domingo, 3 de março de 2013

OS EMPRESÁRIOS PORTUGUESES E A “MAMINHA” DAS TETAS SAGRADAS DA VACA DO ESTADO




João Lemos Esteves – Expresso, opinião

1. Já tinha ouvido várias expressões anti - Estado. Anti-intervenção do Estado na sociedade portuguesa - no entanto, a expressão de ontem da autoria de Alexandre Soares dos Santos é uma verdadeira pérola. Chegaria para ganhar o Óscar de crítica mais original ao Estado Português e aos portugueses. No fundo, nós, portugueses, não sabemos viver sem o leitinho das tetinhas sagradas do Estado: nós, no fundo, sempre vivemos à mama. Nós, cidadãos portugueses, é que mamámos com avidez as tetas do Estado - e, por conseguinte, hoje estamos a pagar a factura da nossa gula. Claro que os grandes empresários portugueses - os empresários das grandes empresas portuguesas - sempre rejeitaram a ajuda do Estado, sempre fugiram à mama do Estado! Por isso é que hoje são extremamente ricos! Por isso é que hoje podem dar lições de moral a todos os portugueses! Pois, contem-me uma bonita história...Se há alguém que sempre viveu à custa do Estado, sempre a aproveitar a "teta" mais saborosa e vantajosa do Estado foram as grandes empresas. Esse foi o sempre problema estrutural da economia portuguesa: os empresários, antes de qualquer negócio de ampla dimensão, procuram a autorização do Estado. Nada fazem se o Estado não der o seu aval. A "mama" dos grandes grupos económicos portugueses explica o atraso português e só tem contribuído para uma chocante promiscuidade entre o poder político e o poder económico. É que, vivendo numa autêntica "mamodependência", alguns dos nossos empresários não resistem até em contratar ex-ministros, boys do PS e do PSD (e até do CDS) para lugares de topo das suas empresas - mesmo que essas personagens políticas não tenham qualquer experiência ou habilitação académica para exercer tais cargos. São apenas contratados para conseguirem que a "vaca sagrada" chamada Estado garanta o exclusivo da "mama" para a empresa em causa. Daí que surjam contratos verdadeiramente ruinosos para o Estado - mas absolutamente vantajosos para os nossos "mamões" profissionais.

2. E depois quem paga a factura? Os portugueses, claro. Os cidadãos comuns a quem o Estado não dá "maminha. Pelo contrário: o Estado vive à "mama" do nível brutal de impostos que cobra a todos nós, sem que tenhamos qualquer contrapartida em termos de excelência dos serviços públicos prestados. Não só pagamos impostos, não só somos alvo de um verdadeiro confisco fiscal, como teremos de pagar mais para beneficiar dos serviços estatais de saúde e educação. Ele é impostos, ele é taxas, ele é contribuições especiais. Ao fim e ao resto, em Portugal, quase que se paga para trabalhar! Mas, claro, que vivemos todos à mama do Estado! O culpado da crise somos nós...claro que sim!

3.Claro que para Alexandre Soares dos Santos é muito fácil falar. Perante o confisco fiscal levado a cabo pelo Governo Passos Coelho, Soares dos Santos transfere o seu dinheirinho para uma conta off-shore e vai acumulando a sua riqueza. Muito bem: investiu, ganhou o seu lucro e agora disfruta desse lucro. A maioria dos portugueses também gostaria de ter o ordenado que recebem depois de um mês intenso de trabalho livre de impostos, gostava de acumular numa off-shore para depois viver à grande. Ou o Dr. Alexandre Soares dos Santos acha que os portugueses gostam de ser pobres? Eu próprio gostaria de mamar na mesma teta de Alexandre Soares dos Santos: ganhava o meu dinheiro, dava-me com todos os Governos, pirava-me com o dinheiro antes de pagar impostos. E depois pregava a moral de bom cidadão aos portugueses.

4. Pois, mas este Governo, que se diz liberal, a única política que consegue executar é a de aumento de impostos. Eu é que sou "mamado" pelo Estado. E, no fim do mês", Dr. Alexandre Soares dos Santos, a "vaca" não sou eu? A "vaca" das maminhas económico-financeiras não somos nós, portugueses comuns? Confirma-se: todas as vacas são iguais, mas umas são mais iguais do que outras...Para alguns, as maninhas do Estado dão, apenas, um pingo (muito) doce.

Carvalho da Silva: Governo faz «tudo para não ouvir» mas pressões acabam por resultar




TSF

O ex-secretário-geral da CGTP Carvalho da Silva considera que o Governo faz «tudo para não ouvir» os protestos, mas que «as pressões acabam por dar resultados», afirmando que o «Presidente da República é uma carta fora do baralho».

Em declarações à agência Lusa à margem de um debate do Congresso Democrático das Alternativas, que hoje decorreu no Porto, Carvalho da Silva afirmou que no sábado «o povo português deu sinais claros de qual é a avaliação que faz, de que é preciso pôr este Governo fora do poder, encontrar alternativas e libertar-nos deste jugo que os nossos credores e os agiotas internacionais nos estão a impor».

«Isto não vai com meras alternâncias nem com instituições paradas, como é o caso da Presidência da República. O Presidente da República é perfeitamente uma carta fora do baralho, num momento em que o país precisava do baralho todos e dos seus ases todos utilizados», criticou.

Para o ex-secretário-geral da CGTP, o atual Governo - que diz não ser normal e comportar-se como um Governo de um país ocupado - faz tudo «para não ouvir» as manifestações do povo português mas, adianta Carvalho da Silva, «as pressões acabam por dar resultados».

«Estamos numa mudança de ciclo, numa mudança de era, quer no plano nacional, quer no plano europeu, quer no plano mundial e não pode haver aqui taticismos político ou político-partidários na resposta a isto. Temos que forçar para que tenhamos instituições no país que funcionem mas precisamos também que não se fique à espera de meras alternâncias porque isto não vai lá com alternâncias», considerou.

Para o sociólogo, nem a 'troika' (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) nem o Governo português «têm hoje qualquer autoridade do ponto de vista político, técnico e moral para continuarem a impor estas políticas de empobrecimento», antecipando que sábado não foi a «última vez que o povo português» saiu à rua.

