terça-feira, 25 de outubro de 2011

MENTIR É FÁCIL, É BARATO E DÁ MILHÕES




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA

O primeiro-ministro de Portugal anunciou hoje que o Governo vai aprovar na próxima semana alterações ao estatuto dos gestores públicos e novas regras relativas aos institutos públicos e gabinetes ministeriais que constituem uma "mudança de regime".

Alguém acredita? Quem diz isto é o mesmo que disse: “Estamos disponíveis para soluções positivas, não para penhorar futuro tapando com impostos o que não se corta na despesa”.

Pedro Passos Coelho disse que a intenção do Governo é que os lugares da Administração Pública sejam preenchidos segundo uma escolha "que esteja muito para além da questão da confiança política e que envolva o mérito, independentemente da área partidária" dos candidatos.

Alguém acredita? Quem diz isto é o mesmo que disse: “Aceitarei reduções nas deduções no dia em que o Governo (do PS) anunciar que vai reduzir a carga fiscal às famílias”.

"Até 2013 haverá concursos públicos para prover aqueles lugares em termos diferentes do que aconteceu até hoje. O objectivo é acabar com esta ideia de um Estado paralelo que é construído dentro dos gabinetes dos ministros e dos secretários de Estado e que desqualifica a Administração", impondo que assessores e adjuntos sejam recrutados "na Administração Pública", disse Passos Coelho.

Alguém acredita? Quem diz isto é o mesmo que disse: “Vamos ter de cortar em gorduras e de poupar. O Estado vai ter de fazer austeridade, basta de aplicá-la só aos cidadãos”.

Segundo o primeiro-ministro, é preciso evitar "que cada vez que um Governo é substituído ou uma equipa ministerial é substituída todo o saber, toda a competência saia com os titulares desses lugares" e fazer com que esta permaneça "na Administração para que seja efectivamente do Estado e não do Governo".

Alguém acredita? Quem diz isto é o mesmo que disse: “Ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam. Os que têm mais terão que ajudar os que têm menos. Queremos transferir parte dos sacrifícios que se exigem às famílias e às empresas para o Estado”.

Passos Coelho adiantou que "relativamente às empresas públicas e aos institutos públicos" o Governo vai actuar "reduzindo o número de administradores: onde são sete deverão passar para cinco, senão mesmo para três, onde são cinco deverão passar para três".

Alguém acredita? Quem diz isto é o mesmo que disse: “Para salvaguardar a coesão social prefiro onerar escalões mais elevados de IRS de modo a desonerar a classe média e baixa”.

Quanto a remunerações, o primeiro-ministro disse que, "em todas as áreas que estão protegidas do mercado", estas serão indexadas às "do Presidente da República ou do primeiro-ministro" e que, no caso das "empresas do Estado que estejam em concorrência", será permitido, "durante um tempo a estipular, que os rendimentos médios auferidos possam ser preferidos".

Alguém acredita? Quem diz isto é o mesmo que disse: “Se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal, será canalizado para o consumo e não para o rendimento das pessoas. Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português”.

Segundo Passos Coelho, trata-se de "uma mudança de regime completa relativamente a tudo aquilo que tem sido observado. E a forma como o Estado manterá a sua disposição de se retirar de uma grande parte dos negócios da economia complementa esta visão de que o Estado não existe, na nossa acepção, para ter muitas empresas. O que o Estado deve é regular bem o papel da economia. Essa é a sua função, essa deve ser a regra, as empresas públicas devem ser a excepção, e não o contrário".

Alguém acredita? Quem diz isto é o mesmo que disse: “A ideia que se foi gerando de que o PSD vai aumentar o IVA não tem fundamento. A pior coisa é ter um Governo fraco. Um Governo mais forte imporá menos sacrifícios aos contribuintes e aos cidadãos”.

Ou que disse: “Não aceitaremos chantagens de estabilidade, não aceitamos o clima emocional de que quem não está caladinho não é patriota”.

Ou que disse: “O PSD chumbou o PEC 4 porque tem de se dizer basta: a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte de rendimento”.

Ou que disse: “Já ouvi o primeiro-ministro dizer que o PSD quer acabar com o 13º mês, mas nós nunca falámos disso e é um disparate”.

Ou que disse: “Como é possível manter um governo em que um primeiro-ministro mente?”

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

RAPIDINHAS DO MARTINHO – 54




MARTINHO JÚNIOR, Luanda

PIRATAS DO SÉCULO XXI

Não se deslocam em veleiros pois pessoalmente não é preciso sequer sulcar os mares: muitos outros, se necessário milhares de outros, o fazem por eles…

Não têm pois de enfrentar tempestades, só os requintes dos climatizados salões, por que se tornou tão fácil explorar, no momento aziago, os ventos e as marés…

Não precisam de símbolos aterradores para à primeira vista derrotar as presas, as suas armas psicológicas podem até descer das nuvens, com a inocência alada dos anjos…

Não têm olho de vidro, nem cara de mau, pelo contrário são até, se possível, bem barbeados, imberbes e possuem olhos claros num teatro de transparência, convicção e boas maneiras…

Não possuem perna de pau, apesar de um deles ter assim um andar um pouco esquisito, que anestesia até os mais distraídos…

São pois muito mais bafejados pela sorte, em relação aos antepassados:

Não precisam de escavar covas profundas em ilhas desconhecidas e em lugares secretos, pois os bancos da próxima esquina aguardam solícitos por seus bons ofícios!

Multiplicam por milhões e milhões os pecúlios irrisórios dos seus homólogos do passado, que quantas vezes erravam o alvo ao cair sobre pobres presas, por que sabem melhor que ninguém quem tem o pecúlio, tal como onde e quando é possível fazer os saques!

Mesmo os instrumentos de que se servem para encostar as vítimas às cordas, já não são mais humanos, são máquinas com nervos electrónicos, comandadas à distância por via de sinais inaudíveis e de satélites na estratosfera, para que os crimes sejam mais sofisticados, precisos, perfeitos…

Quando por fim é preciso esfolar vivas as presas, têm mãos limpas. higienizadas, bem tratadas, por que outras mãos são usadas em vez das deles…

Os piratas do século XXI todavia estão hoje mais visíveis que nunca, mesmo que as cortinas de fumo das suas poderosas caixas de ressonância proliferem para os esconder e esconder a verdade!

*Fotografia tirada em Tripoli a 15 de Setembro de 2011: Dois piratas e um papagaio traidor e delator!

O PAPEL GENOCIDA DA OTAN (Segunda parte)




GRANMA - Extraído de Cuba Debate

HÁ algo mais de oito meses, em 21 de fevereiro do presente ano, afirmei com plena convicção: "O plano da OTAN é ocupar a Líbia". Sob essa manchete, tratei do tema pela primeira vez, em uma Reflexão cujo conteúdo parecia ser o fruto da fantasia.

Incluo nestas linhas os elementos de juízo que me levaram a essa conclusão.

"O petróleo se converteu na riqueza principal, nas mãos das grandes multinacionais ianques; através dessa energia dispuseram de um instrumento que acrescentou consideravelmente seu poder político no mundo".

"Alicerçada nessa fonte de energia teve seu desenvolvimento a civilização atual. A Venezuela foi a nação deste hemisfério que maior preço pagou. Os Estados Unidos se tornaram nos donos das enormes jazidas com a que a natureza dotou esse irmão país".

