quinta-feira, 11 de setembro de 2014

ENJOADOS DO PORTUGUÊS



Fernando Dacosta – jornal i, opinião

Enquanto a língua portuguesa se expande pelo mundo (já é a quinta mais falada), em Portugal encolhe. Pior: desvaloriza-se. Pior ainda: são os próprios portugueses a menosprezá-la. Enjoados dos seus elementos identitários, cada vez maior número deles debita línguas alheias – avassaladoramente o inglês. As avalanches de tecnocratas, economistas, políticos, intelectuais, gestores, comunicadores que nos submergem são os que, na snobeira de se dizerem “cidadãos do mundo”, mais o exibem.

Responsáveis a falar inglês em actos oficiais (internos) virou, com efeito, pretensiosíssimo e desrespeitosíssimo; não traduzir títulos de filmes, de peças de teatro, de livros, de programas televisivos, nem folhetos de instruções de electrodomésticos, de computadores é ultrajante – como ultrajante se revela a SATA ao emitir bilhetes electrónicos em inglês; a RTP ao transmitir, a seco, programas estrangeiros, caso da noite dos Óscares; como cantores ao ignoraram a sua língua, caso de várias bandas. Amália construiu a sua carreira em português; Pessoa fez o mesmo.

Escrever e falar bem era no passado exigência de estatuto cultural; hoje não passa de excrescência. O património mais valioso que possuímos está a ser grosseiramente vandalizado, como fazemos, aliás, com tudo o que podia dignificar-nos, engrandecer-nos. “O novo acordo ortográfico”, alerta a professora Maria do Carmo Vieira, “impede as pessoas de pensar.” Razão tinha José Craveirinha, que, em debate lusófono sobre a ameaça do inglês no seu país, ironizou: “Ora, quem está a ser colonizado por ele não somos nós, são os portugueses. Vejam as ementas dos restaurantes, as tabuletas públicas, os livros técnicos, as canções, etc., quase tudo em inglês. Tenhamos é orgulho na nossa língua!”

Escreve à quinta-feira

PAÍSES DA CPLP VÃO PRODUZIR DOCUMENTÁRIOS E FICÇÃO




Lisboa, 11 set (Lusa) -- Os nove Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vão realizar documentários e ficção e partilhar conteúdos nas emissoras públicas, no âmbito de um programa que será lançado em novembro e custará 2,5 milhões de euros.

Responsáveis do setor audiovisual em Portugal e no Brasil e o secretário-executivo da CPLP reuniram-se hoje em Lisboa para definir os contornos da segunda edição do Programa de Fomento à Produção e Teledifusão do Documentário da comunidade lusófona.

O programa, que "permitirá o aprofundamento da cooperação na área audiovisual" na CPLP, contempla a realização de documentários sobre cada um dos nove Estados-membros da comunidade, a produção de telefilmes de ficção e o intercâmbio de conteúdos audiovisuais, a transmitir nas televisões públicas de todos os países, adiantou à Lusa o secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura do Brasil, Mário Borgneth, no final da reunião.

A partir de novembro, produtores independentes de todos os países serão convidados a apresentar propostas nestas áreas.

O projeto custará 2,5 milhões de euros e será financiado por Portugal e pelo Brasil, mas ainda não está definida a verba que caberá a cada país.

Haverá "uma oficina executiva para a aprovação, entre os Estados-membros e as autoridades cinematográficas e audiovisuais e as televisões públicas para lançar as bases do programa", disse Filomena Serras Pereira, presidente do Instituto do Cinema e do Audiovisual, entidade responsável pela organização e pelo financiamento português.

A responsável referiu que os documentários e telefilmes deverão ser exibidos dentro de "um ano e meio a dois anos".

Pela CPLP, a diretora-geral da organização, Georgina de Mello, explicou que "o grande objetivo" do projeto é a aposta em "mais informação, mais divulgação, mais comunidade".
"Vamos cumprir um pouco mais aquele objetivo de sermos mais comunidade, de sermos mais conhecidos, nós, o país X, Y ou Z, nos restantes" Estados, afirmou.

A diretora da CPLP indicou ainda que o objetivo é exibir também as produções fora da comunidade, nomeadamente junto dos observadores associados -- Geórgia, Japão, Namíbia, Senegal e Turquia -- e de outras organizações internacionais com as quais o bloco lusófono tem parcerias.

A CPLP é composta por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

JH // VM – Lusa

Amnistia Internacional exorta parlamento timorense a fazer alterações à lei da imprensa




Díli, 11 set (Lusa) - A Amnistia Internacional (AI) exortou hoje o parlamento de Timor-Leste a fazer alterações à lei da imprensa em conformidade com a decisão do Tribunal de Recurso do país, que considerou alguns artigos inconstitucionais.

"A Amnistia Internacional apela ao parlamento de Timor-Leste para que garanta que a lei é revista em conformidade com o direito internacional, os direitos humanos e a liberdade de expressão, em particular, para garantir que não vai restringir o trabalho legítimo dos jornalistas", refere a AI, em comunicado.

"A organização está preocupada que o parlamento possa avançar com a ratificação da lei, o que poderia sufocar a liberdade de expressão no país", acrescenta.

Segundo a AI, ativistas timorenses acreditam que a "lei foi promulgada para impedir os jornalistas locais e estrangeiros de informar sobre os supostos atos de corrupção, nepotismo e má gestão financeira em Timor-Leste".

A contestada lei da imprensa timorense foi aprovada pelo parlamento nacional em maio de 2014, mas o Presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, enviou a lei para o Tribunal de Recurso, que considerou que certas disposições violam a Constituição.

