domingo, 24 de agosto de 2014

Portugal: O POLÍCIA-MODELO



Fernanda Câncio – Diário de Notícias, opinião

Um grupo de pessoas de pele escura é impedido por dois polícias de entrar num centro comercial, enquanto pessoas de pele mais clara entram sem dificuldade. Porquê, pergunta alguém do grupo. Óculos escuros e sem a obrigatória placa de identificação, um dos agentes responde: "Por causa de ser um grupo." "Mas entrou o mesmo número de pessoas ali atrás, só que eram de cor diferente", insiste o perguntador. O agente explica-se melhor: "Você não vai entrar. Por causa dos acontecimentos que houve aqui toda a tarde." "Quais acontecimentos?" "Não tem nada que ver com isso." E, de súbito íntimo, o polícia acrescenta: "Vais à volta e entras lá à frente se quiseres. Não falo mais contigo."

Isto foi gravado em vídeo, não nos EUA, em Ferguson, mas em Lisboa, anteontem, junto ao Centro Vasco da Gama. Filmado por Edson Chipenda - autor das perguntas -, passou ontem nas TV a partir da hora de almoço. Às nove da noite, ainda não havia qualquer esclarecimento da PSP. E muito há para esclarecer. Para começar, a placa com nome faz parte do fardamento das polícias, estabelecendo ainda o estatuto do pessoal da PSP, no artigo 16.º: "Deve exibir prontamente a carteira de identificação profissional sempre que a sua identificação seja solicitada", dever reforçado no regulamento disciplinar, artigo 13.º (dever de correção). O mesmo artigo exige também que o agente adote "linguagem correta", tratando "com respeito e consideração o público" - o que, obviamente, exclui o tratamento por tu.

E vão duas infrações disciplinares. Mas vamos à questão de fundo. Pode um polícia impedir alguém de entrar num local público com base na cor da sua pele? Não, não é preciso puxar da Constituição: o dever de "atuar sem discriminação em razão da ascendência, sexo, raça, língua, território de origem (...)", inscrito no Estatuto do Pessoal da PSP (lei 299/2009), dá a resposta. Mas aquilo que o agente faz configura mais do que infração disciplinar. É um ilícito contraordenacional, de acordo com a Lei 18/2004: "Consideram-se práticas discriminatórias as ações ou omissões que, em razão da pertença de qualquer pessoa a determinada raça, cor, nacionalidade ou origem étnica, violem o princípio da igualdade", como "a recusa de acesso a locais públicos ou abertos ao público." No caso de pessoa singular, aplica-se coima no valor de um a cinco salários mínimos, e de dois a dez quando é pessoa coletiva. Como a PSP, que o agente representa - tenha agido de acordo com ordens (que deveria saber ilegítimas) ou não.

Não foi morte de homem? Lá isso não. Mas ocorreu em pleno dia, num local público, quando o agente sabia estar a ser filmado. Se age assim nessas circunstâncias, de que será capaz quando não tem testemunhas e/ou crê estar em risco? Que segurança nos dá esta polícia? E que País somos que acha isto normal, quiçá aplaude?

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Portugal: Grupo de personalidades cria manifesto para reforma do sistema eleitoral




O documento dá pelo nome de «Por uma Democracia de Qualidade» e nele são propostas duas reformas do sistema político, uma relativamente ao sistema eleitoral e outra sobre o financiamento dos partidos.

Um grupo de 30 personalidades, entre os quais o deputado do CDS-PP Ribeiro e Castro e o ex-ministro das Finanças Campos e Cunha, pede uma reforma urgente do sistema eleitoral e mais transparência no financiamento dos partidos.

As propostas vão surgir em forma de manifesto assinado por 30 «personalidades independentes» com ligações políticas tanto ao PS, como ao PSD ou CDS, onde pedem «reformas imediatas do sistema político», a tempo de iniciar um novo ciclo a partir de 2015.

Em declarações à agência Lusa, o deputado e ex-líder do CDS-PP José Ribeiro e Castro, um dos signatários do manifesto, explicou que se trata de um grupo de pessoas que já desde há muito tempo se dedica ao debate de temas da atualidade, e que consideram que «o bloqueio fundamental está no sistema político».

O texto do manifesto já está terminado e o documento dá pelo nome de «Por uma Democracia de Qualidade», onde são propostas duas reformas «prioritárias» do sistema político, uma relativamente ao sistema eleitoral e outra sobre o financiamento dos partidos.

Sobre o primeiro ponto, Ribeiro e Castro lembrou que a reforma eleitoral é possível desde há 17 anos e que o desejo é que sejam dados mais poderes aos eleitores e aproximar os deputados eleitos dos cidadãos.

«É o atraso dessa reforma que contribui para um certo atoleiro, um certo pântano em que se tem vindo a viver e um descontentamento crescente da cidadania», apontou, acrescentando que se trata de uma reforma «prioritária», «possível» e que convinha ser feita antes do ciclo político que se inicia em 2015.

Na parte do documento a que a Lusa teve acesso, os signatários inclinam-se para «um modelo de conjugação entre a eleição dos deputados em listas plurinominais e a introdução de uma componente de círculos uninominais», que «garanta sempre a proporcionalidade justa e impecável da representação parlamentar».

Apontando o momento de «crise profundíssima» que o país atravessa e fazendo referência à crise no Banco Espirito Santo, Ribeiro e Castro adiantou que os vários signatários defendem a necessidade da reforma face aos «efeitos de desmoralização profundíssima na sociedade portuguesa».

Num segundo momento, em relação ao financiamento dos partidos, Ribeiro e Castro frisou que há «sensibilidades diferentes» por parte dos vários signatários, mas destacou que o que todos pretendem é que haja «um grito de alerta e um chamamento à responsabilidade dos partidos políticos».

Segundo o deputado do CDS, todos concordam com as características do sistema atual, de financiamento público maioritário e de financiamento privado limitado, «só que há indícios de que o sistema não está a atingir os seus propósitos».

Defendem que as contas dos partidos sejam auditadas por entidades independentes e credíveis, nomeadamente um «corpo de auditores especiais no âmbito da Procuradoria-geral da República, uma secção especializada do Tribunal de Contas e o recurso necessário a auditores externos».

O documento integral deverá ser apresentado no dia 27 de agosto, estando prevista uma reunião entre todos os subscritores no dia 09 de setembro.

