segunda-feira, 1 de abril de 2024

Destruição selvagem do sistema de saúde de Gaza por Israel é o que parece

Caitlin Johnstone* | Caitlin Johnstone.com | # Traduzido em português do Brasil

Israel pôs fim ao seu ataque ao Hospital al-Shifa em Gaza, porque não sobrou nada para atacar. A instalação –  o maior complexo médico em Gaza onde centenas de civis estavam abrigados – é agora uma carcaça vazia, inutilizável queimada . Testemunhas relatam centenas de cadáveres dentro e ao redor do complexo, com imagens de vídeo mostrando partes de corpos humanos projetando-se da terra corpos com braçadeiras nos pulsos.

Israel está actualmente a fazer a sua canção e dança habituais, onde afirma que o hospital era um quartel-general do Hamas e que todos os que ali matou eram “terroristas”, mas neste momento as únicas pessoas que acreditam nessa merda são aquelas que precisam desesperadamente de o fazer. Este foi um massacre de profunda selvageria. É tão claro quanto o dia para qualquer um que não esteja profundamente empenhado em fingir o contrário.

Israel, que no início do ataque a Gaza negou veementemente que algum dia atacaria um hospital, desde então lançou centenas de ataques documentados aos serviços de saúde de Gaza e destruiu a maior parte do seu sistema de saúde . Ainda hoje, o director-geral da Organização Mundial de Saúde anunciou que um ataque aéreo israelita ao complexo do Hospital al-Aqsa, em Gaza, matou quatro pessoas e feriu dezassete.

O professor da Universidade de Oxford, Nick Maynard, que passou algum tempo trabalhando no Hospital al-Aqsa no início deste ano, acusou recentemente as IDF de “visar sistematicamente instalações de saúde, profissionais de saúde e realmente desmantelar todo o sistema de saúde” em Gaza.

“Não se trata apenas de atacar os edifícios, trata-se de destruir sistematicamente a infra-estrutura dos hospitais”, diz Maynard. “Destruir os tanques de oxigénio do hospital al-Shifa, destruir deliberadamente os tomógrafos e tornar muito mais difícil a reconstrução dessa infraestrutura. Se o alvo era apenas os militantes do Hamas, porque estão eles a destruir deliberadamente a infra-estrutura destas instituições?”

Portugal | VIA ABERTA


Henrique Monteiro | HenriCartoon

Portugal | Nova legislatura: lições e tarefas dos primeiros dias

Da refrega sai um presidente do Parlamento enfraquecido e a prazo, novos patamares de farsa na extrema-direita e mais probabilidade de eleições repetidas em breve. E no entanto, não faltam temas e decisões importantes para o Parlamento tomar.

José Soeiro | Esquerda.net | opinião

Várias lições podem ser retiradas do atribulado início da legislatura. Confirma-se que, à direita, reina a barafunda e a instabilidade. A combinação de arrogância e negligência que Montenegro adotou revelou-se um desastre: não passou no primeiro teste nem resultará como estratégia de um governo gerido apenas para sobreviver ao dia a dia. O Chega, sem qualquer escrúpulo a dar o dito por não dito, aposta no bloqueio institucional para dobrar Montenegro num acordo à luz dos holofotes. O PS continua atravessado por duas orientações diferentes, entre quem quer assumir a oposição e rejeitar amarras ao governo da AD (amarras que favorecem Ventura) e quem, em nome de um “diálogo” no bloco central, considera que deve ceder à chantagem do PSD – hoje para definir o presidente da Assembleia da República, amanhã para viabilizar orçamentos. Da refrega sai um presidente do Parlamento enfraquecido e a prazo, novos patamares de farsa na extrema-direita, e mais probabilidade de eleições repetidas em breve.

E no entanto, não faltam temas e decisões importantes para o Parlamento tomar. No imediato, há que cobrar promessas eleitorais, nomeadamente na recuperação do tempo de serviço dos professores, no suplemento para as forças de segurança, no pagamento aos oficiais de justiça ou na valorização da carreira dos profissionais de saúde. O que foi dito em campanha por PSD e PS tem de ser submetido ao teste da votação parlamentar. Se era para valer, então todas essas medidas serão aprovadas, ainda mais considerando o excedente orçamental que a maioria absoluta do PS quis amealhar enquanto deixava sem resposta os serviços públicos e os seus profissionais. O mesmo se aplica, por exemplo, ao Complemento Solidário para Idosos: durante a campanha, PS e PSD assumiram a proposta de eliminação do rendimento dos filhos dos critérios de aferição do rendimento dos idosos. Será aprovada?

Portugal | Montenegro toma posse amanhã. Eis a agenda do primeiro-ministro

Após a tomada de posse, Luís Montenegro vai apresentar o Programa do Governo no dia 10 de abril. Segue-se depois a discussão do mesmo.

O primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro, vai começar a governar a partir desta semana. A tomada de posse está marcada para terça-feira, dia 2 de abril, mas segue-se uma agenda bastante agitada.

É já amanhã que o Presidente da República vai dar posse a Montenegro e a todos os 17 novos ministros. Saliente-se que esta é a terceira vez que Marcelo Rebelo de Sousa dará posse a um Executivo, tratando-se, neste caso, do primeiro liderado pelo PSD. A cerimónia vai decorrer no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa. Três dias depois, será a vez dos novos secretários de Estado, cuja lista não foi ainda divulgada.