«Este Governo faz uma manipulação total do interesse nacional. Num contexto destes, a ação da sociedade torna-se ainda mais premente mas também temos que ter a consciência que estamos perante uma entidade, o Governo que temos, que usa o total distanciamento do povo como uma arma», alertou.

No sábado, mais de 40 cidades portuguesas e no estrangeiro aderiram à manifestação organizada pelo movimento "Que se lixe a 'troika'".

Portugal: BENFICA VENCE E ISOLA-SE NA LIDERANÇA DO CAMPEONATO




TSF

O Benfica isolou-se hoje no comando da I Liga portuguesa de futebol, ao vencer o Beira-Mar, por 1-0, em jogo da 21.ª jornada, disputado no Estádio Municipal de Aveiro.

Após o empate do FC Porto diante do Sporting (0-0), os "encarnados" não perderam a oportunidade de "descolarem" dos portistas, mas tiveram de sofrer para confirmar a liderança isolada da I Liga, com 55 pontos, mais dois do que os "dragões".

Do lado contrário, o Beira-Mar continua sem conseguir contrariar o ciclo negativo e somou o nono jogo sem vencer na I Liga, descendo para a última posição do campeonato, após o empate do Moreirense frente ao Marítimo.

Para este encontro, o técnico Jorge Jesus fez regressar ao "onze" inicial Maxi Pereira e Garay na defesa e Matic e Enzo Pérez no meio campo, poupados na partida com o Braga para a Taça da Liga.

Já Costinha, no segundo jogo enquanto treinador do conjunto "aurinegro", lançou uma equipa de cariz ofensivo, fazendo entrar Abel Camará para apoiar Yazalde no ataque, mas o Benfica chegou à vantagem cedo no encontro.

Melgarejo cruzou para Lima, que desviou a bola e Hugo cortou com a mão, tendo o árbitro assinalado grande penalidade. Na conversão do castigo máximo, o avançado paraguaio do Benfica Cardozo não falhou e, num remate colocado, colocou os "encarnados" em vantagem ao minuto 16, apontando o 14.º golo na I Liga.

Após o golo, o Benfica foi gradualmente "desacelerando", enquanto a formação de Costinha não se desconcentrou e foi procurando incomodar a defensiva adversária.

Aos 41 minutos, o conjunto aveirense chegou mesmo a assustar num lance em que Luisão falhou o corte e Yazalde rematou para uma defesa apertada de Artur, que impediu que a equipa da casa chegasse ao empate.

No segundo tempo, o Beira-Mar continuou a procurar o empate, sobretudo com iniciativas de Yazalde e Rubén, enquanto os comandados de Jorge Jesus procuraram sobretudo gerir a vantagem.

Ao minuto 69, Óscar Cardozo desperdiçou uma oportunidade flagrante para bisar, num lance em que o recém-entrado Gaitán cruzou e o avançado paraguaio falhou a emenda à boca da baliza.

O Beira-Mar também esteve muito próximo de marcar, aos 81 minutos, na sequência de um pontapé de canto marcado por Nildo e em que Artur foi obrigado a defesa complicada a um remate do central Bura.


Relatório sobre relação entre corrupção e violação de direitos humanos incluirá Angola




Sol - Lusa

O testemunho do activista angolano Rafael Marques fará parte de um relatório a apresentar ao Parlamento Europeu sobre a ligação entre corrupção e direitos humanos em países terceiros, que está a ser elaborado pela eurodeputada Ana Gomes e que deverá ser apresentado até ao verão.

Em declarações à agência Lusa, Ana Gomes explicou que foi incumbida pela subcomissão de direitos humanos do parlamento europeu para avaliar as situações de violações de direitos humanos directamente relacionadas com casos de corrupção num relatório que será distribuído aos eurodeputados durante os próximos meses.

Na quinta-feira, naquela que foi a primeira audição no âmbito deste relatório, o jornalista angolano foi ouvido na subcomissão de direitos humanos no Parlamento Europeu a par da perita Julia Pettengill, perita britânica sobre a Rússia, e de Gareth Sweeney, da Transparência Internacional.

“A corrupção não deve ser vista de forma isolada, mas também tendo em conta a forma como afecta os direitos humanos” nos países terceiros com quem a União Europeia se relaciona, salientou Ana Gomes, que espera ter concluído um primeiro esboço do relatório até março para que seja depois discutido ainda antes do verão.

“O Parlamento Europeu deve analisar a situação dos outros países à luz das violações dos direitos humanos” e por isso o objectivo destas audições é “recolher contribuições e elementos” de fontes próximas dos países em causa.

Angola foi um dos casos escolhidos porque “não é um país que aparece muito no radar [da violação] dos direitos humanos” mas que é “bem conhecido pelos elevados índices de corrupção”, salientou Ana Gomes.

E o jornalista e activista Rafael Marques “tem demonstrado que há uma verdadeira ligação entre a violação de direitos humanos e a corrupção”, acrescentou a eurodeputada, que defende uma política externa da UE que tenha em conta esta realidade.

“As violações de direitos humanos ocorrem em países com elevados níveis de corrupção” e esse é um assunto “que tem de estar em cima da mesa” de discussão dos eurodeputados e das autoridades comunitárias.

Rafael Marques tem insistido na denúncia daquilo que considera serem casos de corrupção em Angola, mas também tem criticado as opções políticas da União Europeia de apoio ao regime angolano.

Para Ana Gomes, o relatório visa sensibilizar também os eurodeputados, com “casos concretos” para a importância da relação entre a corrupção e a violação dos direitos humanos.

SONANGOL CONSIDERADA A SEGUNDA MAIOR EMPRESA DE ÁFRICA




Angola Press

Paris - A Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola, Sonangol, foi considerada a segunda maior empresa de África num estudo divulgado durante a última semana em Paris pela revista Jeune Afrique.

O estudo avaliou cerca de 500 empresas africanas ou sedeadas em África e, pelo segundo ano consecutivo, a Sonangol aparece nessa posição, atrás da Sonatrach, empresa de combustíveis da Argélia. 

Segundo o estudo, estas duas empresas apresentam resultados bastante sólidos que lhes permite estar entre as 500 maiores empresas do mundo e o seu estatuto só não se consolida mais devido ao facto de não estarem cotadas em bolsas.

