terça-feira, 16 de agosto de 2011

Timor-Leste: Agente policial morto no sul foi assassinado quando seguia para casa - Polícia




MSE - LUSA

Díli, 16 ago (Lusa) -- O comandante do Serviço de Investigação Criminal da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) disse hoje que o polícia morto no sul do país foi assassinado quando seguia para casa, após uma intervenção numa rixa entre jovens.

"O polícia foi morto quando ia para casa, depois de ter neutralizado um confronto entre grupos rivais", disse o comandante Calistro Gonzaga.

O corpo do elemento da PNTL foi descoberto por populares, que avisaram depois as autoridades, explicou.

Um segundo agente da polícia timorense ficou ferido no confronto, que ocorreu no domingo.

Calistro Gonzaga referiu também que a situação no distrito de Covalima, onde ocorreu o conflito, está "calma e neutralizada" e que os confrontos registados no domingo "estão a ser investigados".

Durante os confrontos no domingo, os jovens destruíram 70 habitações.

Segundo o comandante Gonzaga, as pessoas que ficaram sem casa estão alojadas na casa do chefe tradicional local e no posto policial.

*Foto em Lusa

DO TIBETE A CABINDA, PASSANDO PELA COBARDIA DO REINO LUSITANO




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA

Um monge tibetano morreu após imolar-se pelo fogo na província chinesa de Sichuan, em protesto contra a ocupação do Tibete pela China.

Este foi o segundo incidente do género este ano na região. O monge Tsongwon Norbu, tinha 29 anos.

De acordo com um comunicado da organização Free Tibet, sedeada em Londres, o monge bebeu gasolina e despejou o produto pelo corpo e túnica, incendiando-se de seguida.

Antes de morrer, o monge gritou "Longa vida ao Dalai Lama" e outros slogans de protesto a favor do líder religioso tibetano no exílio.

Em consequência da imolação, as autoridades chinesas cercaram o mosteiro tibetano, e cortaram o seu abastecimento de víveres, água e electricidade, situação que se mantém há dois dias, indicaram testemunhas à AFP.

"Há pelo menos mil soldados e polícias destacados em volta do mosteiro e cerca de 100 monges no seu interior", declarou um religioso.

No passado dia 16 de Julho, o presidente norte-americano, Barack Obama, manifestou uma "preocupação sincera" sobre os direitos humanos no Tibete.

Pois é. Não sem quantos pesos, não sei quantas medidas. Saberá Barack Obama o que é Cabinda? Não sabe, com certeza. Se até o presidente do país que assinou um acordo de protectorado com Cabinda não sabe…

Barack Obama é "o presidente da maior democracia e, naturalmente, manifestou a sua preocupação com os valores humanos fundamentais, com os direitos humanos e com a liberdade religiosa", disse o líder espiritual dos tibetanos.

Recorde-se que, segundo o conselheiro jurídico e político do líder tibetano, Michael Van Walt, a proposta de autonomia apresentada pelo Dalai Lama à China "é muito parecida à que José Ramos-Horta propôs à Indonésia" em 1995-96.

Michael Van Walt considera também que o que aconteceu na última década em Timor-Leste e no Kosovo "tornou as coisas mais difíceis para o Tibete".

Segundo o conselheiro do Dalai Lama, que tem uma larga experiência internacional e foi também assessor jurídico do Ministério dos Negócios Estrangeiros timorense, a proposta de autonomia da chamada "frente diplomática" foi apresentada a Jacarta "cerca de dois anos antes da grande crise na Indonésia" (em 1997).

No que a Cabinda respeita, Portugal não se lembra dos compromissos que assinou ontem e, por isso, muito menos se recordará dos assinados há 126 anos. E, tanto quanto me parece, mesmo os assinados ontem já estarão amanhã fora de validade.

Portugal não só violou o Tratado de Simulambuco de 1 de Fevereiro 1885 como, pelos Acordos de Alvor, ultrajou o povo de Cabinda, sendo por isso responsável, pelo menos moral (se é que isso tem algum significado), por tudo quanto se passa no território, seu protectorado, ocupado por Angola.

Quando o presidente da República de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, diz que Angola vai de Cabinda ao Cunene está, desde logo, a dar cobertura e a ser conivente, como acontece com a China em relação ao Tibete, com as violações que o regime angolano leva a efeito contra um povo que apenas quer ter o direito de escolher o seu futuro.

Para além do Tibete, não seria mau que Portugal olhasse para Espanha e Angola para Marrocos. Ou seja, para a questão do Saara Ocidental, antiga colónia espanhola anexada em 1975 após a saída dos espanhóis, como parte integrante do reino de Marrocos que, entretanto, propõe uma ampla autonomia sob a sua soberania, embora excluindo a independência.

**Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

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A CIMEIRA DE LUANDA E A INTEGRAÇÃO NA SADAC




BELARMINO VAN-DÚNEM – JORNAL DE ANGOLA

A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, cuja sigla inglesa é SADC, tem um historial bastante rico e apareceu com base numa posição de Julius Nyerere que, em 1979, propôs a coordenação e harmonização das economias dos Países da Linha da Frente.

Esse instrumento económico ficou conhecido na altura como SADCC (Conferência de Coordenação para o Desenvolvimento da África Austral), cujo Protocolo só entrou em vigor em 1980, no dia 1 de Abril, na Conferência de Lusaka, Zâmbia. Portanto, a SADC é uma organização que nasceu da amizade, fraternidade e solidariedade entre os povos da África Austral.

O surgimento de um regime republicano na África do Sul, com a eleição do Governo maioritário do ANC, deu por findo o papel dos Países da Linha da Frente. A comunidade passou a ter como foco principal as questões económicas e de desenvolvimento para o bem-estar dos respectivos povos.

Neste sentido, os Chefes de Estado e do Governo da SADC têm vindo a adoptar um conjunto de instrumentos jurídicos cuja finalidade é a expansão e consolidação do processo de integração económica na região. O Tratado da SADC, assinado em 1992, afirma que todos os Estados e povos da região “têm um futuro partilhado, uma visão dentro da comunidade regional”.