Entre as pessoas que subscrevem o manifesto estão nomes como Henrique Neto, Luís Mira Amaral, Luís Campos e Cunha, Fernando Teixeira Mendes, José António Girão, Clemente Pedro Nunes, António Pinho Cardão, Luís Filipe Pereira e João Luís Mota Campos.

Lusa, em TSF

Portugal: Impostos não aumentam em 2014 garante o primeiro-ministro




Numa reação às declarações de Marques Mendes sobre o aumento do IVA, Passos Coelho lembrou que o orçamento retificativo para 2014 não contempla medidas de natureza fiscal. Já para 2015, o primeiro-ministro recusa antecipar cenários.

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou hoje, em Valpaços, que o orçamento retificativo para este ano não contempla matéria de natureza fiscal, referindo, no entanto, que serão precisos ajustamentos no orçamento e rearrumar a despesa dentro do Estado.

Na próxima terça-feira o conselho de ministros reúne-se de forma extraordinária, para fazer a avaliação do impacto da decisão do Tribunal Constitucional e tomar decisões.

Passos Coelho, que falava durante a inauguração da Casa do Vinho de Valpaços, afirmou não estar «em sede de orçamento retificativo, em cima da mesa, matéria de natureza fiscal».

«Não conheço nenhuma declaração de nenhum membro do governo que aponte para a necessidade de estar, nesta altura, a fazer uma discussão em torno do IVA. Não sei que informação privilegiada é que possa existir por parte do Sr. DR. Marques Mendes», disse.

Estas declarações foram proferidas depois da insistência dos jornalistas para uma reação do primeiro-ministro às afirmações do social-democrata Luís Marques Mendes, que no seu comentário semanal na SIC, disse que a ministra das Finanças quer aumentar o IVA de 23 para 24% já em outubro.

O chefe do Governo sublinhou que não comenta comentadores políticos e referiu que o Governo não «pré-anuncia medidas dessa natureza».

Já para 2015, Passos Coelho recusou antecipar cenários e disse que esta é uma discussão que o Governo ainda não teve.

«Como sempre eu gosto de tomar uma atitude anti-demagógica. Era muito fácil dizer: não há aumento de impostos. Mas eu não sei se isso é possível. Se o fizermos, é porque não há outra possibilidade de atingir as nossas metas. Mas essa é uma discussão que ainda não foi travada», explicou o chefe do Governo.

O primeiro-ministro fez questão de sublinhar que o Governo tem feito «um combate muito forte às chamadas gorduras do Estado», quer no domínio das parcerias público-privadas, nas fundações ou das rendas da energia, que permitiram baixar a despesa do Estado.

Referiu ainda que os políticos mantiveram um corte acima de todos os outros de 5% nos salários e no seu gabinete as despesas correntes diminuíram mais de 30% comparado com os gabinetes anteriores.

TSF

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SUCESSO DO REFERENDO CIVIL EM MACAU CAUSA DETENÇÕES E REPRESSÃO DAS AUTORIDADES




Está finalmente em curso a votação popular e democrática do referendo civil em Macau, promovido por cidadãos à margem dos controleiros oficiais daquela espécie de “democracia” que vigora em Macau e em Hong Kong subjugada à vontade de Pequim para o que der e convier.

O sucesso do referendo está a ser evidente. As autoridades daquela dita Região Autónoma estão, pelo sucesso à vista, a perder a cabeça e a expor as suas faces ocultas associadas a detenções e à repressão conveniente para aquele regime antidemocrático vigente. Tanto em Macau como no vizinho Hong Kong – que também registou enorme sucesso no referendo civil que já realizou. Pretendem ignorar os pequenos, médios e grandes ditadores que é sempre uma questão de tempo para que a vontade popular e democrática se concretize. Façam o que fizerem o referendo em Macau já é um sucesso.

Em notícias da Agência Lusa damos conta do que está a acontecer em Macau sobre esta matéria e expressa vontade popular. (MM/PG)

Cerca de 150 votos por hora em referendo civil sobre sufrágio universal em Macau

24 de Agosto de 2014, 20:08

Macau, China, 24 ago (Lusa) - O referendo civil sobre o sufrágio universal, que arrancou hoje, promovido por três associações pró-democracia em Macau, está a registar uma média de 149 votos por hora.

De acordo com dados publicados no portal da votação 'online', entre as 00:00 e as 18:00 locais (entre as 17:00 de sábado e as 11:00 de hoje em Lisboa), 2.698 tinham votado.

Um referendo não oficial sobre a eleição do chefe do Executivo de Macau por sufrágio universal arrancou hoje naquela região administrativa especial chinesa.

A iniciativa decorrerá até ao próximo dia 30 e será feita por voto eletrónico (por computador ou telemóvel), e em dois dos dias da consulta em cinco locais de voto a instalar na região.

A consulta, lançada por três associações ligadas ao campo pró-democrático - Consciência de Macau, Juventude Dinâmica de Macau e Sociedade Aberta de Macau -, coincide com a escolha, por um colégio eleitoral, do próximo chefe do Executivo da região administrativa especial, corrida em que está apenas um candidato, o atual líder do governo, Chui Sai On.
Cinco ativistas foram detidos hoje, incluindo o promotor da iniciativa.

Andrew Cheong, membro da Sociedade Aberta, disse que Jason Chao foi levado pela Polícia Judiciária.

Jason Chao, líder de duas das três associações organizadoras do referendo - a Sociedade Aberta de Macau e Consciência de Macau - foi, segundo o mesmo ativista, levado pela Polícia Judiciária (PJ) já depois de a votação presencial para o referendo informal ter sido suspensa pelos seus promotores.

Jason Chao lançou o referendo, esta manhã, na Rua do Campo, em frente à Direção dos Serviços de Administração e Função Pública, um dos cinco locais previamente estabelecidos para a votação física, feita através da recolha de votos com 'tablets' pelos voluntários, uma vez que o Tribunal de Última Instância impediu a colocação de urnas.

Antes da detenção de Jason Chao, outros quatro ativistas, incluindo o vice-presidente da Associação Novo Macau Scott Chiang, que se encontravam noutro ponto de votação - o bairro de São Lourenço - foram levados pela Polícia de Segurança Pública, que terá apreendido dois 'tablets' nos quais estava a ser efetuada, até então, a votação presencial.