Além da Sonangol, outras empresas angolanas (ou a operarem em Angola) aparecem no referido estudo, nomeadamente a Total E&P Angola na 50ª posição, Endiama na 128ª posição – subindo vinte duas posições em relação ao estudo de 2012 – assim como Catoca Sociedade Mineira na 227ª posição. 

Ao referir-se sobre a metodologia de elaboração do estudo, o board da Jeune Afrique esclarece que o estudo se baseia nos resultados financeiros detalhados fornecidos pelas empresas. Houve um trabalho de apuramento e selecção de mais de seis mil empresas que permitiu que se chegasse às 500 maiores companhias africanas ou que operam em África. Os cálculos são considerados em dólares com base na taxa de câmbio do dia 31 de Dezembro de 2011.

Entre as leituras que se podem fazer ao estudo publicado numa edição especial desta semanário africano que se publica em Paris está a confirmação da hegemonia da economia sul-africana ante uma certa estagnação da Nigéria. As empresas do Egipto Tunísia e Líbia enfrentaram dificuldades devido aos condicionamentos políticos e algumas empresas perderam posições ou foram excluídas do ranking ao mesmo tempo que os países da África Sub-sahariana parecem estar a entrar para a economia de mercado. 

Além de uma classificação global, as 500 empresas foram também repartidas em sub-regiões (África do Norte, África Ocidental, África Austral e Oceano Indico, África Oriental e África Central) e por sectores (Agronegócios, hidrocarbonetos, industrias extractivas, Telecomunicações, Distribuição e Transportes.

Em finais de 2012, essa publicação havia feito um estudo dedicado apenas à banca e aos seguros onde pontificavam igualmente alguns bancos e seguradoras angolanas. 

OPERAÇÃO SERVAL – V




Martinho Júnior, Luanda

O SAHEL, A RDC E ANGOLA

12 – No Sahel, levando os cenários-quadro desde o Senegal ao Tchade, é de prever:

- Ataques a unidades militares, a unidades económicas e a entidades administrativas, à semelhança do precedente ataque que ocorreu numa exploração de gás a leste da Argélia (In Amenas);

- Ataques a embaixadas e consulados de países ocidentais;

- Raptos e assassinatos de estrangeiros, principalmente de origem ocidental;

- Aumento das tensões religiosas, principalmente em países onde houver cristãos e muçulmanos;

- Aumento da capacidade económica e financeira das redes que suportam e compõem os grupos islâmicos radicais;

- Influência nas condutas sócio-políticas dos países mais vulneráveis ao islamismo;

- Expansão em direcção a sul das correntes islamitas radicais tirando partido da migração.

- Interligação com outros pontos de ruptura em África, incluindo com rupturas crónicas na RDC, com vista a servirem-se de trampolim em direcção a sul, em especial em direcção a Angola (corroborando a “pista” aberta por e com Savimbi).

A mancha de instabilidade tem tendência a tornar-se cada vez maior e os países que compõem o espaço CEDEAO poderão tornar-se ainda mais frágeis, mesmo que venham a surgir regimes que enveredem por trilhas com características neo fascistas e não se coíbam ao uso da força.

Essa é a situação ideal para fazer prevalecer o neo colonialismo e o subdesenvolvimento!

É necessário recordar que alguns dos países que compõem o Sahel possuem os Índices de Desenvolvimento Humano mais baixos à escala global, estando constituídos em países com elevada migração.

Uma vez que as fronteiras marítimas da Europa são cada vez mais difíceis de ultrapassar, dadas as medidas que têm vindo a ser aplicadas, é pois de supor que o caudal migratório em direcção ao sul do continente africano venha a intensificar-se.

As redes islamizadas que controlam a migração indiciam estar a financiar cada vez mais iniciativas, atraídas pelas riquezas do continente africano a sul.

No sul estão em fase de instalação, aumentando o potencial local de riscos e procurando servir-se da “plataforma podre” que é o território da RDC!

A RDC tende a desempenhar em relação ao sul de África o que o Sahel desempenha em relação às imensas regiões a norte do equador africano!

Neste momento considero contudo a Argélia o alvo prioritário (o AQIM causará muito mais problemas à Argélia a partir de agora e o objectivo é a mudança do regime), instalando um quadro neo colonozado com características neo conservadoras, um regime próximo aos que foram instalados na Tunísia, na Líbia e do Egipto na sequência das “Primaveras Árabes”!

13 – Todas as experiências acumuladas a norte vão ser tidas em conta a partir da “plataforma podre” que é a RDC no plano AFRICOM para a África Austral!

Neste momento as correntes migratórias provenientes de países islamizados como o Senegal, o Mali e a Guiné Conacry entre outros mais, estão a “invadir” já Angola, em função da atracção de suas riquezas.

De facto a RDC não é apenas assolada pelas crises, tensões e conflitos encadeadas no leste sobretudo nos dois Kivus.

Na África do Sul e em Angola foram detidos ao todo 30 indivíduos que conspiravam contra o Presidente Joseph Kabila e pretendiam utilizar a força nessa conspiração.

De entre os 11 detidos em Angola alguns fizeram parte das Forças Armadas do Zaire do regime neo colonizado de Mobutu.

O outro aspecto da “plataforma podre” que constitui a RDC é a do seu território estar a ser utilizado por poderosas redes internacionais que recorrem à migração ilegal de proveniência islâmica para introduzir a “corrente” em Angola.

Milhares de ilegais estão a chegar a Angola diariamente e a esmagadora maioria deles é proveniente de nações islâmicas como o Mali.

Eles não só são encaminhados para o comércio; neste momento eles fazem parte da mão de obra utilizada no garimpo e da sua actividade as redes fogem ao “processo Kimberley”, isto é não vendem os diamantes aos locais previstos pelo estado, não pagam impostos e aumentam o caudal do tráfico ilícito de diamantes!...

Essa “corrente” comporta também redes radicais islâmicas, pois é esta a ocasião para vir a Angola buscar financiamento para as suas actividades… tal como ensinou Savimbi!...

A inteligência angolana dá muita atenção à evolução da situação na RDC em função dessas correntes migratórias, em grande parte clandestinas.

Segundo o “Africa Monitor Intelligence”, citado pelo Canal Moçambique a 15 de Fevereiro de 2013:

“As autoridades angolanas, em geral, denotam uma preocupação especial em relação ao futuro da República Democrática do Congo (RD Congo) e, em particular, ao regime de Joseph Kabila.