A vontade e visão política dos dirigentes têm esbarrado na realidade dos programas de desenvolvimento dos Estados membros. Se por um lado existem os programas de desenvolvimento regional, com uma planificação baseada na complementaridade e harmonização dos sistemas financeiros e económicos, por outro cada Estado tem procurado fazer da sua economia mais concorrente do que as outras.

Os programas nacionais pouco ou nada têm de coordenação com os outros Estados membros, e como consequência as reuniões da organização se transformam em autênticas “Torres de Babel”, onde cada um fala a sua própria língua.

O Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional (RISDP) foi aprovado em 2003. Este documento deveria ser o guião de programação de todos os Estados da região membros da SADC. Na sua elaboração participaram quadros de todos os Estados. Por essa razão, os planos financeiros e económicos espelham a realidade dos Estados. Mas, na realidade, uma grande parte dos quadros que planificam as economias nacionais não levam em conta esse documento estratégico, para não dizer que nem sequer tiveram contacto com o mesmo. As metas económicas estão longe de ser atingidas, e o mesmo acontece com a convergência ­macroeconómica.

Os principais desafios da SADC podem ser resumidos na aplicação do protocolo de isenção de vistos para os cidadãos da região, tanto para entradas como ao nível das saídas. O processo deveria ser acelerado até aos finais de 2009, com vista a facilitar aos cidadãos da comunidade a participação efectiva no Mundial de Futebol de 2010, que decorreu na África do Sul. Na altura, ficou o consenso de se avançar com acordos bilaterais, mas na prática quase nada se verifica. As filas nos Consulados são enormes, salvo algumas excepções nos passaportes diplomáticos e de serviço.

A livre circulação de pessoas e bens, constitui a base central para a efectivação de um verdadeiro processo de integração regional. Mas ainda existem condicionalismos internos, em cada um dos Estados membros da SADC, que desaconselham a assinatura, ratificação e aplicação do protocolo para isenção de vistos aos cidadãos da região.

A múltipla filiação tem sido esquecida pela maior parte das pessoas envolvidas no processo de decisão para o aprofundamento do processo de integração regional, mas a SADC é uma das organizações que tem uma grande parte dos Estados filiados em duas ou mais organizações económicas regionais, nomeadamente na COMESA, na CEEAC e na EAC. Esta realidade é tão sensível que já existem correntes de opinião na região que defendem a fusão das três organizações (COMESA, EAC e a SADC) numa só, o que iria resultar na maior organização económica regional do continente africano.

A COMESA está mais avançada ao nível processual, tendo já lançado a União Aduaneira, enquanto a SADC está na fase da Zona de Comércio Livre sem a participação de todos Estados membros.

A possibilidade de se fazer a fusão entre essas três organizações é tal que os Chefes de Estados e de Governo decidiram, na reunião de Kampala, em Outubro de 2008, envidar esforços para o alargamento da Zona de Comércio Livre às três regiões e fazer o lançamento de uma União Aduaneira comum, assim como a harmonização dos programas de industrialização. Apenas Angola e a RDC pertencem à CEEAC para além da SADC.

As infra-estruturas de ligação também constituem um grande desafio. A maior parte dos Estados que fazem fronteira não desenvolveram infra-estruturas que facilitem o processo de integração económica. Por outro lado, os Estados estão presos à eficácia da companhia aérea sul-africana, porque é a única que garante a ligação entre todos os Estados da região.

Embora se reconheça que os projectos para a ligação através dos caminhos-de-ferro podem resolver a situação de forma definitiva, aqui o destaque e as expectativas vão para o Caminho-de-Ferro de Benguela. A questão ligada às infra-estruturas talvez seja o único ponto de convergência dos Estados membros, porque nos restantes sectores existe uma clara sobreposição de projectos, e não há complementaridade.Todos produzem e exportam a mesma coisa.

Ao nível das trocas comerciais intra-regionais tem-se verificado um incremento nos últimos anos. Ainda falta muito para que se possa falar de actividades comerciais de larga escala entre as regiões ou ao nível da SADC em particular. Os dados do Banco Mundial e do FMI demonstram, inclusive, que existem mais trocas comerciais entre os Estados membros com os EUA, a União Europeia e a China do que entre os membros pertencentes à mesma comunidade económica regional.

A Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da SADC que vai decorrer em Luanda pode servir de plataforma para uma viragem na abordagem dos dossiers regionais. À semelhança do que aconteceu com a CPLP, Angola deve eleger um assunto específico para servir de bandeira da sua presidência, sob pena de chegar ao fim do mandato e o país ter que apresentar um relatório cheio de sugestões e sem nenhuma realização efectiva.

África Austral: SECRETARIADO DA SADC ACUSADO DE GESTÃO DANOSA





O presidente cessante do Conselho de Ministros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), Hage Geisgop, acusou o secretariado executivo da organização, liderado pelo moçambicano Tomaz Salomão, de gestão danosa, anunciando o início de uma investigação.

De acordo com o Diário de Moçambique, da cidade da Beira, a denúncia do namibiano Hage Geistop ocorreu na segunda-feira, quando pediu à sua sucessora, a angolana Ana Dias Lourenço, que, através do comité de auditoria da SADC, desse prosseguimento à investigação.

O secretariado executivo da SADC, com sede em Gabarone, capital do Botsuana, é liderado pelo economista moçambicano Tomaz Salomão, que cumpre o seu segundo mandato.

*Foto em Lusa

Cabo Verde: Jorge Carlos Fonseca espera que debate contribua para a sua vitória





O candidato presidencial Jorge Carlos Fonseca disse, hoje, esperar que o debate previsto para quarta-feira, 17, em simultâneo na rádio e televisão públicas (RTC), seja esclarecedor e contribua para a vitória que aguarda no domingo, 21.
O candidato, que já se encontra na ilha de Santo Antão, prometeu respeitar o seu adversário, Manuel Inocêncio Sousa, apoiado pelo PAICV (no poder), pois o debate, explicou, é uma troca de argumentos, mas com muitos factores momentâneos.

