sábado, 1 de fevereiro de 2014

INDÚSTRIA FARMACÊUTICA, MENTIRAS E DINHEIRO

 


Seis casos revelam: efeitos graves de medicamentos são omitidos, para sustentar consumo e lucros. Verdade aparece quando patentes estão expirando…
 
Martha Rosenberg – Outras Palavras - Tradução: Gabriela Leite
 
Quando um medicamento causa efeitos colaterais, esta informação muitas vezes não é exposta durante anos, o que permite à indústria farmacêutica continuar ganhando muito dinheiro.
 
O Food and Drug Administration (FDA) [órgão governamental dos EUA para alimentos e medicamentos] e a indústria farmacêutica argumentam que os efeitos colaterais perigosos em uma droga só aparecem quando é usada por milhões de pessoas – e não no grupo relativamente pequeno de pessoas que fazem testes clínicos. Mas existe outra razão pela qual os consumidores acabam sendo cobaias. Os remédios são levados apressadamente ao mercado, após um período muito curto (de apenas seis meses) para que a indústria possa começar a ganhar dinheiro, enquanto a segurança ainda está sendo determinada.
 
Tanto a droga para os ossos Fosamax, repleta de riscos, quanto a analgésica Vioxx, ambas da indústria Merck, foram ao mercado após seis meses de revisão. No caso da Vioxx, isso ocorreu porque “o medicamento potencialmente provia uma vantagem terapêutica sinificativa sobre outras drogas já aprovadas”, disse a FDA.
 
Obrigado por isto. E cinco drogas (Trovan, Rezulin, Posicor, Duract e Meridia), que entraram no mercado em 1997 por pressões da indústria e do Congresso sobre a FDA, diz a PublicCitizen, foram em seguida retirados.
 
Abaixo, algumas drogas cujos riscos não impediram que seus fabricantes fossem autorizados a colocá-las a venda e exercer seu “valor de patente”.
 
1. Singulair
 
Você imaginaria que a Merck aprendesse, após os problemas com Vioxx e a Fosamax, que marketing agressivo pode esconder apenas por algum tempo os riscos emergentes das drogas. Mas não. Para vender o Singulair, sua droga contra asma e alergias para crianças, a indústria fez uma parceria com Peter Vanderkaay, o nadador medalha de ouro nas Olimpíadas, com acadêmicos e com a Academia Norte-americana de Pediatras – mesmo após a FDA advetir sobre os “eventos neuropsiquiátricos” do medicamento, incluindo agitação, agressão, pesadelos, depressão, insônia e pensamentos suicidas.
 
Enquanto a Merck fazia a propaganda do Singulair (que vem em fórmula mastigável e com gosto de cereja), com slogans como “Singulair é feito pensando nas crianças”, a Fox TV e mais de 200 pais relataram, no site askapatient [“pergunte a um paciente”] que suas crianças, ao tomar o remédio, exibiam humor alterado, depressão e déficit de atenção (ADHD), hiperquinesia e sintomas suicidas. Cody Miller, um garoto de 15 anos de Queensbury, Nova York, tirou sua própria vida dias após tomar o medicamento, em 2008. Ainda assim, o Singulair arrecadou 5 bilhões de dólares para a empresa, em 2010. Após sua patente expirar, em 2012, a Administração de Bens Terapêuticos da Austrália (equivalente à FDA ou à Anvisa) reportou 58 casos de eventos psiquiátricos adversos em crianças e adolescentes, primariamente pensamentos suicidas. Quem sabia?
 
2. Zyprexa
 
Como vender uma droga que provoca ganho de peso de cerca de 10kg, em 30% dos pacientes, chegando até 45kg, em alguns? Enterrando seus riscos. O antipsicótico Zyprexa era a nova aposta da Eli Lilly, depois de seu antidepressivo campeão de vendas Prozac – mesmo que o laboratório soubesse, já em 1995, de acordo com o New York Times, que a droga está ligada a um ganho de peso incontrolável e até diabetes. Os efeitos colaterais do Zyprexa de “ganho de peso e possível hiperglicemia fazem um grande mal ao sucesso de longo prazo desta molécula criticamente importante”, havia escrito Alan Breier, da Lilly, segundo documentos obetidos pelo jornal. Mais tarde Alan tornou-se médico-chefe da empresa.
 
Mesmo após a Lilly ter pagado multas, após acusada de ocultar informações sobre a relação entre a droga e altos níveis de açúcar no sangue ou diabetes (e de ter comercializado ilegalmente a droga para pacientes com demência), o Zyprexa rendeu 5 bilhões de dólares em 2010, acima até do Prozac. Quem disse que crime não compensa? O Zyprexa foi especialmente comercializado para os pobres e virou um dos medicamentos principais do Medicaid, o programa público de saúde norte-americano, extraindo pelo menos 1,3 bilhões de dólares do orçamento do país, só em 2005. Em 2008, a empresa estabeleceu um acordo para cobrir o custo dos pacientes do Medicaid que desenvolveram diabetes após usar a Zyprexa. Como raposa vigiando galinheiro, a Lilly ofereceu um “serviço gratuito” para “ajudar” os estados a comprar drogas como a Zyprexa para doenças mentais — e vinte deles aceitaram a oferta. A patente do remédio acabou em 2012.
 
3. Seroquel
 
O antipsicótico Seroquel, produzido pelo laboratório AstraZeneca, do Reino Unido, tornou-se um dos medicamentos mais vendidos nos EUA, arrecadando mais de 5 bilhões de dólares em 2010, apesar de seus riscos, frequentemente relatados. O remédio foi comercializado tão vastamente para crianças pobres que, em 2007, o Departamento de Justiça para a Juventude da Florida comprou duas vezes mais Seroquel que Advil. Sua elevada aquisição no serviço militar, para usos não aprovados — como para estumular o sono e para distúrbio de estresse pós-traumático (PTSD) — também foi espantosa. Relatos de mortes repentinas de veteranos que utilizavam a droga emergiram quando as compras do Seroquel pelo Departamento de Defesa dos EUA cresceram 700%.
 
Poucos meses após a aprovação da Seroquel, em 1997, um artigo no Jornal de Medicina de Dakota do Sul já levantava questões sobre a interação perigosa da droga com outros onze medicamentos. Passados três anos, pesquisadores da Cleveland Clinic questionavam o efeito da Seroquel na atividade elétrica do coração. Mas mesmo quando as famílias de veteranos falecidos prestaram testemunhos em audiências no FDA, em 2009, e exigiram respostas de dirigentes e legisladores, o órgão protegeu a empresa. Depois, em 2011, com pouco alarde, o FDA emitiu novos avisos que confirmavam as notícias devastadoras: tanto o Seroquel quanto sua versão estendida, que fora lançada, “deveriam ser evitados” na combinação com pelo menos outros 12 remédios. A droga também deveria ser evitada pelos idosos e pessoas com doenças cardíacas, por causa de seus claros riscos ao coração. Ops… A patente expirou no ano seguinte.
 
