terça-feira, 16 de abril de 2013

Investimento na Educação abaixo de 4% do PIB coloca Portugal ao nível da Indonésia - CNE




IMA – GC - Lusa

Lisboa, 16 abr (Lusa) -- A presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE) disse hoje no parlamento que reduzir o investimento público na Educação abaixo de 4% do Produto Interno Bruto (PIB), "é colocar Portugal ao nível da Indonésia".

Ana Maria Bettencourt esteve hoje na Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República, acompanhada de outros conselheiros do órgão a que preside, para apresentar aos deputados as conclusões do relatório "Estado da Educação 2012 -- Autonomia e Descentralização", divulgado na passada semana.

Sublinhando perante os deputados que as contas relativas ao investimento na Educação são difíceis de fazer, porque à redução percentual em relação ao PIB é preciso também ter em conta a diminuição que o PIB tem sofrido nos últimos anos, Ana Maria Bettencourt defendeu que "este é o momento de olharmos para o futuro das crianças e defender aquilo que já ganhámos".

À saída da sua audição pela comissão parlamentar, que aconteceu um dia antes da reunião Conselho de Ministros na qual devem ser discutidas as medidas que estão a ser negociadas de com a troika para compensar as que foram chumbadas pelo Tribunal Constitucional, a presidente do CNE disse acreditar que "as pessoas percebem que o futuro passa pela educação", e frisou que "estamos a comprometer o futuro se baixarmos muito o investimento".

"Tendo em conta os resultados e o caminho muito bom que temos vindo a fazer penso que se quisermos estar ao nível dos países europeus tem que haver alguma estabilidade ao nível do investimento", declarou a presidente do CNE.

Para Ana Maria Bettencourt há "dois extremos" intocáveis na manutenção do investimento: a escolaridade obrigatória e os apoios para reduzir repetências e abandono escolar, e o desenvolvimento da educação de adultos, sendo que este último ponto está a ser acompanhado pelo CNE, que deverá emitir em breve uma recomendação sobre o assunto.

Ainda sobre financiamento, a presidente do CNE defendeu perante os deputados que "há limites para a dimensão das turmas", até porque há constatações de que há turmas de tal forma grandes que não cabem nas salas de aula, e, continuou, ainda que perceba que a crise obriga a racionalizações, Ana Maria Bettencourt realçou que "há coisas que é preciso ver".

A responsável defendeu ainda que o momento de crise deve ser encarado como uma oportunidade, sobretudo no que diz respeito à qualificação dos adultos, afirmando-se preocupada com o facto de haver muitos adultos jovens com níveis de escolarização muito baixa.

"Hoje há tendência para se achar que, como há mais desemprego, então, não vale a pena estudar. É preciso convencer as pessoas de que mais qualificações é mais emprego, os estudos apontam para aí. Valia a pena apostar nas pessoas que estão em casa, desempregadas", disse.

QUEM SE LIXA É O MEXILHÃO - NOS EUA, NO IRAQUE, NO AFEGANISTÃO...



António Veríssimo

O terrorismo fez uma vez mais as suas vítimas, agora em Boston, EUA. Vários mortos e estropiados, centenas de feridos. Gente do povo, o "mexilhão", foram as vítimas. Em Boston foi ontem mas todos os dias a comunicação social nos dá conta da morte de inocentes que entre o povo, o "mexilhão", perde a vida ou fica gravemente ferido, devido a atos terroristas no Iraque, no Afeganistão (países invadidos por tropas dos EUA e de outros países pró-ocidentais). Apesar de serem autênticos atos terroristas, por vezes patrocinados pela ONU, apelidam-nos de danos colaterais... Não, são também atos terroristas.

Exatamente por serem atos que causam a revolta dos povos - do "mexilhão" - é que as políticas e as ações dos EUA são tão odiados. Os EUA, assim, só conseguem ódio e mais ódio. Ódio que dá origem à cegueira e a represálias que vitimam mais inocentes - nessas circunstâncias o povo norte-americano, o "mexilhão". E assim a escalada da violência avança. Se é isto que os diretórios políticos e militares dos EUA desejam devem estar ufanos porque estão a conseguir seus objetivos. E o mexilhão continua a tramar-se, a lixar-se. Melhor dito: esses energúmenos continuam a lixar os povos quase em todo o mundo e a lixar o povo norte-americano. Quando é que esta escalada de violência pára? Quando é que os EUA se convencem que instigam à revolta com as suas políticas e ações também terroristas? E os outros terroristas que levam represálias contra os norte-americanos no seu próprio país quando param?  Quando pára esta espiral de violência? Quando se sentam à mesa de negociações e discutem civilizadamente, sem sofismas, de modo a entenderem-se e respeitarem-se? Quando serão poupadas as vidas dos inocentes? 

Em Boston explodiram bombas que causaram imensas desgraças a simples cidadãos que assistiam a um evento desportivo. Dizem os peritos que o modus operandi indica que as bombas devem ser provenientes de terrorismo doméstico. Que serão norte-americanos que assassinam e ferem norte-americanos. É na mesma terrorismo. Afinal igual ao ordenado pela Casa Branca, pela Alkaeda ou por outros bandos que transbordam de cobardia e desprezo pela vida a que todos nós temos direito.

Para agravar todo este terrifico e inadmissível panorama vimos os EUA com uma enorme cultura de armas letais que só falta serem vendidas em supermercados como a Coca-Cola. Por consequência vamos assistindo a atos tresloucados de norte-americanos que em grupo ou individualmente entram em escolas ou onde melhor aprovam e chacinam crianças, adolescentes, homens, mulheres... Quem lhes aparecer à frente. Terrorismo doméstico, sem dúvida.

A cultura dos EUA atualmente é de provocar a escalada da violência. Fora e dentro do país. Mais que nunca. Os seus próprios cidadãos, mesmo que não ao serviço da Casa Branca já perderam o fio à meada sobre o valor da vida, da liberdade, da democracia e da paz. O sonho americano é defunto e deu lugar à selvajaria, à loucura, à revolta de injustiças praticadas dentro e fora dos EUA. Quase por todo o mundo. Por tudo isso quem se lixa é o mexilhão.

Fiquemos à espera que homens de bem acordem e nos retirem (à população mundial) deste terrível pesadelo. A esperança é sempre a última a morrer. A essa ninguém a assassina ou estropia porque não tem corpo, não é matéria, é somente um sentimento, um sonho que queremos ver e sentir realidade. E quando sonhamos o mundo pula e avança, tal qual diz o poeta. Avancemos para a paz e pelo respeito aos povos, ao mexilhão.

