terça-feira, 4 de junho de 2013

Portugal: MÁRIO SOARES QUER DERRUBAR O GOVERNO

 

 
Líder socialista, ao exigir a queda do governo, pregou a união das esquerdas e do centro para recuperar a mensagem da Revolução ocorrida há 39 anos, e da qual é um dos poucos sobreviventes.
 
Mauro Santayana* - Carta Maior, em Debate Aberto
 
A esquerda europeia retomou ontem as ruas, em protestos convocados pelos portugueses, contra a Comissão Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Central Europeu. Ainda que a grande imprensa e as autoridades policiais tenham reduzido a dimensão dos atos, eles foram expressivos. Mas, é natural que tenha sido assim.

Por mais importante sejam os movimentos de massas, eles, por si sós, não mudam a História. Os protestos são facilmente reprimíveis pela força policial – a menos que os policiais a eles se adiram, como ocorreu na Queda da Bastilha, quando a Guarda Civil de Paris armou o povo, na jornada de 14 de julho de 1789.

O que faz as revoluções é a conjunção entre as ideias bem organizadas e a ação estratégica dirigida pelos líderes populares.

Quinta-feira, Mário Soares – o veterano intelectual e líder civil da Revolução dos Cravos, de 1974 – empolgou as forças de esquerda, ao proferir a aula magna da Universidade de Lisboa. Aos 89 anos, o ex-presidente e ex-primeiro ministro, fustigou a política de “austeridade”, exigida pela troika, ou, melhor, pela trinca, supranacional – o FMI, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu - que está asfixiando a Europa e prejudicando o mundo inteiro.

Ao lembrar a Revolução dos Cravos, disse Mário Soares: “Não podemos deixar que tudo isso seja destruído, que o país seja desmantelado e vendido a quem pague mais. Essa austeridade nos leva ao abismo, a ele nos empurra. E tudo, para que? Para enriquecer o mercado. A crise do euro não é só financeira e económica, é também social, política, ética e ambiental. O neoliberalismo, a ideologia que provocou a crise, contra as pessoas e em favor do dinheiro, está moribunda e não vai poder perdurar muito”. O auditório, de pé, repetiu, aos aplausos, a sua frase final: “Contra o medo, e com patriotismo”. Mário pretende criar nova maioria parlamentar e a queda do governo chefiado por Passos Coelho.

Mário Soares, ao exigir a queda do governo, pregou a união das esquerdas e do centro, para recuperar a mensagem da Revolução ocorrida há 39 anos, e da qual é um dos poucos sobreviventes. Trata-se de estabelecer um programa comum de ação, a partir de pontos consensuais, que preservem a democracia e os direitos de todos os cidadãos. A organização política dos povos massacrados pelo neoliberalismo é o único caminho para impedir a consolidação da ditadura mundial dos banqueiros sob um regime fascista. A direita reforça sua posição no mundo, e a violência dos desesperados, como os atentados recentes de Boston e Londres, em lugar de enfraquecê-la, fortalecem-na. Estamos vivendo situação muito semelhante à dos anos 30, que resultou na tragédia dos campos de concentração e na sangueira da 2ª. Guerra Mundial.
 
*Mauro Santayana é colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.
 

Angola: POLÍCIA ESTÁ A PERDER CREDIBILIDADE

 

Voz da América
 
Onda de crimes preocupa especialistas que apontam falta de políticas para lidar com o fenómeno
 
Crescimento desordenado, falta de emprego e falta de credibilidade da polícia são algumas das razões apontadas por especialistas para o aumento da criminalidade em Luanda.

Em menos de dois dias a capital angolana registou cinco assassinatos entre os quais de três elementos da polícia Nacional.

O que, aparentemente, começa a preocupar a sociedade angolana é o forma selectiva como os alvos foram escolhidos pelos delinquentes cuja identidade ainda não foi revelada.

O psicólogo Carlinhos Zassala atribui o fenómeno ao crescimento desordenado dos bairros pobres de Luanda, o uso excessivo de bebidas alcoólicas e a falta de emprego para a juventude.

“Enquanto tivermos bairros sem ruas, casas sem numeração e sem luz eléctrica e a falta de emprego, a cidade de Luanda tem todas as condições para o aumento da criminalidade”, disse.

O académico angolano sugere do Governo melhore políticas sociais no meio rural que permitam a saída voluntária dos cidadãos da capital para se fixarem nas províncias.

Por seu turno o sociólogo e docente universitário, João Lukombo Zatuzola, disse também à Voz da América que a situação é trágica e dramática e sugeriu que as autoridades de direito devem muito rapidamente esclarecer os dois casos e tomar medidas para se inverter a onda de criminalidade em Luanda em particular.

“É um fenómeno quase “sui generis” bandidos a matar polícias. É preciso que se apurem as causas e consequências rapidamente por questão de credibilidade da Polícia Nacional”, defendeu.

Zatuzola disse também que a polícia está a perder credibilidade entre a população.
 

UNITA crê que polícias suspeitos de assassinarem dirigentes receberam ordens superiores

 

NME – VM - Lusa
 
Luanda, 04 jun (Lusa) - A UNITA, que acusa a Polícia Nacional angolana de ter assassinado dois dirigentes do seu partido, no município de Cacuaco, na noite de sábado para domingo, disse hoje acreditar que os polícias receberam "orientações superiores" para realizarem a ação.
 
A acusação foi feita hoje em conferência de imprensa pelo secretário municipal da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) no Cacuaco, Pedro Panela.
 
Aquele dirigente disse que existia uma boa relação entre as autoridades locais e os representantes do partido naquele município, que dista cerca de 30 quilómetros de Luanda.
 
Segundo Pedro Panela, face ao elevado índice de criminalidade na zona, a UNITA escreveu ao comando de divisão da Polícia Nacional e ao Departamento municipal da investigação criminal a manifestar a sua preocupação e a oferecer-se para ajudar a resolver o problema, indicando os locais mais afetados, bem como os alegados criminosos que lá atuam.
 
Nesse sentido, o dirigente referiu acreditar que "o senhor comandante e os outros dirigentes da polícia do município cumpriram apenas orientações de cima".
 
"Porque conhecem o Sr. Filipe (uma das vítimas), temos estado reunidos (com as autoridades locais), na semana passada estivemos reunidos com a senhora administradora e conhecem bem os nossos homens e sabem que não são delinquentes", lamentou.
 
A morte dos dois dirigentes da UNITA, nomeadamente o inspetor municipal Filipe Chakussanga e o secretário comunal de Kikolo, António Kamuku, ocorreu na mesma noite em que se verificou o assassínio de três agentes da polícia por desconhecidos, quando se encontravam na esquadra móvel estacionada no bairro Paraíso, igualmente no Cacuaco.
 
