domingo, 29 de abril de 2012

CONVERGÊNCIA DEMOCRÁTICA, O CAMINHO PARA MAIS UM SONHO TIMORENSE




António Veríssimo

Primeiro foi o deputado Arsénio Bano, da Fretilin, que declarou no Facebook que a Fretilin estava aberta a fazer alianças com todos os partidos timorenses, incluindo o CNRT de Xanana Gusmão, depois, passado dois dias, Mari Alkatiri faz referência à disponibilidade da Fretilin para fazer alianças pós eleições legislativas com outros partidos, de modo a encontrarem a maioria que lhes possibilite ser governo.

A reação não foi pacífica no que diz respeito aos que ainda se lembram da falta de honestidade do governo de Xanana Gusmão e também das suas tropelias e dos seus métodos de não olhar a meios para atingir determinados fins que nem por sombras são os melhores.

“Quando a esmola é demais o pobre deve desconfiar”, um velho adágio que, como veremos, se aplica à abordagem do tema que vem a seguir e que em Página Global começámos a pretender esmiuçar para entendermos e trazermos aqui à colação. Com bons fígados podemos dizer que vamos abordar o que podemos considerar o sonho timorense: a convergência democrática que permita a concretização da democracia, da justiça, do progresso e do bem-estar de todos os timorenses.

Convergência Democrática

Se é sonho, se é pesadelo ou até imaginação fértil é aquilo que mais tarde descobriremos. Por agora compete-nos divulgar o que com algum otimismo procurámos investigar. As fontes que consultámos dizem-nos que está na forja um alargado entendimento entre o recém eleito presidente da República de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, o atual primeiro-ministro, Xanana Gusmão, o secretário-geral de maior partido da oposição e ex-primeiro-ministro, Mari Alkatiri, e o ainfa presidente da República, José Ramos Horta. Esse alargado entendimento poderá vir a chamar-se Convergência Democrática e inclui ainda os líderes dos principais partidos políticos timorenses. Fernando La Sama Araújo, do Partido Democrático (PD), Zacarias da Costa, do Partido Social Democrático (PSD), para além de outras relevantes figuras da cena política timorense, caso de José Luís Guterres, entre outros.

Esta Convergência Democrática destinar-se-ia a aliar-se em uníssono pelos interesses de Timor-Leste e colocar o país nos carris, visando corrigir os desvios até agora verificados a nível de melhorar a gestão e as diversas políticas de um futuro governo (em principio CNRT-FRETILIN) dos partidos partidos naturalmente mais votados e que decerto, juntos, obterão uma vasta maioria nas próximas eleições legislativas. Acresce ainda a votação do PD e do PSD, que garantiriam uma maioria mais que estável e absolutamente representativa.

A legitimidade de um governo assim constituído é absoluta. Ainda mais quando uma das fontes de informação contactadas nos diz que a perspetiva seria a de Taur Matan Ruak na Presidência da República (já eleito), José Ramos Horta em primeiro-ministro (se a Fretilin e o CNRT atingirem a maioria dos votos em 7 de Julho próximo, o que deve acontecer), pastas ministeriais relevantes para Xanana Gusmão (que não quer largar a pasta da Defesa e Administração Interna) e para Mari Alkatiri, também para La Sama Araújo e Zacarias da Costa, outras a nível ministerial para figuras da Fretilin do CNRT e de Secretarias de Estado para os seus partidos políticos, PD e PSD.

Um Sonho Timorense

Com boa vontade e uma grande dose de amnésia podia aqui ser inscrito tudo cor-de-rosa, em conformidade com aquilo que conseguimos apurar de declarações das nossas fontes de informação, porém, importa sermos realistas (mas não pessimistas) e não tomar por certo meras conversas sobre alguns “desabafos” de figuras predominantes da política timorense. Se corresponder à realidade o que afirmam que os lideres timorenses estão forjar, um governo de Convergência Democrática, e que os próprios líderes vão dar uma volta de 180 graus nas suas políticas e na governação futura, que vão governar exclusivamente para o povo timorense… Oh, meus queridos amigos e ex-adversários, mas isso é aquilo que todos gostaríamos de ver, principalmente os timorenses que de tantos milhões têm visto zero-zero, fome e miséria. Isso a par de uns quantos senhores que enriqueceram num ápice sem se saber como. Ou melhor: sabendo como mas não lhes podendo chegar porque a máfia tem tentáculos por quase todos os lados.

A acontecer a tal Convergência Democrática então mais um sonho timorense seria possível concretizar… Mas, lá está: Quando a esmola é demais o pobre deve desconfiar. Por conseguinte o melhor será guardar em carteira fechada a sete chaves aquilo que as nossas fontes de informação nos adiantaram por palavras mas sem documentação. Não que devamos duvidar das suas informações porque elas próprias só têm por base “conversa”. O que não há dúvida é que tudo parece bom demais para que realmente corresponda 100 por cento à realidade, ou até às intenções tão radicalmente diferentes, por exemplo, de Xanana Gusmão e de Mari Alkatiri. É que um diz que quer bem à sua maneira mas de modos diferentes… E nunca se entenderam. Antes pelo contrário, têm se digladiado. Incluindo com algum risco de vida para Mari Alkatiri no ano da desgraça de 2006/7, após o golpe de estado de Gusmão.