PROTESTOS NO KUAIT EXPÕEM HIPOCRISIA DO OCIDENTE




Antonio Martins – Outras Palavras, em Blog da Redação

Milhares nas ruas revivem Primavera Árabe, após condenação de oposicionista por criticar monarquia e reivindicar reformas. Governo é grande aliado nos EUA, em região estratégica

Um novo eco da Primavera Árabe foi ouvido ontem (15/4) em Kuait City, capital de um dos emirados mais despóticos do Oriente Médio. Milhares de pessoas manifestaram-secontra decisão judicial que condenou a cinco anos de cadeia o líder oposicionista e ex-deputado Mussallam al-Barrak. 

As circunstâncias da condenação são grotescas. Al-Barrak foi encarcerado (sem direito a recorrer em liberdade) pelo fato de ter advertido o emir Sabah al-Ahmad al-Sabah, monarca do Kuait, a evitar um governo ditatorial, durante uma manifestação em outubro. O objetivo do ato era pedir reforma na legislação eleitoral, criada para manter o país sob domínio permanente da dinastia real.

Segundo o New York Times, tanto Kuait quanto Arábia Saudita, dois aliados muito próximos dos EUA no Oriente Médio, estão aprisionando grande número de oposicionistas nos últimos seis meses meses, por “delitos” de opinião. As monarquias parecem amedrontadas pelo aumento da dissidência, e reagem com repressão. A Ong internacional Human Rights Watch relatou diversas condenações de ativistas, simplesmente por posts publicados em seus blogs ou mesmo no Twitter. Mas a condição de apoiador da política externa norte-americana tem poupado o emir de pressões e sanções internacionais como as que atingem outro regime ditatorial da região: o da Síria.

"Não comerei até que devolvam minha dignidade", diz preso de Guantánamo




Dodô Calixto – Opera Mundi

Em fim de semana marcado por violência, polícia entra em confronto com detentos em greve de fome

O fim de semana foi marcado por violência e apreensão frente à greve de fome adotada por um grupo de detentos na prisão norte-americana de Guantánamo, em Cuba.

Os abusos policiais somados às más condições sociais em que vivem os presos resultaram em um confronto no último sábado (15/04). Segundo informações do Pentágono, militares norte-americanos dispararam armas de efeito moral contras os prisioneiros.

O objetivo da ação policial era isolar do convívio comum os que se encontravam em greve de fome, para colocá-los em celas solitárias. A medida, e também a forma agressiva como os militares abordaram os detentos, já fragilizados pela fome, causaram repúdio entre os demais detentos, que partiram para o confronto com os norte-americanos.

A edição desta segunda-feira (15) do jornal The New York Times desta segunda-feira (15/04) publicou um relato dramático de um dos detentos. 

O fim de semana foi marcado por violência e apreensão frente à greve de fome adotada por um grupo de detentos na prisão norte-americana de Guantánamo, em Cuba.

Os abusos policiais somados às más condições sociais em que vivem os presos resultaram em um confronto no último sábado (15/04). Segundo informações do Pentágono, militares norte-americanos dispararam armas de efeito moral contras os prisioneiros.

O objetivo da ação policial era isolar do convívio comum os que se encontravam em greve de fome, para colocá-los em celas solitárias. A medida, e também a forma agressiva como os militares abordaram os detentos, já fragilizados pela fome, causaram repúdio entre os demais detentos, que partiram para o confronto com os norte-americanos.

A edição desta segunda-feira (15) do jornal The New York Times desta segunda-feira (15/04) publicou um relato dramático de um dos detentos. 

“Estou em greve de fome desde o dia 10 de fevereiro e perdi cerca de 15 quilos. Não vou comer até que devolvam minha dignidade. Estou em Guantánamo por 11 anos e três meses e nunca fui julgado ou acusado por nenhum crime. Disseram que eu era um guarda de Osama bin Laden. E apenas isso”, afirma um detento de 35 anos que foi preso no Afeganistão por suspeita ligação com os ataques de 11 de setembro.

Segundo o relato, oficiais norte-americanos amarram os detentos em camas dentro da prisão e injetaram soro fisiológico à força. “Fiquei amarrado à cama por 26 horas sem poder ir ao banheiro. Me colocaram um catéter, que foi doloroso, degradante e desnecessário”, afirmou.

Segundo informações do jornal espanhol El Mundo, os incidentes aconteceram no pavilhão 6 de Guantánamo, local onde 50 dos 130 presos estão locados. Segundo uma fonte do Pentágono que pediu sigilo, 41 detentos estão em greve de fome e 11 desses tem sido alimentados à força com soros.

Muitos deles não se alimentam há mais de dois meses em protesto contra os abusos praticados pelos militares. A informação partiu de advogados dos prisioneiros, que alertam para a precariedade da saúde deles, classificada de "extremamente grave". 

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EUA: ATAQUE EM BOSTON “PARECE-SE MAIS COM ATLANTA OU OKLAOMA”




Público

Antigo perito da comissão de inquérito aos atentados do 11 de Setembro sublinha que são apenas "especulações", mas nota semelhanças, principalmente com o ataque perpetrado por Eric Robert Rudolph nos Jogos Olímpicos de 1996.

Os norte-americanos continuam à procura de respostas para o que aconteceu na segunda-feira em Boston. As perguntas que são feitas com mais frequência nas televisões, nos jornais, nas redes sociais, resumem-se a duas palavras: "quem” e “porquê". As mesma perguntas que foram feitas há quase 17 anos, quando uma bomba explodiu durante os Jogos Olímpicos de Atlanta. Dessa vez, o rosto e o motivo estavam bem dentro da América.

Os Jogos Olímpicos de Atlanta entravam na última semana e os eventos que decorriam fora do estádio ajudavam a reunir o maior número de visitantes possível em locais como o parque Centennial, construído de propósito para receber o maior evento desportivo do mundo. Na noite de 26 para 27 de Julho de 1996, milhares de pessoas assistiam a um concerto de uma banda de rock, que acabaria por ser tragicamente interrompido pela explosão de uma bomba artesanal colocada debaixo de um banco. Duas pessoas morreram – uma devido aos ferimentos provocados pelos estilhaços e outra de ataque cardíaco – e 111 ficaram feridas.

Tal com as bombas usadas no ataque em Boston, também o engenho preparado para deflagrar em Atlanta era de fabrico artesanal e estava rodeada de pregos.

