terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Mais de 6 mil páginas de documentos relatam abusos de padres contra crianças nos EUA

 


Papéis revelados nesta terça pela Arquidiocese de Chicago, a terceira maior do país, envolvem pelo menos 30 sacerdotes
 
Opera Mundi* - em Pátria Latina
 
Após um acordo judicial, a Arquidiocese de Chicago divulgou nesta terça-feira (21/01) mais de seis mil páginas de documentos sobre abusos sexuais cometidos por religiosos contra menores de idade e a omissão da Igreja nos casos. Ela é a terceira maior dos Estados Unidos e os papeis se referem a pelo menos 30 sacerdotes.
 
Segundo um advogado da Arquidiocese, 95% dos casos de pedofilia detalhados ocorreram antes de 1998, mas, nenhum, depois de 1996. Dos sacerdotes envolvidos, 14 já morreram, outros 14 já não são sacerdotes e os dois restantes não cumprem tarefas religiosas. A maioria deles não chegou a ser processada.
 
A Arquidiocese de Chicago pagou já mais de US$ 100 milhões às vítimas de abusos sexuais nos últimos 25 anos, e cobriu essa despesa com a venda de propriedades e uma recente emissão de bônus.
 
Os documentos dão detalhes da forma como a arquidiocese transferiu de uma paróquia a outra aos sacerdotes acusados de abusos, e não notificou à polícia sobre as denúncias.
 
Um estudo realizado pela Conferência de Bispos Católicos dos EUA ao Colégio John Jay de Justiça Criminal indicou que foram feitas 11 mil acusações contra 4.393 sacerdotes nos Estados Unidos, aproximadamente 4% dos clérigos em serviço no período coberto pela análise, de 1950 a 2002. As denúncias se multiplicaram na década de 1990, afetando dioceses grandes e pequenas, de Boston a Chicago, Honolulu, Los Angeles, Orange County, Palm Beach, Filadélfia e Portland.
 
Na semana passada, a ONU cobrou ações mais firmes do Vaticano sobre os casos de abusos sexuais contra crianças e adolescentes por parte do clero. "A Santa Sé não estabeleceu nenhum mecanismo para investigar os acusados de realizar abusos sexuais, nem tampouco para processá-los", afirmou Sara Oviedo, membro do Comitê dos Direitos da Criança do órgão. "O exemplo que a Santa Sé precisa dar deve assentar um precedente. Tem de marcar um novo enfoque", disse, de acordo com a AFP.
 
Segundo o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, o Vaticano expulsou em dois anos 400 religiosos acusados de abusos sexuais durante o pontificado de Bento XVI. "Em 2012, foram por volta de 100, enquanto em 2011 foram cerca de 300. Alguns sofreram procedimentos disciplinares, outros fizeram um pedido", afirmou.
 
(*) Com Efe
 

Adverte Raul Castro de perigos para América Latina e o Caribe – CELAC, Cuba 2014

 


Havana, 28 jan (Prensa Latina) O presidente cubano, Raul Castro, afirmou hoje aqui que "os chamados centros de poder" persistem em controlar aos países de América Latina e o Caribe para se beneficiar de seus recursos.
 
Ao deixar inaugurada a II Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), o presidente temporário desse agrupamento disse que apesar dos progressos, continuam as ameaças à paz e a ingerência externa na região.

"Não podemos esquecer a longa história de intervenção nos assuntos internos, invasões militares e sangrentos golpes de Estado", advertiu.

Em seu discurso referiu-se ao sistema global de espionagem das comunicações implementado por Estados Unidos, do que foram branco chefes de Estado e Governo, organismos internacionais, partidos políticos, empresas e cidadãos da região, sublinhou.

Trata-se -enfatizou- de uma flagrante violação do direito internacional e a soberania dos Estados.

Agregou que o emprego encoberto e ilegal dos sistemas informáticos de outras nações para agredir a terceiros países poderia provocar conflitos internacionais.

O único caminho para prevenir e enfrentar estas inovadoras ameaças é a cooperação mancomunada entre os Estados para evitar que o ciberespaço se converta em teatro de operações militares, expressou Raúl Castro.