E então é agora que estes dois “gorilas” do espectro político-partidário timorense se vão entender? E Ramos Horta, é agora que vai estar de acordo com tudo e com todos e todos e tudo com ele? Isto para não falar em Zacarias da Costa e La Sama. Nem para falar dos militantes e quadros dos partidos políticos de cada um deles.

Dizem-nos as nossas fontes que quem está muito empenhado em concretizar esta Convergência Democrática é o PR Taur Matan Ruak, que não acha nada que se deva por enquanto entregar de bandeja a gerações muito mais novas todos os poderes por via da sua inexperiência e possível ingenuidade. Que isso se faça gradualmente, diz Taur. Certo.

Rejeitando pessimismos devemos deixar bem evidente que a felicidade dos timorenses e dos amigos que amam Timor-Leste exultariam com a concretização de mais este sonho timorense. Também diziam que a independência era um sonho impossível e não era, não foi. Façam figas.

O que for soará. Até pode acontecer que algum ou alguns dos que andam a forjar a Convergência Democrática passem a dizer mais algumas coisas que ajudem a montar este puzzle. Oxalá. Façam figas.

Para acabar a meu modo: Convergência Democrática, yes. Não são homens não são nada se não conseguirem tornar este sonho realidade, e bem, e bem. Não para andarem às turras!

Nota: É evidente que não devem ser esquecidos os erros cometidos por este governo de Xanana Gusmão no que diz respeito aos prejuízos causados aos timorenses por via de roubos que os têm transportado para carências de todo inadmissíveis e inexplicáveis, depois de tantos milhões gastos… para quase nada. Mas isso é outra “causa” que a Justiça deve saber enfrentar.

Depois de Escrito

Por razões compreensíveis temos muitos comentários da área de Timor-Leste que nunca são assinados e que constam como provenientes de Anónimos. Muitas vezes sabemos de quem se trata mas, compreensivelmente, nunca referimos as identidades. É o caso do comentário que juntamos a seguir. Creio que esta “operação de charme e de passividade convergente” foi “vendida” a um dos nossos elementos do coletivo PG com o propósito de disfarçar o que está encoberto num iceberg chamado Xanana Gusmão-CNRT… e uma quanta máfia de suas relações. Fiquem todos muito atentos e acreditem piamente naquilo que é dito neste comentário “anónimo” que se segue. Tomem também atenção ao que Ramos Horta já disse e vai dizer... (AV)

Anónimo disse...
Posso assegurar com toda a certeza de que não há, nunca houve nem nunca haverá a intenção de se criar um Governo de Convergência Nacional. Quem diz isso está a mentir e apenas quer criar confusão. Há muita mentira a circular e esta é uma delas.

Destaque Página Global

O Português de Timor-Leste: contribuições para o estudo de uma variedade emergente



Davi Albuquerque - Língua Portuguesa em Timor-Leste

Uma leitura útil sobretudo para os professores de português em Timor-Leste, que suscita a reflexão no sentido de distinguir o que serão “erros”, “desvios” ou “problemas de aprendizagem” daquelas que serão já marcas de uma variedade da língua portuguesa: o português de Timor-Leste.

Resumo:

O português é língua oficial de Timor-Leste desde 2002. Com a difusão da língua portuguesa nas ex-colónias de Portugal, diferentes variedades da língua emergiram em cada um dos territórios. O presente artigo pretende, depois de um breve enquadramento histórico da língua portuguesa em Timor-Leste, analisar a variedade leste-timorense do português, em diferentes níveis linguísticos – fonologia, morfossintaxe, léxico e semântica – no sentido de evidenciar a existência desta variedade e de contribuir para a sua preservação. [nossa tradução a partir do inglês]

O texto completo em Scribd
 

TIMOR-LESTE, TÉTUM, PORTUGUÊS, LÍNGUA INDONÉSIA OU INGLÊS?*



José Ramos-Horta**

«Os artigos 13.º e 159.º da nossa Constituição determinam que o tétum e o português são as nossas línguas oficiais e a língua indonésia e inglês são línguas de trabalho. Será possível atitude mais aberta e pragmática do que esta?», defende o ex-Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, neste texto publicado no jornal português Público de 22/04/2012.

De quando em vez, um jornalista ou académico opina sobre a escolha de línguas oficiais feita por Timor-Leste. Victor R. Savage, professor associado de Geografia na Universidade Nacional de Singapura, escrevia recentemente: “A actual eleição presidencial em Timor-Leste trouxe visibilidade internacional a este Estado marginalizado do Sudeste Asiático”.

Já nos chamaram “estado frágil” e “estado falhado”, mas “estado marginalizado” é um novo título que acaba de nos ser concedido. Savage prosseguia, proporcionando-nos a sua opinião académica sobre o que é, em Timor-Leste, uma questão simples — as línguas.

Os artigos 13.º e 159.º da nossa Constituição determinam que o tétum e o português são as nossas línguas oficiais e a língua indonésia e inglês são línguas de trabalho. Será possível atitude mais aberta e pragmática do que esta?

A liderança e o povo timorenses, embora ilhéus, têm uma mentalidade voltada para o exterior, aberta a influências culturais, aprendendo e absorvendo o bom (e o mau) que vemos, ouvimos e lemos sobre o mundo. Estamos entre os povos mais poliglotas do mundo. Uma grande percentagem entre nós usa três a cinco idiomas — uma língua local materna, tétum, indonésio, português e inglês.

