sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Panelaço: A Cidade é Nossa #Global Noise acontece sábado pelas ruas de São Paulo

 
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Brasil de Fato
 
No dia 13 de outubro será realizado um panelaço mundial; na capital paulista, o tema será a especulação imobiliária, com concentração a partir das 10h na favela do Moinho; trajeto inclui Ocupação Mauá, Ocupação São João e Edifício Martinelli
 
Em 2011, o mundo foi surpreendido com uma explosão simultânea e de rápida disseminação de protestos com reivindicações específicas de cada região, mas com formas semelhantes de luta e consciência. A dimensão foi global: queda das ditaduras na Tunísia, no Egito, na Líbia e no Iêmen, greves na Espanha e na Grécia, revoltas nos subúrbios de Londres, ocupações contra o setor financeiro nos Estados Unidos, manifestações no Chile...
 
A ideia de ocupar o espaço público se espalhou e um ano depois, estamos realizando outro chamado global pedindo por mudanças. Vamos às ruas mostrar que a luta continua e que nossas vozes não foram – nem serão – caladas. Vários movimentos ao redor do mundo se juntaram e planejaram o evento 13o (lê-se “treze ó”) #GlobalNoise. Assim, no dia 13 de outubro de 2012 será realizado um panelaço mundial. A manifestação é um símbolo de esperança e unidade, com base em uma grande variedade de lutas por justiça e igualdade, garantindo que, juntos, podemos ser a mudança que queremos ver no mundo.
 
Em São Paulo, nossa pauta será a especulação imobiliária. A bolha da especulação aumenta cada vez mais e vemos os que se levantam contra essa realidade ficarem sem moradia. Favelas são queimadas sem explicação, ocupações sofrem reintegrações constantemente, crescem os despejos e realocações de comunidades historicamente organizadas – situações que ocorrem em áreas de futuro investimento financeiro.
 
Nos organizamos para fazer barulho e chamar a atenção para o tema. Com panelas, caçarolas e latas, sairemos às ruas pelo verdadeiro direito à cidade. As mortes – principalmente nas periferias – causadas pela polícia, a luta dos índios Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul, a luta contra as obras no Santuário dos Pajés, em Brasília, e Belo Monte em Altamira, também serão questões lembradas.
 
A concentração para o panelaço será na Favela do Moinho (comunidade que já passou por dois incêndios, o primeiro em 22 de dezembro do ano passado e o segundo no último dia 17), às 10h, onde faremos um piquenique e uma oficina de cartazes. A saída será às 14h. Seguiremos para a Ocupação Mauá, Ocupação São João, Edifício Martinelli, e terminaremos o protesto no Vale do Anhangabaú, com uma aula pública/roda de conversa.
 
 
Trajeto 13o #Panelaço A Cidade é Nossa #GlobalNoise
 
A)Moinho - R. Dr. Elias Chaves - Santa Cecília
*Cruzar Al. Eduardo Prado até Av. Rio Branco
*Av. Duque de Caxias

B) Ocupação Mauá - R. Mauá, 240 - Santa Cecília
*Rua dos Protestantes
*Rua Gen. Couto de Magalhães
*Rua do Triunfo
*Av. Ipiranga

C)Ocupação São João Av. São João, 588
*Rua Dom José de Barros

D) Edifício Martinelli ocupação Av. São João, 35 – Sé
*Rua Líbero Badaró

E) Anhangabaú: Viaduto do Chá
 
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Brasil: SUPREMO DESGOSTO

 

Eliakim Araujo* - Direto da Redação
 
Mesmo distante, tenho acompanhado atentamente o noticiário sobre o processo judicial que ganhou o apelido de “mensalão”. E o que me tem chamado a atenção é o comportamento dos ministros do nosso Supremo Tribunal Federal. Esse fato me levou a comparar o comportamento dos nossos com seus similares estadunidenses, e essa comparação me causou um profundo desconforto como brasileiro.
 
Desconforto que começa pela maneira como são chamados os homens que compõem as duas cortes supremas. Nos Estados Unidos, eles são juizes, no Brasil, não se sabe por que, eles viram ministros.
 
Enquanto a Suprema Corte estadunidense conta com nove juízes para uma população aproximada de 300 milhões de pessoas, no Brasil são onze para uma população de 200 milhões. Confesso que não sei qual o critério que estipulou o número de juízes. Mas desconfio.
 
Nos Estados Unidos, como no Brasil, juízes da Suprema Corte são escolhidos pelo presidente da República e, como qualquer ser humano, têm suas simpatias políticas, que entretanto não se sobrepõem ao interesse público.
 
Dos atuais nove juízes da Suprema Corte dos EUA, cinco foram nomeados por presidentes republicanos: dois por Ronald Reagan, dois por George Bush e um por Bush pai. Os outros quatro, foram nomeados por presidentes democratas: dois por Bill Clinton e dois por Barack Obama. Em tese, são cinco conservadores contra quatro liberais.
 
Em junho último, entretanto, o presidente da Suprema Corte, John Roberts, de perfil extremamente conservador, fechou com os quatro progressistas e desempatou em favor da constitucionalidade do plano de saúde do presidente Obama, o polêmico Obamacare. Um resultado surpreendente que, evidentemente, desagradou aos republicanos mas foi absorvido dentro da Corte sem traumas ou ressentimentos.
 
Não houve choro nem ranger de dentes e ninguém na mídia ou entre seus pares teve a coragem de criticar o voto decisivo do presidente conservador daquela Corte. Também não se viu nenhum deles dando entrevista para a TV. São extremamente discretos os juízes da Suprema Corte dos EUA.
 
Lamentavelmente, esse não é comportamento que temos testemunhado, nos últimos anos, em nosso tribunal maior brasileiro, que está mais para um circo de vaidades do que para um grupo de juristas de reconhecido saber jurídico e reputação ilibada. Parece que nenhum nem outro desses atributos são levados a sério.
 
