sábado, 9 de novembro de 2013

ACADÉMICOS E POLÍTICOS DEBATEM EM PEQUIM RELAÇÕES BRASIL-CHINA

 


Acadêmicos, autoridades e especialistas de diversas áreas reuniram-se na sexta-feira (8)m em Pequim para discutir sobre o futuro das relações sino-brasileiras. O evento contou com a presença de pesquisadores brasileiros, da China continental e de Macau.

O Seminário foi organizado pelo Instituto Brasileiro de Estudos de China e Ásia-Pacífico (Ibecap), o Instituto Internacional de Macau (IIM) e pelo Centro de Estudos dos Países de Língua Portuguesa do Instituto de Estudos Regionais (CEPLP) da Universidade de Economia e Negócios Internacionais (UIBE), que sediou o evento.

O coordenador do evento e diretor geral do CEPLP, professor Dr. Wang Cheng'an, convidou o prof. Dr. Zhao Zhongxiu, vice-reitor da UIBE, que em nome da universidade, deu as boas-vindas aos participantes e desejou êxito ao evento.

O primeiro palestrante, o ex-embaixador da China no Brasil, Chen Duqing, falou da evolução da parceria entre os dois países e destacou que a mesma acaba de entrar em uma nova fase, passados 20 anos do estabelecimento da parceria estratégica sino-brasileira. Para o ex-embaixador, "alguns países do Ocidente não querem, de jeito nenhum, que o Brasil e a China caminhem juntos, temos que ter a certeza disso".

O diretor do Instituto Internacional de Macau (IIM), o Dr. Jorge Rangel, disse que a visão sobre a parceria sino-brasileira deve ser ampliada. Para ele, Macau sempre foi maior do que a sua limitada geografia e "quer estar ligado ao mundo e continuar a ser um entreposto privilegiado entre a China e o mundo lusófono".

Outro macaense, o Dr. José Ângelo Lobo do Amaral, vice-presidente do IIM, destacou como relevante o fato de o seminário, apesar de ocorrer na China, estar sendo realizado em português. Segundo ele, a língua portuguesa é sobretudo "um mundo de afeto" e é essa afetividade que nos une. Ele elogiou ainda a decisão do governo chinês de manter o português como língua oficial de Macau, pois entendeu que Macau sempre foi "um lugar de encontro de culturas, de encontro de homens e de encontro de boas vontades."

Também presente no seminário, a ex-diretora do Departamento de Português da Rádio Internacional da China, Yu Huijuan, disse acreditar que tanto entres os povos quanto entre os governos, o futuro das relações sino-brasileiras será muito bom e que "não há motivos para não confiarmos no desenvolvimento dessas relações."

O prof. Dr. Severino Bezerra Cabral Filho, Presidente do Ibecap, destacou o atual momento das relações entre Brasil e China, que é o de parceria estratégica de caráter global. Segundo ele, isso significa que essa parceria atinge agora "todo o campo do relacionamento internacional, o campo político, econômico, estratégico, social, cultural...".

Outro aspecto destacado pelo pesquisador brasileiro é que essa é uma parceria entre dois dos maiores países em desenvolvimento. Cabral acredita que o futuro das relações deve ser muito positivo, pois isso é o melhor para os dois países, sendo importante para "criar as condições no século 21 para um mundo mais estável, mais equilibrado, o que pode inclusive evitar confrontos como houve no passado. E essa criação do século 21 é um dos sonhos do Brasil e da China."

O seminário contou ainda com outros palestrantes, como o jornalista Carlos Tavares e o Dr. Bernardo Costa Ferreira, ambos membros do Conselho de Notáveis do Ibecap; o Dr. Ye Zhiliang, da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim; a Dra. Zhao Xuemei, diretora geral do Centro de Estudos da América Latina da , o Dr. José Medeiros da Silva, especialista do Departamento de Português da Rádio Internacional da China e Rafael Leme, primeiro-secretário da embaixada do Brasil em Pequim.

Ao encerrar o seminário, que contou com a co-organização da Corporação de Angola Nantong e Clube do Livro Brasil-China, o coordenador do evento, professor Dr. Wang Cheng'an, fez questão de registrar o êxito do evento, muito profícuo no compartilhamento e intercâmbio de ideias.

De Pequim, José Medeiros da Silva, Silviajing, Guo Hao e Liang Ce, da Rádio Internacional da China, em Vermelho
 

Brasil: “Governo Dilma é omisso e negligente com os povos indígenas”, diz bispo

 


Agora o legislativo e sua bancada ruralista que decidir e legislar em cima das áreas indígenas, o que é um absurdo porque demarcar pressupõe esudos cartográficos, estudos etnológicos, estudos antropolígicos. São técnicos que fazem isso
 
Elaíze Faria, do Amazônia RealBrasil de Fato
O bispo da Prelazia do Xingu, Dom Erwin Kräutler, é uma lenda das causas sociais da Amazônia. Sua voz em defesa dos povos indígenas e de outros grupos minoritários se espalha em várias esferas: nas aldeias, nas cidades, nas capitais, no parlamento e no Executivo.
 
Nos últimos anos, Dom Erwin tem sido um crítico severo da política indigenista do governo brasileiro e um ativista contra a construção de barragens em Belo Monte e em Tapajós, ambas no Pará. Sua decepção com o governo Lula e agora, com o governo Dilma, é notória.
 
“Este governo é anti-indígena, omisso e negligente”, disse Dom Erwin Kräutler ao portal Amazônia Real, em entrevista exclusiva concedida em Manaus na semana passada, onde esteve para participar do 1º Encontro da Igreja Católica da Amazônia Legal.
 
A entrevista é de Elaíze Farias, publicada por Amazônia Real e reproduzida por Combate ao Racismo no início do mês.
 
Nascido na Áustria em 1939, Dom Erwin chegou ao Brasil em 1965. Na década de 70 tornou-se cidadão brasileiro. Foi nomeado bispo do Xingu em 1980, onde atua até hoje. É presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
 
O bispo tem inúmeros reconhecimentos, como o título de doutor Honoris Causa, dado pela Universidade Federal do Pará, e o Prêmio Right Livelihood 2010, considerado um prêmio Nobel Alternativo, concedido pelo governo da Suécia, mas composto por um júri internacional. Por sua luta e engajamento, é constantemente ameaçado de morte.
 
Dom Erwin Kräutler mora no município de Altamira (PA), para onde voltou logo depois que saiu de Manaus na última quinta-feira (31).
 
Por email, ele enviou um texto complementar para sua entrevista, onde acusa o governo brasileiro e os grupos econômicos de usar da estratégia da divisão para “romper ou enfraquecer a resistência dos povos indígenas”, numa referência aos indígenas munduruku, que lutam contra a hidrelétrica do Tapajós.
 
Eis a entrevista.
 
Como o senhor descreve a luta dos povos indígenas?
 