Depois de uma longa investigação, as autoridades acabariam por deter Eric Robert Rudolph, um jovem norte-americano (tinha 29 anos quando colocou a bomba em Atlanta), que agiu motivado pelo ódio aos defensores do aborto e dos direitos dos homossexuais.

Rudolph só seria detido sete anos depois, em 2003, e ouviu a sentença em 2005: cinco penas de prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional. Para além do ataque nos Jogos de Atlanta, Rudolph foi responsável por três outros ataques à bomba. Em 1997, fez explodir engenhos numa clínica de aborto e num bar de lésbicas, também em Atlanta. Um ano depois, o alvo foi outra clínica de aborto, em Birmingham, no estado do Alabama. Ao todo, os ataques provocaram quatro mortos e 117 feridos.

Eric Robert Rudolph deu-se como culpado – como parte de um acordo para evitar a pena de morte –, mas a sua declaração de culpa, divulgada em Abril de 2005, não passa de uma defesa cerrada dos seus actos.

"Apesar de a concepção e o objectivo do chamado movimento olímpico ser a promoção dos valores do socialismo global, como fica perfeitamente expresso na canção 'Imagine', de John Lennon, que foi o tema dos Jogos de 1996 – apesar de o propósito dos Jogos Olímpicos ser a promoção destes ideais desprezíveis, o objectivo do ataque de 27 de Julho era confundir, enfurecer e embaraçar o Governo de Washington perante o mundo, pela sua aprovação abominável do aborto a pedido", escreveu Rudolph.

Quase 17 anos depois, há quem encontre semelhanças entre o ataque em Boston e o ataque em Atlanta. Richard Ben-Veniste, antigo perito da comissão que investigou os ataques de 11 de Setembro de 2001, sublinha que são apenas "especulações", mas não deixa de notar as parecenças: "Com base no que tem sido tornado público, e alertando que estou apenas a especular, isto parece-se mais com os ataques nos Jogos Olímpicos de Atlanta ou em Oklahoma [ambos perpetrados por norte-americanos]", disse o perito, em declarações ao Huffington Post.

Seja quem for o culpado – ou os culpados –, o especialista não tem dúvidas de que as autoridades vão chegar à verdade: "Desde o 11 de Setembro, temos recomendado um foco na partilha de informação, por isso todas as partes envolvidas – o FBI, o Departamento de Justiça, a polícia local e outras – vão partilhar informação para descobrir quem fez isto. Quem quer que seja responsável por este acto de selvajaria vai acabar por ser apanhado."

Obama: OS ESTADOS UNIDOS RECUSAM SER ATERRORIZADOS




MARISA SOARES e RITA SIZA  - Público

O FBI admite estar à procura de ligações terroristas às explosões de segunda-feira. As investigações vão passar a uma "escala global". Foram usadas bombas artesanais, carregadas de estilhaços de metal, que obrigaram a muitas amputações. Um dos três mortos era um rapaz de oito anos. Boston reforçou a segurança, mas a cidade vai manter-se aberta. Barack Obama prometeu encontrar e punir os responsáveis.

O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, insistiu que as autoridades do seu país vão encontrar os responsáveis pelos actos terroristas em Boston e prometeu justiça para as vítimas das explosões junto à meta da maratona da cidade.

“Saibam isto: os cidadãos americanos recusam ser aterrorizados”, declarou na tarde desta terça-feira, desafiando os autores do ataque.

Obama fez uma curta declaração ao país depois de reunir com os responsáveis pelas investigações. As suas primeiras palavras foram de conforto para as vítimas e de respeito para todos aqueles que se comportaram com “heroísmo” perante circunstâncias inimagináveis. “Os maratonistas que continuaram a correr até aos hospitais para dar sangue, as pessoas que rasgaram as suas roupas para fazer torniquetes e assistir os feridos”, enumerou.

Depois, o Presidente salientou que a investigação está em curso e pediu a colaboração para os esforços das autoridades.

“Para já o que sabemos é que foram detonadas duas bombas e que dessas explosões resultaram danos muito consideráveis. Mas não sabemos quem são os responsáveis, se foi o acto de uma organização terrorista, doméstica ou internacional, ou se foi obra de um ou mais indivíduos perturbados. E também não sabemos as razões que estão por detrás destes actos terroristas”, resumiu Barack Obama.

Investigação à escala global

Depois de socorrer as vítimas, a polícia norte-americana procura agora os responsáveis pelas duas explosões junto à linha da meta da maratona de Boston, que na segunda-feira provocaram três mortos e pelo menos 176 feridos, dos quais 17 em estado crítico, segundo o balanço feito nesta terça-feira . O FBI admite estar à procura de ligações terroristas, e já chamou a CIA a participar na investigação.

"Não há ameaças adicionais conhecidas" em Boston, afirmou Richard DesLauriers, agente especial do FBI, a polícia federal norte-americana, na mais recente conferência de imprensa sobre o ataque de segunda-feira. 

DesLauriers confirmou que não foram encontrados mais engenhos explosivos, além dos dois que explodiram, uma informação repetida pelo governador de Massachusetts, Deval Patrick. "É importante clarificar que dois, e apenas dois, engenhos explosivos foram encontrados ontem [segunda-feira]". As primeiras informações davam conta que outros engenhos tinham sido encontrados pela cidade, um dado agora desmentido pelas autoridades.

O agente sublinhou que o FBI não recebeu qualquer informação sobre possíveis ameaças antes da maratona, reforçando que não foi detectada, entretanto, "qualquer ameaça iminente". As investigações não vão ser apenas internas, "vão ser a uma escala global", anunciou Richard DesLauriers. "Vamos até ao fim do mundo para identificar quem é ou são os responsáveis por este crime", garantiu.

Taliban dizem não estar envolvidos

Até ao momento, nenhum indivíduo ou organização reivindicou a autoria do ataque. As fontes citadas pelas agências internacionais dizem que os investigadores estão a trabalhar com base em duas teorias: de que o ataque poderá ter partido de grupos de extrema-direita que se têm revelado particularmente activos em protestos contra o pagamento de impostos ou a intervenção do Governo federal; ou então poderá ter sido levado a cabo por militantes islamistas com acesso aos manuais de fabrico de bombas disponibilizados por organizações como a Al-Qaeda para a Península Árabe.


O porta-voz dos taliban do Paquistão, Ahsanullah Ahsan, garantiu que a sua organização não teve qualquer envolvimento com as explosões durante a maratona de Boston. Os taliban ameaçam frequentemente retaliar contra os Estados Unidos por causa do seu apoio ao Governo de Islamabad. Mas num telefonema com a Associated Press, a partir de um local não identificado, aquele dirigente quis deixar claro que os taliban não tiveram nenhuma responsabilidade nem participaram no ataque de segunda-feira.