MSE // VM - Lusa

Timor-Leste paga um mês de salário aos funcionários públicos da Guiné-Bissau




Bissau, 11 set (Lusa) - O Governo de Timor-Leste entregou hoje ao executivo da Guiné-Bissau 2,9 mil milhões de francos CFA (4,4 milhões de euros) para pagamento de um mês de salários a todos os funcionários públicos, anunciou a agência de cooperação timorense.

O montante, em cheque, foi entregue pelo chefe da agência de cooperação de Timor-Leste na Guiné-Bissau, Alberto Carlos, ao primeiro-ministro guineense, Domingos Simões Pereira.

A ajuda financeira às novas autoridades guineense foi decidida pelo Conselho de Ministros timorense na reunião de 12 de agosto, salientou o comunicado, frisando tratar-se de um apoio "no quadro da normalização da vida política e institucional" na Guiné-Bissau.

Timor-Leste destacou-se nos apoios à Guiné-Bissau, sobretudo quando o país africano estava isolado da comunidade internacional na sequência do golpe militar de abril de 2012, que destituiu as autoridades eleitas.

O Governo de Díli colocou em Bissau uma agência de cooperação que acabou por ser decisiva na preparação e realização de eleições gerais, em março e abril deste ano, das quais saíram o Governo - que hoje recebeu apoio financeiro para o pagamento de salários aos funcionários públicos.

Durante o período de transição que durou quase dois anos e meio, vários dirigentes do Estado timorenses visitaram Bissau entre os quais o primeiro-ministro, Xanana Gusmão.

MB // VM - Lusa

Brasil e Indonésia vão colaborar nas áreas de defesa e proteção das florestas




Jacarta, 11 set (Lusa) - O Brasil e a Indonésia vão assinar, nas próximas semanas, dois acordos de cooperação nas áreas de defesa e proteção das florestas, disse hoje à Lusa o embaixador brasileiro na Indonésia, Paulo Alberto Soares.

O acordo na área da defesa, que será assinado a 29 de setembro em Brasília, no Brasil, envolve defesa marítima, aeronáutica, treino e transferência de tecnologia, adiantou, frisando que será uma oportunidade de negócio, numa altura em que os equipamentos de defesa já representam a maior fatia das exportações brasileiras para a Indonésia.

Além dos aviões de treino militar da Embraer e dos 'rockets' da Avibras, o Brasil poderá exportar "navios para patrulhar as 17 mil ilhas da Indonésia", destacou o embaixador.

O acordo será assinado 21 dias antes da tomada de posse do novo Presidente indonésio, Joko Widodo, que tem defendido uma maior aposta no uso do mar e no transporte marítimo.

Entre 13 e 17 de outubro, também em Brasília, o Ministério do Meio Ambiente assinará um acordo para proteger e monitorizar as florestas indonésias, no âmbito do REDD+, um mecanismo lançado pelas Nações Unidas para reduzir as emissões dos gases com efeito de estufa provenientes da desflorestação e da degradação florestal.

Um estudo de investigadores da Universidade de Maryland divulgado recentemente mostrou que, de 2000 a 2012, a Indonésia perdeu uma área florestal do tamanho da Irlanda, superando, pela primeira vez, o Brasil na taxa de desflorestação.

"Este acordo tem uma relevância política e estratégica importante, porque são as duas maiores florestas do mundo e o Brasil conseguiu uma tecnologia muito avançada de satélite para monitorar as florestas onde há desmatamento", frisou Paulo Alberto Soares.

O diplomata acrescentou que o programa visa também "tornar as florestas produtivas sem destruir", ou seja, replantar imediatamente após recolher a madeira, e não interferir nas "áreas que são de preservação dos indígenas".

"Interessante, mais até do que o lado financeiro, é a transferência tecnológica entre dois países emergentes, fora do contexto dos tradicionais países capitalistas do seculo XX - da Europa e os Estados Unidos", sublinhou.

O embaixador brasileiro na Indonésia adiantou também que entre novembro e dezembro os dois países têm previsto assinar um acordo de cooperação técnica, que envolva transferência de conhecimentos, por exemplo, em ambiente e energias renováveis, e outro nas áreas de ciência e tecnologia.

No campo da educação, desde 2012 que os dois países cooperam através da Fundação da Associação dos Países do Sudeste Asiático (ASEAN) e da Fundação Getulio Vargas.

O embaixador tem esperança de que o próximo Governo indonésio acabe com o bloqueio à carne bovina brasileira que vigora desde 2009, até porque o Brasil exporta para 130 países e oferece preços mais baratos do que os que se praticam no mercado indonésio.

Se o diálogo falhar, o maior exportador de carne bovina do mundo irá questionar formalmente a Indonésia na Organização Mundial do Comércio, defendendo que as regiões exportadoras, livres da febre aftosa com vacinação, estão isoladas dos estados cujo estatuto ainda não foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal.

Quanto à carne de frango, o Brasil vai mesmo apresentar um julgamento formal das restrições às importações, o que é "muito desgastante", confessou o embaixador, salientando que o país pode também "transferir tecnologia para melhorar a qualidade do frango indonésio", que é mais magro e com menos proteínas do que o brasileiro.

A Indonésia é o principal parceiro comercial do Brasil no Sudeste Asiático, sendo que em 2014 as trocas comerciais entre os dois países deverão rondar os quatro mil milhões de dólares (3,09 mil milhões de euros), segundo o diplomata.

O Brasil vende, sobretudo, aviões, mas também soja, milho e algodão, enquanto o destaque das exportações indonésias para o Brasil vai para o óleo de palma, pneus e tecidos.

AYN // VM - Lusa

Cheques para cuidados de saúde evitaram 123 mortes por ano em Macau - estudo




Macau, China, 11 set (Lusa) - A introdução dos chamados 'cheques saúde' pelo Governo de Macau, que permitem gastar 600 patacas por ano (58 euros) em médicos privados, levou a uma redução de 24% nas mortes por doenças cardiovasculares, conclui um estudo.