Lutamos ao lado dos índios para que os direitos indígenas fossem inscritos e ancorados na Constituição Federal de 1988. E conseguimos. A vitória dos índios foi a nossa vitória e a nossa vitória foi a vitória dos índios. A constituição tem um capitulo específico sobre os índios. E tem um artigo nas disposições transitórias que significa uma virada copernicana. Antes os índios eram tidos como estrangeiros neste país e, no entanto, eram os primeiros habitantes. Foram tutelados pelo Estado e essa finalidade era a incorporação do silvícola à sociedade nacional. A sociedade nacional até 1987 era apenas sociedade dos não-indígenas. Aliás, não-indígena é aquele que veio de fora, de outro continente.
 
Depois da Constituição de 88, os direitos dos povos indígenas estão sendo respeitados?
 
Os indígenas têm o direito às suas terras ancestrais, as suas religiões, às suas expressões culturais. No caso de serem usadas as suas terras para minérios estratégicos ou recursos hídricos, os índios têm que ser consultados.
 
O que o senhor acha dos atuais projetos políticos e econômicos que afetam os povos indígenas?
 
Nós cantamos vitória com a Constituição, mas de uns tempos para cá através da PEC (Projeto de Emenda Constitucional) 215 estão querendo negar este dispositivo Constitucional. Querem arrancar do Executivo o direito de demarcar as terras indígenas. O artigo 67 das disposições transitórias previa em um período de cinco anos a demarcação de todas as áreas indígenas. Das mil e tantas terras indígenas, foram concluídas as demarcações de apenas 360. Menos da metade.
 
Agora o legislativo e sua bancada ruralista quer decidir e legislar em cima das áreas indígenas, o que é um absurdo porque demarcar pressupõe estudos cartográficos, estudos etnológicos, estudos antropológicos. São técnicos que fazem isso.
 
Se essa desgraça da PEC 215 passar não haverá mais demarcação das áreas indígenas e que se encontram demarcadas são ameaçadas. Por isso que os índios se levantaram contra essa possibilidade.
 
Como o senhor avalia a política indígena do atual governo federal?
 
O governo deveria defender a causa indígena como uma causa de minoria que está ameaçada. E não faz. O governo atual é omisso. Eu digo que é omisso e negligente, mas atrás disso tem as estratégias. Sua estratégia é rolo compressor. Passa por cima. O governo é anti-indígena. O Lula falou isso em 2006. Quando estava na casa do Blairo Maggi (então governador do Mato Grosso) ele colocou os índios como obstáculos ao progresso e as leis ambientalistas como penduricalhos que têm que revistos. Com a Dilma não avançou nada.
 
Apesar das mobilizações sociais, a hidrelétrica de Belo Monte já está em construção. Como o senhor vislumbra o futuro da obra para os povos que moram na região?
 
Belo Monte é aquele paredão. O reservatório vai atingir 40 mil pessoas diretamente e os povos indígenas na volta do Xingu estão com seus dias contados. A Volta Grande do Xingu vai ficar seca. E tem toneladas de ouro. E a firma que vai explicar é canadense, se chama Belo Sun.
 
Atualmente é a vez dos munduruku lutar contra o projeto de outra hidrelética na Amazônia. Como o senhor vem acompanhando essa mobilização?
 
Os indígenas munduruku não vão silenciar. Mas o governo usa de todas as estratégias de dividir o próprio povo. Escrevi um artigo sobre isso, onde digo que para dominar um povo tem que dividi-lo entre si. No caso da hidrelétrica do Tapajós (Pará), a obra está na ilegalidade, pois os índios munduruku não foram consultados.
 
O senhor tem esperança que o governo vai reconsiderar sua política de crescimento econômico às custas dos impactos ambientais e sociais?
 
Esperança sempre tem. No mundo de hoje, há uma grande sensibilidade para os povos aborígenes e autóctones. O Brasil não se pode dar o luxo de fazer um retrocesso no tratamento dos povos indígenas. Isso vai repercutir muito mal. O Brasil sempre queria primar pela defesa dos direitos humanos. O país é signatário de tratados internacionais e não pode perder o limite.
 
Sobre o que os bispos da Amazônia estão discutindo no encontro em Manaus?
 
Este encontro, que é o primeiro dos bispos da Igreja Católica da Amazônia Legal, é para avaliar a caminhada e dar respostas aos desafios da atualidade. Temos (a Igreja Católica) duas dimensões. A dimensão vertical, que é nosso relacionamento com Deus, mas temos a dimensão horizontal, que é o nosso relacionamento com os seres humanos, na defesa da dignidade e dos direitos. A defesa da vida em todas as duas dimensões.
 

SOCIAL-DEMOCRACIA FRANCESA ABRE O CAMINHO PARA A DIREITA

 


A social-democracia francesa carece de projeto, de modelo. Sua doutrina é a austeridade como panaceia e sua bíblia os critérios de Bruxelas e Berlim.
 
Eduardo Febbro – Carta Maior
 
Paris - “Reformar, unir-se, triunfar”. As palavras do presidente francês soam como uma chuva triste. O socialista François Hollande foi eleito em maio de 2012 com uma missão histórica que ele mesmo definiu assim: liderar a renovação da social-democracia europeia, introduzir uma voz discordante dentro do liberalismo da União Europeia, colocar limites ao poderio da Alemanha de Angela Merkel e reformar a França com justiça social.

Pela segunda vez consecutiva, um candidato eleito com programa termina por fazer exatamente o contrário. A sensação é semelhante a que deixou seu antecessor, o conservador Nicolas Sarkozy, após sua eleição em 2007: uma espécie de fraude verbal cuja única meta consistiu na conquista do poder.

Nos dois casos, de Sarkozy e de Hollande, há muitas coisas parecidas. Em 2012, Sarkozy foi o homem que perdeu a sacrossanta “AAA”, a nota outorgada pelas agências de classificação de risco, neste caso a Standard & Poor’s (S&P). Hollande também perdeu, não um “A”, mas o sinal “ ” que Sarkozy deixou como herança. O mandato de Sarkozy terminou com um “AA ” e o de Hollande começa com “AA”. Ao cabo de mais de dez anos de presidências conservadoras, os socialistas não trouxeram nenhuma mudança. Parecem vazios, esgotados, sem recursos.

A lista de promessas essenciais deixadas nas gavetas é longa como uma canção de ninar. Hollande prometeu, em caso de vitória, renegociar o pacto orçamentário europeu firmado por Sarkozy sob o impulso de Angela Merkel. A negociação caiu no esquecimento. Outra promessa central chamada a marcar a política econômica do governo também resultou praticamente em nada: o imposto de 75% aplicável às pessoas com ganhos superiores a um milhão de euros. A proposta chegou a seduzir e provocou uma briga encarnada pela patética postura do ator Gerard Dépardieu, que fugiu da França para a Rússia e adquiriu de maneira automática a nacionalidade russa. Em dezembro de 2012, o Conselho Constitucional vetou o projeto. Em março deste ano, Hollande anunciou que o imposto seria aplicável às empresas, mas não aos particulares.

Outro notável retrocesso: a taxa ecológica para veículos pesados, a ecotaxa, foi suspensa após os protestos desencadeados na região da Bretanha. A taxa sobre os lucros resultantes da venda das ações de uma empresa teve o mesmo destino, assim como a taxa sobre o excedente bruto da exploração das empresas, ou a taxa sobre as transações financeiras, ou o aumento dos gravames sociais aplicados a produtos do sistema financeiro, ou o controle da remuneração dos grandes executivos.