Também a Irmandade Muçulmana do Egipto fez questão de se demarcar dos acontecimentos de Boston: num comunicado divulgado esta terça-feira, a Irmandade condenou o atentado e endossou condolências às famílias das vítimas e aos Estados Unidos. Sublinhando que a lei islâmica “rejeita firmemente qualquer ataque contra civis, não aceita que se aterrorizem pessoas com base na religião, raça ou género”, os membros da Irmandade Muçulmana manifestaram a sua “solidariedade” com os esforços da comunidade internacional para garantir que estes crimes “nunca mais se repitam”.

FBI sem suspeitas

O comissário da polícia de Boston confirmou, por sua vez, que ninguém ficou detido desde o início das investigações. Apesar de ter sido feita inicialmente uma detenção pela polícia local, o FBI continua sem suspeitos nem pistas relativamente à origem e motivações do ataque.


Esta manhã, o FBI tinha afirmado que decorre “uma investigação criminal que é uma investigação a um potencial acto terrorista”. A segurança será reforçada em Boston durante o dia, mas a cidade vai estar “aberta” e a “funcionar”, garantiu o governador do Massachusetts. No entanto, a área envolvente ao local das explosões permanecerá vedada, “provavelmente durante vários dias”.

As explosões, que ocorreram quase em simultâneo às 14h50 locais (19h50 em Lisboa), foram provocadas por “engenhos poderosos”, segundo a polícia. As explosões estão a ser consideradas o pior ataque à bomba em solo americano desde os sucedidos com aviões a 11 de Setembro de 2001.

COREIA DO NORTE REJEITA “DIÁLOGO HUMILHANTE” COM ESTADOS UNIDOS




EJ – MLL - Lusa

A Coreia do Norte declarou hoje que não vai participar num "diálogo humilhante" com os Estados Unidos, acrescentando que as negociações só serão possíveis se Washington abandonar a "política hostil" e as ameaças nucleares.

"Não nos opomos ao diálogo, mas não nos podemos sentar frente-a-frente a uma mesa de diálogo humilhante com a outra parte a fazer ameaças nucleares", disse um porta-voz da diplomacia norte-coreana, numa declaração publicadas pelos 'media' estatais.

"Enquanto os EUA mantiverem uma política hostil e chantagem nuclear (contra a Coreia do Norte), um diálogo sincero só pode ser mantido depois (de o Norte) preparar totalmente a dissuasão nuclear para eliminar a ameaça norte-americana de guerra nuclear", acrescentou.

Esta declaração surgiu um dia depois do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, ter concluído uma deslocação ao nordeste asiático, que se destinava a diminuir a tensão militar na península coreana e levar a China a ajudar a controlar Pyongyang.

Em Tóquio, Kerry afirmou que Washington estava pronto a falar com a Coreia do Norte mas que Pyongyang tinha de dar "passos significativos" para honrar os seus compromissos internacionais.

"Os Estados Unidos continuam abertos a negociações autênticas e credíveis sobre a desnuclearização, mas a responsabilidade é de Pyongyang", acrescentou.

O porta-voz norte-coreano afirmou que as recentes declarações de abertura por parte de responsáveis norte-americanos eram "uma conspiração" para evitar a responsabilidade por fazerem subir a tensão na península coreana, com o único objetivo de eliminar as armas nucleares da Coreia do Norte.

Há várias semanas que Pyongyang insiste numa retórica de guerra e já reiterou a ameaça de que a península coreana se dirigia para uma guerra "termonuclear", aconselhando os estrangeiros a deixarem a Coreia do Sul.

Em fevereiro, a Coreia do Norte realizou o terceiro ensaio nuclear que levou à condenação da comunidade internacional e ao aumento das sanções por parte das Nações Unidas, elevando ainda a tensão na região da península coreana com ameaças de ataques contra os Estados Unidos e Coreia do Sul.

Tecnicamente, as duas Coreias continuam em guerra, uma vez que o conflito de 1950-53 não terminou com a assinatura de um tratado de paz.

Índia: AS SEMENTES DE SUICÍDIO DA MONSANTO




Fotografias de sorridentes e prósperos agricultores na propaganda da Monsanto Índia são uma tentativa desesperada da transnacional e da sua maquinaria de relações públicas para desvincular a epidemia de suicídios de agricultores hindus do crescente controle que a empresa exerce sobre o fornecimento de sementes de algodão (atualmente a Monsanto controla 95% das sementes de algodão da Índia)

Vandana Shiva* - Brasil de Fato 

“A Monsanto é uma empresa agrícola. Aplicamos a inovação e a tecnologia para ajudar os agricultores de todo o mundo a produzir mais conservando mais.”

“Produzir mais e conservar mais melhorando a vida dos agricultores.”

Essas são as promessas que encontramos no site web da Monsanto Índia, acompanhadas por fotografias de sorridentes e prósperos agricultores do estado de Marahashtra. Trata-se de uma tentativa desesperada da Monsanto e da sua maquinaria de relações públicas para desvincular a epidemia de suicídios de agricultores hindus do crescente controle que a empresa exerce sobre o fornecimento de sementes de algodão (atualmente a Monsanto controla 95% das sementes de algodão da Índia). O controle das sementes é o primeiro elo da cadeia alimentar, já que as sementes são a fonte da vida. Quando uma empresa controla as sementes, controla a vida, especialmente a vida dos agricultores.

O concentrado controle que a Monsanto exerce sobre as sementes, tanto na Índia como em todo o mundo é um fato altamente preocupante, e o que conecta entre si os suicídios dos agricultores na Índia, os julgamentos “Monsanto versus Percy Shmeiser” no Canadá e “Monsanto versus Bowman”, nos EUA, e a ação no valor de 2,2 bilhões de dólares, interposta contra a Monsanto por agricultores brasileiros pela injusta cobrança de royalities.

Graças às suas patentes de sementes, a Monsanto se transformou no “Senhor da Vida” em nosso planeta, auferindo receitas no conceito de renovação da vida dos agricultores, os criadores originais.

As patentes das sementes são ilegítimas porque introduzir um gene tóxico em uma célula vegetal não é “criar” ou “inventar” uma planta. As sementes da Monsanto são sementes de mentira: a mentira de dizer que a Monsanto é criadora de sementes e de vida, a mentira de que, enquanto a Monsanto processa os agricultores e os asfixia em dívidas, pretende nos fazer crer que trabalha em prol de seu bem-estar, e mentira de que os OGM (organismos geneticamente modificados) estão alimentando o mundo. Os OGM não estão conseguindo controlar as pragas e as ervas daninhas, e em troca tem provocado o surgimento de super pragas e super-ervas daninhas.

