano para opor-se à guerra. Os mortos, feridos e mutilados no Vietnã até o dia de hoje sofrem as consequências dessa guerra.

Tomás Merton dizia, frente a um carimbo do Correio que acabava de chegar, “The U.S. Army, key to Peace” (O Exército dos EUA, chave da paz): “Nenhum exército é chave da paz. Nenhuma nação tem a chave de nada que não seja a guerra. O poder não tem nada a ver com paz. Quanto mais os homens aumentam o poder militar, mais violam e destroem a paz”.
Acompanhei e compartilhei com os veteranos da guerra do Vietnã, em particular Brian Wilson e seus companheiros, que foram vítimas dessa guerra e de todas as guerras.

A vida tem esse ‘não sei o quê’ do imprevisto e surpreendente fragrância e beleza que Deus nos deu para toda a humanidade e que devemos proteger para deixar às gerações futuras uma vida mais justa e fraterna, restabelecendo o equilíbrio com a Mãe Terra.

Se não reagirmos para mudar a situação atual de soberba suicida que está arrastando os povos a abismos profundos onde morre a esperança, será difícil sair e ver a luz; a humanidade merece um destino melhor. Você sabe que a esperança é como o lótus que cresce no barro e floresce em todo seu esplendor mostrando sua beleza.

Leopoldo Marechal, esse grande escritor argentino, dizia que: “do labirinto, se sai por cima”.

E creio, Barack, que depois de seguir tua rota errando caminhos, você se encontra em um labirinto sem poder encontrar a saída e te enterra cada vez mais na violência, na incerteza, devorado pelo poder da dominação, arrastado pelas grandes corporações, pelo complexo industrial militar, e acredita ter todo o poder e que o mundo está aos pés dos EUA porque impõem a força das armas e invadem países com total impunidade. É uma realidade dolorosa, mas também existe a resistência dos povos que não claudicam frente aos poderosos.

As atrocidades cometidas por teu país no mundo são tão grandes que dariam assunto para muita conversa. Isso é um desafio para os historiadores que deverão investigar e saber dos comportamentos, políticas, grandezas e mesquinharias que levaram os EUA à monocultura das mentes que não permite ver outras realidades.

A Bin Laden, suposto autor ideológico do ataque às torres gêmeas, o identificam como o Satã encarnado que aterrorizava o mundo e a propaganda do teu governo o apontava como “o eixo do mal”. Isso serviu de pretexto para declarar as guerras desejadas que o complexo industrial militar necessitava para vender seus produtos de morte.

Você sabe que investigadores do trágico 11 de Setembro assinalam que o atentado teve muito de “auto golpe”, como o avião contra o Pentágono e o esvaziamento prévios de escritórios das torres; atentado que deu motivo para desatar a guerra contra o Iraque e o Afeganistão, argumentando com a mentira e a soberba do poder que estão fazendo isso para salvar o povo, em nome da “liberdade e defesa da democracia”, com o cinismo de dizer que a morte de mulheres e crianças são “danos colaterais”. Vivi isso no Iraque, em Bagdá, com os bombardeios na cidade, no hospital pediátrico e no refúgio de crianças que foram vítimas desses “danos colaterais”.

A palavra é esvaziada de valores e conteúdo, razão pela qual chamas o assassinato de “morte” e que, por fim, os EUA “mataram” Bin Laden. Não trato de justificá-lo sob nenhum conceito, sou contra todas as formas de terrorismo, desde a praticada por esses grupos armados até o terrorismo de Estado que o teu país exerce em diversas partes do mundo apoiando ditadores, impondo bases militares e intervenção armada, exercendo a violência para manter-se pelo terror no eixo do poder mundial. Há um só eixo do mal? Como o chamarias?

Será que é por esse motivo que o povo dos EUA vive com tanto medo de represálias daqueles que chamam de “eixo do mal”? É simplismo e hipocrisia querer justificar o injustificável.

A Paz é uma dinâmica de vida nas relações entre as pessoas e os povos; é um desafio à consciência da humanidade, seu caminho é trabalhoso, cotidiano e portador de esperança, onde os povos são construtores de sua própria vida e de sua própria história. A Paz não é dada de presente, ela se constrói e isso é o que te falta meu caro, coragem para assumir a responsabilidade histórica com teu povo e a humanidade.

Não podes viver no labirinto do medo e da dominação daqueles que governam os EUA, desconhecendo os tratados internacionais, os pactos e protocolos, de governos que assinam, mas não ratificam nada e não cumprem nenhum dos acordos, mas pretendem falar em nome da liberdade e do direito. Como pode falar de Paz se não quer assumir nenhum compromisso, a não ser com os interesses de teu país?

Como pode falar da liberdade quanto tem na prisão pessoas inocentes em Guantánamo, nos EUA e nas prisões do Iraque, como a de Abu Graib e do Afeganistão?

Como pode falar de direitos humanos e da dignidade dos povos quando viola ambos permanentemente e bloqueia quem não compartilha tua ideologia, obrigando-o a suportar teus abusos?

Como pode enviar forças militares ao Haiti, depois do terremoto devastador, e não ajuda humanitária a esse povo sofrido?

Como pode falar de liberdade quando massacra povos no Oriente Médio e propaga guerras e tortura, em conflitos intermináveis que sangram palestinos e israelenses?

Barack, olha para cima de teu labirinto e poderá encontrar a estrela para te guiar, ainda que saiba que nunca poderá alcançá-la, como bem diz Eduardo Galeano. Busca a coerência entre o que diz e faz, essa é a única forma de não perder o rumo. É um desafio da vida.

O Nobel da Paz é um instrumento ao serviço dos povos, nunca para a vaidade pessoal.

Te desejo muita força e esperança e esperamos que tenha a coragem de corrigir o caminho e encontrar a sabedoria da Paz.

* Adolfo Pérez Esquivel, Nobel da Paz 1980. Artigo publicado na Carta Maior.


“Estou forte e saudável porque é assim que José Sócrates quer que eu esteja!”




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA 

O director-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, avisou (como se interessasse alguma coisa) que a persistência do desemprego no reino socialista português vai provocar insatisfação social e até constituir "um risco" para a democracia.

Terá sido ontem que ele disse isso? A fazer fé nas reacções oficiais e oficiosas, públicas e privadas, governativas e perlamentares, terá sido há bem pouco tempo. Mas não. Isto, e o que se segue, foi afirmado há bastante tempo. Exactamente em Dezembro. Dezembro de... 2009.