“Sendo um debate feito no meio da campanha eleitoral, é mais complicado porque não há tempo para se preparar, sentar e pensar, vai acontecer no intervalo dos voos, arruadas e comícios, mas claro que a gente vai pensando”, reforçou.

O candidato lamentou, no entanto, que, na véspera do debate, não tenha ainda chegado à sua candidatura os temas para o debate, composto por questões/temas sugeridos pelos candidatos e outros pelo RTC.

Questionado se vai manter a postura de “provocar o seu adversário”, como aconteceu nos debates na primeira volta, a quatro, Jorge Carlos Fonseca admitiu que gosta de provocar “no bom sentido palavra”, de ser claro e frontal.

“Tenho condições objectivas para ser um factor de equilíbrio, sou um candidato de raiz supra-partidária, ainda que com apoios partidários e, portanto, com as condições para, se for necessário, como vai ser necessário, encontrar soluções consensuais no país, no diálogo com todos os agentes políticos, com as forças políticas”, argumentou.

Qualidades que, do seu ponto de vista, o seu adversário não apresenta por ser “clara e confessadamente partidário” e com um percurso “de partido, de um homem obediente, nunca discordante de coisa nenhuma”, ou seja, acusou, em nenhum momento será capaz de, por exemplo, corrigir, chamar a atenção ou fiscalizar a acção governativa.

“O país necessita de uma voz independente, autorizada, que acrescente, que seja uma mais-valia em relação à governação”, concluiu, enumerando que os temas do debate de quarta-feira, 17, não deve fugir a questões relacionadas com a cooperação, o equilíbrio, questões sociais, política externa, Constituição, democracia e justiça, entre outras.

Na primeira volta das presidenciais, Jorge Carlos Fonseca foi o candidato mais votado na ilha de Santo Antão, onde, apesar dos 38,4 por centro de abstenção, obteve seis mil 544 votos (39,1 por cento), ao passo que o seu adversário, Manuel Inocêncio Sousa obteve seis mil 131 (36,6 por cento).

*Foto em Lusa

Moçambique: Camponeses cultivam feijão para combater fome e sair da pobreza




AYAC - LUSA

Chimoio, Moçambique 16 ago (Lusa) - Mais de 20 mil camponeses estão a produzir feijão boer, com semente melhorada, nas províncias de Manica e Sofala, centro de Moçambique, para reduzir insegurança alimentar e aumentar o rendimento familiar, disse à Lusa fonte governamental.

Eduardo Joaquim, chefe da estação de Sussundenga, província de Manica, do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), disse que além da produção de qualidade do feijão boer, a população camponesa introduziu consórcios de culturas, cereais e leguminosas, para melhorar a fertilidade dos solos e evitar queimadas descontroladas.

"Melhorámos a semente e incentivamos a agricultura de conservação. Na consorciação de culturas, as leguminosas incorporam nutrientes ao solo e ainda os camponeses fazem duas colheitas por época, o que reduz a constante insegurança alimentar", disse Eduardo Joaquim.

Com a semente melhorada a colheita sobe de duas para seis toneladas por hectares de feijão boer, o que irá contribuir para a melhoria do rendimento da agricultura e de rendimentos das famílias camponesas.

Esta variedade do feijão tem como principal mercado a Ásia. Uma indústria de processamento para exportação foi montada em Gurué, na província da Zambézia, centro.

"Este ano vou colher o que nunca consegui fazer nos meus 50 anos de idade. Utilizávamos semente degenerada e o rendimento era muito baixo. Não sei qual o preço por quilo do produto a vender, mas acredito que vou ganhar muito", disse à Lusa, Verónica Mico, camponesa de Nhanzea, Gorongosa (província de Sofala), mãe de 10 filhos.

Rosário Fazenda, com seis mulheres e cinco filhos, que vendia a 40 meticais (0.9 euros) o quilo de feijão boer, espera triplicar o rendimento, na época agrícola que termina em outubro.

"Vou ter mais dinheiro e minha família terá o que comer", disse a Lusa, Rosário Fazenda.
Sylvia Mwichuli, diretora da Aliança para Revolução Verde em África (AGRA), disse que o apoio aos camponeses em técnicas saudáveis de produção vai aumentar a independência financeira e segurança alimentar, fundamentais para sair da pobreza.

"A AGRA precisa juntar os pequenos produtores e potenciá-los para grandes produções, aproveitando a fertilidade da terra, sem recurso a adubos", disse Sylvia Mwichuli, numa visita a campos de produção de feijão boer, financiado pela AGRA em 350 mil dólares (cerca de 243 milhões de euros).

*Foto em Lusa

Cabo Verde: FAO apoia com 300 mil euros programa de erradicação de peste suína




JSD - LUSA

Cidade da Praia, 16 ago (Lusa) -- A representação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) em Cabo Verde disponibilizou 300 mil euros para um projeto de Assistência Urgente para o Controle de Epizootia da Peste Suína Africana no arquipélago.

Fonte da FAO disse hoje à Agência Lusa que o projeto terá a duração de 12 meses e que incidirá sobretudo na ilha do Fogo, onde a epidemia foi confirmada em maio deste ano e que, segundo estimativas da Direção Geral da Agricultura, Silvicultura e Pecuária cabo-verdiana, já vitimou mais de 2.500 porcos.

O projeto, acrescentou a fonte, surgiu na sequência de uma solicitação do Governo de Cabo Verde, através do Ministério do Desenvolvimento Rural, para fazer face à Peste Suína Africana na Ilha do Fogo, controlar a doença e criar condições para a combater no futuro.

A fonte adiantou ainda que o objetivo geral é contribuir para a salvaguarda da segurança alimentar em Cabo Verde, tendo como pano de fundo a erradicação da epidemia em Cabo Verde.

Em junho último, Afonso Semedo, coordenador da DGASP, admitiu que, além do Fogo, de onde foi proibida a saída de suínos e derivados, há casos de mortes de porcos nas ilhas de Santiago e do Maio, embora não tenha sido possível confirmar se se trata da mesma doença.