Ao respecto saudou a iniciativa brasileira de efetuar em São Paulo, em abril deste ano, a Reunião Multi-setorial Global sobre Gobernanza de Internet.

Igualmente, defendeu a proposta de Cuba de proclamar América Latina e o Caribe como uma zona de paz que desterre para sempre a guerra, a ameaça e o uso da força. A II Cúpula da Celac sesionará hoje e amanhã no recinto ferial Pabexpo, ao oeste desta capital. A cita conta com uma alta assistência de chefes de Estado e Governo do hemisfério.

Prensa Latina - cgm/acl/ool
 
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DILMA SE REÚNE COM FIDEL EM HAVANA

 


Presidente brasileira é recebida pelo líder cubano, que também se encontrou com Cristina Kirchner, após inaugurar porto em Mariel.
 
Após inaugurar o novo porto de Mariel, a presidente Dilma Rousseff se encontrou nesta segunda-feira (28/01) em Havana com Fidel Castro, que na véspera havia recebido a presidente argentina, Cristina Kirchner.
 
Segundo a imprensa estatal, Dilma e Fidel falaram sobre o porto e sua zona especial de desenvolvimento, cujas obras estão sendo financiadas pelo BNDES. A presidente também teria demonstrado sua satisfação com o trabalho dos cubanos que fazem parte do programa Mais Médicos.
 
Também na segunda-feira, Fidel recebeu a primeira-ministra da Jamaica, Portia Simpson-Miller. O site Cubadebate divulgou fotos dos dois encontros. Nas imagens se vê Fidel, de 87 anos, vestido com roupa esportiva e conversando com as duas.
 
Dilma e outros líderes latino-americanos e do Caribe se encontram em Cuba para participar da Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que começou nesta terça-feira em Havana.
 
Fidel deixou o poder em 2006 e delegou o comando do país ao irmão Raúl, que em 2008 foi ratificado formalmente como presidente de Cuba. Desde então, o líder da revolução cubana realizou poucas aparições públicas. Seus artigos na imprensa estatal são cada vez mais raros.
 
Deutsche Welle - RPR/efe/rtr - Edição Alexandre Schossler
 

Portugal: O ESCARAVELHO DA CRISE MORAL

 

Fernando Santos – Jornal de Notícias, opinião
 
A crise económica - e, por arrasto, a social - está a remeter uma porção substancial de portugueses para um gueto de pobreza.
 
Floresce entretanto a crise de valores, e não apenas patente nas patetices do momento - o efeito manada das imbecilidades das praxes e o esmagamento das audiências televisivas pelo maior telelixo alguma vez emitido em Portugal - o "Casa dos segredos, desafio final 2", maná de audiências para a TVI sedimentado na falta de escrúpulos e graças ao mais reles grupo de analfabetos alguma vez junto na pantalha, para gáudio de uma legião de fãs da ordinarice e paizinhos ululantes de orgulho por terem dado à luz descendentes tão mal-educados. Sim, vale a pena assistir a tanta ordinarice por metro quadrado para se ter consciência de como não se deve ser.
 
Sem reticências: a crise moral está para as relações humanas no país como a doença do escaravelho para as palmeiras: alastra, corrói e tem tudo para matar, pelo menos a esperança de um melhor futuro.
 
Os comportamentos nas praxes ou no reality show são paradigmáticos de um dia a dia feito, na rua de cada um de nós, de exemplos flagrantes da mais abominável falta de respeito pelo ser humano. São casos comezinhos, sim, mas preocupantes.
 
Três exemplos vivenciados, todos no âmbito do mercado de trabalho. Todos, curiosamente, na área da restauração, essa mesmo, a da choraminguice pelos efeitos do IVA a 23%.
 
1. Uma das muitas chafaricas feitas cafés no país. Entrada e saída permanente de esforçados feitos funcionários. Movimento principal à hora do almoço. Cliente assíduo pergunta ao dono do tasco se é eficiente o mais recente jeitoso que tenta equilibrar a bandeja. O homem diz que sim. E quanto ganha? Resposta na ponta da língua, com o ar mais normal do Mundo: tem direito a almoço! (Três dias depois, nem vê-lo. Claro.)
 