A atenção que instituições como o Ministério dos Negócios Estrangeiros, Serviços de Informação do Estado e Estado Maior General das Forças Armadas angolanos prestam à situação na RD Congo é manifestamente superior à de qualquer outro país – do continente ou não. O acolhimento nitidamente favorável que a intervenção militar francesa no Mali mereceu, foi determinado por preocupações causadas ao tempo por informações segundo as quais os rebeldes malianos estariam a tentar estabelecer ligações com o M 23, militarmente activo no L da RD Congo, assim como com vários outros grupos armados rebelados conta o regime de J Kabila.

Na perspectiva dos analistas do SIE (country reports diários sobre a RD Congo), o risco de tais ligações virem a ser estabelecidas diminuiu consideravelmente por efeito directo do balanço militar da intervenção da França.

Na perspectiva da superestrutura política um colapso do regime de J Kabila fomentaria um ambiente de cavada desestabilização interna susceptível de contagiar Angola – por meras razões de vizinhança. J Kabila é também considerado em Angola como o seu melhor interlocutor na resolução de pendências delicadas, como disputas fronteiriças e partilha da exploração de recursos petrolíferos nas águas marítimas contíguas.

Uma unidade das FA com reconhecida capacidade técnica de intercepção de redes regionais de comunicações, BATOPE, baseada em Luanda, opera quase exclusivamente “direccionada” para a RD Congo. No EMGFA a situação é acompanhada por uma task force constituída por experts na RD Congo, encabeçada pelo Gen Tonta de Castro, antigo quadro da FNLA, de origem bacongo e com um bom círculo de contactos em Kinshasa”.

Importa reter: a dialéctica sócio-política incentivada pelos Estados Unidos em África (papel do AFRICOM) é de tal modo conservadora que permite o seguinte “jogo”: difundindo o islão recorrendo aos seus elementos mais radicais (os grupos “terroristas”), instala-se de facto um modelo de poder neo colonial que garante a imposição dos interesses ocidentais e das monarquias arábicas às nações de África, sem que se vislumbre qualquer movimento organizado de resistência, para além do impasse na RDC!

O império com sua tríade, Estados Unidos – Europa – Japão (e outros aliados como as monarquias arábicas) e seus venenos expande o “arco de crise” em direcção a sul e, quer a RDC, quer Angola são os principais alvos das “novas” intenções de “Primavera” (?).

Os abutres voltam em força sobre o corpo inerte de África!

Mapa a não perder: Carta interactiva do Crisis Group – http://crisisgroup.be/maps/kivu-map/kivu-map.html

A consultar:
- La guerra de Occidente contra el desarrollo africano continua – http://www.rebelion.org/noticia.php?id=164044
- Ataque en Argelia por la intervención militar en Mali – Secuestro masivo y dos muertos en en la primera represalia jihadista – http://gara.naiz.info/paperezkoa/20130117/383174/es/Secuestro-masivo-dos-muertos-en-primera-represalia-jihadista/
- Redesenho de África: Os EUA apoiam a Al Qaeda no Mali. A França vem em socorro – http://www.odiario.info/?p=2769
- UN group of experts final report – http://www.un.org/ga/search/view_doc.asp?symbol=S/2012/843
- Kagame et Museveni sont le problème qui cause le malheur de la RDC – http://www.digitalcongo.net/article/89555
- Les téméraires agents du M 23 rapellés àl’ordre par le président ougandais Museveni – http://www.digitalcongo.net/article/89408
- Agenda de diálogo entre o governo da RDC e o M-23 sobre o leste do Congo – http://peacemaker.un.org/sites/peacemaker.un.org/files/CD_130116_AgendaForDialogueDRC-M23_0.pdf
- African leaders sign peace deal - http://www.bbc.co.uk/news/world-africa-21563949
- Le texte integral de l’Accord-cadre signé à Addis Abeba – http://www.digitalcongo.net/article/90023
- Les 20 Congolais accusés de complot contre le président Joseph Kabila comparaîtront le 27 février devant un tribunal de Pretoria en Afrique du Sud – http://www.digitalcongo.net/article/89847
- 11 Congolais arrêtés en Angola pour tentative de déstabilisation de la RDC – http://www.digitalcongo.net/article/89705
- Le Gouvernement remercie l’Afrique du Sud et l’Angola pour leur contribution à la répression de la criminalité transfrontalière – http://www.digitalcongo.net/article/89693


EUA deveriam levantar sanções contra Cuba, diz presidente do Senado francês




Salim Lamrani, Havana – Opera Mundi

Em visita a Havana, Jean-Pierre Bel também defendeu que França seja interlocutora de diálogo entre Cuba e UE

Nascido em 1951, no seio de uma família de resistentes comunistas do sul da França, Jean-Pierre Bel se envolveu a partir dos anos 1970 nas redes de solidariedade à oposição espanhola na luta contra a ditadura de Francisco Franco, acolhendo refugiados e fornecendo apoio material aos antifascistas. Durante uma dessas operações, foi preso pela polícia franquista e esteve vários meses nas prisões espanholas.

Eleito prefeito em 1983 e senador em 1998, Jean-Pierre Bel presidiu o grupo socialista do Senado de 2004 a 2011 e foi membro durante mais de 10 anos do Birô Nacional do Partido Socialista, antes de ser eleito o número dois da Nação. Jean-Pierre Bel é um ardente defensor de um estreitamento das relações entre França e América Latina, particularmente com Cuba, não apenas por razões políticas, mas também afetivas. Com efeito, admirador da Revolução Cubana desde a adolescência, o Presidente do Senado se casou com uma cubana e, dessa união, nasceu uma filha.

Na conversa, realizada na ilha, o Presidente do Senado aborda as relações entre Cuba e França, a política da União Europeia quanto ao governo de Raúl Castro, o conflito bilateral entre Washington e Havana, assim como as perspectivas de sua normalização durante o segundo mandato de Barack Obama. Ele evoca também a distinção por ele concedida a Eusebio Leal, historiador de Havana, que recebeu em nome do Presidente da República a Cruz de Comendador da Legião de Honra. Por fim, este diálogo termina com uma reflexão sobre a figura de Maximiliano Robespierre, herói da Revolução Francesa.

Opera Mundi: Em que estado se encontram as relações entre Cuba e França?