Duas questões integram o referendo: a primeira interroga os residentes do território - permanentes e não permanentes - se concordam que o chefe do Executivo da Região de Macau deve ser eleito por sufrágio universal em 2019, e a segunda questiona o nível de confiança da população no candidato ou eventuais candidatos a chefe do Executivo. Os boletins de voto vão estar disponíveis em três línguas: português, chinês e inglês.

Macau é uma Região Administrativa Especial da República Popular da China desde 20 de dezembro de 1999, depois de cerca de 500 anos de administração portuguesa, possui autonomia (face à China) administrativa, legislativa e judicial.

DM/FV (EL) // ZO - Lusa

Detido promotor de referendo civil sobre sufrágio universal em Macau

24 de Agosto de 2014, 16:59

Macau, China, 24 ago (Lusa) -- O promotor do referendo civil sobre sufrágio universal em Macau, Jason Chao, foi hoje detido pela Polícia Judiciária, disse Andrew Cheong, membro da Sociedade Aberta, uma das três associações pró-democracia organizadoras da iniciativa.

Jason Chao, líder de duas das três promotoras do referendo -- a Sociedade Aberta de Macau e Consciência de Macau -- foi levado pela Polícia Judiciária (PJ) já depois de a votação presencial para o referendo informal ter sido suspensa pelos organizadores, segundo o mesmo ativista.

"Ele informou os outros voluntários que ia à casa-de-banho e dois ou três minutos depois recebemos uma mensagem de texto a dizer que ele tinha sido detido pela PJ", explicou Andrew Cheong.

Jason Chao lançou o referendo, esta manhã, na Rua do Campo, em frente à Direção dos Serviços de Administração e Função Pública, um dos cinco locais previamente estabelecidos para a votação presencial, feita através da recolha de votos com 'tablets' por voluntários, uma vez que o Tribunal de Última Instância impediu a colocação de urnas.

Antes da detenção de Jason Chao, outros quatro ativistas, incluindo o vice-presidente da Associação Novo Macau Scott Chiang, que se encontravam noutro ponto de votação -- o bairro de São Lourenço -- foram levados pela Polícia de Segurança Pública, que também apreendeu dois 'tablets' nos quais estava a ser efetuada, até então, a votação presencial.

Contactada pela agência Lusa, a polícia remeteu esclarecimentos para mais tarde, tendo convocado uma conferência de imprensa para as 16:00 (09:00 em Lisboa).

A votação online foi iniciada hoje e continua a decorrer na página de Internet do referendo Macau2014.org.

Até às 14:00 [07:00 em Lisboa] votaram 1.317 pessoas no referendo civil.

FV // ZO - Lusa

Quatro detidos e suspensa votação física de referendo civil sobre sufrágio universal em Macau

24 de Agosto de 2014, 15:40

Macau, China, 24 ago (Lusa) - Quatro voluntários envolvidos na organização do referendo informal sobre o sufrágio universal em Macau foram hoje levados pela polícia e a votação física foi suspensa, afirmou o ativista Jason Chao.

"Os voluntários que se encontravam no bairro de São Lourenço foram levados pela Polícia de Segurança Pública. Um deles é Scott Chiang [vice-presidente da Associação Novo Macau]", disse Jason Chao, líder de duas das associações promotoras da iniciativa: a Sociedade Aberta de Macau e Consciência de Macau.

Além das detenções, a polícia apreendeu dois 'tablets', disse aos jornalistas Jason Chao, algo que o ativista atribui ao facto de as autoridades querem perceber o processo de votação.

Contactada pela agência Lusa, a polícia remeteu esclarecimentos para mais tarde.

A votação arrancou hoje na internet e em cinco locais, onde voluntários recolhiam votos através de 'tablets', uma vez que o Tribunal de Última Instância impediu a colocação de urnas. Todavia, menos de duas horas depois do início, a votação física acabou por ser suspensa, tendo os voluntários permanecido nos locais distribuindo panfletos, informou Jason Chao.

O ativista acusou a polícia de ameaçar prender os voluntários por alegada violação da Lei de Proteção de Dados Pessoais, o que levou à interrupção da votação física.

"Recebi indicações de que os agentes policiais não estavam apenas a perturbar os nossos voluntários. As pessoas depois de exercerem o direito de voto também foram perturbadas pela polícia. Foram paradas e foi-lhes pedido o bilhete de identidade. Sinto-me envergonhado com o que a polícia está a fazer. É uma grave violação dos Direitos Humanos", disse Jason Chao.

Esta manhã, representantes do Gabinete de Proteção de Dados Pessoais deslocaram-se a um dos locais de voto e entregaram uma carta aos promotores do referendo informal, depois de na sexta-feira terem emitido um comunicado a "avisar os organizadores que não podem tratar os dados pessoais para a finalidade de "referendo civil", caso contrário, podem assumir as respetivas responsabilidades jurídicas pela violação da Lei da Proteção de Dados Pessoais".

"Disse-lhes que a nossa forma de processamento de dados pessoas está completamente de acordo com a lei vigente sobre a Proteção de Dados Pessoais", reagiu hoje Jason Chao.

"A ideia principal do diploma é a de que se obtenha a autorização dos cidadãos antes de processar esses dados. E no nosso 'site' os cidadãos têm de concordar com essas informações antes de avançarem para a votação", acrescentou, ao incitar a a população a exercer o direito de voto através da internet (macau2014.org).

O ativista adiantou que desde o início da votação online tinham sido detetadas sete possíveis ameaças provenientes do interior da China e que, apesar de não ter sido concretizado qualquer ataque informático à página da Internet, a organização decidiu suspender "o tráfego a partir do interior da China" como medida de precaução. "É possível votar a partir de todo o mundo, menos do interior da China", referiu.

De acordo com os dados disponibilizados na página de internet para a votação online, até às 14:00 [07:00 em Lisboa] votaram 1.317 pessoas no referendo civil.

FV // ZO - Lusa

Maior protesto em Macau desde 1999 foi semente para manifestações no jogo -- académico




Macau, China, 24 ago (Lusa) - O académico Larry So defende que as recentes manifestações dos trabalhadores do jogo em Macau nasceram da semente lançada em maio, com o protesto contra uma lei que previa regalias para titulares dos principais cargos, considerado o maior desde 1999.

O diploma, intitulado "Regime de garantia dos titulares do cargo de chefe do Executivo e dos principais cargos a aguardar posse, em efetividade e após cessação de funções", acabou por ser retirado pelo próprio Governo.