"Os problemas acontecem quando os governos dizem à opinião pública que as coisas estão a melhorar enquanto as pessoas perdem os seus empregos", comentou – nessa altura - Dominique Strauss-Kahn em entrevista à revista interna do FMI.

"Para alguém que vai perder o seu emprego, a crise não acabou. E isso constitui um alto risco", prosseguiu o director-geral do FMI.

"Isso também pode, em alguns países, tornar-se um risco para a democracia. Não é fácil administrar esta transição, e ela não será simples para as milhões de pessoas que ainda estarão desempregadas no próximo ano", afirmou então o dirigente do FMI.

Em Portugal é provável que em vez de um novo desempregado a cada quatro minutos se consiga, com ou o acordo de resgate (versão melhorada – para alguns - do PEC) e fazendo fé nas promesses do actual governo, um desempregado a cada... três minutos.

"A economia mundial somente se restabelecerá quando o desemprego cair", disse o responsável do FMI. E se assim é, bem que os portugueses estão literalmente lixados.

É claro que se deixarem José Sócrates continuar a (a)fundar o país, ele tem soluções para tudo. Uma delas passa por “importar” o indiano Prahlad Jani que, diz ele, não come nem bebe há mais de 70 anos.

O governo indiano, certamente atento ao que ao impacto do assunto, resolveu descobrir, ou tentar – pelo menos, se o que ele diz é verdade ou se Jani é apenas um farsante. Aos 83 anos, ficou 14 dias a ser observado e filmado por uma equipa de 30 médicos escolhida pelo Ministério da Defesa indiano. Segundo os testemunhos, ele não ingeriu (nem expeliu...) nada durante esse tempo.

Estou, no entanto, convencido que a credibilidade de Prahlad Jani teria saído reforçada se os médicos tivessem sido escolhidos pelo ministro da Defesa de Portugal. É que Augusto Santos Silva, tal como o sumo pontífice socialista, é dono da verdade, facto que só por si seria uma garantia para o mundo.

E é baseado neste caso que, até prova em contrário, está a animar a comunidade científica, que José Sócrates (certamente com a colaboração institucional de Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho) pretende ensinar os portugueses a, pelo menos, viver sem comer.

E, convenhamos, se for possível garantir (mesmo sem conhecimento do Parlamento e do Presidente da República) à dona da Europa, Angela Dorothea Merkel, que os portugueses conseguem estar uns anos sem comer, Portugal não tardará muito a ter o défice em ordem e a beneficiar do pleno emprego.

Além disso, serão o FMI e a senhora Angela Dorothea Merkel a pedir a ajuda do “líder carismático” do reino socialista de Portugal.

Até agora, sobretudo porque os portugueses (claramente manipulados pelos partidos da oposição) são uns desmancha-prazeres, os resultados não são animadores. Todos os que tentaram seguir (embora voluntariamente obrigados) o médoto de Prahlad Jani estiveram muito perto mas, quando estavam quase lá... morreram.

Já em 2006 o Discovery Channel fez um documentário sobre Prahlad Jani que, na altura, concordou em ser filmado durante dez dias e também foi analisado por médicos e cientistas, que não chegaram a uma conclusão nem presenciaram nenhuma impostura.

Data, aliás, dessa altura a tese de José Sócrates de que seria capaz de pôr os portugueses a viver sem comer. Como não encontrou voluntários, obrigou-os pela força da miséria e do desemprego a enveredarem por esse caminho.

Os médicos apenas atestaram que Prahlad Jani estava com a saúde perfeita após o jejum. Depois da nova experiência, Jani deu uma conferência de Imprensa no hospital Ahmedabad. “Eu estou forte e saudável porque é assim que Deus quer que eu esteja”, disse ele.

Jani tem preparado o mesmo discurso para a altura em que virá a Portugal. Sabe-se que dirá: “Eu estou forte e saudável porque é assim que José Sócrates quer que eu esteja”.

*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Angola: IACAM PROMOVE MOSTRA DE CINEMA DA CPLP




ANGOLA PRESS

Luanda - O Instituto Angolano de Cinema Audiovisual e Multimédia (IACAM) promove a partir das 18h00 de quarta-feira (11) uma mostra de cinema da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a decorrer na União dos Escritores Angolano, em Luanda.

Segundo um programa enviado hoje, terça-feira, à Angop, o filme angolano “Trilhos culturais de Angola contemporânea" abrirá a sessão das actividades.

O documentário de 52 minutos do realizador angolano Dias Júnior, retrata a história dos caminhos-de-ferro de Benguela, de Lobito ao Luau, nas suas envolventes económica, sócio cultural e política.

No dia seguinte (12), as actividades decorrerão com a apresentação do filme brasileiro "Filhados do vento", do realizador Joel Zito Araújo que em 84 minutos, retrata uma emocionante história de relações familiares.

"O testamento do senhor Napumoceno" de Cabo Verde, é um filme de 120 minutos do realizador Germano Almeida, que retrata a vida e a história do cidadão Napumoceno, a ser exibido sexta-feira (13).

Sábado (14) será a vez do filme de Portugal "A esperança está onde menos se espera", realizado por Joaquim Leitão.

No mesmo período, estará patente uma exposição fotográfica de NGuxi dos Santos intitulada "As Cidades e Povos de Angola".

Criado pelo Ministério da Cultura, em Agosto de 2003, o IACAM assumiu a responsabilidade de reabilitar o sector cinematográfico e audiovisual de Angola.

Luanda: Documentos sobre antigas colónias portuguesas em exposição




ANGOLA PRESS

Luanda – Os ofícios, relatórios e processos que demonstram os laços de cooperação entre as antigas colónias portuguesas, no passado,  estão patentes, desde hoje  até ao dia 30 deste mês, no espaço do Arquivo Histórico Nacional, em Luanda.


Nesta amostra, promovida pelo Arquivo Histórico Nacional em alusão a semana cultural dos Países de Língua portuguesa (CPLP-de 5 a 13 de Maio), vê-se e lê-se documentos do Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Princípe e Timor Leste, bem como Angola.

Os documentos expostos demonstram que os responsáveis dos países referidos nos anos 1766 a 1922 endereçavam para Angola os seus ofícios, relatórios e processos sobre o envio de degredados para o “Reino de Angola”, pedido de sementes de Algodão do Governo de Cabo Verde para Angola, o processo do Governo-Geral de Angola, a mandar publicar o anúncio sobre o concurso para o provimento de vagas de oficiais aduaneiros, na Guiné, em 1913, entre outras informações.