Um comunicado do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA, reunido "de urgência" na segunda-feira e enviado hoje à Lusa, refere que "unidades da Polícia Nacional, em operações no bairro Paraíso, fizeram buscas noturnas porta a porta e assassinaram friamente nas suas residências os membros da UNITA".
 
No comunicado, a UNITA lamentou e condenou a morte dos três polícias no mesmo bairro "por indivíduos não identificados", que "se inscrevem no quadro da criminalidade e insegurança crescentes" em Angola.
 
"O Comité Permanente da Comissão Política da UNITA manifesta profundamente a sua preocupação pelo ciclo crescente de atos de intolerância política, que se consubstanciam em assassínios políticos seletivos, prisões arbitrárias, destruição de símbolos partidários, espancamentos de seus quadros e dirigentes que continuam a ocorrer em todo o país", refere o documento.
 

POLÍCIA ANGOLANA NEGA ENVOLVIMENTO NA MORTE DE DIRIGENTES DA UNITA

 

EL – APN - Lusa
 
Luanda, 04 jun (Lusa) - A Polícia Nacional angolana negou hoje em comunicado qualquer envolvimento na morte de dois dirigentes da UNITA, maior partido da oposição, ocorrido na noite de sábado para domingo no município do Cacuaco, arredores de Luanda.
 
Aquele partido tinha alegado hoje, em conferência de imprensa, que os autores do crime, que afirma pertencerem à corporação, observaram "orientações superiores".
 
No comunicado distribuído pela agência Angop, a Polícia Nacional classifica como "gratuitas as declarações da UNITA", e rejeita a acusação, reservando-se o direito de recorrer à justiça.
 
Segundo a Angop, a "polícia apela a toda a sociedade [para se conseguir] maior serenidade e garante aumentar os níveis de segurança e manutenção da ordem pública".
 
Em causa está o assassínio de Filipe Chakussanga e António Kamuku, que segundo a UNITA foram alvo de execução perpetrada por agentes da polícia, acrescentando ainda a UNITA que tem uma testemunha ocular dos factos que alega.
 
A morte dos dois dirigentes da UNITA ocorreu na mesma noite em que se verificou o assassínio de três agentes da polícia por desconhecidos, quando se encontravam na esquadra móvel estacionada no bairro Paraíso, igualmente no Cacuaco.
 
Um comunicado do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA, reunido "de urgência" na segunda-feira e enviado hoje à Lusa, refere que "unidades da Polícia Nacional, em operações no bairro Paraíso, fizeram buscas noturnas porta a porta e assassinaram friamente nas suas residências os membros da UNITA".
 
No comunicado, a UNITA lamentou e condenou a morte dos três polícias no mesmo bairro "por indivíduos não identificados", que "se inscrevem no quadro da criminalidade e insegurança crescentes" em Angola.
 
"O Comité Permanente da Comissão Política da UNITA manifesta profundamente a sua preocupação pelo ciclo crescente de atos de intolerância política, que se consubstanciam em assassínios políticos seletivos, prisões arbitrárias, destruição de símbolos partidários, espancamentos de seus quadros e dirigentes que continuam a ocorrer em todo o país", refere o documento.
 
Acresce a esta situação, o facto do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, ter exonerado segunda-feira a comandante provincial de Luanda da Polícia Nacional, comissária-chefe Elizabeth Ranque Franque, que detinha ainda o cargo de delegada provincial do Ministério do Interior.
 
A exoneração foi unicamente fundamentada com a expressão "conveniência de serviço".
 
No mesmo decreto que divulga a exoneração da comissária-chefe informa-se que Elizabeth Franque passa a conselheira do comandante geral da Polícia Nacional, Ambrósio de Lemos.
 
Para o lugar de Elizabeth Franque foi nomeado o comissário António Maria Sita, que era o comandante provincial da polícia no Cunene, província onde exercia cumulativamente as funções de delegado do Ministério do Interior, tendo sido promovido ao posto de comissário-chefe.
 

COMUNIDADE ISLÂMICA GUINEENSE PREOCUPADA COM PRESENÇA DE XIITAS

 

Mussá Baldé, da agência Lusa
 
Bissau, 04 jun (Lusa) - A comunidade islâmica da Guiné-Bissau manifestou-se preocupada com a presença cada vez maior de muçulmanos xiitas e chama a atenção das autoridades "para os riscos de conflitos" que estes poderão trazer ao país.
 
Recentemente uma ONG islâmica, a Ajures, Associação Juvenil para a Reinserção Social, juntou, em Bissau, num seminário, mais de 200 imãs e apeladores (sensibilizadores) islâmicos para falar sobre a "crescente presença de xiitas na Guiné-Bissau".
 
A Lusa falou com alguns dos intervenientes, tendo o xeque Malam Djassi, da Ajures, dito que a presença dos xiitas "pode trazer um conflito interno entre os muçulmanos", pelo que apelou para uma intervenção das autoridades, ao mesmo tempo que exortou para o reforço da sensibilização junto dos fiéis.
 
"Não temos força para tirar esses elementos xiitas do nosso país, mas podemos chamar a atenção do Estado, porque se um dia houver aqui uma carnificina entre os muçulmanos seria mau para o nosso país", defendeu Malam Djassi, para quem os seguidores do islamismo na Guiné-Bissau têm pouca informação sobre os diferentes grupos islâmicas.
 
O imã Aliu Bodjan, líder da principal mesquita de Bissau, enfatizou que a presença dos xiitas em grande número em certos países traz sempre a instabilidade.
 
"Pedimos a Alá para que isso não venha a acontecer no nosso país. Vejam o caso da Nigéria, onde a seita Boko Haram faz aquelas atrocidades em nome do islão", disse hoje o imã Bodjan, também em declarações à Lusa.
 
Para o imã Mamadu Iaia Djaló, também da mesquita central de Bissau, o problema reside no facto de os xiitas andarem a dar dinheiro às pessoas para que aestas diram "à sua propaganda".
 
"Chegam a pagar até 50 mil francos para atrair os fiéis, com alegação de que somos todos muçulmanos, mas se for este o caso porque dão dinheiro aos fiéis?", questionou o imã Iaia Djaló.
 
Este responsável disse que o "perigo" da invasão dos xiitas se nota sobretudo em países africanos ao sul do Saara aproveitando-se da pobreza da população. Iaia Djaló enfatizou que os angariadores de fiéis "estão trabalhar a cabeça das pessoas" para "coisas que ninguém sabe".
 
De acordo com os líderes islâmicos guineenses, o terrorismo e o radicalismo islâmico são as principais caraterísticas personificadas pelos xiitas, sublinhando que esses problemas poderão chegar ao país.
 