"Ao finalizar a Segunda Guerra Mundial, começou a extrair maiores volumes de petróleo das jazidas do Irã, bem como das da Arábia Saudita, Iraque e os países árabes situados em torno destes países. Estes passaram a ser os fornecedores principais. O consumo mundial foi se elevando até a quantia fabulosa de aproximadamente 80 milhões de barris diários, incluídos os que são extraídos do território dos Estados Unidos, aos que posteriormente se somaram o gás, a energia hidráulica e a nuclear".

"O esbanjamento do petróleo e do gás é associado a uma das maiores tragédias, ainda não resolvido no absoluto, que a humanidade está sofrendo: a mudança climática".

"Em dezembro de 1951, Líbia se converteu no primeiro país africano a atingir a independência, depois da Segunda Guerra Mundial, tendo sido seu território palco de importantes combates entre as tropas alemãs e as do Reino Unido..."

"Mais de 95% do território líbio é desértico. A tecnologia permitiu descobrir importantes jazidas de petróleo leve, de excelente qualidade, que hoje atingem 1,8 milhão de barris diários e abundantes depósitos de gás natural. (...) Seu rigoroso deserto é situado acima de um enorme lago de água fóssil, equivalente a mais de três vezes a superfície de Cuba, questão que lhe permitiu construir uma ampla rede de tubagens condutoras de água doce que se estende pelo país todo".

"A Revolução líbia teve lugar no mês de setembro do ano 1969. Seu líder principal foi Muammar al-Khadafi, militar de origem beduína, quem ainda muito jovem se inspirou nas ideias do líder egípcio Gamal Abdel Nasser. Sem dúvida, muitas de suas decisões estão associadas às mudanças que se produziram na altura em que, tal como no Egito, uma monarquia fraca e corrupta foi derrocada na Líbia".

"Pode-se ou não concordar com Khadafi. O mundo foi invadido por todo o tipo de notícias, empregando, especialmente, a mídia. Será preciso esperar o tempo necessário para conhecermos com rigor, o quanto há de verdade ou mentira. Ou uma mistura de fatos de todo tipo que, em meio do caos, se produziram na Líbia. O que para mim se torna evidente é que ao governo dos Estados Unidos não lhe preocupa minimamente a paz na Líbia e não vacilará na hora de dar à OTAN a ordem de invadir esse rico país, talvez em questão de horas ou em breves dias.

"Aqueles que com pérfidas intenções inventaram a mentira de que Khadafi se dirigia à Venezuela, tal como fizeram na tarde de domingo 20 de fevereiro, receberam hoje uma digna resposta do ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Nicolas Maduro..."

"Da minha parte, não imagino o líder líbio abandonando o país, eludindo as responsabilidades que lhe imputam, sejam ou não falsas em parte ou na totalidade.

"Uma pessoa honesta sempre reagirá contra qualquer injustiça que seja cometida contra qualquer povo do mundo, e o pior disso, neste instante, seria guardar silêncio diante do crime que a OTAN se prepara para cometer contra o povo líbio.

"A chefia dessa organização bélica quer fazê-lo com urgência. É preciso denunciar isso!

Nessa data tão precoce já me tinha dado conta daquilo que era absolutamente óbvio.

Amanhã, terça-feira, 25 de outubro, falará nosso chanceler Bruno Rodríguez na sede das Nações Unidas para denunciar o criminoso bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba. Acompanharemos de perto essa batalha, que porá em evidência, mais uma vez, a necessidade de pôr fim, não só ao bloqueio, mas sim ao sistema que gera a injustiça em nosso planeta, dilapida seus recursos naturais e põe em risco a sobrevivência humana. Prestaremos atenção especial à alegação de Cuba.

Prosseguirá na quarta-feira, 26.

Fidel Castro Ruz - 24 de outubro de 2011 - 17h19

* Ler primeira parte de: O PAPEL GENOCIDA DA OTAN

A CLASSE MÉDIA ALTA E OS SUPÉRFLUOS




ADRIANA SETTI * - DIRETO DA REDAÇÃO, em Espaço Livre

No ano passado, meus pais (profissionais ultra-bem-sucedidos que decidiram reduzir o ritmo em tempo de aproveitar a vida com alegria e saúde) tomaram uma decisão surpreendente para um casal – muito enxuto, diga-se – de mais de 60 anos: alugaram o apartamento em um bairro nobre de São Paulo a um parente, enfiaram algumas peças de roupa na mala e embarcaram para Barcelona, onde meu irmão e eu moramos, para uma espécie de ano sabático.

Aqui na capital catalã, os dois alugaram um apartamento agradabilíssimo no bairro modernista do Eixample (mas com um terço do tamanho e um vigésimo do conforto do de São Paulo), com direito a limpeza de apenas algumas horas, uma vez por semana. Como nunca cozinharam para si mesmos, saíam todos os dias para almoçar e/ou jantar. Com tempo de sobra, devoraram o calendário cultural da cidade: shows, peças de teatro, cinema e ópera quase diariamente. Também viajaram um pouco pela Espanha e a Europa. E tudo isso, muitas vezes, na companhia de filhos, genro, nora e amigos, a quem proporcionaram incontáveis jantares regados a vinhos.

Com o passar de alguns meses, meus pais fizeram uma constatação que beirava o inacreditável: estavam gastando muito menos mensalmente para viver aqui do que gastavam no Brasil. Sendo que em São Paulo saíam para comer fora ou para algum programa cultural só de vez em quando (por causa do trânsito, dos problemas de segurança, etc), moravam em apartamento próprio e quase nunca viajavam.

Milagre? Não. O que acontece é que, ao contrário do que fazem a maioria dos pais, eles resolveram experimentar o modelo de vida dos filhos em benefício próprio. “Quero uma vida mais simples como a sua”, me disse um dia a minha mãe. Isso, nesse caso, significou deixar de lado o altíssimo padrão de vida de classe média alta paulistana para adotar, como “estagiários”, o padrão de vida – mais austero e justo – da classe média europeia, da qual eu e meu irmão fazemos parte hoje em dia (eu há dez anos e ele, quatro). O dinheiro que “sobrou” aplicaram em coisas prazerosas e gratificantes.

Do outro lado do Atlântico, a coisa é bem diferente. A classe média europeia não está acostumada com a moleza. Toda pessoa normal que se preze esfria a barriga no tanque e a esquenta no fogão, caminha até a padaria para comprar o seu próprio pão e enche o tanque de gasolina com as próprias mãos. É o preço que se paga por conviver com algo totalmente desconhecido no nosso país: a ausência do absurdo abismo social e, portanto, da mão de obra barata e disponível para qualquer necessidade do dia a dia.

Traduzindo essa teoria na experiência vivida por meus pais, eles reaprenderam (uma vez que nenhum deles vem de família rica, muito pelo contrário) a dar uma limpada na casa nos intervalos do dia da faxina, a usar o transporte público e as próprias pernas, a lavar a própria roupa, a não ter carro (e manobrista, e garagem, e seguro), enfim, a levar uma vida mais “sustentável”. Não doeu nada.