Após apreciar a exposição, ao falar à imprensa, a ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva disse que os documentos expostos reportam-se a um património comum, o qual demonstra as relações do passado mais longínquo entre as antigas colónias portuguesas. 

“Temos aqui documentos do século XVIII, relativos às relações de Angola e Brasil, do século XIX e XX, relativos a Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Timor.

Por isso, penso que a mostra vai permitir que os investigadores se interesse na pesquisa das relações estabelecidas entre estes países e possam, de facto, descodificar as mensagens que estão nestes documentos”, asseverou.

Rosa Cruz e Silva sublinha que o conhecimento destas informações vai mostrar caminhos novos nas relações do presente entre estes países.

Cabo Verde: PARA MANUEL INOCÊNCIO "NÃO HÁ RAZÕES PARA DESISTIR"





Praia - Manuel Inocêncio, candidato do PAICV às presidenciais, afirma que não irá desistir da corrida eleitoral «de forma nenhuma», ainda que reconheça que a entrada em cena de Aristides Lima tenha motivado alguma adaptação da sua estratégia.

«Os primeiros momentos foram de diálogo com as principais lideranças do PAICV, para que ficasse claro que o partido tinha e tem um único candidato que apoia”, esclarece. A partir dessa clarificação, Manuel Inocêncio afirma que assumiu «com toda a força e energia a minha candidatura e não há hoje razão nenhuma para desistir, antes pelo contrário». Mas apesar do apoio do PAICV, partido que nas legislativas de Fevereiro último obteve a maioria absoluta, Inocêncio não conseguiu ainda descolar nas sondagens face aos seus dois adversários, Jorge Carlos Fonseca e Aristides Lima.

«Penso que teremos de dar um pouco de mais de tempo para ter uma avaliação da dinâmica antes de podermos ter previsões com alguma consistência. As sondagens feitas depois da clarificação da posição do PAICV sobre esta matéria indicam uma dinâmica positiva a meu favor», refere Manuel Inocêncio.

Várias vezes criticado por ter uma personalidade demasiado reservada para fazer passar a sua mensagem à população, Manuel Inocêncio responde que acredita que «um bom presidente de Cabo Verde deve ser uma pessoa reservada, comedida e contida». Só assim, explica o candidato, poderá o Presidente exercer uma magistratura de influência activa, junto da sociedade cabo-verdiana. «O Presidente deve fazer uma «demarche» nacional, de mobilização e articulação de todos os sectores. O que penso ser a minha marca neste projecto é uma marca de candidatura activa, sintonizada com todo o processo de modernização de Cabo Verde, com uma visão do exercício da Presidência da República para o momento que Cabo Verde está a viver e irá viver nos próximos cinco anos. O país cresceu, progrediu muito, mas esses progressos introduziram novos e grandes desafios na sociedade», explica o candidato.

Em destaque na estratégia presidencial está a afirmação de Cabo Verde como Nação Global, de valorização da diáspora cabo-verdiana no mundo. Um desafio essencial para o futuro do país e interligado com o reforço da cooperação internacional com países do eixo União Europeia, África e EUA. «A situação estratégia de Cabo Verde leva a que as relações externas assumam um papel fundamental. Temos de ter política voltada para o aproveitamento das potencialidades que o país tem nas ligações entre África, a Europa e os EUA, e na procura de novas parcerias e novas oportunidades para o desenvolvimento, nomeadamente com o Brasil», afirma Manuel Inocêncio.

Além do Brasil, o candidato destaca também, a nível bilateral, o nível «invejável» já atingido no relacionamento com Portugal. «Conseguimos criar uma teia imensa de relacionamentos, quer a nível político, entre os parlamentos, quer a nível municipal, empresarial, mesmo a nível das escolas. É Muito difícil reforçar este relacionamento», acrescenta o candidato às eleições presidenciais.

Outro dos parceiros privilegiados ao nível das relações externas de Cabo Verde é a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), uma organização que segundo o candidato tem produzido grandes benefícios para Cabo Verde, mas em que ainda há muito a fazer. «A CPLP é hoje um espaço de entendimento e de concertação de posições, mas temos de continuar a dar passos. Cabo Verde sempre teve a aspiração de ver a agenda da livre circulação de pessoas desenvolver-se dentro do espaço da CPLP, e penso que devemos continuar a insistir nessa tecla», refere Manuel Inocêncio.

(c) PNN Portuguese News Network

Venezuela: COMUNIDADE LUSA DAS MAIS AFETADAS PELOS RAPTOS




PP – TVI 24

Autoridades venezuelanas insistem na necessidade das vítimas denunciarem estas situações

Os portugueses radicados na Venezuela são dos mais afectados pela alta insegurança que afecta o país, nomeadamente, por rapto, defendeu esta terça-feira em Caracas fonte policial, insistindo na necessidade das vítimas denunciarem estas situações, escreve a Lusa.

«A comunidade portuguesa é trabalhadora e é das mais afectadas pelos sequestros, as cifras são muito altas, é preciso que confiem e que façam a denúncia», disse o director da Divisão Nacional Anti-Extorsão e Sequestro do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (Cicpc), antiga Polícia Técnica Judiciária.

Anixo Salaverría falava à Lusa à margem de uma conferência sobre como prevenir os sequestros que decorreu no Centro Português de Caracas com o apoio da Associação de Clubes Recreacionais (Recreativos) da Venezuela, na qual estiveram presentes mais de meio milhar de pessoas.

O responsável policial explicou que muitos portugueses «são comerciantes e manejam dinheiro em efectivo» o que atrai os raptores. Por isso, considerou, é importante tomar medidas preventivas e fazer perceber que face a uma situação de sequestro as vítimas devem «notificar de imediato as autoridades competentes».

O director do Cicpc sublinhou ainda que pagar por um resgate «não garante o regresso da vítima sã e salva, contribui para o delito, aumenta o risco de um novo sequestro e de expansão a toda a família, porque fortalece o delinquente e estimula-o a continuar».

«Pagar por um sequestro (resgate) acaba com a tranquilidade familiar e, por cada rapto que se paga, financiam-se mais quatro», frisou, recordando os números de telefone para onde as pessoas podem ligar para fazer a denúncia.

Quanto a números, referiu que, em 2011, ocorreram 38 sequestros de pessoas de diferentes nacionalidades, no Distrito Capital, e 156 a nível nacional, dados que, disse, representam uma descida de 40 por cento em relação a igual período do ano anterior.