Na Guiné-Bissau, como em quase todos os países africanos, a maioria da comunidade islâmica pratica a corrente sunita do islão.
 
O xeque Malam Djassi explicou que a presença dos elementos xiitas na Guiné-Bissau já está a trazer conflitos em certas zonas do país.
 
"Existem em toda parte da Guiné-Bissau. Na região de Gabu (leste) construíram lá uma grande mesquita. Há zonas em que já tiveram conflitos com a nossa gente e até foram parar na polícia", disse Malam Djassi.
 
"Se entrares no caminho deles e se um dia quiseres sair podes até ser morto por eles", afirmou.
 
Os sunitas e os xiitas são as duas principais correntes da religião islâmica, mas que se diferenciam em relação ao profeta Maomé e sua descendência. Enquanto os sunitas se consideram os sucessores diretos do profeta Maomé, os xiitas não concordam e defendem que o profeta deveria ser Ali, genro do próprio Maomé.
 
Os sunitas correspondem a 85% de fiéis da religião islâmica no mundo, com uma grande maioria em países como Arábia Saudita, Egito e Indonésia. No entanto, os xiitas predominam em países como Irão e Iraque.
 
MB // VM
 

Há dinheiro para financiar caju mas só com escrita organizada, diz Governo da Guiné-Bissau

 

FP -  VM - Lusa
 
Bissau, 04 jul (Lusa) - O ministro das Finanças do Governo de transição da Guiné-Bissau alertou hoje os empresários envolvidos na campanha de caju para a necessidade de escrita organizada como condição para empréstimos bancários, afirmando que "dinheiro não falta".
 
"Não há falta de dinheiro, há necessidade de organizar as empresas", disse Abubacar Demba Dahaba numa conferência de imprensa, na qual falou também da difícil situação económica que a Guiné-Bissau atravessa.
 
A época da apanha do caju é por norma a que representa mais receitas para o Estado mas também ela não tem corrido da melhor forma este ano. O ministro disse por exemplo que os operadores envolvidos na campanha do caju são os mesmos que importam mercadorias e bens de consumo, que são tributadas, e que agora por causa do caju as importações abrandaram.
 
"Normalmente, é um período de alta mas há dificuldades de receitas", disse.
 
Demba Dahaba já tinha falado há cerca de duas semanas na questão da necessidade e as empresas terem escrita organizada, mas hoje convocou os jornalistas para falar apenas dessa questão, explicando que o Banco Central da União Económica e Monetária Oeste Africana (UEMOA) tem disponível, para ajudar a campanha agrícola guineense, 53 milhões de euros (35 mil milhões de francos CFA).
 
"As empresas que têm escrita organizada não vão ter problemas de dinheiro para financiar a atividade", disse o ministro, alertando para a necessidade de se apresentar o balanço dos três últimos anos de atividade para que os bancos possam emprestar dinheiro.
 
O Governo de transição da Guiné-Bissau quer sensibilizar os empresários para a necessidade de terem escrita organizada, mas igualmente as instituições bancárias para que façam um trabalho também de sensibilização, porque se o país continua "na informalidade" no futuro pode ficar "completamente bloqueado".
 
Além do dinheiro da UEMOA, há ainda um fundo de três milhões de dólares (2,2 milhões de euros) oferecido pelo Kuwait, que já está disponível e que também pode ser utilizado, disse o responsável.
 
Demba Dahaba lembrou que na sequência do golpe de Estado do ano passado muitos projetos e financiamentos externos foram cancelados, o que levou a que a economia regredisse em 2012. Para este ano está previsto um crescimento de 3,5% mas "a saúde da economia não é boa", admitiu.
 
Há mais de um mês que se discute na Guiné-Bissau a formação de um novo Governo de transição, mas até agora nada foi decidido. O ministro lamentou que na Guiné-Bissau se façam leituras políticas, mas que ninguém tenha o cuidado de "fazer a leitura das consequências económicas" das situações de incerteza.
 

A IDENTIDADE SECRETA DO POVO PORTUGUÊS

 

 
Ricardo Araújo Pereira – Visão, opinião
 
Em 2002, Durão Barroso disse que Portugal estava de tanga. Entretanto, passaram 11 anos e é difícil negar que fomos perdendo cada vez mais roupa. Eu não sou crítico de moda, mas creio que estamos perante uma impossibilidade.

Em 2002, Durão Barroso disse que Portugal estava de tanga. Entretanto, passaram 11 anos e é difícil negar que fomos perdendo cada vez mais roupa. Eu não sou crítico de moda, mas creio que estamos perante uma impossibilidade. Não é possível passar uma década a confiscar a indumentária a um povo que já está de tanga. Minto: é possível apenas em duas situações muito específicas e altamente improváveis. Se o povo em causa tiver a tanga vestida por cima do resto da roupa, pode dizer-se que está de tanga no primeiro momento, e fica apto a continuar a perder peças de vestuário antes de se achar completamente nu. Esta hipótese, a verificar-se, confirma a minha suspeita antiga de que o povo português é o Super-Homem. Tinha a tanga por cima da roupa em 2002 e foi ficando sem a capa e o fatinho de licra azul ao longo dos últimos anos. E aguentou tudo com força sobre-humana, que é a única maneira de um povo aguentar isto.
 
Outra hipótese: em 2002 o povo estava, de facto, de tanga, mas tinha várias tangas vestidas, umas por cima das outras. E foi perdendo tangas, ano após ano, até estar na situação em que se encontra agora - em que, se não está nu, estará, no máximo, monotanga. Nesse caso, o povo português não é o Super-Homem. É uma espécie de Tarzan multicueca. Um Tarzan que, tendo viagem marcada na Ryanair e, por não querer pagar uma quantia extra pela bagagem, levasse todas as suas tangas vestidas, por exemplo.
 
Seja qual for a hipótese correcta, é seguro afirmar a excepcionalidade do povo português, dadas as características admiráveis, quer do homem de aço, quer do rei dos macacos. Não ignoro que haja bons argumentos para refutar estas hipóteses. Pode dizer-se, por exemplo, que a posição em que estamos, no que à soberania diz respeito, torna muito improvável que o povo português seja, na verdade, o rei de alguma coisa, dado que temos cada vez mais dificuldade em fazer súbditos, mesmo entre os símios. Também é difícil identificar o povo português com o Super-Homem, sobretudo tendo em conta a extraordinária habilidade deste para combater o crime e a nossa absoluta incapacidade de meter bandidos na cadeia. Mas eu continuo inclinado para achar que o povo português tem uma identidade secreta oriunda do universo da ficção, na medida em que me parece, ele próprio, uma personagem fictícia: nenhum povo de carne e osso teria a capacidade de, empobrecido e desesperado como está o nosso, manter a nobreza de alma que é evidenciada quando os protestos se fazem a cantar e a rir.
 