No caso do chamado “mensalão”, até que provem o contrário, nossa Corte suprema se deixou levar pela pressão midiática e interesses político-partidários. Teve tempo suficiente para julgar os acusados mas não o fez. De repente, não mais que de repente, o Supremo foi tomado por uma louca vontade de trabalhar e decidiu dar um fim ao processo do “mensalão”, mas desde que ele terminasse exatamente nos dois meses que antecederam as eleições municipais. Estranha coincidência, não fosse o papel desempenhado pela mídia conservadora e os setores mais retrógrados na nossa sociedade. Essa pressa em julgar os acusados, quase todos pertencentes ao mesmo partido político, foi vista assim pelo juiz aposentado João Baptista Herkenhoff, ilustre colaborador deste DR:
 
O atropelamento das eleições municipais pelo debate do mensalão parece-me um desserviço à Democracia, pelos motivos que tentaremos alinhar neste artigo. Em 11 de abril de 2006 o Procurador Geral da República apresentou denúncia perante o Supremo Tribunal Federal envolvendo figuras expressivas da República num caso de corrupção que se tornou conhecido como mensalão. Em 28 de agosto de 2007 o STF aceitou a denúncia. Em 7 de julho de 2011 o Procurador Geral apresentou as alegações finais do caso e pediu a condenação de trinta e seis acusados. O trajeto processual, até aqui descrito, teve a duração de cinco anos dois meses e vinte e seis dias. Ou seja: não houve nenhuma pressa para que o caso tivesse andamento. A partir de agosto ultimo, o que era lentidão despreocupada passa a ser celeridade aflita. Às vésperas das eleições municipais o Supremo, perante os refletores da televisão, transforma o julgamento em espetáculo.
 
Triste espetáculo, aliás, onde ministros trocam graves acusações entre si. Hiptonizados pela mídia, eles são capazes de tudo, até da máxima ofensa pessoal e profissional, quando um deles afirma publicamente que determinado colega só foi nomeado para o STF “porque era primo do presidente”.
 
Ou quando um ministro é capaz de gritar para o colega, em plena sessão transmitida ao vivo pela TV, que “ele está destruindo a credibilidade da Justiça” e mais adiante “você não está falando com seus capangas de Mato Grosso” ( Veja o vídeo )
 
Esses são alguns dos homens que representam a instância máxima da Justiça brasileira. Homens que são escolhidos, teoricamente entre os mais capazes, para distribuir justiça a quem dela precisa. Mas como confiar nesses homens que deveriam ser o exemplo maior de caráter, honestidade e credibilidade, depois de tudo que o país está testemunhando no julgamento do tal “mensalão”? .
 
E pensar que o nosso Supremo já teve juristas da envergadura de Nelson Hungria, Orozimbo Nonato, Hermes Lima, Evandro Lins e Silva, para citar apenas alguns.
 
* Ancorou o primeiro canal de notícias em língua portuguesa, a CBS Brasil. Foi âncora dos jornais da Globo, Manchete e do SBT e na Rádio JB foi Coordenador e titular de "O Jornal do Brasil Informa". Mora Fort Lauderdale, Flórida. Em parceria com Leila Cordeiro, possui uma produtora de vídeos jornalísticos e institucionais.
 

Portugal – Sondagem: PSD DESCE MAIS 3% NAS INTENÇÕES DE VOTO

 
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Mafalda Ganhão - Expresso
 
Sondagem penaliza este mês os partidos no Governo, ainda que os sociais-democratas sejam particularmente castigados. PSD soma agora 30% das intenções de voto, quase menos 5% do que o PS.
 
Consequência de um mês particularmente pródigo em más notícias para os eleitores, o partido de Passos Coelho surge penalizado neste estudo de opinião da Eurosondagem feito para o Expresso e SIC, onde os sociais-democratas estão já quase dez pontos abaixo do resultado obtido nas urnas há um ano.
 
Menos atingidos, os democratas-cristãos não chegam a ficar dois pontos abaixo do score de junho de 2011. Somam agora 10% das intenções de voto.
 
Em relação ao mês anterior, o PS sobe 1,1%, obtendo 34,8% - quase cinco pontos percentuais acima do PSD -, enquanto a CDU fica nos 9,5% (mais 0,2% que em setembro) e o BE nos 7,7% (mais 0,7%)
 
Quanto à popularidade dos líderes políticos, Paulo Portas continua a manter-se destacado como aquele que melhor imagem tem junto dos portugueses. Já o primeiro-ministro aproxima-se do zero (entre opiniões positivas e negativas), sendo assim o líder partidário menos popular.
 
Com 13,2%, António José Seguro ocupa a 2ª posição, numa lista em que, em matéria de popularidade, o Governo aparece na última posição, com -20%.

Ficha técnica
Estudo de opinião efetuado pela Eurosondagem, S.A. para o Expresso e SIC, de 4 a 9 de outubro de 2012. Entrevistas telefónicas realizadas por entrevistadores selecionados e supervisionados. O universo é a população com 18 anos ou mais, residente em Portugal Continental e habitando em lares com telefone da rede fixa. A amostra foi estratificada por região: Norte (20,6%); A.M. do Porto (13,4%); Centro (29,9%); A.M. de Lisboa (26,3%) e Sul (9,8%), num total de 1021 entrevistas validadas. Foram efetuadas 1261 tentativas de entrevistas e destas 248 (19,5%) não aceitaram colaborar no estudo de opinião. Foram validadas 1021 entrevistas, correspondendo a 80,5% das tentativas realizadas. A escolha do lar foi aleatória nas listas telefónicas e entrevistado, em cada agregado familiar, o elemento que fez anos há menos tempo. Desta forma resultou, em termos de sexo: feminino - 52,2%; masculino - 47,8%; e no que concerne à faixa etária: dos 18 aos 30 anos - 16,6%, dos 31 aos 59 - 50,8%, com 60 anos ou mais - 32,6%. O erro máximo da amostra é de 3,07%, para um grau de probabilidade de 95,0%. Um exemplar deste estudo de opinião está depositado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social.
 

Portugal: TACHOS E PANELAS SAEM À RUA NO SÁBADO

 

Expresso - Lusa
 
Iniciativa Barulho Global, portesto sonor contra a austeridade, vai soar em 200 cidades do mundo. Em Lisboa, está marcado para as 17h.

A iniciativa Barulho Global de sábado é "uma oportunidade para que todos os portugueses, independentemente do sítio ou da forma, agarrem em tachos, panelas e outros utensílios e expressem, de forma bem sonora, a sua indignação e revolta".
Este é o repto lançado por Inês Subtil, uma das organizadoras da 'cacerolada' de protesto que vai decorrer no sábado em Lisboa.
 
Além da capital, à hora marcada, 17h, o protesto sonoro também se fará ouvir, em simultâneo, em Braga, Porto, Viseu, Coimbra, Aveiro, Caldas da Rainha, Setúbal, Loulé, Faro ou Portimão, mas também um pouco por todo o mundo.
 
