segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

BENTO XVI: CRISE E EXAUSTÃO CONSERVADORA




Saul Leblon – CartaMaior, em Blog das Frases

Dinheiro, poder e sabotagens. Corrupção, espionagem, escândalos sexuais.

A presença ostensiva desses ingredientes de filme B no noticiário do Vaticano ganhou notável regularidade nos últimos tempos.

A frequência e a intensidade anunciavam algo nem sempre inteligível ao mundo exterior: o acirramento da disputa sucessória de Bento XVI nos bastidores da Santa Sé.

Desta vez, mais que nunca, a fumaça que anunciará o 'habemus papam' refletirá o desfecho de uma fritura política de vida ou morte entre grupos radicais de direita na alta burocracia católica. 

Mais que as razões de saúde, existiriam razões de Estado que teriam levado Bento XVI a anunciar a renúncia de seu papado, nesta 2ª feira.

A verdade é que a direita formada pelos grupos 'Opus Dei' (de forte presença em fileiras do tucanato paulista), 'Legionários' e 'Comunhão e Libertação' (este último ligado ao berlusconismo) já havia precipitado fim do seu papado nos bastidores do Vaticano.

Sua desistência oficializa a entrega de um comando de que já não dispunha. 

Devorado pelos grupos que inicialmente tentou vocalizar e controlar, Bento XVI jogou a toalha.

O gesto evidencia a exaustão histórica de uma burocracia planetária, incapaz de escrutinar democraticamente suas divergências. E cada vez mais afunilada pela disputa de poder entre cepas direitistas, cuja real distinção resume-se ao calibre das armas disponíveis na guerra de posições.

Ironicamente, Ratzinger foi a expressão brilhante e implacável dessa engrenagem comprometida.

Quadro ecumênico da teologia, seguidor das elaborações reformistas de pensadores como Hans Küng (leia seu perfil elaborado por José Luís Fiori, nesta pág.), Joseph Ratzinger escolheu o corrimão da direita para galgar os degraus do poder interno no Vaticano. 

Estabeleceu-se entre o intelectual promissor e a beligerância conservadora uma endogamia de propósito específico: exterminar as ideias marxistas dentro do catolicismo.

Em meados dos anos 70/80 ele consolidaria essa comunhão emprestando seu vigor intelectual para se transformar em uma espécie de Joseph McCarty da fé.

Foi assim que exerceu o comando da temível Congregação para a Doutrina da Fé.

À frente desse sucedâneo da Santa Inquisição, Ratzinger foi diretamente responsável pelo desmonte da Teologia da Libertação.

O teólogo brasileiro Leonardo Boff, um dos intelectuais mais prestigiados desse grupo, dentro e fora da igreja, esteve entre as suas presas.

Advertido, punido e desautorizado, seus textos foram interditados e proscritos. Por ordem direta do futuro papa. 

Antes de assumir o cargo supremo da hierarquia, Ratzinger, a bem dizer, 'entregou o serviço' cobrado pelo conservadorismo. 

Tornou-se mais uma peça da gigantesca alavanca movida por massas de forças brutais que decretariam a supremacia dos livres mercados nos anos 80; a derrota do Estado do Bem Estar Social; o fim do comunismo e a ascensão dos governos neoliberais em todo o planeta.

Não bastava conquistar Estados, capturar bancos centrais, agências reguladoras e mercados financeiros. 

Era necessário colonizar corações e mentes para a nova era.

Sob a inspiração de Ratzinger, seu antecessor, João Paulo II, liquidou a rede de dioceses progressistas no Brasil, por exemplo. 

As pastorais católicas de forte presença no movimento de massas foram emasculadas em sua agenda 'profana'. A capilaridade das comunidades eclesiais de base da esquerda da igreja foi tangida de volta ao catecismo convencional.

Ratzinger recebeu o Anel do Pescador em 2005, no apogeu do ciclo histórico que ajudou a implantar.

Durou pouco.

Três anos depois, em setembro de 2008, o fastígio das finanças e do conservadorismo sofreria um abalo do qual não mais se recuperou.

Avulta desde então a imensa máquina de desumanidade da máquina que o Vaticano de ajudou a lubrificar neste ciclo (como já havia feito em outros também).

Fome, exclusão social, desolação juvenil, barbárie econômica não são mais ecos de um mundo distante. Formam a realidade cotidiana no quintal do Vaticano, em uma Europa conflagrada e para a qual a Igreja Católica não tem mais nada a dizer.

Sua tentativa de dar uma dimensão terrena ao credo conservador perdeu aderência em todos os sentidos com o agigantamento da crise social. 

O intelectual da ortodoxia termina seu ciclo deixando como legado um catolicismo apequenado; um imenso poder autodestrutivo embutido no canibalismo das falanges adversárias dentro da direita católica. E uma legião de almas penadas a migrar de um catolicismo etéreo para outras profissões de fé não menos conservadoras, mas legitimadas em seu pragmatismo pela eutanásia da espiritualidade social irradiada do Vaticano.

Brasil: O APAGÃO MORAL DA GRANDE IMPRENSA




Rodolpho Motta Lima* - Direto da Redação

Já mencionei aqui uma frase que acompanhava os brasileiros na década de 60, proferida por Juracy Magalhães, político baiano, ao assumir o posto de embaixador junto aos Estados Unidos: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. Ela foi dita poucos meses antes do golpe militar que instaurou a ditadura entre nós - fruto de um acerto entre gorilas de plantão e os homens da CIA - e quase vinte anos depois de um outro baiano, o então senador Otávio Mangabeira, quando da vinda ao Brasil do general americano Eisenhower, ter-se ajoelhado contrito, beijando, como bom colonizado, as mãos daquele que seria depois Presidente da República nos EUA.

Essa postura de submissão , um desejo não revelado de, quem sabe, trocar todas as estrelas de nossa bandeira por uma única estrela na bandeira estadunidense, revela-se com frequência quase doentia na exaltação permanente que nossas elites fazem das virtudes dos americanos, passando, não raro, por cima de cenários nada meritórios, como, por exemplo, os que cercam a violência interna e externa típica de muitos setores daquele país, ou os que povoam a ganância especulativa de seus meios financeiros, gerando catástrofes globalizadas que nem mesmo as esperanças depositadas em Obama estão conseguindo fazer retroceder.