4. Levaquin
 
Os antibióticos à base de fluoroquinolona estão entre os mais vendidos. Muitas pessoas lembram-se do Trovan (na época dos ataques com antrax, logo após o 11 de setembro), mas a indústria farmacêutica espera que não nos lembremos de que foi retirado de circulação por causa de danos ao fígado, e do Raxar, removido por causar eventos cardíacos e morte súbita. O Levaquin, da Johnson & Johnson, igualmente baseado em fluoroquinolona, foi o antibiótico mais ventido nos EUA em 2010, com receitas acima de US$1 bilhão por ano — mas agora é tema de milhares de processos.
 
Em 2012, um ano após a patente do Levaquin expirar, uma enxurrada de efeitos colaterais começou a emergir, sobre este medicamento e toda a classe de fluoroquinolonas, lançando dúvidas sobre sua segurança. A revista da Associação Médica Norte-Americana relatou que, de 4.384 pacientes diagnosticados com descolamento de rotina, 445 (10%) foram expostos a fluoroquinolone no ano anterior ao diagnóstico. A Revista de Medicina da Nova Inglaterra relatou no mesmo ano que o Levaquin estava ligado a um risco crescente de morte cardiovascular, especialmente morte súbita por distúrbios no ritmo cardíaco.
 
Embora a FDA tenha alertado sobre as rupturas de tendão — especialmente os tendões de Aquiles — provocadas por fluoroquinolonas em 2008, e adicionado uma tarja preta de advertência na embalagem, novos avisos graves foram feitos dois anos após o fim da patente do Levaquin. Em 2013, a FDA advertiu sobre o “efeito colateral sério de neuropatia periférica” — um tipo de dano nos nervos no qual as vias sensoriais são prejudicadas — nas fluoroquinolonas. Neuropatias periféricas causadas por esta classe de antibióticos podem “ocorrer logo após a administração destas drogas, e podem ser permanentes”, alertou a ageência. Fluoroquinolonas também estão ligadas ao Clostridiumdifficile, também chamado de C. Diff, um micróbio intestinal sério e potencialmente mortífero.
 
5. Topamax
 
Antes de sua patente expirar, em 2009, a droga Topamax deu à Johnson & Johnson um bilhão de dólares por ano, e foram mais US$ 538 milhões depois disso. O remédio foi tão preferido, para condições de dor no serviço militar, que recebeu o apelido de “Stupamax” – uma referência à maneira com que diminuia os tempos de reação e prejudicava a coordenação motora, a atenção e a memória, de acordo com o ArmyTimes. Não era muito bom para o combate…
 
Um ano antes de cair a patente do Topamax, a FDA alertou que ela e outras drogas estão correlacionadas com suicídios, e pediu a seus fabricantes para adicionar avisos na caixa. Quatro pacientes usuários da droga mataram-se, contra nenhum sob placebo, declarou a FDA após rever os testes clínicos. Já em 2011, o órgão anunciou que o Topamax pode causar defeitos de nascimento nos lábios, nos bebês de mães que ingerem a droga. “Antes de começar com o topiramato, grávidas e mulheres em idade fértil devem discutir outras opções de tratamento com seu profissional de saúde”, alertou o FDA, mas isso não impediu o órgão de aprovar uma nova dieta de medicamentos contendo o genérico do Topamax, em 2012.
 
6. Oxycontin
 
O Oxycontin, do laboratório Purdue Pharma, é a avó de drogas que geram muito dinheiro, apesar de seus efeitos colaterais letais. Junto de outros opióides, ele causou o número assutador de 17 mil mortes no ano passado — quatro vezes mais que em 2003. “O aumento [no uso] foi alimentado em parte por médicos e organizações de defesa de analgésicos, que recebiam dinheiro de empresas e faziam alegações enganosas sobre a segurança e a efetividade de opióides — inclusive afirmando que o vício é raro”, relatou o Journal Sentinel. A Sociedade de Geriatras Norte-Americanos usou pesquisadores ligados à indústria farmacêutica para reescrever guias clínicos em 2009, diz a publicação. Após reescritos, eles especificavam opióides para todos os pacientes com dor moderada a severa
 
Devido a sua fórmula, que lhe permite agir por um longo período, pensou-se que o Oxycontin teria toxidade e potencial de provocar dependência reduzidos – ao menos até seus efeitos tornarem-no mais popular que a cocaína nas ruas (todos os 80mg de pílulas podíam ser tomados de uma vez). Em 2010, respondendo aos vícios, overdoses e mortes associadas à droga, a Purdue Pharma desenvolvou um Oxycontin inviolável, e, dois anos depois, passou a pressionar por leis que exigissem inviolabilidade de todos os opiácios. A empresa garantiu que sua maior preocupação era a saúde pública, mas muitos se perguntaram sobre o porquê desta preocupação só se revelar às vésperas do fim da patente da droga, em 2013…
 

A AMÉRICA LATINA DA CELAC

 


Não existe construção pós-neoliberal de América Latina só com projetos nacionais emancipadores e soberanos. A região precisa de políticas supranacionais.
 
Alfredo Serrano Mancilla (*) – Carta Maior
 
Não faltou (quase) ninguém em Havana para participar da II Cúpula da Comunidade de Estados Latinoamericanos e Caribenhos (Celac). O mundo, por meio de três instituições significativas, também não quis ficar de fora deste encontro histórico: Ban Ki-Moon (Nações Unidas), José Miguel Insulza (Organização dos Estados Americanos, OEA) e Alicia Bárcenas (Comissão Econômica para América Latina, Cepal). Ninguém pode negar este espaço emergente na América Latina para América Latina e da América Latina, liderada apenas por latino-americanos.

Poucos se lembrarão da inesperada viagem que Chávez fez a Cuba em 1994, meses depois de cumprir pena na prisão por seu levante militar. Essa visita a Cuba aconteceu depois de Chávez percorrer boa parte da região sem ser notado (recebido apenas na Argentina; passou rapidamente pelo Uruguai e pelo Chile; e foi bem acolhido somente por um setor da esquerda colombiana). Fidel, surpreendentemente, foi esperá-lo no aeroporto, como um sinal de que esse novo líder não poderia deixar de ser atendido.