Questionado pela Agência Lusa sobre as razões para não se abaterem os animais, tal como recomenda a FAO, Afonso Semedo explicou que, por um lado, não há legislação para isso e, por outro, não existem verbas para pagar indemnizações.

"Nos países ricos, é isso que se faz. E depois procede-se ao repovoamento. Mas em Cabo Verde não há condições. Não há legislação, nem dinheiro para pagar as indemnizações aos proprietários dos animais, nem hipóteses de criar condições para um repovoamento", sublinhou, garantindo que a doença não é transmissível para o homem.

As primeiras mortes dos suínos ocorreram em fevereiro deste ano, mas só a 17 de maio, após análises iniciais, foi confirmado o surto de peste suína africana, com o governo a decretar, através de uma portaria, datada de 30 de maio, o embargo à carne de porco e respetivos derivados a partir da "ilha do vulcão".

Guiné-Bissau: Projeto de irrigação para mil hectares para fazer face a alterações climáticas




FP - LUSA

Bissau, 16 ago (Lusa) -- Cerca de mil hectares de terra agrícola vão ser irrigados na Guiné-Bissau, um projeto avaliado em seis milhões de euros, financiados pela União Económica e Monetária Oeste Africana (UEMOA).

O acordo foi hoje assinado em Bissau e os estudos para a implementação do projeto começam no início do próximo ano, devendo os primeiros resultados surgir perto do final de 2012, explicou aos jornalistas o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Barros Bacar Banjai.

O projeto tem por objetivo adaptar o país às alterações climáticas, com o ministro a dar o exemplo da presente época das chuvas, em que pouco tem chovido, pelo que deve haver "um défice em termos de colheita cerealífera".

"Temos esperança de que alguma chuva vá cair, a julgar pelas previsões. Se cair 925 milímetros, com uma distribuição espácio-temporal equilibrada, poderemos ter uma colheita razoável", disse Barros Bacar Banjai, frisando que a Guiné tem de adaptar o sistema de produção às alterações climáticas.

Com o projeto de irrigação os agricultores poderão cultivar arroz no período das chuvas mas também no período seco, porque área abrangida passar de mil para três mil hectares. está contemplada a construção de represas.

Segundo o ministro, o governo está a negociar com outros parceiros, nomeadamente o Banco Mundial, o financiamento de projetos idênticos.

O projeto financiado pela UEMOA será posto em prática em áreas carenciadas, "com maiores problemas em termos de alterações climáticas e onde algumas infraestruturas hidroagrícolas estão em avançado estado de degradação", disse Barros Bacar Banjai.
Na Guiné-Bissau a agricultura ocupa cerca de 80 por cento da população.

* Foto em Lusa

Líbia: Deputados brasileiros impedidos de entrar no país por falta de segurança




FYRO - LUSA

Rio de Janeiro, 16 ago (Lusa) -- Os deputados brasileiros Brizola Neto (PDT) e Protógenes Queiroz (PCdoB), que viajaram para a Líbia no domingo, escreveram hoje nos seus blogues, a partir de Tunes, que ainda não conseguiram entrar no país.

"Estamos retidos em Tunes [...] O governo líbio diz que, neste momento, não tem como oferecer garantias para a nossa deslocação, sobretudo contra ações aéreas e disparos de longo alcance", escreveu Brizola Neto no seu blogue.

Mesmo ainda sem ter podido entrar no país, o deputado Protógenes Queiroz publicou, também no seu blogue, um breve texto no qual avalia a situação.

Na opinião de Queiroz foram os bombardeamentos da NATO sobre a estrada que liga a cidade de Djherba a Tripoli que permitiram a ocupação temporária da cidade de Zawyiah, a cerca de 60 quilómetros da capital líbia, pelos rebeldes.

Brizolla Neto e Protógenes Queiroz viajaram a convite da organização não governamental líbia "Fact Finding Commision on the Current Events in Lybia", que tem como objetivo investigar e fiscalizar as irregularidades cometidas nos territórios em conflito naquele país.

De acordo com um dos assessores, os deputados solicitaram os contactos do consulado brasileiro na Tunísia para pedir ajuda na tentativa de entrar na Líbia.

"Assim que tivermos condições de segurança, vamos em frente", concluiu Brizola Neto.

*Foto em LUSA

FNS ficará 'por tempo indeterminado' na região onde foi preso narcotraficante português




SIC NOTÍCIAS - LUSA

São Paulo, 16 ago (Lusa) -- A pedido do governo do Estado do Acre, a Força Nacional de Segurança ficará "por tempo indeterminado" na região onde foi preso o narcotraficante português Joaquim Fadista, disse à Agência Lusa a assessoria do Ministério da Justiça do Brasil.

Os homens da Força Nacional de Segurança, reforço enviado pelo governo do Brasil quando as forças de segurança de um Estado não tem recursos suficientes para combater uma ameaça, deslocaram-se para a região na última sexta-feira. Eles têm como objetivo escoltar os funcionários da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e procurar o grupo de traficantes peruanos armados que foi avistado na região do Alto Envira, na fronteira do Brasil com o Peru.

Por "razões de segurança", não foi confirmado o número de elementos que participa da operação. No final do mês, O Exército deverá juntar-se à Força Nacional.

*Foto em Lusa

AMPLA VANTAGEM DE CRISTINA DESENHA ELEIÇÃO ANTECIPADA NA ARGENTINA




Martín Granovsky - Página/12 - Carta Maior

A presidenta Cristina Kirchner teve uma vitória arrasadora nas inéditas eleições primárias da Argentina realizadas domingo. Cristina obteve 50,07% dos votos, quase 38 pontos de vantagem sobre o radical Ricardo Alfonsín, que recebeu 12,17%. As primárias foram realizadas para definir as listas de candidatos para cargos executivos e legislativos nas eleições gerais de 23 de outubro. O artigo é de Martín Granovsky.

Cristina Fernández de Kirchner obteve domingo uma diferença tão ampla e as forças de oposição ficaram tão fragmentadas que será difícil considerar as primárias simplesmente como uma grande pesquisa. Elas representaram uma eleição antecipada que, salvo uma hecatombe, parece indicar um cenário irreversível de hoje até 23 de outubro. O alto nível de comparecimento, superior a 70%, como o de uma eleição presidencial das mais participativas, empresta ainda mais força aos resultados.