"Muito barulho" em qualquer sítio
 
A ideia é "simples" e qualquer pessoa pode participar, explica à Lusa a jovem de 28 anos. "Basta levar tachos, panelas e outros utensílios, e fazer barulho, muito barulho". Seja "na rua, em casa à janela ou noutro sítio qualquer", o mais importante, salienta, é que os portugueses, de norte a sul, participem e se façam ouvir alto e em bom som.
 
Inês Subtil destaca a dimensão internacional deste protesto, intitulado "Global Noise" (Barulho Global), realçando que os tachos e panelas vão sair à rua em mais de 200 cidades de 25 países - de Berlim a Montreal, de Lima a Tóquio, cidade onde na sexta-feira e no sábado vai decorrer uma reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI).
 
"Estamos contra a austeridade"
 
De acordo com o site internacional da iniciativa, cabe aos movimentos nos vários países escolherem as razões pelas quais se vão manifestar. Em Portugal, precisa Inês, a mensagem é clara: "Estamos contra a austeridade, contra as medidas deste Governo, contra um memorando e uma dívida que não fazem sentido".
 
As propostas alternativas, garante, existem, mas "virão depois de se conseguir passar uma mensagem forte de que os portugueses não querem nem aguentam".
 
"O que se passa em Portugal não se limita simplesmente ao nosso paíszinho, temos consciência disso. E apesar de exigirmos a demissão do governo sabemos que as mudanças que são necessárias são muito mais estruturais e profundas", afirma.
 
'Cacerolada' em "articulação" com outras ações de luta
 
Inês Subtil lembra que a 'cacerolada' vai decorrer em "articulação" com outras ações de luta marcadas para sábado, designadamente a marcha contra o desemprego da CGTP, que encerra sábado, e o protesto cultural que vai juntar músicos e artistas em Lisboa.
 
O mais importante, realça Inês, é que nesta "altura de crise nacional" exista "convergência" nas ações de luta entre todos. Isto porque, frisa, "amigo não empata amigo" e porque, no fundo, "estamos todos para o mesmo".
 
É por isso necessário, defende, que as várias iniciativas de protesto que têm vindo a ganhar força em Portugal se "articulem da melhor forma" e que sejam o "mais aberto e transparentes possíveis" para que "todos os portugueses se sintam representados".
 
"É muito importante criar espaço para que as pessoas se possam manifestar e expressar de diversas formas, não só nos protestos mais típicos", afirma.
 
Inês Subtil lembra que a ideia dos tachos e das panelas surgiu, essencialmente, devido ao seu simbolismo. Já foram utilizadas nos protestos na Argentina, em 2001, quando o país entrou em bancarrota e em 2008 na Islândia, onde se tornaram símbolos dos protestos cívicos dirigidos contra banqueiros e políticos que "afundaram economicamente o país".

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Portugal: GOVERNO RECUA E SÓ DESPEDE 10 MIL CONTRATADOS

 


António Ribeiro Ferreira – i online
 
Proposta entregue esta semana aos sindicatos previa um corte de 50%, ou seja, mais de 40 mil funcionários
 
A montanha pariu um rato e afinal, sabe o i, o governo pretende despedir apenas 10 mil funcionários com contratos a prazo. Isto é, há uma diferença entre a proposta entregue ainda esta semana aos sindicatos da função pública, em que se previa o despedimento de metade dos referidos funcionários. Feitas as contas, o número andaria à volta dos 40 mil. Mas nas maratonas dos diversos Conselhos de Ministros a situação foi ponderada e as excepções previstas no documento entregue aos sindicatos equivalem a 30 mil funcionários.
 
Seja como for, vale a pena recordar o que o governo propôs esta semana aos sindicatos. “Até 31 de Dezembro de 2013, os serviços e os organismos das administrações directa e indirecta do Estado, regionais e autárquicas reduzem, no mínimo, 50% o número de trabalhadores com contrato de trabalho a termo resolutivo e/ou com nomeação transitória existente em 31 de Dezembro de 2012.” Automaticamente fora de risco estavam as pessoas cuja remuneração seja co-financiada por fundos europeus. De qualquer forma, o universo potencialmente afectado supera 80 mil pessoas entre administração central e autarquias, a maior parte nas áreas da educação e da saúde.
 
Em teoria, a medida apanha um universo de 70 mil pessoas contratadas a prazo na administração central, segundo os dados mais recentes da Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público.
 
Este valor não conta com cerca de 16 mil pessoas na pasta da Defesa, já que os militares (com lei contratual específica) ficam de fora da medida. Na esfera autárquica, o número de potenciais afectados ronda 10 mil pessoas (10% do total), segundo indicou ao i esta semana o ministério de Miguel Relvas, que tem a tutela do poder local. O despedimento não será uniforme em todas as áreas – por outras palavras, nem todos serão afectados. A proposta de lei prevê que “em situações excepcionais, devidamente fundamentadas”, o ministro das Finanças até possa autorizar a renovação de contratos.
 

Timor-Leste: MAIS 50 MILHÕES PARA “RETIFICAR”, PASSEIO DE ÁGIO A PORTUGAL

 


Parlamento timorense aprova Orçamento retificativo, com abstenção da Fretilin
 
12 de Outubro de 2012, 08:21
 
Díli, 12 out (Lusa) - O parlamento timorense aprovou hoje na generalidade o Orçamento retificativo para 2012, no valor de 50 milhões de dólares (38,8 milhões de euros), com a abstenção da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).
 
O orçamento retificativo foi aprovado na generalidade com 40 votos a favor, 23 abstenções e um contra.
 
"Optamos pela abstenção, porque ainda vamos votar na especialidade (...) mas este orçamento é um sinal de que as despesas correntes vão aumentar", disse à agência Lusa Estanislau da Silva, deputado da Fretilin.
 
Segundo o deputado do único partido da oposição no parlamento timorense, as despesas vão aumentar porque o V Governo Constitucional é muito grande e porque se "prevê uma explosão de despesas públicas" para o Orçamento do Estado de 2013.
 
"Nós vamos ainda entrar na discussão da especialidade e vamos ter oportunidade de questionar os aspetos relacionados com a má gestão a que o atual Governo está a dar continuidade", afirmou.
 
O primeiro-ministro, Xanana Gusmão, garantiu na quinta-feira no parlamento que o Orçamento retificativo "não aumenta a despesa geral do Estado para 2012".
 