Zhang Jing Hua, docente da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, explicou hoje à agência Lusa ter verificado que há uma "robusta ligação entre a data de implementação do programa de cheques de saúde e uma diminuição significativa da mortalidade por doenças do sistema circulatório em Macau".

A investigadora adiantou ter analisado a taxa de mortalidade destas doenças ao longo de 144 meses (entre 2001 e 2012), observando, a partir de 2010 - quando os cheques foram introduzidos - uma descida significativa.

"A taxa anual de mortalidade por doenças do sistema circulatório registou uma descida significativa de 24%, comparando com o período entre 2001 e 2009, o que equivale a evitar 123 mortes por ano", conclui o estudo a que a agência Lusa teve acesso.

Para estabelecer esta ligação, a equipa de Zhang analisou também as chamadas "variáveis de confusão" como a evolução do número de médicos e enfermeiros disponíveis, rácio de camas nos hospitais por número de população, taxa de envelhecimento ou atividades de promoção da saúde.

A investigadora optou por estudar o efeito da medida nas doenças cardiovasculares pois estas funcionam como um "indicador" do estado de saúde da população.

"Para este tipo de doença a prevenção é muito importante. É uma boa forma de medir o sistema de saúde", esclarece.

Segundo a investigadora, o 'cheque saúde' serve de incentivo à realização de exames e consultas de rotina, que de outra forma não seriam feitas. "O cheque é gratuito. [Se não o usarem] as pessoas sentem que estão a perder dinheiro. Mesmo quando se sentem bem, vão [ao médico]", explica Zhang.

Antes da introdução do cheque, "as pessoas não estavam a ser acompanhadas o suficiente", acredita a docente universitária.

Zhang Jing Hua elogia criação dos 'cheques saúde', mas sugere que o Governo avance agora para uma segunda fase do programa, atribuindo um segundo montante aos grupos de risco.

"Encorajo o Governo a dar mais aos que precisam, como os idosos, as pessoas com doenças crónicas, as que sofrem de obesidade", exemplificou para salientar os mais vulneráveis.

A investigadora acredita que, após o primeiro exame, devia ser criada uma base de dados que catalogasse a população e permitisse um apoio mais personalizado.

Zhang Jing Hua sugere ainda que o cheque deixe de ser apenas para residentes permanentes e possa ser alargado a todos os trabalhadores do território.

"Se Macau quiser ser mais progressista devia atribuir [os cheques] a todos os trabalhadores, para que tenha uma população ativa saudável", conclui.

ISG// PMC - Lusa

Amnistia Internacional pede à Birmânia para acabar com "perseguição" a ativista




Banguecoque, 11 set (Lusa) -- A Amnistia Internacional (AI) instou o Governo da Birmânia a acabar com a "perseguição" a Ko Htin Kyaw, ativista defensor dos Direitos Humanos que hoje conhece a sentença do seu julgamento.

Um tribunal de Rangum vai ler hoje a sentença de Ko Htin Kyaw, acusado de incitar à prática de crimes "contra o Estado ou contra a tranquilidade pública".

Desde que foi detido, a 05 de maio, o ativista enfrentou vários processos-crime que, até ao momento, culminaram numa pena conjunta de nove anos e quatro meses de prisão, segundo a AI.

Alguns dos "delitos" imputados a Ko Htin Kyaw decorrem de manifestações pacíficas como, por exemplo, uma vigília com velas, discursos ou distribuição de panfletos reclamando a renúncia do Governo birmanês, diz a organização de defesa dos direitos humanos.

"As acusações contra Ko Htin Kyaw são uma farsa. Ele não fez nada mais do que expressar as suas opiniões pacificamente. É um prisioneiro de consciência e deveria ser libertado incondicionalmente de imediato", afirmou Rupert Abbott, subdiretor da Amnistia Internacional para a região da Ásia-Pacífico, em comunicado.

A organização sublinha que o caso de Ko Htin Kyaw é apenas um das dezenas relacionadas com ativistas pacíficos, atacados, detidos e presos durante o corrente ano na Birmânia.

"Os incansáveis esforços das autoridades birmanesas para silenciar as vozes críticas deveriam terminar imediatamente (...). Todas a leis utilizadas para silenciar os críticos devem ser derrogadas ou alteradas para que cumpram as normas internacionais em matéria de Direitos Humanos", realçou Abbott.

Depois de quase meio século dirigida por generais, a Birmânia iniciou, em 2011, um processo de reformas democráticas na sequência da dissolução da última junta militar e da transferência do poder para um governo civil comandado, porém, por Thein Sein, primeiro-ministro no anterior regime.

Desde então, foram anunciadas várias amnistias de presos, legalizados sindicatos e a oposição e encetadas negociações com as guerrilhas de minorias étnicas, bem como iniciada a reforma da economia rumo ao mercado livre.

DM // JCS – Lusa

Cinco mortos e cinco feridos em ataque de rebeldes no sul da Tailândia




Banguecoque, 11 set (Lusa) - Pelo menos cinco pessoas morreram e outras cinco ficaram feridas hoje num ataque contra um edifício governamental por parte de alegados rebeldes muçulmanos no sul da Tailândia, indicou hoje a imprensa local.

O jornal Bangkok Post cita o coronel da polícia Surin Chhomwarathayee a afirmar que vários atacantes fizeram disparos e lançaram explosivos contra um edifício governamental no distrito de Khok Pho, na província de Pattani.

Os alegados militantes mataram uma pessoa dentro do edifício e ao sair fizeram explodir uma bomba que causou a morte a outras três, tendo um quinto funcionário morrido no hospital em resultado das feridas.