O responsável policial frisou que o Cicpc trabalha para garantir a segurança aos cidadãos e fez várias recomendações aos portugueses sobre medidas a tomar para evitarem ser alvo de um sequestrado em casa, no trabalho, com crianças ou em circulação.

Explicou que os casos mais comuns de sequestro na Venezuela se classificam como «breves» e «prolongados», estes últimos com uma duração de mais de 24 horas.

No caso dos portugueses existe uma cooperação e contacto permanente do Cicpc com um oficial de ligação da Polícia Judiciária, na Embaixada de Portugal, com resultados visíveis.

Durante a conferência foram exibidos vários vídeos policiais sobre operações de resgate de portugueses e luso-descendentes, com imagens fortes, em que eram perceptíveis as condições dos locais de cativeiro e das vítimas, que em estado de choque pareciam ter a certeza do que acontecia só depois de falarem por telemóvel com os familiares.

Durante os minutos finais da sua intervenção o comissário Anixo Salaverría teve de dar resposta ao caso de um comerciante madeirense, sócio de um dos presentes na sala, que estava a ser sequestrado naquele momento e que, segundo fontes não oficiais, já se encontra em liberdade.

RAPIDINHAS DO MARTINHO – 14




MARTINHO JÚNIOR

LIÇÕES PARA NÃO ESQUECER

Com o colapso do bloco socialista, a ascensão da lógica capitalista sem limites para o neo liberalismo, para o lucro com base na rapina, para a lavagem de dinheiro proveniente do crime e para a imposição de estratégias energéticas sobre os demais, bem como para a especulação financeira, acompanhou a evidência da hegemonia e o cortejo de horrores que é o sinal cruento de sua acção.

Desde então, todos os estados e povos no mundo (inclusive o povo dos Estados Unidos) sentiram directa ou indirectamente a capacidade de ingerência da hegemonia (quantas vezes a coberto do rótulo da “globalização”, quantas outras vezes em nome de enredos pseudo-humanitários) nos seus assuntos internos e nas regiões onde se circunscrevem geograficamente, uma capacidade de múltiplos recursos, em relação à qual parece não haver, por parte dos alvos, nem antídotos, nem alternativas.

A instalação consentida ou forçada da “democracia representativa”, particularmente a partir do início da década de 90 do século XX, foi “meio caminho andado” para a imparável proliferação das ingerências e manipulações com vista a colocar no poder gente afecta aos interesses da aristocracia financeira mundial, numa grande parte dos estados alvos da Europa do Leste e do chamado Terceiro Mundo, com África em evidência.

Na história de Angola por exemplo já haviam até antecedentes:

Quando aconteceu a Conferência do Alvor em que Mário Soares era um dos mentores e promotores, os Estados Unidos tinham já na forja uma estratégia em direcção à guerra sob orientação de Henry Kissinger: a paz e o diálogo eram expostos no Alvor, mas nos bastidores a agressão da CIA a Angola estava eminente… mais tarde as ligações de Mário Soares à CIA foram postas a claro por um membro do Partido Socialista, Rui Fernando Pereira Mateus que depois de escrever a denúncia em livro, poucos ou nenhuns sinais de vida têm dado (o autor e o livro)…

Anos mais tarde Angola, para dar oportunidade à “democracia representativa” segundo a ementa-padrão norte americana posta em prática logo a seguir ao Acordo de Nova York, teve de acabar com as FAPLA, que haviam vencido no campo de batalha o regime do “apartheid”, da maneira mais inglória possível e sob pressão da “troika” que tinha os Estados Unidos à cabeça e a Rússia e Portugal como “parceiros” submissos: contribuindo para a formação das FAA com a mesma quantidade de efectivos que as FALA, as FALA duma UNITA que fora a maior aliada das SADF na África Austral!

Vem isto a propósito da contemporização, valorização e defesa das políticas de ingerência dos Estados Unidos por todo o mundo, com recurso a acções militares e dos seus serviços de inteligência, a coberto por vezes até das mais humanas evocações.

Tomados pela lógica capitalista, os estadistas e governantes da esmagadora maioria de países do mundo, inclusive países Não Alinhados, a coberto das “democracias representativas” mais ou menos subservientes da hegemonia, têm dado cada vez mais provas de, ao se sintonizarem com as intenções das sucessivas Administrações Norte Americanas e de seus aliados nos relacionamentos internacionais, subavaliarem as suas capacidades de ingerência e manipulação, particularmente as capacidades operativas dos serviços de inteligência ao dispor da hegemonia, apesar dos sinais cada vez mais visíveis desse critério.

O Conselho de Segurança da ONU em várias ocasiões tem servido às pretensões da hegemonia e, no caso da Líbia, uma vez mais essa tendência foi confirmada conforme a discussão e aprovação da Resolução nº 1973.

A ONU, desvaloriza cada vez mais a Assembleia Geral, o seu organismo mais colegial, a fim de concentrar tanto quanto o possível no Conselho de Segurança, circunscrito e afecto às potências, o poder de decisão favorável à hegemonia.

Muitas questões deixaram de ser consideradas e por isso nem debatidas foram; por exemplo:

A aprovação da Resolução 1973 em relação à Líbia não teve em conta antecedentes históricos de ingerência militar e dos serviços de inteligência das potências (tendo em conta múltiplos exemplos, entre eles o exemplo do caso angolano em 1975), inclusive antecedentes recentes que implicaram acções fora do contexto da ONU, que utilizaram mentiras e propaganda a fim de as procurar legitimar, como no caso da invasão do Iraque, por causa de armas de destruição massiva que nunca existiram.

A aprovação da Resolução 1973 em relação à Líbia motivaram posições que jamais levaram em conta que o acesso ao petróleo e ao gás tem sido a vocação real dilecta das prioridades mais estratégicas das potências ao longo das duas últimas décadas, em prejuízo dos interesses das nações e dos povos que sofrem ingerências, manipulações e guerras por causa do poder da hegemonia nessas disputas, sempre com rótulos de propaganda recorrendo aos medias “de referência” que visam esconder seus verdadeiros interesses.

A aprovação da Resolução 1973 em relação à Líbia, foi de ânimo leve, pois as lacunas que contém, faziam prever que as acções militares a levar a cabo poderiam ganhar rapidamente outros contornos, subvertendo a intenção expressa na própria Resolução.

A aprovação da Resolução 1973 em relação à Líbia, não deixa transparecer que, por parte das potências intervenientes, sob a capa das vítimas haviam dispositivos que correspondiam a ingerências, que estabeleciam um campo de rebelião armada favorável e subserviente às potências ocidentais a partir do antigo território do Emir da Cirenaica, fomentando no mínimo a divisão do país.