A lista é longa. Os malabaristas das promessas também caíram da corda quando uma adolescente kosovar de 15 anos, Leonarda, foi expulsa da França junto com sua família. A expulsão obedecia aos termos da lei, mas não a metodologia: a polícia foi buscar Leonarda no ônibus escolar onde estava com seus companheiros particulares em uma excursão.

Hollande chegou ao poder com um luminoso ramo de promessas que contrastavam com a política de seu predecessor. O ramo serve hoje para enfeitar a tumba dessas promessas. O liberalismo europeus não se moveu um centímetro, os impostos aumentam para todos, as empresas fecham, o desemprego aumenta e a maioria socialista se desgarra publicamente em torno da pertinência da linha política e econômica adotada. Hollande havia desenhado um céu modesto, mas diferente. Uma presidência tranquila comparada com o estilo febril de Sarkozy, cortes atenuados no gasto público, aumento dos impostos unicamente para as categorias mais ricas, ao redor de 10%. Mas o leque se ampliou consideravelmente: em 2014, haverá cortes suplementares de 18 bilhões de euros e novos impostos.

Mais de um milhão de pessoas com rendas modestas deverão pagar no ano que vem. A sociedade tem a impressão de que estão tirando sua pele, sobretudo quando escuta seu próprio presidente dizer na televisão: “a imaginação fiscal não tem limites”. A decisão da Standard & Poor’s de baixar a nota da França foi recebida com mal estar pelo governo. Hollande respondeu dizendo: “manterei a estratégia, que é a nossa, o rumo, que é o meu”. O ministro da Economia, Pierre Moscovici, deplorou “os juízos críticos e inexatos” do informe. A agência de classificação fustigou o aumento dos impostos e disse que o país não tem espaço para reduzir a dívida que se aproxima de 100% do PIB.

As crises que sitiam o Executivo se escrevem com maiúsculas. Não falta nem a crise moral com o aprofundamento da xenofobia. Pode-se senti-la nas ruas, nos cafés, na imprensa, na rádio e na televisão. A palavra racial se liberou como um germe contaminante. A ministra francesa da Justiça, Christiane Taubira, foi retratada como um macaco por uma candidata da ultradireitista Frente Nacional e qualificada como “gorila” por manifestantes sem que ninguém do governo, tirando ela mesma, saísse em sua defesa. Silêncio presidencial, silêncio igualmente dos intelectuais moralistas.

A social-democracia francesa carece de projeto, de modelo. Sua doutrina é a austeridade como panaceia e sua bíblica os critérios ditados por Bruxelas e Berlim. A extrema direita e os conservadores populistas tem um caminho sem obstáculos. Não há inimigo com uma estratégia alternativa nem suficiente autoridade. O desenho socia-ldemocrata é débil, inconsistente, mutante, minguado pela ausência de coragem e criatividade política. Nicolas Sarkozy havia exasperado a sociedade por seus excessos. Os socialistas por sua mansidão. O passado é um desencanto, o presente uma nova decepção. O futuro, ajuste e austeridade.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
 
Créditos da foto: Arquivo
 

O QUE SIGNIFICA SER DE ESQUERDA HOJE NA EUROPA

 


A Carta Maior conversou sobre esse tema com Paolo Gerbaudo, pesquisador do Kings College, especialista nos novos movimentos sociais.
 
Marcelo Justo – Carta Maior
 
Londres - Um dos resultados mais surpreendentes do estouro financeiro de 2008 e da crise econômica global que se seguiu a ele é que, na Europa, a esquerda não conseguiu capitalizar a imensa fratura social que se produziu. Apesar da aparição de movimentos como os Indignados na Espanha ou o Cinco Estrelas na Itália, e com a exceção do Syriza na Grécia, não ocorreu na Europa um avanço concreto da esquerda como alternativa de governo. Nas urnas predominou o voto castigo para quem estava no poder: mais da metade dos governos da União Europeia (UE) mudaram de sinal político. Além do desgaste do exercício do poder, esta resposta do eleitorado tem a ver com o fato de que a diferença entre direita e esquerda se reduziu, em muitos casos, a um neoliberalismo puro ou a um neoliberalismo com “face humana”.

A Carta Maior conversou sobre esse tema com Paolo Gerbaudo, pesquisador do Kings College, especialista nos novos movimentos sociais de autor de “Twits and the street”, para analisar o que significa hoje ser de esquerda na Europa.

CM: A esquerda não soube ou não pode aproveitar a atual crise para mudar a narrativa hegemônica neoliberal dominante desde a queda do Muro de Berlim. Há um problema de definição ideológica? O que significa, afinal, ser de esquerda hoje na Europa?

PG: Temos dois tipos de esquerda que não guardam nenhuma relação entre si. Por um lado a esquerda movimentista com alguns partidos muito pequenos como o Refundazione na Itália e Die Linke na Alemanha. Por outro lado, há uma esquerda socialdemocrata convertida ao evangelho neoliberal que tem um discurso a favor das privatizações e do abandono da regulação da economia. Entre essa realpolitik socialdemocrata e uma esquerda radical de caráter doutrinário, não há nada.

CM: Mas antes da queda do muro também havia uma divisão entre duas esquerdas, os socialdemocratas e os comunistas. A diferença é que, naquele momento, estas divisões tinham uma forte definição programática e ideológica. Com a queda do muro, parece que essas definições desapareceram.

PG: Há uma confusão ideológica muito forte. Depois da crise de 2007-2008, se esperava um novo espaço para a esquerda para responder ao neoliberalismo, mas isso nunca se concretizou em um programa. Houve reações, a mais notável delas com o Syriza na Grécia, que conseguiu construir uma resposta radical capaz de legitimar-se em nível popular com uma política não só de questionamento da economia e das multinacionais, mas também do Estado e da estrutura política predominantes no atual marco neoliberal. Mas em geral houve uma incapacidade da esquerda de responder à nova estrutura de classes das sociedades pós-industriais europeias. Na Europa, cerca de 80% dos trabalhos estão no setor se serviços, muitos dos quais são de classe média. Pode-se dizer que a classe operária é hoje de aproximadamente 15%, mas as formas de organização da esquerda ainda refletem o sistema produtivo industrial.

CM: Isso é do lado da própria esquerda. Mas em nível de sociedade parece haver uma mudança de época. Nos anos 60, 70 e mesmo nos 80 se discutia em termos ideológicos. Com a crise dos grandes relatos, este eixo perdeu muito peso. A sociedade mesma já não parece ter interesse nessas buscas programáticas alternativas.

PG: Claramente há uma crise do espaço público e da definição do que é político. O mito sobre a política que as gerações dos 60 e 70 tinham perdeu muita força. Agora o político está muitas vezes na conexão com a experiência pessoal, com a identidade social construída antes da política. Por exemplo, a maneira que o sistema afeta a via dos trabalhadores precarizados, a insegurança ou a preocupação frente a um Estado que controla a vida das pessoas como estamos vendo agora no caso Snowden, algo que expõe também a crise de legitimidade do Estado. Estamos em um momento de transição entre o que havia antes da crise e o posterior.