Nada a discutir contra o destino que os norte-americanos pretendem para o seu próprio país, nada mesmo a comentar sobre a alienação que comanda as mentes e corações do cidadão comum da América. Falo do cidadão comum porque, é claro, há muita vida inteligente naquele país, há os que ocupam praças em protesto, os que questionam preconceitos e discriminações históricas, há uma produção artística de confronto aos falsos valores moralistas e ideológicos que pululam por lá. Mas tudo a argumentar contra esse posicionamento vira-lata de brasileiros que atribuem a eles e a seu sistema todas as virtudes , sempre contrapostas ao nossos “defeitos crônicos”, impossíveis de superar, e sempre com críticas aos que ousam dizer, aqui e ali, que “o rei está nu”.

Mas isso tudo vem a propósito de um fato recente que a grande mídia praticamente omitiu, mas que as redes sociais não deixaram passar em branco... Ou melhor, não deixaram passar no escuro. Falo do apagão que acorreu por ocasião do Super Bowl que encerrou o campeonato de futebol americano da NFL, nos Estados Unidos. O Super Bowl é o maior dos eventos produzidos nos EUA, tido e havido como inigualável como show, organização, competência, que, na visão de alguns, só os americanos possuem, ou, no mínimo, possuem mais do que os outros. Pois bem: um apagão de mais de 30 minutos interrompeu o espetáculo, diante da incredulidade dos milhares de pessoas presentes no estádio e dos incontáveis milhões de espectadores na tevê. E como a mídia manipuladora que domina os nossos meios de informação tratou desse assunto? Longe da virulência com que cuida de episódios desse mesmo tipo no âmbito doméstico, com duas ou três linhas desfocadas, e nada mais....
No Globoesporte.com, aparece um minicomunicado sobre o jogo com a manchete: “Eleito o MVP do Super Bowl, Joe Flacco é presenteado com carrão”. No desenvolvimento dessa “notícia”, o resultado do jogo, e nada mais. Nenhuma menção ao apagão. No Jornal Nacional do dia seguinte, em matéria de cerca de dois minutos de louvação à grandiosidade do evento, uma única frase sobre o desligar das luzes para afirmar que , apesar do ocorrido, o “brilho da festa” não fora atingido. Isso em alguns segundos apenas, bem menos que o tempo dispensado na mesma matéria ao consumo de antiácidos , em consequência do jogo... No Globo, o colunista Anselmo Gois, diante do episódio, pede calma ao pessoal, reconhecendo, agora, que os miniapagões, mesmo os nossos, não merecem realce. E Patrícia Kogut, embora com menção ligeiramente crítica ao ocorrido, não deixa de afirmar, porém, que analistas disseram que “isso deve até aumentar a audiência , já que incendiou as redes sociais atraindo curiosos”.

Esse tipo de jornalismo é mesmo assim: quando interessa faz uma limonada deliciosa do mesmo limão que considera estragado em outras circunstâncias... Não que o fato em si tenha significado importante – não tem nenhum, exatamente como os que às vezes acontecem aqui -, mas é interessante verificar o valor simbólico dessa postura alienada, quando comparamos o estardalhaço que os abutres da comunicação costumam fazer diante de situações similares em nosso país, chegando ao cúmulo, por baixa motivação política, de comparar esses fatos ao verdadeiro “apagão” que tomou de assalto os lares brasileiros no governo FHC. Isso para não falar das insinuações sobre como será possível ousarmos sediar aqui eventos esportivos planetários que tendem a “envergonhar o país diante do mundo”. Sou contra a Copa do Mundo no Brasil, mas nunca por essas razões pessimistas ou derrotistas, e sim pelo que propicia de aproveitamento por parte daqueles que sempre se colocam dispostos a negócios escusos.

Felizmente, uma parcela ponderável de brasileiros anda buscando a informação (e a formação) em outros meios que não o da grande imprensa. E percebendo que a felicidade do nosso povo não passa pela Avenida das Américas, com seu “Down Town”, seu “New York Center” (e sua estátua da liberdade), seu comércio e seus condomínios repletos de palavras da língua inglesa. Passa, sim, pela construção de um país capaz de encontrar seu próprio destino, livre de pressões e de alienações.

*Advogado formado pela UFRJ-RJ (antiga Universidade de Brasil) e professor de Língua Portuguesa do Rio de Janeiro, formado pela UERJ , com atividade em diversas instituições do Rio de Janeiro. Com militância política nos anos da ditadura, particularmente no movimento estudantil. Funcionário aposentado do Banco do Brasil.

Angola: JOVENS AMEAÇAM MANIFESTAÇÕES EM LUANDA




Manuel José – Voz da América

Autoridades continuam a não esclarecer desparecimetno de dois activistas

Sem que haja qualquer resposta das autoridades sobre o desaparecimento de dois activistas, jovens prometem sair ás ruas  de Luanda em novas manifestações.

Com efeito passa já quase um ano desde o desaparecimento dos quando participavam na organização de uma manifestação.

Trata se de Alves Kamulingue e Isaías Kassule que desapareceram em Maio do ano passado, aparentemente raptados.

Agora os jovens que no passado organizaram manifestações anti governamentais querem que o governo de uma resposta ao caso.

O maior partido da oposição, UNITA, promete levantar a questão no parlamento.

O Movimento de Jovens Revolucionários apresentou ao executivo uma carta com um ultimato, para que se esclareça o caso Kamulingue e Cassule.

“Demos um prazo de 15 dias ao executivo,” disse Adolfo Campos.

“Na carta nós só pedimos que eles apresentem Cassule e Kamulingue vivos ou mortos, nós queremos saber onde eles estão,” disse.

Campos disse ainda que se os dois activistas foram mortos as autoridades devem dizer onde foram enterrados “para que se possa fazer um enterro condigno”.

“Se não houver até ao dia 20 de Fevereiro uma resposta do executivo, não restará outra saída aos jovens se não partir para uma manifestação popular, acrescentou.

Adolfo Campos considera que em Angola apenas uma pessoa goza de garantias de segurança

“Neste país nenhum cidadão está seguro, a única pessoa que está segura talvez seja o próprio José Eduardo dos Santos, acrescentou.

O jovem criticou também a actuação da oposição neste caso afirmando que os partidos da oposição não têm qualquer influência por que estão “amarrados” ao sistema.

O líder do grupo parlamentar Raul Danda garante que o assunto Cassule e Kamulingue nao foi esquecido.

“É preciso trazer isto a debate, e nós vamos trazer isso a debate, em nome não só do grupo parlamentar mas em nome do nosso partido e em nome do povo angolano,” disse o parlamentar da UNITA.

“Queremos de facto que os órgãos de justiça se são de facto de justiça esclarecam a questao Cassule e Kamulingue, acrescentou. 