Uma vez de volta ao Brasil, eles simplificaram a estrutura que os cercava, cortaram uma lista enorme de itens supérfluos, reduziram assim os custos fixos e, mais leves, tornaram-se mais portáteis (este ano, por exemplo, passaram mais três meses por aqui, num apê ainda mais simples).

Por que estou contando isso a vocês? Porque o resultado desse experimento quase científico feito pelos pais é a prova concreta de uma teoria que defendo em muitas conversas com amigos brasileiros: o nababesco padrão de vida almejado por parte da classe média alta brasileira (que um europeu relutaria em adotar até por uma questão de princípios) acaba gerando stress, amarras e muita complicação como efeitos colaterais. E isso sem falar na questão moral e social da coisa.

Babás, empregadas, carro extra em São Paulo para o dia do rodízio (essa é de lascar!), casa na praia, móveis caríssimos e roupas de marca podem ser o sonho de qualquer um, claro (não é o meu, mas quem sou eu para discutir?). Só que, mesmo em quem se delicia com essas coisas, a obrigação auto-imposta de manter tudo isso – e administrar essa estrutura que acaba se tornando cada vez maior e complexa – acaba fazendo com que o conforto se transforme em escravidão sem que a “vítima” se dê conta disso. E tem muita gente que aceita qualquer contingência num emprego malfadado, apenas para não perder as mordomias da vida.

Alguns amigos paulistanos não se conformam com a quantidade de viagens que faço por ano (no último ano foram quatro meses – graças também, é claro, à minha vida de freelancer). “Você está milionária?”, me perguntam eles, que têm sofás (em L, óbvio) comprados na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, TV LED último modelo e o carro do ano (enquanto mal têm tempo de usufruir tudo isso, de tanto que ralam para manter o padrão).

É muito mais simples do que parece. Limpo o meu próprio banheiro, não estou nem aí para roupas de marca e tenho algumas manchas no meu sofá baratex. Antes isso do que a escravidão de um padrão de vida que não traz felicidade. Ou, pelo menos, não a minha. Essa foi a maior lição que aprendi com os europeus — que viajam mais do que ninguém, são mestres na arte do savoir vivre e sabem muito bem como pilotar um fogão e uma vassoura.

PS: Não estou pregando a morte das empregadas domésticas – que precisam do emprego no Brasil –, a queima dos sofás em L e nem achando que o “modelo frugal europeu” funciona para todo mundo como receita de felicidade. Antes que alguém me acuse de tomar o comportamento de uma parcela da classe média alta paulistana como uma generalização sobre a sociedade brasileira, digo logo que, sim, esse texto se aplica ao pé da letra para um público bem específico. Também entendo perfeitamente que a vida não é tão “boa” para todos no Brasil, e que o “problema” que levanto aqui pode até soar ridículo para alguns – por ser menor. Minha intenção, com esse texto, é apenas tentar mostrar que a vida sempre pode ser menos complicada e mais racional do que imaginam as elites mal-acostumadas no Brasil.

*Contribuição de Adriana Setti, jornalista e blogueira, residente em Barcelona. Do blog Achados.

JUSTIÇA BRASILEIRA ABRE PROCESSO PARA INVESTIGAR MINISTRO DO DESPORTO



RTP

O Supremo Tribunal Federal brasileiro abriu hoje um inquérito para investigar as denúncias de corrupção contra o ministro do Desporto Orlando Silva.

O pedido tinha sido encaminhado para aquele órgão judicial na semana passada, pelo Ministério Público Federal, e foi aceite hoje, pela ministra Cármen Lúcia.

O ex-ministro do Desporto e atual governador de Brasília, Agnello Queiroz, também será investigado.

O esquema de corrupção, no qual o atual ministro do Desporto é acusado de ser, alegadamente, um dos envolvidos, ocorreu entre 2005 e 2006, quando Queiroz ainda era o chefe da pasta. Na altura, Orlando Silva ocupava o cargo de secretário-executivo.

A fraude da qual Orlando Silva é acusado de ter sido um dos beneficiários não é nova. As irregularidades foram descobertas e investigadas noutros momentos, e culminaram na prisão de alguns dos envolvidos, em 2009.

A novidade agora seria o suposto envolvimento de Orlando Silva no caso. As denúncias aconteceram há uma semana, após a delação do ex-polícia militar João Dias Ferreira, ele próprio um dos acusados de integrar o grupo que cometia os desvios de dinheiro do ministério.

O atual ministro do Desporto, Orlando Silva, nega as acusações. Na semana passada, o ministro prestou esclarecimentos sobre o caso na Câmara dos Deputados e do Senado.

Na última sexta-feira, fez o mesmo numa reunião à porta fechada com a Presidente Dilma Rousseff, que optou - pelo menos temporariamente - por mantê-lo no cargo.

O ministro irá ainda hoje à Câmara dos Deputados para tratar da Lei Geral da Copa, relativa às normas que o país precisa de estabelecer sobre a promoção do Mundial de Futebol de 2014 a realizar no Brasil.

Livro: O POMO DE OURO





Chegou o livro mais polêmico e revelador dos últimos tempos!

O POMO DE OURO

Sinopse: Henrique foi instruído nos mistérios da Maçonaria desde criança e tornou-se um bom Mestre Maçom. Entretanto, por ocasião dos atentados ao World Trade Center, no dia 11 de setembro de 2001, Henrique descobriu coisas tão perturbadoras que fizeram ele se afastar da Maçonaria e isolar-se do mundo, até que sua amiga Eva Cristina foi procurá-lo para ajudá-la a decifrar um código que o pai dela havia deixado numa carta antes de falecer em suas explorações arqueológicas. A partir daí, Henrique se vê obrigado a usar de seus conhecimentos secretos da Maçonaria para ajudar Eva a encontrar e devolver a quem de direito um objeto do qual depende o futuro da humanidade: o pomo de ouro.

Com uma narrativa dinâmica e envolvente para uma trama repleta de mistério, aventura e reviravoltas, o leitor é apresentado a uma série de contradições envolvendo os atentados de 11 de setembro, se torna conhecedor das mentiras da Igreja Católica e dos mais finos mistérios da Maçonaria, além da interpretação contundente de um conjunto de profecias que parece estar se concretizando a todo o momento em nosso tempo.

É a leitura mais rica e mais polêmica dos últimos tempos. Um livro único e imperdível!

TODOS PODEM LER 20 CAPÍTULOS DO LIVRO GRATUITAMENTE NO BLOG “O POMO DE OURO

PRIVILÉGIOS VITALÍCIOS




Pedro Santos Guerreiro – Jornal de Negócios, opinião

Criticar as subvenções dos políticos, os seus subsídios e privilégios vitalícios é fácil, é populista, é até arrebatador. Pois é. Mas é também necessário. O sol, quando se põe, é para todos. Incluindo para os que sempre andaram na penumbra.

Criticar as subvenções dos políticos, os seus subsídios e privilégios vitalícios é fácil, é populista, é até arrebatador. Pois é. Mas é também necessário. O sol, quando se põe, é para todos. Incluindo para os que sempre andaram na penumbra.

Esqueça os cromos que têm saído nos jornais. Se A merece, se B desmerece, se o que C ganha lhe cabe na cova de um dente, se D devia era andar a calcetar ruas, se E e F não têm vergonha na cara por receber dinheiro de um Estado a quem deixaram bancos geridos como borboletas sem asas. A questão não é individual, é colectiva. São os políticos que estão a matar a política - e quando mais precisamos dela.