Ao contrário do que ocorreu na eleição da Capital Federal, onde os candidatos obtiveram no primeiro turno mais de 70% dos votos, no domingo não houve polarização. Também ao contrário das eleições realizadas em Santa Fé, onde Antonio Bonfatti ganhou por pouco mais de 3%, a fórmula CFK – Amado Boudou obteve, em nível nacional, quase o mesmo que a soma do segundo, terceiro, quarto e quinto lugar (Alberto Rodríguez Saá). A diferença entre primeiro e segundo foi maior que a de José Manuel de la Sota sobre Luiz Juez. Mais ainda: Cristina ganhou ontem na capital (Mauricio Macri não disse em quem votaria), em Córdoba (o Partido Justicialista cordobés recomendou votar em Cristina, Rodríguez Saá ou Eduardo Duhalde) e em Santa Fé, nada menos que o território de Hermes Binner.

Além disso, outra vez ficou provado que os grandes meios de comunicação influem o mesmo que um partido político ou um grupo econômico tradicional, mas não determinam um resultado. Isso já havia ocorrido nas eleições do Brasil, Peru, Bolívia e Uruguai.

Com resultados positivos em todo o país, exceto em San Luis, a diferença de mais de 40 pontos na província de Buenos Aires em favor do governo terminou de inclinar a balança nacional e foi fundamental para converter a pesquisa em eleição antecipada, consagrando uma parceria. Assim, a primeira figura, Cristina Kirchner, se apoia no voto bonaerense e a popularidade da segunda figura, Daniel Scioli, o governador bonaerense depende do peso da Presidenta. Este foi e será o marco das tensões daqui até 2015. Em todo caso, como costuma acontecer na democracia, a luta será por mudar as proporções e ninguém agirá de maneira autodestrutiva.

Tanto Cristina como Scioli cultivaram ontem seu perfil, que será reforçado até o dia 23 de outubro.

No Hotel Intercontinental, o mesmo lugar onde, em 2009, o kirchnerismo sofreu o golpe da derrota legislativa na província de Buenos Aires, quando Francisco de Narváez mordeu os votos peronistas do segundo cinturão da região metropolitana, a Presidenta invocou a Néstor Kirchner e, desta vez com sua filha Florencia ao lado, felicitou aos eleitores “sem distinções” enquanto buscava deixar claros estes pontos:

- As primárias são “uma forma de ampliar a democracia e aprofundar a mudança”.

- A presença similar a de uma eleição regular revela, disse, “um grau de maturidade importante da sociedade argentina”.

- Saudou a “todas as outras forças políticas, em todos os partidos, em todas as províncias, porque também contribuíram para a ampliação da democracia”.

- “Não esperem de mim nesta noite maravilhosa nenhuma palavra que ofenda, que menospreze”, advertiu.

- Pela lei de meios (de comunicação) e pela reforma política todos os partidos políticos puderam ter acesso democraticamente, pela primeira vez desde 1983, aos meios audiovisuais”, disse. “Até esta eleição, só podiam ter acesso à grande mídia os que tinham dinheiro para fazê-lo”.

- “É central construir a autonomia da política em relação ao poder econômico”.

- “Não só a democracia política, mas também a democracia econômica são grandes construtoras de igualdade”.

- “Não há nada que agradecer, porque não é uma concessão graciosa mas sim uma obrigação”.

- “Peço mais humildade que nunca. Mais trabalho do que nunca. Como disse Amado (Boudou) no Coliseu, também para o que resta por fazer. Por isso quero fazer uma convocação aos argentinos e a todas forças políticas. O mundo está passando por uma grande turbulência. Os governantes devem ter a sabedoria de seguir construindo os instrumentos que permitiram superar com êxito o desastre de 2008, a crise de 2009 e estar na situação de hoje. Devemos fazer aqui dentro o que estão fazendo os países da Unasul. Com distintas ideias, concordaram em se unir para adotar medidas que evitem dilapidar ou destruir o que construímos nestes anos”.

- “O mundo está difícil, mas se conseguirmos não discutir sobre as coisas que já estão resolvidas e se escutarmos o que diz a sociedade através das urnas, vamos conseguir nos equivocar um pouco menos”.

- “É um grande triunfo do amor e eu gosto muito de todos vocês. O compromisso é trabalhar cada vez mais por todas as coisas que nos faltam”, encerrou antes de soar “Dar es dar”, de Fito Páez, e a Marcha Peronista.

Scioli apelou às ondas de paz e amor com o Coro Kennedy entre a alegria da cor laranja. Logo em seguida, como se fosse um peronista desde criancinha, armou o ritual de seu discurso de triunfo. Pero dele, sua mulher, Karina Rabolini. E, ao lado, o candidato a vice-governador, Gabriel Mariotto, e o encarregado da descentralização Santiago Montoya, o único arrecadador de impostos popular da Argentina. Citou Mariotto em uma parte do discurso, improvisado na primeira pessoa do plural. A Cristina, prometeu colaboração. E agradeceu a Néstor Kirchner, que o derrotou na fórmula em 2003 e o impulsionou a Buenos Aires em 2007, quando Scioli já estava preparado para competir com Macri pela candidatura a chefe de governo.

A tática de Ricardo Alfonsín, talvez meio fora de perfil por sua aliança com De Narváez, ainda que ninguém saiba se não teria obtidos ainda menos votos sem ela, foi só dizer que a campanha recém está começando e que o dia 23 de outubro está logo aí na frente.

De Narváez, candidato a governador bonaerense de Alfonsín, correu na mesma direção. Inclusive propôs um debate de todos os candidatos na Universidade Nacional de La Plata e destacou que os dois mais votados tinham sido Scioli e ele. Na hora em que falou, os votos apurados na província apontavam 30 pontos em favor de Scioli para governador. Com essa diferença não parece que um debate (ou o debate dos debates) possa compensar a diferença registrada no domingo.