A aprovação da Resolução 1973 em relação à Líbia, não favoreceu as possibilidades de abertura para com o diálogo e as conversações, obstruindo pelo contrário o caminho nesse sentido, ao estabelecer um conjunto de acções militares, ao invés de antes procurar, pela via das sanções e das pressões político-diplomáticas, viabilizar caminhos que viessem beneficiar o povo líbio e a sua vocação democrática efectivamente sustentável e realizável.

Os países africanos que votaram a favor, a Nigéria, o Gabão e a África do Sul, não souberam em nome da Unidade Africana, avaliar os riscos como a possibilidade de intervenção da OTAN que, em resultado das falências acumuladas na solução da situação na Líbia, existem para África, cujo mapa começa a ser redesenhado de acordo com a vontade norte americana e de seus aliados, revivendo em novos moldes os termos de mais uma Conferência de Berlim!

Como podem comprovar agora que organizações de rebeldes líbias, algumas das quais próximas da CIA e outras até da Al Qaeda, possam um dia participar numa “democracia representativa” dos interesses do povo líbio?

Agora que se está a entrar em mais uma situação pantanosa em que o os povos são o grande perdedor, as possibilidades de diálogo e de paz tornam-se muito mais difíceis e remotas do que na altura de lhes dar oportunidade (quando eu escrevi Salvar a Líbia, imediatamente antes de ser tomada a Resolução 1973 do Conselho de Segurança)…

As elites africanas quase todas formatadas num quadro de capitalismo, estão a demonstrar incapacidade de tornar África num continente de paz, efectiva democracia e de desenvolvimento sustentável imune à rapina, às ingerências e às manipulações.

Elas pelo contrário, cada vez mais perdem capacidade de prevenção para concorrerem para a oportunidade de semearem as minas e armadilhas que são estabelecidas pelos programas dos serviços de inteligência das potências, (em que muitas vezes elas próprias acabam por pisar), tirando partido de sua enorme superioridade, na expectativa de cada vez mais domínio, ingerência e “eterna vocação” pela rapina.

A África dá sinais de completa impotência, por muito que os fenómenos desencadeados pelas potências a perturbem.

No continente continuam a ser praticadas as maiores barbaridades contemporâneas, na sequência do que vinha ocorrendo nos séculos anteriores, tornando o neocolonialismo cada vez mais viável.

Evocam muitos o episódio terrível do holocausto dos judeus e de outros, praticados por Hitler, mas esses mesmos fazem tudo para se esquecer a contínuo holocausto que África vem sofrendo de há séculos a esta parte, sob a capa dos mais variados motivos, mas sempre por causa da cobiça de suas riquezas!

Uma grande parte dessas elites africanas vão-se manifestando factualmente parte do problema e como tal devem ser denunciadas.

Martinho Júnior - 8 de Maio de 2011

O amigo americano: Rui Mateus, o homem que sabe demais

António Pina do Amaral – O Diabo
  
Na semana passada perguntava-se aqui que era feito de Rui Mateus e porque nada acontecera após o livro que escreveu. Perceber o mistério passa não só por estar a par dos escândalos de Macau, mas também do lado oculto de uma história ainda por contar.

Lê-se o livro do socialista Rui (Fernando Pereira) Mateus e dá-se logo conta das referências que nele se contêm à Central Intelligence Agency, os serviços de informações no exterior do Governo dos EUA. Ele sabe do que está a falar. Vê-se que a literatura sobre espionagem faz parte das suas preferências. Até aqui, ainda pertencia ao historiador José Freire Antunes o melhor palmarés das revelações sobre a CIA em Portugal. Os seus dois livros da série ‘Os Americanos e Portugal’ foram recebidos com frieza nos meios ligados ao PS.

A sua revelação mais escandalosa e controversa tinha então a ver com as alegadas ligações objectivas da CIA a Mário Soares. O caso causaria sensação mas lentamente cairia no olvido. Antes dele, só o PCP se tinha dedicado ao assunto em geral, através de uma publicação organizada por Ruben de Carvalho que hoje é já uma raridade bibliográfica. Mas com o contributo de Rui Mateus há um filão que se abre, pejado de tantos detalhes de conhecimento pessoal que vai ser difícil aos visados rebaterem as imputações.

O interesse da CIA por Portugal não nasceu com o 25 de Abril, embora seja certo que a Revolução dos cravos apanhou os serviços da Agência completamente de surpresa. O lento esboroar do empenhamento da Agência na situação portuguesa veio a estar na origem no seu falhanço em prever o golpe do MFA.

Deposto Caetano, os comunistas tomaram a iniciativa. O primeiro 1º de Maio em liberdade marcou o início do PREC e a ascensão da influência soviética em Portugal. E então os americanos despertaram. E com eles a CIA, como o viria a reconhecer o próprio Director da Agência, William Colby.

No final de 1974 debatiam-se em Washington duas filosofias quanto ao caso português. A mais extremista era encabeçada pelo Secretário de Estado Henry Kissinger, para quem Portugal era um caso perdido e deveria funcionar como uma vacina, para imunizar outros países da Europa quanto a veleidades de se renderem aos encantos do socialismo revolucionário. Mas outros patrocinavam uma orientação diferente, de cunho intervencionista, por não terem perdido a esperança em contra-operarem uma mudança no curso do PREC. Entre eles destacou-se o general Vernon Walters, responsável pela indigitação de Frank Carlucci III como o novo Embaixador em Lisboa.

Mateus encontrar-se-ia com aquele em 1986.

Carlucci viria a ter um papel decisivo no apoio americano a todas as forças políticas que tinham real capacidade de enfrentarem a influência comunista no País. Chega a Lisboa em Janeiro de 1975. Sairia em 1978. No entretanto faz o que pode pelo combate anticomunista. E terá feito muito.

No campo partidário, o PS viria a ser o grande beneficiário dos apoios do Tio Sam, alguns chegados através da intermediação inglesa. Apoios que integrariam a vertente financeira mas igualmente ofensivos para fazer face a emergências como as que se viveram nesse Verão Quente.

Vinte anos depois dos acontecimentos, Mateus vem pretender reconstituir esse passado.