Os deputados são legisladores. Há um ror de anos, legislaram sobre si próprios que mereciam uma subvenção vitalícia ao fim de oito anos no Parlamento. Mais tarde, nos anos 90, Fernando Nogueira no PSD e Cavaco Silva no Governo puseram um pouco de tento naquelas línguas e subiram a fasquia para os 12 anos. Até que veio José Sócrates e acabou com a desfaçatez. Com essa e com outra: os subsídios de reintegração.

Apesar da bem-vinda limpeza de Sócrates, há centenas de antigos deputados a quem pagamos subvenções até que a morte nos separe. Que percam 14% dos seus "direitos adquiridos" é o mínimo de decência de um sistema que impõe o mesmo aos outros. Aos funcionários públicos. Aos pensionistas. Até por isto: os deputados não merecem. Não há instituição que se tenha denegrido mais nos últimos vinte anos do que a Assembleia da República.

É entristecedor ver como os recuos e as recusas se dão ao ritmo das notícias de jornais. A política está a reboque das notícias. Os ministros abdicam de subsídios não por imperativo moral mas porque foram "apanhados". É ridículo. Mas é esta a têmpera.

O problema destas redes de arrastão é que apanham todos da mesma maneira. Um antigo Presidente da República deve ter subvenção. Um ministro deve ter condições para não trabalhar com prejuízo financeiro para a sua família. Não é só pelos familiares: é pelos governados. Como dizem os ingleses, enquanto pagarmos amendoins, teremos macacos.

Mas voltemos ao sistema político. É preciso desmantelá-lo. Criou-se uma rede ao longo de décadas de políticos que vivem mais do Estado que para ele. A cada eleição há um corrupio larvar de favores e de cobranças. Esta é uma oportunidade única para o enfrentar. E para tornar o sistema mais transparente. Se conhecemos ao cêntimo o salário de cada administrador de empresa privada cotada em Bolsa, não devemos saber as subvenções públicas que pagamos a políticos?

Passos Coelho tem condições únicas para fazê-lo, pelo momento do País e porque já comprou guerras com o o PSD quando não fez do Governo uma equipa caseira do seu partido. Mais: o primeiro-ministro tem a autoridade moral de quem abdicou, ainda cidadão quase anónimo, a uma subvenção. Que aproveite essas condições para desarmadilhar a asfixia partidária que submerge o País.

Um exemplo: a reforma administrativa. Acabar com os Governos Civis é importante mas irrelevante. Fundir juntas de freguesia é corajoso mas poupa pouco. É nas câmaras, e nas empresas municipais que percorrem uma órbita silenciosa à sua volta, que há trabalho a fazer. Por que não se fundem câmaras? No Alentejo, onde há vazios administrativos? No Algarve, Loulé com Faro? No Norte, Porto e Gaia (e já agora Matosinhos e Maia)? Porque não se fala nisso?

O sistema político está como a carne, é fraco. Mas está a impor sacrifícios aos portugueses que não quer para si. Isso não é apenas injusto, é perigoso. Se Passos Coelho receia pela coesão nacional não lhe basta poupar nas suas viagens em classe turística. Liderar é dar o exemplo - mas é também enfrentar os poderes mais próximos. Tão próximos como aqueles que o elegeram no seu partido. Passos já não é presidente do PSD, é primeiro-ministro de Portugal.

… E DIZ O WE HAVE KAOS IN THE GARDEN – inserido na imagem acima

Há noticias que nos causam asco por certo tipo de gente, mas também não nos surpreendem porque, na verdade, já sabíamos que com aquela gente há sempre mais um subsidio ou pensão ou subvenção que recebem. Esta de que são cerca de 400 antigos políticos recebem subvenções vitalícias. Entre ele, estão muitos gestores que acumulam a pensão com o actual vencimento como é o caso de Carlos Melancia – 9150 Euros, Jorge Coelho – 2400, Zita Seabra – 3000, Ferreira do Amaral – 3000, Armando Vara – 2000, – Duarte Lima 2200, Ângelo Correia – 2200 e até Dias Loureiro – 1700 euros. Deve ser para colocar na nova conta do BPN enquanto se passeia na sua fazenda em Cabo Verde.

Numa altura em que estão a cortas subsídios e salários a tanta gente, criando pânico, desespero e miséria a tantos milhões de portugueses, há tanta gente continua a usufruir de todas as regalias e mordomias. Muitos deles o que ainda vêm dizer que todos temos de fazer sacrifícios porque temos andado a viver acima das nossas possibilidades.


Portugal – Passos Coelho: "SÓ VAMOS SAIR DESTA SITUAÇÃO EMPOBRECENDO"




Eva Gaspar – Jornalde Negócios

Passos Coelho advertiu hoje para a inevitabilidade de no sector público, mas também no privado, se terem de cortar custos, o que significará salários e níveis de vida mais baixos. Optar por aumentar impostos, em vez de cortar despesa com salários, poderia ter sido fatal para Portugal, disse.

O primeiro-ministro admitiu abertamente esta manhã que Portugal só vai conseguir ultrapassar a crise em que mergulhou mediante uma redução de custos, para permitir reduzir a dívida pública mas também a privada, que levará a um empobrecimento “relativo e até absoluto” da sociedade portuguesa.

Falando numa conferência organizada pelo “Diário Económico”, Pedro Passos Coelho advertiu que “só vamos sair desta situação empobrecendo em termos relativos e mesmo em termos absolutos, porque o PIB está a cair”.

O primeiro-ministro insistiu, porém, que essa é uma etapa inevitável para que o país possa ser relançado numa trajectória de crescimento económico.

“Estamos a fazer isso para relançar o crescimento e não para ficar no ‘buraco do orçamento’. O que estamos a fazer é para sair da recessão, não é para agravar a recessão”.

Passos Coelho assegurava que esse é o objectivo último do Governo depois de terem explicado as três razões que levaram o Executivo a optar por cortar salários e subsídios no sector público, em vez que agravar a fiscalidade sobre todos os portugueses.

Em vésperas da reunião do Conselho de Estado, que Cavaco Silva convocou para esta tarde, e num recado implícito ao Presidente da República, o primeiro-ministro admitiu que havia "tecnicamente" outras alternativas, mas que não eram "credíveis" nem "desejáveis".

"Nós não temos nenhum prazer em penalizar seja quem for" e "podíamos ter aumentando os impostos para todos". Mas, acrescentou, isso era aumentar a receita e não cortar a despesa, e seria externamente visto como o caminho errado. "Podíamos ver o nosso programa de ajuda financeira morrer em Novembro", disse.

O primeiro-ministro advertiu ainda que subir a carga fiscal para todos significaria "sobrecarregar" a parte privada da economia de onde se espera venha a retoma. Além do mais, disse, também o sector privado vai ser forçado a fazer ajustamentos e reduzir custos. "Muitas pessoas que trabalham nestas empresas sabem vão perder o emprego. Não podemos ser cínicos nesta matéria".

EM PORTUGAL TUDO É… COLOSSAL




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA

O presidente do Sindicato dos Jornalistas, Alfredo Maia, considera que a privatização de um canal da RTP "é um erro colossal" porque representa a "amputação do serviço público de televisão" e "prejudica" os cidadãos.