Desde que o movimento separatista islâmico do sul da Tailândia recomeçou as suas atividades, em janeiro de 2004, cerca de 6.000 pessoas morreram nas províncias de Pattani, YTala e Narathiwat, lembra a agência Efe, que acrescenta que os atentados com armas ligeiras, os homicídios e os atentados com explosivos ocorrem a um ritmo quase diário apesar do destacamento de 4.000 elementos das forças de segurança e do estado de emergência nesta região de maioria muçulmana e etnia malaia.

Os militantes denunciam a discriminação de que são alvo por parte da maioria budista do país e exigem a criação de um Estado islâmico que integre estas três províncias, que configuram o antigo sultanato de Patani, anexado pela Tailândia há mais de cem anos.

MBA // JMR - Lusa

A POLÍTICA DE ISRAEL “VIDAS EM TROCA DE TERRA” É ROUBO. PURO E SIMPLES



Robert Fisk, Beirute – Opera Mundi

Visão do mundo: Israel rouba terra, os palestinos perdem terra; é assim que funciona. É assim desde 1948, e é assim que continuará a ser.

E foi assim que mais uma fatia da terra palestina foi pelo cano abaixo. Mais uns 400 hectares de terra palestina foram roubados pelo governo de Israel – porque... "apropriação" é roubo, não? – e o mundo já deu as desculpas de sempre. Os norte-americanos consideraram o roubo "contraproducente" para a paz, o que provavelmente menos vigoroso do que a sua reação caso o México roubasse 400 hectares de terra do Texas e resolvesse construir ali casas para os seus emigrantes ilegais nos EUA. Mas, não. Foi na "Palestina" (as aspas são mais necessárias do que nunca) e Israel conseguiu continuar a roubar, embora não nesta escala – este foi o maior roubo de terra em 30 anos, desde que foi assinado o Acordo de Oslo em 1993.

O aperto de mão entre Rabin-Arafat, as promessas e transferências de territórios e retiradas militares, e a determinação de deixar tudo o que é importante (Jerusalém, refugiados, o direito de retorno) para o fim, até que todos confiassem tanto uns nos outros que a coisa seria facílima - não surpreende que o mundo tenha feito descer sobre os dois a sua generosidade financeira.

Mas o recente roubo de terras não apenas reduz a "Palestina", também mantém o círculo de concreto armado no entorno de Jerusalém para manter os palestinos bem distantes, tanto da capital, que é suposto partilharem com israelitas, como de Belém.

Foi instrutivo saber que o conselho israelita judeu Etzion, que administra os colonatos ilegais na Cisjordânia, considerou que este roubo é um castigo pelo assassinato de três adolescentes israelenses em junho. "O objetivo dos assassinatos dos três jovens foi semear o medo entre nós, interromper a nossa vida quotidiana e questionar o nosso direito [sic] à terra", anunciou o conselho Etzion. "A nossa resposta é reforçar a colónia". Deve ser a primeira vez que a terra na “Palestina” é confiscada sem serem convocados argumentos relativos à segurança nacional ou a autoridade pessoal de Deus, mas sim vingança.

Assim se cria um precedente interessante. Se a vida de um israelita inocente – cruelmente ceifada – vale cerca de 130 hectares de terra, a vida de um palestiniano inocente – também cruelmente ceifada – vale a mesma porção de terra. E se metade, que seja, dos 2.200 palestinos mortos em Gaza no mês passado – e esse é um número conservador – fossem inocentes, nesse caso os palestinos teriam agora, presumivelmente, direito a 132.000 hectares de terras israelitas; na realidade, muito mais. E por mais "contraproducente" que isto seja, com certeza os EUA não aprovariam. Israel rouba terra, os palestinos perdem terra; é assim que funciona. É assim desde 1948, e é assim que continuará a ser.

Nunca haverá uma "Palestina", e o mais recente roubo de terra é apenas mais um ponto acrescentado no livro das consternações que os palestinos têm de ler, enquanto os seus sonhos de terem um Estado se vão diluindo. Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do "presidente" palestiniano Mahmoud Abbas, afirmou que o seu líder e as forças moderadas na Palestina tinham sido "apunhalados pelas costas" pela decisão dos israelitas, o que é dizer pouco. Abbas tem as costas completamente apunhaladas, de cima a baixo. E o que esperava ele quando escreveu um livro sobre as relações entre palestinos e israelitas em que não escreveu nem uma única vez, uma que fosse, a palavra "ocupação"? O que significa que voltamos ao velho jogo. Abbas não pode negociar com ninguém a menos que fale pelo Hamas ou pela Autoridade Palestina. Como Israel sabe. Como os EUA sabem. Como a União Europeia sabe. Mas cada vez que Abbas tenta construir um governo de unidade nacional, todos nós gritamos que o Hamas é uma organização "terrorista". E Israel argumenta que não pode conversar com uma organização "terrorista" que exige a destruição de Israel – ainda que Israel costumasse conversar muito com Arafat e, naqueles dias, tenha ajudado o Hamas a construir mais mesquitas em Gaza e na Cisjordânia, para servirem como contrapeso ao Fatah e a todos os outros então "terroristas" lá de Beirute.

Claro, se Abbas fala só por si, então Israel diz o que já disse: que se o Abbas não fala por Gaza, Israel não tem com quem negociar. Mas isso realmente ainda interessa? Devia existir uma manchete especial em todos os artigos deste género: "Adeus, Palestina".


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Chile lembra 41 anos de golpe que derrubou Allende e levou país à ditadura de Pinochet



Opera Mundi, São Paulo

Releia especial de Opera Mundi sobre causas e consequências da data histórica, que deixou marcas até hoje entre os chilenos

Em meio à repercussão em torno da explosão de uma bomba no metrô de Santiago na última segunda-feira (08/09), classificada como "ato terrorista" pelo governo de Michelle Bachelet, o Chile relembra nesta quinta-feira (11/09) o 41º aniversário do golpe de Estado que derrubou o então presidente Salvador Allende em 1973.