2. Restaurante afamado, construído na base de uma gerência muito relações públicas e funcionários simpáticos - cada vez mais gentis para tentarem receber o ordenado mínimo. Têm vários meses de salários em atraso. Comem e calam. O patrão, esse, feito empreendedor, rodeia-se de amigos, faz festas no espaço, usa os serviçais a seu bel-prazer e estes, num momento de juízo perfeito, acabam por bater com a porta. Cansados. No bolso levam créditos para receber nas calendas gregas. Trocados são por outros condenados ao ciclo vicioso.
 
3. Dois funcionários e um casal explorador de restaurante especializado num certo prato. Qualidade indiscutível. O cliente degusta os produtos e na hora de pagar a conta assume-se a patroa; à distância e nas costas da dita-cuja, o empregado faz um sinal de longe, adivinhando-se o "não, não, não". Não, o quê? Desfaz--se entre dentes o enigma enquanto a senhora vai fazer o troco das duas notas de 20 euros: "Não deixe ficar gorjeta! Não é para mim. A tipa fica com ela, embora não me pague o ordenado a horas". Está dito. E cumprido.
 
Aqui chegados, impõe-se aclarar: os casos são da área da restauração, mas podem ser replicados sem dificuldades para outros setores de atividade. Há excelentes empresários de todos os ramos, não se duvide; mas não faltam candidatos a imitadores da exploração ao jeito do Bangladesh.
 
A crise resulta num esfarelamento sequencial da sociedade, abrindo leque ao debate sobre os efeitos do desemprego e a qualidade dos novos - e poucos - postos de trabalho em criação.
 
Para onde vamos?
 
Amanhã, o Governo reúne-se com os parceiros sociais para debater - fórmula eufemística de apresentar decisões tomadas - seis pontos passíveis de elencar razões para o despedimento.
 
Assim vai o país.
 

Aguiar-Branco justificou subconcessão dos Estaleiros de Viana com base em mentiras

 


As afirmações do presidente da comissão de trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), António Costa, foram proferidas em Bruxelas, onde está a convite do PCP e do BE para uma reunião com a Comissão Europeia
 
A comissão de trabalhadores dos Estaleiros de Viana do Castelo acusou hoje o ministro da Defesa de justificar a subconcessão da empresa pública com base em mentiras e garantiu ir "até às ultimas instâncias" para reverter o processo.
 
As afirmações do presidente da comissão de trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), António Costa, foram proferidas em Bruxelas, onde está a convite do PCP e do BE para uma reunião com a Comissão Europeia.
 
Antes do encontro com responsáveis do executivo comunitário, António Costa acusou o ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, de várias contradições no processo de reprivatização, entretanto cancelado, e de subconcessão, à Martifer, já concluído, dos ENVC.
 
"O senhor ministro disse que a única solução seria ter de devolver 181 milhões de euros ao Estado ou que então encerraria as portas [dos Estaleiros], quando no dia 10 ouvimos o senhor ministro dizer que era uma opção ideológica [a subconcessão] não compreendemos como é que um jurista credenciado como o senhor ministro consegue andar a mentir a toda a gente este tempo todo, dando a sensação de que realmente não existe nenhuma solução para os Estaleiros quando isso é mentira", afirmou o responsável.
 
António Costa sublinhou que não "há nenhuma decisão da Comissão Europeia que obrigue o Governo de Portugal a encerrar ou a subconcessionar os Estaleiros" e considerou que a escolha do executivo PSD/CDS é "opaca".
 
"Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance e iremos lutar até às últimas instâncias para provar que o senhor ministro tem andado a mentir aos portugueses e aos seus colegas de Governo com o objetivo de acabar com a construção naval em Viana do Castelo. Não conseguimos perceber qual é a ideologia do senhor ministro, que nunca se dignou a visitar uma empresa da qual ele é o responsável máximo, e abre mão de uma grande empresa, que sempre foi estratégica, foi estratégica para o doutor Paulo Portas e para o doutor Durão Barroso", disse.
 