Aconselho sempre os jovens a terem uma atitude aberta à informação, ao conhecimento de outras culturas e a aprenderem tantas línguas quanto possível. Exorto-os a não terem a atitude provinciana do australiano médio, ou do americano ou britânico, que dominam apenas o inglês.

O número de jovens timorenses a familiarizarem-se com o inglês é crescente. Estima-se que a língua inglesa é entendida por 31,4%. Tem-me impressionado também o número de jovens com alguma fluência em espanhol, coreano, japonês ou chinês, após apenas meses de aprendizagem.

O Censo Nacional de 2010 apurou que cerca de 90% da população usa tétum diariamente. Uns 35% são utilizadores fluentes do indonésio e 23,5% falam, lêem e escrevem português. Este é um número impressionante, quando nos lembramos que menos de 5% dos timorenses dizia compreender português, em 2002.

No seu comentário, Savage pôs em questão a sensatez da política linguística de Timor-Leste, sugerindo que devíamos optar pelo inglês, em vez do tétum e do português, ignorando o facto de a nossa constituição proporcionar a utilização do inglês e do indonésio como línguas de trabalho.

Savage afirma, erradamente, que embora o tétum seja língua oficial, “no terreno, tem-se a impressão de que está a ser dada prioridade ao português por ser a língua de comunicação da elite política e social — em suma, uma língua elitista em Timor-Leste. Uma política da língua como esta envolve desafios únicos”.

É óbvio que ou Savage ainda não foi a Timor-Leste ou foi lá de passagem — no estilo aterra e descola. As sessões do nosso Parlamento Nacional, do Conselho de Ministros, seminários e conferências, etc.são maioritariamente realizadas em tétum.

A Resistência Timorense, o Governo e a Igreja Católica contribuíram mais do que ninguém para a generalização e modernização do tétum. O facto de o tétum ser hoje falado por perto de 90% é um grande indicador do nosso êxito na construção nacional. Mas o tétum está ainda a caminho de se tornar uma língua plenamente funcional, perante os desafios da modernidade. Milhares de termos foram tomados de empréstimo do português, alguns do indonésio e do inglês, e creio que o tétum precisa de mais 10/20 anos para se tornar uma língua dinâmica e rica. A língua indonésia também adoptou centenas de palavras do português, em resultado da longa presença colonial no Sudeste Asiático.

Mais 10 anos e teremos metade da nossa população a dominar a língua portuguesa, uma versão local do português, com vivacidade tropical e musicalidade própria, como o português falado no Rio ou em Luanda. O tétum terá o mesmo encanto e colorido, mas estará mais apetrechado para responder a desafios da abertura do país ao mundo.

Como outros anglófilos, Savage parece acarinhar a visão simplista do inglês a abrir, por si, as Portas do Céu a um Timor-Leste pobre, resolvendo problemas sociais e económicos. E, sendo o inglês a chave do futuro de Timor-Leste, presumo que será também o caminho da fortuna para os outros países pobres.

Inversamente, nesta linha de raciocínio, aquele académico quererá fazer crer que foi o inglês que catapultou nações como o Japão, Coreia, Alemanha, Itália, França para o estatuto de grandes potências industriais? E como explicar a emergência do Brasil, falante do português, como potência económica global, tomando à velha Inglaterra o lugar de sexta economia mundial? E como explicar o actual estatuto de “estado frágil” atribuído a Estados insulares do Pacífico ou africanos que no passado foram administrados pelo Reino Unido e adoptaram o inglês como língua oficial desde as suas independências?

E os nossos irmãos aborígenes australianos, cuja expectativa média de vida à nascença é 10 anos mais baixa do que em Timor-Leste? Não deveriam eles estar muito melhor, após serem colonizados por falantes do inglês durante mais de 200 anos?

Contrariamente à afirmação do académico de Singapura, segundo a qual a nossa decisão de não usar o indonésio teve origem na sensibilidade política da questão, eu afirmo que não temos ressentimentos no que respeita à língua e às culturas da Indonésia.

Eu defendi até que deveremos dar ao indonésio o estatuto de língua oficial, após a necessária avaliação de custos e disponibilidade de professores. 35% do nosso povo fala indonésio, mas nos grupos etários dos 5-10 anos, especialmente em zonas rurais, aquela percentagem é muito menor.

Embora com respeito pelo que parece ser o grande conhecimento do académico sobre a Indonésia e estando reconhecido pelos seus alvitres, Timor-Leste e a República Indonésia desfrutam de relações exemplares em todos os campos, graças à visão dos líderes dos nossos dois países, optando por uma abordagem pragmática, olhando para o futuro.

Timor-Leste é desde 2005 membro activo do Fórum regional da ASEAN e participou ao longo dos últimos 10 anos em todas as reuniões ministeriais da ASEAN, que reúne os restantes países da nossa região natural e à qual esperamos aderir em breve. Abrimos já embaixadas em cinco Estados da ASEAN e, até 2013, vamos abri-las nos cinco Estados-membros restantes. Temos também representação ao nível de embaixada em Seul, Tóquio e Pequim. Há, por outro lado, 20 embaixadas estrangeiras em Díli. Timor-Leste acolhe a presença de grande número de organizações internacionais.