Mais do que discutir o inevitável, as violações à lei, o quero posso e mando que caracteriza este, tal como o anterior, governo, prefiro falar daquela de Jornalismo, ou seja, da profissão que está em vias de extinção, sem que isso preocupe (antes pelo contrário) os donos do reino.

Todos este jornalistas, como sempre foi, é e será desejo dos diferentes poderes existentes em Portugal, sobretudo os políticos e os económicos, estão agora (os que ainda a têm) a pensar com a barriga.

Apesar de serem de Maio de 2009, não me esqueço que o Carlos Narciso (um dos mais probos jornalistas de língua portuguesa) dizia que não ia à feira do livro “porque o subsídio de desemprego é manifestamente curto para dar de comer à família e ainda conseguir comprar livros”.

Já em Fevereiro de 2006, o Carlos Narciso dizia em entrevista ao Notícias Lusófonas: “O mercado de trabalho está cada vez mais pequeno, mesmo se, eventualmente, hoje temos mais títulos de imprensa, mais canais de rádio e de televisão que há 20 anos atrás. A verdade é que há cada vez menos patrões… e o aproveitamento das chamadas sinergias de grupo tem vindo a atirar jornalistas para o desemprego”.

E acrescentava que “o que tenho observado, com bastante estranheza, é que os jornalistas têm estado silenciosos” (...) silêncio que “pode, de facto, revelar a cobardia que reina entre os jornalistas, o medo de perder o emprego caso revelem opiniões contrárias às do patrão”.

Carlos Narciso, considerado pelo Notícias Lusófonas (opinião que subscrevo) como “um excelente Jornalista, dos mais conhecidos e respeitados em todo o espaço lusófono”, dizia também que “há uma ideia romantizada do que é jornalismo e, nessa ideia, não entram conferências de imprensa enfadonhas, passar meses e anos a escrever pequenas notícias, a frustração de ver oportunidades passar ao lado, a mediocridade premiada, enfim, o dia-a-dia de muitas redacções”.

Também em Maio de 2009, Alfredo Maia salientava que ainda que a liberdade de imprensa esteja, "do ponto de vista formal, assegurada", há "problemas graves" no jornalismo português.

Há? Quem diria. Ouvir o presidente de um sindicato dizer que o que se passa nas ocidentais praias lusitanas a norte, embora cada vez mais a sul, de Marrocos, é apenas “grave”, é como querer tapar o Sol com uma peneira... não tendo sequer peneira.

Alfredo Maia salientava então, e o discurso continua com uma colossal actualidade, que a "ameaça de desemprego" que paira sobre alguns conjuntos de profissionais e a "precariedade", que atinge "novos e antigos profissionais", são os principais desafios à "autonomia" da imprensa hoje em dia.

Compreendo que como jornalista assalariado e, portanto, igualmente sujeito à ameaça de desemprego, o Alfredo Maia não possa dizer mais. Fica, contudo, um travo amargo porque de um presidente de um sindicato esperava mais. Muito mais.

Já para o então sub-director do jornal Público, a falta de liberdade de expressão passa, no Ocidente, muito mais, por um "tipo de controlo de opinião, que é feito de uma forma muito mais subliminar".

Segundo Amílcar Correia, esse controlo acontecia (acontece) sob a forma de "condicionamento económico dos órgãos de informação", pela "pressão de fontes" e anunciantes, que "num cenário de alguma crise nos media", podem conseguir ter "alguma influência no editorial das respectivas publicações".

Os leitores aqui do Alto Hama certamente que se lembram de já ter lido algo semelhante. E de o ter lido desde há muito tempo e por várias vezes.

Sobre os eventuais excessos derivados da "falta de sensatez e de bom senso" dos jornalistas, Amílcar Correia entende que "a ausência da liberdade de expressão é sempre pior", portanto, "é preferível o excesso de liberdade de imprensa à total ausência de liberdade de expressão".

Aliás, todos sabem que, no reino lusitano, não faltam exemplos de casos onde os jornalistas são “voluntariamente obrigados” a pensar com a barriga.

"Só com jornalistas usando plenamente os seus direitos e garantias existe jornalismo verdadeiramente livre e responsável", destacava Alfredo Maia, certamente pensando nas centenas de jornalistas que nos últimos anos foram obrigados a ir para o desemprego.

Tudo, é claro, a bem de uma nação que acaba de instituir a escravatura como forma de, dizem eles, evitar a falência.

*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Portugal: Líder da CGTP-IN acusa ministro da Economia de tentar enganar o povo



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O secretário-geral da CGTP-IN considerou hoje que a ideia do ministro da Economia de criar um gestor da carreira do desempregado destina-se apenas a “enganar o povo”, dizendo que essa figura não terá qualquer eficácia.

As declarações de Carvalho da Silva foram proferidas no final de uma reunião com o secretário-geral do PS, António José Seguro, depois de ter sido confrontado com afirmações do ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, segundo as quais o executivo pretende criar a figura do gestor da carreira do desempregado.

“Tudo isso são afirmações para entretenimento do povo, sem qualquer eficácia, porque o necessário era um serviço de emprego que se voltasse para o apoio efectivo aos desempregados. Jogar com figuras dessas é entreter quando ao mesmo tempo de destrói emprego e até se diminui as capacidades dos organismos públicos com responsabilidade de acompanhamento do desemprego, caso do Instituto de Emprego e de Formação Profissional”, respondeu.

Perante a insistência dos jornalistas sobre o alcance da ideia transmitida pelo membro do Governo na Assembleia da República, o secretário-geral da CGTP-IN deu a seguinte resposta: “Isso é enganar o povo, não tem mais nada”. “Além do mais, não era esperada outra coisa do ministro da Economia a que temos direito”, acrescentou.

Fonte: DN / Lusa – Foto DR

Guiné-Bissau: Ban Ki-moon aplaude “reformas corajosas” e pede apoio internacional




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O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, aplaude os esforços das autoridades da Guiné-Bissau na reforma “corajosa” do Estado e do aparelho de Defesa e Segurança, e apela à manutenção do apoio internacional ao país.

“Enquanto as autoridades nacionais lutam por manter o rumo destas reformas corajosas, apelo aos parceiros nacionais e internacionais da Guiné-Bissau para que continuem a dar o seu apoio e a disponibilizar os recursos financeiros e materiais necessários”, refere o secretário-geral da ONU no seu último relatório sobre o país.

No relatório a que a Lusa teve acesso, Ban Ki-moon apela em particular ao cumprimento das promessas de financiamento do programa de reforma do aparelho de Segurança e Defesa, considerado essencial para a estabilização do país, dado o peso dos militares na vida guineense.

Sublinha ainda os passos dados pelas autoridades para finalizar a desmobilização e reintegração de militares e polícias destinados à reforma.

Um “sinal da disponibilidade do país para rapidamente pôr em marcha o processo de implementação da reforma da Defesa e Segurança”, refere, é uma contribuição de 200 mil dólares para o fundo que vai financiar o processo, a par da promessa de aumentar a contribuição até final de 2011.