"Os 50 milhões de dólares de despesas adicionais líquidas do Fundo Consolidado de Timor-Leste são financiadas na totalidade por poupanças no Fundo das Infraestruturas, mais exatamente do projeto Tasi Mane, o qual não deverá ter despesas significativas este ano", disse Xanana Gusmão.
 
Na proposta do Governo de revisão do Orçamento Geral do Estado para 2012, o maior aumento da despesa são 26,9 milhões de dólares relacionados com o pagamento de pensões a antigos combatentes.
 
O orçamento retificativo aumenta também para 7,1 milhões de dólares as despesas com as pensões para os idosos e o fundo de contingência (para pagamento de despesas imprevistas e urgentes) para 6,1 milhões de dólares.
 
Para os setores da defesa e segurança, estão pedidos aumentos no valor de 2,9 milhões de dólares e 2,4 milhões de dólares, respetivamente.
 
Do valor pedido, 1,2 milhões de dólares estão afetos ao setor da saúde e 1,7 milhões de dólares para reabilitação de escolas e outras instalações do setor educativo atingidos por catástrofes naturais.
 
Para a construção e reabilitação de igrejas, o Governo pede mais 1,4 milhões de dólares.
 
Segundo o executivo, o Orçamento retificativo reflete também despesas com o navio Nakroma, que faz a ligação a Ataúro e a Oecússi, para abastecimento de água em todo o território nacional e para auditorias externas às contas do Governo.
 
Na segunda-feira, terá início a discussão e votação na especialidade.
 
O Orçamento Geral do Estado deste ano, aprovado em novembro de 2011, tinha o valor de 1,7 mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros).
 
MSE // VM.
 
Ministro da Presidência e do Conselho de Ministros de Timor-Leste realiza visita de trabalho a Portugal
 
12 de Outubro de 2012, 08:46
 
Díli, 12 out (Lusa) - O ministro da Presidência e do Conselho de Ministros de Timor-Leste, Ágio Pereia, vai realizar uma visita de trabalho a Portugal entre 18 e 26 de outubro.
 
Segundo Ágio Pereia, durante a sua estada em Portugal vai ter encontros com o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, e um almoço com o seu homólogo, Miguel Relvas.
 
Ágio Pereira vai também dar uma palestra na Universidade do Minho e participar no primeiro Congresso de Engenheiros de Língua Portuguesa, organizado pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a realizar no dia 18 no Centro Cultural de Belém.
 
MSE // VM.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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Moçambique: TRÁFICO DE MARFIM, NORTE ÀS ESCURAS, ANÁLISES ESTRATÉGICAS CPLP

 


Norte-coreano detido no Aeroporto de Maputo na posse de milhares de dólares e marfim
 
12 de Outubro de 2012, 09:02
 
Maputo, 12 out (Lusa) - Um cidadão norte-coreano foi detido, na quinta-feira, no Aeroporto Internacional de Maputo, na posse de 130 dentes de marfim e 133 mil dólares (103 mil euros) com destino ao seu país, refere um comunicado das Alfândegas de Moçambique.
 
Segundo a nota de imprensa enviada à Lusa, Yong Ki foi abordado por uma equipa das alfândegas na sala de espera do aeroporto na posse de sacos plásticos em que escondia o marfim e a soma apreendida numa mala, em notas de dólares norte-americanos.
 
O marfim confiscado é avaliado em 27,7 mil euros e equivale a 65 elefantes abatidos, uma vez que cada um destes paquidermes tem dois dentes de marfim.
 
O abate de elefantes em Moçambique é proibido, à exceção dos elefantes considerados "problemáticos", por invadirem comunidades e colocarem em risco a vida de pessoas e bens, no âmbito da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES), que o país ratificou.
 
Por ter sido apanhado na posse de 103 mil euros, o norte-coreano deverá responder pelo crime de tráfico de moeda, pois a legislação moçambicana sobre a matéria autoriza apenas a saída de até 10 mil dólares (7,7 mil euros) para despesas correntes.
 
PMA // VM.
 
Norte de Moçambique vai ficar sem luz de dia no domingo
 
12 de Outubro de 2012, 10:56
 
Maputo, 12 out (Lusa) - O norte de Moçambique vai ficar sem energia durante todo o período de dia de domingo e o centro vai sofrer restrições no acesso à luz, devido a trabalhos de manutenção preventiva, informou hoje a Eletricidade de Moçambique.
 
Um comunicado de imprensa da Eletricidade de Moçambique (EDM) refere que as províncias de Nampula, Cabo Delgado e Niassa, no norte do país, Zambézia, centro, ficarão totalmente privadas de energia elétrica no dia 14 de outubro de 2012, domingo, das 05.00 horas às 18.00 horas".
 
As províncias de Manica e Sofala terão apenas algumas restrições, acrescenta a nota de imprensa.
 
"A interrupção no fornecimento de luz às duas regiões deve-se aos trabalhos de manutenção preventiva de grande dimensão, com vista ao melhoramento da qualidade do sistema combinado de Produção e Transporte de energia elétrica", refere ainda EDM.
 
PMA // HB
 
Presidência da CPLP destaca importância do Centro de Análises Estratégicas
 
12 de Outubro de 2012, 11:37
 
Maputo, 12 out (Lusa) - A presidência moçambicana da Comunidade de Países de Língua Portuguesa destacou hoje a importância do Centro de Análises Estratégicas (CEA) na definição de modelos de segurança para a organização face "ao caráter transnacional das ameaças".
 
Falando na cerimónia de tomada posse do novo diretor do CEA, o português Francisco Azevedo, o ministro moçambicano da Defesa, Filipe Nyusi, sustentou uma cooperação efetiva da CPLP baseada no valor e conceito de segurança.
 
"O CEA é uma ferramenta estratégica para potencial a cooperação no âmbito da defesa e segurança", pelo que, "Moçambique, na qualidade de presidente da CPLP, tudo fará para direcionar os esforços que todos países desenvolvem ou podem fazer mais para garantir maior tranquilidade e um convívio são das populações dos nossos países", disse Filipe Nyusi.
 
O novo diretor do CEA da CPLP, o português Francisco Azevedo, substituiu no cargo o brigadeiro moçambicano Domingos Salazar Manuel, que dirigiu o órgão de coordenação de atividades de pesquisas militares da CPLP desde a sua criação, em 2002.
 