Embora reconhecido a Richard Savage por nos indicar generosamente caminhos para sairmos da “marginalização regional”, atrevo-me a desafiar visões anglo-saxónicas centradas na ideia de que o mundo seria um lugar melhor se nos rendêssemos todos ao inglês.

Os nossos irmãos na Papuásia-Nova Guiné, Libéria, Zimbabué, Suazilândia, para referir apenas um pequeno grupo de Estados da Comunidade Britânica, podem, aliás, rejeitar o pressuposto. E franceses,alemães, italianos, suecos poderão discordar também.

O inglês é uma língua importante, quase incontournable, se quisermos aceder a informação científica e tecnológica, ao comércio internacional ou mercados financeiros. Mas o facto de um idioma ter utilidade regional ou global não conduz inevitavelmente à conclusão de devermos abandonar as raízes históricas e culturais e fazê-lo língua oficial.

E ainda que fôssemos persuadidos, por Savage e outros académicos, da “superioridade” da língua inglesa,adoptando-a como língua oficial, enfrentar-se-iam desafios quanto a recursos financeiros e humanos exigidos para pôr em prática tal política.

De novo, perguntaria aos meus irmãos da Papuásia-Nova Guiné, Libéria, Suazilândia, Zimbabué, África do Sul, etc., se, após a sua experiência de uso do inglês há muitas gerações, essa língua, dir-se-ia milagrosa, os libertou de conflitos sociais e da pobreza.

A sua resposta poderia bem ser: “O inglês é muito útil, dá-nos acesso a informação indispensável ao desenvolvimento, mas em si mesma não é um atalho da pobreza para a prosperidade. Basta ver a situação em que nos encontramos, após gerações de administração pelo Reino Unido e de pertença à Comunidade Britânica.”

Admito que nem todos somos tão práticos como os nossos irmãos de Singapura. Confesso que somos, na maioria, algo românticos, temos uma perspectiva histórica, porque temos uma longa história, nem sempre nos orientamos exclusivamente pela mentalidade comercial e prática ao estilo de Singapura. Significa isto estarmos condenados a um progresso lento, apenas por termos uma sociedade multilingue e uma cultura multifacetada, vibrante e colorida, que nos inclina a desfrutar mais frequentemente a beleza da vida? Tenho a certeza que não.

* Texto publicado no jornal Público de 22 de abril de 2012. :: 24/04/2012

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Timor-Leste: UM EURO, UM TIJOLO E A PRÉ-ESCOLA SANTO INÁCIO CRESCE




Isabel Marisa Serafim, da Agência Lusa

Díli, 29 abr (Lusa) - Um euro é o preço de um tijolo, mas a pré-escola de Santo Inácio em Díli, Timor-Leste, precisa também de telhado, janelas e portas para a sala onde o Clube das Mães se vai reunir para costurar.

O dinheiro reunido com a costura vai servir para garantir que a escola continue a funcionar, mas sem sala para trabalhar é mais difícil e um saco de cimento custa cinco euros.

Para ajudar a pré-escola de Santo Inácio, que é pequena, e fica situada junto à ribeira seca a caminho de Taibesse, a organização não-governamental Leigos para o Desenvolvimento lançou a campanha "Tijolo a Tijolo uma escola que cresce em Timor-Leste".

"O objetivo da campanha é apoiar a construção de uma sala que visa criar um espaço para a coordenadora trabalhar, receber pais e para o Clube das Mães", explicou à agência Lusa Filipa Figueiredo, dos Leigos para o Desenvolvimento.

A pré-escola recebe diariamente 70 crianças, entre os 4 e os 5 anos, divididas em dois grupos, numa única sala, que serve para tudo.

As obras da sala nova já começaram porque foram reunidos alguns donativos que permitiram começar a construir as fundações.

"A campanha está a decorrer em Timor-Leste e em Portugal e as pessoas podem contribuir com um euro, um dólar e até com cinco mil dólares que é o valor do telhado", explicou Filipa Figueiredo.

Na pré-escola Santo Inácio trabalham quatro educadoras e uma coordenadora timorenses.

A campanha vai decorrer até ao final do mês de junho e os interessados podem visitar a escola e consultar o orçamento da obra e o valor dos materiais na página na Internet dos Leigos para o Desenvolvimento, em www.leigos.org.

Um tijolo custa um euro, um saco de cimento cinco euros, uma lata de tinta 15 euros, um telhado 3.765 euros e uma sala nova custa 15.832 euros.

Opinião Página Global

É sempre isto. Sempre isto. É evidente que os donativos imprescindíveis para a causa acima explicitada devem (sem falta) jorrar em Timor-Leste para que aquelas crianças possam, ao menos, ter, participar e aprender numa escola minimamente decente.

O que é lamentável é que após todo este tempo ainda surjam este tipo de carências que fazem notar o desprezo que o governo de Xanana Gusmão votou às escolas e ao muito mais que são barreiras do quotidiano erguidas para dificultar a sobrevivência dos timorenses que supostamente o “querido líder” devia ter acautelado e disponibilizado com os seus gordos Orçamentos do Estado. Mas não, em vez disso proporcionou o crescimento gigantesco da corrupção, do roubo, do compadrio.

Afinal Xanana fez um golpe de estado em 2006 para quê? Para credenciar os que o apoiaram a ascender a uma elite podre, doente, que depaupera o país com os seus roubos? Sim. É a resposta. Sim, devemos ficar muitíssimo indignados. Revoltados pela traição que Xanana Gusmão representa nesse aspeto, ao tão mal governar o país, ao tão bem permitir que elites rapinantes e execráveis se apossem daquilo que se destina a todos os timorenses.