Angola: FUNDOS DO ORÇAMENTO VÃO PARA CLÍNICA PRIVADA




Coque Mukuta – Voz da América

Multiperfil vai receber cerca de oito milhões de dólares o que é mais do que alguns hospitais do estado

Mais de oito milhões de dólares vão ser gastos pelo estado angolano num hospital privado em Luanda algo que está a provocar protestos por parte da CASA CE, um dos partidos da oposição no parlamento angolano.

Com efeito o Orçamento Geral do Estado para 2013, tem como, uma das suas despesas a conclusão da obra para Centro Clínico Avançado, Apetrechamento em Equipamentos e Médicos, Construção de Anfiteatro e Reforma Da Unidade De Internamento na Clínica Privada Multiperfil num total de 864.715.267,00kz (oitocentos e sessenta e quatro milhões, setecentos e quinze mil duzentos e sessenta e sete kwanzas) que corresponde a 8.990.310 de dólares.

Lindo Bernardo Tito jurista ligado à CASA-CE, condenou o facto de o executivo dirigido pelo José Eduardo dos Santos dar maior fatia para uma unidade privada em detrimento das unidades hospitalares do estado.

“Uma Unidade como a Multiperfil que tem todos seus serviços privatizados porque cobra preços não devia depender do Orçamento Geral do Estado (com uma quantia) superior às unidades com as carências que têm como por exemplo as maternidades em Luanda,” disse.

Lindo Bernardo Tito  disse também que a  sua formação política não vai dar o seu voto de confiança a práticas pouco claras que visam açambarcar os fundos públicos
Tito disse que o orçamento não tinha clarificado certos gastos.

“Como não clarificou é difícil a CASA dar o seu voto de confiança a práticas que sou facilitam a apropriação de fundos públicos,” frisou.


Processo contra a editora que publicou "Diamantes de Sangue" foi arquivado pelo MP




PSP - EO – PJA – Lusa – foto João Relvas

O Ministério Público arquivou o processo, por difamação, contra o jornalista angolano Rafael Marques e a editora Tinta da China, que publicou o livro “Diamantes de Sangue”, refere hoje uma nota da Procuradoria Geral de Lisboa.

"O Ministério Público concluiu, dos elementos recolhidos nos autos, que a publicação do livro “Diamantes de Sangue” se enquadra no legítimo exercício de um direito fundamental, a liberdade de informação e de expressão, constitucionalmente protegido, que no caso concreto se sobrepõe a outros direitos", refere a nota da Procuradoria Geral de Lisboa.

O mesmo documento refere que o Ministério Público concluiu pela ausência de indícios da prática de crime, tendo em conta os elementos recolhidos e o interesse público em causa.

De acordo com o mesmo documento, o inquérito dizia respeito à denúncia que duas sociedades angolanas - a Sociedade Mineira do Cuango e a firma Teleservice - Sociedade de Telecomunicações, Segurança e Serviços, acompanhadas dos seus sócios e legais representantes - apresentaram contra um jornalista angolano, Rafael Marques e a representante da editora portuguesa Tinta-da-China, na sequência da publicação de um livro, com título 'Diamantes de Sangue".

A editora Bárbara Bulhosa, da Tinta da China disse no dia 31 de janeiro que o processo era "uma tentativa de intimidação" contra o jornalista angolano Rafael Marques pelo livro "Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola", no qual era coarguida.

"Interpreto este processo como uma tentativa de intimidação não só ao Rafael Marques (...) mas também à Tinta-da-China (a editora do livro) e, principalmente, parece-me que é um precedente perigoso porque é uma intimidação a todos os jornalistas e todos os editores ao investigarem matérias mais sensíveis que possam envolver altas figuras do Estado angolano. É uma forma de os pressionar a não avançarem", afirmava Bárbara Bulhosa em declarações a jornalistas.

O processo foi instaurado em Portugal, onde foi publicado o livro, por nove generais angolanos ligados à exploração de diamantes em Angola, que acusam o autor de "calúnia e injúria".

Na obra, que resulta de uma investigação iniciada em 2004, são denunciadas alegadas violações dos direitos humanos, incluindo torturas e assassínios de trabalhadores da extração mineira na região das Lundas.

A responsável editorial da Tinta-da-China, que no dia 31 de janeiro falava aos jornalistas depois de ter sido ouvida no Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa, lembrou que Rafael Marques tinha sido constituído arguido neste caso em novembro de 2012.

A editora referiu que está convencida da "veracidade e credibilidade" da investigação que deu origem ao livro.

"Tive acesso aos documentos que estão citados no livro e fiquei convencida de que o que está no livro é verdade", disse Bárbara Bulhosa, acrescentando que quando aceitou publicar a obra percebeu que "se tratava de uma matéria muito sensível porque são revelados abusos sistemáticos dos direitos humanos".

No final do mês de janeiro, o livro "Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola" tinha vendido 7 mil exemplares e em breve sairá a sua 5ª edição, com mais 1.500 exemplares.

11 de Fevereiro: 5 ANOS DEPOIS DOS CRIMES E DE RAMOS HORTA TER “RESSUSCITADO”




Há exatamente cinco anos que Ramos Horta jazia no chão quase em frente à sua casa em Díli. Fora atingido por balas mortais que só por milagre lhe permitiram escapar com vida. Também por essa hora jaziam no jardim de sua casa, a uns escassos metros, o major Alfredo Reinado e o seu homem de confiança, Leopoldino Exposto. Ambos assassinados com disparos à queima-roupa. Disparados por quem os aguardava e cumpria as ordens daquele ou daqueles que prepararam a emboscada ao major dissidente mas que anteriormente fora aliado de Xanana Gusmão.

As armas dos crimes nunca foram encontradas. Todas as provas existentes foram cuidadosamente contaminadas ou deram-lhes sumiço – algumas através de um encenado desaparecimento após assalto noturno a instalações do Ministério Público.

Passaram 5 anos desde o 11 de Fevereiro de 2008. Tudo foi sanado. Ramos Horta está vivo e com alguma saúde. Está prestes a chegar à Guiné-Bissau em representação do SG da ONU para aplacar os ódios e as ações criminosas de militares e políticos desavindos. Se não serve em Timor-Leste com as suas competências e conhecimentos pois que seja útil aos irmãos lusófonos e ao mundo. Digamos que é a retribuição da solidariedade que ele foi encontrando ao longo de mais de duas dezenas de anos em prol da libertação de Timor-Leste. E ele gosta disso. Gosta de receber, como todos os humanos, mas também tem enorme vocação para oferecer e se dar. Ser solidário, coloquial, pacifista, apaziguador… A Guiné-Bissau, se quiser, está em muito boas mãos. Estimem-no e respeitem o esforço que ele vai despender para que o país tão desavindo entre nos carris da paz, da democracia, da justiça e do desenvolvimento. O povo guineense é o que deseja e merece.