A decisão do Governo seguiu-se a uma manifestação, a 25 de maio, com entre 10.000 e 15.000 pessoas segundo a organização e 8.000 na versão da polícia, e de uma concentração junto à Assembleia Legislativa (AL), dois dias depois, quando a proposta ia ser discutida e votada na especialidade.

"De certa forma, estes movimentos laborais surpreenderam-me, mas também fazem parte do que chamamos desenvolvimento social, porque o movimento atual é uma extensão do 25/27 de maio, quando um grupo de jovens cercou a AL", observou o professor do Instituto Politécnico de Macau (IPM), em declarações à agência Lusa.

Para Larry So, a concentração junto ao hemiciclo "foi o ponto de viragem" porque "muitos dos jovens que lá estavam trabalham nos casinos". O tema "era bastante diferente, mas eles saíram do trabalho e começaram a juntar-se, sobretudo ao início da noite, e a falar em grupo, de uma maneira muito informal. Muitos dos organizadores dos recentes protestos laborais viram nesta movimentação uma oportunidade para começarem a falar com as pessoas".

Por outro lado, a rápida resposta do Governo de retirar o diploma e prometer submeter nova versão a consulta pública teve, segundo Larry So, "um efeito de demonstração para outros setores muito interessante", uma vez que "deu alguma confiança às pessoas que lá estavam, as quais sentiram que se pressionassem obtinham algo".

A contestação "morreu" no período de cerca de mês e meio que se seguiu ao cerco à AL, "por causa das férias e de outros fatores, mas, na verdade, estas pessoas foram para as suas próprias unidades e começaram a organizar-se", analisa.

Além disso, aponta, a vaga de manifestações registada no território vizinho de Hong Kong pelos mais diversos motivos - mas em que se destaca a reforma política - também "desempenhou uma espécie de voz positiva para os residentes de Macau".

"As pessoas olham para Hong Kong e todas as semanas veem protestos. Este tipo de exposição na comunicação social acaba por funcionar como o que designamos 'normalização dos movimentos sociais', no sentido em que transmitem o sentimento de que não há nada de mal em manifestarem-se", remata.

Já a investigadora Esther Castillo, natural de Macau e há mais de uma década radicada nos Estados Unidos, onde está a fazer doutoramento sobre o impacto dos casinos na vida quotidiana dos residentes de Macau, destaca a forma informal e orgânica como nasceu a promotora dos protestos: a associação Forefront of The Macau Gaming (FMG).

"É muito interessante, porque era apenas um fórum 'online' participado por umas cinco pessoas no máximo. Inicialmente não havia um líder, nem grupo, nem plano, nem sequer a ideia de que algo iria nascer dali", comenta.

O núcelo, nasceu e vive da internet, salienta a docente, ao realçar que os elementos na FMG não têm reuniões formais: "Eles expressam o que ouvem dos trabalhadores, eles não se sentam para decidir o que fazer. É tudo feito 'online', pelo Facebook e Wechat".

Por outro lado, "são orientados por objetivos", acrescenta, ao explicar que a primeira reivindicação que os fez sair à rua "foi a proibição de fumar dentro dos casinos".

A FMG iniciou em julho uma série de protestos por melhores políticas salariais e de progressão nas carreiras em três das operadoras de jogo do território - Sands China, Galaxy e Sociedade de Jogos de Macau (SJM) - e na próxima segunda-feira vai estender as reivindicações às restantes três empresas com casinos na Região (Wynn Resorts, Melco Crown e MGM).

FV // EL - Lusa

Moçambique - Diferendo para a paz: POUCO IMPORTA SE É ENTRE GUEBUZA E DHLAKAMA



Verdade (mz), Editorial

Depois do sprinter que permitiu alcançar o “Memorando de Entendimento”, os “Mecanismos de Garantias” e os “Termos de Referência da Missão dos Observadores Militares Internacionais” e, consequentemente, a aprovação da Lei de Amnistia, o diálogo político volta a estar estagnado e cai num impasse em virtude de um novo “braço-de-ferro” causado pela falta confiança entre as partes. Acabem como isso de uma vez.

O Governo pretende que Afonso Dhlakama saia da “parte incerta” e se dirija à capital moçambicana, onde deve assinar a declaração de cessar-fogo com Armando Guebuza. Mas a Renamo, qual um asno, finca o pé e diz que enquanto não houver cessar-fogo, o seu líder jamais virá a Maputo.

Por outras palavras, a condição para Dhlakama vir à capital do país é haver cessão das hostilidades cuja efectivação quer que seja por via Saimone Macuiane, o que significa que se isso não acontecer não há acordo válido para os desideratos dos moçambicanos. Este tipo de negociações, em que “do pé para a mão” tudo fica condicionado a um jogo de paciência por uma das partes, não interessa a ninguém, neste momento nem depois.

Nesta tendência de se transformar o que parecia ser fácil num quebra-cabeça, a “Perdiz” argumenta que os documentos ora a serem homologados podem ser levados até onde Dhlakama está com vista a rubricá-los e voltarem à origem para Guebuza fazer, também, o que lhe compete. Caso contrário, insiste, Macuiane pode fazê-lo, em Maputo, em nome do seu líder. Aqui, o Executivo, receoso, desconfia que mais tarde pode se levantar problemas relacionados com a fiabilidade e credibilidade das assinaturas.

Vamos ficar cativos do encontro entre Guebuza e Dhlakama? É desnecessária esta prova de força entre as partes. Aliás, apesar de se ter aprovado e publicado a Lei de Amnistia, Afonso Dhlakama tem, até certo ponto, uma série de factos e argumentos para recusar vir à capital moçambicana.

Para entendê-lo, basta apenas que nos recordemos da forma ditatorial e déspota como António Muchanga, ora em liberdade, foi detido na Presidência da República, após uma sessão do Conselho do Estado. Quaisquer entendidos na matéria podem desvalorizar este assunto mas o mesmo deixou claro como alguém pode e tem capacidade de manipular as leis a seu favor e da sua estirpe, bem como conforme apraz-lhe.

Temos no país um problema bastante sério e básico em relação à credibilidade das instituições de justiça e das pessoas que estão em frente delas. Todavia, alcançados os consensos, pouco ou nada importa que a declaração do cessar-fogo seja, terminantemente, efectuada por Dhlakama e Guebuza.