Antes do atentado às torres do World Trade Center, a data já era relembrada entre os chilenos por outro ataque histórico: o bombardeio do Palácio de La Moneda. Na ocasião, a ação militar foi precedida por um período de alta polarização política e convulsão econômica e social para derrocar o então líder socialista Salvador Allende e o governo esquerdista da Unidade Popular.

O golpe foi planejado inicialmente por um setor da Marinha com apoio dos Estados Unidos, então liderado por Richard Nixon. Posteriormente, a ela, se juntaram generais do alto comando das Forças Armadas, representado pelo chefe do Exército, Augusto Pinochet, que assumiu o comando.

Relembre o especial completo realizado por Opera Mundi em Santiago na ocasião dos 40 anos do golpe que mostram causas e consequências daquela data histórica:


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Fotogaleria: O 'tributo em luz' às vítimas do 11 de Setembro nos EUA




Já passaram treze anos sobre o maior atentado sofrido pelos Estados Unidos. Hoje é dia de mais um tributo às vítimas do 11 de Setembro.

Passaram 13 anos desde que Al-Qaeda protagonizou o maior ataque terrorista aos Estados Unidos, destruindo as torres gémeas e matando mais de três mil pessoas.

Após o atentado, os Estados Unidos resolveram fazer vários tributos às vítimas e familiares deste incidente. Criaram, por exemplo, o Memorial Museum, que atrai milhares de turistas, na zona do Ground Zero, perto do complexo do World Trade Center.

Para marcar este dia que a ninguém passará despercebido teve lugar na noite de quarta-feira um espetáculo de luzes que irá hoje repetir-se.

Este ‘tributo em luz’ foi organizado pela Sociedade Municipal de Arte.


LÍDERES BRITÂNICOS VÃO À ESCÓCIA PARA TENTAR BARRAR INDEPENDÊNCIA




Emocionado, David Cameron pede para escoceses votarem contra a separação do Reino Unido e reforça promessa de mais autonomia. Mídia britânica diz que fracasso na campanha pode custar cargo de primeiro-ministro.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, alertou, nesta quarta-feira (10/09) em Edimburgo, que o resultado do referendo sobre a independência da Escócia será "uma decisão não sobre os próximos cinco anos, mas sobre o próximo século".

Cameron cancelou a sua participação na câmara baixa do Parlamento britânico e partiu para a capital escocesa, juntamente com o líder do Partido Trabalhista, Ed Miliband, e o liberal-democrata Nick Clegg, para tentar dar novo impulso à campanha do "não" à independência da Escócia.

A viagem havia sido marcada em caráter de urgência, dois dias após a divulgação de uma pesquisa de opinião que colocava os partidários da independência à frente nas intenções de voto, causando efeito devastador entre os apoiadores do "não".

Mudança de postura

Falando a um grupo de apoiadores da união com o Reino Unido, Cameron disse que "ficaria com o coração partido se esta família de nações que reunimos, e com as quais fizemos tantas coisas, se separasse", declarou, num discurso definido como "muito emotivo" pelo diário The Guardian. Segundo o jornal, Cameron esteve "perto de ir às lágrimas".

Trata-se de uma mudança de postura do primeiro-ministro, que até então havia preferido se manter à distância do debate.

"Quero mais ao meu país do que quero ao meu partido", assegurou, acrescentando que algumas pessoas poderiam estar confundindo o referendo com uma eleição parlamentar normal. "Se estão fartos dos malditos conservadores, deem-lhes um chute e talvez iremos repensar", afirmou o premiê.

Após defender intransigentemente o Reino Unido, Cameron alertou que a Escócia poderá ficar sem dinheiro após a independência, uma vez que Londres se "recusaria" a constituir uma união monetária com Edimburgo.

Por outro lado, ele reforçou a promessa de que caso os escoceses optem pela permanência no Reino Unido, terão maior autonomia a partir de janeiro.

"À beira de um ataque de pânico"

Ainda segundo o The Guardian, os três dirigentes políticos não deverão aparecer juntos. Os trabalhistas se recusam a surgir ao lado de Cameron, que é muito impopular na região.

No entanto, o líder do Partido Nacionalista Escocês, pró-independência, e primeiro-ministro do país, Alex Salmond, não pareceu se impressionar com a ofensiva de Londres. "Se o grupo de Westminster se lança na campanha, é porque está à beira de um ataque de pânico", afirmou.

Enquanto Cameron discursava em uma sala fechada ao público, Salmond era cercado por uma multidão nas ruas da capital. "Quando nós trabalhamos para reforçar o poder do nosso parlamento, com o objetivo de criar empregos na Escócia, eles apenas procuram proteger os seus lugares", disparou o escocês.

Alguns órgãos de imprensa também ironizaram a visita do trio Cameron-Cleg-Miliband. O tablóideThe Sun chegou a exibir uma montagem em que os três líderes britânicos vestiam o tradicional 'kilt' escocês, numa desesperada tentativa de convencer os apoiadores do "sim".

Risco de perder o cargo

A viagem a Edimburgo é uma das intervenções mais significativas de Cameron na campanha, e revela uma crescente pressão sobre o líder conservador.

Diversos meios de comunicação alertaram que o primeiro ministro poderá até mesmo ser forçado pelos críticos do seu partido a se demitir do cargo, caso não consiga impedir a Escócia de abandonar o Reino Unido.

A inquietação por uma eventual vitória do "sim", fez com que a Bolsa de Londres iniciasse a sessão desta quarta-feira com baixa de 0,31%.

O referendo será realizado no dia 18 de setembro. Um resultado a favor da independência significaria o fim de mais trezentos anos de união da Escócia com o Reino Unido.