Uma escola precisa de recuperação… Outra de ser construida... Não é só esta escola acima referida, infelizmente. Muitas mais há que precisam. Não existem condições em imensas escolas de crianças timorenses. Faltam carteiras, cadeiras, mesas, quadros, livros, material… É um infindável rol de carências. Nessas escolas o que mais há é fome. De quantas refeições se alimentam diariamente aquelas crianças? E os filhos de Xanana, e os filhos dos da elite político-partidária, da elite eclesiástica, de todas as outras elites que de mãos dadas sorvem abusiva ou criminosamente o que devia ser pertença bastante das crianças timorenses? E depois brincam às caridadezinhas, às hipocrisias, e pedem, e tomam iniciativas que mobilizam os mais sensíveis às causas que possam minorar as carências de tantos timorenses pequenos e grandes que simplesmente têm sido literalmente roubados ao longo destes poucos anos de independência. É uma enorme vergonha. Vergonha que eles, os “queridos lideres”, não sentem - por estarem desprovidos de tal sentimento. É demais. Já há muito tempo que tudo isto é demais! Por Timor, tenham vergonha!

Ao menos, após estas eleições legislativas, em 07 de Julho, entendam-se e punam os corruptos. Os ladrões. Aprovem medidas que acabem com as mordomias de ex-isto e de ex-aquilo, dos que estão nos poderes e que usufruem do beneficio de gastos do OE que são imorais, enquanto a fome e todo o tipo de carências grassa pelo povo timorense mais fragilizado. E esses são a maioria. Perguntem-se, nestas últimas eleições quantos foram votar a sofrerem de subalimentação, de doenças, de enormes carências? Senhores, tenham vergonha!  (Redação PG – AV)

Destaque Página Global:

Moçambique: PURIFICAÇÃO DAS VIÚVAS” CONTESTADA POR PROPAGAR HIV/SIDA



André Catueira e Paulo Machicane, Agência Lusa

Maputo, 29 abr (Lusa) - Judite Mário ficou viúva em 2009, quando o marido morreu de tuberculose, e, como acontece em muitas regiões de Moçambique, foi obrigada pela família do falecido ao "pitakufa", cerimónia de "purificação" que inclui relações sexuais, geralmente com o cunhado.

A "Pitakufa" ou, como se diz a sul, "kulhambela", a "purificação das viúvas", mantém-se muito popular nas zonas rurais de Moçambique, mas está a ser combatida por mulheres, ativistas anti-SIDA e até pelos médicos tradicionais, que consideram que a prática, que degrada a mulher, propaga o vírus HIV que infecta 11% da população entre os 15 e os 45 anos.

"Tinha que manter relações sexuais com o meu cunhado mais novo para voltar a ter uma vida sexual normal. Caso contrário, perderia o lar e os filhos. Não tive opção. Hoje vivo com os meus filhos porque depois me recusei a casar com ele (cunhado)", disse à Lusa Judite Mário, residente na província de Manica, centro de Moçambique.

O ritual obriga a viúva a manter relações sexuais não protegidas com o irmão do falecido, ou alguém alugado pela sua família, para purificar a viúva, para esta voltar a ter uma vida sexual normal.

Simone Alfredo ficou viúva em 2011, quando o marido morreu infetado pelo vírus HIV/SIDA.

"Eu tinha abortos sempre que engravidava, geralmente devido à malária, até que o nosso teste de HIV deu positivo. Quando o meu marido morreu, devia ser submetida à purificação, mas fugi na noite anterior. Fui acusada de feitiçaria e outras coisas, mas não era tão ingénua para aceitar o ritual", disse à Lusa Simone Alfredo, também de Manica.

Um estudo antropológico realizado em 2008 pela Associação Nacional para o Desenvolvimento Humanitário (ANADHU), permitiu a substituição do "pitakufa" pelo "pitakufa-Tchinda".

No novo ritual, a viúva recebe algumas raízes e, depois de esfregadas nas suas mãos, entrega-as a um casal, da família do marido, que deverá manter uma relação sexual junto delas, devolvendo-as à mulher, que as esfrega no corpo.

"Esta solução da purificação está a ser amplamente divulgada nas comunidades e várias pessoas já a estão a implementar. Isso vai poder reduzir o índice de infeção e queremos acreditar ser a resposta satisfatória para o futuro", disse à Lusa António Windo, supervisor da ANADHU.

Os curandeiros juntaram-se também à recusa da purificação tradicional, tendo decidido "não aconselhar as famílias a obrigar a viúva a casar com o parente do falecido, porque isso ajuda a espalhar doenças, como HIV/SIDA e outras de transmissão sexual", disse à Lusa Fernando Mathe, curandeiro há 20 anos, com "consultório" no bairro de Hulene, subúrbio de Maputo.

"A purificação da viúva e da família pode ser feita de outra forma, sem relações sexuais, através de banhos especiais e de uma refeição de uma massa de farinha tratada", acrescentou Mathe, porta-voz da Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO).

Mais cauteloso, o Conselho Nacional de Combate ao SIDA (CNCS), agência do Governo moçambicano, defende que deve ser deixado "ao critério das comunidades e lideranças comunitárias a identificação de formas adequadas na abolição dessas tradições".