Após a tomada de posse, Luís Montenegro vai apresentar o Programa do Governo, no dia 10 de abril, que vai ser "submetido à apreciação da Assembleia da República, através de uma declaração do primeiro-ministro, no prazo máximo de dez dias após a sua nomeação".

Depois, Luís Montenegro volta à Assembleia da República (AR), onde esteve para a difícil eleição de José Pedro Aguiar-Branco para presidente da AR, nos dias 11 e 12 de abril para discutir o mesmo programa. A Constituição determina também que um Governo só entra em plenitude de funções após a apreciação do seu programa pelo Parlamento, se não for rejeitado.

Um Terrorista na Casa de Abril -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Portugal tem, desde hoje, um terrorista de extrema-direita como vice-presidente da Assembleia da República. Alguém que fez terrorismo contra o 25 de Abril e as independências das colónias portuguesas. Contra Angola. Seu nome: Diogo Pacheco de Amorim, eleito deputado nas listas do partido racista e xenófobo Chega. Ele foi um dos fundadores do Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP), organização terrorista que fez mais de 600 atentados bombistas no chamado Verão Quente de 1975, contra o 25 de Abril e o processo de descolonização.

Antes da Revolução dos Cravos, ainda estudante na Universidade de Coimbra, Participou nos movimentos “integralistas” que defendiam o colonialismo, o “Portugal uno e indivisível com as suas províncias ultramarinas”. Antes de fundar o MDLP fez parte do Movimento para a Independência e Reconstrução Nacional (MIRN) liderado pelo general nazi Kaúlza de Arriaga sob cujo comando as tropas portuguesas fizeram terríveis massacres em Moçambique.  

Diogo Pacheco de Amorim, o advogado e comentador da SIC José Miguel Júdice juntaram-se ao general António de Spínola e ao comandante Alpoim Calvão fundando a organização terrorista MDLP. O Gabinete Político era dirigido por Fernando Pacheco de Amorim, António Marques Bessa, Diogo Pacheco de Amorim, José Miguel Júdice e Luís Sá Cunha.

Esta organização tinha o apoio da Igreja Católica, sobretudo na arquidiocese de Braga onde o Cónego Melo benzia os bombistas que fizeram mais de 600 atentados, alguns com vítimas mortais, entre as quais o padre Maximino (Max), por ser de esquerda!

Mário Soares foi outro apoiante (e beneficiário) do MDLP e do ELP, que também actuaram em Angola contra a Independência Nacional, sobretudo no Norte com os militares da unidade comandada pelo coronel “Comando” Santos e Castro. Contra o 25 de Abril e contra Angola.

Um dos operacionais da rede bombista do MDLP, Ramiro Moreira, foi julgado e condenado a 20 anos de prisão. Mas nem ouviu a sentença porque antes fugiu para Madrid onde o primeiro-ministro Mário Soares, pai da democracia à portuguesa, lhe arranjou emprego na Petrogal, antecessora da GALP. O julgamento dos terroristas decorreu até 1982 mas os mandantes, dirigentes e financiadores do terrorismo nem sequer foram julgados. Ou foram absolvidos. Ou fugiram antes do julgamento. No final todos os terroristas foram amnistiados.

Angola | Garimpo de Estado Escancarado -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Jesus Cristo era uma nulidade em Finanças e eu, pobre mortal, incrédulo e refractário aos deuses, também nasci com essa virtude. O ministro Emanuel Carneiro sabia tudo do mundo financeiro e económico. Um dia pedi-lhe para me fazer um retrato da economia angolana no advento da democracia representativa e economia de mercado. E ele respondeu como quem está a gozar: Está tudo nas mãos da maquineta! Estas coisas dão muita sede e fomos para uma esplanada perto de sua casa, na Ilha do Cabo. E ele fez o favor de me tirar da ignorância.

Em Angola temos uma maquineta que se alimenta do tráfico ilícito de diamantes. Começou nos anos 60, após o início da Luta Armada de Libertação Nacional. Os kamanguistas serviam-se de jovens que viajavam entre Luanda e as zonas de Cuango e Cafunfo, fronteira de Malange com a Lunda, onde era necessária uma autorização especial para entrar. 

O território da Diamang (hoje Endiama) era um estado dentro do estado. Até tinha polícia própria. As cidades de Luanda, Benguela e Malange eram territórios dos donos da maquineta. Os grandes traficantes de diamantes, os que fizeram fortunas à custa dos pequenos kamangistas que arriscavam a vida e a liberdade para garantirem uns trocos. Quando um jovem aparecia com a sua motorizada de marca japonesa já se sabia que andava na kamanga. 

Memória do repórter: Um grande artista plástico e cartunista, de sociedade com o rei dos fotolitos, fizeram dinheiro falso e foram a Cafunfo comprar uma partida de diamantes. Venderam as pedras preciosas a um dono da maquineta e começaram a fazer vida de milionários. Eu era amigo dos dois e beneficiei do festim.

O comerciante de Cafunfo que vendeu a kamanga era sócio do governador do distrito de Malange. O comerciante kamanguista entregou-lhe a sua parte do dinheiro. Foi depositá-lo na conta bancária. O gerente do banco disse ao chefe que as notas eram falsas. Uma maka mundial! O artista da aguarela e do desenho, mais o operário gráfico, perito em fotolitos, foram presos. Pouco tempo. Quando os prisioneiros ameaçaram pôr a boca no trombone, foram logo libertados e o governador voltou para a “metrópole” com os bolsos a abanar.

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