Sem depreciar o valor, a segurança, o alívio e o conforto que, talvez, transmitiria um aperto de mão e abraços entre estes dois dirigentes, depois de muito tempo distantes um do outro e a trocarem palavras pouco afáveis, parece-nos razoável que nada impede que o cessar-fogo seja declarado por algum representante da Renamo com poderes bastantes e pelo Presidente da República.

Este, também, se o julgar pertinente, pode fazê-lo por intermédio de alguém do seu Executivo. O que interessa aos moçambicanos é a suspensão das hostilidades entre as partes beligerantes, e não todo este “teatro político”.

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Moçambique: BLINDADOS MILITARES DA ONU APREENDIDOS REVERTEM PARA O ESTADO




OS 16 blindados militares das Nações Unidas que estavam a ser exportados ilegalmente por uma empresa sul-africana a partir do Porto de Maputo para uma missão de paz no Mali reverteram na sua totalidade a favor do Estado, segundo decisão tomada pelo Tribunal Aduaneiro de Maputo.

Através de um comunicado de imprensa chegado à nossa Redacção, a Autoridade Tributária refere igualmente que a empresa OTT-Techonologies Moçambique Lda. e os co-arguidos expressamente citados nos autos coube ainda responsabilidade material solidária que inclui o pagamento, a favor do Estado, de direitos e demais imposições aduaneiras, totalizando 46.230.528,00 Mt, o equivalente a mais de um milhão e meio de dólares americanos.

Segundo a Autoridade Tributária, com esta decisão, foram concluídas as diligências formais impostas pelo ordenamento tributário e penal em vigor. Depois de despoletado o caso, o processo fiscal fora encaminhado ao Ministério Público, no dia 16 de Abril, para efeitos de instrução preparatória e demais diligências requeridas por lei.

“Todos os autos foram oportunamente registados no Tribunal Aduaneiro de Maputo, sob referência 29/14, para efeitos processuais competentes. Face às infracções e irregularidades constantes, no pretérito dia 1 de Agosto, o Tribunal exarou um despacho de indicação, confirmando a acusação movida pelo Ministério Público, e cominando as medidas penais previstas na legislação em vigor aplicável. As medidas penais referidas incluem a reversão da totalidade dos veículos blindados a favor do Estado moçambicano” - indica o comunicado da Autoridade Tributária.

Refira-se que os 16 blindados fazem parte de um lote de 100 veículos militares que a OTT produziu na África do Sul para as Nações Unidas destinados à missão de paz no Mali. A encomenda foi financiada pelo Governo norte-americano. Porque a empresa não observou os procedimentos aduaneiros previstos na legislação vigente, os mesmos foram apreendidos poucas horas depois de se fazerem à estrada, numa altura que eram levados ao Porto de Maputo para embarque.

Jornal Notícias (mz)

*Título PG

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Armando Guebuza diz que Moçambique cumpriu sua missão na luta contra a pobreza




Num discurso no parlamento com uma duração de cerca de duas horas e meia, o estadista moçambicano fez uma radiografia dos dez anos que leva à frente dos destinos do país

Maputo - O Presidente da República, Armando Guebuza, afirmou sexta-feira na Assembleia da República (AR), o parlamento moçambicano, que no fim de quase dois mandatos da sua presidência o governo cumpriu a sua missão de lutar contra a pobreza, tendo colocado o país na rota da construção do seu bem-estar.

Num longo discurso que abordou basicamente o Plano de Acção para a Redução da Pobreza (PARP), com uma duração de cerca de duas horas e meia, o estadista moçambicano fez uma radiografia dos dez anos do seu mandato, tendo arrolado igual número de desafios.

"Distintos deputados, através destes dez desafios e pela forma como os superámos, podemos proclamar para a Nação e para o mundo que, ao lançar as bases estruturais para o contínuo desenvolvimento da nossa pátria amada, cumprimos a nossa missão", disse Guebuza, no seu informe anual sobre a Situação Geral da Nação, citado pela Agência de Informação de Moçambique (AIM).

Tais desafios, segundo Guebuza, incluem a elevação da auto-estima do moçambicano; consolidação da Unidade Nacional, da paz e da reconciliação nacional; formação do capital humano; luta contra a fome e contra a doença; promoção do bem-estar da juventude; combate aos obstáculos ao desenvolvimento do país; construção e reabilitação de infra-estruturas sociais e económicas; viabilização do distrito como pólo de desenvolvimento; reforço dos determinantes do Estado de Direito Democrático no país e reforço da cooperação internacional.

Segundo o Chefe do Estado, com a implementação do PARP muitos produtores agrários de pequena dimensão acabaram por transitar para produtores com áreas mais extensas, maior produtividade e diversidade de actividades agrárias, comerciais e sociais.

"Nos centros urbanos e nas zonas rurais vemos como a qualidade de vida do nosso povo está a mudar para o melhor, através da nova matriz de lazer, de produtos e de serviços que demanda", vincou Guebuza.

Disse ainda que muitos moçambicanos tornaram-se empreendedores, e estão embuidos de auto-estima, determinação e clareza de que "vão e estão a vencer a sua pobreza e a criar o seu bem-estar e a melhorar as condições de vida de outros moçambicanos".

África 21, com agência

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ASSASSINO DO JORNALISTA AMERICANO “ESTAGIOU” EM ANGOLA NO SINFO/SINS - o artigo




JIHADISTAS DO (NOSSO) REGIME DECAPITAM MUITOS CIDADÃOS

Folha 8, 23 agosto 2014

DISA/SINFO/SINSE ASSASSINARAM DA MESMA FORMA KAMULINGUE E CASSULE

O chama­do Estado Islâmico do Iraque executou o jornalis­ta norte­-americano, James Foley, que desaparecera há dois anos na Síria. Ao que tudo indica, alguns dos inte­grantes deste grupo ter­rorista (Beatles como é conhecido) “estagiaram” em Angola com a cober­tura e apoio dos serviços secretos do nosso país. Seguem, aliás, a originária metodologia do regime que, embora sem alarde, também “decapita” to­dos aqueles que pensam de forma diferente. São disso exemplos, entre ou­tros, Alves Kamulingue e Isaías Cassule.

Os jihadistas justificam a decapitação, esta e outras já anunciadas, como re­taliação aos ataques dos EUA. A comunidade in­ternacional uniu-se para condenar a acção terro­rista. E fez bem. Mas onde está essa mesma comuni­dade quando são os Es­tados, os governos, a ter comportamentos simila­res – não à luz do dia mas na escuridão das esquinas da ditadura – contra os seus cidadãos?