Neste particular, o seu livro é uma caixa de surpresas. Ele é o nome do homem da CIA destacado para seguir as actividades do PS, que é revelado ser Richard Melton, cabendo a Charles Thomas monitorar o PPD. Ele é a afirmação de que coube a Bernardino Gomes  - o chefe de gabinete de Mário Soares - e a Vítor da Cunha Rego - que desempenharia o cargo de Secretário de Estado da Presidência - os contactos entre o PS e a Agência. Ele é também a revelação de que para a própria Editora Perspectivas e Realidades - a que esteve ligado João Soares, o filho do Presidente - havia um “contacto americano”, na pessoa de um operacional das acções clandestinas da CIA, sendo por isso mesmo interessante a coincidência de a Cooperativa titular da editorial ter estado instalada num prédio onde antes havia estado a ITT. Ele é, enfim, a menção das relações privilegiadas de alguns militares do Grupo dos Nove com o Embaixador Carlucci.

O grande visado, no entanto, por esse livro demolidor é, como era aliás de esperar, Mário Soares. Em relação ao Presidente, o livro é um verdadeiro cilindro compressor, o elenco de acusações é politicamente grave e passam por colaboracionismo com todos os azimutes, primeiro em favor da causa soviética, mais tarde em favor dos interesses americanos e da CIA em particular.

O primeiro Soares era, para Mateus, tipicamente vermelho. Assim, quando do primeiro Governo Provisório, Soares não daria, segundo Mateus garantias de tranquilidade aos governos aliados e à NATO, os quais só confiariam de modo suficiente no general Spínola, primeiro Presidente da República após o 25 de Abril. Depois, já Ministro dos Negócios Estrangeiros, teria feito um périplo destinado a convencer os dirigentes ocidentais de que os comunistas iriam estar no Governo, ante a consabida má recepção que tal iria despertar junto desses círculos. Mateus insinua, aliás, que a própria presença de Cunhal no primeiro governo provisório teria sido obra da persuasão de Soares, dado o proverbial anticomunismo de Spínola.

Mateus colecciona aliás no livro referências múltiplas a situações ambíguas a partir das quais se projecta sobre Soares a suspeita de colaboracionismo com a causa de Moscovo. Uma das situações teria a ver com o amigo alemão, mein Freund Willy Brandt, um dos grandes apoios a Mário Soares durante os tempos difíceis da Oposição e da Acção Socialista

Só que, coincidência irónica, exactamente no dia 24 de Abril, Brandt havia sofrido um dos mais duros revezes na sua carreira, ao ver prender pelos serviços da contra espionagem o seu colaborador mais próximo, Günter Guillaume, acusado de, durante anos, ter sido uma infiltração leste-alemã e um poderoso agente de influência em favor dos interesses estratégicos de Moscovo. O chanceler, já então olhado com suspeição nos meios americanos pela sua Ost Politik, de abertura a Leste, viria a ficar agora completamente a descoberto. Em Maio pediria a demissão. Na euforia que se vivia então em Portugal, o evento passou despercebido. A Rui Mateus não.

O mesmo Soares teria consentido em que o PS tivesse sido financiado por fontes tão insólitas como Kadafi da Líbia, a quem teria escrito em Setembro de 1975 uma carta de respeitosa veneração, de que no livro se edita uma reprodução.

Finalmente, só após o assalto ao jornal ‘República’ Soares entraria “no bom caminho” e aceitaria a intervenção americana. Mateus não perde a oportunidade para comentar que não “perceberia (…) qual a razão pela qual Mário Soares sempre foi tão sensível aos seus contactos com a CIA”.

É por causa disso que Mateus acusa Soares, chefe do primeiro Governo Constitucional, de seguidismo em relação às posições da Agência no que respeita ao dossier Angola.

Enfim, segundo Mateus, não só a CIA estaria com Soares - isso já o tinha afirmado Freire Antunes - como Soares teria estado com a CIA. Mas, aparentemente, não só Soares.

Fica claro face ao livro que a própria génese da UGT - a central sindical alternativa à CGT/Intersindical - foi, segundo ele, uma criação americana e nomeadamente da CIA, uma vez mais com a intermediação de Mário Soares.

É que, de novo citando, o interesse da CIA em Soares, “que vinha já dos anos setenta”, seria mantido em Paris precisamente através de Irving Brown, então representante na capital francesa da American Federation of Labour/Congress of Industrial Organisations e “principal agente da CIA no Controlo da Confederação Europeia de Sindicatos Livres”.

Irving Brown e Michael Boggs - dois homens “conotados com as actividades dos serviços secretos americanos”  - chegariam aliás a Portugal precisamente em Maio de 1975 e daí recomendariam ao governo americano a constituição de uma confederação sindical alternativa, ideia em cuja implantação teria papel decisivo Maldonado Gonelha, que desempenharia o cargo de Ministro do Trabalho.

O espectro da CIA perseguirá a figura de Soares ao longo de todo o livro. Mesmo na fase pré-presidencial, Soares candidato é dado como tendo pedido a Mateus que se encarregue de obter o apoio da CIA através de contacto com Skidmore. E a este propósito Rui Mateus lança uma das suas flechas mais envenenadas, na forma de uma pergunta.

Demos a palavra a Mateus: “Depois há toda a confusão por esclarecer à volta do escândalo da venda de armas ao Irão, que, dizem, passaria por Lisboa. Será que quando se soube que os americanos hesitaram em ajudar financeiramente o PS e a campanha de Mário Soares, o Governo abriu os olhos para as missões humanitárias, provocando em Langley algum agastamento?” E, como se já não bastasse esta insinuação, remata: “O recém-empossado governo de Cavaco Silva recusara autorização a esta operação e assim se explica o desesperado telefonema do homem da CIA em Lisboa, na manhã de 23 de Novembro, querendo falar com Mário Soares e fazendo promessas de que esse apoio seria bem visto em Washington”.

Eis Rui Mateus no seu melhor.

Mas há mais quem tenha motivos para recear. Ele é o homem que sabe demais: na noite de 11 de Março, Otelo Saraiva de Carvalho, o major comandante do COPCON, avisa o Embaixador americano Frank Carlluci de que não se responsabilizará pela sua segurança. Para bom entendedor, o recado estava dado. Só que, Mateus dixit, Carlucci convida Otelo para “um encontro na Embaixada”. A partir daí Otelo fica de “boas relações” com ele. Que conversa teria sido essa que dera azo a tal mudança de atitude do jovem revolucionário graduado em General? A História o revelará. Neste particular, o livro de Ruben de Carvalho é interessante. Reporta esse contacto como tendo sido na forma de um telefonema. Mas diz que, após ele, Carlucci haveria ficado com “inteira confiança em que o brigadeiro Otelo Saraiva de Carvalho e o Governo de Portugal são capazes e têm a intenção de assegurar a minha segurança”.