Em jeito de “levantar” o passado e os crimes que estão por apurar completamente e resolver com justiça, punindo os verdadeiros criminosos, trazemos da memória do TLN textos e peças jornalísticas alusivas ao tema do 11 de Fevereiro de 2008. Para os que se interessarem têm o que ler com fartura. Sobre a justiça que está por fazer… Talvez voltemos ao assunto. Desfrutem do que existe sobre o triste passado e regozijemo-nos ao menos por Ramos Horta ter “ressuscitado” e estar entre nós a fazer aquilo que sabe e gosta. (BG-TLN)

O 11 DE FEVEREIRO DE 2008, O MEDO DAS PALAVRAS E DA VERDADE

BEATRIZ GAMBOA

TRÊS ANOS DEPOIS
ONG DIVULGA CONCLUSÕES “BRILHANTES”, E QUEM MAIS?

Sobre os acontecimentos do 11 de Fevereiro de 2008, em Dili, foi ontem notícia que o “processo judicial dos atentados de 11 de fevereiro de 2008 em Timor-Leste "violou" o direito a um julgamento justo, conclui o relatório de uma ONG timorense, que sublinha a "incapacidade" da justiça em determinar quem baleou o Presidente Ramos-Horta.” A notícia em português é da Agência Lusa. Texto que encontrará a seguir. Também em inglês, mais elaborado, no título WHO SHOT JOSÉ RAMOS HORTA? , compilado de EJBTL.

Sobre o que é afirmado não registamos novidades mas, mesmo assim, ainda muito comedimento nas palavras e termos empregues. Três anos volvidos sabe-se que o processo do “caso 11 de Fevereiro” foi a fabricação de uma farsa em que os juízes do Tribunal Distrital de Dili também colaboraram e que teve no Ministério Público, no então procurador-geral Longuinhos Monteiro e outros, os manipuladores do produto defeituoso chegado aos juízes mansos.

Desde sempre que elementos da anterior equipa que deu origem a esta nova Fábrica dos Blogues demonstraram a farsa. Desde sempre que os juízes souberam que iam deparar-se com uma farsa. Desde sempre se soube que os verdadeiros responsáveis pelo 11 de Fevereiro não estavam incluídos no processo. Desde sempre se soube que não foram elementos do grupo de Alfredo Reinado que disparam contra o PR Ramos Horta. Desde sempre houve conhecimento de que Alfredo Reinado e Leopoldino Exposto foram executados. Desde sempre se percebeu as incongruências do atentado em Balibar, na estrada e na residência de Gusmão. Os acontecimentos, ali, não foram um atentado mas sim quase tudo inventado. A quem interessaria inventá-lo?

Armas desaparecidas, provas contaminadas, um magistrado do Ministério Público absolutamente consonante com a farsa, que até negou ter estado na autópsia de Alfredo Reinado como numa alegre comemoração e que posteriormente, confrontado com imensas fotografias comprovativas da sua presença, acabou por alegar que “agora com o fotoshop tudo é possível". Coube aos juízes do TDD pactuarem com o magistrado comprovadamente mentiroso, nisso e em muito mais, ao longo do julgamento. Para que a farsa terminasse em conformidade com os interesses dos poderosos no poder.

Muito se disse, muito foi demonstrado. Agora vão surgindo algumas “vozes comemorativas” a dizerem meias verdades, mas que naquele momento também se calaram e nem tudo, do processo e julgamento, monitorizaram a sério. Não, que se tivesse dado pela sua presença permanente em monitorização, muito menos em contribuir para que a farsa não fosse muito mais além. Pelo que foi visto e se sabe.

Para o próximo ano os mesmos ou outros avançam com mais algumas afirmações e “novidades” na “comemoração do 11 de Fevereiro”. Quando e se Gusmão e Horta não forem governo nem presidente até é provável que comecem a experimentar serem “atrevidos”. Resta-nos esperar e ver o que vão trazer de “novidade”. Nunca dirão que houve os que armaram uma cilada ao grupo de Alfredo Reinado com o intuito de o assassinar e que aproveitaram para “arrumar” Ramos Horta na “confusão”. Ramos Horta terá tido o seu importante contributo na cilada sem saber que também estava na mira das armas. Tudo o resto é da responsabilidade de quem detinha e ainda detém o poder. Aguardemos, o tempo virá comprovar de que lado está a verdade. Pelo menos alguma da verdade.




Foto: O cadáver do major Alfredo Reinado, razão da pose prazenteira dos figurões focados. Uma foto que, alegadamente, nunca existiu - segundo foi afirmado pelo magistrado do MP... Naquele julgamento prevaleceu a mentira e a injustiça.

*Também publicado em reposição no TIMOR LOROSAE NAÇÃO.  Ver títulos mais recentes em português:

Moçambique: PORTUGUESES COM VIDA MAIS FÁCIL, INSTITUTO CAMÕES SEM AUSTERIDADE




Quiosque móvel vai facilitar acesso de portugueses a serviços consulares no sul de Moçambique

11 de Fevereiro de 2013, 12:22

Maputo, 11 fev (Lusa) - O Consulado de Portugal em Moçambique vai organizar, brevemente, permanências consulares e sociais nas províncias de Maputo, Gaza e Inhambane, para aproximar e facilitar o acesso aos serviços consulares à comunidade portuguesa residente no sul do país.

A informação foi confirmada à agência Lusa pelo cônsul português em Maputo, Gonçalo Teles Gomes, após anunciar o serviço às famílias portuguesas residentes em Chókwè, afetadas pelas cheias.

"É uma nova iniciativa. Recebemos há pouco tempo uma mala de Portugal, que nós chamamos 'quiosque móvel', que vai permitir fazer permanências consulares na nossa zona de jurisdição, que no caso do consulado geral de Maputo é a zona sul: Maputo, Gaza e Inhambane", afirmou Gonçalo Teles Gomes.

Os cidadãos portugueses poderão processar os documentos por intermédio de um quiosque móvel para a recolha de dados biométricos, nomeadamente impressões digitais, assinatura e fotografia.