CM: Do ponto de vista ideológico, a queda dos grandes relatos deixou todo o cenário a um relato, o neoliberal. O estouro da bolha de 2008 foi um ponto da crise desse relato, mas na falta de alternativas ele segue funcionando por inércia ou default.

PG: Vemos isso muito na Europa. Aqui na Inglaterra se impulsionam medidas como a privatização dos Correios rechaçada pela população, mas que é levada adiante porque tem uma aparência de racionalidade. E é certo que há certa inércia em como se segue levando adiante mais do mesmo. Mas é interessante que mesmo em um país tão à direita como o Reino Unido, vemos o regresso de um discurso socialista ao espaço público e à política eleitoral. O líder do trabalhismo, Ed Miliband, propôs um congelamento das tarifas das empresas energéticas. É uma proposta populista que não muda as regras do jogo, mas é sintoma da mudança de debate público. De fato, as pesquisas dizem que a maioria dos ingleses está a favor da nacionalização dos serviços.

CM: O caso Miliband parece sintomático. Ele precisa mudar primeiro o eixo do debate público. E está conseguindo. Agora se fala da “crise do nível de vida” e não da racionalidade de uma medida. Isso parece preceder a apresentação de alternativas programáticas.

PG: Ainda que se permaneça no marco neoliberal, ou seja, que as empresas sigam em mãos privadas, essa mudança tem sua validade. Mas a lógica é similar aquela adotada por Obama na área da saúde. A lei da saúde nos Estados Unidos é um monstro que torna obrigatória a inscrição no sistema privado ao invés de fazer uma saúde pública. Ou seja, fica na metade do caminho. O desafio é ir mais além e propor estruturas econômicas e direitos fundamentais para controlar a atividade social. Syriza, na Grécia, é o único partido que está avançando neste caminho entre o idealismo e o pragmatismo. Além disso, não se vê nada.

A Itália é um desastre. O Partido Democrático, que é uma convergência entre os ex-comunistas e a esquerda católica, tem um discurso anticorrupção, antielitista, mas basicamente mantem um critério neoliberal promovendo uma eficiência maior do Estado e mais transparência. Na França, Hollande foi muito demagógico porque, além do imposto para os ricos, não propôs nenhuma mudança, não há um programa socialista. É como dizer que, com um pouco de redistribuição de renda, solucionamos todos os problemas. E não é assim, Sem política econômica e industrial, sem criar postos de trabalho, não se pode avançar.

CM: Como se pode fazer isso na Europa? Porque falamos de países que podem pensar que não estão tão mal assim uma vez que estão entre os ricos do mundo.

PG: Essa mudança precisa acontecer simultaneamente em nível nacional e europeu. Com Hollande e a alta de impostos para os ricos, ocorreu que os ricos foram para outro país, de modo que sim uma coordenação política com outros países é muito difícil. Há coisas que estão ocorrendo neste nível de coordenação como a Taxa Tobin para as transações financeiras. Há muito mais o que fazer também na luta contra os paraísos fiscais ou em termos do imposto corporativo. Neste sentido, os movimentos sociais têm feito muito para mudar o debate público. No Reino Unido, Tax Uncut, que luta contra a evasão fiscal das corporações, foi uma maneira de estabelecer regras básicas da vida pública. Os indignados e outros movimentos têm feito o mesmo. A questão é como passar do diagnóstico para a ação. Precisamos de uma política socialista das redes em uma sociedade europeia pós-industrial.

CM: Tudo isso está gerando uma nova maneira de definir programaticamente a esquerda?

PG: Trata-se de propor uma defesa dos bens comuns como os serviços públicos, o transporte, o direito à cidade e à moradia. Precisamos de um socialismo que possa responder a uma necessidade de segurança em uma sociedade insegura, garantindo uma renda básica universal. Mas como dizia o historiador Eric Hobsbawm, estamos falando de uma economia mista. Não queremos retornar a um estado todo poderoso, clientelista, corrupto, ineficiente. O setor público tem que estar controlado pela participação cidadã para que seja transparente. Isso é algo que começa a ser proposta em distintos lugares, seja em nível acadêmico ou em movimentos, como pelo 5 Estrelas da Itália com sua reivindicação da renda mínima, ou Partido X da Espanha que defende a participação pública como forma de controle.

CM: Há algum sinal de que a sociedade europeia esteja acompanhando estas ideias? Em muitos casos ela parece ter se movido mais para a direita, culpando os imigrantes, por exemplo.

PG: Há um risco muito claro para a democracia. Basta ver o que ocorre na Grécia com o movimento fascista Aurora Dourada. O problema é que não tem havido um consenso programático na esquerda que não construiu pontes com os movimentos sociais. Isso é o que precisa ser feito.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
 

Portugal: OIT, UM RELATÓRIO OPORTUNO

 

Carvalho da Silva – Jornal de Notícias, opinião
 
O relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) "Enfrentar a crise do emprego em Portugal", apresentado no passado dia 4, em Lisboa, pelo seu diretor-geral (Guy Rider), é, por múltiplas razões, de enorme importância para o nosso debate social, económico e político e para a construção de alternativas às políticas injustas e de retrocesso a que estamos sujeitos.
 
A OIT, observando as políticas seguidas em Portugal e em outros países, considera "a austeridade como ameaça à prosperidade" e assume que é preciso trabalhar-se no sentido de garantir "melhores empregos para uma melhor economia". A OIT assume historicamente que a pobreza e as desigualdades são os grandes perigos para o caminhar equilibrado das sociedades e que "só se pode fundar uma paz universal e duradoura com base na justiça social". As questões do emprego têm de ser absolutamente centrais na nossa sociedade.
 
Esta semana, ficamos a saber que no último ano, enquanto os trabalhadores e o povo sofriam, houve um aumento de 11% do número de ricos com fortunas pessoais acima de 25 milhões de euros. Quanto desemprego, quantos milhões de portugueses foram roubados nos seus salários, nos seus direitos sociais, nas suas pensões, para engordar estes 870 portugueses?
 
O relatório da OIT não foi produzido como ato isolado. O Grupo de Ação Interdepartamental sobre os Países em Crise, responsável pelo relatório sobre Portugal, também está a produzir relatórios sobre a situação da Grécia, da Espanha e da Irlanda. A decisão da OIT de elaborar relatórios relativos a países sujeitos a programas de "assistência financeira" foi tomada pelo conjunto dos 51 países da Europa e Ásia Central que participaram, em abril passado, na Cimeira de Oslo.
 
A OIT, desde 2009 - quando os governantes ainda diziam que os responsáveis pela crise teriam de ser castigados e que a especulação e o roubo institucionalizado tinham de acabar -, vem desenvolvendo importantes iniciativas (como foi o Pacto Global para o Emprego, em 2009), estudos e orientações que, se tivessem sido seguidos, poderiam ter evitado o desemprego, o empobrecimento e o sofrimento dos portugueses e de centenas de milhões de cidadãos em todo o mundo.
 