O ministro moçambicano da Defesa apelou à nova direção do CEA da CPLP para se tornar também "um espaço de investigação académica, política, económica cultura e militarmente estratégico, onde os desafios de atualidade serão analisados e processada toda a informação da paz e democracia" nos países lusófonos e no mundo.
 
Em declarações aos jornalistas, Francisco Azevedo assegurou que continuará com os trabalhos de coordenação das atividades de pesquisa e definição de estratégias militares, em parceira com os núcleos nacionais dos estados membros da CPLP.
 
Por seu turno, Domingos Salazar Manuel lembrou "a grande dificuldade financeira" vivida pelo CEA, um problema que, disse, "afetou de uma forma negativa o funcionamento da instituição" durante os dez anos em que dirigiu a instituição.
 
MMT // HB
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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A EXPROPRIAÇÃO POLÍTICA DOS EUROPEUS

 


Der Hauptstadtbrief, Berlim – Presseurop – imagem AFP
 
Com tantos planos de resgate e tratados de emergência negociados a sete chaves, os cidadãos da UE perdem lentamente o controlo das suas instituições, adianta o escritor alemão Hans Magnus Enzensberger, que prevê uma revolta.
 
 
Crise? Que crise? Os cafés, esplanadas e bares estão sempre cheios, os turistas andam aos encontrões nos aeroportos alemães, falam-nos de valores recorde na exportação e do recuo da taxa de desemprego. As pessoas acompanham aborrecidas as “cimeiras” políticas semanais e as trocas de ideias dos especialistas. Tudo isto parece ocorrer numa no man’s land [terra de ninguém] retórica repleta de discursos oficiais incompreensíveis, que não têm nada a ver com o que chamamos de vida real.
 
Pelo que parece, ninguém ou quase ninguém nota que os países europeus já não são regidos por instituições que beneficiam de legitimidade democrática há algum tempo, mas por uma série de siglas que as substituíram. O FEEF, o MEE, o BCE, a ABE e o FMI assumiram o comando. É preciso ser um especialista para desenvolver estes acrónimos.
 
Além disso, apenas os iniciados chegam a perceber quem faz o quê e como no seio da Comissão Europeia e do Eurogrupo. Todos estes organismos têm um ponto em comum: o facto de não estarem incluídos em qualquer constituição no mundo e de não envolverem os eleitores nas suas tomadas de decisão.
 
A indiferença com a qual os habitantes do nosso pequeno continente aceitam que lhes seja retirado o seu poder político causa arrepios. Talvez se deva ao facto de ser uma novidade histórica. Ao contrário das revoluções, dos Golpes de Estado e dos golpes militares de que a história europeia está cheia, esta expropriação é feita sem grandes problemas. Tudo se desenrola pacificamente, a portas fechadas.
 
Abolição do Estado de Direito
 
Que os tratados não são respeitados não é surpresa para ninguém. As regras existentes, como o princípio da subsidiariedade definido pelo tratado de Roma ou a cláusula de não resgate do tratado de Maastricht, caem no esquecimento quando necessário. O princípio pacta sunt servanda [os pactos devem ser respeitados] parece um slogan sem sentido criado por juristas picuinhas na Antiguidade.
 
A abolição do Estado de Direito aparece de forma clara no tratado que institui o MEE (Mecanismo Europeu de Estabilidade]. As decisões dos pesos pesados desta “sociedade de resgate” entram imediatamente em vigor no direito internacional e não estão sujeitas à aprovação dos Parlamentos. Denominam-se “governadores”, como era muitas vezes o caso nos antigos regimes coloniais, e, tal como estes últimos, não têm justificações a dar à opinião pública.
 
Em contrapartida, não podem comunicar qualquer informação. O que faz lembrar Omertà [“código de silêncio”], que figura no código de honra da máfia. Os nossos “padrinhos” estão isentos de qualquer controlo judiciário ou legal. E desfrutam de um privilégio que nem sequer um chefe de Camorra [a máfia napolitana] tem: a imunidade penal absoluta (em conformidade com os artigos 32 a 35 do tratado que institui o MEE).
 
Portanto, a espoliação política do cidadão atingiu um auge provisório. Esta começou muito cedo, na introdução do euro, ou até mesmo antes. Esta moeda é fruto de negócios políticos ilícitos que não tiveram em consideração as condições económicas necessárias para executar tal projeto.
 
Os povos irão finalmente acordar da sua siesta política
 
Bem longe de reconhecer e corrigir as malformações congénitas da sua criação, o “regime dos salvadores” insiste na necessidade de seguir um roteiro estabelecido a todo o custo. Proclamar constantemente que “não temos outra escolha” equivale a negar o risco de explosão induzido pelo aumento das disparidades entre os Estados-membros. Há já alguns anos que se avistam as consequências: a divisão em vez da integração, o ressentimento, a animosidade e as acusações mútuas em vez da concertação. “Se o euro se afundar, a Europa também se afunda”. Este slogan absurdo pretende convencer um continente constituído por 500 milhões de indivíduos a seguir uma classe política isolada, como se 2 mil anos não fossem nada comparado com a moeda inventada recentemente.
 
A “crise do euro” prova que isto não acabará com a espoliação política dos cidadãos, e que também se estenderá à esfera económica. É preciso estar nos locais onde os custos económicos se fazem sentir diariamente para compreender o que isto significa. Os habitantes de Madrid ou de Atenas começaram a manifestar-se nas ruas quando viram que não tinham outra alternativa. O que irá certamente acontecer noutras regiões.
 
Pouco importam as metáforas utilizadas pela classe política, podem batizar a sua nova criatura como MEE, bazuca, Grande Bertha, euroobrigações, união orçamental, união bancária, mutualização da dívida – os povos voltarão a interessar-se pela política quando for preciso desembolsar. Estes sentem que, mais cedo ou mais tarde, terão de pagar pelos danos causados pelos salvadores do euro.
 
A política europeia ultrajou o princípio da subsidiariedade
 
Ainda não foi avistada nenhuma solução simples para sair da crise. Todas as opções cuidadosamente evocadas foram até à data, rejeitadas com sucesso. A ideia de uma Europa a várias velocidades perdeu-se pelo caminho. As cláusulas de saída sugeridas sem grande entusiasmo nunca chegaram a integrar os tratados. A política europeia ultrajou o princípio da subsidiariedade, uma ideia demasiado convincente para ser levada a sério.
 