Protesto – Leiria: MANIFESTANTE DETIDO À CHEGADA DE ASSUNÇÃO CRISTAS

 

Diário de Notícias - Lusa
 
Duas dezenas de manifestantes exigiram hoje a demissão do Governo, à chegada da ministra da Agricultura, Assunção Cristas, a Leiria, e um dos manifestantes foi detido pela Polícia de Segurança Pública.
 
A delegada sindical Ana Rita Carvalhais disse à agência Lusa que o manifestante foi detido depois de ter exibido uma folha onde se lia "Demissão, já!".
 
"Foi empurrado por forças de segurança e terá respondido também com empurrões, tendo sido depois algemado", disse.
 
O manifestante detido é Manuel Cruz, militante do PCP e antigo candidato à Câmara de Leiria por este partido, observou a agência Lusa no local.
 
A ministra da Agricultura vai participar, juntamente com o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, no Fórum "Como o planeamento pode dinamizar a economia e criar emprego".
 
Os manifestantes, ligados à União de Sindicatos do Distrito de Leiria, à Associação de Agricultores do distrito e ao Sindicato dos Professores da Região Centro, gritaram várias palavras de ordem e exigiram políticas de combate ao desemprego.

Assunção Cristas vai abrir o debate, às 15:15, e Álvaro Santos Pereira encerra o Fórum, numa sessão agendada para as 17:00.

Fotografia © Ricardo Graça/Globalimagens
 

MINISTRO POIARES MADURO VAIADO E INTERROMPIDO EM CONFERÊNCIA NO PORTO

 

Expresso – Lusa - ontem
 
Um grupo de manifestantes interrompeu o ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional quando este se preparava para discursar numa conferência na Alfândega do Porto. Na sala ouviu-se repetidamente "demissão".

O ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, foi hoje interrompido por um grupo de manifestantes na Grande Conferência JN, no Porto, quando se preparava para começar a discursar, tendo-se ouvido na sala repetidas vezes "demissão".
 
Dezenas de manifestantes já tinham recebido o ministro Miguel Poiares Maduro com protestos e pedidos de demissão à chegada ao edifício da Alfândega do Porto, onde decorre a referida conferência.
 
Na sala, e depois de Poiares Maduro ter subido ao púlpito e iniciar o seu discurso, alguns manifestantes começaram a gritar "demissão" repetidas vezes, envergando folhas A4 com a mesma palavra, iguais às que foram usados no exterior.
 
"Eu reconheço o direito natural de protesto mas se me deixarem exprimir a minha opinião também agradecia", disse o ministro enquanto os protestos decorriam.
 
Da plateia surgiu, momentos depois, a voz de um homem a protestar, que pediu a Poiares Maduro para que não se transformasse num "Relvas dois" e que se demitisse.
 
"Eu não vou entrar em discussão consigo mas vou dizer uma coisa que é muito simples: tudo aquilo que eu escrevi, disse antes. As posições defendidas são conhecidas, estão disponíveis e é muito fácil ver que eu não disse tal coisa", respondeu apenas ao manifestante, que alegou que Poiares Maduro teria pedido a demissão deste Governo antes de assumir funções.
 
Os manifestantes foram convidados a sair da sala pela organização, tendo acatado este pedido sem protestos.
 

NÚMERO DE CASAIS DESEMPREGADOS AUMENTA 67,3% EM ABRIL

 

Jornal i - Lusa
 
O desemprego registado pelo IEFP em Abril aumentou 11,8%
 
O número de casais em que ambos os cônjuges estão desempregados aumentou 67,3% em abril face ao mesmo mês de 2012, para 13.176, divulgou hoje o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).
 
De acordo com os dados do IEFP, o número de casais registados como desempregados decresceu ligeiramente em relação ao mês de março (menos 139 casais).
 
Dos 691.128 desempregados registados nos centros de emprego do Continente no final de abril, 49% eram casados ou viviam em situação de união de facto (338.970 pessoas).
 
O desemprego registado pelo IEFP em abril aumentou 11,8% em termos homólogos e decresceu 0,8% em relação a março.
 

PARCERIA BRASIL- ESTADOS UNIDOS

 

Antonio Tozzi, Miami – Direto da Redação
 
Miami (EUA) - A visita do vice-presidente dos Estados Unidos ao Brasil esta semana serviu para abrir caminho para o fortalecimento das relações comerciais entre Brasil e EUA. Joe Biden foi feliz ao declarar não ver razão pela qual a maior economia do mundo (EUA) e a sétima economia do mundo (Brasil) não possam multiplicar por cinco vezes o comércio bilateral.
 
E isto seria significativo. Atualmente, o intercâmbio comercial entre os dois países é de US$ 59,1 bilhões. Ou seja, este número multiplicado por cinco equivale a quase US$ 300 bilhões, o que catapultaria o Brasil para as cinco maiores potências econômicas do mundo, no mínimo.
 
Áreas de interesse comum não faltam: energia, segurança, educação, ciência e tecnologia, além, é claro, da militar. Biden não escondeu de ninguém o interesse em ser um emissário da Boeing, que deseja vender à Força Aérea Brasileira o caça Green Hornet F/A 18. Aliás, a briga pelo fornecimento dos caças para o Brasil tem sido acirrada entre o modelo Rafale da Dassault, da França; o Green Hornet da Boeing, dos EUA, e o Gripen, da Saab, da Suécia. Até a Rússia deseja entrar na concorrência com a Sukhoi, mas parece que a FAB já decidiu pelos caças norte-americanos. Conta ainda a favor o fato de o Green Hornet ser movido a biocombustível. E o negócio é apetitoso, com a FAB investindo US$ 4 bilhões na aquisição das aeronaves. Do lado americano, a Embraer está vendendo Super Tucanos, aviões de reconhecimento, para a Força Aérea dos EUA.
 
Atualmente, os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, com participação de 12,7% no total do comércio brasileiro. Só para efeito de comparação, o comércio com a África cresceu 85% e atingiu US$ 26 bilhões. Apesar do incremento registrado, não dá para comparar o potencial comercial entre os dois parceiros.
 
A parceira deve aumentar significativamente em outubro quando a presidente Dilma Roussef for a Washingron para ser recebida pelo presidente Barack Obama. Um encontro deste calibre deve produizr mais negócios, além de uma maior aproximação entre as duas potências.
 