A entrada da Monsanto na área hindu de sementes foi possível  graças a uma política de sementes imposta em 1988 pelo Banco Mundial, que obrigou o governo da Índia a desregulamentar o setor. Cinco coisas mudaram com a entrada da Monsanto: em primeiro lugar, as empresas hindus ficaram presas em joint-ventures e acordos de concessão de licenças. Em segundo lugar, as sementes, que tinham se constituído no recurso comum dos agricultores se transformaram em “propriedade intelectual” da Monsanto, que começou a cobrar royalities por elas, fazendo com que seu custo aumentasse. Em terceiro lugar, as sementes de algodão de polinização aberta foram substituídas pelas sementes híbridas, incluídas as híbridas transgênicas. Dessa forma, um recurso renovável transformou-se num produto patenteado não renovável. Em quarto lugar, o algodão, que até então tinha sido cultivado em combinação com outros cultivos alimentares, agora tinha que ser plantado em regime de monocultura, o que implicava em maior vulnerabilidade diante das pragas, doenças, secas e más colheitas. Em quinto lugar, a Monsanto começou a subverter os processos de regulação na Índia e, de fato, começou a usar recursos públicos para incentivar seus híbridos não renováveis e seus transgênicos através das chamadas associações público-privadas (PPP-Public-Private Partnerships).

Em 1995, a Monsanto apresentou na Índia sua tecnologia Bt, através de uma joint-venture com a companhia hindu Mahico. Em 1997-98, a Monsanto começou a fazer ensaios ilegalmente sobre o terreno com seu algodão transgênico Bt, e anunciou que no ano seguinte iniciaria a venda comercial de sementes. Desde 1989, a Índia conta com uma normativa para regular os cultivos transgênicos no quadro da Lei de Proteção ao Meio Ambiente. Para realizar pesquisas com cultivos transgênicos é necessário obter a correspondente autorização do Comitê de Aprovação de Engenharia Genética, dependente do Ministério do Meio Ambiente. A Fundação de Investigação para a Ciência, Tecnologia e Ecologia processou a Monsanto diante do Tribunal Supremo da Índia, e a Monsanto não pôde começar a comercializar suas sementes de algodão Bt até 2002.

Após o relatório condenatório do Comitê Parlamentar da Índia sobre Cultivos Bt de agosto de 2012, o painel de técnicos especialistas nomeados pela Corte Suprema recomendou uma moratória de 10 anos para os experimentos sobre o terreno de qualquer cultivo transgênico, assim como a interrupção de todas as pesquisas em andamento.

Contudo, já então a agricultura da Índia tinha se transformado.

O monopólio da Monsanto sobre as sementes, a destruição das alternativas, a obtenção de super-lucros no conceito dos royalities e a crescente vulnerabilidade das monoculturas criaram um contexto que propicia o crescimento das dívidas, dos suicídios e a angústia agrícola que alimenta a epidemia de suicídios dos camponeses hindus. O controle sistêmico se intensificou com o algodão Bt, por isso a maioria dos suicídios ocorre na cultura algodoeira.

Uma assessoria interna do Ministério da Agricultura da Índia de janeiro de 2012 informou o seguinte aos estados hindus produtores de algodão: “Os produtores de algodão atravessam uma profunda crise desde que fizeram a opção pelo algodão Bt. A onda de suicídios de agricultores em 2011-2012 foi particularmente severa entre os produtores de algodão Bt”.
   
O estado hindu com maior superfície dedicada ao cultivo de algodão Bt é Maharashta, que é também onde os suicídios de agricultores são mais numerosos. Os suicídios aumentaram depois da introdução do algodão Bt: a arrecadação de royalities por parte da Monsanto e o elevado custo das sementes e dos produtos químicos afogaram os camponeses em dívidas. Segundo dados do governo da Índia, quase 75% da dívida rural provém da compra de insumos. À medida  que crescem os lucros da Monsanto, cresce também a dívida dos agricultores. É nesse sentido que as sementes da Monsanto são sementes do suicídio.

O ponto crucial das sementes do suicídio é constituído pela tecnologia que a Monsanto patenteou para criar sementes estéreis (chamada de “Tecnologia Terminator” pelos meios de comunicação, a tecnologia das sementes estéreis é um tipo de Tecnologia de Uso Restritivo de Genes [Gene Use Restriction Technology – GRUT], em virtude da qual a semente produzida em um cultivo não pode reproduzir-se: as colheitas não produzem sementes viáveis, ou produzem sementes viáveis com genes específicos apagados]. O Convênio sobre Diversidade Biológica proibiu seu uso. Se esse uso não tivesse sido proibido, a Monsanto teria obtido lucros ainda maiores com suas sementes.

O discurso da Monsanto sobre “tecnologia” trata de esconder que seu verdadeiro objetivo é o controle das sementes e que a engenharia genética é simplesmente um instrumento para controlar sementes e alimentos através de patentes e direitos de propriedade intelectual.

No acordo da OMC sobre   Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados com o Comércio, um representante da Monsanto admitiu que eles são, “simultaneamente a pessoa que diagnostica o paciente e seu médico”, quando redigem suas patentes sobre formas de vida que vão desde microorganismos até plantas. Impedir que os agricultores guardem sementes e que as utilizem de forma soberana era seu objetivo principal. Atualmente, a Monsanto está ampliando suas patentes para as sementes melhoradas convencionalmente, como são os casos do brócolis, da pimenta e do trigo com baixo teor de glúten que ela tinha pirateado da Índia, e que denunciamos diante do Escritório Europeu de Patentes como um caso de biopirataria.

Por isso, colocamos em andamento Fibres for Freedom (Fibras da Liberdade) no coração do cinturão suicida do algodão Bt da Monsanto em Vidharba. Criamos bancos comunitários de sementes autóctones e ajudamos aos agricultores para que passem para a agricultura orgânica. Sem sementes transgênicas não há dividas nem suicídios.

*Vandana Shiva é autora é diretora executiva da Fundacão Navdanya.

(Tradução do espanhol por Renzo Bassanetti)

A VENEZUELA DIVIDIDA (I)




Era sabido que a oposição vinha se fortalecendo desde as eleições de outubro passado, e que seu principal nome, Henrique Capriles, estava em curva ascendente desde que derrotou Elías Jaua na disputa pelo governo do estado de Miranda em dezembro. Mas ninguém esperava, com talvez a exceção do próprio Capriles, que ele chegaria tão perto.