Este termo bárbaro significa nem mais nem menos que, da escala municipal à escala regional, do Estado-nação às instituições europeias, a instância mais próxima dos cidadãos deve sempre reger o que integra o seu quadro de competências, e que as instâncias superiores devem apenas herdar competências regulamentares que não podem ser garantidas por outra entidade. Isto nunca passou de um desejo irrealista – a história da Europa é prova disso.
 
O horizonte ainda está bloqueado. Um tempo oportuno para os céticos, que preveem não apenas o desmoronamento do sistema bancário e a bancarrota dos Estados cheios de dívidas, como também o fim do mundo, se possível! Mas, como a maioria dos profetas da desgraça, estes deitam foguetes antes da festa. Uma vez que 500 milhões de europeus não se renderão sem resistir.
 
Este continente já fomentou, atravessou e superou conflitos muito diferentes e bem mais sangrentos do que a crise atual. Sair do impasse no qual os apóstolos da colocação sob tutela nos posicionaram terá um custo, haverá conflitos e novas reformas dolorosas. Nesta situação, não se deve ceder ao pânico, e os que preveem o fim da Europa desconhecem o seu poder. Antonio Gramsci deixou-nos este provérbio: “Deve-se aliar o pessimismo da inteligência ao otimismo da vontade”.
 

ISLÂNDIA MOSTROU O CAMINHO AO RECHAÇAR A AUSTERIDADE

 


Salim Lamrani, Paris – Opera Mundi
 
País nórdico recusou receituário do FMI, deixou bancos quebrarem e condenou os responsáveis pela crise
 
Quando, em setembro de 2008, a crise econômica e financeira atingiu a Islândia – pequeno arquipélago no norte da Europa, com uma população de 320 mil habitantes –, o impacto foi desastroso, tal como no resto do continente. A especulação financeira levou os três principais bancos à falência, de modo que seus ativos representavam uma soma dez vezes superior ao PIB do país, com uma perda líquida de 85 bilhões de dólares. A taxa de desemprego se multiplicou por nove entre 2008 e 2010, ao passo que, antes, o país gozava de pleno emprego.

A dívida da Islândia representou 900% do PIB e a moeda nacional se desvalorizou 80% em relação ao euro. O país caiu em uma profunda recessão, com uma diminuição do PIB em 11% em dois anos. (1)

Diante da crise

Em 2009, quando o governo quis aplicar as medidas de austeridade exigidas pelo FMI em troca de uma ajuda financeira de 2,1 bilhões de euros, uma forte mobilização popular o obrigou a renunciar. Nas eleições antecipadas, a esquerda ganhou a maioria absoluta no Parlamento. (2)

No entanto, o novo poder adotou a lei Icesave – cujo nombre provém do banco online que quebrou e cujos correntistas eram, na maioria, holandeses e britânicos – com a finalidade de reembolsar os clientes estrangeiros. Essa legislação obrigava os islandeses a reembolsar uma dívida de 3,5 bilhões de euros (40% de seu PIB) – nove mil euros por habitante – em quinze anos e com uma taxa de juros de 5%. Diante dos novos protestos populares, o presidente se recusou a assinar o texto parlamentar e o submeteu a um referendo. Em março de 2010, 93% dos islandeses rechaçaram a lei sobre o reembolso das perdas do Icesave. Quando foi submetida novamente a referendo em abril de 2011, 63% dos cidadãos voltaram a rechaçá-la. (3)
Uma nova Constituição, redigida por uma Assembleia Constituinte de 25 cidadãos eleitos por sufrágio universal entre 522 candidatos, composta por nove capítulos e 114 artigos, foi adotada em 2011. Ela prevê o direito à informação, com acesso público aos documentos oficiais (Artigo 15), a criação de uma Comissão de Controle da Responsabilidade do Governo (Artigo 63), o direito à consulta direta (Artigo 65) – 10% dos eleitores podem pedir um referendo sobre as leis votadas pelo Parlamento –, assim como a nomeação do primeiro-ministro pelo Parlamento. (4)

Assim, ao contrário das outras nações da União Europeia na mesma situação, que aplicaram escrupulosamente as recomendações do FMI que exigiam medidas de austeridade severas, como na Grécia, Irlanda, Itália ou Espanha, a Islândia escolheu uma via alternativa. Quando, em 2008, os três principais bancos do país – Glitnir, Landsbankinn e Kaupthing – desmoronaram, o Estado islandês se negou a injetar neles fundos públicos, tal como havia feito o resto da Europa. Em vez disso, realizou sua nacionalização.

Do mesmo modo, os bancos privados tiveram que cancelar todos os créditos com taxas variáveis que superavam 110% do valor dos bens imobiliários, o que evitou uma crise de subprime, como nos Estados Unidos. Por outro lado, a Corte Suprema declarou ilegais todos os empréstimos ajustados a divisas estrangeiras que foram outorgados a particulares, obrigado assim os bancos a renunciarem a seus créditos em benefício da população. (5)

Quanto aos responsáveis pelo desastre – os banqueiros especuladores que provocaram o desmoronamento do sistema financeiro islandês –, não se beneficiaram da mansidão que se mostrou diante deles no resto da Europa, onde foram sistematicamente absolvidos. Com efeito, Olafur Thor Hauksson, Procurador Especial nomeado pelo Parlamento, os perseguiu e prendeu, inclusive ao ex-primeiro-ministro Geir Haarde. (6)

Uma alternativa à austeridade

Os resultados da política econômica e social islandesa têm sido espetaculares. Enquanto a União Europeia se encontra em plena recessão, a Islândia se beneficiou de uma taxa de crescimento de 2,1% em 2011 e prevê uma taxa de 2,7% para 2012, além de uma taxa de desemprego de 6%. (7) O país até se deu ao luxo de realizar o reembolso antecipado de suas dívidas ao FMI. (8)

O presidente islandês Olafur Grímsson explicou este milagre econômico: “A diferença é que, na Islândia, deixamos os bancos quebrarem. Eram instituições privadas. Não injetamos dinheiro para salvá-las. O Estado não tem por que assumir essa responsabilidade”. (9)

Agindo contra qualquer prognóstico, o FMI saudou a política do governo islandês – o qual aplicou medidas totalmente contrárias às que o Fundo preconiza –, que permitiu preservar “o precioso modelo nórdico de proteção social”. De fato, a Islândia dispõe de um índice de desenvolvimento humano bastante elevado. “O FMI declara que o plano de resgate ao modo islandês oferece lições nos tempos de crise”. A instituição acrescenta que “o fato de que a Islândia tenha conseguido preservar o bem-estar social das unidades familiares e conseguir uma consolidação fiscal de grande envergadura é uma das maiores conquistas do programa e do governo islandês”.