É ridícula a sobranceria com que governantes e comentadores de serviço encaram as recomendações, as propostas e a disponibilidade de ação apresentadas pela OIT. Com quase um século de atividade, a OIT, por variadas razões, é talvez a organização internacional que mais prestígio e confiança granjeia à escala global.
 
O que nos diz o relatório sobre Portugal? Que a nossa situação socioeconómica é crítica, em reflexo das condições macroeconómicas "excecionalmente apertadas" (a austeridade), e que "é necessária uma nova estratégia", exequível "através da mudança para uma abordagem mais centrada no emprego".
 
A OIT vem dizer que não é sustentável o atual desemprego e que devemos combatê-lo; que o desemprego de longa duração, a destruição de atividades e a situação criada aos jovens comprometem o nosso futuro coletivo; que é irracional o país ter mais de 1/5 da sua população com vontade de emigrar; e que a "reestruturação do setor público" da chamada reforma do Estado contribui diretamente para o desemprego.
 
A OIT denuncia a injustiça das políticas fiscais e de juros da União Europeia, que matam as pequenas e médias empresas e enriquecem os acionistas dos grandes bancos. Incentiva-nos a combater a brutal precariedade do trabalho, a aumentar o salário mínimo nacional e a proteção social, a desenvolver a contratação coletiva e o diálogo social sério. Propõe investimento na criação de emprego, em particular para os jovens. E disponibiliza-se a trabalhar em Portugal, com respeito pelas nossas instituições, para ajudar à resolução dos problemas.
 
Se o objetivo das políticas não for o de bater recordes de criação de milionários, se corrermos com a troika e os resgates que ela nos receita, se soubermos interpretar o significado de o relatório ser apoiado pelas centrais sindicais e pelas confederações patronais, se despedirmos este Governo e criarmos uma alternativa credível, se soubermos utilizar esta ajuda da OIT e outras que se podem encontrar, ainda podemos ter futuro.
 
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COMUNISMO, O MAL DO MUNDO

 

Tiago Mota Saraiva
 
Numa sociedade comunista os salários são mais baixos. Os impostos estão continuamente a aumentar, retirando aos trabalhadores o pouco rendimento que lhes sobra para alimentar um Estado gordo, gigante em despesas. Ao mesmo tempo, o Estado impõe normas e regras morais restritivas entrando na vida privada de cada um. No comunismo é muito provável que não se possa fumar no automóvel ou ter mais de dois cães ou quatro gatos num apartamento.
 
No Estado comunista o cidadão perde a sua individualidade. Vive e trabalha para alimentar o Estado. As famílias que não conseguem sobreviver com os seus rendimentos têm de entregar os seus filhos ao Estado. Quem não se consegue alimentar fica dependente das instituições que fornecem comida, fervorosas defensoras do sistema e que zelam pelo bom comportamento dentro da sociedade na condição de lhe ser cortado todo e qualquer subvenção de subsistência. Os mais velhos, quando incapazes de produzir e não pertencendo à oligarquia, são considerados excedentários da sociedade e colocados em locais dos quais não voltam a sair com vida.
 
No comunismo o trabalhador que tenta fazer algumas poupanças, guardando-as no banco ou em casa, está sempre sujeito a que o Estado tome a iniciativa de as resgatar para cobrir as suas decisões ou de ser considerado rico, e portanto inelegível para qualquer apoio - as oligarquias que defendem o sistema beneficiam de um estatuto especial.
 
Na verdade, parece que o capitalismo se entusiasmou com o que papagueava do comunismo e resolveu concretizá-lo. Agora que algumas organizações de esquerda em que participam comunistas se começam a constituir como uma séria alternativa eleitoral ao sistema em que vivemos, importa inventar mentiras novas.
 
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Portugal: MISERÁVEIS, MAS LIBERAIS-FASCISTAS – TSF

 


Balneário Público - ontem
 
Dizem-se democráticos mas consciente ou inconscientemente advogam o liberal-fascismo de Belém e de São Bento, do Largo do Caldas (CDS) e da Lapa (PSD). A razão desta avaliação tem que ver com o Forúm TSF de hoje. O tema é a greve da função pública (que está a ter adesão muito significativa). É raro ter tempo disponível para escutar este fórum mas hoje ouvi aqui e ali as opiniões dos intervenientes em antena aberta. Conclui que temos em Portugal muitos portuguesinhos liberais-fascistas e até parece que estão mais pelo norte de Portugal. O costume. No norte e centro do país as saudades de Salazar perduram. Proposta da TSF para este fórum que está a terminar e vem desde as 10:20 da manhã (agora é quase meio-dia): “No Fórum TSF vamos olhar a greve geral da Função Pública e pedimos o seu contributo para nos ajudar a traçar um retrato mais completo da situação. O seu dia-a-dia foi afectado pela greve nas escolas, hospitais, finanças ou noutros serviços públicos? Se trabalha para o Estado, que decisão tomou hoje: fez greve ou decidiu ir trabalhar?” O que ouvi das intervenções foi deplorável. Gente que ainda não entendeu que os que trabalham só partem para a decisão de fazer greve por não vislumbrarem outra saída para a resolução dos seus problemas laborais. Neste caso porque o governo não é dialogante mas sim liberal-fascista e declarou a caça aos que trabalham sob a tutela da administração pública. O liberal-fascismo caracterizam-se pelo quero, posso e mando. Quando assim acontece não existe diálogo mas sim uma palhaçada de fingimento de diálogo mas procurando impôr o que já decidiram e o que ditam. Dizem dialogar (os do governo) mas não cedem e se aparentam ceder fazem como aquele alfaite que queria vender o casaco por 200 euros e as calças por 100 (300 euros no total). Confrontado com o pedido de desconto respondeu que sim, que faria desconto: o casaco por 250 euros e as calças por 50 euros. Subia no casaco e baixa nas calças. O cliente perguntou ao alfaite se lhe queria ir ao cu. É o que este governo tem feito. Engana-nos, mente, enrraba-nos. São uma súcia de depravados e traidores. Mas no fórum da TSF, razão deste texto, o que se escutou foram alguns portugueses (mais do norte de Portugal) dando a entender que os trabalhadores, os sindicatos não têm razão e que devem fazer todas as cedências ao patrão governo. Os trabalhadores que trabalhem, que passem fome, que sejam carneiros do rebanho “sim-senhores-ministros”. Felizmente que a maioria dos intervenientes foram favoráveis ao direito e justiça da greve (pela minha percepção do que ouvi). Mas, mesmo assim, podemos concluir que em Portugal existem muitos depenados que não têm onde cair mortos mas que nem por isso deixam de ser saudosistas da ditadura salazarismo nem fiéis aduladores de liberais-fascistas como Cavaco Silva e os do governo. Os que por sua vez servem interesses avessos a Portugal e aos portugueses, interesses que visam o regresso ao antigamente salazarista ou ainda pior. Por curiosidade cito o inquérito TSF em que pergunta se “O seu dia está a ser afetado pela greve nas escolas, hospitais, finanças ou noutros serviços públicos?”. Resultado: 17% SIM – 83% NÃO. O que poderá significar que vasta maioria de portugueses compreendem a necessidade de luta de uma greve e que por isso não recorre aos serviços em greve neste dia e nestas circunstancias. Temos ainda muitos liberais-fascistaas entre os esfarrapados portugueses que são tão estúpidos que nem compreendem que estão a apoiar aqueles que se governam dizendo que nos governam. Gentes que têm por fito empobrecer Portugal e dispô-lo ao serviço da exploração desmesurada do liberal-fascismo que se acoita nos interesses dos agiotas, dos banqueiros, do grande capital, dos mercados. Consolação: a maioria dos portugueses ainda não foi reciclada da democracia e do patriotismo para o liberal-fascismo que foi demonstrado naquele fórum da TSF.
 