"Conto, pelo menos, três vezes por ano ir a Xai-Xai ou Inhambane, ou outros locais que se justifique, para receber os portugueses e poder ajudá-los a tratar da sua documentação e tudo aquilo de que necessitam, que normalmente faziam junto do consulado", disse o cônsul.

Segundo estimativas do consulado português em Maputo, cerca de 20 mil portugueses vivem atualmente em Moçambique, dos quais 15 mil residem na região sul do país, nomeadamente na capital moçambicana.

O registo no consulado não é obrigatório, pelo que o diplomata apelou a "todos os portugueses que estão a residir em Moçambique a registarem-se".

MMT // MLL.

Orçamento do Instituto Camões em Maputo não deverá ser afetado pela austeridade

11 de Fevereiro de 2013, 12:05

Maputo, 11 fev (Lusa) -- A austeridade em Portugal não deverá afetar, em 2013, o orçamento cultural do Instituto Camões de Maputo, previu o seu responsável, que espera receber mais apoios de empresas com capitais portugueses às ações da organização.

Assim como o plano da cooperação com Moçambique não sofreu reduções nas verbas disponibilizadas pelo Governo português, o orçamento deste ano para atividades culturais do Instituto Camões de Maputo deverá ser o mesmo de 2012, rondando os 15.000 euros, disse Francisco Meireles à agência Lusa.

"Estamos à espera que o orçamento seja o mesmo do ano passado e, portanto, que também nesta área não haja redução", disse à Lusa o diplomata português responsável pelo Instituto Camões de Maputo.

Segundo Francisco Meireles, a programação cultural do instituto vai continuar a incidir "na promoção da língua e da cultura portuguesa e dos encontros em língua e cultura portuguesa com os países de expressão oficial portuguesa", como Moçambique.

Para 2013, o Instituto Camões prevê captar mais apoios de privados para as suas atividades, entre as quais um programa inédito dedicado à arquitetura portuguesa, esperando "atrair novos públicos".

"No que estamos a ter muito sucesso, e que espero ter novidades brevemente para anunciar, é na recetividade das empresas moçambicanas de capital português ao apoio a diversas componentes das nossas atividades", disse o responsável.

Em continuidade, manter-se-ão os cursos de Literatura em Língua Portuguesa, este ano na sua 25.ª edição, e os Encontros com a História, para o qual se espera conseguir "apoios para trazer mais historiadores portugueses" a Moçambique, adiantou.

"Este ano vamos comemorar, celebrar, debater e analisar os 250 anos da institucionalização do municipalismo em Moçambique, que é uma coincidência muito feliz por calhar no 125.º aniversário da cidade de Maputo", revelou ainda o diplomata.

Na quinta-feira, o programa cultural para 2013 do Instituto Camões foi oficialmente inaugurado com a exposição "Códigos de Gaudí", da artista moçambicana Sónia Sultuane.
"É uma nova abordagem, um novo desafio, uma nova brincadeira, uma nova forma minha de ver e sentir a arte", disse à Lusa Sultuane.

A mostra, que é uma "homenagem às formas originais utilizadas por Antoni Gaudí, na sua interpretação da arquitetura moderna", está em exposição até ao dia 24 de fevereiro.

ENYP // MLL.

Ex-ministro das Finanças da Guiné-Bissau proibido de sair do país sem autorização




FP – MLL - Lusa

Bissau, 11 fev (Lusa) - O antigo ministro das Finanças da Guiné-Bissau José Mário Vaz está proibido de sair do país sem autorização, de acordo com a medida hoje anunciada pelo Ministério Público em Bissau.

José Mário Vaz esteve detido três dias na semana passada e foi ouvido pelo juiz de instrução criminal na passada sexta-feira, que o mandou em liberdade. Os termos em que fica em liberdade até ao julgamento só hoje foram conhecidos.

Segundo os seus advogados, o antigo ministro ficou sujeito às medidas de termo de identidade e obrigação de permanência, pelo que não se poderá ausentar da sua residência mais de cinco dias sem avisar o Ministério Público nem sair do país sem autorização.

Por ordens do Ministério Público guineense, José Mário Vaz foi detido na segunda-feira passada, por alegado ilícito fiscal. É investigado sobre o paradeiro de 9,1 milhões de euros que Angola teria disponibilizado a favor do Governo guineense, mas que supostamente não teriam entrado no tesouro público.

"Posso-vos dizer, hoje, muito honestamente, que não recuava um milímetro sequer sobre os procedimentos que imprimi a nível do Ministério das Finanças quando fui ministro", disse na passada sexta-feira o ministro do Governo deposto no golpe de Estado de 12 de abril de 2012.

OPERAÇÃO SERVAL – I




UM AMBIENTE FAVORÁVEL AO SEU DESENCADEAR

Martinho Júnior, Luanda

1 – A evolução da situação em África não é um capítulo aparte do quadro de grandes batalhas que se travam no mundo desde a implosão da União Soviética e do colapso do socialismo real, batalhas que reflectem as disputas entre a hegemonia e os estados emergentes que assumem a perspectiva de multi-polarização, particularmente desde o início do século XXI.

Quer a hegemonia, quer os emergentes contam com uma difusa nebulosa de alianças entre os estados mais fracos, mas indubitavelmente que as disputas evoluem a várias mãos num complexo xadrez geo estratégico.

As riquezas da Terra, algumas delas tornadas rarefeitas ou cada vez mais escassas, são um dos “atractivos” que dão consistência sobretudo às políticas de capitalismo neo liberal e à panóplia de ingerências, manipulações e intervenções, intensificada pela “concorrência”…

África integra o tabuleiro geo estratégico cujas jogadas mais fortes, pelo menos sob o ponto de vista de conflitos entre serviços de inteligência e militares, ocorrem no continente Euro-asiático, com tónica principal, de há dois anos a esta parte, na Síria, após o “ensaio” que constituiu o assalto à Líbia e a neutralização do regime de Kadafi.

Apesar da sua situação ser análoga à da América Latina, África está contudo muito mais vulnerável às contingências geo estratégicas globais, em resultado do estado crónico de subdesenvolvimento a que historicamente tem sido votada.

2 – O “ensaio” da Líbia possibilitou à hegemonia, entre várias outras oportunidades, testar “reciclagens” de grupos radicais islâmicos conotados com a Al Qaeda, enquanto fortalecia os laços com as monarquias arábicas detentoras do grosso da produção do petróleo e do gás baratos, bem como de colossais reservas de petro dólares.