Nessa conversa, Chávez, na contramão da utopia neoliberal, argumentou sobre “a necessidade da segunda indepêndencia ancorada em um continente latino-americano e caribenho, integrado por uma só nação”. E foi a isto que Rafael Correa, Cristina Kirchner, Evo Morales e Nicolás Maduro se referiram vinte anos depois. A América Latina, com a Celac como bandeira, e não com a OEA, está mais desnorteamericanizada do que nunca. Uma condição necessária, embora não suficiente para uma descolonização integral.

A Cúpula da Celac aconteceu em meio a uma mudança de época, na qual uma forte corrente pós-neoliberal se impõe em muitos países da região. No entanto, não existe construção pós-neoliberal de América Latina somente com projetos nacionais emancipadores e soberanos.

Nesta fase acelerada de globalização da economia, em plena transição, a região precisa de uma política supranacional nítida e determinante. A pressão vinda do Norte é permanente, conforme indica um informativo do Conselho Atlântico. “O vínculo trilateral: Uma nova era para América Latina, Estados Unidos e Europa”, que aposta em levar a região em direção a um ‘curral do Atlântico’, tendo nas mãos tratados de livre comércio e tratados bilaterais de investimento, perpetuando um rol de subordinação no sistema produtivo.

Para isso, para sair desse “abraço do urso” vindo do Norte, o Sul requer uma dinâmica regional sem divisões em assuntos estratégicos que estabeleçam linhas vermelhas impossíveis de serem desfeitas. Não se trata somente de colocar limites que evitem os saques, mas também é chegada a hora de viver a década seguinte à década ganha.

Esta tarefa não será fácil, e a Celac sinalizou esta preocupação. Traçaram novos desafios buscando construir definitivamente uma região livre da pobreza. Esse tem sido um eixo fundamental nesta cúpula mas, como? Esta pergunta tampouco ficou descuidada nesta reunião. A centralidade esteve, precisamente, na complementariedade produtiva, com o objetivo de formar círculos virtuosos endógenos que dividam equitativamente o valor agregado. As novas cadeias de valor serão regionais, mas não a serviço das empresas translatinas. Outro aspecto de urgência é organizar de maneira mais eficaz o excesso de processos de integração na região.

Não será fácil estabelecer um grande guarda-chuva continental que abrigue tantos interesses contraditórios. Não será simples harmonizar os objetivos que cada governo estabeleceu, sem que existam disputas. Mas há algo que está muito claro e que mostra a maturidade neste projeto emancipador: a consciência de que estas disputas existem, que estão colocadas e que é preciso enfrentá-las o quanto antes. Muitos encontros fracassaram justamente por interpretarem que qualquer desacordo é um freio para o avanço, o que levou inúmeras cúpulas a chegar a um consenso sobre uma espécie de conjunto vazio.

Desta forma, a Celac, com a América Central mais o México, tem uma nova oportunidade para reconstruir a passagem do furacão do Pacífico pela Unasul, e estabelecer mecanismos eficazes para tomar decisões, para reagir conjuntamente se violações do direito internacional voltarem a acontecer (como aconteceu com Evo Morales na Europa) ou se houver mais espionagem vinda do Norte.

A Celac se constitui, assim, uma nova superestrutura que tem como desafio aprender com os erros das integração fracassadas –como a União Europeia–, e avançar em direção a um novo espaço regional que seja uma zona de paz, democracia e justiça social. Fidel Castro, há duas décadas, na reunião geradora desta nova comunidade regional, falou em latinoamericania. Esta é a grande conclusão do que aconteceu nesses dias na mesma Havana onde Chávez, naquele encontro com o líder cubano, estava esperançoso: “Algum dia esperamos vir a Cuba em condições de estender os braços e em condições de, mutuamente, nos alimentar em um projeto revolucionário latino-americano na ideia de um novo continente integrado”.

(*) Doutor em Economia, Centro Estratégico Latino-americano Geopolítico (Celag). Artigo publicado na seção de opinião do jornal argentino Página 12 www.pagina12.com.ar

Créditos da foto: Divulgação
 

GUANTANAMO

 

Emir Sader – Pátria Latina, opinião
 
Guantanamo é a maior vergonha mundial no tratamento de seres humanos. Guantanamo continua como o pior atentado aos direitos humanos em muitas décadas.

Já passaram 12 anos da sua instalação, 5 da promessa do presidente Obama de que iria fechá-lo, promessa agora reiterada para este ano. Mas Guantanamo continua como o pior atentado aos direitos humanos em muitas décadas. Nada se compara no mundo, hoje, às violações dos direitos mais elementares dos seres humanos que tudo o que acontece em Guantanamo.

Por isso os EUA a instalaram fora do seu território, fora de qualquer circunscrição, de qualquer tipo de controle jurídico. No limbo constituído por essa outra monstruosidade – um território imperial incrustrado em território cubano, contra a vontade soberana do povo de Cuba.

Assim, nesse território de ninguém – ou, melhor do terror imperial – continuam sucedendo-se as piores formas de tratamento animalesco de seres humanos. Eles já chegam à prisão amarrados com animais, com capuzes, desfigurados de qualquer fisionomia que recordasse que sem trata de seres humanos, para que possam ser tratados como animais.

Presos em jaulas como animais ferozes, amarrados todo o tempo, com capuzes, sem sequer poder ler o Corão, alimentados à força todos os desenas de presos em greve de fome – essa é a situação mais desumana que se conhece no mundo de hoje.

Acusados de terrorismo sem qualquer prova, sem nenhuma obrigação de cumprimento de qualquer norma jurídica, com os seus acusadores sem ter que provar nada a ninguém, eles são vítimas da covardia internacional. Não há nenhuma grande iniciativa no mundo hoje que busque acusar e punir o que os EUA fazem em Guantanamo, como se fosse seu quintal na era da guerra fria.

Cerca de 800 pessoas passaram por esse inferno, 150 ainda estão ali, 9 morreram, apenas 7 foram condenadas – 5 delas se declararam culpadas para apelar a acordos que lhes permitiram sair da prisão. 6 dos suspeitos podem ser condenados à morte.

Os EUA deveriam, além de ser condenados expressamente por todos os organismos internacionais que tenham a ver com os direitos humanos, estar excluídos de participar e de se pronunciar sobre a situação dos direitos humanos em qualquer lugar do mundo, enquanto siga existindo Guantanamo. Menos ainda poderiam os EUA continuar a ser sede da Comissao Interamericana dos Direitos Humanos da OEA

Guantanamo é a maior vergonha mundial no tratamento de seres humanos. Os países que reivindicam políticas externas soberanas, tem que se unir e exigir o fim da prisão de Guantanamo e, além disso, a devolução desse território a quem lhe pertence, Cuba.
 