Também a inauguração da primeira “esquadra modelo” da polícia guineense, com apoio da ONU, é “outra demonstração concreta de vontade nacional de acelerar a restauração da autoridade do Estado e restabelecer condições de segurança adequadas para a população”, adianta Ban Ki-moon.

O secretário-geral da ONU deixa ainda aplausos à implementação das reformas das finanças e administração pública nos últimos três anos, que estão a “ter resultados tangíveis”, em particular a capacidade de o Governo depender cada vez mais em recursos domésticos para pagar salários e investir no desenvolvimento e prestação de serviços sociais.

“Apelo ao Governo para perseverar e consolidar estes ganhos, enquanto se começa a focar noutros grandes desafios ligados a reformas nos setores de Defesa e Segurança e a esforços para criar um ambiente fomentador do desenvolvimento do setor privado”, adianta Ban Ki-moon.

Salienta também a conclusão da nova estratégia das autoridades para redução da pobreza no país, e sublinha a necessidade da realização de uma mesa redonda de doadores para assegurar o necessário financiamento.

Para o secretário-geral da ONU, a Conferência Nacional para a Paz na Guiné-Bissau é “uma oportunidade histórica e na hora certa para os guineenses virarem a página e entrarem num processo irreversível que deixe para trás a morte, destruição e divisões do passado e abra caminho a um futuro mais auspicioso”.

“É altura de focar no que une, não no que divide as pessoas e a sua sociedade, porque só trabalhando juntos os guineenses vão alcançar a estabilidade a longo prazo, que é indispensável para o desenvolvimento sustentável e para a melhoria urgente das condições de vida da população”, adianta.

Sobre o tráfico internacional de droga, Ban Ki-moon defende que as autoridades nacionais devem aumentar os seus esforços.

Deixa ainda um apelo à comunidade internacional para que apoie o Governo de Bissau, particularmente em termos logísticos.

Fonte: Sapo Notícias / Lusa – Foto em Lusa

Angola: Novo aeroporto internacional de Luanda concluído daqui a dois anos – ministro




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O novo aeroporto de Luanda, a 40 quilómetros da cidade e com uma capacidade anual para 15 milhões de passageiros e 600 mil toneladas de carga, ficará concluído dentro de 26 meses, anunciou o ministro dos transportes angolano.

Augusto Tomás, que falava no sábado no final da visita do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, às obras de construção do novo aeroporto, adiantou que em finais de agosto de 2012 é inaugurada a primeira fase, que inclui o edifício da administração aeronáutica, o terminal VIP, a área dos bombeiros, a zona de voos norte, o edifício do terminal principal e a torre de controlo.

Localizado a 40 quilómetros de Luanda, numa área de 1.324 hectares, o aeroporto terá duas pistas duplas e permitirá a aterragem do maior avião comercial do mundo, o Airbus A380.

A pista norte do aeroporto terá 4.200 metros de comprimento e 60 de largura, enquanto a sul terá 3.800 de comprimento e 75 de largura, acrescentou o ministro, citado pela agência angolana Angop.

Nos terminais haverá 31 mangas, 20 para voos internacionais e 11 para voos domésticos. A área da placa de estacionamento dos aviões vai ter 582 mil metros quadrados e a área para manobra dos aviões 5.125 metros quadrados.

A construção do novo aeroporto internacional foi decidida em 2008 para responder ao crescimento do país e porque o Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, o maior do país, já não respondia à procura.

O atual aeroporto internacional de Luanda tem um movimento superior a um milhão de passageiros por ano e nele operam regularmente 14 companhias aéreas.

Augusto Tomás afirmou no sábado que a obra decorre a bom ritmo e os prazos estabelecidos serão respeitados. O ministro acrescentou que “um dos objetivos é transformar o novo aeroporto numa grande placa giratória na África Austral, por estar bem localizado e ser o maior aeroporto da região e do continente”.

A empresa chinesa CIF Aeroporto Construction está atualmente a erguer os terminais, as bases para construção da torre de controlo e a realizar os trabalhos de compactação das duas pistas norte e sul.

Já na última terça-feira, no discurso do estado da Nação, o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, já havia anunciado para agosto próximo a conclusão da “primeira fase do novo aeroporto internacional, em Luanda”, com “capacidade para 15 milhões de passageiros por ano”.

Fonte: Sapo Notícias / Lusa

Angola: Parlamento deve aprovar hoje na generalidade pacote legislativo eleitoral





A Assembleia Nacional de Angola deverá apreciar e aprovar, hoje, na generalidade, o pacote legislativo eleitoral.

Deste pacote legislativo fazem parte os projetos de Lei de revisão da Lei Orgânica sobre as Eleições Gerais, o de revisão da lei do Registo Eleitoral e o de revisão da Lei de Observação Eleitoral.

O Parlamento angolano já tinha aprovado, em agosto passado, o projeto de resolução do pacote legislativo eleitoral, com 157 votos a favor, nenhum contra e as abstenções da FNLA e do PRS.

Mas a sessão na qual foi aprovado o projeto de resolução – as linhas mestras para a discussão na especialidade dos diplomas legislativos eleitorais – ficou marcada pelo abandono da sala do maior partido da oposição angolana, a UNITA.

Na declaração política feita na altura, o líder da bancada parlamentar da UNITA, Gabriel Samy, justificou a atitude do grupo com o facto de o relatório parecer sobre a resolução fazer menção não ao pacote legislativo eleitoral, mas à denominação dada pelas propostas do MPLA, o que indiciava “claramente” a vontade deste partido em “desrespeitar as normas constitucionais”.

A UNITA disse ainda que o projeto pecava por não incluir “os princípios estruturantes concretizadores da organização de processos eleitorais”.

O MPLA, na apresentação do projeto de resolução do pacote legislativo referiu que este tinha como principal objetivo proceder ao ajustamento, “com urgência”, da legislação eleitoral à recente Constituição de Angola, aprovada no princípio deste ano.

Segundo o MPLA, no referido documento tinham sido adotados os consensos a que chegaram todos os grupos parlamentares.

Fonte: Sapo Notícias / Lusa – Foto DR

TUNÍSIA: A VERTIGEM DO POSSÍVEL





Ditador derrubado, revolução finita? Na Tunísia, no momento em que mais de cem partidos, majoritariamente desconhecidos, buscam um lugar na Assembleia Constituinte que sairá das urnas em 23 de outubro, tudo parece possível, tudo aberto. A assembleia eleita terá legitimidade democrática impecável. Voto proporcional e paritário (embora 95% dos que encabeçam as listas de candidatos concorrentes sejam homens); regulamentação rigorosa dos gastos de campanha, sondagens e propaganda política. Representativa, a Constituinte será também soberana. Ela determinará o equilíbrio dos poderes, a forma do regime (presidencialista ou parlamentarista), o lugar da religião nas instituições nacionais e mesmo, se desejar, o papel do Estado na economia. Alegria e vertigem da página branca; esperança de uma democracia árabe e muçulmana: “Se ela não se instalar aqui, não será em nenhum outro lugar”, diz um militante do Polo Democrático Modernista (PDM), muito confiante na possibilidade de o país manter o papel de pioneiro na região.