Eric Nepomuceno - Carta Maior

Nicolás Maduro tem uma lista formidável de formidáveis desafios pela frente. Nessa lista, uma única novidade: enfrentar uma oposição que, no embalo de metade dos votos do país, poderá criar problemas. Era sabido que a oposição vinha se fortalecendo desde as eleições de outubro passado, e que seu principal nome, Henrique Capriles, estava em curva ascendente desde que derrotou Elías Jaua na disputa pelo governo do estado de Miranda em dezembro. 

É bem verdade que nessas eleições estaduais os candidatos bolivarianos levaram 20 dos 23 estados. Mas era evidente que a oposição, embora derrotada, havia crescido. Mesmo perdendo estados importantes, no cômputo geral havia crescido. Esperava-se que esse apoio se mantivesse e, eventualmente, aumentasse nas eleições presidenciais do domingo dia 14. Mas não havia, pelo menos até duas semanas antes, como sequer supor que a disputa terminasse sendo dura.

Ninguém esperava, com talvez a exceção do próprio Capriles, é que ele chegaria tão perto. Escorado em quase 50% do eleitorado, Capriles começou seu papel de principal figura da oposição batendo duro e forte. Tourear esse bezerro impetuoso passou a integrar a lista de desafios do presidente eleito. 

Há outros, muitos outros, desafios. A maioria deles é bastante evidente. Há de todos os tipos, calibres e calendários. Alguns terão de ser enfrentados de imediato, outros podem esperar o tempo suficiente para que sejam traçadas estratégias seguras. E há os que durante os tempos de Hugo Chávez no comando do processo tiveram determinado peso e foram neutralizados de determinadas maneiras, e que agora exigirão de Nicolás Maduro esforços multiplicados.

As relações com os Estados Unidos, por exemplo, foram turbulentas durante o tempo inteiro. Chávez soube enfrentá-las com diversas armas, que iam da ironia a medidas de defesa fechada. Para os que acham que as críticas persistentes do falecido líder aos Estados Unidos e suas denúncias de ingerência eram trejeitos de quem havia parado no tempo ou necessitava de algum inimigo externo para amortecer sacolejos internos, vale recordar alguns detalhes.

Por exemplo: em 2006, o então embaixador norte-americano na Venezuela, William Brownfield, foi o responsável local por levar adiante um minucioso plano de cinco pontos cujo objetivo declarado era desestabilizar o governo de Hugo Chávez. O instrumento através do qual o plano foi posto em prática é a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional – a sigla em inglês, USAID, é uma velha conhecida dos latino-americanos. E se é verdade que o plano até agora não deu muito certo, também é verdade que continua em pauta. 

O primeiro ponto do plano soa inocente: “Fortalecer as instituições democráticas”. Já no segundo as coisas começam a se tornar mais claras: “Penetrar na base política de Chávez”. Ou seja, por ‘instituições democráticas’ entenda-se a oposição. O ponto número três é absolutamente explícito: “Dividir o chavismo”. O quarto tem o som natural de sempre – “Proteger os negócios vitais dos Estados Unidos” – desde que se entenda por ‘negócios vitais’ tanto o petróleo venezuelano como os interesses das grandes empresas. Chega-se, então, ao quinto ponto: “Isolar Chávez internacionalmente”.

Esse plano, convém recordar, foi feito e determinado quatro anos depois que todos os seus pontos foram reunidos num golpe de Estado que chegou a afastar Chávez do poder por escassas 48 horas. Enquanto durou a ilusão de sucesso, George W. Bush, então presidente dos Estados Unidos, reconheceu o fugaz governo golpista. Outro que fez tudo que seu mestre mandou foi o então primeiro-ministro espanhol, o malfadado José María Aznar. Além dos dois, ninguém mais.

Naquele 2006 em que foi feito o tal plano de cinco pontos, ninguém, em Caracas e em Washington, duvidava que, nas urnas, Hugo Chávez seria imbatível. Para derrotá-lo era preciso corroê-lo. Milhões de dólares foram destinados por Washington a ‘ações humanitárias’, ou seja, sabotar ou bloquear parte dos programas sociais que o processo bolivariano levava (e leva) a cabo. 

Bem: o tempo passou, mas o cenário não mudou, e se mudou, foi para se tornar mais preocupante. Nicolas Maduro, é claro, sabe de cor esse e muitos outros planos especialmente desenhados para serem postos em prática contra seu país e seu governo. 

Se com Chávez fizeram o que fizeram, é fácil imaginar o que farão ou o que já estarão fazendo contra o novo presidente.

Ao denunciar fraude e, com o ar decidido de quem defende a democracia, exigir recontagem dos votos e incitar manifestações nas ruas, Henrique Capriles faz mais do que pôr em jogo o espaço que conquistou nas urnas e não sabe se conseguirá manter. Põe em jogo a própria estabilidade do país.

Ao dizer que os Estados Unidos veriam com bons olhos a recontagem de votos, o governo de Barack Obama faz mais do que se imiscuir de maneira arrogante nos assuntos internos de outro país: deixa escancarada a sua hipocrisia, fingindo esquecer como foi a reeleição de seu nefasto antecessor, George W. Bush. 

Como se não bastassem os problemas que enfrentará, a começar pelo vazio imenso deixado por Hugo Chávez, Nicolás Maduro terá de lidar com esse tipo de pressão interna e externa. E o mais grave: tendo pela frente uma oposição que conseguiu 48,98% dos votos. Tendo de reagrupar um país dividido ao meio.

Texto corrigido em 16/04/2013

VIOLÊNCIA DE GRUPOS DE DIREITA EM ESTADO VENEZUELANO





Caracas, 16 abr (Prensa Latina) Grupos de direita atacaram centros de saúde, mercados Bicentenário, restaurantes populares e veículos do sistema público no estado venezuelano de Anzoátegui, nordeste do país, denunciou hoje o governador dessa demarcação, Aristóbulo Istúriz.

Em entrevista à Venezuelana de Televisão, Istúriz opinou que estas ações -ocorridas entre ontem à noite e a madrugada de hoje- remontam o panorama de abril de 2002, quando a direita deu um golpe de Estado contra o falecido presidente Hugo Chávez.

Na cidade de Barcelona, o governador informou também que esses grupos extremistas queimaram uma sede do Partido Socialista Unido da Venezuela.