A meta de Eduardo Duhalde, está visto, é destronar Ricardo Alfonsín.

“Vi Ricardo Alfonsín exultante, mas ver quando terminar a eleição, porque os argentinos vão votar quase de maneira massiva a quem entrar por segundo”, disse. Isso esteve por ocorrer em 2003, quando as pesquisas davam Kirchner como vencedor com 70% em um segundo turno contra Carlos Menem. Mas Menem havia obtido uma vantagem de 2%, não uma margem largamente superior aos 30 pontos.

“Os bunkers dos partidos políticos costumam receber apenas as boas notícias”, disse Duhalde aos jornalistas. “E eu espero que as boas notícias cheguem quando vocês estiverem dormindo, às duas ou três da manhã. O governo fez uma eleição muito boa na província e eu o felicito por isso. Creio que estaremos em um segundo turno a partir de outubro”. Depois acrescentou: “Sou do peronismo de Juan Perón e de Eva Perón, que não crê nas agressões e crê que a irmandade dos argentinos é uma revolução em si mesmo”. E mencionou, sem dar dados, que havia visto tremular “bandeiras que nada tem a ver com a nacionalidade, de organizações que foram subversivas”. Nos dias de hoje, esse tipo de discurso só é escutado na América do Sul no Ministério da Educação e no Instituto do Livro do Chile.

Binner, que superou Miguel Del Sel em Santa Fé, em 24 de julho, e ontem derrotou Cristina, conseguiu construir uma força de centroesquerda com cerca de 10% dos votos em nível nacional. Sua estratégia revelou-se exitosa ao não se aliar com Alfonsín – cujos alguns eleitores potenciais talvez tenham rendido votos a Binner, sobretudo na província de Buenos Aires – e ao não ceder na negociação com Fernando “Pino” Solanas, de atuação muito pobre pelo resultado de sua candidata Alcira Argumedo.

Adrián Pérez apareceu só, sem Elisa Carrió ao lado, para reconhecer sem voltas o pobre resultado de uma Coalizão Cívica que mal superou os 3%. Jorge Altamari conseguiu superar o piso mínimo e poderá competir em outubro.

Três anos depois da crise de 2008 e dois depois da derrota bonaerense de 2009, uma Cristina que, em 2010 não seria candidata, porque o candidato do governo era até sua morte, dia 27 de outubro, Néstor Kirchner, teve seu nome revalidado com uma cifra superior a 45%, índice que garantiu sua eleição para a presidência no primeiro turno em 2007.

Seu desafio agora, até o dia 23 de outubro, é manter a cifra de domingo ou, pelo menos, não baixar do índice conquistado em 2007. Isso se o resultado das primárias deste domingo foi mesmo uma eleição antecipada.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

EUA: OBAMA EM VIAGEM PRESIDENCIAL A BORDO DO “BUS FORCE ONE”


Barack Obama a sair do "Bus Force One" em Zumbrota, Minnesota  (Foto: Jason Reed/Reuters)

PÚBLICO

O Presidente norte-americano anda em viagem oficial por três estados americanos a bordo de um super-autocarro apelidado pela imprensa de “Bus Force One”. Os republicanos chamam, porém, “campanha” a este périplo, numa altura em que o Presidente se vê a braços com uma grave crise económica e precisa de aumentar a sua popularidade a um ano das eleições presidenciais de 2012.

O autocarro não passa despercebido. Custou 1,1 milhões de dólares e tem tudo aquilo que um Presidente precisa para estar seguro e informado ao segundo.

De acordo com os serviços secretos, foram comprados há alguns meses dois autocarros iguais com a finalidade de integrarem a frota de veículos que dá protecção ao Presidente. Até ao momento os veículos deste tipo, para périplos internos, costumavam ser alugados.

A mesma fonte negou-se a especificar qual o equipamento que integra a construção do autocarro, mas reconheceu a semelhança deste veículo com a limusina oficial do Presidente, que tem portas blindadas, vidros à prova de bala e uma carroçaria forte o suficiente para aguentar um ataque químico ou a detonação de uma granada.

A Casa Branca qualificou esta viagem pelos estados do Minnesota, Iowa e Illinois como “oficial”, o que supõe que os gastos sejam pagos pelos impostos dos cidadãos, facto que tem levantado críticas e polémicas.

Este périplo é, oficialmente, um evento da Casa Branca, apesar de os Republicanos (oposição) lhe chamarem “viagem de campanha”, numa altura em que a percentagem de “aprovação” do Presidente mergulhou abaixo dos 40 por cento pela primeira vez desde que foi eleito, de acordo com uma sondagem levada a cabo pela consultora Gallup e divulgada no domingo.

Os analistas dizem que o desafio de Obama é convencer os votantes que as suas políticas - incluindo o pacote de estímulo económico de cerca de 800 mil milhões de dólares e a reforma no sistema de saúde - ajudaram a economia e não o contrário.

Obama enfrenta para o ano a possibilidade de ser reeleito Presidente dos EUA. Os estados que agora decidiu cruzar poderão ditar a sua vitória, indica a BBC.

MAIS

SARKOZY E MERKEL QUEREM TAXAR AS TRANSAÇÕES FINANCEIRAS





Os dois governantes debateram hoje a criação de uma taxa sobre as transacções financeiras, a apresentar em Setembro.

A chanceler alemã Angela Merkel chegou hoje ao Eliseu pelas 15h (hora de Lisboa), onde se encontrou com Sarkozy para debater soluções para a crise na zona euro, que tem estado a afectar fortemente os mercados. De acordo com as agências, ambos apresentavam um semblante descontraído.

Além da nova taxa sobre os mercados financeiros, a França e a Alemanha tencionam propor aos 17 Estados-membros da zona euro que adoptem uma regra de equilíbrio das finanças públicas antes do Verão de 2012, anunciou hoje o Presidente francês, Sarkozy, durante uma conferência de imprensa que se seguiu ao encontro com Merkel.