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Portugal: SAIR DA ARMADILHA DA DÍVIDA

 


Carvalho da Silva – Jornal de Notícias, opinião
 
Foi entregue, na passada quinta-feira, na Assembleia da República, uma petição subscrita por mais de seis mil cidadãos e cidadãs que reclamam a preparação e a abertura urgente de um processo de renegociação da dívida pública portuguesa com todos os credores privados e oficiais, isto é, com bancos, fundos de investimento e outras instituições financeiras privadas, com o BCE, o FMI e os fundos da União Europeia.
 
A pobreza não paga a dívida. Mas o povo português, aprisionado na armadilha da dívida, continuará a empobrecer e a ter menos liberdade, democracia e soberania.
 
Os peticionários, entre os quais me incluo, consideram que os portugueses não se devem deixar enredar na discussão sobre se há ou não resgate, se há ou não programa cautelar, se um cautelar é pior ou melhor do que um resgate. Estas duas hipóteses estão formuladas sob o mesmo objetivo: submeter e agrilhoar os portugueses à austeridade, aprofundando desigualdades. Com uma ou outra dessas receitas, a dívida será cada vez mais pesada, o futuro de gerações posto em causa. Os governantes que temos comportar-se-ão sempre como cobradores de fraque: uma aparência civilizada e utilização de todos os meios para explorar o povo.
 
Uma verdadeira saída do buraco em que estamos metidos exige séria renegociação da dívida, único plano que a cautela recomenda. O serviço da dívida, que em juros nos custa por ano quase o mesmo que o serviço nacional de saúde, é a grande despesa pública que está a impedir o país de sair do abismo do des-desenvolvimento.
 
A austeridade, justificada com a necessidade de reduzir a dívida está, na realidade, a servir para a aumentar. Nos últimos três anos a dívida direta do Estado, que nada tem a ver com dívida das empresas públicas, cresceu 35%. Um país que empobrece e se despovoa, que destrói coesão social, territorial e intergeracional fica em muito piores condições para pagar a dívida. A recuperação torna-se impossível com o peso dos juros e da amortização. Por outro lado, nada justifica que o Estado sobreponha os compromissos que assumiu com os credores financeiros a todos os outros compromissos que tem para com os cidadãos inerentes à garantia da dignidade, da liberdade e do funcionamento do Estado de direito democrático.
 
Não nos deixemos enganar. Há uma explicação clara para o endividamento de Portugal e dos outros países da periferia europeia - o negócio bancário desregulado. O negócio dos bancos é emprestar dinheiro e cobrar juros. Nesse negócio os únicos limites são o volume de dinheiro disponível para emprestar, a pressuposta regulação do banco central e a prudência, que, como sabemos, é atropelada muitas vezes por estratégias de imediata acumulação de riqueza. Com a integração dos mercados financeiros na Europa de Maastricht e depois com a moeda única, os bancos portugueses passaram a poder dispor de um fluxo quase ilimitado de dinheiro obtido a partir de empréstimos de bancos de economias excedentárias, feitos a juros muito baixos. Endividaram-se para expandir o seu negócio - o crédito - em proporções nunca antes imaginadas.
 
Para os bancos, ou seja, para os seus acionistas e dirigentes remunerados a peso de ouro, foi um festim. Para amigos e figurões do centrão de interesses, foram milhares de milhões de euros. Para uma minoria que tinha acesso fácil ao crédito e era propensa a frenesins consumistas, também foi algum. Isto, a par de muita apropriação privada de recursos públicos, que de resto continua, explica o que aconteceu. Houve quem roubasse, quem ganhasse e quem gastasse, mas não foi a maioria do povo. Esse é apenas pagador.
 
É preciso declarar perante os credores, nomeadamente perante os bancos que beneficiaram do festim, que a dívida tem de ser renegociada e reduzida. Precisamos de um governo e de instituições nacionais que tomem a iniciativa de preparar, técnica e politicamente, este processo complexo e exigente. De outra forma, serão os próprios credores a encarregar-se de nos impor o que lhes interessa. Portugal continuará colocado com a cabeça à tona de água para não se afogar e ir pagando, mas sempre sem forças para poder libertar-se da armadilha da dívida.
 
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Arménio Carlos pede "cartão vermelho"ao governo nas europeias e anuncia novas lutas

 


Arménio Carlos, durante o discurso perante milhares de manifestantes em Lisboa e que aderiram ao protesto da CGTP-IN que se realizou hoje em vários pontos do país
 
O secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, disse hoje em Lisboa que as próximas eleições europeias devem servir para “mostrar um cartão vermelho” ao Governo e anunciou novas “lutas” para o mês de março.
 
“Na semana de 08 a 15 de março, sob o lema ‘basta de injustiças e desigualdades’ e que assumirá uma ampla expressão nos locais de trabalho dos setores público e privado, com greves, e paralisações e outras ações em todo o país, tendo como objetivo central a resolução dos problemas que afetam a vida dos trabalhadores”, anunciou Arménio Carlos, a par da “luta específica” marcada para 08 de março, Dia Internacional da Mulher.
 
Para o líder da CGTP-IN, é “preciso” também intensificar durante fevereiro uma luta permanente sobre as questões laborais e sublinhou a importância de “uma luta” até ao dia das eleições.
 
“Uma luta que temos de levar até ao voto, fazendo das próximas eleições para o Parlamento Europeu um momento para mostrar o cartão vermelho aos que, lá como cá, estão comprometidos com a política que inferniza a nossa vida e hipoteca o desenvolvimento do país, fazendo também do voto uma arma para uma alternativa de esquerda e soberana”, defendeu.
 
Arménio Carlos, durante o discurso perante milhares de manifestantes em Lisboa e que aderiram ao protesto da CGTP-IN que se realizou hoje em vários pontos do país, criticou a ‘troika’ e o governo PSD/CDS-PP.
 
“PSD e CDS-PP já provaram que a salvaguarda dos interesses da alta finança se sobrepõem a quaisquer outros, mesmo que estejam em jogo direitos humanos fundamentais”, disse Arménio Carlos, que culpa o Executivo de querer fazer de Portugal um país periférico e subordinado aos interesses das grandes potências.
 