Segundo Istúriz, estas ações -e outras similares no resto do país- são parte de um plano de não reconhecimento dos resultados eleitorais, que estava arquitetado há tempo.

Indicou que a solicitação do opositor Henrique Capriles para a revisão do total de votos emitidos nas recentes eleições presidenciais constitui um argumento para manter a desestabilização e, provavelmente, para justificar uma intervenção estrangeira.

Em tal contexto, o governador fez um chamado ao povo para concentrar-se nas praças Bolívar de cada cidade, com o objetivo de garantir a paz e preservar o legado de Chávez.

Sem cair em provocações, mas sem permitir atropelos, assinalou Istúriz.

Ontem, as autoridades venezuelanas conformaram um Comando Antigolpe, integrado pelo presidente Maduro, chefes militares, policiais e políticos do país.

O ministro de Comunicação e Informação, Ernesto Villegas, advertiu que esta é uma situação verdadeiramente lamentável, que não tem nada a ver com a disposição democrática do povo venezuelano.

rc/jam/es

Movimento “Que se lixe a troika" convoca "acção relâmpago" para hoje em Lisboa




Jornal i - Lusa

O movimento “Que se lixe a troika”, organizador das manifestações de 15 de setembro e 02 de março, realiza hoje ao fim da tarde, em Lisboa, “uma ação relâmpago” contra a missão da troika que se encontra em Portugal.

A concentração, decidida na segunda-feira, vai realizar-se a partir das 19:00 junto ao Hotel Ritz, em Lisboa, onde estão hospedados os elementos da troika (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu).

Um dos elementos do movimento “Que se lixe a troika”, João Camargo, disse à agência Lusa que o protesto deve ser ruidoso, devendo os manifestantes levar para a concentração tachos, panelas, apitos, buzinas, vuvuzelas.

A “ação relâmpago”, que está ser convocada pelas redes sociais e mensagens de telemóvel, tem como objetivo mostrar à troika “que não é bem-vinda” e que “não aceitamos a destruição das nossas vidas”, adiantou.

O movimento culpa a troika pela existência em Portugal de mais de 1,5 milhão de desempregados, de dezenas de milhares de sem-abrigo, de uma recessão de menos 3,2 por cento e a previsão de que tudo isto se agrave nos próximos anos.

“É sua culpa a resposta fanática de querer, em cima de tudo isto, cortar mais na proteção das pessoas, na doença, no desemprego, na velhice. Que Se Lixem!”, escrevem os organizadores na rede social Facebook.

O movimento “Que se lixe a troika” diz ainda que a delegação da troika “chegou de surpresa a Lisboa para com o Governo procurar impor o massacre contínuo sobre as nossas vidas”.

Os elementos do Banco Central Europeu (BCE), do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Comissão Europeia estão desde segunda-feira em Lisboa para verificar as condições de execução orçamental e validar as medidas substitutivas que permitirão assegurar a execução orçamental de 2013.

Portugal: ABRIR OS PORTÕES DO INFERNO





“Temos de ser capazes de responder com maior celeridade. Quem investe não tem tempo a perder”, disse o ministro Paulo Portas, depois de lembrar que o projecto turístico Comporta Dunes começou a ser pensado em 2005 e que só agora, em 2013, vai iniciar a fase de construção. Paulo Portas falava na cerimónia de assinatura do contrato de investimento entre a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e a RioForte, do grupo Espírito Santo, para a construção do empreendimento turístico Comporta Dunes, no concelho de Grândola.

Todos sabemos que a lentidão da burocracia trava muitos investimentos e faz desesperar muita gente. Agilizar é importante, mas há que ter muito cuidado. é que agilizar não pode ser sinónimo de desregulamentar. Custa a acreditar que os Santinhos do Espírito Santo tenham demorado todos estes anos a conseguir a autorização se não houvesse muita lei que tivesse de ser furada, ultrapassada. É que estamos a falar de uma zona protegida e os Espíritos são tudo menos anjinhos. Quem ouviu o Paulo Portas falar em voz bem alta como se estivesse num comício em frente àqueles engravatados todos não pode ter ficado com dúvidas. O que ele ali defendia é que é necessário desregulamentar, abrir as pernas ao dinheiro, simplificar a vida aos poderosos à custa das regras e dos processos de defesa do ambiente e da natureza. Lucro é a palavra chave e tudo o resto é paisagem. Foi a desregulamentação no sistema bancário que criou a crise económica e é a desregulamentação na defesa do ambiente que vai permitir a sua destruição em nome do lucro de alguns. Já se conhece bem o respeito que o Sr. Portas tem pela legalidade e pelo ambiente quando foi ministro noutros governos como aconteceu no caso dos Sobreiros em que só por acaso o parceiro envolvido também era o Espírito Santo.
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LÁ PARA OS LADOS DE BENAVENTE…

LEMBRAM-SE DO CAMBALACHO ESPÍRITO COM O CDS E A “CENA” DOS SOBREIROS?

Foi há alguns anos, salvo erro em governo de Durão Barroso (PSD) e Paulo Portas (CDS). Disseram que houve cambalacho e um alto responsável do CDS “queimou-se” ligeiramente… Projeto turístico, abate ilegal de sobreiros, etc, etc... O resto fica sempre por contar. 

Bem, mas isto é só para reavivar a memória porque sabemos muito bem que afinal são todos honestos e que os malandros é o povinho que gasta acima das suas possibilidades. É, não é?

E agora mais um negócio ESPÍRITO SANTO com Portas na ilharga a dar o tudo por tudo, talvez para receber o tudo do costume… Que dirá ser nada. Muito bem. (Redação PG)

À MARGEM DAS DÚVIDAS





A troika está de novo em Lisboa. Portugal tem de passar por teste adicional. Em Dublim ficou claro que os verdadeiros bons alunos são os irlandeses; quanto aos portugueses, logo se verá... depois desta prova extra. Do que se trata é de convencer os nossos amigos credores - dos quais todos afirmam querer ver-se livres quanto antes! - do acerto das medidas alternativas para os 1326 milhões de euros, em salários e pensões, que o Governo deixou de estar autorizado para meter ao bolso.

Quanto à orientação global da política orçamental - em Portugal, como na totalidade dos países do euro com défices públicos e dívidas do Estado excessivos -, nada mexe. A prioridade é reduzir desequilíbrios; a via é a da austeridade. Logo, do que se trata aqui é de aquilatar a consistência das medidas permanentes, que deverão constar do Orçamento Retificativo, que há de marcar o ano fiscal de 2013.