Uma declaração enviada à Lusa admite que "é complicado para o CNCS indicar esta ou aquela prática como desaconselhável, devido à complexidade cultural da sociedade e à sensibilidade dessas questões."

Guineenses em Cabo Verde saúdam libertação de PR interino e de PM...



... e exigem 2.ª volta das presidenciais

JSD – Lusa, com foto

Cidade da Praia, 29 abr (Lusa) - A comunidade guineense residente em Cabo Verde saudou hoje, na Cidade da Praia, a libertação do presidente interino e do primeiro-ministro guineense, mas exigiu aos golpistas a realização da segunda volta das presidenciais na Guiné-Bissau.

Numa "marcha pela paz", que decorreu pacificamente e sem quaisquer incidentes, cerca de meia centena de elementos da comunidade guineense residente em Cabo Verde exigiu ainda o retorno às respetivas funções de Raimundo Pereira e de Carlos Gomes Júnior e agradeceu os esforços da comunidade internacional.

Nos diferentes cartazes lia-se um "obrigado" às diferentes organizações internacionais - ONU, União Africana (UA), União Europeia (UE) e comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) - pelo papel desempenhado nos esforços de retorno à normalidade no país.

A marcha começou no Estádio da Várzea, junto ao Palácio do Governo, e terminou no Consulado Geral da Guiné-Bissau, no bairro do Palmarejo, onde os manifestantes entregaram ao cônsul guineense, Cândido Barbosa, uma carta com as exigências dirigida ao Comando Militar que tomou o poder a 12 deste mês.

Em declarações à Agência Lusa, Leonel Sambé, presidente da Associação de Guineenses Residentes em Cabo Verde, congratulou-se com a libertação de Raimundo Pereira e de Carlos Gomes Júnior, desde sexta-feira em Abidjan, sublinhando, porém, que o processo não está ainda terminado.

"A libertação é um sinal positivo. Falta o regresso à normalidade institucional, mantendo os dirigentes que estavam no poder (antes do golpe), e a realização da segunda volta das eleições presidenciais" (prevista para hoje), após a primeira, a 18 de março, ter colocado Carlos Gomes Júnior e Kumba Ialá na segunda volta, acrescentou.

Questionado sobre alguns cartazes empunhados pelos manifestantes, que gritaram "abaixo os militares políticos golpistas", Leonel Sambé justificou-a com a existência, na Guiné-Bissau, de "políticos de sombra".

"Atrás dos militares, há políticos de sombra, que estão a complicar a vida ao país. Quando os militares tomam o poder, aparecem os 'benfeitores políticos', que se julgam os 'apaziguadores do mal'. Esta mensagem é para os políticos malfeitores, que ficam sempre na sombra dos militares", frisou, sem, todavia, apontar nomes.

Por seu lado, Pedro Mendonça, o promotor da marcha, a segunda na Cidade da Praia após a realizada a 18 deste mês, seis dias após o golpe, sublinhou que, se as exigências não forem cumpridas, a comunidade guineense em Cabo Verde "vai continuar a luta" até que seja reposta a situação que se vivia até antes do golpe.

Nesse sentido, apelou à comunidade internacional para continuar "firme" na defesa da legalidade constitucional na Guiné-Bissau, lutando para que o país não venha a ser enquadrado nos mesmos moldes que se estruturou o pós-golpe de Estado no Mali, em que, apesar do regresso do Governo aos civis, presidente e primeiro-ministro eleitos democraticamente foram afastados do poder.

O cônsul guineense, Cândido Barbosa, após receber a "mensagem" dos manifestantes, garantiu à Lusa que a remeterá, de imediato, ao Comando Militar.

Jornal de Angola destaca que "golpe de estado fracassado está a chegar ao fim"



EL - Lusa

Luanda, 29 abr (Lusa) - O Jornal de Angola, órgão estatal angolano e único diário do país, destaca hoje em editorial que o golpe de estado "fracassado" do passado dia 12 na Guiné-Bissau "está a chegar ao fim".

Assinado por Filomeno Manaças, diretor-adjunto do diário, o editorial representa a primeira posição oficiosa do Governo angolano acerca dos recentes desenvolvimentos na situação na Guiné-Bissau, na sequência do acordo alcançado entre os golpistas e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Angola, que preside atualmente à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), ainda não se pronunciou formalmente sobre o acordo alcançado pela CEDEAO.

"A história de um golpe de Estado fracassado está a chegar ao fim na Guiné-Bissau", sublinha o editorial, que dá conta do prazo negociado entre os militares golpistas guineenses e os dirigentes da CEDEAO, que teve como primeiro sinal a libertação, na sexta-feira, do Presidente interino, Raimundo Pereira, e do primeiro-ministro Caros Gomes Júnior.

"Trata-se de um primeiro passo que precisa de ser complementado com outros, com relevância para o facto de a junta militar ter de assegurar que todas as figuras que haviam sido presas ou que ainda se encontram cativas possam gozar e exercer os seus plenos direitos civis e políticos em território da Guiné-Bissau", acentua o editorial de Filomeno Manaças.

No seu texto, o diretor-adjunto, depois de destacar as condenações que chegaram de "todos os quadrantes", classifica como sendo "mínimo atípica e absurda a atitude da oposição angolana de abster-se em bloco na votação, na Assembleia Nacional", da resolução que condenou o golpe de Estado na Guiné-Bissau.