Jean-Pierre Bel: Em uma etapa crucial. Houve recentemente, ao final de janeiro, o encontro entre a União Europeia e a Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos em Santiago, na qual os dirigentes de ambos os continentes puderam trocar pontos de vista e ideias sobre o futuro de nosso mundo e sobre o modelo de sociedade que queremos construir.

Cuba assumiu a presidência dessa instituição, a CELAC, que agrupa as 33 nações da América Latina e do Caribe, e este é um acontecimento muito importante. O primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, estava em Santiago e posso afirmar que há uma vontade muito forte, por parte do nosso país, França, de aprofundar as relações com Cuba. Falei pessoalmente com o Presidente da República, François Hollande, e há uma verdadeira determinação de reforçar nossos laços com Havana.

OM: Quais são os vínculos entre ambas as nações?

JPB: Os laços são múltiplos e são de ordem histórica e cultural. A Revolução Francesa e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão influenciaram muito os grandes pensadores cubanos, particularmente o Apóstolo e Herói Nacional José Martí. A Revolução Francesa também marcou a Revolução Cubana em sua luta pela independência. O hino nacional cubano, La Bayamesa, é inspirado diretamente em La Marsellesa (A Marselhesa) e há uma grande similaridade entre nossas bandeiras. Grandes personagens franceses participaram na organização deste país.

Para Havana, por exemplo, foi um arquiteto francês que realizou as grandes infraestruturas ao redor da capital. Franceses de Bordéus fundaram a cidade de Cienfuegos. Cuba é um país que sempre fascinou os franceses. A epopeia revolucionária de Fidel Castro marcou minha geração. Todos tínhamos a foto do Che Guevara em nossos quartos.

Mais que um símbolo, França e Cuba compartilham uma história comum. Nós temos, então, a responsabilidade, as gerações de hoje, de retomar essa história e fazer com que nossos dois países, nossos dois povos, recuperem uma amizade forte e fraternal.

OM: E nos dias de hoje?

JPB: Hoje a época é outra e eu desejo, levando em conta meus laços particulares com Cuba, contribuir para voltar a encontrar essa via da amizade e compartilhar nossos pontos de vista. A França tem um papel a desempenhar em Cuba, e estão presentes aqui importantes empresas francesas, como, por exemplo, Bouygues, que está construindo vários complexos hoteleiros e tem muitos projetos nesta ilha.

Também está o magnífico casamento entre Cuba e França com a marca Havana Club e a empresa Pernod-Richard, que permite levar através do mundo a excelência cubana em matéria de rum. A Air France também ocupa um espaço importante em Cuba. Todos queremos aprofundar nossos laços com Cuba e desenvolver nossa cooperação. E, para isso, devemos respeitar o que é este país, sua identidade, seu sistema e seu modo de funcionar. Temos muita margem de progressão.

OM: O que esta viagem a Cuba representa para o senhor?

JPB: Estou encarregado de levar esta mensagem de amizade e fraternidade da França a Cuba, e esta viagem tem uma dimensão emotiva particular para mim, pois minha segunda família se encontra neste país. Minha esposa é cubana e tenho este país no coração. Mas estou aqui como Presidente do Senado francês, isto é, como segunda figura da República para testemunhar a importância que meu país concede às relações e ao diálogo com Cuba.

OM: A União Europeia impõe, desde 1966, uma Posição Comum a respeito de Cuba, oficialmente pela situação dos direitos humanos, o que faz da ilha a única nação do continente estigmatizada dessa forma. Seria sensato que a União Europeia modificasse seu enfoque em relação às autoridades cubanas?

JPB: Desde já a União Europeia tem que evoluir e, de fato, está modificando seu enfoque com relação a Cuba. A Posição Comum é uma política antiquada e a França quer se o interlocutor nessa realidade e convencer o restante da Europa de que o diálogo com Cuba é necessário. Somos conscientes das dificuldades, pois não temos a mesma visão sobre a realidade. Nossos sistemas políticos são diferentes. No entanto, somos lúcidos e sabemos tudo o que este país sofreu durante os últimos anos.

Para o povo cubano, a realidade tem sido dura. Às vezes, vivo com o povo cubano, compartilho de sua vida cotidiana e sempre me surpreende a sua capacidade para fazer frente às dificuldades, para viver melhor, para comer melhor, para ter mais comodidade. Mas se trata, sobretudo, de uma luta pela dignidade. Para nós, franceses, Cuba é terra de espíritos livres, é sinônimo de inteligência, dignidade e beleza. Sob essa perspectiva, nos sentimos muito próximos deste povo e destes valores que levamos juntos.

OM: Os Estados Unidos impõem sanções econômicas a Cuba há mais de meio século. Afetam as categorias mais vulneráveis da sociedade. A imensa maioria da comunidade internacional, 186 países em 2012, se pronuncia a favor de seu fim imediato. Chegou o momento de Washington normalizar suas relações com Cuba?

JPB: Não quero me meter nas relações entre ambos os países, mas sim, tenho de expressar minha opinião. Diria que chegou o momento, mais do que nunca, de voltar a encontrar o sentido das realidades. Há apenas 170 quilômetros entre essas duas nações que, na sua história, sempre se olharam frente a frente. É tempo de que ambos os povos caminhem juntos, um ao lado do outro. Seria bom para todos deixar de lado as diferenças e olhar coletivamente o porvir com um olhar apaziguado. É tempo de acabar com as sanções econômicas que existem há 50 anos e fazem o povo cubano sofrer.

OM: Em nome do Presidente da República francesa, François Hollande, o senhor acaba de condecorar Eusebio Leal, historiador da cidade de Havana, com a Cruz de Comendador da Legião de Honra. Trata-se da mais alta e antiga distinção que nossa nação outorga. Quais critérios motivaram essa decisão?

JPB: Eusebio Leal é para nós um grande personagem. Eu me reuni com ele várias vezes em Paris e em Havana e uma amizade e uma admiração fortes nos unem. Sempre me impressionou seu imenso talento, sua cultura incrível e sua insaciável curiosidade. Eusebio Leal tem a particularidade de conhecer nossa própria história melhor do que nós. Estudou-a com muita paixão, particularmente o período napoleônico.