Este é exatamente o ponto: duas potências. O próprio Biden disse que o Brasil não é mais um país emergente e figura hoje no patamar dos mais ricos do planeta. Portanto, Biden propôs que a aproximação entre as duas potências do continente americano seja mais ampla do que meramente as relações comerciais. "Queremos que os brasileiros venham aos Estados Unidos não só para fazer comércio, mas para nos ver e começar a nos entender, com nossas falhas e virtudes", declarou o vice-presidente.
 
Ele está certo. O Brasil precisa deixar de ter medo dos EUA e ser um parceiro efetivo dos nossos irmãos do norte. Em vez de perder tempo com Venezuela, Bolívia e Equador, a diplomacia brasileira deve concentrar seus esforços em aprimorar esta parceria, que só pode render bons frutos para o Brasil. Biden disse ter visitado a Petrobras e revelou o interesse de empresas dos Estados Unidos pela exploração do petróleo na camada pré-sal. O primeiro leilão de reservas do pré-sal ocorrerá em outubro. Isto significa mais dinheiro entrando nos cofres brasileiros. Em contrapartida, elogiou a expertise brasileira na produção de energia renovável e afirmou que o Brasil pode aprender com os Estados Unidos quanto à exploração do gás de xisto.
 
O segundo mandato de Obama e a escolha de John Kerry como secretário de Estado têm sido importante para a aproximação do governo americano com os os países da América Latina. Nesta viagem, além de Brasil, Biden esteve em Trinidad Tobago e Colômbia. Obama fez no mês passado uma viagem a México e Costa Rica e receberá, nas próximas duas semanas, seus colegas do Chile e Peru em visitas de trabalho.
 
"O Brasil por muito tempo se viu como um observador dos eventos globais, sentado na lateral e criticando o que outros atores estão fazendo”, sustenta Mark Kennedy, diretor da Escola de Política Aplicada da Universidade George Washington. “O convite de Biden é para que o Brasil se sente à mesa e pense no papel que pode assumir de forma construtiva." Traduzindo: se o Brasil quiser ser protagonista no cenário mundial, precisa tornar-se potência global engajada em eventos globais.
 
Kennedy acha que os dois países precisam fazer o mea culpa. O Brasil, na opinião do analista, foi precipitado quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e a Turquia costuraram um acordo com o Irã para tentar solucionar o impasse em relação ao programa nuclear iraniano, sem consultar os outros envolvidos.
 
Já o governo dos EUA percebeu que estava neglicenciando parceiros importantes e uma região vital para seu relacionamento, em parte porque os EUA estiveram olhando para dentro. "Agora, o governo americano percebeu que precisa se envolver mais com seus parceiros cruciais, e o Brasil é um deles", afirma o analista.
 
Depois de uma auto-análise, é chegada a hora de Brasil e EUA reforçarem a aliança – inclusive com assinatura de acordos bilaterais – e, desta forma, permitir que nosso país se destaque como uma verdadeira potência mundial, em vez de ficar sofrendo humilhações na América do Sul com governantes como Evo Morales e Rafael Correa que se preocupam mais em nacionalizar empresas estrangeiras, inclusive brasileiras, do que em atrair investimentos para seus países a fim de melhorar as condições de vida de seus povos.
 
*Foi repórter do Jornal da Tarde e do Estado de São Paulo. Vive nos Estados Unidos desde 1996, onde foi editor da CBS Telenotícias Brasil, do canal de esportes PSN, da revista Latin Trade e do jornal AcheiUSA.
 

Brasil: “SUPER” BARBOSA ESCONDEU PROVAS DO MENSALÃO A PEDIDO DE SOUZA



Joaquim Barbosa e Antonio Fernando de Souza esconderam provas que poderiam mudar julgamento do “mensalão”

A pedido do procurador Antônio Fernando de Souza, ministro Joaquim Barbosa manteve um inquérito paralelo sob segredo de justiça, no Supremo Tribunal Federal (STF), e decretou sigilo em outro processo que corre no Distrito Federal contra um ex-diretor do Banco do Brasil, acusado pelo mesmo crime que condenou Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do BB. Por esses dois outros procedimentos passaram parte das investigações do chamado caso do “Mensalão”. Por Maria Inês Nassif.

Maria Inês Nassif - Carta Maior

São Paulo - O então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, criaram em 2006 e mantiveram sob segredo de Justiça dois procedimentos judiciais paralelos à Ação Penal 470. Por esses dois outros procedimentos passaram parte das investigações do chamado caso do “Mensalão”. O inquérito sigiloso de número 2474 correu paralelamente ao processo do chamado Mensalão, que levou à condenação, pelo STF, de 38 dos 40 denunciados por envolvimento no caso, no final do ano passado, e continua em aberto. E desde 2006 corre na 12ª Vara de Justiça Federal, em Brasília, um processo contra o ex-gerente executivo do Banco do Brasil, Cláudio de Castro Vasconcelos, pelo exato mesmo crime pelo qual foi condenado no Supremo Tribunal Federal (STF) o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato.

Esses dois inquéritos receberam provas colhidas posteriormente ao oferecimento da denúncia ao STF contra os réus do mensalão pelo procurador Antônio Fernando, em 30 de março de 2006. Pelo menos uma delas, o Laudo de número 2828, do Instituto de Criminalística da Polícia Federal, teria o poder de inocentar Pizzolato. 

O advogado do ex-diretor do BB, Marthius Sávio Cavalcante Lobato, todavia, apenas teve acesso ao inquérito que corre em primeira instância contra Vasconcelos no dia 29 de abril deste ano, isto é, há um mês e quase meio ano depois da condenação de seu cliente. E não mais tempo do que isso descobriu que existe o tal inquérito secreto, de número 2474, em andamento no STF, também relatado por Joaquim Barbosa, que ninguém sabe do que se trata – apenas que é um desmembramento da Ação Penal 470 –, mas que serviu para dar encaminhamento às provas que foram colhidas pela Polícia Federal depois da formalização da denúncia de Souza ao Supremo. Essas provas não puderam ser usadas a favor de nenhum dos condenados do mensalão. 

Essa inusitada fórmula jurídica, segundo a qual foram selecionados 40 réus entre 126 apontados por uma Comissão Parlamentar de Inquérito e decidido a dedo para qual dos dois procedimentos judiciais (uma Ação Penal em curso, pública, e uma investigação sob sigilo) réus acusados do mesmo crime deveriam constar, foi definida por Barbosa, em entendimento com o procurador-geral da República da época, Antonio Fernando, conforme documento obtido pelo advogado. Roberto Gurgel assumiu em julho de 2009, quando o procedimento secreto já existia.