Em 23 de outubro, as mesas de votação serão muitas, ou muito grandes. O eleitor será chamado a escolher entre 63 listas de candidados, das quais mais da metede proclamam-se independentes dos partidos (ler, no Le Monde Diplomatique francês « Scrutin, mode d’emploi »). Como se localizar, se a profissão de fé da maior parte deles repete ao infinito as mesmas palavras: “identidade árabe-muçulmana”, “economia social de mercado”, “desenvolvimento regional”, “Estado orientador”?

“O ponteiro da revolução indica o centro-esquerda”, afirma de todo modo Nicolas Dot-Pouillard, do International Crisis Group, que publicou diversos relatórios sobre a Tunísia (1). Caciques decaídos do partido único de Zine Ben Ali (a Reunião Constitucional Democrática, RCD), como Kamel Morjane, qualificam-se como de centro. Também o fazem seus antigos adversários do Partido Democrático Progressista (PDP), reunidos sob liderança de Nejib Chebbi. Mas nós também somos centristas, parecem replicar os islamitas do En Nahda (“Renascimento”), bem como seus principais oponentes laicos, os ex-comunistas do Ettajdid (“Renovação”), que se qualificam mais precisamente como “centro-esquerda”. Mesmo o Partido do Trabalho Tunisiano (PTT), fundado pelos dirigentes da União Geral Tunisina do Trabalho (UGTT), situa-se nesta faixa, ainda que a entidade tenha jogado papel central na revolta. Parece confuso? Certamente é. A herança do Ben Ali pesa: seu RCD era liberal na economia, policial na política e membro da Internacional Socialista.

Pelo menos, a identidade política dos grandes partidos é um pouco conhecida — enquanto a posição de seus dirigentes parece flutuar (2). É difícil dizer o mesmo sobre a nebulosa União Patriótica Livre (UPL), fundada em junho último por Slim Riahi um homem de negócios instalado em Londres, e que fez fortuna na Líbia. Contrário à limitação dos gastos de campanha, que vê como uma manobra destinada a impedir a emergência de novas forças, entre as quais a sua, Riahi indicou como porta-voz um diplomado em Administração pela Universidade Paris-I e presidente de um grupo empresarial. Este personagem acaba de apresentar o programa do partido: “Nosso modelo de desenvolvimento baseia-se na participação popular, na economia de mercado com mais equidade social, na dignidade e emprego para todos e no desenvolvimento regional”. A UPL zelará, ele assegura, “pela manutenção da identidade árabe-muçulmana do país”, sem esquecer sua “identificação com os valores universais” (3).

Imagina-se que, após entrar em contato com compromissos tão precisos, os eleitores saberão o que lhes resta fazer. À falta disso, a presença do ex-jogador de futebol Chokri El-Ouaer, como encabeçador da lista da UPL na região de Tunis deverá atrair votos. A UPL é apenas um dos diversos avatares destes agrupamentos criados a partir de peças díspares, para tentar morder os frutos de uma democracia que não lhes deve nada. Ninguém pode excluir a hipótese de que no dia seguinte às eleições, ou em um ano, ao término provável dos trabalhos da Constituinte, alguns dos que não participaram da luta contra o antigo regime ressurjam em primeiro plano. Bastará explicar — eles já procuram fazê-lo — que a desordem precisa ter fim, para dar lugar ao trabalho, já que tudo mudou o bastante, após a queda do tirano. A revolução francesa de fevereiro de 1848 é associada ao nome de Alphonse de Lamartine. Dez meses após a proclamação da república, o escritor e antigo ministro dos Assuntos Estrangeiros apresentou-se à eleição presidencial e obteve apenas 21.032 votos. Charles Louis Napoléon Bonaparte, candidato dos monarquistas e do partido da ordem chegou aos 5.587.759…

Rumores de um “governo na sombra”

Dirigente do Partido Comunista dos Operários da Tunisia (PCOT), Hamma Hammami não exclui uma restauração desse tipo. Porém, enquanto as redes sociais murmuram rumores sobre um “governo da sombra”, onde o empresariado ligado ao antigo regime manejaria os cordéis, ele não para de repetir que “a revolução deve continuar”. Em 9 de setembro, em Lassouda, uma pequena comunidade agricola situada a oito kilometros de Sidi Bouzid, lá onde em dezembro de 2010 o pavio da revolta árabe se acendeu, ele explicava: “A riqueza tunisiana foi confiscada por ladrões. Agora, a gente pode se expressar, mas a vida cotidiana não mudou. A revolução deve continuar, para garantir o bem-estar da maioria da população. Alguns têm meios para viajar à America, outros não têm nem o suficiente para uma caixa de aspirina. Resolver o problema da água não custaria 1% do dinheiro roubado por Ben Ali.”

Sobre esse problema da água, um fazendeiro definiu, pouco antes: “Desde 1956 [data da independencia], não obtivemos nada dos governantes — nem água potável, nem infra-estrutura. Lançaram “estudos” sem promover os investimentos. Inauguraram projetos que nunca vieram.” De fato, 7 mil habitantes da região de Sidi Bouzid dependem de um conduíte precário de água ao longo da estrada, que não cessa de quebrar ou estourar. A escavação prometida de um poço foi interrompida e sua borda cimentada, logo que as autoridades perceberam que precisariam perfurar as rochas para chegar um tecido de água doce.

A efervescencia eleitoral abriu uma oportunidade para que os moradores revindiquem os créditos de desenvolvimento, uma escola secundaria, uma clínica e estradas em bom estado. Rica em produtos agrícolas (azeitona, pistache, amêndoas), a região é habitada por uma população pobre. Alguns fazendeiros ainda moram em miseraveis casas de tijolos, dormindo no chão, em cima de colchões de espuma com 3 centimentros de espessura. As belas vilas de La Marsa e os palácios de Cartago parecem bem distante dessa realidade. Uma cédula eleitoral para eleger um Assembleia Constituinte permetirá punir os dirigentes corruptos do antigo regime, desmantelar seu obeso aparelhamento policial, frear a crescente onda de desemprego, por em marcha a “descriminação territorial positiva”, recomendada por Moncef Marzouki, militante dos direitos humanos e presidente do Congresso Para Republica (CPR)?

Embora seja negligenciada pelo governo, Lassouda transformou-se desde 1956. O café dispõe de uma boa conexão de internet banda larga. Quase todos parecem ter um telefone celular. A maioria dos jovens utilizam Facebook e, muitas vezes, seus pais também. Quando um tunisiano vestindo um turbante expõem seus problemas à delegação do PCOT, a cena parece uma gravura antiga até que, de repente, seu celular interrompe suas queixas. Já seu vizinho distrai-se enviando uma mensagem ao filho em Paris. A mudança parece menos nítida em outros setores. Durante o encontro, realizado sob um sol escaldante, os espectadores abrigam-se sob dois toldos de lonas: uma para homens e outra para mulheres e crianças. Aqui, o público é predominantemente masculino.

Hammami deve falar mais uma vez sobre religião. “É uma questão capiciosa”, comenta em voz baixa um militante. A resposta: “Os tunisianos são muçulmanos. Isso não representa nenhum problema: nós defendemos as liberdades individuais, de crença e expressão” — suscita uma pequena confusão. O lider comunista , acrescenta em seguida: “O partido não é contra a religião, nem contra as mesquitas. Quando Ben Ali foi à Mesquita [em 2003, para completar sua peregrinação], ele tinha lágrimas nos olhos. No entanto, era um ladrão…” O público ri e aplaude essa lembrança, do magrebino Tartuffe.

