quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

DRONES: DENÚNCIA DA GUERRA SECRETA

 


Página de rede social fotográfica escancara assassinatos praticados pelos EUA usando aviões controlados remotamente. Número de vítimas já supera 3 mil
 
Nick Hopkins – Outras Palavras - Tradução: Gabriela Leite
 
Os militares geralmente ficam felizes no momento de alardear seus êxitos, e de louvar homens e mulheres que arriscam a vida por seu país. Talvez o vínculo humano (ou a ausência dele) seja o que os anima a levantar a voz quando falam de algumas missões, e a se envergonhar quando se trata dos aviões não-tripulados (drones).
 
Dirigidos por controle remoto a milhares de quilômetros de distância, os Veículos Aéreos Não-Tripulados (UAV, Unmanned Aerial Vehicles) provaram ser o único triunfo militar infalível na guerra do Afeganistão; quer dizer, se é que “êxito” significa uma equação em que muita gente morre, quase inevitavelmente, e a um preço acessível.
 
De acordo com o Escritório de Jornalismo Investigativo (BIJ, Bureau of Investigative Journalismo), que compila os números de ataques com aviões não-tripulados, os Estados Unidos já mataram 3.378 pessoas, em 350 ataques com drones nos últimos oito anos. E isso, só no Paquistão. Os EUA também organizam ataques com esses aviões no Iêmen e na Somália a partir de uma base situada no minúsculo estado africano de Djibuti (o qual supõe-se que ninguém conhece). Mas a Casa Branca quer falar sobre isso? Não, a menos que tenha que fazê-lo, e às vezes nem sequer nesse caso.
 
Em abril, o Assessor de Contraterrorismo do Presidente Obama, John Brennan, fez um pronunciamento defendendo o uso de drones, e afirmou que tomava grandes precauções para garantir que os ataques fossem legais e éticos. “Estamos em guerra”, declarou. “Estamos em guerra contra uma organização terrorista chamada Al-Qaeda”.
 
Quem aparece na lista dos alvos, por que os ataques acontecem em certos momento e local específicos e quem assume a responsabilidade pelos mesmos… bom, isso fica para outro dia.
 
A informação sobre os UAVs é arrancada de Washington aos poucos, e aqui aparece James Bridle. Utilizando as informações escassas que existem, Bridle, criador do microblog New Aesthetic, inventou o Dronestagram. Ao cruzar imagens do Google com detalhes de objetivos do BIJ, começou a apontar os lugares atingidos por ataques UAV.
 
Bridle afirma que quer que eles fiquem “um pouco mais visíveis, um pouco mais próximos. Um pouco mais reais”.
 
Em seu blog, Bridle sustenta que “os ataques com drones são realizados por aparatos invisíveis, à distância e sobre uma mídia e uma sociedade desconectados… a tecnologia que, supunha-se, iria nos aproximar, está sendo usada também para obscurecer e ocultar”.
 
As imagens de Dronestagram podem ser só “paisagens estranhas”, mas Bridle tem a esperança de que sua imediatez e intimidade somem-se à crescente exigência por transparência. Ainda neste ano, a Apple impediu a circulação de um aplicativo que faria praticamente o mesmo, sob o argumento de que muita gente consideraria o conteúdo eticamente questionável. Não é caso, podemos supor, dos parentes e amigos dos civis que são mortos frequentemente pelos ataques de drones, por mais “cuidadosamente” de que se escolha o alvo dos ataques, e por mais “precisos” que sejam os mísseis.
 

Ban Ki-moon “profundamente preocupado” com impasse na Guiné-Bissau

 

PDF – PNG – Lusa, com foto STR/EPA
 
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, manifestou-se "profundamente preocupado" com o impasse político e a degradação da segurança na Guiné-Bissau, "deplorando" as persistentes divergências internas e entre parceiros internacionais.
 
A posição é expressa no mais recente relatório do secretário-geral sobre a situação na Guiné-Bissau, a que a Lusa teve acesso, em que Ban Ki-moon revela ter dado instruções ao secretariado da ONU e à missão em Bissau (UNIOGBIS) para organizarem uma reunião entre as "autoridades de facto" e o governo deposto "tão rápido quanto possível".
 
Sob auspícios da União Africana em Adis Ababa, esta reunião terá como finalidade um acordo sobre os "próximos passos para repor a ordem constitucional através de um processo de diálogo nacional", conforme dita a resolução aprovada pelo Conselho de Segurança após o golpe de abril.
 
O Departamento de Assuntos Políticos foi ainda incumbido de promover a elaboração de um "roteiro" entre União Africana, União Europeia, ONU, comunidade regional (CEDEAO) e comunidade lusófona (CPLP) para apoiar os esforços de reposição da constitucionalidade.
 
"Continuo profundamente preocupado com a persistente falta de progressos na reposição da constitucionalidade na Guiné-Bissau e a deterioração da situação de segurança", afirma Ban no relatório, mencionando o recente ataque contra uma base militar em Bissau.
 
"O país tem permanecido paralisado com consequências graves para a população e uma degradação da situação económica", adianta.
 
A situação na Guiné-Bissau será discutida no Conselho de Segurança na próxima terça-feira, 11 de dezembro, em consultas em que deverá estar presente o representante especial da ONU em Bissau, Joseph Mutaboba.
 
Espera-se também um ‘briefing’ sobre o comité de sanções para a Guiné-Bissau, estabelecido pela resolução aprovada pelo Conselho de Segurança após o golpe, organismo que é presidido pelo embaixador de Marrocos na ONU.
 
O secretário-geral deixa um apelo a todos os atores da crise guineense, em particular as "autoridades de facto", para que intensifiquem esforços para chegar a um roteiro que identifique "marcos e prazos para eleições credíveis marcando o final da transição".
 
"Deploro a persistência de visões divergentes, a nível nacional e internacional, sobre o caminho para resolver a crise política", adianta.
 
Mesmo que sejam resolvidos os atuais constrangimentos técnicos e financeiros a eleições, Ban Ki-moon considera no relatório que o atual ambiente "não é conducente" a um processo eleitoral bem sucedido.
 
Para o secretário-geral, o ataque de 21 de outubro mostra a "fragilidade da situação política e de segurança" e o "contínuo papel de domínio dos militares em assuntos de Estado".
 