A história do processo que ninguém viu

Em março de 2006, a CPMI dos Correios divulgou um relatório preliminar pedindo o indiciamento de 126 pessoas. Dez dias depois, em 30 de março de 2006, o procurador-geral da República, rápido no gatilho, já tinha se convencido da culpa de 40, número escolhido para relacionar o episódio à estória de Ali Babá. A base das duas acusações era desvio de dinheiro público (que era da bandeira Visa Internacional, mas foi considerado público, por uma licença jurídica não muito clara) do Fundo de Incentivo Visanet para o Partido dos Trabalhadores, que teria corrompido a sua base aliada com esse dinheiro. Era vital para essa tese, que transformava o dinheiro da Visa Internacional, aplicado em publicidade do BB e de mais 24 bancos entre 2001 e 2005, em dinheiro público, ter um petista no meio. Pizzolato era do PT e foi diretor de Marketing de 2003 a 2005. 

Pizzolato assinou três notas técnicas com outro diretor e dois gerentes-executivos recomendando campanhas de publicidade e patrocínio (e deixou de assinar uma) e foi sozinho para a lista dos 40. Os outros três, que estavam no Banco do Brasil desde o governo anterior, não foram mencionados. A Procuradoria-Geral da República, todavia, encaminhou em agosto para a primeira instância de Brasília o caso do gerente-executivo de Publicidade, Cláudio de Castro Vasconcelos, que vinha do governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso. O caso era o mesmo: supostas irregularidades no uso do Fundo de Incentivo Visanet pelo BB, no período de 2001 a 2005, que poderia ter favorecido a agência DNA, do empresário Marcos Valério. Um, Pizzolato, que era petista de carteirinha, respondeu no Supremo por uma decisão conjunta. Outro, Cláudio Gonçalves, responde na primeira instância porque o procurador considerou que ele não tinha foro privilegiado. Tratamento diferente para casos absolutamente iguais.

Barbosa decretou segredo de Justiça para o processo da primeira instância, que ficou lá, desconhecido de todos, até 31 de outubro do ano passado, quando a Folha de S. Paulo publicou uma matéria se referindo a isso (“Mensalão provoca a quebra de sigilo de ex-executivos do BB”). Faltavam poucos dias para a definição da pena dos condenados, entre eles Pizzolato, e seu advogado dependia de Barbosa para que o juiz da 12ª Vara desse acesso aos autos do processo, já que foi o ministro do STF que decretou o sigilo. 

O relator da AP 470 interrompera o julgamento para ir à Alemanha, para tratamento de saúde. Na sua ausência, o requerimento do advogado teria que ser analisado pelo revisor da ação, Ricardo Lewandowski. Barbosa não deixou. Por telefone, deu ordens à sua assessoria que analisaria o pedido quando voltasse. 

Quando voltou, Barbosa não respondeu ao pedido. Continuou o julgamento. No dia 21 de novembro, Pizzolato recebeu a pena, sem que seu advogado conseguisse ter acesso ao processo que, pelo simples fato de existir, provava que o ex-diretor do BB não tomou decisões sozinho – e essa, afinal, foi a base da argumentação de todo o processo de mensalão (um petista dentro de um banco público desvia dinheiro para suprir um esquema de compra de votos no Congresso feito pelo seu partido). 

No dia 17 de dezembro, quando o STF fazia as últimas reuniões do julgamento para decidir a pena dos condenados, Barbosa foi obrigado a dar ciência ao plenário de um agravo regimental do advogado de Pizzolato. No meio da sessão, anunciou “pequenos problemas a resolver” e mencionou um “agravo regimental do réu Henrique Pizzolato que já resolvemos”. No final da sessão, voltou ao assunto, informando que decidira sozinho indeferir o pedido, já que “ele (Pizzolato) pediu vistas a um processo que não tramita no Supremo”.

O único ministro que parece ter entendido que o assunto não era tão banal quanto falava Barbosa foi Marco Aurélio Mello.

Mello: “O incidente [que motivou o agravo] diz respeito a que processo? Ao revelador da Ação Penal nº 470?”

Barbosa: “Não”.

Mello: “É um processo que ainda está em curso, é isso?”

Barbosa: “São desdobramentos desta Ação Penal. Há inúmeros procedimentos em curso.”

Mello: “Pois é, mas teríamos que apregoar esse outro processo que ainda está em curso, porque o julgamento da Ação Penal nº 470 está praticamente encerrado, não é?”

Barbosa: “É, eu acredito que isso deve ser tido como motivação...”

Mello: “Receio que a inserção dessa decisão no julgamento da Ação Penal nº 470 acabe motivando a interposição de embargos declaratórios.”

Barbosa: “Pois é. Mas enfim, eu estou indeferindo.”

Segue-se uma tentativa de Marco Aurélio de obter mais informações sobre o processo, e de prevenir o ministro Barbosa que ele abria brechas para embargos futuros, se o tema fosse relacionado. Barbosa reitera sempre com um “indeferi”, “neguei”. (Clique aqui e veja trecho da sessão)

O agravo foi negado monocraticamente por Barbosa, sob o argumento de que quem deveria abrir o sigilo de justiça era o juiz da 12ª Vara. O advogado apenas consegui vistas ao processo no DF no dia 29 de abril do mês passado.

Um inquérito que ninguém viu

O processo da 12ª Vara, no entanto, não é um mero desdobramento da Ação Penal 470, nem o único. O procurador-geral Antonio Fernando fez a denúncia do caso do Mensalão ao STF em 30 de março de 2006. Em 9 de outubro daquele ano, em uma petição ao relator do caso, solicitou a Barbosa a abertura de outro procedimento, além do inquérito original (o 2245, que virou a AP 470), para dar vazão aos documentos que ainda estavam sendo produzidos por uma investigação que não havia terminado (Souza fez as denúncias, portanto, sem que as investigações de todo o caso tivessem sido concluídas; a Polícia Federal e outros órgãos do governo continuavam a produzir provas).

O ofício é uma prova da existência do inquérito 2245, o procedimento paralelo criado por Barbosa que foi criado em outubro de 2006, imediatamente ganhou sigilo de justiça e ficou sob a responsabilidade do mesmo relator Joaquim Barbosa.

Diz o procurador na petição: “Por ter conseguido formar juízo sobre a autoria e materialidade de diversos fatos penalmente ilícitos, objeto do inquérito 2245, já oferecia a denúncia contra os respectivos autores”, mas, informa Souza, como a investigação continuar, os documentos que elas geram têm sido anexados ao processo já em andamento, o que poderia dar margens à invalidação dos “atos investigatórios posteriores”. E aí sugere: “Assim requeiro, com a maior brevidade, que novos documentos sejam autuados em separado, como inquérito (...) ”. 

Barbosa defere o pedido nos seguintes termos: “em relação aos fatos não constantes da denúncia oferecida, defiro o pedido para que os documentos sejam autuados em separado, como inquérito. Por razões de ordem prática, gerar confusão.”