No entanto, o FMI omitiu omitiu a informação de que esses resultados só foram possíveis porque a Islândia rechaçou sua terapia de choque neoliberal e elaborou um programa de estímulo econômico alternativo e eficiente. (10)

O caso da Islândia demonstra que existe uma alternativa crível às políticas de austeridade que são aplicadas na Europa. Estas, além de serem economicamente ineficientes, são politicamente custosas e socialmente insustentáveis. Ao escolher colocar o interesse geral acima do interesse dos mercados, a Islândia mostra o caminho ao resto do continente para escapar do beco sem saída.

(*) Doutor em Estudos Ibéricos e Latino-americanos da Universidade Paris Sorbonne-Paris IV, Salim Lamrani é professor responsável por cursos na Universidade Paris-Sorbonne-Paris IV e na Universidade Paris-Est Marne-la-Valée e jornalista, especialista nas relações entre Cuba e Estados Unidos. Seu último livro se intitula Etat de siège. Les sanctions économiques des Etats-Unis contre Cuba, Paris, Edições Estrella, 2011, com prólogo de Wayne S. Smith e prefácio de Paul Estrade. Contato: Salim.Lamrani@univ-mlv.fr. Página no Facebook: https://www.facebook.com/SalimLamraniOfficiel

Referências bibliográficas
(1) Paul M. Poulsen, ‘‘Como a Islândia, uma vez à beira do precipício, se restabeleceu’’, Fundo Monetário Internacional, 26 de outubro de 2011. http://www.imf.org/external/french/np/blog/2011/102611f.htm (site acessado em 11 de setembro de 2012).
(2) Marie-Joëlle Gros, « ‘‘Islândia: a retomada de uma dívida suja’’, Libération, 15 de abril de 2012.
(3) Comissão de cancelamento da dívida do Terceiro Mundo, «Quando a Islândia reinventa a democracia», 4 de dezembro de 2010.
(4) Constituição da Islândia, 29 de junho de 2011. http://stjornlagarad.is/other_files/stjornlagarad/Frumvarp-enska.pdf (site acessado em 11 de setembro de 2012).
(5) Marie-Joëlle Gros, «Islândia: a retomada de uma dívida suja», op. cit.
(6) Caroline Bruneau, «Crise islandesa: o ex-primeiro-ministro não está aprovado», 13 de maio de 2012.
(7) Ambrose Evans-Pritchard, «A Islândia ganhou no fim», The Daily Telegraph, 28 de novembro de 2011.
(8) Le Figaro, «A Islândia já reembolsou o FMI», 16 de maço de 2012.
(9) Ambrose Evans-Pritchard, «Islândia oferece uma tentação arriscada à Irlanda terminada a recessão», The Daily Telegraph, 8 de dezembro de 2010.
(10) Omar R. Valdimarsson, «FMI diz que resgate ao estilo da Islândia traz lições em tempos de crise», Business Week, 13 de agosto de 2012.

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A VITÓRIA DO PSUV É UMA PITADA DE MÉRITO EM BENEFÍCIO DE TODA A HUMANIDADE! – II

 

Martinho Júnior, Luanda
 
3 – Outro dos grandes desafios para o Partido Socialista Unificado da Venezuela e Hugo Chavez, é o encontro histórico em prol da integração na Pátria Grande, tão sonhada e idealizada pelas entidades mais progressistas sobretudo da América Latina de há 200 anos a esta parte e um tema muito querido também, como não poderia deixar de ser, para os revolucionários cubanos.
 
A Venezuela sob o impulso de Hugo Chavez e do PSUV tem desempenhado um papel catalisador histórico para todos os sectores progressistas da América Latina, não se coibindo de tirar partido das vitórias obtidas pela Revolução Cubana, de seu socialismo, de sua intrínseca solidariedade e internacionalismo, em benefício das classes populares mais marginalizadas da Venezuela e de toda a América Latina.
 
A vitória do PSUV e de Hugo Chavez nas eleições de 7 de Outubro, estão no seguimento, agora que passaram 45 anos após o seu assassinato na Bolívia, dos mesmos ideais protagonizados em prol da libertação dos povos pelo Che.
 
4 – A institucionalização da ALBA, Alternativa Bolivariana para os Povos da Nossa América, resulta da identidade comum gerada com Cuba e aberta aos outros povos componentes da América Latina e Caribe, um sinal evidente dos resgates que houve que cumprir e que há que cumprir em função das classes populares historicamente marginalizadas e oprimidas, abertas ao renascimento socialista e à energia libertadora dum projecto nutrido pelo aprofundamento da democracia com mais cidadania e participação.
 
A impulsão do socialismo do século XXI está a fazer-se com a lógica do sentido de vida pelo que os esforços na educação e na saúde têm sido exponenciais, mas essa impulsão é muito mais abrangente.
 
5 – O impacto progressista da Venezuela atinge hoje toda a América e abrange sectores onde os progressistas antes nunca tiveram um pé tão firme!
 
A Venezuela, por exemplo, tem subvencionado combustíveis em benefício de algumas das comunidades urbanas mais pobres dos Estados Unidos, o que é extremamente sensível principalmente quando os invernos são mais rigorosos.
 
Os maiores beneficiários têm sido as comunidades de afro-descendentes e de latino-descendentes!
 
A filial da PDVSA nos Estados Unidos, a CITGO Petroleum, elaborou um convénio com a Citizens Oil Corporation, que tem como fundador, presidente e “chairman” o senhor Joseph P. Kennedy II, convénio esse que beneficia com petróleo barato as comunidades mais pobres de grandes cidades do leste.
 
A Venezuela estimulou o PetroCaribe, que é responsável pelo fornecimento de combustíveis a preços muito mais baratos a praticamente todas as comunidades insulares das Caraíbas e ainda a muitas comunidades da América Central!
 
Um dos maiores beneficiários é o Haiti, o mais pobre das Américas, quão rico em tradições revolucionárias.
 
Por essa razão os Estados Unidos exercem todo o tipo de pressões contra os êxitos dos programas do PetroCaribe, programas esses que são extremamente importantes sobretudo para as nações insulares e países da América Central.
 