Ban Ki-moon salienta que a perceção de violência com raízes étnicas pode minar a coesão do país e afirma-se particularmente preocupado com relatos de "violações sérias de direitos humanos e atos de intimidação por militares", incluindo contra pessoal da ONU e buscas injustificadas de veículos da ONU.
 
O secretário-geral condena todas as formas de rapto, detenção extrajudicial, violência, intimidação e violações da liberdade de expressão e reunião por militares.
 

Angola: Passaportes confiscados a Adriano Parreira vão ser devolvidos

 

Manuel José – Voz da América
 
Autoridades angolanas queriam apenas saber endereço e telefone de Adriano Parreira envolvido em acção jurídica contra políticos angolanos
 
Primeiro confiscaram-lhe os passaportes. Agora as autoridades angolanas dizem que queriam apenas saber da sua morada e telefone.

Este o cenário do caso envolvendo Adriano Parreira cujos passaportes angolano e português lhe foram confiscados no aeroporto de Luanda quando se preparava para embarcar para Europa há poucos dias atrás.

Parreira esteve envolvido numa queixa em tribunal contra conhecidas personalidades políticas angolanas.

O caso poderá agora ter chegado ao fim atendendo as palavras do próprio Parreira, citando o procurador-geral adjunto da república, junto da Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal Beato Manuel Paulo.

Segundo Adriano Parreira que não conseguiu saír de Angola, por lhe terem retirado os seus passaportes, tratou-se apenas de um procedimento que as autoridades consideram de “normal”.

O procurador-geral adjunto junto da DNAP queriam apenas saber informações sobre o endereço actual e o contacto telefónico de Adriano Parreira. Adriano Parreira que preferiu não gravar entrevista, alegando estar ainda chocado com o sucedido disse á VOA que o procurador Beato Manuel Paulo desculpou-se pelo acontecido e garantiu que estava resolvido o problema e dentro de 24 horas Parreira teria de volta os seus documentos e a respectiva autorização para sair do país.

O que não ficou garantido, segundo Adriano Parreira e qualquer tipo de indemnização pelos prejuízos causados.

Já que Parreira tinha viagem marcada e paga para Espanha dia 3 de Dezembro mas isso não aconteceu porque os serviços de emigração impediram, alegando possuírem ordens para que Parreira se apresentasse à Direcção Nacional de Investigação de Acção Penal.

Questionado se vai apresentar qualquer pedido de indemnização, Parreira respondeu que primeiro quer os seus documentos de volta, esfriar a cabeça só depois vai pensar sobre que passos dar.

Adriano Parreira insiste em afirmar que este episodio só está a acontecer como forma de represália a sua pessoa, pelo facto de ele ter feito um pedido de averiguação a Procuradoria Geral da República portuguesa sobre eventuais casos de corrupção praticados por altas figuras da nomenclatura angolana, como o vice-presidente da república Manuel Vicente, o general Hélder Vieira Dias Kopelipa entre outras.

De recordar que em 1992 Adriano Parreira era presidente do extinto partido politico angolano PAI (Partido Angolano Independente).

 
Relacionado
 

Portugal: BANQUEIROS DA FOME

 


Luís Rainha – Jornal i, opinião
 
A campanha do Banco Alimentar Contra a Fome correu bem. E parece que as “elites bem-pensantes” levaram uma “lição”: a generosidade dos portugueses é para ser lida como um cheque em branco a Isabel Jonet. Vamos então desculpar a sua atracção doentia por câmaras e microfones, assim como as peregrinas teses segundo as quais “cá em Portugal não existe miséria” e a nossa pobreza só se deve a uma incontrolável vontade de comer “bifes todos os dias”.
 
Esta candidata a madre Teresa, tão amiga dos famélicos que aceitam a vontade de Deus, sabe que a culpa é nossa. Mesmo a fome que muitas crianças hoje levam para a escola e para os hospitais “é inexplicável. Deve-se, em parte, à não responsabilização e falta de tempo dos pais”. Claro. Convém que não nos lembremos de procurar explicações alhures. Convém que a solidariedade se cumpra e esgote nas caixas dos supermercados – se estes ganharem algo pelo caminho, melhor ainda. Senão, as massas ainda se lembram de não se queixar das greves, de não maldizer os estivadores, de não votar nos do costume.
 
A “Mónica” que Sophia caricaturou vive. Agarrada à sua missão de sempre: anestesiar a dor que a miséria alheia nos causa. Dar-lhe um lenitivo fácil e barato. Deixar-nos a consciência limpa, satisfeita, em paz com um mundo cada vez mais impiedoso. Então se já demos uns quilos de arroz, não precisamos de fazer mais, certo?
 
Agora, o patusco ministro da Vespa descobriu que temos 2,6 milhões de quase-pobres. Nada que um cheque à tia Isabel não resolva.
 
Publicitário - Escreve à quarta-feira
 

IGAI abriu processo sobre intervenção da PSP após carga policial de 14 de novembro

 

CMP – CC - Lusa
 
A inspetora-geral da Administração Interna disse hoje que a carga policial a 14 de novembro junto à Assembleia da República foi adequada, mas foi aberto um processo de acompanhamento sobre a intervenção da polícia após os confrontos.
 
“O que se passou em frente à Assembleia da República foi uma situação perfeitamente proporcional e adequada”, disse aos jornalistas Margarida Blasco.
 
A responsável pela Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) adiantou que a PSP atuou “em conformidade com as normas e procedimentos”, tendo feito os avisos para os manifestantes dispersarem, depois de um grupo de pessoas estar, mais de uma hora, a arremessar pedras e a destruir o património público.
 
No entanto, IGAI tem dúvidas sobre o que se passou a seguir à carga policial, nomeadamente à forma como foram feitas as detenções, tendo, por isso, aberto um processo de acompanhamento formal.
 
“Estamos a acompanhar, como é óbvio. É nosso dever. Há um processo de acompanhamento formal", disse Margarida Blasco, acrescentando que a IGAI está "à espera, nos termos da circular da Procuradoria-Geral da República, que sejam indicadas quais foram as situações que podem constituir alguma irregularidade”.
 
A inspetora disse ainda que a IGAI não recebeu queixas sobre a atuação policial, tendo apenas recebido “opiniões do que se passou no geral”.
 