No inquérito paralelo, o de número 2474, foram desovados todos os resultados da investigação conduzida depois disso. Nenhum condenado no processo chamado Mensalão teve acesso a provas produzidas pela Polícia Federal ou por outros órgãos do governo depois da criação desse inquérito porque todas todos esses documentos foram enviados para um inquérito mantido todo o tempo em segredo pelo Supremo Tribunal Federal.

*Título PG

Médicos moçambicanos em greve marcharam hoje amordaçados e com pratos vazios

 

PMA – VM - Lusa
 
Maputo, 04 jun (Lusa) - Centenas de profissionais de saúde moçambicanos cumpriram hoje o 15.º dia de greve com uma marcha em Maputo, amordaçados, em protesto contra o alegado silêncio do Governo, e com pratos vazios, como símbolo das más condições salariais.
 
Com os médicos maioritariamente vestidos de branco e os restantes funcionários de azul, os profissionais de saúde partiram da sede da Associação Médica de Moçambique, no centro da capital, seguindo pela Avenida Eduardo Mondlane até à Praça da Paz, onde entoaram o hino de África e oraram pela resolução do diferendo laboral.
 
O trajeto que os grevistas seguiram teve de ser definido à última hora, depois de a polícia os ter desaconselhado a marchar até ao Circuito António Repinga, que se situa nas imediações do gabinete do primeiro-ministro moçambicano, local que às terças-feiras acolhe as sessões do Conselho de Ministros.
 
"Continuamos com o mesmo espírito, que é de cuidar do povo, mas à espera que alguém cuide de nós, que é o Governo. Mas do Governo estamos a receber o silêncio", disse o porta-voz da Associação Médica de Moçambique, Paulo Samo Gudo.
 
Paulo Samo Gudo acusou o executivo de não pretender dialogar com os profissionais de saúde e de apostar na ameaça e intimidação para travar a greve.
 
"Este movimento não vai parar enquanto as exigências dos profissionais de saúde não forem resolvidas. A nossa luta é contra a desigualdade no tratamento dos funcionários do Estado", acrescentou o porta-voz da Associação Médica de Moçambique.
 
Os profissionais de saúde moçambicanos rejeitam o aumento de 15 por cento de salário decretado pelo Governo e exigem um incremento de 100 por cento, uma subida de 35 por cento no subsídio de risco e a aprovação do Estatuto Médico pela Assembleia da República.
 
Por sua vez, o Governo diz-se incapaz de atender às reivindicações, defendendo um aumento faseado dos ordenados dos profissionais de saúde, face à alegada insustentabilidade financeira de um aumento salarial de 100 por cento.
 
O executivo e os profissionais de saúde moçambicanos têm leituras diferentes sobre o impacto da greve, com o Ministério da Saúde a garantir que as unidades de saúde estão a funcionar normalmente e a Associação Médica de Moçambique a defender que a ação por si convocada tem a adesão de mais de 90 por cento dos profissionais.
 

EMPRESÁRIOS ALEMÃES QUEREM MAIOR FATIA NOS NEGÓCIOS DE ANGOLA

 

 
Mais de 50 empresários alemães reúnem-se, a 4 e 5 de junho, em Luanda, com cerca de 200 interlocutores angolanos, no 5º Fórum Económico Alemão-Angolano. Pretendem aumentar o volume de negócios com Angola.
 
O 5º Fórum Económico Alemão-Angolano, que terá lugar num hotel na baixa de Luanda, é uma iniciativa conjunta da “Afrika-Verein”, a Associação Africana da Economia Alemã, assim como da Câmara Alemã de Comércio Externo em Angola. O objetivo é aproximar os empresários alemães do mercado angolano.

Ainda antes do encontro, Andreas Wenzel, o secretário geral da SAFRI, sigla em alemão da Iniciativa para a África Austral da Economia Alemã, mostrava-se otimista quanto ao êxito da reunião, pois “Angola oferece uma vasta gama de oportunidades comerciais”, explica.
 
Andreas Wenzel constata que, “mais de dez anos depois do fim de uma sangrenta guerra civil, o país atravessa uma fase de crescimento económico, baseado nas enormes receitas petrolíferas. As infra-estruturas estão a ser recuperadas”.

Face ao atual cenário da economia angolana, “as empresas alemãs poderão aproveitar as oportunidades inerentes, em sectores como os transportes, as telecomunicações, mas também a saúde e a agricultura”, sem esquecer a “energia, um setor vital para o país“, diz Andreas Wenzel.

Personalidades da política angolana no Fórum

A Iniciativa para a África Austral da Economia Alemã (SAFRI) foi fundada em 1996 pela Associação da Indústria Alemã (BDI) e pela Confederação das Câmaras alemãs do Comércio e Indústria.

Andreas Wenzel, o secretário-geral da SAFRI, sabe que em países como Angola, com uma economia controlada pelo Estado e por agentes ligados ao poder, os contactos têm que ser feitos sobretudo a nível político.
 
Por isso, algumas personalidades da vida política deverão participar no encontro: “esperamos a participação de diversos ministros, entre eles o ministro angolano da Economia, assim como a ministra da Saúde e o ministro dos Recursos Energéticos”, detalha Wenzel.

Da parte alemã, continua Wenzel, o “fórum conta com o patrocínio do ministério alemão da Economia, que é representando pelo ex-ministro Michael Glos, atualmente deputado no parlamento federal alemão”.

Angola é muito mais que Luanda

Após o encontro de dois dias, os empresários alemães terão a oportunidade de conhecer algumas das províncias de Angola. O país é vasto e as oportunidades de negócios estendem-se além da capital, Luanda.

“Muitas vezes, os empresários estrangeiros cometem o erro de se concentrarem demasiado na capital e na província de Luanda”, aponta Andreas Wenzel, esquecendo “as grandes oportunidades que as províncias angolanas oferecem. É por isso que vamos visitar o sul do país. Vamos, nomeadamente, às cidades do Lobito e do Lubango”, concretiza o secretário-geral da SAFRI.

Dificuldades do mercado angolano

Andreas Wenzel salienta as oportunidades que o mercado angolano oferece mas alerta também que é “um mercado difícil e complicado”.
 
As dificuldades sentem-se, por exemplo, a nível da administração angolana que ainda “não demonstra a eficácia e a transparência que os empresários alemães desejariam”, diz. Segundo o responsável da SAFRI “a transparência é cada vez mais importante pois, entretanto, também na Alemanha se exige cada vez mais transparência nas empresas, o que internacionalmente se designa de 'compliance'“.

Além disso, Andreas Wenzel reconhece que os empresários alemães sentem muitas vezes dificuldades em dominar a cultura comercial assim como a língua portuguesa.