UM ANO DA ERA WIKILEAKS




Greg Mitchell, The Nation  - Tradução do Opera Mundi – em Outras Palavras

Como, há doze meses, um gesto de Jullian Assange projetou uma ferramenta de internet até então desconhecida e criou um fenômeno que pode mudar a história do jornalismo e da diplomacia

A terça-feira (03/05) marcou exatamente um ano desde que o Wikileaks, que existia há três anos mas só obtinha atenção esporádica nos Estados Unidos, causou comoção mundial com a divulgação de seu vídeo Collateral Murder (Assassinato colateral), que mostrava a morte de civis iraquianos, incluindo dois funcionários da Reuters, em ataques de helicópteros norte-americanos. Este seria o primeiro de quatro importantes vazamentos do WikiLeaks nos meses subsequentes – os outros foram os “diários de guerra” do Iraque e do Afeganistão e o escândalo dos telegramas, todos supostamente passados pelo soldado Bradley Manning, ainda preso em regime de semi-isolamento em uma cela em Quantico.

Assim, recapitulemos como o Collateral Murder – e O Ano do WikiLeaks – se tornaram realidades. Um trecho de meu novo livro, Bradley Manning: Truth and Consequences (Bradley Manning: verdade e consequências).

O primeiro sinal do que estava por vir surgiu no início do ano, quando o WikiLeaks, por meio do Twitter, fez um pedido público de ajuda para decodificar um vídeo descrito como “ataques a bomba dos EUA contra civis”. Por algum motivo, o grupo sugeriu o dia 21 de março como uma possível data de divulgação.

A organização, no entanto, lutava por financiamento. Julian Assange, de 38 anos, havia pedido doações para que pudesse preparar o que descreveu como centenas de milhares de páginas de documentos relacionados a “bancos corruptos, o sistema de detenção dos EUA, a guerra no Iraque, a China, a ONU” e outros temas. Uma fundação alemã supostamente providenciou cerca de 1 milhão de dóalres para a conta do WikiLeaks, abrindo o caminho para um 2010 bastante movimentado.

Intrigado com as atividades do WikiLeaks, o jornalista da revista New Yorker Raffi Khatchadourian enviara um e-mail a Assange, e depois conversara com ele ao telefone, estabelecendo um certo grau de confiança. Assange mencionou o vídeo em termos um pouco vagos. O jornalista sabia que o vídeo se tornaria um furo se fosse divulgado. Ele queria escrever sobre o Wikileaks de qualquer modo e, com a autorização de seu editor, voou para a fria Reykjavik, na Islândia, no final de março.

Khatchadourian, autor de The Kill Company (algo como “A companhia da morte”, sobre a Operação Triângulo de Ferro no Iraque), e de um perfil de Adam Gadahn (um norte-americano que ingressou na Al-Qaeda), certamente foi visto por Assange como um bom homem para esse trabalho.

Em uma casa recém-alugada que logo foi apelidada de “bunker”, Khatchadourian encontrou uma equipe de meia dúzia de voluntários que haviam se juntado ao alto e grisalho Assange e preparavam a divulgação do vídeo de 38 minutos feito de uma cabine de pilotagem no Iraque, batizado de Projeto B. Assange havia dito ao proprietário da casa que eles eram jornalistas cobrindo a erupção vulcânica que então atrapalhava o tráfego aéreo na Europa. Ele escolhera a Islândia para a missão secreta depois de passar algum tempo no país ajudando a redigir uma lei com sólidas provisões em defesa da liberdade de expressão. Algumas pessoas envolvidas naquela luta, entre elas uma parlamentar, Birgitta Jonsdottir, agora estavam engajadas no Projeto B.

Também estava envolvido Rop Gonggrijp, um famoso hacker e empresário holandês que conhecia Assange intimamente. Como Khatchadourian descreveu em sua longa reportagem na New Yorker dois meses depois, Gonggrijp “tornou-se o gerente e tesoureiro não-oficial do Projeto B, fornecendo cerca de dez mil euros ao WikiLeaks para financiá-lo”.

O vídeo, em um disco rígido no bunker, ainda estava nos estágios iniciais de edição. Conforme Khatchadourian escreveu mais tarde, Assange não identificou a fonte do vídeo, afirmando apenas que a pessoa estava infeliz com o ataque de helicóptero no Iraque.

O jornalista registrou a descrição de Assange a seus colegas sobre o conteúdo do vídeo: “Na primeira fase, vocês verão um ataque baseado em um erro, mas certamente um erro bastante negligente. Na segunda parte, o ataque é claramente um assassinato, de acordo com a definição de uma pessoa comum. E na terceira parte vocês verão o assassinato de civis inocentes no caminho de soldados perseguindo um alvo legítimo.”

Assange trabalhava dia e noite, editando as cenas e excluindo qualquer elemento que pudesse revelar o responsável pelo vazamento, enquanto tentava decidir se divulgaria o vídeo completo e/ou uma versão mais curta, com comentários, mais amigável para o espectador. O vídeo ainda não tinha nome. Ele considerou “Permissão para Engajar” antes de escolher “Assassinato Colateral”. O jornalista da New Yorker citou-o dizendo a Gonggrijp: “Queremos derrubar esse eufemismo de ‘danos colaterais’, para que as pessoas, sempre que o usarem, pensem em ‘assassinato colateral’.”

Muito tempo se gastou analisando o vídeo em busca de indícios de alvos iraquianos carregando lança-granadas ou fuzis AK-47. Assange avistou aparentes armas, mas na maioria dos casos isso não foi conclusivo. Ele desistira de pedir ajuda a especialistas militares, pois estes não haviam sido “muito solícitos” ao saber que o objetivo era uma divulgação pelo Wikileaks.

Quebrando o código de confidencialidade, Assange despachou dois repórteres islandeses para Bagdá para notificar as famílias dos mortos ou feridos no ataque, incluindo a mãe de um menino e uma menina que estavam em uma van conduzida pelo pai. Assange queria preparar as famílias para a atenção pública, mas também obter alguns detalhes reveladores sobre o que acontecera naquele dia.

Assange fez uma confissão a Khatchadourian. Sim, ele tentara “minimizar os danos” a indivíduos em seu trabalho, mas o Wikileaks não podia gastar todo o seu tempo checando cada detalhe. Ele sabia que alguns vazamentos poderiam prejudicar inocentes – “danos colaterais, se você quiser” – e que um dia os membros do Wikileaks poderiam “sujar as mãos de sangue”.