Os EUA, por exemplo, sabem que estes e ou­tros jihadistas estiveram em Angola e aqui rece­beram formação e treino. Outros países africanos também foram utilizados para o mesmo fim. Ale­gadamente as autorida­des locais terão pensado que estavam a aprimorar o espírito assassino do leão, apenas, claro, para que este se exibisse nos palcos circenses. O re­sultado está à vista. Mas tudo continua na santa paz dos poderosos que de um lado colocam os bons, os bestiais, e do outro os maus, as bestas.

O Iraque, ou o que resta dele, está em guerra e a única lei que por lá se co­nhece é a da selva onde, como sempre, vigora a razão da força. Isso justifi­ca esta e outras barbáries, cometidas por todas as partes envolvidas? Não. Claro que não! Nunca.

Não justifica mas com­preende-se. É tempo de guerra e a estratégia é a do vale tudo. Cada um luta com as armas que tem. Os jihadistas raptam e servem-se das vítimas para fazer chantagem, para amedrontar, para es­palhar a anarquia.

Não podemos, contudo, esquecer que também existem Estados, gover­nos, que raptam cidadãos indefesos, por regra ape­nas revoltados verbal­mente contra as injustiças que vivem, e os executam sumariamente. Ao con­trário dos jihadista, não fazem alarde disso por­que, nesses casos, o silên­cio é o segredo para fazer desaparecer, sem deixar rasto, opositores políticos ou sociais.

Num vídeo publicado na terça-feira, um jihadista identifica o prisioneiro como James Foley, que aparece de joelhos a te­cer duras críticas à ac­ção militar dos EUA e a apontar o governo norte­-americano como o seu “o verdadeiro assassino”. O vídeo, cuja autenticidade já foi confirmada, foi transcrito e divulgado (um excerto) pelo Grupo de Inteligência SITE, uma organização que se dedi­ca a monitorizar a “amea­ça jihadista”.

As imagens mostram Ja­mes Foley. Mas poderiam muito bem mostrar os nossos compatriotas Al­ves Kamulingue e Isaías Cassule. A situação não terá sido muito diferen­te. O executor não foi um jihadista? Se calhar, no contexto próprio, foi também uma espécie de jihadista do regime.

Com o título “Uma men­sagem para a América”, o vídeo mostra o jornalista, de joelhos numa paisa­gem desértica, vestido com um uniforme cor-de­-laranja numa aparente alusão aos presos milita­res de Guantánamo. Ao lado, um jihadista do Es­tado Islâmico do Iraque, vestido de preto e en­capuzado. Armado com uma faca, o extremista começa por dizer, em in­glês, que a execução que se vai seguir é uma reta­liação aos recentes ata­ques aéreos ordenados pela Administração Oba­ma contra os extremistas no Iraque.

James Foley, de 40 anos, trabalhava como jorna­lista para o Global Post, jornal de Boston, assim como para a agência de notícias France Press, quando desapareceu de território sírio em No­vembro de 2012. Alves Kamulingue e Isaías Cas­sule, entre ouros, traba­lhavam apenas para sub­sistir no seu país, no país que amavam, e foram assassinados. Não teriam certamente um uniforme cor-de-laranja e não te­rão sido degolados. Uns quantos tiros foram sufi­cientes.

“Peço aos meus amigos, família e entes queridos que se insurjam contra o meu verdadeiro assassi­no – o governo dos EUA – porque aquilo que me vai acontecer é apenas o resultado da sua crimina­lidade complacente”, diz James Foley, terminando com a frase em que diz “não ser cidadão ameri­cano”.

Nós não conhecemos as últimas palavras de Al­ves Kamulingue e Isaías Cassule, mas admitimos que – se isso pudesse sig­nificar uma réstia de es­perança – poderiam mui­to bem ter dito: “amamos o nosso regime, o nosso querido líder, o arquitec­to da paz, o escolhido de Deus”.

No vídeo, o combatente do grupo radical islâmi­co – cidadão britânico - dirige-se directamente a José Eduardo dos Santos, perdão, a Barack Obama para afirmar que o ISIS vai responder “com todos os meios” aos ataques da for­ça-aérea norte-americana. A declaração é peremptó­ria: “vamos afogar-vos no vosso próprio sangue”.

“Vocês não estão mais a combater um grupo in­surgente, nós somos um exército islâmico e um Estado que tem sido aceite por um elevado número de muçulmanos em todo o mundo, por isso qualquer agressão contra o Estado Islâmico é uma agressão contra os muçulmanos que aceitaram o Califado Islâmico. Por isso qual­quer tentativa de Obama negar os direitos dos mu­çulmanos de viverem em segurança debaixo da li­derança do Califado irá re­sultar num derramamento de sangue do vosso povo”, diz o jihadista.

Nas imagens finais apa­rece ainda um segundo prisioneiro, que está a ser identificado como Ste­ven Sotloff, também jor­nalista norte-americano desaparecido na Síria em circunstâncias semelhan­tes. Sotloff aparece vesti­do nos mesmos trajes do que Foley. “Obama, a vida deste cidadão americano depende da sua próxima decisão”, diz o jihadista em jeito de ameaça.

Entretanto, a mãe do jor­nalista James Foley divul­gou um comunicado onde se mostra “orgulhosa” do filho e onde pede aos “se­questradores” para “pou­parem as vidas dos res­tantes reféns” que, como ele, “são inocentes”.

No dia 27 de Maio de 2012, Alves Kamulingue foi raptado por elementos dos Serviços de Informa­ção e Segurança de An­gola. Dois dias depois, a 29 de Maio, desapareceu Isaías Cassule.

Só um ano e meio de­pois, em Novembro de 2013, surgiram à revelia das forças de segurança, novas informações sobre o destino dos dois desa­parecidos. Cassule fora espancado até à morte e atirado a um rio, enquan­to Kamulingue foi morto a tiro e abandonado numa mata.

O processo de Alves Ka­mulingue e de Isaías Cas­sule andou muito tempo fechado e sem que as au­toridades se pronuncias­sem, o que correspondia à estratégia do executor moral, Sebastião Martins. Quanto mais tempo pas­sasse sem se descobrir qualquer indício, e no meio de muita contra­-informação oficial, mais remotas eram as possibi­lidades de se saber de fac­to o que tinha acontecido.