Sempre me lembrarei de nosso encontro no Palácio de Luxemburgo, sede do Senado da República. Encontrávamo-nos diante do trono onde foi coroado o Imperador Napoleão e escutávamos as explicações de vários especialistas da época. Eusebio Leal, historiador de Havana, cubano, nos fez uma grande surpresa ao completar a exposição dos historiadores e esclarecer detalhes e aspectos que todos ignorávamos. De fato, em Cuba, em Havana, encontra-se um dos maiores museus do mundo sobre Napoleão, obra de Leal, e é de uma riqueza extraordinária. Foi inaugurado em 2011 com a presença da Princesa Napoleão.

OM: Que valores Eusebio Leal representa para o senhor?

JPB: Eusebio Leal representa os valores da França, dos princípios de nossa Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Compartilha da luta da França pela liberdade e a emancipação da humanidade, mediante a conquista de novos direitos sociais. Compartilha de nosso espírito de resistência e solidariedade para com os mais frágeis. É o laço entre a França de Victor Hugo e Aimé Césaire e a Cuba de José Martí. É o laço entre nossas duas culturas convergentes. Leal é, ao mesmo tempo, o símbolo dessa extraordinária cultura cubana, tão próxima de nós.

Eusebio Legal é um grandessíssimo embaixador de Cuba na França e no exterior, e creio que merece essa distinção particularmente importante. Poucas personalidades estrangeiras foram condecoradas com a Cruz de Comendador da Legião de Honra, estabelecida por Napoleão Bonaparte em 19 de maio de 1802. Que eu saiba, com exceção de Nelson Mandela, ninguém recebeu distinção semelhante.

OM: Maximilien de Robespierre, nosso Libertador, o defensor da soberania popular, era sem dúvida o mais fiel representante das aspirações do povo francês durante a Revolução. Quando ergueremos uma estátua sua em Paris?

JPB: Muitos franceses se interessam pela história de Robespierre e, assim como em Cuba, temos na França nossos grandes debates. O modo como Robespierre levou nossa Revolução e as razões pelas quais foi guilhotinado em pleno período do Terror são objeto de controvérsia. É verdade que também existiu o terror branco dos realistas. Venho de um Departamento cujo presidente da Corte de Segurança Geral, na época do Terror, derrubou Robespierre e lhe cortou a cabeça.

OM: Por acaso, defender o legado de Robespierre não é defender a democracia?

JPB: Convém analisar esses acontecimentos com um olhar histórico. As ideias da Revolução são minhas. O ideal de Robespierre é meu. Talvez compartilhe hoje da forma como se exerceu o poder naquela época. Mas hoje é outro dia, outra época, e é difícil fazer julgamentos a posteriori, pois não vivemos na epopeia revolucionária, e quem sabe como teríamos atuado se estivéssemos no poder e tivéssemos que enfrentar uma guerra civil e o assalto de todas as monarquias europeias coligadas contra nossa Pátria e nossa Revolução. Posso fazer um julgamento histórico, certamente, mas não um julgamento político.

A UNIDADE LATINO-AMERICANA NA ENCRUZILHADA




Joaquim Roy, Miami – Opera Mundi

Região se salvou da onda da crise econômica, mas rumos da integração regional não devem garantir uma unidade

Enquanto há apenas alguns anos cabia esperar que os problemas econômicos e políticos afetassem os processos de integração latino-americanos, a região, aparentemente, se colocou a salvo da crise que está afetando a Europa.

Mas esta percepção, confirmada pelos dados estatísticos de crescimento, se contradiz pelas dificuldades dos avanços dos diferentes planos de integração sub-regional, além de alguns novos experimentos de alianças, cooperação e consulta interlatino-americanos.

De um lado, é verdadeiramente paradoxal que a América Central, uma sub-região de limites geográficos modestos, que parecia atrasada em completar seu processo e que demorara de modo preocupante a consecução de um ansiado acordo de associação com a União Europeia, aparece, finalmente, como ganhadora da atenção europeia.

Da obsessão pela aposta em um Mercosul (Mercado Comum do Sul) com brilhante futuro, com o qual manter uma sólida relação que fosse se espalhando pelo resto do subcontinente, se chegou a primar uma sub-região de limitadas proporções.

Houve um regresso, exitoso, se espera, à origem da implicação europeia em meados da década de 1980, quando a América Central recebeu mais ajuda per capita da UE do que o resto do mundo em desenvolvimento, com a recompensa de ter contribuído para a pacificação e a reconstrução de um istmo em convulsão.

Da Espanha, o Estado-membro que mais interesse demonstrou então, no sentido de apresentar soluções ao processo centro-americano, se deve sentir plena satisfação.

Por outro lado, é sempre instrutivo meditar sobre o desenvolvimento dos próprios sistemas de integração latino-americanos, por uma variedade de razões, entre as quais se destacam duas: a primeira é o exame da evolução de cada um dos experimentos, já que todos, em certa medida, têm a marca ou a inspiração do modelo europeu, ou pelo menos o têm como ponto de referência inquestionável.

Outras razões são de índole mais prática e dizem respeito ao estado da região como cenário receptor de investimentos, ajuda ao desenvolvimento e mútuas relações diretas, tanto em terrenos de passagem de emigração como em temas sensíveis e conflituosos, como o do tráfico de drogas.

Em todo caso, toda atenção mútua deve sempre ter em mente que a América Latina (junto com Estados Unidos e Canadá) é a região do planeta mais próxima da Europa por motivos históricos, linguísticos, culturais, jurídicos e religiosos. Embora com arestas variadas, a entidade atlântica de forma triangular tem bases inquestionáveis.

Devido aos antecedentes históricos da relação europeia-latino-americana e à aspersão do modelo de integração original da UE, convém, portanto, reparar na incidência da crise europeia no próprio tecido de integração. Daí a necessidade de considerar o impacto negativo da crise nos planos de cooperação europeia.

Na América Latina, ao lado dos sistemas sub-regionais historicamente instalados e juridicamente ainda respeitados por seus sócios (Mercosul, CAN, Sica), surgiram recentemente outras apostas (Alba, Unasul, Celac) que, sob o rótulo equívoco da integração, apontam para objetivos dissimulados e de intenções diversas.

Além disso, alguns países individualmente se dedicam a preocupantes trocas de localização (Venezuela para o Mercosul, e a mesma intenção tem a Bolívia) e a alianças econômicas tanto com os Estados Unidos como com a Europa em separado (México, Chile).