"Por mais argumentos que possam ser apresentados, por mais primário que seja o conceito de oposição que entre nós se cultiva, parece pouco inteligente, diante de todos esses factos, que a abstenção tenha lugar sem se lhe acrescer sequer uma declaração de condenação do golpe militar, afinal uma posição elementar de defesa dos valores da democracia", vincou Filomeno Manaças.

No debate que precedeu a votação na Assembleia Nacional, a oposição optou em bloco pela abstenção sob o argumento de que o golpe de estado, que condenou, foi desencadeado em reação à presença do contingente militar angolano e do material bélico, desproporcional às necessidades para cumprir o objetivo do envio para a Guiné-Bissau.

Neste ponto, Filomeno Manaças replica que "mais absurdo ainda é questionar a presença militar angolana e o seu armamento, quando se sabe que a CEDEAO vai agora para a Guiné-Bissau com praticamente o dobro ou quase o triplo dos efetivos de Angola (entre 500 e 600 homens)".

Segundo Filomeno Manaças, os efetivos a enviar pela CEDEAO vão cumprir "a mesma missão que Angola estava a desenvolver no âmbito de um acordo firmado com as autoridades legítimas da Guiné-Bissau".

"Seguramente não estarão lá, parafraseando o vice-ministro da Defesa, Salviano de Jesus Sequeira, com "paus ou brinquedos", adiantou o diretor-adjunto do Jornal de Angola, a citar a afirmação proferida no debate pelo governante, a justificar o tipo de armamento na posse do contingente angolano.

Filomeno Manaças conclui o editorial dedicado à Guiné-Bissau, considerando que os militares angolanos na Guiné-Bissau "devem merecer todo o apoio, de forma incondicional", e reafirma que o golpe de Estado representou "um recuo" nas aspirações dos guineenses ao reforço da democracia no seu país.

Segundo o acordo alcançado entre os golpistas e a CEDEAO, a retirada dos militares angolanos deverá proceder-se de forma enquadrada pelos efetivos que vão ser enviados por aquele organização sub-regional, que será liderada pelo coronel Barro Gnibanga, do Burkina Faso.

A missão da CEDEAO vai ser composta por tropas do Burkina Faso, Costa do Marfim, Togo, Nigéria e Senegal.

Angola: A repressão policial promovida pelo ministro Sebastião Martins – Pedrowski Teca



Club K

Luanda - Segundo relatos na rede social, Facebook, hoje, Sábado 28 de Abril de 2012, o regime angolano dispersou à tiros um grupo de jovens manifestantes que pretendiam marchar contra o alcoolismo, a prostituição e a violência doméstica em Angola.

Noutro lado, o regime, através do Governo Provincial de Luanda (GPL), preferiu dar o espaço do Largo da Família (Largo da Independência) à maior empresa de álcool em Angola, a Cuca, para a realização de uma festa.

No mesmo dia, o Largo da Família poderia inicialmente albergar uma actividade do braço juvenil da Unita, a JURA. A actividade foi suspensa pelo GPL para acomodar a festa organizada pela CUCA.

Segundo relatos, os agressores dos jovens manifestantes no Cacuaco estavam munidos de barras de ferro e picaretas.

“Um grupo de jovens do Cacuaco pretendia realizar hoje uma marcha para protestar contra o excesso de consumo de álcool no Município. Todos os fins-de-semana há cerveja ao desbarato em maratonas do regime o que desnorteia a juventude e contribui para a delinquência,” relatou Filomeno Vieira, Secretário-geral do Bloco Democrático (BD).

No seu relato no Facebook, Lopes acrescentou que “os manifestantes foram dispersos com violência por milícias associadas às forças policiais, munidos de barras de ferro e picaretas”.

“Há, pelo menos, um ferido em estado grave e a zona do Colégio Sacriberto encontra-se completamente cercada.

“O regime promove o alcoolismo e todos que pretendem sensibilizar as populações em sentido contrário são agredidos institucionalmente,” estressou.

Em gesto mais detalhado, um cidadão, Alexandre Neto Solombe, descreveu a situação no Facebook:

“A polícia dispersou há instantes uma concentração de jovens, nas imediações do antigo posto de controlo, no município do Cacuaco. Há relatos de feridos, dois, e um número ainda não determinado de detidos. Segundo Hugo Kalumbo, um dos responsáveis pela organização da marcha, a polícia contou com o auxílio de elementos a civil que se supoe estarem afectos à milícia pro-governamental”.

Solombe acrescentou que “segundo os organizadores, a marcha percorreria a via principal, com destino à Cacuaco, contra o alcoolismo, a prostituição e a violência doméstica. Ainda de acordo com as mesmas fontes todas as demarches legais tinham sido tomadas para que o movimento saisse a rua. Pelo menos 100 pessoas marcaram presença no local de acordo com testemunhas, um dado por nós não verificado”.

“O G.P.L, preferiu dar espaço à Cuca para fazer a sua “festa” no Largo da Família (Largo da Independência), enquanto os jovens que manifestam-se contra o alcoolismo e são espancados,” relatou outro jovem, Jandiro Maurício.