Mais tarde, Hammami completa as propostas: “O genro de Ben Ali, Sakhr El-Materi, comprou um grande lote de terras e nomeou cada pista que atrevessa sua propriedade com o nome dos 99 Profetas. Ele fundou o banco islâmico Zitouna. E criou uma rádio com o mesmo nome, que difunde apenas programas religiosos. Quando [Sheikh Rashid] Ghannouchi [o líder do partido islâmico] fugiu da repressão de Ben Ali, onde ele encontrou refúgio? No Reino Unido, um país laico. Quando Ben Ali (homem laico) fugiu da revolução, onde encontrou refugio? Na Árabia Saudita. Essa lembrança vale por todas as lições teóricas”. Em particular, num momento, em que as pesquisas indicam: os islâmicos serão o maior partido na Assembleia Constituinte.

Tentadora analogia entre Atatürk e Bouguiba

Um dos dirigentes do En Nahda, Ali Laaridh , admite que a repressão policial e o exilio modificaram a perspectiva de seus irmãos de combate: “Nos sofremos abusos. Sabemos o que significa violação dos direitos humanos. Vivemos em diversos países estrangeiros e aprendemos o que é a democracia, os direito das mulheres. Para nos julgar é necessário conhecer nossa trajetória e observar como vivemos: nós e nossas familias. Minha mulher trabalha, minhas filhas estudaram, uma delas nem burka veste.”

Seria suficiente para desfazer as duvidas relativas ao duplo discurso imputado os islamistas?

A advogada opositora, perseguida no antigo regime, Radhia Nasraoui, preocupa-se, por exemplo: “Nas reuniões do En Nahda, vemos bandeiras que proclamam: nenhuma voz pode subir acima da voz do povo muçulmano “. E observa: “Entre o que dizem os líderes e o que fazem alguns membros, existe uma lacuna significativa”. Sem ser reconfortante, a réplica de Laaridh parece acertar o canto certo do bom senso: ”Nunca teremos nenhuma garantia prévia daquilo que qualquer partido disser”…

Preocupados em demonstrar sua mudança democratica, certos dirigentes do En Nahda referem-se com cada vez mais frequencia ao “modelo turco” de Recep Tayyip Erdogan — que acaba de ser bem acolhido, calorosamente pelos islamistas tunisianos (4). A analogia é tentadora tanto quanto esclarecedora. Nos dois paises, lideres carismáticos (Mustafa Kemal Atatürk e Habib Bourguiba) privilegiaram — ou impuseram — uma modernidade que separou politica de religião. Neste movimento, empregaram, às vezes explicitamente, referências ao racionalismo ocidental.

Embora sustentem que desejam fechar este “parêntesis”, os islamitas tunisianos estimam, em sua maior parte, que, assim como Atatürk desorientalizou a Turquia, Bourguiba desarabizou a Tunísia. Em outras palavras, aproximou-a da Europa. O programa do En Nahda, que não questiona nem o liberalismo, nem a abertura comercial (ler, no Le Monde Diplomatique francês, « Après les révolutions, les privatisations… »), propõe um equilíbrio entre os investidores e operadores turísticos do Ocidente e os “islâmicos” da região ou do Golfo Pérsico.

Todo mundo fala de democracia? Laaridh reivindica, em consequência, que a Constituinte seja dotada de “liberdades sem limites”. Ou seja que disponha da “possibilidade de construir referências religiosas, árabe-muçulmanas”. Com Bourguiba, lamenta ele, “o Estado impôs uma evolução forçada à racionalidade”, um pouco à maneira “do sistema soviético”. Não se trata de contestar as conquistas dos últimos 55 anos, mas de dizer que elas poderiam ter sido alcançadas “com um custo menor”.

Os islamitas agem sobre veludo. Certo do impacto de um discurso moaralizador, num país em que fortunas foram desviadas pelo clã Ben Ali, o En Nahda não rejeitaria um debate que o opusesse aos “erradicadores” ocidentais que vivem nos bairros ricos. Já para estes, o perigo é grande. “Durante um século, eles foram a elite cultural do país”, resume Omeyya Seddik, um militante de esquerda que já foi membro do PDP. Agora, “eles não serão mais que um grupo residual. Eles jogam sua vida política neste episódio”

A arte fina da dialética

O artigo 1º da atual Constituição é tema de controvérsias infinitas. Foi redigido com cuidado por Bourghiba: “A Tunísia é um Estado livre, independente e soberano; sua religião é o Islã ; sua língua, o árabe e seu regime, a República. Voluntariamente equivocada, esta redação constata que a Tunísia é muçulmana. Mas poderíamos entendê-lo também como prescrevendo tal situação, o qeu faria do Alcorão uma fonte de direito públicos. Neste momento, suprimer a referência religiosa deixaria os islamitas indignados; precisá-la pode inquietar os laicos. O mais provável é que o texto atual seja conservado.

“A discussão sobre o artigo 1º foi lançada pelos islamitas para deixar em situação delicada os laicos”, pensa Hammami. “E eles caíram na armadilha. A resposta inteligente era: “por que vocês querem sublinhar a natureza muçulmana da Tunísia? Com que objetivo? Para aplicar a sharia? Para questionar a igualdade entre homens e mulheres? Sempre que se apresenta a questão por este ângulo, os islamitas recuam”.

Os socialistas do Fórum Democrático pelo Trabalho e Liberdades (FDTL) também recusam-se a deixar-se acuar no terreno religioso. Quando defendem o Código do Estatuto da Pessoa, que, herança à parte, assegura às mulheres direitos iguais aos dos homens, eles o apresentam como elemento fundamental da identidade nacional, não como imposição da tradição racionalista ocidental.

Seu programa aborda, além disso, a questão com arte dialética refinada: “A identidade do povo tunisiano está enraizada em seus valores árabe-muçulmanos, e enriquecida por suas diferentes civilizações. Ela é fundamentalmente moderna e aberta às culturas do mundo”. Em 10 de setembro, Mustapha Ben Jaafar, dirigente do FDTL, concluiu um comício em Sidi Bou Saïd, povoado balneário ao norte de Tunis, com palavras esperançosas. “Os que recusam a mudança agitam espantalhos. Tenhamos confiança em nós mesmos. Um país pequeno como a Tunísia, que conseguiu ficar de pé quando a guerra ameaçava suas fronteiras, é um país forte”.

Talvez uma país forte pudesse resolver sem delongas seus problemas de água potável…

(1) Ler « Soulèvements populaires en Afrique du Nord et au Moyen-Orient (IV) », International Crisis Group, Tunis-Bruxelas, 28 de abril de 2011.
(2) Adversário de longa data da ditadura, Chebbi foi, sucessivamente, muito próximo do Baas iraquiano, marxista-leninista e socialista, antes de se tornar centrista liberal. suas relações com os islamitas, que evoluíram, parecem ter se degradado nos três últimos meses.
(3) Mohsen Hassen, porta-voz da UPL, entrevista a Le Quotidien, Tunis, 11/9/2011.
(4) Ao contrŕio, a Irmandade Muçulmana egípcia parece haver apreciado menos seus conselhos, temendo uma dominação do Oriente Médio pela Turquia.

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