Na foto: Da esquerda à direita: o premiê David Cameron, o liberal-democrata Nich Clegg e o trabalhista Ed Miliband

RC/lusa/ap/afp, em Deutsche Welle

PORTUGAL E O REFERENDO NA ESCÓCIA



António Reis Pereira . jornal i, opinião

As regiões europeias que aspiram a processos de secessão estão com os olhos postos na Escócia

O referendo que se vai desenrolar no próximo dia 18 de Setembro na Escócia, referendo que definirá (ou não) a Escócia de novo como país independente, depois da perda de soberania em 1707, é aparentemente um assunto longínquo para Portugal, algo mais que se passa por esse mundo fora que teoricamente pouca ou nenhuma importância tem para a nossa vida colectiva, nesta altura bem mais condicionada por múltiplos factores de natureza económica e financeira.

Mas será que nada tem a ver connosco, mesmo nada? Ou será que se a Escócia, país independente durante 864 anos da sua história, conseguir de novo voltar a ser um país, tal poderá implicar uma série de alterações que depois nos vão afectar?

Em primeiro lugar, falar de independências quando estamos num lento mas definitivo processo inverso, europeu, de integração económica, monetária, bancária e, também política, é algo à partida um pouco raro. De qualquer forma, a vontade dos povos deve estar acima de demais considerações, e se um povo, uma nação, quiser mesmo constituir-se ou reconstituir-se como país, têm de haver mecanismos legais e democráticos que o permitam, e por isso o governo de Londres actuou de uma forma sábia ao permitir o referendo, precedido naturalmente por um amplo e esclarecedor debate.

Assim, nesta altura, as regiões europeias que aspiram a processos de secessão estão com os olhos postos na Escócia, pois se esta conseguir restaurar a sua independência, num quadro legal e pacífico, tal poderá ser o mote para novos referendos. Aqui contam-se, entre outras, regiões como a Baviera, a Flandres, a Sereníssima e algumas regiões actualmente espanholas, e é por aqui que pode haver consequências claras sobre o nosso país.

Imaginemos então que a Escócia se torna num país independente. Haverá então uma corrida europeia aos referendos, e Espanha pode confrontar-se com um processo de tentativa de secessão de País Basco e Catalunha, pelo menos, regiões que em definitivo vão realizar referendos. Se tais referendos tiverem sucesso, teremos de conviver então com uma península ibérica constituída por vários países, com os novos países numa primeira fase a confrontar-se com um certo embargo económico do resto de Espanha.

Ora tal embargo terá de ser ultrapassado (business as usual), quanto mais não seja por pressão de Bruxelas, e os países terão de encontrar uma forma de se entenderem, entendimento que significará por parte de Madrid um estender de mão para uma federação ibérica ou algo semelhante, solução para a qual seremos literalmente empurrados, repetindo algo que experimentámos em 1580 com os catastróficos resultados que conhecemos.

Ou seja, a declaração de independência da Escócia pode significar o romper de um frágil equilíbrio que hoje vivemos e que nos permite continuar a mandar nos nossos destinos, sociais, económicos e políticos, privilégio que felizmente detemos, que colectivamente muito nos custou e do qual nunca poderemos abrir mão.

De facto, a existência de um país entalado entre o mar e um país médio-grande, como Espanha, é um milagre que só se deu por um conjunto irrepetível de circunstâncias geopolíticas, circunstâncias que hoje não existem mais, pelo que aventuras unionistas com os nossos vizinhos do lado poderão ser irreversíveis.

E se a Península Ibérica pode ter movimentos independentistas com consequências para Portugal, o mesmo poderá acontecer noutras latitudes europeias, onde movimentos independentistas poderão significar o fim do sossego para alguns países pequenos, com o libertar de demónios semelhantes aos dos Balcãs.

Utilizando uma imagem conhecida, o bater de asas de uma borboleta algures pode desencadear um conjunto inusitado de reacções noutros locais de inesperada contundência.

Por tudo isto, o referendo na Escócia pode ter uma grande importância para a arquitectura política europeia.

O dia 18 de Setembro pode ser assim o destapar de uma verdadeira Caixa de Pandora, situação para a qual não estamos de todo preparados.

Eng. agrónomo, gestor de empresas

Portugal: PAULO BENTO ABANDONA A SELEÇÃO NACIONAL DE FUTEBOL




O anúncio acaba de ser feito pela FPF num comunicado publicado na página online. A decisão acontece dias depois da derrota caseira contra a Albânia e na ressaca dos resultados obtidos no Mundial do Brasil.

É este o texto divulgado há minutos.

«A Federação Portuguesa de Futebol comunica que hoje, 11 de setembro, termina o vínculo contratual de Paulo Bento com a FPF e ao serviço das Seleções.

Esta foi uma decisão tomada conjuntamente entre a Direção da FPF e Paulo Bento. Agradecemos tudo o que Paulo Bento fez pela nossa Seleção, nomeadamente pelo apuramento de Portugal para o EURO 2012 e para o Mundial 2014.

A FPF já esta a trabalhar numa solução estruturada para dirigir as nossas Seleções e que será conhecida em breve. Mais uma vez obrigado ao treinador Paulo Bento.»

Paulo Bento tinha renovado antes do início do Campeonato do Mundo no Brasil. O contrato seria até 2016, um vínculo que fica agora sem efeito.

TSF

Portugal: NÃO HÁ EMPREGO NEM HÁ FUTURO



Rafael Barbosa – Jornal de Notícias, opinião

1 - De acordo com a propaganda governamental, o país já está a virar a página. O desemprego já desce (o que não é sinónimo de emprego a crescer), o défice público cumpre-se (ainda que isso se fique a dever à sobrecarga de impostos sobre trabalhadores e consumidores), o Produto Interno Bruto já sobe (ainda que com valores mais anémicos a cada mês que passa). Sempre que alguns destes indicadores dão uma ajuda, não faltam candidatos a deitar foguetes e apanhar as canas. A começar por Passos Coelho e Paulo Portas.