No mesmo sentido, a eurodeputada do BE Marisa Matias notou que "o ministro invocou o facto da Comissão Europeia ter exigido a devolução dos 180 milhões de euros" quando "o comissário respondeu que não".
 
"É uma história muito mal contada e uma informação que não era verdade apenas para justificar o desmantelamento", referiu.
 
Já João Ferreira, do PCP, acusou a tutela de utilizar "argumentos mentirosos para consumar um crime contra o país".
 
Lusa, em jornal i
 

Mário Dias Sami: "GUINÉ-BISSAU ESTARÁ LONGE DE SER UM ESTADO DE DIREITO"

 


O membro do bureau político do PAIGC Mário Dias Sami afirmou que a "Guiné-Bissau estará longe de poder ser considerada como um Estado de Direito se o exército incumbido de defender a integridade territorial for o mesmo que orquestra golpes de Estado".

Numa entrevista exclusiva à rádio Pindjiguiti, adiantou que os guineenses não podem pensar em Estado de Direito em que existem violações sistemáticas dos direitos humanos e das liberdades fundamentais.
 
António Aly Silva – Ditadura do Consenso
 

Líder das Forças Armadas guineenses ameaça responsabilizar quem perturbar eleições

 


O chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau, general António Indjai, quer que o Governo garanta que as eleições gerais decorram a 16 de março e ameaçou hoje responsabilizar quem perturbar o processo.
 
"Nós (militares) estamos de acordo para que as eleições tenham lugar no dia 16 de março, sem falta. Quem tentar perturbar esta data será responsabilizado. Quero que o Governo faça tudo para que as eleições tenham lugar na data marcada", referiu o líder do golpe de Estado de 2012.
 
O Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, António Indjai, falava numa cerimónia de receção de cumprimentos de ano novo por parte de elementos afetos aos serviços de imprensa militar.
 
As eleições serão as primeiras após o golpe de Estado de abril de 2012.
 
"Não pode haver mais perturbações neste país", referiu.
 
"Podemos aceitar que se altere muita coisa", menos a data das eleições, acrescentou.
 
As declarações surgem depois de os militares guineenses terem sido alvo de várias recomendações do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
 
Na última declaração sobre o país, emitida a 09 de dezembro, aquele órgão disse lamentar "severamente as repetidas interferências dos militares nos assuntos civis" e pediu "respeito" pela ordem constitucional e processo eleitoral, sem mais adiamentos.
 
Hoje foi António Indjai quem fez um apelo generalizado ao diálogo.
 
"Saibamos resolver os nossos problemas à volta de uma mesa. Deixemos as armas de lado", referiu.
 
Indjai prometeu ainda ser implacável e tratar pessoalmente de eventuais casos de tráfico de estupefacientes.
 
"Quero deixar aqui um aviso: Qualquer pessoa que eu apanhar a trazer droga para este país, vai se ver comigo", referiu.
 
As autoridades dos Estados Unidos da América (EUA) manifestaram no início de 2013 a intenção de deter António Indjai por alegado envolvimento em tráfico de drogas internacional.
 
O general refuta as acusações que surgiram depois de, a 4 de abril de 2013, uma brigada de combate ao tráfico de droga dos EUA ter capturado Bubo Na Tchuto, antigo chefe da marinha guineense, acusando-o de tráfico de estupefacientes.
 
LFO/MB // APN – Lusa – foto Musa Baldé
 

Cabo Verde: PESCAR O FUTURO

 

Mário Silva – Expresso das Ilhas (cv), opinião
 
Tem setenta anos. Passou a vida a trabalhar. Era pescador. Na Ribeira da Barca, pescou de tudo um pouco. Inclusive, o presente. Sobreviveu. Nunca conseguiu pescar o futuro. Nunca! E não sabe o porquê. Vai morrer sem saber onde mora o futuro. Destino traçado.
 