Quanto à polémica das imagens que envolveu a PSP e a RTP, Margarida Blasco referiu que está fora das suas competências.
 
A 14 de novembro, dia da greve geral e após uma manifestação da CGTP, dezenas de manifestantes atiraram pedras a polícia durante mais de uma hora e esta respondeu com uma carga policial.
 
Dos confrontos resultaram nove detidos, 21 pessoas identificadas e 48 feridos, dos quais 21 elementos da PSP.
 
Margarida Blasco falava à margem da cerimónia de tomada de posse do diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
 

Portugal avalia participação da PSP e GNR em futuras missões internacionais

 

Jornal i - Lusa
 
O ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, disse hoje que Portugal está a avaliar a possibilidade da PSP e da GNR participarem em futuras missões internacionais, escusando-se a avançar quais os países que fizeram o pedido.
 
No final da cerimónia de condecoração aos elementos da Unidade de Intervenção da GNR que estiveram em missão em Timor-Leste, Miguel Macedo adiantou que Portugal foi solicitado para participar em missões internacionais, quer ao abrigo das Nações Unidas quer no âmbito do esforço europeu.
 
Nesse sentido, o ministro afirmou que “neste momento” o Governo está “a ponderar as várias possibilidades que foram colocadas”.
 
O governante considerou importante que Portugal esteja presente em missões internacionais, mas esclareceu que o número de elementos será inferior.
 
“Estamos neste momento a fazer essa avaliação. Estão em curso várias candidaturas, mas ainda não sabemos qual a decisão de quem abriu essas candidaturas em relação a esse empenhamento”, realçou.
 
O ministro da Administração Interna recordou que Portugal e Timor-Leste têm um acordo de cooperação na área da segurança celebrado no final de 2011.
 
No âmbito desse acordo, Portugal já recebeu a solicitação do governo timorense para que elementos da GNR possam continuar a dar formação e ajudar na construção da Polícia Nacional de Timor-Leste, referiu, adiantando que, neste momento, esse pedido está a ser avaliado.
 
Miguel Macedo condecorou hoje, na Escola da Guarda, em Queluz, a Unidade de Intervenção da Guarda Nacional Republicana com a Medalha de Serviços Distintos de Segurança Pública, Grau Ouro, assinalando esta cerimónia o fim de missão do subagrupamento Bravo, em Timor-Leste.
 
Na cerimónia, na qual esteve também presente o ministro da Saúde, Paulo Macedo, foram também distinguidos profissionais do INEM, que estiveram em missão naquele país.
 
A presença da GNR em Timor-Leste teve início em 2000 com a administração transitória da ONU. Com a crise política e militar de 2006, o Governo timorense pediu a Portugal o envio de um contingente para garantir a segurança interna do país.
 
No conjunto das duas missões, participaram um total de 2.233 militares da GNR, 479 no período de 2000 a 2002, e 1.754 entre 2006 e 2012.
 
Nas missões desempenhadas em Timor-Leste, a GNR destaca a detenção do líder dos peticionários, Major Reinado em 2006, a segurança aos processos eleitorais, a intervenção que permitiu salvar a vida ao então presidente da República, Ramos-Horta, aquando da sua tentativa de assassinato em 11 de fevereiro de 2008 e o apoio prestado à Polícia Nacional de Timor-Leste no controlo dos distúrbios que assolaram o território após as eleições parlamentares de 2012.
 
A GNR terminou a atividade operacional em Timor-Leste a 31 de outubro.
 

Egito: Milhares cercam palácio presidencial no Cairo em protesto contra Morsi

 

Deutsche Welle
 
Egípcios protestam contra a Constituição de teor islamista e os superpoderes do presidente Morsi. Irmandade Muçulmana reage com táticas que lembram a era Mubarak.
 
A pressão sobre o presidente Mohamed Morsi aumenta a cada dia no Egito. Na noite desta terça-feira (04/12), dezenas de milhares de pessoas protestaram no Cairo, desta vez não só na Praça Tahrir, mas também em frente ao palácio presidencial.
 
O protesto diante da sede do governo permaneceu, em grande parte, pacífico até tarde da noite. Somente no início da noite a polícia de choque havia disparado algumas bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes que tinham removido e atravessado as barreiras de arame farpado.
 
Ao contrário de manifestações semelhantes, a polícia permaneceu tranquila e pouco depois até se retirou completamente para dentro da área do palácio. O presidente está ciente de que um banho de sangue neste momento poderia causar uma revolta popular.
 
Já os manifestantes não tentaram invadir o palácio. Tarde da noite, alguns deles montaram tendas, como na Praça Tahrir. Morsi já havia deixado seu escritório no final da tarde, não se sabe se por causa dos protestos ou por outras razões.
 
"Mensagem ao ditador"
 
As reivindicações dos manifestantes continuam as mesmas e se direcionam contra a Constituição e o polêmico decreto de Morsi para ampliar seus próprios poderes. "A Constituição é basicamente uma Constituição da Irmandade Muçulmana. Antes da Constituição e do decreto, a praça Tahrir estava calma. Agora, as pessoas resolveram fazer alguma coisa, reagir", comentou Abdel Salah El-Din, que protestou até tarde da noite na praça Tahrir.
 
Cada vez mais manifestantes pedem até mesmo a renúncia de Morsi, embora não saibam dizer o que deveria vir em seguida. Mesmo oposicionistas antes próximos vêm se distanciando do presidente. O escritor Alaa Aswani, por exemplo, apoiou Morsi no segundo turno das eleições presidenciais. Na época, a intenção dele e de outras figuras da oposição liberal era evitar a eleição de Ahmed Schafik, último primeiro-ministro de Horni Mubarak. "Esta é uma mensagem clara ao ditador: a revolução não é fraca, Morsi, e ela pode se livrar de você. Da próxima vez que você não honrar sua palavra, você não poderá escapar, e nós lhe levaremos a Mubarak", escreveu Aswani nesta terça-feira.
 
Manipulação na mídia
 
A cobertura da mídia é um exemplo da forma de agir da Irmandade Muçulmana. A emissora de televisão Al Jazeera, que toma partido da Irmandade Muçulmana, mostrou principalmente imagens em close, fechadas, dos protestos. Com isso, o número de manifestantes parecia ser menor do que realmente era. O mesmo vale para a televisão estatal, cada vez mais controlada pelos islamitas.
 