Curiosamente, o resto do mundo, em vésperas da reunião primaveril do FMI, vê, com crescente inquietude, a política de ajustamento da Europa. Por duas razões: nem a limpeza dos balanços na banca parece progredir o suficiente para libertar as verbas necessárias à economia europeia, que lhe permitam voltar ao crescimento; nem a receita de mais e mais austeridade está a permitir às contas públicas dos mais endividados atingir as metas estabelecidas - mesmo à custa de recessões que se prolongam por vários anos.

Tudo isto parece ficar à margem das conversas de pé de orelha entre o Governo de Portugal e a troika de credores. Pelo menos em Lisboa mantém-se inabalável a crença de que a viragem da economia se encontra ao virar da esquina no calendário. Vá-se lá compreender por quê...

FMI CONFIRMA RECESSÃO DE 2,3% E DESEMPREGO DE 18,2% EM PORTUGAL




Luís Reis Ribeiro – Dinheiro Vivo

A recessão deste ano vai ser de 2,3% e o desemprego vai subir até 18,2% da população ativa, refere o Fundo Monetário Internacional (FMI) no seu estudo semestral sobre as perspetivas de crescimento global (World Economic Outlook). O fardo da dívida, que já está nuns insustentáveis 123% do PIB, deve subir ainda mais, avisa a instituição.

Os números hoje divulgados não se desviam um milímetro do cenário avançado por Vítor Gaspar, a 15 de março, na apresentação de resultados da sétima avaliação da troika, isto apesar de o FMI antecipar agora uma recessão ainda pior da economia da zona euro, que deve contrair-se 0,3%, valor que fica assim em linha com a projeção da Comissão Europeia, de fevereiro.

A degradação da economia do euro tem sido o principal argumento das autoridades nacionais (Governo, Banco de Portugal) para justificar as recentes revisões em baixa das perspetivas para a atividade económica.

Sem nunca se debruçar sobre a situação concreta de Portugal, o FMI, que é um dos elementos da troika, diz que "no curto prazo, as condições na periferia [Portugal, Grécia, Irlanda, Espanha] vão permanecer apertadas: os fardos da dívida deverão aumentar mais; os bancos vão continuar a enfrentar pressões de desalavancagem, custos de financiamento elevados, deterioração da qualidade dos ativos e lucros fracos".

Assim, "em virtude dos impostos elevados, condições apertadas de crédito e procura doméstica fraca, o investimento deverá falhar a sua retoma e o crescimento desapontar". Assim, a estratégia seguida, que toda a troika defende, pode levar a uma nova derrota nas economias periféricas, embora o FMI não proponha qualquer alternativa: Se o crescimento desiludir, "as receitas orçamentais podem ficar aquém do esperado e poderá não ser possível aliviar a consolidação orçamental como se projeta".

Por outro lado, o FMI refere que os riscos descendentes para o crescimento da zona euro são "predominantes" e que podem piorar "por causa da fadiga do ajustamento ou de uma perda mais geral de energia nas reformas".

Relativamente à balança corrente (balança comercial e de transferências correntes), em relação à qual o Governo tem elogiado repetidas vezes o facto de esta estar a caminho de um excedente pela primeira vez em muitas décadas, o FMI põe água na fervura.

Este ano pode registar um saldo positivo de 0,1% do PIB, mas em 2014 voltará a ser negativa (-0,1%), o que significa que a mudança de perfil de que se vangloria o Governo pode nem ser sustentável. O Ministério das Finanças está à espera de um défice de 0,3% este ano e um excedente de 0,4% no próximo.

Pescas: CHINA ACUSADA DE ”FAZER BATOTA” EM ÁFRICA





O crescimento económico da China e o seu apetite por peixe criou a segunda maior frota de pesca do Mundo, além-fronteiras.

Peritos em pescas afirmam que a China não está a contabilizar fielmente a quantidade de pescado que a sua frota captura em águas estrangeiras. De acordo com um estudo agora divulgado os barcos chineses estão a capturar 12 vezes mais peixe do que aquilo que consta dos dados oficiais.

O crescimento económico da China e o seu apetite por peixe criou a segunda maior frota de pesca do Mundo, além-fronteiras.

Segundo estatísticas oficiais, em 2011 a China mantinha mais de mil e 600 barcos fora da zona económica exclusiva. Do ano 2000 até 2011 Pequim afirma que essa frota capturou anualmente 360 mil toneladas em águas estrangeiras.

Contudo segundo um estudo efectuado pela Universidade da British Columbia no Canadá, esse número atingiu na realidade 4,6 milhões de toneladas por ano. Daniel Pauly foi um dos cientistas envolvidos no estudo: “ Os responsáveis chineses não publicam dados relativos aquilo que na realidade os seus barcos pescam. As suas estatísticas são muito problemáticas.”

Neste estudo revelado em Março e patrocinado pelo Parlamento Europeu, chegou-se á conclusão de que as maiores discrepâncias entre os números oficiais e aquilo que é pescado na prática pelos chineses verificaram-se na costa da África Ocidental, uma diferença de 3,1 milhões de toneladas.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, FAO, é a entidade que recebe os números oficiais chineses. Os serviços de estatística daquela agência da ONU reconhecem que há grandes discrepâncias mas salientam no entanto que as estimativas do estudo agora publicado são exageradas.

Apesar disso a FAO afirma que os números chineses são mais baixos do que a realidade visto que uma parte do peixe pescado pelos barcos chineses é vendido directamente a países africanos.

Daniel Pauly, um dos responsáveis pelo estudo refere por outro lado que muitos barcos chineses operam com bandeiras estrangeiras de modo a esconder a sua origem.

Acrescentou porém os europeus também são responsáveis por publicarem números do pescado capturado pelas suas frotas abaixo da realidade embora numa escala mais pequena do que a dos chineses.

Os negócios paralelos e números artificias relativamente às pescas estão  entretanto a ameaçar os esforços para manter as populações de espécies a níveis sustentáveis segundo afirmou Daniel Pauly: “ Não podemos avaliar o estado dos sctoks de peixe se não soubermos exactamente quantos foram pescados. Sabemos contudo de fontes independentes que os stocks de peixe na África Ocidental estão a diminuir substancialmente.”

Apesar de tudo, a FAO afirma que a China tem vindo a melhorar a precisão das suas estatísticas de pescas nos últimos anos especialmente no que se refere às capturas domésticas. Durante muitos anos a China aumentou artificialmente a tonelagem do seu pescado doméstico procurando demonstrar a sua eficácia produtiva.

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