Pena que nenhum deles pareça interessado em comentar o último relatório da OCDE sobre o impacto da crise no ensino e no acesso ao mercado de trabalho. O que se passou até ao final de 2012 resume-se nisto: disparou para quase 17% o número de jovens entre os 15 e os 29 anos que não estudam, nem trabalham (são os jovens da geração nem-nem); disparou para mais de 11% o número de desempregados licenciados; o investimento em educação, bem como o custo por aluno no Ensino Superior, caiu para o fundo da tabela dos países desenvolvidos; os salários dos professores desceram 16%; as baixas qualificações dos portugueses continuam a bater recordes. Convém lembrar que 2013 conseguiu ser um ano mais negro do que 2012. E que em 2014 se manteve o miserabilismo. Se este relatório da OCDE já deveria ser suficiente para fazer corar de vergonha os nossos governantes, o do próximo ano arrisca-se a revelar uma realidade catastrófica. Infelizmente já não para o futuro do Governo, mas para o futuro do país.

2 - Bastou uma sondagem a dar como certa a vitória do "sim" à independência da Escócia e os ingleses entraram em pânico. Ou melhor, a "City" (centro financeiro global sediado em Londres) e o regime político entraram em pânico. Afinal de contas, os escoceses não são apenas conhecidos pelos kilts de padrões coloridos, consoante o clã. É também do seu Mar do Norte que se extrai uma considerável quantidade de petróleo. Ainda por cima "brent", aquele tipo de petróleo de boa qualidade que serve de referência para fixar preços a nível mundial. Os líderes dos partidos do "arco do poder" britânico (lá como cá) esqueceram divergências e foram em peregrinação coletiva para lá da muralha de Adriano. Ainda que resulte, não deverá ser apenas mais do que um adiamento. O enfraquecimento dos estados é um fenómeno imparável. Haverá de seguir-se a Catalunha, como o País Basco, da mesma forma que a Valónia e a Flandres (Bélgica) são já praticamente dois países diferentes. Sendo que nenhum destes povos é suicida: reclamam autogoverno (a força do local) com a mesma convicção que reclamam manter-se na União Europeia (a força do global). Esperemos que mais cedo do que tarde esta discussão regresse também a Portugal. A do autogoverno regional, não necessariamente a da independência.

Portugal - Caso BES. Passos diz que Cavaco não soube mais porque não quis



Ana Sá Lopes – jornal i

O primeiro-ministro afirma que o Presidente da República "teve oportunidade de colocar todas as questões pertinentes e aclarar tudo"

O primeiro-ministro demorou três dias a responder às suspeitas sobre a falta de informação no caso BES que o Presidente lhe lançou no domingo passado, mas fê-lo com estrondo, na Fundação Champalimaud, numa cerimónia onde também estava o próprio Cavaco Silva.

"Tive o cuidado de informar o senhor Presidente da República de tudo o que era importante e relevante neste caso. Tenho a certeza que o senhor Presidente da República teve ocasião de colocar todas as questões pertinentes e de aclarar tudo o que fosse necessário", afirmou o primeiro-ministro. Tradução: para Passos Coelho, se Cavaco Silva não soube mais sobre o caso BES é porque não quis - ou não soube "colocar todas as questões pertinentes".

"Eu próprio tive ocasião de informar o senhor Presidente da República de tudo aquilo que era relevante e importante no desenvolvimento deste caso e, dado que pelo menos uma vez a meu pedido, o próprio governador do Banco de Portugal teve ocasião de informar o senhor Presidente da República sobre esta matéria, tenho a certeza que o senhor Presidente da República teve plena ocasião para colocar todas as questões que entendia pertinentes para aclarar o que fosse necessário sobre estas matérias", continuou Passos.

Assim, o primeiro-ministro diz que interpreta a bomba lançada por Cavaco Silva no domingo - onde insinuou que lhe teria sido ocultado alguma informação por parte do governo - como um singelo statement de um titular de um órgão de soberania sem funções executivas. "Li as declarações do senhor Presidente da República e pareceu-me que elas evidenciavam a preocupação do Presidente mostrar que não é uma parte directa, activa em processos desta natureza, porque como todos nós sabemos o Presidente da República não tem poderes executivos." No domingo, em Arganil, Cavaco Silva usou uma expressão que induziu a suspeita sobre se o governo teria, efectivamente, comunicado todas as informações sobre o BES ao chefe de Estado. "O Presidente da República não tem ministérios, não tem serviços de execução de políticas, não tem serviços de fiscalização ou de investigação e, portanto recebe toda a informação das entidades oficiais", disse Cavaco. O Presidente da República "espera que logo que o governo tenha conhecimento de factos relevantes não deixe de [lhe] comunicar", e espera que "tenha acontecido assim - porque é o que resulta da Constituição". "O Presidente da República é informado em primeiro lugar pelo governo e é a essa informação que atribui mais importância", disse Cavaco Silva.

Desde que Miguel Reis, advogado dos pequenos accionistas do BES, disse em entrevista ao i que "houve clientes que foram convencidos a investir no BES por causa das declarações de Cavaco" que o Presidente da República se tem esforçado para se distanciar de responsabilidades no caso BES. Logo a seguir à entrevista, fez publicar no seu site oficial a transcrição das suas declarações sobre o BES, evidenciando que o que disse era sustentado em informações do Banco de Portugal. A seguir, lançou suspeita sobre a cabal informação que lhe foi dada pelo governo.

Foto: Hugo Correia / Reuters

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África do Sul – Julgamento: Oscar Pistorius não é culpado de premeditação




A juíza do julgamento de Oscar Pistorius considerou hoje que o campeão paraolímpico sul-africano não é culpado de assassínio premeditado da namorada, Reeva Steenkamp, afastando a mais grave das acusações contra ele.