Otávio Arneiro
 
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Portugal: GREVES

 

Triunfo da Razão - ontem
 
Esta semana foi marcada por greves: primeiro do sector dos transportes e hoje há greve da Função Pública.
 
O descontentamento relativamente ao Orçamento de Estado para 2014 alastra e muitos trabalhadores da Função Pública recorrem a um instrumento de protesto: a greve.

Existe, contudo, uma outra espécie de descontentamento, relativamente às greves. O prejuízo para quem necessita de utilizar os transportes públicos e serviços do Estado (hoje) não deve ser descurado. Infelizmente, é descurado pelos responsáveis pelas medidas que subjazem às greves.

A revolta que se instala contra quem faz greve esmorece no que toca às políticas do Governo, protegido pelo Presidente da República e pela ditadura da inevitabilidade.

É inquestionável que as greves causam transtornos e prejuízos. No entanto, não nos devemos esquecer que quem está a provocar uma verdadeira tragédia social não são os trabalhadores, muito pelo contrário - a luta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho, por salários dignos, e pelo respeito por direitos que hoje estão a ser destruídos é uma luta que tem implicações na vida de todos nós: daqueles que trabalham e que vêem os seus direitos serem postos em causa, nada ganharão com o nivelamento por baixo, muito pelo contrário; e de todos os cidadãos que necessitam de serviços públicos de qualidade que são uma impossibilidade a partir do momento em que se desinveste nesses serviços públicos, despedindo, destruindo direitos, abrindo as portas àqueles que apenas se importam com o lucro.

O nosso silêncio representa uma carta branca para um inquestionável retrocesso social.

Ana Alexandra Gonçalves
 
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VICE-PRESIDENTE DE ANGOLA NÃO QUER SER VISTO COMO BRANQUEADOR DE CAPITAL

 


Sílvio Van Dúnen – Folha 8, 2 Novembro 2013
 
O filme, pese a muscu­latura e bafo do pre­sidente Eduardo dos Santos ao governo português, está longe do “The End” (do fim). Como Cavaco Silva não manda no Executivo e este no poder judicial, o Ministério Público luso, vai continuar, enquanto “es­cravo do direito”, a sua peregrina­ção contra actos ilícitos praticados no interior das suas fronteiras, por qualquer cidadão, não importando a sua proveniência, origem social ou capacidade económica.
 
E no caso em concreto, a diferença entre os dois países; Angola/Portu­gal, reside no facto de, enquanto em Lisboa existe uma democracia e sis­tema de governo, com separação de poderes, em Angola, reconheçamos, não vigorando um regime de parti­do único, não deixa de ser visível, vi­gorar o regime de um único partido, com um presidente com superpode­res. Daí muitos dirigentes angolanos continuarem com a justiça portu­guesa nos calcanhares, por alegados actos ilícitos. Nos últimos dias saiu da lista negra, o Procurador-Geral da República de Angola, João Maria Moreira de Sousa, antes indiciado na prática de um crime de transfe­rência ilegal de fundos. Constatou a investigação, ser normal em Angola, o Procurador-Geral da República, durante o seu mandato, continuar ligado a entidades comerciais e em­presariais, como sócio, razão pela qual, uma das suas sociedades, para fugir ao fisco, transferiu-lhe, a partir de uma conta bancária, alojada num paraíso fiscal, o montante de Euros: 70.000,00 (setenta mil euros), para a sua conta num banco português.
 
Inspirado nessa decisão, o actual vice - presidente da República de Angola, Manuel Domingos Vicente, por intermédio do seu advogado, Paulo Amaral Blanco, enviou um requerimento ao Ministério Públi­co português, solicitando, uma vez mais, a retirada do seu nome da lista dos malfeitores económicos.
 
Recorde-se correr em Lisboa, há cerca de dois anos, um processo investigativo, após denúncia feita pelo historiador e ex - embaixador de Angola, Adriano Parreira, sobre a prática de eventuais crimes de frau­de fiscal e branqueamento de capi­tais.
 
Existem algumas expectativas so­bre uma eventual retirada da lista, depois de anteriormente, ter havido três rejeições, sendo o último inde­ferimento dado pelo procurador en­carregado do caso, na altura, Paulo Gonçalves, sob alegação de o argui­do: “esperar momento oportuno”. Isto, pese o advogado de Manuel Vicente ter evocado o facto do seu cliente ter prestado bastantes es­clarecimentos, sobre a actividade empresarial e a proveniência dos fundos, apelando dessa forma pelo arquivamento processual, por ale­gada fragilidade das provas. Agora resta esperar pela decisão do pro­curador português, para se tirar da lama, o bom nome e honorabilida­de de um homem, alojado na vice-presidência de Angola e que tem na tenebrosa lista, dentre outros; o ge­neral Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, ministro de Estado e chefe da Casa Militar da Presidência da República, o general Leopoldino Nascimen­to “Dino”, consultor do ministro de Estado e ex-chefe de Comunicações da Presidência da República.
 
Notícias de última hora, chegadas a redacção do F8, dão conta do in­deferimento do pedido, por parte do procurador do caso, Paulo Gon­çalves, alegando não estarem ainda concluídas as conexões financeiras, num processo sem prazo, onde ain­da ninguém foi constituído arguido, pelo que gozam da presunção de inocência.
 

Cabinda: MARCHA EM ALUSÃO AO 38º ANIVERSÁRIO DE INDEPENDEÊNCIA NACIONAL

 


Cabinda - Uma marcha pedestre vai decorrer na Avenida Agostinho Neto, centro da cidade de Cabinda, o que vai marcar o ponto mais alto das comemorações do trigésimo oitavo aniversário da independência nacional, a nível da província de Cabinda.
 
De acordo com Pio Voador, coordenador pela organização da marcha, disse que o evento contará com a participação de 20 blocos, onde trabalhadores dos diferentes extratos da sociedade, partidos políticos, associações cívicas e filantrópicas e população no geral vão participar utilizando apenas camisolas de cor branca, simbolizando a paz efetiva e a unidade nacional.
 
Segundo indicou, a marcha, que não deverá contar com identificação de partidos políticos, versará igualmente no apoio ao Presidente José Eduardo dos Santos e do fundador da nação, António Agostinho Neto.
 