“Não há saídas limpas com mais de um milhão e 400 mil pessoas sem emprego, uma dívida incomportável, juros insuportáveis e um Tratado Orçamental que visa amarrar-nos a uma política que corta no investimento, reduz as funções sociais do Estado e fomenta o empobrecimento, para aumentar a exploração e as desigualdades”, acusou o secretário-geral da CGTP-IN, prometendo “luta” contra o Governo.
 
Arménio Carlos voltou a referir-se, também, à realização de eleições gerais antecipadas e pediu o aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN).
 
“É preciso aumentar o Salário Mínimo Nacional para 515 euros. Esta reivindicação é tanto mais justa quando, se o valor do SMN fosse atualizado de acordo com a inflação desde 1974, neste momento já teria atingido os 584 euros”, disse o secretário-geral da CGTP-IN, que apelou à participação na Petição Pelo Direito ao Emprego e à Proteção Social no Desemprego que se vai assumir como um “instrumento para a luta”.
 
Lusa, em jornal i
 

Portugueses não acreditam na recuperação do país e baixam nota ao governo

 


Portugueses voltam a baixar a nota ao executivo de Passos Coelho. Cavaco aproxima-se do seu melhor resultado
 
Luís Rosa e Pedro Rainho - jornal i
 
Em Janeiro, os portugueses retomam a maré descendente de cotações do governo, ao atribuírem ao executivo de Passos Coelho 7,1 valores no primeiro barómetro i/Pitagórica do ano. A melhor classificação desde o início da avaliação – com oito valores atribuídos há apenas um mês – sofre agora uma inversão.
 
Quando responderam ao inquérito deste mês, os portugueses – sobretudo aqueles abrangidos pelas medidas de austeridade – já poderiam ter constatado no primeiro recibo de 2014 o corte que veio com o Orçamento doEstado para este ano. Talvez isso possa explicar a quebra de quase um ponto na classificação do executivo – o que significa que mais 7% dos inquiridos atribuíram nota igual ou abaixo de oito valores face aos que o tinham feito em Dezembro.
 
Os residentes da região Centro, mas também os do Alentejo e doAlgarve, são, este mês, quem mais penaliza o governo. Os piores resultados atribuídos ao executivo até ao momento ficam, ainda assim, a pouco menos de dois pontos de distância do resultado agora alcançado – em Março do ano passado, o governo inscrevia o seu mínimo histórico de 5,2 valores.
 
A subida das classificações negativas deste mês é resultado directo da perda de pontos nas parcelas intermédia e superior da tabela – há menos portugueses a dar entre oito e 14 valores e entre 14 e 20, considerando quase metade (48,5%) que a prestação do executivo não merece mais que sete valores.
 
belém em clima positivo A tendência decrescente do executivo de Passos Coelho contrasta com a subida na popularidade do Presidente da República, que este mês volta a aproximar-se do seu melhor resultado de sempre, em Julho de plena crise política.
 
A nota continua no negativo – como acontece fatalmente com quem ocupa qualquer um dos cargos de poder –, mas Cavaco Silva chega em Janeiro aos 7,9 valores, a apenas uma décima do seu momento alto.
 
O envio do diploma da convergência das pensões para o Tribunal Constitucional – e, pouco depois, o chumbo pelos juízes do Palácio Ratton – poderá ter contribuído para o melhor resultado do Presidente da República. O facto de perder votos nas parcelas intermédia e inferior da tabela (entre 0 e 14 valores) significa que, no barómetro deste mês, Cavaco consegue entrar no novo ano com 17,2% de portugueses a atribuírem ao Presidente da República as notas mais altas.
 
Mas as fatias mais significativas do bolo das classificações surgem, ainda assim – e como se percebe pela classificação final deste mês –, distribuídas pelas notas medianas e mais baixas, com destaque para o fundo da tabela. Cavaco reúne este mês 42,9% de classificações atribuídas entre os zero e os oito valores. Não muito distante, o universo de inquiridos que contribui com notas mais favoráveis – entre oito e 14 valores – fica-se pelos 39,9%.
 
 
Foto: António Pedro Santos
 
Ficheiros Anexos:

Governo português aprova acordo de concessão de vistos a estudantes dos países da CPLP

 


A ideia não é nova, mas nunca chegou a entrar em vigor porque apenas um dos oito países ratificou o acordo de 2007.
 
O Governo aprovou esta quinta-feira um acordo que facilita a circulação de estudantes dos Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), regulando a concessão de vistos.
 
O referido acordo já tinha sido assinado há quase sete anos, mas dos oito países apenas Timor-Leste havia ratificado o compromisso – sendo que seria necessário pelo menos três Estados-membros entregarem na sede da CPLP os “respectivos instrumentos de ratificação ou documentos equivalentes” para que o acordo entrasse efectivamente em vigor.
 
O primeiro acordo entre Portugal e os restantes sete membros da CPLP (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste) referente a esta matéria foi assinado em Novembro de 2007, em Lisboa.
 
No comunicado divulgado este quinta-feira após a reunião de Conselho de Ministros, o Executivo refere que o "acordo sobre a concessão de visto para estudantes nacionais dos Estados Membros" da comunidade lusófona visa "o reforço das medidas que facilitam a cidadania e a circulação de pessoas no espaço da CPLP, beneficiando a mobilidade da população estudantil de forma a contribuir para a integração dos povos e para o dinamismo e consolidação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa".
 
No acordo em causa, os oito países da CPLP reforçam que "a mobilidade estudantil contribui para a integração dos povos e para o dinamismo e consolidação da comunidade". Os vistos terão um prazo de quatro meses a um ano, podendo ser renovados.
 
Em declarações à Lusa, fonte oficial da Presidência do Conselho de Ministros afirmou que "Portugal está empenhado" neste compromisso, que vê como "uma forma de estreitar relações com os restantes países de língua portuguesa".
 
"Para cada um dos Estados-membros que vier a depositar posteriormente, na sede da CPLP, junto ao secretariado executivo, o respectivo instrumento de ratificação ou documento equivalente que o vincule ao acordo, o mesmo entrará em vigor no primeiro dia do mês seguinte à data da entrega do aludido instrumento", acrescenta.
 
Entre outros critérios, o estudante deve fazer prova de possuir meios de subsistência e apresentar certificados médicos, e o país de destino pode pedir a certidão de registo criminal ou o seguro médico de saúde ou outro sistema que garanta acesso a cuidadosde saúde. 
 
Lusa, em Público
 

ATRIBUIDO DOUTORAMENTO HONORIS CAUSA A XANANA GUSMÃO

 


O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, vai receber o grau de doutor Honoris Causa pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas durante a visita de trabalho que vai realizar a Portugal na próxima semana, foi hoje anunciado.
 