"O Estado não conseguiu provar além de qualquer dúvida razoável que o acusado é culpado de assassínio premeditado", declarou Thokozile Masipa, durante a leitura do veredicto.

Masipa considerou, no entanto, que Pistorius agiu "com plena consciência" quando empunhou uma arma para disparar sobre a sua vítima.

"Ele decidiu pegar na sua arma, ou dito de outra forma, ele tomou uma decisão com plena consciência (...) o tribunal considera que naquele momento o acusado era capaz de distinguir entre o bem e o mal e que podia agir de acordo com esta distinção", declarou no tribunal em Pretoria hoje decorre o julgamento.

A juíza considerou ainda que Pistorius foi "uma péssima testemunha" que se mostrou "evasivo".

O atleta sul-africano matou a tiro a sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp no dia 14 de fevereiro de 2013.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Cabo Verde: A ausência do profissionalismo político na Assembleia Nacional




Neste país nenhum político, seja ele de que partido for, tem a coragem de aceitar que a culpa desta situação caótica em que o país se encontra é fruto da incompetência profissional dos inexperientes comissários e agentes políticos deste país.

Carlos Fortes Lopes, M.A.* – A Semana (cv), opinião

Esperemos que a lógica de defender os erros apontando os erros cometidos pelos outros no passado não continue a fazer parte da "cartilha" política dos partidos com assento parlamentar.

Roguemos para que o próximo início dos trabalhos parlamentares traga uma nova dinâmica política e que os funcionários do povo cabo verdeano passem a ter uma postura profissional e de respeito para com a sociedade civil.

Ao que tudo indica, o povo eleitor já está preparando para demonstrar que já não conjuga com a famosa falta de respeito e insensibilidade auditiva de alguns dos Deputados e Ministros Nacionais e, aclama para que tragam um espírito aberto e responsável de consenso nacional, rumo ao melhor aproveitamento do tempo no púlpito e bancadas da Assembleia Nacional.

O povo eleitor exige, constitucionalmente, que todos os Deputados e Ministros, ao intervirem na plenária da Assembleia Nacional, e outras ocasiões, passem a ser pessoas responsáveis, carismáticas e idôneas, de forma a corresponderem às exigências do povo eleitor, em conformidade com a Constituição da República de Cabo Verde.

Com a referida postura profissional, de certo que alcançarão a meta do consenso parlamentar para a aprovação da lista dos integrantes das instituições paralelas ao Parlamento, de acordo com a Constituição da República de Cabo Verde. ( ver Artigos 215, 222, 223, 224, 225, 226, 227 e 228 da CRCV).

Estamos convictos de que com respeito e dedicação, os políticos nacionais serão capazes de trabalhar para o bem deste país, apesar da necessária e exigente remodelação dos trabalhos e despesas da Assembleia Nacional.

Caso contrário, este país acabará por afundar, totalmente, na desgraça e perda da soberania nacional.

Qualquer um dos partidos políticos com assento parlamentar deve e é obrigado, pela constituição, a apresentar propostas de leis, de acordo com as exigências constitucionais e elas devem ser apresentadas atempadamente e com as devidas rigorosidades constitucionais.

Ao apresentarem as propostas de lei de controlo e contenção das despesas de governação nacional, os Deputados devem ser idôneos e responsáveis nas críticas, não deixando se enveredar pelas baixezas e desrespeito do eleitorado e restantes ouvintes.

A referência às actividades governamentais actuais podem ser incômodas para alguns mas, elas devem ser rigorosamente e acatadas de forma a satisfazer as necessidades da população.

Tanto os do PAI como os do MpD e UCID devem primar pela objectividade e ter o passado como referência e o futuro risonho como meta a alcançar vitoriosamente, sem denegrir seja quem for o protagonista.

O Emprego (Artigos 61e 63 da CRCV), a Saúde (Artigo 71 da CRCV), Habitação e Ambiente (Artigos 72 e 73 da CRCV), Referendo sobre Regionalização (Artigos 103 e 157 e ou de 230 a 239 da CRCV), a Qualidade dos nossos serviços de Turismo, em todas as ilhas, a Qualidade da Água e electricidade, a Qualidade Alimentar (Artigo 82 da CRCV), os Transportes(marítimo e aéreo) o Profissionalismo Nacional (artigos 240 a 245 da CRCV) a nossa Democracia (Artigo 2 da CRCV) e o seu efeito na sociedade civil devem ser prioridade a partir de agora, para que possamos sair deste impasse desastroso, de governação.

Ao pensarem em apresentar qualquer proposta de lei, política ou administrativa, os Deputados devem ter em conta as exigências do povo eleitor, as inconstitucionalidades (Artigos 277 e 278 da CRCV) e as despesas da Assembleia Nacional.

Com um Orçamento anual que já está prestes a ultrapassar a margem de 1 Bilião de Escudos Cabo Verdeanos, espera-se muito mais e melhor desta nossa Assembleia Nacional.

Contudo, porque a lista é longa, contamos regressar a este assunto sobre o Orçamento e tentar esmiuçar os avultados e supérfluos valores incluídos no Orçamento anual da nossa Assembleia Nacional.

A saber: Abonos variáveis ou eventuais, como; gratificações permanentes em mais de 200 mil contos, gratificações eventuais em mais de 50 mil contos, horas extraordinárias em mais de 3.000.000$00 (três milhões), alimentação e alojamento em mais de 1.500.000$00 (um milhão e quinhentos mil contos), subsídios de instalação em mais de 8.110.900$00 (oito milhões, cento e dez mil e novecentos contos), outros suplementos e abonos em mais de 56.329.000$00 (cinquenta e seis milhões, trezentos e vinte e nove mil contos), etc., etc..

Enfim, um mundo de riqueza, para um pequeno grupo de funcionários, num país tão pobre como o nosso Cabo Verde.

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