A marcha culminará na sede do governo da província de Cabinda, depois de percorrer aproximadamente um quilómetro meio.
 
Ainda no âmbito dos festejos do dia da independência nacional, várias actividades sócioculturais e desportivas estão programadas, com destaque para as inaugurações de dois novos mercados rurais na comuna de Luali e na localidade de Nganda Cango (Belize) bem como dos postos de saúde e residências para os enfermeiros nas povoações de Mongo Conde e Kicumba Conde.
 
A inauguração da estrada que liga a sede municipal de Belize e a comuna agrícola e fronteiriça de Luali com a Republica do Congo Brazzavile será outro marco histórico que vai proporcionar e garantir a livre circulação de pessoas e bens.
 
No município de Cacongo, cerca de 46 quilómetros a norte de Cabinda, o destaque vai para a inauguração de mais uma bomba de combustível na localidade de Muba, um empreendimento de iniciativa privada no âmbito do empreendedorismo, colocando assim três estações de abastecimento de derivados do petróleo em funcionamento no municipio.
 
Na sede de Cabinda, maratonas músico culturais, palestras nas unidades militares e comandos policiais sobre a importância do 11 de Novembro e seus ganhos são igualmente actividades que estão a ser cumpridas para além da realização de partidas de futebol e corrida de motocross.
 
 

Angola: PRESIDENTE DA REPÚBLICA REALIZA VISITA PRIVADA A BARCELONA

 


Luanda - O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, deslocou - se hoje, sábado, em visita privada a cidade de Barcelona, Reino de Espanha, soube-se de fonte oficial.
 
Na Base Aérea de Luanda, estiveram a apresentar cumprimentos de despedida ao Chefe de Estado Angolano, o Vice-presidente da República, Manuel Domingos Vicente, o presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos e o Presidente do Tribunal Constitucional, Rui Ferreira.

Estiveram ainda a despedir - se do Presidente José Eduardo do Santos que se faz acompanhar de sua esposa, Ana Paula dos Santos, o ministro de Estado e Chefe da Casa Civil, Edeltrudes Costa e o ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Hélder Vieira Dias,

Despediram igualmente o Presidente , o Governador de Luanda, Bento Bento, os ministros da Defesa Nacional, Cândido Van –Dúnem , do Interior , Ângelo Veigas Tavares, das Relações Exteriores, Georges Chikoti, os secretários do Presidente da Republica, o Chefe do Estado Maior General das FAA , general de Exército, Geraldo Sachipengo Nunda e a embaixadora do Reino de Espanha em Angola, Júlia Alicia Olmo.

Angop – foto Francisco Miúdo
 

RESPOSTA AFRICANA ÀS CRISES – Jornal de Angola

 

Jornal de Angola, editorial
 
Numa altura em que África regista crescimento económico acima da média mundial, importa que os factores que potenciam este desenvolvimento sejam sustentados e preservados.
 
As crises políticas e militares surgem, muitas vezes, de forma inesperada, facto que acresce aos desafios dos Estados africanos na hora de reagir em função deste ou daquele acontecimento. Ganha corpo a ideia de criação de mecanismos que respondam, com prontidão e eficácia, aos problemas que resultam de crises pós-eleitorais, conflitos militares, mudanças inconstitucionais de Governos e uso da força para resolver disputas eleitorais. Os Estados africanos pretendem reverter todo um passado recente de indiferença e distanciamento para com os problemas que, afectando um país, tinha potencial para afectar toda uma região. A conjugação de esforços por parte de vários Estados começa a ser uma realidade inegável em toda a África.

Os anos de guerra tendem, hoje, a dar lugar a uma era de crescimento das economias, de consolidação das instituições, do fortalecimento do processo democrático, de promoção das políticas de integração regional e continental. É preciso assegurar a paz, a estabilidade dos Estados e das famílias. Sem paz e estabilidade nada mais é possível, razão pela qual urge a criação de mecanismos militares e de segurança para tornar rápida e eficaz as respostas às crises. Sabemos que África vive ainda, em muitas regiões, focos de instabilidade, que requerem da organização continental e dos blocos regionais medidas activas e imediatas para conter situações que podem resvalar e envolver vários Estados.

A recente experiência ocorrida na República Democrática do Congo, em que a combinação da acção militar, envolvendo aquele país, os seus parceiros, e a diplomacia internacional, serve como um exemplo de sucesso. Tratou-se de um sinal inequívoco de que o problema da paz e instabilidade pode ser resolvido quando vários países se juntam para enfrentar inimigos comuns. O papel que teve a Brigada de Intervenção Rápida, uma força criada e aprovada pela ONU e que na RDC tinha também um papel combativo, constitui um paradigma a adoptar no que a respostas rápidas às crises no continente dizem respeito.

A concertação diplomática no âmbito da União Africana, da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos e da SADC contribuíram para que os países acusados de fomentar a rebelião reconsiderassem o papel que sempre tiveram. As crises políticas e militares por que passam algumas partes de África são passíveis de ser superadas à medida que se torna vital a criação de um mecanismo de intervenção rápida para acudir aos problemas de instabilidade política e militar.

Todas as tentativas para a criação de uma força conjunta interestadual para responder aos desafios de instabilidade política e militar por que passavam vários Estados ou regiões no continente esbarraram sempre na falta de consensos quanto à agenda e financiamento. Mas os últimos desenvolvimentos no continente, o papel crescente e decisivo que os blocos regionais têm tido, a experiência recente do sucesso militar da RDC sobre os rebeldes tornaram inadiável a discussão e preparação de esforços neste sentido.

A recente cimeira de Chefes de Estado e de Governo que teve lugar na África do Sul, serviu não apenas para definir os caminhos que devem levar a RDC à paz e estabilidade, mas igualmente para estruturar uma força de intervenção rápida.

Na cimeira em que Angola esteve presente através do ministro das Relações Exteriores, em representação do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, ficaram assentes importantes princípios que estabelecem as bases para uma verdadeira força de intervenção em África.

Como disse o ministro Georges Chikoti, “esses princípios vão guiar os Estados nos esforços de criação de uma força de intervenção rápida, baseada no voluntarismo e na capacidade dos meios de que cada um dispõe para intervir, caso haja um golpe de estado ou mudanças bruscas em certos países de África”. De facto, são numerosos os casos de instabilidade política e militar que carecem de uma resposta que passe a desencorajar todos os sectores que sonham com a desestabilização do continente, das suas regiões ou dos seus Estados individualmente.

Os desafios estão, agora, sobre os ombros dos Estados africanos que devem fazer prova do seu voluntarismo na logística, na garantia de homens e meios para que a constituição de força de intervenção rápida se efective. Trata-se de uma resposta antecipada ao surgimento de crises num continente em que os desafios que envolvem a manutenção da paz a estabilidade são permanentes e monumentais.

Os Estados membros da União Africana vão saber traduzir em actos palpáveis a futura força rápida de intervenção para acudir a situações por que passam ainda muitas regiões do continente.
 
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Novo ataque na principal estrada no centro de Mocambique faz três feridos

 


Um novo ataque de homens armados contra uma escolta militar de viaturas na principal estrada de Moçambique, no centro do país, na sexta-feira, fez três feridos, disseram este sábado à Lusa várias fontes.
 