Isto foi em Angola e não no Iraque. Isto não teve registo vídeo. Mas que diferença existe, afinal, entre os executores de Ja­mes Foley e os de Kamu­lingue?

Angola: COMBATE À POBREZA COM GRANDE AVANÇO



Jornal de Angola

As Nações Unidas incluem Angola entre os países que conseguiram atingir, antes de 2015, as metas nos domínios da redução da pobreza, acesso à habitação e à água, revelou sexta-feira, em Luanda, a oficial da ONU no país, Amélia Russo.

Falando sobre a “Agenda global pós-2015”, na “Conferência sobre desenvolvimento sustentável: Angola 2015”, Amélia Russo indicou que pela primeira vez a pobreza começou a ser controlada, mostrando que, tanto o número de pessoas vivendo em extrema pobreza quanto os índices de pobreza caíram em todas as regiões em desenvolvimento, incluindo na África subsaariana.

A oficial reconheceu os esforços do Governo angolano no combate à pobreza, referindo que estimativas preliminares indicam que, em 2010, a percentagem de pessoas vivendo com menos de 1,25 dólares por dia caiu para metade do valor registado em 1990.

Sem particularizar os dados,  disse que a  percentagem de pessoas a viver em musseques nas zonas urbanas baixou de 39 por cento, em 2000, para 22, em 2012. Em função disso, mais de 200 milhões de pessoas tiveram acesso à fontes seguras de abastecimento de água potável, saneamento básico e residências mais condignas.

Sob o lema “O mundo que queremos”, disse que o Grupo das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDG) promove consultas nacionais inclusivas em 50 países a nível do Mundo para estimular o debate sobre a Agenda de Desenvolvimento pós 2015, 19 dos quais em África, incluindo Angola.

“A consulta é um processo inclusivo e transparente, no qual as universidades, o sector privado, sindicatos, sociedade civil e decisores são ouvidos para que as suas opiniões sejam incluídas na visão de desenvolvimento após ao ano 2015”, disse.

Consulta em Angola

Em Angola
, acrescentou, deputados, sector privado, sociedade civil e crianças foram ouvidos para que as suas opiniões fossem incluídas na visão de Angola para o desenvolvimento pós-2015.

O processo de consulta nacional resultou na produção de um relatório que reflectiu as aspirações e contribuições de Angola para a discussão global sobre a Agenda de Desenvolvimento após ao  ano 2015.  Como prioridade, com base  na visão ampla e múltipla da sociedade angolana, disse terem sido destacadas acções de reforço de combate à pobreza, redução das desigualdades, educação e formação, segurança alimentar e nutrição, acesso à saúde, parceria global de desenvolvimento e redução da  mortalidade materno-infantil.

A Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável: Angola Pós 2015 reuniu membros do governo, directores  nacionais, representantes de organismos internacionais, professores universitários e outros especialista

Ministra do Ambiente 

Desde o alcance da paz, em 2002, Angola continua a dar passos significativos na observância dos compromissos da Agenda Global de Desenvolvimento, tendo em conta a melhoria das condições de saúde, habitação e fornecimento de água e energia eléctrica, afirmou sexta-feira, em Luanda, a ministra do Ambiente. “Temos a destacar que, com o esforço de todos os angolanos, foi possível termos alguns dos nossos objectivos de desenvolvimento apreciados com destaque, mas continuamos a trabalhar para uma transição cada vez mais rigorosa, com a implementação do Plano Nacional de Desenvolvimento (PND)”, disse Fátima Jardim, na cerimonia de  abertura da Conferencia sobre Desenvolvimento Sustentável: Angola Pós-2015.

Para a ministra, o combate ao analfabetismo, a melhoria das condições de saúde, saneamento, a realização de programas específicos, como as iniciativas de empreendedorismo e o maior desempenho dos órgãos do Estado nas suas mais variadas vertentes são instrumentos que têm contribuído para o alcance do desenvolvimento sustentável no país.

A construção de novas centralidades, infra-estruturas rodoviárias, melhoria no abastecimento de água e  fornecimento de energia eléctrica também foram, dentre outros, os resultados apontados pela ministra Fátima Jardim e que  estão a ser alcançados no quadro dos programas e políticas do Executivo ligadas ao desenvolvimento.

A ministra admitiu que os desafios ainda são enormes para o alcance das metas preconizadas, assim como é elevada a vontade do Executivo de resolve-los, em colaboração com os seus parceiros.

A implementação dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, disse, estão a dar bons passos e, no quadro dos sucessos registados, o país tem sido saudado, a nível internacional, pelos esforços empreendidos nos mais variados domínios.

Perante membros do governo e representantes do sistema das Nações Unidas, Fátima Jardim garantiu que esforços continuarão a ser empreendidos para a melhoria da agenda nacional de desenvolvimento, no sentido se elevar a qualidade de vida da população e seu bem-estar.

“Em Angola, os passos dados têm estado a permitir uma maior integração dos mais variados grupos de vários  extractos da sociedade, sobretudo mulheres e jovens, como sendo os mais vulneráveis”, destacou a ministra.

A Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável: Angola Pós 2015 reuniu membros do governo, directores  nacionais, representantes de organismos internacionais, do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), professores universitários e outros especialistas.

O evento, com duração de um dia, teve como objectivos desenvolver um diálogo sistematizado e construtivo voltado ao estágio da implementação dos oito Objectivos de Desenvolvimento do Milénio e obter contribuições para a próxima Assembleia-Geral das Nações Unidas, que se realiza no próximo mês.

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Angola: SUL-AFRICANOS DERROTADOS NOS COMBATES DE CAHAMA



Artur Queiroz – Jornal de Angola -  24 de Agosto, 2014

No dia 23 de Agosto de 1981, fez ontem 33 anos,  as forças de defesa e segurança da África do Sul invadiram Angola.Começou então a longa agressão que acabou com a derrota do regime racista de Pretória no Triângulo do Tumpo, a 23 de Março de 1988.

Durante sete anos, os angolanos enfrentaram uma guerra de agressão que foi apresentada ao mundo como uma “guerra civil”. O Presidente José Eduardo dos Santos reagiu à invasão dando ordens precisas aos seus comandantes militares. E a aventura dos racistas de Pretória acabou com a estrondosa derrota  na frente da  Cahama.

A derrota final aconteceu no Triângulo do Tumpo, a 23 de Março de 1988, quando as forças racistas foram destroçadas pelos combatentes angolanos, comandados pelo falecido general Ngueto, que tinha ao seu lado os melhores militares angolanos, jovens altamente qualificados.