Em comunicado hoje divulgado à imprensa, o gabinete do primeiro-ministro informa que no último dia da visita, o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas vai atribuir o grau de doutor Honoris Causa a Xanana Gusmão.
 
O primeiro-ministro timorense inicia na terça-feira uma visita de trabalho a Portugal durante a qual deverá reunir-se com o Presidente português, Aníbal Cavaco Silva, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e outros membros do Governo.
 
Durante a sua estada, que termina dia 08, Xanana Gusmão vai também reunir-se com representantes das missões acreditadas junto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
 
Na sede da CPLP, em Lisboa, o primeiro-ministro timorense vai participar no lançamento do livro "Xanana Gusmão e os 10 primeiros anos da construção do Estado timorense".
 
O primeiro-ministro chefia uma delegação que inclui o ministro da Justiça, Dionísio Babo, o secretário de Estado da Defesa, Júlio Tomás Pinto, e a vice-presidente do Tribunal de Recurso, a juíza Natércia Gusmão.
 
Lusa, em Notícias ao Minuto
 

Moçambique: GOVERNO E RENAMO REVISITAM PACOTE ELEITORAL

 

 
Maputo, 01 Fev (AIM) O Governo moçambicano e a Renamo, maior partido da oposição e antigo movimento rebelde, reiniciaram as démarches que culminarão com a revisão do pacote eleitoral, com vista a garantir a participação daquele partido nas próximas eleições gerais de 15 de Outubro.

O facto foi tornado público hoje pelo chefe da delegação da Renamo e deputado do mesmo partido, Saimone Macuiane, após a ronda de diálogo entre a força política e o Governo, que esteve representado pelo chefe da delegação e Ministro da Agricultura, José Pacheco.

Na quinta-feira, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) confirmou publicamente a alteração da data do arranque do recenseamento eleitoral para 15 de Fevereiro até 29 de Abril, medida que visa acomodar todos os aspectos do processo, entre os quais a participação da Renamo que, aliás, boicotou as eleições autárquicas de Novembro de 2013.

O debate do pacote eleitoral foi a razão dos sucessivos impasses em mais de 20 rondas de diálogo.

Falando à imprensa, Macuiane disse que o seu partido está preocupado que em curto prazo de tempo possa concluir a questão da legislação eleitoral.

Para o feito, iniciamos hoje o reexame da legislação eleitoral. Esperamos que a breve trecho possamos chegar a um resultado que irá satisfazer não só a Renamo, não só ao Governo, mas também ao povo moçambicano, afirmou Macuiane.

A fonte disse, por outro lado, que o seu partido está actualmente a verificar os aspectos relacionados ao pacote eleitoral que acha relevantes para permitir a participação nas eleições.

Por seu turno, Pacheco disse haver ainda a necessidade de continuar a debater a legislação eleitoral com vista a se entender melhor o que a Renamo terá trazido de novo nas propostas por ela avançadas.

O representante da delegação do governo reafirma que o Governo irá observar e respeitar os limites permitidos por lei, nesse debate.

Usaremos todos os passos que a lei nos permite para que em tempo útil durante esses 15 dias as questões possam ser tratadas, disse Pacheco.

(AIM) HT/le

Moçambique: Ano lectivo arranca com milhares de alunos sem livro escolar

 

Francisco Mandlate – O País (mz)
 
A abertura oficial do ano lectivo, é assinalada hoje, em todo o país. Mas em Sofala 37 escolas não vão abrir e 15 mil alunos estão em parte incerta.
 
A cerimónia oficial de abertura do ano lectivo escolar vai decorrer, durante o dia de hoje, em cada uma das 17,573 escolas do Ensino Geral do país. São esperados, no cômputo de todas escolas moçambicanas, perto de seis milhões e setecentos mil alunos, dos quais, quase 775 mil são novos ingressos. Mais de um milhão sentar-se-ão, pela primeira vez, num banco escolar - 440 mil ingressam no Ensino Primário do Segundo Grau (EP2), 223 mil passam a frequentar o Ensino Secundário do Primeiro Grau, enquanto outros 94 mil o Ensino Secundário do Segundo Grau, ou seja, a 11ª classe.
 
À semelhança da primeira classe, a Alfabetização e Educação de Adultos vai abranger perto de um milhão de pessoas, um terço dos quais terá os seus próprios filhos como alfabetizadores.
 
Para o Ensino Técnico Profissional e a Formação de Professores foram matriculados 14 mil e 2660 alunos, respectivamente. No geral, o Ministério de Educação (MINED) estima que mais de seis milhões e meio de pessoas estarão a estudar em todo o país este ano.
 
Porém, “não há bela sem senão”. É uma certeza que os mais de 16 milhões de livros escolares gratuitos, que deverão ser distribuídos pelos alunos da Ensino Primário Completo (EP1 e EP2), ainda não se encontram em todos estabelecimentos de ensino. O MINED não dispõe de dados precisos sobre a distribuição do livro, apesar de o processo ter iniciado o ano passado. Só na cidade de Maputo, mais de 70% dos alunos não vão ter o livro nas primeiras semanas das aulas. igual situação verifica-se em Cabo Delgado que, há uma semana, ainda não havia recebido aquele instrumento fundamental. Em Sofala, as autoridades garantem que o livro já está em todos os distritos.
 
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ANGOLA E PORTUGAL: RELAÇÕES NÃO PRIORITÁRIAS - comentário

 

Eugénio Costa Almeida* - Pululu
 
Comentário (entrevista escrita) para o portal da Lusomonitor (LM) sobre a noticia de Angola não considerar prioritário o desenvolvimento das relações económicas com Portugal.
 
LM: qual a importância, em termos práticos da relação econômica e comercial de Portugal com Angola, de o ministro relações exteriores nao ter referido Portugal quando anunciou lista dos países com quais relações devem ser reforçadas? Pode significar a perda de mercado para outros países europeus como Espanha e França ou mesmo o Brasil?
 
ECA: Na minha perspectiva houve a necessidade de mostrar, por parte do MRE George Chikoty, a vontade de diversificar as relações comerciais angolanas. Não creio que as relações comerciais com Portugal sejam postas em causa, até porque a maioria dos produtos de primeira necessidade não produzidos em Angola vão de Portugal com outros países a, também, se chegarem, mas ainda a uma certa distância.
 