Finalmente, Assange concluiu a versão editada, com 18 minutos, que cobria os dois primeiros ataques. Ele também usou uma citação de abertura, de Orwell: “A linguagem política é criada para fazer com que mentiras soem verdadeiras e o assassinato seja respeitável, e para dar aparência de solidez ao puro vento.” A introdução também incluiria informações sobre a morte de dois funcionários da Reuters e a investigação do Exército inocentando tripulantes nesse evento. O vídeo tratava da delicada questão das armas em terra observando que “alguns dos homens pareciam estar armados [mas] o comportamento de quase todos era relaxado”.

No bunker, Assange previu: “O vídeo mostra o que a guerra moderna se tornou e, a meu ver, as pessoas, depois de assisti-lo, sempre que ouvirem sobre um certo número de baixas resultantes de combates com apoio aéreo próximo, entenderão o que está acontecendo. O vídeo também deixa claro que civis são listados como insurgentes automaticamente, a menos que sejam crianças, e que espectadores mortos não são sequer mencionados.”

Díli desmente oferta de estação de radar pela China, como alegou Wikileaks




EL – JCS – LUSA

Sidney, 10 mai (Lusa) -- As autoridades timorenses desmentiram a alegação feita pelo sítio da Internet Wikileaks de que a China ofereceu a Timor-Leste a instalação de uma estação de radar no seu território, segundo a imprensa australiana de hoje.

O desmentido foi feito pelo vice-primeiro-ministro José Luís Guterres que, em declarações à emissora australiana ABC, disse que a questão da instalação da estação de radar nunca foi considerada no processo de compra a Pequim de dois navios de patrulha costeira, pelo menos a nível governamental.

"Nunca houve qualquer oferta do Governo chinês para construir um sistema de vigilância radar", garantiu o governante timorense.

A questão terá sido aventada somente em contactos não governamentais.

"O que sei é que algumas empresas chinesas pretendiam vender um sistema de radar (...) A nossa política em termos de cooperação no setor da Defesa com qualquer país é transparente. Não há segredos", acrescentou.

Telegramas diplomáticos norte-americanos, filtrados pelo Wikileaks e publicados pelo jornal australiano The Age referiam que a China terá oferecido ao Governo timorense a construção e a operação de uma base de vigilância por radar no estreito de Wetar, com o objetivo declarado de combater a pesca ilegal na zona.

O estreito, entre a costa nordeste de Timor-Leste e a ilha indonésia de Wetar é utilizado por navios e submarinos nucleares da marinha norte-americana nas rotas entre os oceanos Índico e Pacífico.

Ainda segundo o Wikileaks, no início de 2008, o Governo timorense alertou os Estados Unidos e a Austrália para a proposta chinesa, tendo ambos os países classificado o projeto como uma "ameaça estratégica".

Vice PM Livre, Fretilin Duvidas, PD-CNRT - PSD Husu Ana Pessoa Rezigna a’an




JOSEFA PARADA – SUARA TIMOR LOROSAE – 10 maio 2011

DILI - Tribunal Distrital Dili (TDD) horseik hamonu dezisaun livre ba Vice Primeru Ministru (VPM) Jose Luis Guterres. Maibe iha uma fukun Parlamentu Nasional (PN) representante povu husi bankada Fretilin sira duvidas  ho dezisaun Tribunal nebe nakonu ho presaun  no influensia husi membru governu no iha parte seluk deputadu bloku Aliansa Maioria Parlamentar (AMP) husi PD, CNRT ho PSD husu ba Prokuradoria Jeral republika Ana Pessoa atu rezigna a’an.

Konaba prosesu ne’e, hatete VPM Jose Luis Guterres katak nia sei husu indiminizasaun, primeru nia sei koalia no konsulta ho ema tomak nebe akuzadus desde embaisador Joao Cambra no sel-seluk nebe akuzadu tiha maibe Tribunal hasai tiha sira hanesan akuzadus husi PGR hanesan MNE, Direktur Administrasaun.

“ Sobre kazu ne’e katak hau sei atu husu pedidu indiminizaaun i lae hau hakarak hatete katak primeru hau sei koalia no konsulta ho ema tomak nebe akuzadus tamba ne’e ami sei hare ba mai estadu maka sei indiminiza ida ne’e,” hatete VPM Jose Luis ba STL iha Palacio do Governo, Tersa (10/5).
 
Iha parte seluk, tuir Xefi Bankada Fretilin Aniceto Longuinhos G. Lopes komenta katak husi Fretilin preokupa antes, tamba kuandu Tribunal julga membru governu ida no Parlamentu la halo suspensaun ne’e buat ruma bele mosu iha Tribunal neba afavor ba kombate korupsaun. Tamba bele mosu presaun ka  influensa oi-oin ba juisa nebe kaer kazu ne’e.

“ Hau iha duvida ba dezisaun ida ne’e dezisaun ida nebe nakonu ho presaun  no influensia husi membru governu, dezisaun ida mai husi juis internasional nebe depende ba kontratu nebe governu tenki halo laos imposibel membru governu ne’e uja nia kargu amiasa ka presaun ba juis ne’e atu tesi lia ne’e tuir sira nia hakarak,” dehan Aniceto.
 
Nune’e Deputadu PD, Adriano do Nascimento komenta katak ne’e hatudu juis sira halo buat ne’e imparsial ho profesionalismu tuir Adriano ne’e buat diak. Ida ne’e mos dehan Adriano katak fo lisaun ida ba politiku sira nebe gosta politiza no gosta hatun ema nia dignidade katak dun  matak ema ne’e la diak no ida ne’e mos hatudu ba Prokuradoria Jeral Republika hanesan instituisaun Ministeriu Publiku katak buat ida politika ne’e labele domina fali iha justisa ninian.

 “Hanesan deputadu ami labele, ne’e depende ba ninia a’an rasik atu tuntut nama baik i lae maibe buat nebe PN bele halo li-liu AMP halo maka ne’e husu ba PGR Ana Pessoa diak liu para deit ona rezigna a’an tamba kazu ne’e hatete katak logika politika maka dumina duke logika legal ninian nebe sei lae istituisaun ida MP ne’e ema la fiar tamba ne’e husu mos ba Presidente Republika hare dalan para salva MP sei lae MP hakarak kazu politiku duke kazu kriminal nasaun ne’e lao kadik ona, ”tenik Adriano. Jaime do Rosario

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