São táticas de propaganda semelhantes às da época de Mubarak. Os meios de comunicação online da Irmandade Muçulmana relatam quase exclusivamente sobre acontecimentos que lançam uma imagem negativa sobre os manifestantes. A mentira mais óbvia veio do secretário-geral da Irmandade Muçulmana, que declarou ao site do jornal estatal Al Ahram que apenas 2 mil manifestantes estavam em frente ao palácio presidencial. No mesmo momento, canais de televisão privados mostravam imagens da grande multidão reunida do lado de fora do palácio.
 
Muitos, especialmente os manifestantes que pertencem à classe média, não entendem o comportamento intransigente de Morsi. "Sou contra as decisões de Morsi. Ele agora tem todo o poder em suas mãos. Ele tem poder absoluto. Onde está a democracia? Não entendo o que se passa na cabeça dele", declarou um comerciante de tecidos que, antes dos atuais protestos, nunca tinha ido a manifestações.
 
Investigações contra líderes da oposição
 
Mas os manifestantes esperaram em vão, madrugada adentro, por uma reação do presidente às manifestações, em grande parte pacíficas, que não se limitaram ao Cairo. Ischak George, fundador do conhecido movimento de oposição Kifeia, já ameaçava com um acirramento dos protestos caso Morsi não fizesse concessões até esta sexta-feira.
 
As dúvidas sobre as intenções dos islamistas cresceram ainda mais nesta terça-feira, depois de um advogado apresentar queixa contra vários líderes da oposição. Ele acusa Mohamed ElBaradei e outros oposicionistas de espionagem e incitação à desordem pública. Tais métodos também lembram Mubarak e sua forma de lidar com as críticas de oposicionistas. O novo procurador-geral, nomeado pelo presidente Morsi, ordenou ao Ministério Público que investigue as acusações.
 
Autor: Matthias Sailer (md) - Revisão: Alexandre Schossler
 

POR QUE OBAMA ESTÁ TÃO SILENCIOSO EM RELAÇÃO À NOVA GUERRA NO CONGO?

 


Shamus Cooke, Toronto – Opera Mundi, opinião – foto EFE
 
País africano está prestes a entrar em nova guerra civil, o que beneficia os interesses econômicos dos EUA na região
 
A última Guerra do Congo, que terminou em 2003, matou 5,4 milhões de pessoas – o pior desastre humanitário desde a II Guerra Mundial. A matança foi diretamente possibilitada pelo silêncio internacional sobre o assunto. A guerra foi ignorada e as causas foram tornadas obscuras, uma vez que alguns governos estavam apoiando grupos envolvidos no conflito. Agora, uma nova guerra no Gongo se iniciou e o silêncio é, mais uma vez, ensurdecedor.

O presidente Obama parece não ter notado que uma nova guerra eclodiu no belicoso Congo. Ele parece estar cego diante da crise dos refugiados e dos crimes de guerra cometidos pela invasiva milícia do M23 contra o governo democraticamente eleito da RDC (República Democrática do Congo).

Mas as aparências podem enganar. O governo norte-americano tem suas mãos sujas de sangue pairando sobre este conflito, tal como as teve durante a última Guerra do Congo, quando Bill Clinton era presidente. A inércia do presidente Obama, assim como foi a de Clinton, é um ato consciente de encorajamento dos invasores. Em vez de Obama denunciar a invasão e a iminente derrubada de um governo democraticamente eleito, seu silêncio se torna uma ação muito poderosa e intencional de cumplicidade em relação aos invasores.

Por que Obama faria isso? Os invasores são armados e financiados por Ruanda, um “forte aliado” e marionete dos Estados Unidos. A Organização das Nações Unidas divulgou um relatório conclusivo provando que o governo de Ruanda está apoiando os rebeldes, mas o governo e a mídia norte-americanos fingem que o tema é discutível.
 
A última Guerra do Congo, que matou 5,4 milhões de pessoas, foi também o resultado de os Estados Unidos apoiarem grupos rebeldes armados em Ruanda e Uganda, conforme relatado no livro “A Guerra Mundial da África” (Africa's World War), em uma excelente apuração feita pelo jornalista francês Gerard Prunier.

De fato, muitos dos mesmos criminosos de guerra ruandeses envolvidos na última Guerra do Congo, tais como Bosco Ntaganda, estão no comando da milícia M23 e são procurados por crimes de guerra pelo Tribunal Penal Internacional da ONU. O atual presidente ruandês, Paul Kagame, é um “bom amigo” do governo norte-americano e um dos mais notórios criminosos de guerra do planeta, devido a seu papel central no genocídio de Ruanda e na consequente Guerra do Congo.

Um grupo de ativistas congoleses e ruandeses tem exigido que Kagame seja julgado por seu papel chave no genocídio de Ruanda.

Tal como explica o livro de Prunier, o genocídio ruandês foi deflagrado pela invasão de Kagame a Ruanda – vindo da aliada norte-americana Uganda. Depois de tomar o poder na Ruanda pós-genocídio, Kagame informou aos Estados Unidos – durante uma viagem a Washington – que ele invadiria o Congo. Prunier relatou a declaração de Kagame em “A Guerra Mundial da África” (Africa's World War):

“Eu fiz uma advertência velada [aos Estados Unidos]: o fracasso da comunidade internacional para tomar uma atitude [contra o Congo] significaria que Ruanda iria tomar uma atitude... Mas sua resposta [da administração Clinton] foi simplesmente nenhuma”. (p. 68).
 
Na linguagem da diplomacia internacional, uma falta de resposta como essa – a uma ameaça de invasão militar – significa um claro sinal verde diplomático.
 
O mesmo sinal verde está sendo agora oferecido por Obama a exatamente os mesmos criminosos de guerra à medida que estes invadem o Congo.
 
Mas por que isso de novo? O atual presidente da República Democrática do Congo, Joseph Kabila, ajudou a liderar a invasão militar durante a última Guerra do Congo. Como um bom pau mandado, ele entregou as imensas riquezas de mineração e petróleo congolesas a corporações multinacionais. Mas então, as cordas de seu fantoche começaram a se esfiapar.
 