A “reciclagem” na Líbia do Grupo Combatente Islâmico da Líbia (“Libyan Islamic Fighting Group”), deu oportunidade à “reciclagem” na Síria dos extremistas takfiri, da frente Jabhat Al-Nusra e do Exército Sírio Livre, impulsionados por aliados como a Arábia Saudita, o Qatar e os Emiratos Árabes Unidos entre outros.

Tudo terá corrido relativamente de acordo com os “padrões ocidentais” até ao assassinato do Embaixador norte-americano na Líbia, Christopher Stevens, a 11 de Setembro de 2012.

Um caso “mal parado” de encaminhamento de armas líbias provenientes do despojo do regime de Kadafi, terá estado na origem do assassinato: as armas terão ido parar às mãos de grupos de “inimigos úteis”, ao invés de ir parar às mãos de “amigos úteis”, algo que na Líbia terá também acontecido em relação a agrupamentos como o Al Qaeda do Magreb Islâmico (AQMI), o Ansar Dine e o Mujao (que operam pelo menos no Mali) que tiraram partido da “Irmandade Muçulmana” e ainda do Grupo Combatente Islâmico da Líbia……

Esse acontecimento indicia ter começado a causar problemas aos parâmetros da aliança instável entre os “ocidentais” e as monarquias arábicas, aliança que é tutelada pela hegemonia, que estará a resultar num relativo “desencanto” entre os interesses das monarquias arábicas e países como a França, até por que já não é Nicolas Sarkozy que está no poder!...

3 – A deriva da situação em África (no Norte de África, Sahel e África do Oeste), em função do desmantelar do regime de Kadafi na Líbia, proporcionou o potenciamento militar de grupos de “inimigos úteis”, que muito embora sejam “sem fronteiras”, transportaram principalmente para o Mali a sua expressão radical armada.

Em redundância do grupo tuaregue MNLA (Movimento Nacional de Libertação da Azawad), surgiram em solo maliano grupos como o Ansar Dine (Defensores do Islão), o AQMI e o MUJAO (Movimento para a unicidade e a jihad na África do Oeste).

Esses grupos tomaram ao longo de 2012 o território norte do Mali, o Azawad, tirando proveito da situação de vulnerabilidade e instabilidade sócio-política no Mali que teve expressão maior num golpe de estado e no abandono do norte por parte das Forças Armadas do Mali.

O AQMI havia manifestado a sua presença desde pelo menos 2007, com acções disseminadas por todo o Sahel: Mauritânia, Mali, Argélia, Níger e Tunísia e um dos seus alvos dilectos foram os interesses franceses.

Para o AQMI foi a oportunidade de atrair a atenção dos grupos radicais islâmicos, a fim de melhor conjugar esforços e realizar acções.

4 – O facto de François Hollande, mais aberta ou mais discretamente apoiado pelos Estados Unidos, pela Grã Bretanha, por outros aliados Europeus e parceiros africanos, se decidir à Operação Serval é um dos reflexos do “desencanto” entre “ocidentais” dum lado e do outro as monarquias arábicas e os regimes que resultaram da “Primavera Árabe” no Norte de África.

Foi mesmo assim preciso a prova do assassinato do Embaixador norte-americano, Christopher Stevens, na Líbia, para a França decidir-se ao desencadear da Operação Serval, apesar dos dados acumulados pelos seus serviços de inteligência!

A Rússia e a China, membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU aperceberam-se disso e, dando prioridade à resolução do conflito na Síria onde os seus interesses geo estratégicos são mais evidentes, não vetaram a iniciativa francesa (tal como não haviam vetado a intervenção sobre a Líbia), pelo que a Rússia não colocou até obstáculos ao emprego de transportes como os Antonov AN-124 da Volga-Dnepr Airlines e da 224ª Brigada Volante, a fim de contribuir para a deslocação de tropas, equipamentos e demais logística francesa rapidamente para Bamako.

Os Antonov AN-124 serviram agora para o transporte de helicópteros de ataque Cougar…

Já em 1994 no quadro da Operação Turquoise (Ruanda-RDC), os russos tinham agido de forma análoga em relação à solicitação de apoio aéreo com grandes unidades de transporte de longo curso que a França não possui.

5 – A conjuntura e o ambiente geo político para a decisão da França no sentido de desencadear a Operação Serval, ficou confirmado a partir do 11 de Setembro de 2012…

Sob o resguardo dos Estados Unidos da América, que a partir dessa mesma data passaram a ter outro cuidado nos relacionamentos com os “inimigos úteis” com ligações a interesses da Arábia Saudita e do Qatar (é preciso lembrar que os Estados Unidos têm como precedente, por exemplo, o caso do Paquistão), a França teve a sua “luz verde” e sem obstáculos, com o aplauso dos seus “parceiros” africanos, sobretudo os do espaço CEDEAO, onde a “FrançAfrique” possui agentes ao mais elevado nível, como o “histórico” Presidente burkinabe Blaise Campaoré…

São precisamente esses agentes que a França do governo de François Hollande levam em conta, à maneira neo colonial do “pré carré” e com isso, arrastaram as frágeis “democracias representativas” africanas que evitam os riscos “no terreno” de ver seus territórios abrangidos pelas acções dos grupos radicais islâmicos que se vão expandindo por toda a África.

Avaliando isso, quer o MNLA, quer o Ansar Dine recorreram a Blaise Campaoré para a tentativa prévia de negociações com a França, antes do 11 de Setembro de 2012 e do desencadear da Operação Serval… escusado será dizer que essa iniciativa estava votada a um completo fracasso, mas haverão muros entre uns e outros, ou não haverá a “inteligência” que resolve “behind the scenes”?!

Alguns dos dirigentes principais do MNLA e dirigentes do Ansar Dine fixaram-se mesmo em Ouagadougou, a capital burkinabe…

Mapa: Evolução da Operação Serval a 5 de Fevereiro de 2013, três semanas após o “desembarque” Francês, de acordo com Wikipedia – http://fr.wikipedia.org/wiki/Op%C3%A9ration_Serval

Cabo Verde: MAGISTRADOS DO MP EM GREVE, "NEGÓCIO" DA CONCORDATA CONCLUIDO




Magistrados em greve de zelo pelo não pagamento de subsídios

11 de Fevereiro de 2013, 14:54

Cidade da Praia, 11 fev (Lusa) -- Magistrados cabo-verdianos realizam hoje uma greve de zelo devido à não previsão no Orçamento do Estado dos subsídios de exclusividade e de renda de casa e ameaçam avançar para uma greve efetiva se a situação não for resolvida.