Visita de Merkel impulsionou relações bilaterias

Uma coisa é certa: Angola deverá ocupar uma posição de destaque para as empresas alemãs. Um marco importante para as relações bilaterais foi a visita da chanceler Angela Merkel, a Luanda, em 2011.

A visita “traduziu-se num incremento das trocas comerciais entre os dois países. Os próprios angolanos também manifestam cada vez mais interesse em cooperar com empresas alemãs”, nota Andreas Wenzel.

Após a viagem de Angela Merkel, a Luanda, ficou acordado que deveria ser constituída uma parceria especial entre Angola e a Alemanha. E para estreitar os laços entre os dois países, a SAFRI redigiu a Folha de Estratégia para Angola, com várias sugestões que serão apresentadas e discutidas no 5º Fórum Económico Alemão-angolano.

Um dos pontos fulcrais da visita, em 2011, foi a planeada venda a Angola de fragatas de guerra, fabricadas num estaleiro alemão. Oficialmente, o material deverá ser utilizado para a patrulha das águas territoriais de Angola.

No entanto, Andreas Wenzel assegura que o tema da venda de material de guerra não deveria dominar as discussões do fórum.
 
Empresários alemães querem maior fatia nos negócios de Angola
 
Na opinião do secretário-geral da SAFRI: “foi muito infeliz o facto dos meios de comunicação terem falado sobretudo desse negócio, por ocasião da visita de Angela Merkel a Angola. É certo que Angola tem interesse em cooperar com a Alemanha na área da segurança militar, mas não nos devemos esquecer que uma grande parte das trocas comerciais entre os dois países nada tem a ver com material militar.

Angola, o 3º principal mercado da Alemanha em África

O volume das trocas comerciais entre a Alemanha e Angola ainda não é muito expressivo. Apesar de estar longe das trocas com países como Portugal, a China ou os Estados Unidos, o comércio germano-angolano aumenta de ano para ano.
 
A Alemanha quer uma fatia maior do bolo angolano: "as trocas comerciais bilaterais, entre Angola e a Alemanha, são atualmente de cerca de 800 milhões de dólares (mais de 615 milhões de euros) por ano. Significa isto que o volume foi multiplicado por 10, nos últimos seis anos”, precisa Andreas Wenzel.

Ainda que, à escala global, esse valor não seja muito significativo, “no contexto africano, Angola está a ganhar importância e já é o terceiro mais importante mercado para as empresas alemãs, depois da África do Sul e da Nigéria”, diz.

Os empresários alemães reconhecem que África é um mercado em que vale a pena investir. África não é apenas um continente para onde se envia ajuda ao desenvolvimento, mas sim um mercado capaz de absorver os produtos industriais e serviços da Alemanha. Por isso, o interesse dos empresários em participar em encontros como este Fórum Económico Angolano-Alemão tem vindo a aumentar a cada ano.
 

ALEMANHA E ANGOLA REFORÇAM RELAÇÕES ECONÓMICAS EM DEBATES CONJUNTOS

 

EL – APN - Lusa
 
Luanda, 04 jun (Lusa) - Alemanha e Angola começam hoje a abordar em Luanda o reforço das relações económicas nos setores da engenharia civil e infraestruturas e na agricultura e energia.
 
O debate, que traz a Luanda pelo menos 45 empresários alemães, faz parte do V Fórum Económico Alemanha-Angola e na agenda figura a discussão das condições gerais para futuros financiamentos e proteção de riscos de investimento em Angola.
 
Para os dois dias de debates está já confirmada a participação dos ministros angolanos da Energia e Águas, João Baptista Borges, da Indústria, Bernarda Gonçalves Martins, da Saúde, José Van-Dúnem, e da Economia, Abrahão Gourgel.
 
Do lado alemão, está confirmada a presença de Michael Gloss, antigo ministro da Economia e Tecnologia entre 2005 e 2009.
 

Presidente angolano exonera comandante provincial de Luanda da Polícia Nacional

 

EL -  APN - Lusa
 
Luanda, 03 mai (Lusa) - O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, exonerou hoje a comandante provincial de Luanda da Polícia Nacional, comissária-chefe Elizabeth Ranque Franque, segundo um comunicado da presidência enviado à agência Lusa.
 
A exoneração da comissária-chefe foi justificada com "conveniência de serviço" e segue-se à morte de três polícias, na madrugada de sábado para domingo, às mãos de desconhecidos, que andam ainda a monte.
 
Os três agentes policiais foram assassinados na noite de sábado para domingo no município de Cacuaco, quando se encontravam na esquadra móvel estacionada no bairro do Paraíso.
 
Desconhecidos aproximaram-se do local e abateram-nos a tiro.
 
Esta mudança na estrutura dirigente da polícia na província de Luanda ocorre ainda na sequência de declarações feitas pela UNITA, principal partido da oposição em Angola, que acusou a polícia de ter morto dois dirigentes seus também na noite de sábado para domingo.
 
A UNITA, que cita, sem identificar, uma testemunha ocular, refere que os seus dois dirigentes foram abatidos por um contingente de 11 agentes da polícia.
 
O partido deverá realizar terça-feira em Luanda uma conferência de imprensa sobre estas duas mortes, disse à Lusa fonte partidária.
 
Entretanto, no decreto presidencial publicado hoje, a comissária-chefe Elizabeth Ranque Franque foi igualmente exonerada do cargo de delegada provincial do Ministério do Interior e nomeada conselheira do comandante geral da Polícia Nacional, Ambrósio de Lemos.
 
Para o lugar de Elizabeth Franque foi nomeado o comissário António Maria Sita, que era o comandante provincial da polícia no Cunene, província onde exercia cumulativamente as funções de delegado do Ministério do Interior, tendo sido promovido ao posto de comissário-chefe.
 

DUAS CABO-VERDIANAS ENTRE OS MELHORES ALUNOS DE BOSTON

 

A Semana (cv)
 
Duas jovens cabo-verdianas estão na lista dos 35 melhores alunos das Escolas Públicas de Boston, no Ano Académico 2012-2013.
 
Elisa Do Souto, do Liceu de Burke High Valedictorian, e Vânia Pereira, do Liceu da Fenway, foram homenageadas junto com outros melhores alunos de outros Liceus de Boston, num almoço que aconteceu no luxuoso Boston Harbor Hotel, oferecido pelo Presidente da Câmara de Boston, Thomas Menino, e a Superintendente das Escolas Públicas de Boston, Carol Johnson.


 
Vânia e Elisa estão entre os dezanove imigrantes que fazem parte da lista dos 35 melhores alunos de Boston.
 
C/Forcv.com
 

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