Posteriormente, Kabila se distanciou das marionetes norte-americanas Ruanda e Uganda, isso sem mencionar o fato de os Estados Unidos terem dominado o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial. O FMI, por exemplo, alertou Kabila contra um pacote de ajuda para desenvolvimento e infraestrutura da China, mas Kabila deu de ombros. The Economist explica:
 
“...[O Congo] parece ter levantado a mão mais alto em uma fila com doadores estrangeiros quanto a um pacote de mineração e infraestrutura no valor de 9 bilhões de dólares que foi acordado um ano atrás com a China. O FMI se opôs a ele sob o argumento de que isso sobrecarregaria o Congo com uma nova e enorme dívida. Então [o FMI] está retardando o perdão da maior parte dos 10 bilhões de dólares a mais que o Congo já deve”.
 
Esse ato instantaneamente transformou Kabila, um amigo não confiável, em um inimigo. Os Estados Unidos e a China têm lutado loucamente pela imensa riqueza africana de matérias-primas, e a nova aliança de Kabila com a China era demais para os Estados Unidos tolerarem.
 
Kabila inflamou ainda mais seus antigos aliados ao exigir que as corporações internacionais que exploram os metais preciosos congoleses tenham seus super lucrativos contratos renegociados, de forma que o país possa receber algum benefício de suas riquezas.
 
Na RDC residem mais de 80% do cobalto mundial, um metal extremamente precioso utilizado para construir muitas tecnologias modernas, incluindo armamentos, telefones celulares e computadores. A RDC é possivelmente o país mais rico do mundo em recursos minerais – repleto de tudo, desde diamante a petróleo –, muito embora sua população esteja entre as mais pobres do mundo, devido a gerações de saques corporativos de sua riqueza.
 
Agora, uma nova guerra está sendo travada e ONU está literalmente sentada sobre suas mãos. Há 17.500 soldados pacificadores da ONU na RDC, isso sem mencionar suas Forças Especiais. A milícia M23 tem três mil soldados. Qual foi a resposta da ONU para a invasão? O New York Times reporta:
 
“Os oficiais das Nações Unidas disseram que eles não têm número para combater os rebeldes e que estavam preocupados com os efeitos colaterais, mas muitos congoleses tiraram suas próprias conclusões. Na quarta-feira, desordeiros em Bunia, ao norte de Goma, saquearam casas onde estava um pessoal da ONU”.
 
Se Obama e/ou a ONU fizessem alguma declaração pública sobre defender militarmente o governo congolês eleito contra a invasão, a milícia do M23 nunca teria agido.
 
A Human Rights Watch e outros grupos classificaram corretamente os comandantes do M23 como responsáveis por “massacres étnicos, recrutamento de crianças, extorsões em massa, assassinatos, sequestros e tortura.
 
Mas, nas Nações Unidas, a administração Obama tem protegido ativamente esse grupo. Segue-se no New York Times:
 
“Alguns grupos de direitos humanos dizem que Susan Rice, embaixadora norte-americana nas Nações Unidas e um dos nomes mais cotados para ser a próxima secretária de Estado de Obama, tem sido muito suave com Ruanda, que é um aliado próximo dos Estados Unidos e cujo presidente, Paul Kagame, conhece Rice há anos. Os ativistas a acusam de atenuar as palavras em uma resolução do Conselho de Segurança que teria mencionado as ligações de Ruanda com os rebeldes do M23. Também dizem que ela tentou bloquear a publicação de parte de um relatório [da ONU] que detalhou o apoio encoberto de Ruanda ao M23”.
 
É provável que a administração Obama entre em ação assim que seus aliados do M23 completem seus objetivos militares de mudança de regime político e reabram as riquezas do Congo para que corporações norte-americanas possam lucrar com elas. Há atualmente algumas conversas ocorrendo no fantoche norte-americano Uganda entre o M23 e o governo do Congo. É improvável que essas conversas produzam algum resultado, a menos que Kabila renuncie e permita que o M23 e seus apoiadores ruandeses assumam o país. O M23 sabe que esta é uma excelente posição para negociação, dado o silêncio da ONU e do governo dos Estados Unidos.
 
Se a guerra prosseguir, espere por mais silêncio internacional. Espere também por mais massacres e limpeza étnica, e espere que as pessoas do Congo, ainda em recuperação, sejam jogadas novamente em massivos campos de refugiados, nos quais elas podem novamente esperar por assassinatos patrocinados por milícias, estupro, fome, e as várias barbaridades que têm acompanhado essa guerra especialmente brutal – uma brutalidade que cresce mais ferozmente em ambientes de silêncio.
 
Shamus Cooke é assistente social, sindicalista, e escreve para o Workers Action (www.workerscompass.org). Ele pode ser contactado pelo e-mail shamuscooke@gmail.com .
 
Leia mais
 

Brasil: A SANTÍSSIMA TRINDADE DA “MATRIX”

 


Lula Miranda – Brasil 247, opinião
 
Bem sei que os estimados leitores já estão "pelas tampas" com essa história da AP 470, não aguentam mais ler ou ouvir falar desse assunto, e que a "Matrix" já ordenou "virar a página" com relação a esse triste episódio da nossa história política e jurídica, mas... O tempo passa e os fatos nos provam que a história não é exatamente aquela que nos contaram, com alarde irresponsável e criminoso, a grande imprensa e os ministros da Suprema Corte.
 
Por que volto a esse assunto novamente, se ninguém mais tolera ler sobre isso? É que a "Matrix" soluçou mais uma vez. E mais uma. E eu me senti na obrigação de lhes avisar e mostrar, novamente, que é para ver se vocês percebem, de uma vez por todas, que a "Matrix" de fato existe. Vocês perceberam mais esse soluço? Não?!
 
Alguém precisa dar um susto na "Matrix".
 
Relembro aqui toda essa história. Na semana passada, foram publicadas em sites da blogosfera ao menos duas entrevistas com o eminente jurista Celso Bandeira de Mello. Nessas entrevistas esse grande mestre do Direito disse, dentre outras coisas interessantes, que o julgamento da AP 470 teria sido apenas um "soluço" na história do Supremo e que achava "(...)muito ruim [o Supremo] decidir de acordo com a imprensa" e, disse ainda, "(...) nem sei se o mensalão existe. Porque houve evidentemente um conluio da imprensa para tentar derrubar o presidente Lula na época".
 