Já a criação de uma taxa Tobin, a aplicar às transacções financeiras dentro da União Europeia, irá ser proposta em Setembro. "Os ministros das Finanças alemão e francês colocarão sobre a mesa uma proposta comum, em Setembro próximo, para taxar as transacções financeiras.

A necessidade de uma taxa desta natureza é "evidente", declarou por seu turno Angela Merkel, também na conferência de imprensa. No entanto, os dois governantes europeus não avançaram pormenores sobre a modalidade que irá ser proposta.

Uma das possibilidades, que foi popularizada por James Tobin - e passou a servir para nomear este género de taxas - consiste na aplicação de um imposto muito ligeiro sobre os movimentos internacionais de capitais.

- Notícia em actualização

ANGOLA TRATA JORNALISTAS MOÇAMBICANOS… “COMO CÃES E COMO CRIMINOSOS”!




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA

Afonso Camões foi bem claro quando, em Junho de 2010, visitou Angola: “Há um enorme campo de cooperação pela frente”, disse  o presidente da Lusa, lembrando que agência portuguesa é uma das poucas empresas que nunca deixou Angola, “mesmo nos tempos mais difíceis da guerra”.

Será que essa cooperação luso-angolana tem alguma coisa a ver com o facto de jornalistas moçambicanos terem sido proibidos de entrar em Angola?

Não. Com certeza que não. Se bem que o regime angolano, tal como o presidente da Lusa, gostem da máxima “é assim que eu quero e é assim que vai ser".

Aliás, por muito que isso custe a todos os que pensam o jornalismo como jornalistas, é verdade que a Lusa ganhou até um prémio da Aliança Europeia das Agências Noticiosas, de excelência e inovação.

E isso prova, segundo Afonso Camões, a capacidade “da agência portuguesa para trabalhar em conjunto com a Angop, sobretudo na sua modernização”. E sendo a Angop um órgão oficial do regime…

Seja como for, a verdade é que serviços angolanos de migração na África do Sul proibiram dois jornalistas moçambicanos de entrar em Angola. Não eram clandestinos. Eram jornalistas e até tinham vistos concedidos pela embaixada angolana em Maputo para participar numa formação jornalística em Luanda, capital do reino de José Eduardo dos Santos.

O chefe de redacção do semanário moçambicano Magazine Independente, Nelo Cossa, foi bem claro ao dizer: "Estamos chocados e traumatizados. Formos tratados como cães, criminosos. Fomos humilhados".

Os jornalistas moçambicanos que, apesar das dificuldades, estão habituados a ver o seu presidente da República ser eleito, ao contrário do de Angola que está no poder há 32 anos e nunca foi eleito, cometeram um erro grave e que infelizmente é habitual.

Ou seja, pensaram que Angola é um Estado de Direito e que as suas instituições funcionam como é habitual nos países civilizados. Mas no reino de Eduardo dos Santos as coisas não são assim.

Quem decide é o soba do reino. E, cá para mim, foi assim por uma razão simples. Por outras palavras, o dono de Angola deve ter dito: “é assim que eu quero e é assim que vai ser".

E quando assim é… não há nada que se possa fazer.

**Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

JORNALISTA MOÇAMBICANA CONTA A SUA EXPULSÃO DE ANGOLA




SIMIÃO PONGOANE, Maputo – VOZ DA AMÉRICA

Joana Macie, do jornal Notícias, o diário de maior circulação em Moçambique, conta na primeira pessoa a humilhação sofrida no aeroporto de Luanda.

“Angola é dos angolanos” – escreveu o escritor angolano Wanhenga Xito, na decáda de 1960. O texto do escritor, de seu nome Agostinho Mendes de Carvalho, foi incorporado no livro da cadeira de português da décima classe em Moçambique, para os alunos moçambicanos. Mas, ninguém sabia que um dia, jornalistas moçambicanos podiam ser testemunhas do significado real do texto de Wanhenga Xito.

Aconteceu semana passada com dois jornalistas moçambicanos e diplomatas de alguns países da SADC à sua chegada a Luanda, capital angolana.

Joana Macie, do jornal Notícias, o diário de maior circulação em Moçambique, conta na primeira pessoa que, quando chegou ao Aeroporto de Luanda, foi imediatamente levada para uma sala, juntamente com outros passageiros, incluindo um jornalista do “Magazine Independente”, um semanário, publicado em Maputo. Algum tempo depois, o grupo foi encaminhado para autocarro e, depois, para o avião, rumo à África do Sul.

A sua mala de roupa ficou em Luanda. O grupo tentou protestar, exigindo explicação pela atitude da Polícia.

“Tentamos resistir, dizendo que éramos moçambicanos e membros da SADC. Uma senhora da emigração respondeu-nos que isso não era nada. Disse que ali estávamos em Angola e não na SADC e que devíamos entrar no autocarro pois, caso contrário, usar-se-ia a força” - lamentou Joana Macie.

Os jornalistas tinham sido convidados pelo Centro de Formação de Jornalistas de Angola, para um seminário sobre o Género no Jornalismo.

Em Maputo, a Embaixada de Angola diz que foi apanhada de surpresa pela atitude da polícia em Luanda, porque os vistos passados aos jornalistas são legais.

Até agora, ninguém sabe o que teria motivado a emigração angolana a recambiar os jornalistas moçambicanos e outras pessoas, alguns por sinal diplomatas, que iam participar na Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da SADC, que vai decorrer esta semana em Luanda.

A Polícia provou que Wanhenga Xito, aliás, Agostinho Mendes de Carvalho, tinha razão: “Angola é dos Angolanos”.

AUTO SUFICIÊNCIA ALIMENTAR EM ANGOLA DENTRO DE OITO ANOS




ISAÍAS SOARES, Malanje – VOZ DA AMÉRICA

O objectivo é contribuir para que exista uma Angola sem fome

O presidente do conselho de Administração da Empresa de Terras Aráveis - Gesterra, Carlos Alberto Jaime (Calabeto) garantiu recentemente na Fazenda Pungo-Andongo, 72 quilómetros a oeste de Malanje, que Angola poderá ter auto-suficiência alimentar antes da próxima década.