Referente a situação entre a JURA e a CUCA no Largo da Família, um jovem, Fonseca Bengui, postou no Facebook:

“Acabo de testemunhar mais acto de intolerância. A JURA, juventude da UNITA, programou uma actividade que inicialmente teria lugar no Largo da Família. O governo recusou alegando que haveria outra actividade lá. RFA feriram para o largo da CIMEX, ao lado dos Congolenses. Não é que logo pela manhã um outro grupo colocou música no local para saudar o primeiro de maio.”

“Agora os jovens da Jura andam ai sem saber como realizar a sua actividade. Está uma confusão, não sei como isso vai terminar. A polícia está nos arredores e os activistas da JMPLA (Juventude do MPLA) também, aparentemente coordenando com a Polícia. Não sei como isso vai terminar. Estou a testemunhar isso porque é mesmo em frente à minha igreja, onde me encontro neste momento. Que democracia é essa?”

Até ao momento, não se tem informação concreta de como culminaram os incidentes no Cacuaco e no Largo da Família.

Fonte: Facebook

Angola: SAMAKUVA BATE-SE POR OBSERVAÇÃO INTERNACIONAL DAS ELEIÇÕES



O País (ao), com foto

A UNITA manifestou, na pessoa do seu presidente Isaías Samakuva, o desejo de contribuir para o aprofundamento de forma sustentada da democracia em Angola, durante um encontro com membros da comissão para os assuntos africanos do Senado dos Estados Unidos da América, país em que esteve de visita de 23 a 25 do corrente.

Foi uma ocasião em que o líder da UNITA apresentou a sua visão sobre os últimos desenvolvimentos na cena política nacional e o que reserva o futuro para Angola em termos políticos, económicos e sociais, realçando em particular a preparação das próximas eleições gerais a terem lugar em Agosto próximo.

Sobre este item, Samakuva, cujo partido se vem batendo contra a presença de Susana Inglês à frente da Comissão Nacional Eleitoral, por alegada incompatibilidade, transmitiu aos senadores americanos a ideia da necessidade do processo eleitoral reger-se pelas normas eleitorais vigentes no país para se evitarem situações de tensão e conflitos pós eleitorais.

O caso Susana Inglês que aguarda pronunciamento do Tribunal Supremo aum recurso interposto pela direcção da UNITA, tem condicionado a tomada de posse dos comissários deste partido na Comissão Nacional Eleitoral, onde todos os partidos já estão representados.

Numa altura em que não teve do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, garantias do envio de observadores às próximas eleições gerais, aquando da visita deste último a Angola, o presidente da UNITA solicitou, no entanto, postura diferente por parte do governo dos Estados Unidos da América.

Em declarações à estação emissora americana Voz da América, Isaías Samakuva deu a entender que não há ainda uma posição fixa do governo dos EUA, mas mantém a esperança de que tal venha a acontecer.

“Ainda não há uma decisão definitiva mas tivemos a sensação de que a nossa mensagem foi bem acolhida”, disse o líder da UNITA.

O político acrescentou ser sua convicção que os Estados Unidos da América “vão trabalhar no sentido de ter os meios necessários para enviar observadores a Angola”, sublinhando igualmente a sensibilidade em relação ao assunto sentida dos seus interlocutores no Departamento de Estado.

Sendo ponto assente a ausência dos observadores da União Europeia, Samakuva reputa de muita importância a presença dos observadores americanos em Angola que, no seu entender, deveriam escrutinar o processo não só durante a fase de campanha, mas também os momentos que a antecedem.

Samakuva manifesta um certo “descontentamento” com a decisão europeia de não enviar observadores a Angola, como transmitido no encontro com Durão Barroso, embora este tenha admitido a possibilidade de envio de peritos para acompanhar o processo.

Tudo parece indicar ser da maior conveniência da UNITA que os EUA enviem mesmo observadores para Angola e reiterou este apelo durante uma alocução sob o tema “A evolução do processo democrático angolano”, uma organização conjunta da Câmara de Comércio Estados Unidos-Angola e do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais Perante uma plateia composta por peritos, académicos, diplomatas, jornalistas, membros da sociedade civil e de multinacionais, Samakuva voltou a pedir o contributo da sociedade americana para a transparência e sucesso do processo eleitoral angolano, propondo igualmente a diversificação da cooperação entre os dois países.

USAID garante apoio técnico à CNE

Se no domínio da observação das eleições, as instituições americanas não se tenham decidido claramente sobre o envio de observadores, no aspecto técnico as coisas estão, contudo, bem definidas.

Em Dezembro do ano passado, durante uma mesa redonda comemorativa dos cinquenta anos de actividade da USAID no mundo, a directora interina desta agência, Janice Weber, assegurou a disponibilidade do governo do seu país, através desta agência, em apoiar os esforços de preparação e realização das próximas eleições gerais em Angola.

Segundo anunciou na ocasião, a Comissão Nacional Eleitoral já havia formalizado junto da Agência do governo dos Estados Unidos da América para o Desenvolvimento Internacional (USAID), o pedido de apoio ao processo eleitoral a ter lugar este ano.

Este apoio, segundo garantias de Janice Weber, será prestado substancialmente sob a forma de assistência técnica à CNE, além da capacitação das ONG’s que poderão intervir na área de educação cívica, quer para o registo eleitoral, quer para o acto de votação.

Dentro dos apoios a prestar, a funcionária da embaixada americana em Angola também enquadrou a difusão de mensagens com informações sobre as questões eleitorais, e aquelas relacionadas com a observação das eleições.

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