Em seguida, publiquei um artigo no Brasil 247 intitulado "AP 470: o soluço da Matrix", em que afirmava que em verdade a AP 470 foi um soluço que comprovava a existência da "Matrix". E que a "Matrix" nada mais é do que o código (a)moral de conduta que dá os parâmetros, as regras para o exercício do jogo do poder. Código este escrito pelos chamados "donos do poder", também conhecidos como "o pessoal da fábrica" nas metáforas que (re)definem esse nosso manicômio geral. E que o que está em jogo é o poder, e que esse jogo é por demais pesado, não aceitando ingênuos e bem-intencionados em sua "banca". Essa é a minha teoria. É sobre ela que volto a falar aqui.
 
Como disse, a "Matrix" soluçou novamente. Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, o ministro do Supremo Luiz Fux revelou diversos detalhes dos bastidores da sua carreira de ministro que revelam a hipocrisia da Matriz [sic]. Fux, para quem não lembra ou não viu a curiosa cena, é aquele mesmo ministro do STF que com seu jeitão de carioca, e um tanto empertigado e visivelmente sem graça, tocou guitarra e cantou (?!) música do Tim Maia na festa da posse do ínclito ministro Joaquim Barbosa.
 
Fux disse na entrevista, dentre outras coisas, que tinha feito lobby pela sua indicação ao STF junto a José Dirceu e a João Paulo Cunha [ambos à época réus na AP 470, que o candidato a ministro viria a julgar futuramente] e supostamente teria dito a petistas que "matava no peito" a tal AP. "Matar no peito" é coisa de craque, significa dominar a bola, com maestria e habilidade, na caixa torácica. Ao dizer isso pretendia, ao que parece, agradar aos petistas, tranquilizá-los e assim ganhar a aprovação destes à sua indicação. "Players", como juízes e ministros do Supremo e de outras instâncias, são pretensos "craques" e zelosos serviçais da "Matrix". Por isso e para isso, inclusive, são muito bem remunerados e têm direitos a certas regalias e mordomias.
 
Então vocês não perceberam de novo. A "Matrix" soluçou mais uma vez. Vejam! O sistema está expondo suas pútridas entranhas. A "Matrix" existe! Repito: é tudo uma grande hipocrisia e farsa para expurgar alguns indesejáveis do jogo político. Passado esse episódio, depois que os petistas forem expurgados, e tiverem servido como boi de piranha, tudo voltará a funcionar exatamente como antes no jogo político. Aí toda a boiada poderá prosseguir passando incólume, como sempre passou.
 
E lhes digo mais: algum "acordo de cavalheiros" foi quebrado para que esses soluços tenham vindo à tona. Há algo de errado no "programa". Sim, pois a "Matrix" assegura o pleno funcionamento de seus programas na base dos acordos, pactos e "acochambramentos". Lembram a tal Carta ao Povo Brasileiro, redigida e revisada por publicitários e marqueteiros ilustrados? Foi em verdade um acordo feito entre os petistas e o pessoal da Matrix. Dizem que aquilo foi um pacto escrito e negociado com os banqueiros, com os grandes industriais e o pessoal da mídia grande. Sim, agora você parece ter se dado conta, essa é a santíssima trindade da "Matrix".
Parece que o presidente do PT, Rui Falcão, resolveu, de modo audaz, engrossar as fileiras dos que lutam para derrotar a "Matrix" e falou recentemente no RJ em reforma política, em reforma do Estado e disse que a mídia "oligopolizada" é que faz oposição e não exatamente os partidos políticos. Se for verdade, que o PT vai assumir de uma vez essa lula, devemos todos louvá-la e nos juntar às suas fileiras – pois o combate será renhido. Cuidado, Falcão, pois a "Matrix" costuma "eliminar" do jogo político aqueles que vão contra os seus ditames e interesses.
 
* Lula Miranda é poeta, cronista e economista. Publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa e Fazendo Média
 

UMA LUTA VITORIOSA

 


Rui Martins, Berna - Direto da Redação
 
Berna (Suiça) - O caso Battisti é hoje um livro, lançado em São Paulo, pelo autor Carlos Lungarzo. A luta em favor de Battisti começou aqui no Direto da Redação. Nestes anos, o Direto da Redação se transformou para mim numa tribuna, cujas ressonâncias vão bem além de Miami e de seus leitores no Brasil, graças à mídia alternativa e ao Correio do Brasil que republicam e fazem circular entre milhares de brasileiros.
 
Duas lutas, vitoriosas depois de alguns anos, tiveram grande destaque aqui no Direto da Redação, a primeira e que assinalou minha entrada no Direto, foi a dos Brasileirinhos Apátridas, restituindo a nacionalidade brasileira nata aos filhos dos nossos emigrantes nascidos no Exterior e transformada na Emenda Constitucional 54/07, graças a milhares de emigrantes e não emigrantes, portadores da mensagem ao governo e a parlamentares, como Lúcio Alcântara, Carlito Merss e Rita Camata.
 
A segunda foi nosso combate pela não extradição do italiano Cesare Battisti, preso no Rio de Janeiro, acusado, sem provas, de ter cometido crimes na Itália, fazia mais de 30 anos, como participante de um grupo extremista de esquerda. Meu primeiro artigo saiu aqui no Direto, em março, uma semana depois da prisão de Battisti e nele procurei informar meus companheiros de esquerda do risco do Brasil cometer uma injustiça - devolver Battisti à Itália e ao governo neofascista de Berlusconi.
 
Nesse momento, para mim tudo parecia clara o suficiente, a necessidade de todos nós nos unirmos em favor de Battisti. Sem dúvida, logo haveria companheiros no Brasil empenhados em salvar Battisti. Três meses depois, em visita a familiares no Brasil, fui informado pelo amigo Aparecido Araújo (um ativo militante da mídia alternativa) ter sido publicado um artigo na revista Carta Capital, pela extradição de Battisti.
 