Se analisarmos bem os países que Chikoty deu como “prioritários” são aqueles que mantém uma longa relação política e económica baseada no petróleo, excepto a Alemanha e a Espanha, dois países que vão produzir produtos industriais pesados para as forças armadas angolanas, nomeadamente, no caso alemão, que vai fabricar navios patrulhas para a marinha angolana, o que talvez venha já tarde face ao eventual e possível sequestro de um navio petroleiro nas águas territoriais – note-se que não foi na zona exclusiva económica mas a poucas milhas da capital – por piratas. No caso espanhol, não esquecer a propalada tentativa de compra de um porta-aviões e o facto de ser um país-sede para tratamentos médicos, como, diga-se, o reino Unido.

LM: considera o gesto consequência direta dos desentendimentos públicos em torno dos casos judiciais angolanos em Portugal? Foi mais uma retaliação?

 
ECA: Talvez ainda haja resquícios – uma amizade constrói-se bloco a bloco e quando há um sismo há sempre um período de desânimo que necessita de ser minorado para que a reconstrução da amizade volte – do que se passou entre as autoridades judiciais dos dois Estados e as proverbiais e sistemáticas fugas de informação da justiça portuguesa que ninguém consegue entender; nem mesmo os portugueses, mas mantêm-na…
 
Todavia parece que tem havido uma reaproximação entre as duas partes, principalmente desde que essa matéria entrou no esquecimento e os visados – nunca arguidos ou indiciados – deixarem de estar sob a alçada da PGR portuguesa.
 
Por isso, e pelas razões atrás evocadas não me parece que haja retaliação, mas tão-somente uma mudança de linhas políticas e económicas; diversificação!

LM: isto é um sinal de que, ao contrário do que foi dito recentemente pelo Mne português, as relações não estão ainda sanadas? São de esperar novas retaliações no futuro?

ECA: Não creio que sejam de esperar mais retaliações ou que as relações não estejam sanadas – talvez não totalmente, mas nos “arrufos de namorados” o que vem a seguir… –, até porque Angola e os angolanos têm muito capital investido em Portugal e em diferentes áreas económicas; algumas das quais, bem importantes para a economia portuguesa. O que virá a seguir é uma incógnita, principalmente quando se perspectivam eventuais e possíveis mudanças nos órgãos e nas dinâmicas que detêm as relações exteriores de ambos os países. Vamos esperar para ver como São Tomé.
 
*Eugénio Costa Almeida* – Pululu - Página de um lusofónico angolano-português, licenciado e mestre em Relações Internacionais e Doutorado em Ciências Sociais - ramo Relações Internacionais -; nele poderão aceder a ensaios académicos e artigos de opinião, relacionados com a actividade académica, social e associativa.
 

ENCONTROS MINISTERIAIS ENTRE PORTUGAL E ANGOLA EM BREVE

 


Portugal e Angola deverão ter em breve encontros ministeriais, existindo uma "boa relação" entre os dois países, disse sexta-feira, em Adis Abeba, o chefe da diplomacia angolana, citado pela agência Angop.
 
Georges Chikoti fez o anúncio no final do encontro que manteve hoje na capital etíope com o seu homólogo português, Rui Machete, à margem da 22.ª sessão ordinária da assembleia de chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA).
 
"Trabalhamos sobre alguns aspectos bilaterais e multilaterais, foi um bom encontro e estamos a prever, para os próximos tempos, outros encontros a nível técnico e posteriormente a nível de ministros. Isso dentro do quadro da boa relação entre Angola e Portugal", afirmou Georges Chikoti.
 
A Angop escreveu que o encontro se realizou a pedido da diplomacia portuguesa.
 
Em declarações anteriores por telefone, hoje, à agência Lusa, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Rui Machete, disse ter aproveitado a estada em Adis Abeba para reuniões bilaterais com vários países, entre os quais Cabo Verde e Angola, designadamente com o Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, e e o seu homólogo angolano, Georges Chikoti.
 
"Tratámos destas questões de segurança e problemas políticos gerais, em particular no que respeita à Guiné-Bissau, à situação na Guiné-Bissau, à situação na Guiné Equatorial e também à próxima cimeira da União Europeia com os países africanos", precisou.
 
O chefe da diplomacia portuguesa também reuniu com os seus homólogos do Gana, Hanna Serwaa Tetteh, e do Senegal, Mankeur N'Diaye, para além dos encontros com o ministro de Estado da Nigéria, Nuruddeen Muhammad, e com a comissária para os Assuntos políticos da UA, Aisha Abdullahi.
 
"As reuniões correram muito bem, e basicamente sobre estas questões. E também analisámos a problemática do Golfo da Guiné, uma questão onde tem havido actos de pirataria e cuja segurança põe em causa uma rota marítima da maior importância. Os problemas da segurança marítima estão na ordem do dia e a União Europeia também se vai ocupar deles", declarou Rui Machete.
 
Após registar a "grande cordialidade" das reuniões, o ministro dos Negócios Estrangeiros sublinhou terem sido particularmente úteis "para a definição das políticas dos respectivos países, que na maioria parte dos casos foram coincidentes".
 
No sábado, último dia da cimeira da UA, Rui Machete já tem confirmados diversos encontros, designadamente com o comissário para a Paz e segurança da União Africana, Smail Chergui, e com o secretário executivo da Comissão económica da ONU para África, Carlos Lopes.
 
"Será tudo à volta da mesma problemática [da paz e segurança], que é uma problemática rica e de um modo muito particular, para além das questões da Guiné-Bissau, os problemas da segurança no Golfo da Guiné", acrescentou.
 
Lusa / Novo Jornal (ao)
 

Guiné-Bissau: MULHER DE NINO VIEIRA CANDIDATA-SE ÀS PRESIDENCIAIS

 

Eleições a 16 de Março
 
Bissau - Nazaré Vieira, a mulher do ex-Presidente da República Nino Vieira, anunciou a sua candidatura ao cargo de Presidente da República nas eleições Gerais agendadas para 16 de Março.
 
Falando à PNN a partir de França, onde nos próximos dias vai decorrer a cerimónia da apresentação pública da intenção, Nazaré Vieira disse que a sua candidatura é a resposta ao apelo que tem sido lançado pelo povo da Guiné-Bissau.

«A minha candidatura ao mais alto cargo da magistratura guineense é uma resposta ao apelo que me tem sido lançado pelo martirizado povo guineense», referiu a mulher do antigo Presidente Nino Vieira.

A candidata disse ainda que, enquanto mãe guineense, a sua candidatura pode constituir uma esperança de amor e fraternidade, para o que os guineenses têm sofrido ao longo dos anos.

«Ao longo dos anos, com a instabilidade crónica, com os sofrimentos do povo, a minha presença como candidata só pode constituir uma força de reconstrução de esperança e amor, harmonia e solidariedade, pois estes valores estão em crise na actual conjuntura da Guiné-Bissau», revelou.