O ataque visou um autocarro de passageiros, que ficou imobilizado, tendo já sido levado para o posto policial de Muxúnguè, a região mais atingida pela tensão político-militar na região centro de Moçambique.
 
"Foi na primeira coluna da sexta-feira, quando os homens da Renamo atacaram um machimbombo (autocarro de passageiros). Furaram todos os pneus de trás e duas senhoras foram atingidas. Outro senhor também foi ferido durante a agitação quando a coluna parou", explicou à Lusa ao telefone, Helena Baptista, que se encontrava no local.
 
Em declarações à Lusa, Pedro Vidamão, diretor do hospital rural de Muxúnguè, assegurou que as vítimas do ataque foram conduzidas para o hospital de Vilankulos (Inhambane, sul), e garantiu "prontidão contínua" da unidade de saúde local.
 
O troço Save-Muxúnguè tem sido alvo de constantes ataques de viaturas, que provocaram esta semana a morte de um militar e ferimento em cerca de nove civis, entre ligeiros e graves.
 
AYAC // VM – Lusa - foto António Silva
 

DETIDO LÍDER DE RAPTORES MOÇAMBICANOS

 


A polícia moçambicana deteve, esta sexta-feira, um homem de 44 anos que identifica como o líder de um grupo de sequestradores.
 
O suspeito é acusado de liderar uma quadrilha que, para além de assaltos com recurso a armas de fogo a fábricas e estabelecimentos comerciais em Maputo e Matola, tentou raptar, em Agosto, um adolescente de 16 anos de idade, filho de um empresário da vila de Namaacha, na província de Maputo, escreve o jornal moçambicano "@verdade".
 
Do grupo de suposto sequestradores, faz parte uma mulher de 27 anos, que já tinho sido entretanto presa, e outro elemento que morreu numa troca de tiros com a polícia quando tentava assaltar uma fábrica nos arredores de Maputo.
 
Jornal de Notícias
 

LIBERTADOS OS DOIS PORTUGUESES QUE ESTAVAM SEQUESTRADOS EM MOÇAMBIQUE

 

Fátima Mariano* - Jornal de Notícias
 
Os dois portugueses que ainda estavam sequestrados em Moçambique foram libertados este sábado, disse o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário.
 
O homem havia sido sequestrado há duas semanas e a mulher, uma gestora financeira de 40 anos, na passada terça-feira.
 
O cônsul de Portugal em Maputo, Gonçalo Teles Gomes, disse, à agência Lusa, que os dois portugueses foram libertados durante a noite pelos raptores e que "estão bem".
 
Segundo o cônsul, os dois portugueses estão a receber apoio psicológico e não querem ser identificados nem que sejam divulgados os nomes das empresas onde trabalham.
 
Na quinta-feira, já tinha sido libertado um jovem luso-moçambicano de 17 anos, filho de um empresário do ramo da restauração. Segundo o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, o rapaz não foi molestado e encontra-se bem.
 
José Cesário disse ainda, ao JN, ter "esperança" de que haja "ações concretas" por parte das autoridades moçambicanas para ultrapassar o clima de instabilidade em que o país está mergulhado.
 
Embora ainda não tenha sido feito um pedido formal de ajuda, continuam as reuniões entre as autoridades dos dois países para estudar a melhor forma de combater a onda de raptos.
 
O eurodeputado português Nuno Melo (CDS-PP) questionou ontem a Comissão e o Conselho europeus e a Alta Representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança sobre "a intervenção até ao momento exercida junto ao Estado moçambicano, bem como dos representantes políticos da Renamo e da Frelimo, com vista à localização e libertação dos cidadãos portugueses e ao retorno à paz e à normalidade democrática".
 
Ontem, dia de greve da função pública, o Sindicato dos Trabalhadores Consulares e das Missões Diplomáticas disse à Lusa que o consulado português em Maputo esteva fechado e que a embaixada funcionou "a 50%".
 
Contactado pelo JN, fonte do MNE não quis comentar os números do sindicato, mas garantiu que o consulado português em Maputo "esteve de portas abertas".
 
Quanto à saída portugueses de Moçambique na sequência dos raptos, vários cidadãos lusos contactados pelo JN negam que haja uma debandada. Dizem apenas que algumas pessoas possam ter antecipado as férias de Natal.
 
* com Agência Lusa
 
Cronologia dos raptos em Moçambique
 
Cronologia dos sequestros em Moçambique desde junho de 2011.
 
26 de junho: Rapto de um dos donos dos Armazéns Atlântico. Escapou do cativeiro antes de ser pago o resgate, de cerca de um milhão de dólares.
 
1 de dezembro: Raptado um dos proprietários da ferragem Somofer, quando fazia exercício físico no Circuito de Manutenção António Repinga, em Maputo.
 
5 de dezembro: Primeiro caso de rapto de uma mulher, que pagou um resgate de cerca de 800 mil euros.
 
2012
 
28 de janeiro: Segundo rapto de uma mulher.
 
11 de fevereiro: Tentativa de rapto do dono da Auto Hilux.
 
26 de fevereiro: Rapto de um cidadão português, na praia do Bilene, a 150 quilómetros de Maputo (caso não registado pelas autoridades consulares)
 
30 de abril: Tentativa de rapto de duas mulheres.
 
19 de maio: Raptado o proprietário da Incopal e dos Armazéns Machava, na Matola.
 
27 de junho: Raptado um empresário, que esteve em cativeiro cerca de um mês.
 
10 de agosto: Tentativa de rapto do proprietário do Tiger Centre, por elementos vestidos com uniforme da Polícia.
 
23 de agosto: Raptada rapariga com 17 anos, por um resgate de cinco milhões de dólares americanos. Ao fim de cinco dias, ela foi libertada sem pagamento de resgate.
 
20 de dezembro: Homem raptado e libertado contra o pagamento de cerca de 100 mil euros.
 
2013
 
16 de julho: Empresário português raptado no interior da sua empresa, no porto de Maputo.
 
24 de setembro: Filho de um quadro dos petróleos raptado a caminho da escola.
 
8 de outubro: Raptadas duas crianças, uma, na Matola, e outra, em Maputo.
 
22 de outubro: Dois raptos: uma mulher, à porta da Escola Portuguesa, em Maputo, e um homem, numa avenida no centro da cidade.
 
23 de outubro: Rapaz português raptado no bairro da Coop, centro de Maputo.
 
24 de outubro: Raptadas duas mulheres em Maputo.
 
Outubro/novembro: Raptado homem português em Maputo. (A data precisa não é conhecida)
 
5 de novembro: Uma portuguesa raptada na Matola no interior da empresa onde trabalha; uma moçambicana raptada nos arredores, no interior da sua residência; uma criança de três anos raptada em Maputo.
 
7 de novembro: Libertado adolescente português raptado a 23 de outubro; libertada a criança de três anos raptada a 05/11/2013.
 
9 de novembro: Libertados os dois portugueses que ainda estavam sequestrados.
 
Jornal de Notícias
 

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