Ora, a Carta Capital goza do prestígio de ser uma revista de esquerda ou centro-esquerda e Battisti seria sem dúvida extraditado, pois não só Lula como seus ministros, o PT e a esquerda em geral seguiriam a interpretação da revista de Mino Carta. Não havia outra alternativa senão a de arregaçar as mangas e comprar a briga contra a Carta Capital e de enfrentar Mino, tarefa nada fácil visto o porte do jornalista do qual eu mesmo tinha sido admirador pela coragem demonstrada nos anos da ditadura militar.
 
Felizmente, surgiram logo após minha carta ao Mino (publicada aqui no Direto e no blog do Mino) dois grandes apoios - o do ex-participante da resistência armada à ditadura militar, Celso Lungaretti, e do professor universitario e também jurista Carlos Lungarzo. Foi quando a escritora francesa Fred Vargas foi ao Brasil contratar advogado e encontrar autoridades e políticos em favor de Battisti. Eduardo Suplicy, Fernando Gabeira, Dalmo Dallari eram contra a extradição, porém eram poucos nomes isolados.
 
Quando Luiz Paulo Barreto, do Conare, votou contra Battisti, sentimos que o pior poderia acontecer. Felizmente, o então ministro da Justiça, Tarso Genro, anulou, imaginávamos, a decisão do Conare, concedendo asilo a Battisti.
 
Battisti deveria ser libertado naqueles dias, mas o então presidente do STF, Gilmar Mendes, se negou a conceder a liberdade a Battisti, contestou a decisão do ministro Genro, e quis transformar a questão da extradição de Battisti num debate político e numa primeira tentativa do STF de ultrapassar seus poderes e, além de ignorar a decisão do ministro da Justiça, decidir pela extradição, retirando do presidente Lula essa prerrogativa.
 
Foram dois longos anos, nos quais Battisti ficou preso, e podemos dizer, preso ilegalmente. Chamado ao outro front, o dos emigrantes, deixei a luta para Celso Lungaretti e Carlos Lungarzo, mesmo porque ela assumia feições jurídicas e já mobilizava muitos companheiros de esquerda.
 
Nesta quinta-feira, 6 de dezembro, Carlos Lungarzo lançará em São Paulo, o livro de sua autoria Os Cenários Ocultos do Caso Battisti, pela editora Geração Editorial, do amigo Luiz Fernando Emediato. Ali estarão, na livraria Cultura, no Shopping Bourbon, na Pompéia, a partir das 19h00, o incansável combatente Celso Lungaretti, e o próprio Cesare Battisti, que eu mesmo não conheço pessoalmente.
 
Convido a todos vocês, moradores em São Paulo, para ali comparecerem, conhecerem Carlos Lungarzo e saberem porque havia tanta gente interessada, inclusive ministros do STF, em perseguir e extraditar Cesare Battisti. E porque o ex-presidente Lula, no seu último dia de governo, decidiu dar residência no Brasil a Battisti.
 
Foi a vitória contra o linchamento de um homem, como diz Lungaretti.
 
Infelizmente, aqui longe não poderei estar presente com meus companheiros mas estarei pensando nessa grande vitória de alguns contra poderosas máquinas do poder.
 
* Jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura, é líder emigrante, membro eleito do Conselho Provisório e do atual Conselho de emigrantes (CRBE) junto ao Itamaraty. Criou os movimentos Brasileirinhos Apátridas e Estado dos Emigrantes, vive em Berna, na Suíça. Escreveu o livro Dinheiro Sujo da Corrupção sobre as contas suíças secretas de Maluf. Colabora com o Expresso, de Lisboa, Correio do Brasil e agência BrPress
 

BRASIL MELHORA EM RANKING DE PERCEPÇÃO DE CORRUPÇÃO

 

Deutsche Welle
 
País subiu quatro posições em índice da ONG Transparência Internacional. Dinamarca, Finlândia e Nova Zelândia lideram lista. Pontuação fraca da maioria dos países indica "sério problema de corrupção" no mundo.
 
O Brasil ocupa o 69º lugar entre 176 países no Índice de Percepção de Corrupção de 2012, divulgado nesta quarta-feira (05/12), em Berlim, pela ONG Transparência Internacional (TI). O país subiu quatro posições em relação ao ranking do ano passado, quando ocupava a 73ª posição, e repetiu o desempenho de 2010. Em uma escala que vai de zero (percepção de alta corrupção) a cem (percepção de alta integridade), o Brasil ficou com 43 pontos.
 
A TI observa que enquanto nenhum país obteve a pontuação máxima, dois terços dos países têm menos de 50 pontos, indicando um "sério problema de corrupção" no mundo.
 
Os melhores colocados foram Dinamarca, Finlândia e Nova Zelanda, empatados no topo da lista. Segundo a TI, a boa colocação dos três países se deve principalmente ao fácil acesso a informações e às regras claras para funcionários públicos.
 
O índice é elaborado anualmente com base em sondagens e avaliações de diversas instituições a respeito de como a corrupção no setor público é percebida em cada país.
 
Entre os chamados Brics, Brasil e África do Sul ficaram empatados na melhor colocação do grupo, seguidos de China (80° lugar), Índia (94°) e Rússia (133°). Segundo a ONG alemã, "há um reconhecimento público mais forte no mundo inteiro, incluindo as economias emergentes dos grupo Bric, como China e Brasil, dos custos da corrupção, além de uma crescente recusa em aceitá-la como fato inevitável".
 
"Rússia deve dar exemplo"
 
A Rússia subiu 10 posições em relação ao ano passado, mas a entidade ressaltou que as novas restrições de Moscou em relação às organizações não governamentais dificultam o monitoramento da corrupção no país. "A Rússia, que assumirá a presidência rotativa do G20 (em 2013), deve tentar dar exemplo", criticou o diretor-executivo da TI, Cobus de Swardt.
 
Já a China caiu cinco posições, mas Swardt ponderou que Pequim vem demonstrando maior consciência dos perigos de ignorar a corrupção, incluindo aquela particada por companhias chinesas operando no país e no exterior.
 
Boa parte da América Latina ficou abaixo da média do ranking da TI, apesar da aceleração econômica observada na região durante a última década, a qual ajudou a reduzir o nível de pobreza. Paraguai (150) e Venezuela (165) têm o mais alto nível de percepção da corrupção na região, não muito longe de Somália, Coreia do Norte e Afeganistão, empatados em último. Chile e Uruguai, ambos na posição de número 20, são os países latino-americanos de melhor colocação.
 