O fracasso da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), a audaciosa missão totalizadora liderada pelos Estados Unidos em 1994, como ampliação conceitual do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (TLCAN-Nafta), aconselhou Washington a optar por uma estratégia individualizada ou por blocos de alcance territorial limitados (chamados alquitas).

Outros países latino-americanos (Peru, Colômbia), diante da incerteza de seus próprios sistemas de integração, escolheram a dupla pista da estrada para o norte, criando alianças com a UE e os Estados Unidos. Estes movimentos parecem responder à adoção de uma via de duas mãos, com certo abandono da norma estritamente birregional ambicionando acordos com blocos consolidados.

No momento, não se sabe qual poderá ser o impacto desta óbvia mudança de rumo desde Bruxelas e capitais europeias com relação aos processos de integração latino-americanos.

Uma estratégia a ser analisada pode ser a adoção da política de “acompanhamento” dos movimentos próprios e peculiares latino-americanos, derivados de sua diáfana “geometria variável”, tanto política quanto econômica.

Intui-se o abandono de certos ingredientes de condicionalidade (com a exceção da cláusula democrática) e a baixa expectativa do aprofundamento institucional e da geração de verdadeiras uniões aduaneiras.

(*) Joaquín Roy é catedrático Jean Monnet e diretor do Centro da União Europeia da Universidade de Miami (jroy@Miami.edu). Texto da IPS publicado originalmente em português no Envolverde.

PETROBRAS SOB PRESSÃO




Mário Augusto Jakobskind* – Direto da Redação

Não é de hoje que as riquezas petrolíferas brasileiras são cobiçadas pelas multinacionais do setor. Basta lembrar que desde a criação da empresa estatal de petróleo no Governo Getúlio Vargas, os então chamados entreguistas fizeram de tudo para evitar a criação da Petrobras.

Ao longo do tempo, a mídia de mercado nunca se conformou com o crescimento da empresa. No reinado do ditador de plantão Ernesto Geisel vieram os chamados contratos de risco, que segundo o grande nacionalista Desembargador Osny Duarte Pereira era a forma encontrada para que as reservas descobertas ficassem em banho maria, ou seja, sem exploração, apenas para a utilização quando necessário pelas empresas do setor.

O tempo passou, mas apesar das pressões, a Petrobas se manteve. No governo do famigerado Fernando Henrique Cardoso fez-se de tudo para privatizar a estatal. Houve reação dos movimentos sociais, sobretudo das representações sindicais dos petroleiros. Mas Cardoso conseguiu abrir o captial para acionistas de Wall Street, fazendo com que a empresa deixasse de ser totalmente nacional. Mas com tudo isso, o Estado continuou controlando as ações e consequentemente os votos nas assembleias.

O objetivo dos que então estavam no poder era facilitar ao máximo os interesses das multinacionais petrolíferas. O então presidente jurava por tudo que era sagrado, mas nunca convenceu os mais atentos, de que não estava nos seus planos a privatização da empresa. Tentar ele tentou, mas a reação foi grande e pelo menos freiou a estratégia.

No período, entretanto, o governo ainda concedeu facilidades para as multinacionais. Desde os leilões de bacias petrolíferas até a aprovação de uma legislação concedendo a propriedade da riqueza para o grupo que estivesse fazendo a exploração do ouro negro.

Com Lula ocorreu uma mudança, reforçando o poder da União, travando a facilidade na legislação que favorecia em cem por cento as multinacionais. Desde então, volta e meia os colunistas de sempre e os editorais dos jornalões não se cansam em criticar a legislação que está em vigor atualmente e vale para as riquezas do pré-sal.

Neste momento, é preciso muita atenção por parte dos brasileiros para evitar que em função de problemas passageiros as pressões aumentem e o lobby multinacional consiga que a legislação mencionada volte atrás e permita as facilidades concedidas no tempo de FHC.

É preciso também acompanhar os passos da própria presidente da empresa, Maria da Graça Foster, se ao abrir o jogo sobre as dificuldades ela foi apenas sincera, como mencionam os colunistas de sempre, ou abre-se um capítulo para um retrocesso momentâneo.

É preciso também questionar o conceito de dificuldade propalado, já que a filosofia da empresa não pode ser apenas do mercado, que só pensa no lucro dos acionistas.

É preciso estar atento também ao fato de que Graça Foster, estaria em adiantados entendimentos com a mexicana Pemex e a norueguesa Statoil.

E tudo isso sob a justificativa de investimentos para modernizar e ampliar a área de refino, segundo o Valor Econômico, “deslocando os recursos para a prioritária atividade de exploração e produção de uma nova empresa que seria formada pelas refinarias da companhia”.

Em matéria de retrocesso, depois de a Presidenta Dilma Rousseff prometer que estavam suspensos os leilões de petróleo na área do pré-sal, o governo acaba de anunciar que eles serão realizados ainda este ano. Ou seja, o governo cedeu às pressões.

Em suma: os analistas que andam dizendo que a Petrobras está com problemas financeiros raciocinam como se a empresa fosse privada e que só o mercado tem a receita para geri-la. É o tipo de raciocínio que não leva em conta também a soberania do país.

Para evitar um mal ainda maior é necessário uma mobilização dos movimentos sociais pela preservação da Petrobras.

*É correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE

Rio de Janeiro: Barreira do Vasco e Complexo do Caju são ocupados em megaoperação




O Dia (br) – foto João Laet

Rio -  Em apenas 25 minutos e sem nenhum tiro, as favelas da Barreira do Vasco e do Complexo do Caju, na Zona Norte, foram ocupadas no fim da madrugada deste domingo. Os policiais entraram às 4h50 e, às 5h15, todas as ruas estavam ocupadas sem qualquer resistência ou troca de tiros. No total, a megaoperação conta com 1.400 policiais militares, civis e federais. O Rio já possui 30 UPPs, que beneficiam 207 comunidades.

A Linha Vermelha foi fechada da Ilha do Governador ao Campo de São Cristóvão às 4h e reaberta por volta das 6h20. Um homem foi preso, na Barreira do Vasco, portando pequena quantidade de maconha. Próximo à entrada da comunidade, bares funcionavam normalmente na madrugada com muitos torcedores ainda comemorando a vitória do Vasco sobre o Fluminense.