Apesar da garantia do ministro da Justiça, José Carlos Correia, de que a situação se deveu a uma falta de articulação na montagem do Orçamento de Estado para 2013 e que a mesma iria ser resolvida em breve, os magistrados dos Conselhos Superior de Magistratura Judicial e do Ministério Público decidiram avançar com esta ação de protesto ao longo do dia de hoje.

Segundo o presidente da Associação Sindical dos Magistrados, Antero Tavares, a exigência dos juízes é que esses benefícios sejam pagos conjuntamente com o salário.

"O que nós queremos é que esta questão se resolva o mais rapidamente possível e que haja uma garantia de que vão continuar a pagar os subsídios de exclusividade e de renda conjuntamente com o salário", disse.

Para Antero Tavares, dependendo do rumo que esta questão venha a tomar, os magistrados poderão avançar para uma greve efetiva, com "todas as consequências que poderá ter para o setor da Justiça".

Na passada sexta-feira, José Carlos Correia garantiu que a questão já foi discutida inclusive ao nível do Conselho de Ministros e que "a decisão é no sentido de resolver rapidamente este problema, já que se trata apenas de mobilização de verba de uma rubrica para a outra, com vista a dar amplitude orçamental suficiente à rubrica que suporta os subsídios em causa".

CLI // MLL.

Cabo Verde e Vaticano concluem negociações sobre Concordata

11 de Fevereiro de 2013, 15:23

Cidade da Praia, 11 fev (Lusa) -- Cabo Verde concluiu as negociações com a Santa Sé sobre a Concordata, ficando em aberto a possibilidade de instalação de uma Universidade Católica no país, afirmou hoje o Primeiro-Ministro cabo-verdiano.

José Maria Neves falava num programa sobre Igreja e Religião, no canal de televisão TIVER.

O Primeiro-Ministro de Cabo Verde afirmou que a Concordata com o Vaticano irá definir um novo quadro das relações entre a Igreja e o Estado de Cabo Verde, tanto quanto a questões materiais como no que deve ser o papel da Igreja na formação espiritual e social do Homem.

Para José Maria Neves, é "importante" que a Igreja saiba interpretar os sinais dos novos tempos e acompanhar o processo de transformação de Cabo Verde, para que continue a servir de base para o fortalecimento e enriquecimento espiritual do Homem cabo-verdiano.

Numa declaração à Inforpress, o bispo de Santiago, Arlindo Furtado, disse que, além de proporcionar respeito mútuo entre as partes, a Concordata assegura autonomia, que é "muito importante", já que a Igreja tem a garantia de que o Estado não vai "deitar a mão" nas suas instituições, património e estilo de trabalho.

Por outro lado, adiantou, a Igreja tem a garantia de que pode livremente desenvolver as suas atividades sem "interferências indevidas".

Arlindo Furtado lembrou que, no passado, houve situações em que a igreja esteve "de mãos atadas" porque não havia normas jurídicas que regulamentassem casos do género, garantindo direitos e ao mesmo tempo assegurando os deveres.

CLI // MLL.

Cabo Verde: CARTA ABERTA AO PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA




Liberal (cv), opinião

Mui douto e esclarecido Júlio Martins, excelência veneranda:

Permita-me, antes de tudo, um esclarecimento preliminar. Esta não é uma missiva de críticas. É antes uma manifestação de júbilo, pela sábia “linha de rumo” que tem sabido imprimir às coisas!

Sei que vossa excelência, no seu pesado e dourado encargo burocrático, não é um homem qualquer. Não lê cartas, ouvi dizer, não perde tempo com certos jornais, como afirmou recentemente, aliás com brilho, nem tampouco dá ouvidos, era o que faltava!, aos cidadãos preocupados com a miséria da cidadania, essa espécie cuja extinção verdadeiramente tarda…

Vossa excelência, imagino, prefere entreter-se com as sinfonias de Wagner, e a lira dos poetas, em vez de ouvir o clamor da plebe oprimida. Tem razão! É para isso que a República lhe paga, não concorda?!

Mesmo assim, escrevo estas linhas, porque vossa excelência, se doutamente não lê, nem por isso aboliu ainda o direito à leitura. Assim, confio, sempre haverá a possibilidade de alguém, mais afoito, lhe transmitir o conteúdo desta pobre cartinha, que jamais merecerá, também o sei, pelo menos nalguns pontos mais impertinentes, a concordância da vossa privilegiada inteligência.

Adiante!

Tropeçando nuns papéis antigos, li algo sobre Descartes, e a sua “dúvida metódica”. E não é que me deu, hoje, para duvidar e perguntar?! Perdoe-me o atrevimento!

É verdade, excelência, que ainda vivemos numa República democrática, onde “Todos os cidadãos são iguais perante a lei”?

Ou haverá, como na fábula de George Orwell, uns espertinhos e nababos que são “mais iguais que os outros”?

E o que tem feito vossa excelência para fazer cumprir a regra de ouro? Pouco? Muito? Nada?

Nas minhas inquietudes e dúvidas, nunca perdi, é bom que se diga, a fé nas suas sublimes qualidades!

Fazer ou não fazer, eis a questão! O cabo-verdiano, contudo, é maldoso. By nature…

Ora, se vossa excelência impedir os contratos mafiosos, as manigâncias do Alto Clero no poder, as alegres negociatas e traficâncias, enfim, essa escória que os nossos ilustres cientistas chamam, avisadamente, de “boa governação”, a malta iria logo dizer que V. Exa é “antipatriota”, negativo, do contra, reaccionário, o diabo!

Bem anda, pois, em deixar correr o marfim…

A inacção, o não fazer, e o fingir, docemente, que se faz, é também uma forma digna de fazer e agir, e nisso vossa excelência é mestre e catedrático. Magna Cum Laude!

O Procurador, tenham ciência disso os néscios, não é nomeado para atrasar os “negócios” da República, ora essa!, nem para incomodar o Governo, que, na sua justa governança, sempre deixa espaços para a comilança, de uns e de outros…

E vossa eminência não é parvo! De que vale barafustar se “o mundo sempre foi assim”?!
De que vale clamar, quixotescamente, pela “Constituição” se ela não passa, afinal, de um inútil rolo de papel?

Vossa excelência esteja descansado, a sua Prokuratura tem sido exemplar! Magnífica.
Qual norma qual carapuça!

O dr. Júlio Martins há muito compreendeu que, neste mundo, “tudo muda, tudo se transforma”.