Alerta para União Europeia
 
Os países mais atingidos pela crise na zona do euro também decepcionaram. A Grécia é a pior colocada entre os 27 países da União Europeia (UE), ficando na 94ª posição. A Itália ficou no lugar de número 72. "Os resultados da pesquisa devem ser um sinal de alerta para a UE exigir mais informações e prestação de contas de seus Estados membros ", disse a analista da TI para Europa, Jana Mittermaier, acrescentando que isso deve se aplicar também aos atuais esforços para estabelecer uma supervisão bancária europeia.
 
Outros europeus atingidos pela crise, como Espanha (30º) e Portugal (33º), conseguiram pontuações melhores. A Alemanha ficou na 13ª colocação, melhorando uma posição em relação a ano passado. Segundo a TI, para melhorar seu posicionamento, a Alemanha deve dar mais transparência aos rendimentos de políticos, criando uma legislação que obrigue parlamentares a revelar rendas provenientes de atividades paralelas.
 
MD/rtr/afp/dpa - Revisão: Francis França
 

Alemanha: Merkel é reeleita líder de seu partido com esmagadora maioria

 

 
No congresso da União Democrata Cristã, só deu Angela Merkel. Ela foi eleita pela sétima vez presidente do partido. E com um resultado dos sonhos: 97,94% dos votos.
 
Seu comportamento na convenção partidária da União Democrata Cristã (CDU), realizada nesta terça-feira (04/12) em Hannover, foi objetivo, sóbrio, quase frio. Apenas raramente Merkel deixou transparecer paixão durante seu discurso de uma hora. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, há 12 anos presidente da CDU, não corresponde ao estereótipo de uma grande estrela.
 
Ela não caminha majestosamente pelas fileiras de delegados partidários, sua entrada não é acompanhada por música, seu discurso não é interrompido por aplausos entusiasmados. E quando foi ovacionada pelos cerca de mil delegados no final de seu discurso, Merkel parecia mais envergonhada que feliz.
 
Pacientemente, ela esperou o fim dos aplausos de cerca de oito minutos, que após os seis minutos na última convenção foram simplesmente uma obrigação. Ela acenou para o plenário e estendeu as mãos juntas para o ar como um gesto de saudação.
 
Indiscutível à frente do partido
 
Na convenção partidária, cujo objetivo foi preparar a CDU para o ano eleitoral que se anuncia, a chanceler federal alemã – intitulada pela mídia internacional como a mulher mais poderosa da Europa – se comportou de maneira quieta e pensativa, seca e quase apática. Quem quiser encontrar temperamento e carisma em Merkel, vai procurar em vão. E mesmo assim ela é a estrela indiscutível do seu partido.
 
Os delegados gostam de sua forma de fazer política. "Eu acho que ela foi incrível", disse a deputada berlinense Stefanie Vogelsang. "Espera-se sempre um tom mais agressivo na campanha eleitoral, que os adversários políticos sejam mais fortemente criticados. Mas ela não precisa disso. Eu adoro a forma como ela faz política: despretensiosa e centrada nas questões práticas."
 
Um delegado do estado da Renânia-Palatinado elogiou o discurso temático de Merkel. Assim, ela conseguiu levar o partido para a campanha eleitoral do próximo ano, afirmou. Com a chanceler federal na liderança e com a popular líder da bancada estadual da CDU na Renânia-Palatinado, Julia Klöckner, a política diverte, disse ele alegremente.
 
Apoio para Klöckner e McAllister
 
Julia Klöckner é a estrela ascendente da CDU. Atraente, charmosa e autoconfiante, ela apareceu em frente às câmeras na convenção, deu entrevistas e respondeu a perguntas. Em seu Estado, ela pretende levar novamente a CDU ao governo e conseguiu dar vida nova ao partido, enfraquecido pelas lutas de poder. Em Hannover, ela foi eleita vice-presidente da CDU.
 
Além de Klöckner, David McAllister também angariou a simpatia dos delegados presentes no pavilhão de número 13 da Feira de Hannover. O governador do estado da Baixa Saxônia, de origem escocesa, irá concorrer em janeiro à eleição estadual. Seu discurso combativo foi recebido com entusiasmo na convenção partidária. Os delegados de seu estado levantaram cartazes com os letreiros "Eu sou Mc".
 
Sucessores de Merkel?
 
McAllister e Klöckner, as governadoras Annegret Kramp-Karrenbauer, do Sarre, e Christine Lieberknecht, da Turíngia, ou a ministra alemã do Trabalho, Ursula von der Leyen – todos poderiam ser considerados como possíveis sucessores de Merkel. Mas não se falou de sucessão na convenção da CDU em Hannover.
 
Merkel reina incontestavelmente sobre a CDU. Ela é o programa do partido, a timoneira "com uma firme bússola de valores no pesado mar tempestuoso", como ela mesma descreve seu papel. Ela aposta na continuidade e promete dar seguimento à coalizão com o Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão).
 
No entanto, os parceiros de coalizão ainda devem se esforçar para sobreviver às eleições de setembro próximo, disse Merkel. Segundo a chanceler federal, a coalizão entre conservadores e liberais é o governo mais bem-sucedido desde a reunificação da Alemanha.
 
Ele guiou o país durante a crise econômica, reduziu o desemprego para o nível mais baixo dos últimos anos e levou mais pessoas ao mercado de trabalho do que nunca. Apesar disso, a crise financeira ainda não foi superada na Europa, advertiu a chefe alemã de governo.
 
Com resultado de sonhos rumo ao ano eleitoral de 2013
 
Mas a CDU acredita na superação da crise financeira por parte de sua presidente. Merkel foi reeleita pelos delegados com esmagadores 97,94%. Quando subiu à tribuna sob o júbilo de seu partido para agradecer a confiança, ela parecia aliviada e até um pouco contente.
 
Com um sorriso aberto e dois grandes buquês de flores no braço, ela disse estar pasma com o resultado. E, então, novamente bastante sóbria e diligente, acrescentou com vista ao ano eleitoral de 2013: "Vamos arregaçar as mangas. Nós temos muito trabalho pela frente."
 
Autora: Bettina Marx (ca) - Revisão: Francis França
 

Mais lidas da semana