"Nem sabia de ocupação... mas, a gente se pergunta: por que não foi feito isso antes? Então, quer dizer que só agora contrataram policiais suficientes para enfrentar os bandidos que acabam com o meu sossego e da minha família há pelo menos cinco anos que moro aqui? Pensam que somos idiotas?", questionou o mecânico Wellington Souza, 47.

Bope e Choque ocuparam o lado do Caju usando caveirões e blindados. Helicópteros faziam voos rasantes sobre o conjunto de favelas, para que os policiais na aeronave pudessem observar a movimentação de traficantes no chão. Só depois os policiais em terra entravam ocuparam vielas e outros espaço.

A partir das 5h, pessoas a pé ou em carro, começaram a transitar na entrada da favela, entrando ou saindo. Todos eram parados e revistados pelos policiais, que também pediam os documentos de identidade.

Tecnologia facilita a operação

Uma das grandes novidades tecnológicas que estão sendo usadas na ocupação de hoje é o sistema de identificação biométrica. Através dele, policiais poderão identificar suspeitos ou acessar o banco de dados de Identificação Civil, usando as digitais das pessoas abordadas durante a operação.

Já as equipes do Bope usarão tablets para ajudar na localização dos homens em campo,facilitar a comunicação entre os agentes, além de fornecer dados em tempo real para o comando da operação.

Do Centro de Comando e Controle da PM, a cúpula da Segurança terá acesso às informações sobre a operação em campo, em tempo real para tomar decisões. Coordenadores podem visualizar a posição das equipes por GPS.

Guiné-Bissau: DIA DE LUTO NACIONAL, ARTE E ENGENHO GUINENSES MELHORA FOGAREIROS




Guiné-Bissau com dia de luto nacional pela morte de 13 pessoas em acidente

02 de Março de 2013, 12:26

Bissau, 02 mar (Lusa) - O Governo de transição da Guiné-Bissau decretou para hoje dia de luto nacional pela morte de 13 pessoas, na quinta-feira, vítimas de um acidente de viação.

O acidente deu-se na manhã de quinta-feira entre João Landim e Bula (norte) e provocou ainda 14 feridos, segundo responsáveis hospitalares.

O acidente foi provocado por uma colisão frontal de dois transportes mistos.

Há dois meses, o Governo já havia decretado dois dias de luto nacional pela morte de quase 30 pessoas, vítimas do naufrágio de uma piroga ao largo de Bissau.

FP // MSF

Fogareiros melhorados prometem mudar os bairros de Bissau

03 de Março de 2013, 10:01

Fernando Peixeiro e Mussá Baldé, da agência Lusa

Bissau, 03 mar (Lusa) - Dois empresários guineenses juntaram-se para criar fogareiros que aquecem mais e gastam menos e ainda deram emprego a 20 pessoas. Prometem revolucionar as horas das refeições da Guiné-Bissau, para já apenas na capital.

Nos bairros de Bissau os alimentos cozinham-se especialmente ao ar livre, em fogueiras ou fogareiros, utensílios fundamentais para quem não tem dinheiro para ter um fogão e o respetivo gás.

Rogério Costa e Raimundo Lopes, ambos guineenses, sabem disso. E sabem também que um fogareiro convencional gasta muito carvão, porque o calor se dispersa, pelo que criaram um que tem o interior em cerâmica, para concentrar "o calor na panela".

Chamaram-lhe "fogão melhorado" e garantem quatro vantagens: "economia em dinheiro, rapidez na cozinha, pouco fumo, limpeza e segurança, conforto e robustez".

A ideia, disse Rogério António Costa à Lusa, até nem é original. Há três anos o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) deu uma formação em cerâmica e serralharia, para que se formassem associações que produzissem fornos, mas após a formação nada aconteceu.

"Numa conversa com Raimundo Lopes ele sugeriu que aproveitássemos a ideia. Falámos com as pessoas e acharam que era possível, investimos algum dinheiro, reunimos a equipa e passámos à produção", conta.

A "equipa" é na verdade dois grupos de pessoas, uma dúzia de mulheres de uma associação na localidade de Nhoma (a cerca de 35 quilómetros de Bissau) faz as bases de cerâmica e "seis a oito homens" faz a parte da serralharia, em Bissau. "Aqui montamos o produto final e damos acabamento", diz Rogério Costa à Lusa, numa espécie de garagem repleta de fogareiros de vários tamanhos.

Raimundo Lopes, com experiência na área da energia solar (instalou 15 quilowatts de potência fotovoltaica no país), diz conhecer "os desafios atuais de proteção e conservação do ambiente e da biodiversidade" e os perigos que representa a má gestão dos recursos florestais.

Os fogareiros, assegura, representam menos gastos para uma população pobre e menos poluição. "Conseguimos um fogareiro que em termos de combustível só precisa de um terço do carvão. E porque há menos necessidade de carvão, menos árvores serão abatidas para serem transformadas em carvão".

Ideias feitas, equipa montada, no final do ano passado começaram a sair os primeiros fogareiros que "fazem" uma refeição para oito pessoas por 100 francos (15 cêntimos), em 45 minutos. E, diz Rogério Costa, "estão mesmo a sair": "na primeira fase produzimos 90 mas estamos com medo de não poder dar vazão às encomendas".

Os preços, afirmam, são idênticos aos de um fogareiro comum; o grande por 9.500 francos CFA (14,5 euros) e o médio por 7.500 (11,4 euros). Está também a ser feito um "modelo para chás", mais pequeno.

Sem publicidade, os dois empresários apostam na divulgação porta a porta, explicando as vantagens dos fogareiros e frisando que, se bem utilizados, dão uma garantia de 10 anos. Para já, apostam apenas nos mercados urbanos, porque no interior as refeições continuam a cozinhar-se na fogueira.

E também sem postos de venda (a garagem é o armazém e a loja). Porque é preciso começar devagar e porque os dois optaram por envolver a associação de mulheres e os serralheiros, uma mais-valia para o rendimento de 20 famílias.

Mas isso é por agora. Que os dois empresários já olham para mais longe. "Estamos muito encorajados, as expetativas excederam-se, estamos a pensar em fazer produção mais significativa".

Num futuro não muito distante, Rogério Costa e Raimundo Lopes querem entrar numa produção "em larga escala", trabalhando com fornos industriais. E os serralheiros de Bissau? E as mulheres de Nhoma? "Contamos com eles!".

FP/MB // VM.

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