Nazaré Vieira falou de justiça e reconciliação entre os guineenses, deixando a mensagem de uma linguagem de paz para os candidatos ao mais alto cargo da nação.

«Para que haja paz, desenvolvimento e a reconciliação nacional, temos que lutar pela justiça e para que os políticos possam ter uma linguagem da paz, quando falo do objectivo de desenvolvimento socioeconómico do nosso país, o progresso que temos todos a obrigação de alcançar», frisou a candidata à Presidência.

Nestas declarações Nazaré Vieira não indicou a data do seu regresso ao país, para realizar a sua actividade político-partidária.
 
Bissau Digital - (c) PNN Portuguese News Network
 

Liga dos Direitos Humanos considera "preocupante" aumento da violência na Guiné-Bissau

 


A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) considerou hoje, em comunicado, "preocupante" o aumento da violência no país, sobretudo os casos que têm culminado com assassinatos.
 
Esta posição surgiu no final de uma semana em que duas pessoas foram mortas.
 
Um dos casos aconteceu na terça-feira em Pitche, Leste do país, quando um guineense de 62 anos foi obrigado a ingerir uma bebida que lhe terá provocado a morte, depois de ter sido acusado pelo irmão de praticar feitiçaria, relata a LGDH.
 
O irmão terá recrutado um homem na Guiné-Conakri, supostamente "especializado em identificar feiticeiros", que com a ajuda da comunidade local forçou a vítima a beber um produto, ainda não identificado.
 
"Até esta data, a LGDH desconhece se o suspeito foi ou não detido pelas autoridades policiais locais", refere o comunicado.
 
A Liga lamenta ainda a morte de um comerciante mauritano de 42 anos, alvejado com dois tiros, na quarta-feira, quando tentava apanhar um assaltante no interior da loja de que era proprietário, no Bairro de Cuntum, Bissau.
 
Na quinta-feira, a Polícia Judiciária da Guiné-Bissau anunciou a detenção de um suspeito no caso, após uma operação conjunta com a Polícia de Ordem Pública (POP) e elementos das forças armadas.
 
"A LGDH condena com firmeza estes atos bárbaros e criminosos e exorta as autoridades nacionais no sentido de perseguirem judicialmente os seus autores", acrescenta o comunicado.
 
A Liga pede ainda às autoridades nacionais que criem "condições de segurança para cidadãos nacionais e estrangeiros residentes no país".
 
Lusa, em SIC Notícias
 

Portugal: TUDO À FARTA. NÃO FALTARÁ MISÉRIA E FOME

 

Balneário Público
 
Aproximam-se eleições. Tudo vai melhorar. Crise? Qual crise? Os números desmentem a crise extrema. É só uma crise moderada. O pior já passou e agora vai ser tudo servido como milagres. As eleições mais próximas são para a EU e, imaginem, já está tudo a melhorar. Querem ver que sim. Ora leiam se fizerem o favor. Da Lusa: “Desemprego em Portugal cai para 15,4% em dezembro de 2013 pelo 10.º mês consecutivo”. Este o título de ainda há pouco. E complementa: “A taxa de desemprego em Portugal baixou em dezembro de 2013, pelo décimo mês consecutivo, para os 15,4%, a maior redução homóloga da União Europeia, a par da Irlanda e da Letónia, revela o Eurostat.” Pois claro que o desemprego diminui. À custa da emigração desbragada e compulsiva. Cumprindo o que Passos e os seus capangas do governo ordenaram, para que os portugueses deixassem de ser piegas, saíssem da sua zona de conforto e emigrassem. Aos desempregados que faltam junte-se aqueles que se suicidaram. Quantos foram? Aqueles que já desistiram e nem comparecem nos Centros de Desemprego, aqueles que foram empurrados para a indigência, os Sem Casa, os Sem abrigo. E quais são os números da criação de emprego? Zero ou pouco mais que isso, porpocionalmente. Desce o desemprego mas a criação de emprego não é compativel com a propaganda? Grande forrobadó. Grandes vigarices por que o ministro da propaganda (Maduro) passeia os jornalistas. Com números tão favoráveis já deviamos sentir melhorias e não acontece isso. Porque será? Porque será que o desemprego continua a aumentar na realidade? Porque será que as falências de empresas não param? Com a consequência dos empregados ficarem desempregados. Conversa de mentecaptos, vigaros e mentirosos que se perfilam para não se verem demasiado castigados nas eleições europeias que se aproximam. E depois surge mais próximo 2015 com as eleições que tocam diretamente aos que tomaram a governação com base em mentiras, em falsas promessas pronunciadas por um enorme aldrabão de nome Passos Coelho. Esse mesmo que Cavaco Silva, o seu comparsa de Belém, tem transportado ao colo e mimado, borrifando-se para os horrores causados aos portugueses. Passos entrou a matar e Cavaco ajuda a esfolar as vítimas desta situação criada por famílias político-partidárias e economico-financeiras a que eles próprios pertencem. Aquilo a que o povinho chama “A chusma de bandidos”. É evidente que Passos entrou a matar logo que se apossou dos poderes, até aboliu feriados dignos do perfil do traidor de 1640, Miguel de Vasconcelos, vendido aos castelhanos (Espanha). E também a matar, como entrou e atingiu a eito símbolos históricos e religiosos que não lembraria a Belzebu. Mas agora já se fala em repor os feriados roubados. Diz a Lusa em título: “Igreja admite querer reposição dos feriados suspensos em 2013”. E sim. Pelo que sei o governo vai repôr os feriados religiosos porque “A igreja continua a querer a reposição dos feriados religiosos suspensos em 2013, lembrando que foi combinado fazer uma reavaliação cinco anos depois (em 2018) e decidir consoante a situação económico-financeira do país.” E se repõe os feriados religiosos também reporá um ou outro dos outros feriados. O que já se sopra pelos corredores dos poderes é que dois feriados serão devolvidos aos portugueses em 2015, antes das eleições legislativas. Um deles será o 1 de dezembro, o Dia da Restauração. O dia que em 1640 marca a derrota e a morte de muitos traidores vendidos à coroa castelhanha, melhor dizendo: aos Felipes de Espanha. E estes da atualidade, a quem estão vendidos? Portugueses, preparem-se. Daqui por uns meses Portugal será anunciado como um idílico Mar de Rosas, com a ajuda de certos e incertos jornalistas e incubadores de opinião ao serviço dos mete-nojo, se fizerem o favor. Crise severa? Qual crise? É o que se queira. Tudo à farta, principalmente a miséria e a fome.
 
Pepe
 
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