O responsável que falava por ocasião dos cinco anos de existência da Gesterra afirmou que os 18 projectos aprovados pelo governo angolano para a criação de fazendas agrícolas e pólos agro-industriais avaliados em cerca 800 milhões de dólares americanos vão suprir o défice na produção cereais, de leguminosas, raízes e tubérculos.

“O objectivo da Gesterra é contribuir para que exista uma Angola sem fome, nós acreditamos e levamos esse lema e, acreditamos que no médio prazo Angola será auto-suficiente, tendo em conta os projectos aprovados e também a necessidade de surgir no nosso meio o empresariado nacional, o privado.

O privado tem que abraçar estes projectos. Nós estamos alavancar como empresa pública e julgamos nós que dentro de mais oito ou nove anos, nós vamos atingir a auto-suficiência alimentar. Nós pensamos que até 2013 vamos atingir aí cerca de 75 a 100 mil toneladas de produtos diversos, principalmente cereais. Há um grande défice com relação aos cereais, leguminosas e raízes e tubérculos”.

As fazendas agrícolas e os pólos agro-indústriais serão criados nas localidades do Longa, Pedras Negras, Cubal, Quizenga, Camacupa, Cuimba, Manquete, N'zeto, Sanza Pombo, Camaiangala, Negage e do Luena.

O PCA da Empresa de Terras Aráveis confirmou que a participação dos aldeões na produção agrícola vai desenvolver a região.

“É uma população que tem condições para participar e comparticipar na grande cruzada contra a fome temos aqui condições para a produção de mandioca, de milho, para comparticipar também na cana-de-açúcar. É preciso que as populações aqui hoje acreditem, que eles próprios podem dar muito por essa zona, é uma área muito importante, é uma das mais importantes do ponto de vista do país, tendo em conta as potencialidades que existem neste momento aqui.

Há projectos como a Biocom, há projecto da Fazenda Pungo-Andongo, temos a Fazenda Pedras Negras, é um potencial muito grande, são cerca de 300 mil hectares aqui adormecidos que com o desenvolvimento e com a acção do pólo agró-industrial de Capanda, pensamos nós que esta zona será uma zona potencial”.

A Gesterra é uma sociedade anónima constituída por capitais públicos, criada pelo Conselho de Ministros, tutelada pelo Ministério da Agricultura, Pescas e Desenvolvimento Rural, que deve garantir o acesso a bens alimentares a preços competitivos e promover o desenvolvimento rural e agro-pecuário de Angola.

A empresa pretende atingir até 2013, cerca de 400 mil toneladas de cerais, criar quatro mil empregos directos, estimular o crescimento da produção pecuária em Angola, expandir a agro-indústria no meio rural e contribuir para a auto-suficiência alimentar no país.

Outras notícias:

VENHA A NÓS O VOSSO PÃO, A VOSSA VIDA




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA

"O governo tem cortado na despesa todos os dias", diz o primeiro-ministro de Portugal. E é verdade. Melhor, meia verdade.

O corte acontece de facto todos os dias. Só que acontece nas despesas dos outros. São cortes nos medicamentos, na comida, no  vestuário… na vida.

"Este governo tem cortado despesa todos os dias porque sabe que não há outro caminho, outra maneira de proceder", garante Passos Coelho, ocultando com doses industriais de batota que, afinal, a crise está a ser paga sempre pelos mesmos.

E os mesmos não são os super “boys” do PSD e restante comandita, mas os milhões de cidadãos que continuam na árdua luta de tentar viver sem comer.

É claro que, mais uma vez (desta feita no Pontal), o primeiro-ministro não explicou os detalhes das medidas que diz ir adoptar  para o corte dos gastos públicos este ano. Consciente da babugem que o rodeia, Passos Coelho já entrou no esquema político que tem caracterizado a sociedade portuguesa nos últimos anos: dizer às segundas, quartas e sextas uma coisa, e às terças quintas e sábados outra.

Calcula-se que o domingo vá receber a hóstia para, logo a seguir, continuar a sua impune senda de gozar com a chipala dos 800 mil desempregados, dos 20 por cento de pobres e de outros tantos que já mal sabem para que servem os pratos.

Segundo o chefe do posto do PSD e do governo, para o próximo ano o corte já está definido em percentagem e cabe a cada ministro encontrar formas de poupança. Creio, contudo, que para a hercúlea missão que caberá aos ministros, estes terão necessariamente de admitir mais uns tantos super-especialistas, todos formados pela “universidade” do PSD.

No discurso que fez em Quarteira, Passos Coelho garantiu que já pediu a cada ministério que corte "quase 10% da sua despesa corrente em apenas um ano". Uma redução "sem paralelo nos últimos 50 anos", frisou.

Pois é. Sem paralelo, isso sim, nos últimos 50 anos é o nível de não-vida a que chegaram os portugueses. Disso não se lembra (também não foi para isso que ele foi eleito) Pedro Passos Coelho. Do que ele se lembra é que tem de trabalhar para os poucos que têm milhões e não para os milhões que têm pouco… ou nada.

Como homem que não tem palavra, o líder do PSD já se esqueceu das razões que o levaram há pouco mais de um ano a pedir (vê-se agora que o fez de forma hipócrita) desculpa aos portugueses por ter dado o seu acordo a um conjunto de “medidas duras” e algumas contrárias ao que tinha defendido.

“Devo pessoalmente um pedido de desculpas ao país por estar a fazer aquilo que disse que não gostaria de fazer e que não achava que devesse ser feito”, afirmou então Pedro Passos Coelho.

O líder social-democrata lembrou na altura que não defendeu “um aumento dos impostos e disse que era necessário esgotar todas as vias” para que os compromissos portugueses no estrangeiro “não exigissem estas medidas”.

Nesses tempos, Passos Coelho entendia que o seu nome ficava associado a um programa que implicava “mais sacrifícios aos portugueses”, mas também a “mais saneamento financeiro para o Estado”.

Como as hóstias tiram os pecados, é bem certo que o sector que as fabrica está em franco crescimento, desde logo porque por lá passam constantemente os políticos, e similares, do governo de Passos Coelho.

**Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

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