6 – Sob o ponto de vista dos relacionamentos internacionais, é com a Venezuela que as alternativas ao capitalismo neo liberal proliferam na América Latina, favorecendo profundas alterações na região e inclusive no poderoso vizinho do sul, o Brasil, onde as políticas de Lula e de Dilma recebem estímulos em função desse clima progressista que só beneficia a emergência brasileira.
 
Nesse sentido é importante ressaltar o significado da entrada da Venezuela no MERCOSUL, um espaço económico que se estende agora da Terra do Fogo às Caraíbas, uma emergência alargada que implica o esvaziar da ALCA e dos planos que respondem à vontade do capitalismo neo liberal do império sobre a América Latina!
 
O MERCOSUL possibilita integrações que antes eram muito mais difíceis de realizar, entre interesses eminentemente latino-americanos e é um dos eixos da aproximação da Venezuela com o Brasil e a Argentina, assim como uma plataforma de aproximação à China e a outros emergentes, entre eles os outros componentes do grupo BRICS.
 
Vulnerabilizada a ALCA, os Estados Unidos procuram incentivar tratados bilaterais e a iniciativa Trans Pacific Partnership: é em relação a esse tipo de pressões que o MERCOSUL se vai constituindo já numa iniciativa de tendência multi-cêntrica e multi-polar, assumindo um diferencial evidente em termos do que se entende por exercício de democracia.
 
O MERCOSUL assume-se sobretudo na asa Atlântica da América do Sul, com a Argentina, o Brasil e a Venezuela, que de certo modo traduzem um eixo para a construção da Pátria Grande.
 
7 – A UNASUL veio ainda trazer mais consistência à integração e a estratégia do renascimento americano fora da órbita do norte acabou por se estender à própria CELAC.
 
Em todas as organizações integradoras da América ao sul, a Venezuela e o seu carismático líder Hugo Chavez têm influenciado a emergência e a identidade própria da construção duma Pátria Grande.
 
Nesse contexto a aproximação do Brasil à Venezuela tem alterado os postulados da hegemonia do império que já não esconde suas dificuldades na Colômbia, na América Central e no México.
 
Nem os golpes nas Honduras e no Paraguai, países periféricos, toldam essa vontade para um renascimento que cada vez mais se afirma à margem do neo liberalismo e com uma abertura cada vez mais ampla às organizações sociais e ao socialismo e isso também em função do aprofundamento da democracia na Venezuela.
 
Desde a década de 90 do século passado que foram surgindo as organizações identitárias dos interesses do sul na América, mas elas foram ganhando maior dinamismo, força e independência em prol dos países constituintes, a partir do momento que a Venezuela, sob a liderança de Hugo Chavez, assumiu posições cada vez mais democráticas e progressistas, espelhando também o peso energético que representa esse país em relação a todo o conjunto.
 
É o petróleo nas mãos não mais duma oligarquia submissa e agenciada do império, mas como factor de mais dignidade, de mais solidariedade, de mais integração e internacionalismo, que no quadro da projecção da Pátria Grande vai possibilitar ultrapassarem-se os obstáculos e vencerem-se as etapas.
 
8 – A continuidade do processo do aprofundamento democrático, tendo na abertura ao socialismo um factor de progresso, está a transformar as relações de equilíbrio instável que até agora favoreciam a oligarquia da Colômbia, indexada aos interesses do império e aos postulados do seu “mercado livre”…
 
Tendo o exemplo da Venezuela “paredes meias”, é impossível que a democracia cidadã e participativa não influa em alterações profundas na Colômbia, numa altura em que a paz se torna possível.
 
Portanto uma das maiores expectativas correntes é a possibilidade de paz que se abre agora à Colômbia, uma paz que corresponde aos anseios da Pátria Grande e que une esforços daqueles que estão também a experimentar a viabilidade da integração.
 
A batalha pela paz na Colômbia é um dos desafios mais excitantes no caminho da construção da Pátria Grande, que está ao alcance, identificadas que estão as causas do conflito e aqueles que, intimamente associados aos interesses e conveniências do império, mantêm em desespero o estímulo em direcção à continuidade do conflito.
 
Se uma paz com mais integração e dignidade for alcançada na Colômbia, o ocaso da hegemonia norte americana em toda a região poderá cada vez mais acentuar-se antes das próximas eleições Presidenciais na Venezuela em 2017!
 
Foto: Imagem do último comício de Hugo Chavez antes das eleições a 7 de Outubro.
 
A consultar:
- “El futuro de América Latina se juega en Venezuela” – http://www.rebelion.org/noticia.php?id=154697
- “Dimensión universal de la elección en Venezuela” – http://www.avn.info.ve/contenido/dimensi%C3%B3n-universal-elecci%C3%B3n-venezuela
- “Yes, oil from Venezuela” – http://www.commondreams.org/views06/1224-21.htm
- “Venezuela apoia as comunidades mais pobres nos EUA (O Diário Digital de hoje)” – http://antreus.blogspot.com/2008/07/venezuela-apoia-os-mais-pobres-nos-eua.html
- “ALBA, alianza de pueblos independientes” – http://www.rebelion.org/noticia.php?id=144393
- “Una alianza para dar vida a los suenos de nuestros pueblos” – http://www.granma.cu/espanol/nuestra-america/4febrero-alba.html
- PetroCaribe para los pueblos o para los verdugos?” – http://www.rebelion.org/noticia.php?id=143180
- “Venezuela no MERCOSUL: dura derrota dos EUA, afirma Atílio Borón” – http://pt.cubadebate.cu/noticias/2012/08/01/venezuela-no-mercosul-dura-derrota-para-os-eua-afirma-atilio-boron/
- “MERCOSUL versus a nova ALCA versus China” – http://paginaglobal.blogspot.pt/p/mercosul-versus-nova-alca-versus-china.html
- “MERCOSUL deixa de ser um projecto centrado no cone sul” – http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20666&editoria_id=6
- “Washington a-t-il perdue l’Amérique Latine?” – http://www.monde-diplomatique.fr/2007/12/HABEL/15380
- “Brasil e América do Sul: adeus à condição de quintal” –
- “El ocaso del imperio” – http://www.rebelion.org/noticia.php?id=145903
- “A situação na Colômbia e o projecto FARC-EP” – http://resistir.info/mur/colombia_09ago12.html
- “Aprovam na Colômbia marco legal para eventual negociação de paz” – http://pt.cubadebate.cu/noticias/2012/05/16/aprovam-na-colombia-marco-legal-para-eventual-negociacao-de-paz/
 
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