Os primeiros combates com as FAPLA deram-se na “Operação Sceptic”, ainda em 1980. Os sul-africanos estavam convencidos de que iam fazer um “safari” a Angola. Foram surpreendidos com a resistência encontrada. Logo a seguir  o alto comando de Pretória lançiou a “Operação dos Cravos”, no mês de Julho de 1981. Desta vez a heróica resistência das FAPLA foi tão grande que os “karkamanos” abandonaram o terreno.

No dia 23 de Agosto de 1981, fez ontem 33 anos (a idade de Cristo) Pretória lançou a grande “Operação Protéa”. O nome escolhido é simbólico. A prótea é uma planta africana com exuberantes flores. Magnus Mallan estava convencido de que, desta vez, a vitória dos racistas ia ser tão exuberante como as flores da planta que deu o nome à operação militar.

Os aviões sul-africanos entraram em Angola, pela costa marítima do Namibe, voando a baixa altitude, para não serem detectados pelos radares instalados nas alturas da serra da Chela. Foram confundidos com barcos. E assim conseguiram desembarcar milhares de homens e material de guerra sofisticado, na província do Cunene. 

O objectivo era aniquilar os combatentes da SWAPO e das FAPLA. Como resultado dos golpes sofridos, a  SWAPO mudou as suas bases mais para o Norte, no território angolano, colocando-se nas proximidades das forças das FAPLA para se proteger da sanha assassina sul-africana. O sistema logístico da SWAPO praticamente era o mesmo das FAPLA.

Operação dos Cravos

Pretória lançou a “Operação dos Cravos” para transpor as linhas defensivas das FAPLA e atacar directamente as unidades da SWAPO, que se encontravam por trás. Para além de terem assassinado 225 civis, os racistas de Pretória pouco mais conseguiram. A acção militar registou um total insucesso.

 As forças de segurança sul-africanas não foram capazes de operar numa profundidade superior a 25 quilómetros, para lá da fronteira angolana, enquanto as maiores bases da SWAPO estavam situadas muito mais a Norte.

Por essa altura, as FAPLA também adoptaram uma atitude mais beligerante em relação às forças de segurança sul-africanas. Quando pensavam que vinham a Angola fazer um “safari” em viagem de recreio, as tropas de Pretória encontraram os combatentes angolanos dispostos a dar tudo pela defesa da Pátria e pela soberania nacional.

O Sistema de Defesa Aéreo das FAPLA tornou-se uma ameaça real para as operações sul-africanas de apoio aéreo, durante a “Operação dos Cravos”. E a aviação sul-africana era a grande arma dos invasores. Ao perder o domínio do ar, as forças terrestres pouco mais puderam fazer do que recuar para o território ocupado da Namíbia.

Com vista a aprofundar as linhas de acção contra as FAPLA e depois contra o braço armado da SWAPO, os sul-africanos conceberam uma nova operação de forma a que desta vez não falhasse. Era preciso contornar o Sistema de Defesa Aéreo de Angola porque foi uma ameaça real para as operações sul-africanas durante a “Operação dos Cravos”. E levou ao seu fracasso com forte sabor a derrota militar.

Operação Protéa

A “Operação Prótea começou, a 23 de Agosto de 1981, com um ataque da aviação sul-africana a uma estação de radar das FAPLA e às instalações mais importantes do sistema de defesa aéreo angolano. Durante esta operação, foram atacados e destruídos vários objectivos económicos e sociais nas proximidades de Xangongo e Ongiva, as bases da SWAPO e os seus postos de comando. 

Desta vez o poderoso ministro da Defesa sul-africano, Nagnus Mallan e o ministro das Relações Exteriores, Pik Botha, acreditavam que a vitória dos racistas ia ser tão exuberante como as flores da protéa. Mas os combatentes angolanos tinham a força da razão e do amor à Pátria. E conseguiram  enfrentar o poderoso inimigo, apesar da sua superioridade aérea e terrestre.

A 24 de Agosto de 1981, faz hoje 33 anos, após devastadores bombardeamentos aéreos, as tropas terrestres sul-africanas avançaram ao longo de três eixos de aproximação, convergentes em Xangongo. Uma força mecanizada atacou a base, a Noroeste da cidade, onde estava a sede da SWAPO.

 Ao mesmo tempo os invasores estrangeiros destruíram as bases da SWAPO a Sul e Sudoeste da cidade. Xangongo ficou isolada e longe de qualquer força de intervenção das FAPLA, a partir do Humbe e de Péu-Péu, no Noroeste e Nordeste. 

A força combinada FAPLA/SWAPO, após ter sido submetida a intenso bombardeamento aéreo, acabou por se retirar levando consigo o que restou dos tanques e da infantaria, que estavam entrincheirados à volta da cidade.

Quando as FAPLA se retiraram de Xangongo, a força principal dos sul-africanos prosseguiu para Leste e Sul, obrigando-as a sair da Môngua. O general Nzumbi, que em 1984 derrotou os sul-africanos, descreve assim a situação: “praticamente a fronteira de Angola ficou na Cahama”.  A “Operação Protéa” foi a maior operação mecanizada realizada pelo Exército sul-africano, desde a II Guerra Mundial e antes da Batalha do Cuito Cuanavale, no Triângulo do Tumpo.

Vitória das FAPLA

Os combatentes angolanos resistiram aos invasores estrangeiros na Cahama. Durante meses e anos, sofreram bombardeamentos aéreos contínuos. A via que liga o Lubango à Cahama foi baptizada como a “Estrada da Morte”.

Mas em 1984, tudo mudou. O Comandante em Chefe e o seu Estado-Maior adoptaram medidas eficazes que acabaram com a supremacia aérea sul-africana. Vários aviões foram abatidos pelos mísseis. Os helicópteros nunca mais apareceram no teatro de operações. Os racistas de Pretória vieram a sofrer a sua primeira grande derrota militar em Angola. Foram forçados a abandonar a província do Cunene e mudaram para o Cuando Cubango. Onde foi morto e enterrado, no Triângulo do Tumpo, o regime de apartheid.

O Comandante em Chefe, José Eduardo dos Santos, no dia 13 de Junho 1984 foi à Cahama felicitar os vencedores. Atravessou a “Estrada da Morte” e andou de trincheira em trincheira, dando ânimo aos combatentes.

Foto: Jaimagens

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