A moral deles pode não ser a nossa moral e Maquiavel, esse gigante divinal, patrono de todos os déspotas, é que estava certo, ao qualificar a lei como uma mera questão de estratégia.

Sun-Tzu em vez de São Tomás d’ Aquino. O Príncipe em vez da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Punir o Nuno Marques (que, num artigo de opinião, lamenta uma década de silêncios e cumplicidades, e clama pela liberdade de crítica, que chato!) e deixar em paz José Maria Neves, que fez mil vezes pior, cometendo até alguns crimes, mas é, para todos os efeitos, o nosso querido Primeiro-Ministro.

Excelência: já vou longo. Auguro-lhe as maiores felicidades neste novo ano de Cristo.

Continue a agir como faz, que faz bem, defendendo, habilmente, o nosso Governo dos ataques desses maldosos e incapazes, que só sabem apontar falhas quando deviam reconhecer méritos, cerrando, como faz aliás V. Exa, fileiras à volta do impoluto Órgão de Soberania.

Tenha mão de ferro, dr. Júlio, com os inimigos da pátria, e todos aqueles que invocam o nome da lei em vão, descrendo da capacidade e dedicação dos humildes governantes!

Deste seu orgulhoso admirador,

CASIMIRO DE PINA

P.S.: Dizem, por aí, que V. Exa é fraco com os fortes e forte com os fracos. É falso! Vossa eminência tem perseguido, sim, o crime e a indisciplina, defendendo a honra das instituições e dos lídimos representantes deste país. Sou testemunha dos seus feitos. Criticar, é certo, mas com respeitinho, como nos bons velhos tempos do também douto Salazar. Essa gente pensa que os jornais servem para expor os governantes. Não sabem o mal que fazem ao turismo e ao investimento directo estrangeiro!

Moçambique: PACOTE ELEITORAL, MULTINACIONAIS DEVEM ESTUDAR, VÊM AÍ OS RUSSOS




PR moçambicano promulgou leis eleitorais abrindo caminho à marcação de eleições

11 de Fevereiro de 2013, 08:08

Maputo, 11 fev (Lusa) - O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, promulgou o pacote eleitoral aprovado pela Assembleia da República de Moçambique, abrindo caminho à marcação do ciclo eleitoral que se inicia este ano com as autárquicas.

Segundo um comunicado da Presidência moçambicana enviado à agência Lusa, Armando Guebuza promulgou na sexta-feira as leis que estabelecem o quadro jurídico para a realização das assembleias provinciais, que aprovam a institucionalização do recenseamento eleitoral e o quadro jurídico da Comissão Nacional de Eleições e que estabelecem o quadro jurídico-legal para as eleições do presidente do conselho municipal e dos membros da assembleia municipal.

Com a entrada em vigor das leis, os órgãos eleitorais podem fazer a calendarização dos respetivos processos e submeter a data das eleições ao chefe de Estado.

Para este ano está prevista a realização de eleições autárquicas, realizando-se em 2014 as eleições gerais (presidenciais e legislativas).

A Renamo, maior partido da oposição, votou contra o pacote eleitoral, por não terem sido atendidas as suas exigências de uma Comissão Nacional de Eleições (CNE) composta por igual número de membros indicados pelos três partidos com assento parlamentar, e ameaça boicotar as eleições.

Os votos da Frelimo, com maior absoluta no parlamento, e do MDM aprovaram o pacote.

LAS // MLL.

Multinacionais em Moçambique devem estudar viabilidade para evitarem expetativas erradas - governo

11 de Fevereiro de 2013, 12:15

Maputo, 11 fev (Lusa) - O Governo moçambicano recomendou hoje às multinacionais mineiras que apostem em estudos adicionais sobre a viabilidade da sua atividade no país, para evitarem expectativas erradas, como as que provocaram prejuízos à anglo-australiana Rio Tinto.

Em janeiro, a Rio Tinto anunciou perdas de mais de dois mil milhões de euros, em prejuízos acumulados pela nas suas operações em Moçambique, devido a dificuldades de escoamento da produção de carvão.

Respondendo a uma pergunta sobre o impacto da situação da Rio Tinto na confiança dos investidores internacionais em Moçambique, o vice-ministro do Recursos Minerais, Abdul Razak, recusou referir-se diretamente ao caso, mas apontou a necessidade de "estudos de viabilidade adicionais", para a obtenção de dados fiáveis sobre a rentabilidade dos investimentos.

"Todas as empresas fazem o ´due diligence` (diligências necessárias), há sempre margens de erro, é necessário fazer sempre estudos adicionais", enfatizou Abdul Razak.

O vice-ministo dos Recursos Minerais de Moçambique apontou o exemplo da brasileira Vale, que, disse, estudou com profundidade o potencial das concessões de carvão que explora na província de Tete, centro de Moçambique.

"A Vale gastou 80 milhões de dólares (cerca de 60 milhões de euros) em estudos de viabilidade adicionais para apurar as reservas da sua concessão, apesar de já haver estudos bem feitos no tempo colonial e depois da independência", afirmou Abdul Razak.

Sobre os problemas logísticos que estiveram na origem dos prejuízos registados pela Rio Tinto, Razak afirmou que o Estado moçambicano instituiu um "fórum" de consulta com as empresas do setor de mineração, que têm sido informadas sobre o ponto de situação de construção de infraestruturas de escoamento da produção.

PMA //JMR.

MNE russo Sergei Lavrov realiza terça e quarta-feira visita de trabalho a Moçambique

11 de Fevereiro de 2013, 14:59

Maputo, 12 fev (Lusa) - O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, vai realizar uma visita de trabalho a Moçambique na terça e quarta-feira, informou hoje em comunicado o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Moçambique.

Sergei Lavrov vai reunir-se com o Primeiro-Ministro moçambicano, Alberto Vaquina, e com os ministros dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro Baloi, e dos Recursos Minerais, Esperança Bias, refere a nota.

Durante os dois dias de visita a Moçambique, o chefe da diplomacia russa vai debater com os governantes moçambicanos questões sobre a cooperação bilateral e da situação na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), organização a que Moçambique preside.

De acordo com o comunicado, a agenda da visita inclui ainda uma análise de temas internacionais, no quadro da presidência moçambicana da SADC e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

O interesse entre Moçambique e Rússia no relançamento da cooperação bilateral voltou a ganhar vitalidade nos últimos anos, depois do esmorecimento que se seguiu ao colapso do bloco comunista do Leste, que foi um dos principais aliados da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido que proclamou a independência de Moçambique em 1975 e que ainda continua no poder.

PMA // MLL.

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