Teve seis filhos, com três mulheres diferentes. Poucos, para a sua geração. Os filhos cresceram. Queria que estudassem. Mas o peixe não foi suficiente para tanto. Sabia que o peixe ia acabar. Um dia. Como acabou. Mais cedo do que pensava.
 
Chegou a hora de fazer o balanço da sua geração. Suas vidas. E concluiu: foram para o mar; fizeram filhos; jogaram cartas; beberam grogue. Foi assim. Nas noites e nas tardes da Ribeira da Barca. E de Rincão. Há cem. Trinta. Vinte anos. Desde o «tempo Português». Passando pelo «tempo do partido único». E, agora, no «tempo da democracia». Para eles nada muda. Salvo a idade.
 
Quando o céu está limpo, desabafam. Falam com o Vulcão do Fogo. Aí à sua frente. Tão perto! Às vezes, dá vontade de cair no mar. Nadar. Ir abraçá-lo. Mas o vulcão não resolve o problema dos outros. O que pode fazer, e fá-lo sempre com prazer, é oferecer a sua presença amiga.
 
Há uns anos insistiu com os filhos. Para partirem. Não para o estrangeiro, claro está! Mas para a Boa Vista. Ilha Prometida. Os pescadores de Santa Cruz entenderam isso. Desde muito cedo, partiram. Hoje, são a maioria na Boa Vista. Tiveram boa vista. Ainda não pescaram o futuro. Mas sabem onde fica. Já não é mau. Pode ser que um dia o pesquem! Pode ser! Pode ser!
 
- Por que será, Joa Quim, que para muitos, a vida não melhora? Governo vai. Governo vem. Ora do centro; ora de esquerda; ora não se sabe muito bem de que lado. Se não souberes responder-me, pergunta a quem sabe. Ou ninguém sabe?
 

Governo cabo-verdiano acusa oposição de "jogo político" para chegar ao governo

 

27 de Janeiro de 2014, 18:20
 
Cidade da Praia, 27 jan (Lusa) - O ministro dos Assuntos Parlamentares cabo-verdiano acusou hoje o Movimento para a Democracia (MpD, oposição) de fazer "jogo político" para chegar ao governo, por ter retirado a confiança política ao presidente da Assembleia Nacional.
 
Rui Semedo, citado pela Inforpress, reagia à declaração política feita pelo líder da bancada parlamentar do MpD, Fernando Elísio Freire, no período antes da ordem do dia da sessão parlamentar de janeiro, que começou de manhã.
 
Na declaração política, Elísio Freire disse que o seu partido retirou a confiança política o Basílio Ramos por considerar que o presidente do Parlamento está a violar o regimento, nomeadamente as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) sobre a gestão dos processos de construção e gestão das infraestruturas públicas.
 
Lusa
 

Cabo Verde: NÃO PAGAM AOS TRABALHADORES E USAM "JOGO DO EMPURRA"

 


Trabalhadores da Mota-Engil na ilha cabo-verdiana de Santo Antão reclamam seis meses de salários
 
27 de Janeiro de 2014, 09:39
 
Ribeira Grande de Santo Antão, Cabo Verde, 27 jan (Lusa) - Mais de 40 trabalhadores de Santo Antão da empresa portuguesa Mota-Engil estão a reclamar seis meses de salários em atraso, o que é reconhecido pela subempreiteira Luís Frazão, que responsabiliza o Ministério do Desenvolvimento Rural cabo-verdiano.
 
A notícia é avançada hoje na edição "online" do jornal cabo-verdiano A Semana, que adianta que os factos remontam a maio de 2013, quando a empresa de construção portuguesa deixou de pagar aos funcionários que construíam o sistema de bombagem e a construção dos depósitos de água destinados à agricultura de regadio na zona de Fajã de Maurícias, em Santo Antão.
 
Segundo o presidente da Associação da Boca de Ambas Ribeira (ADIBA), João Virgílio Fortes, o problema agrava-se com a falta de previsão da empreiteira para pagar os ordenados dos trabalhadores.
 
Lusa
 
Mota-Engil demarca-se de atraso de salários de trabalhadores em Cabo Verde
 
27 de Janeiro de 2014, 17:43
 
Cidade da Praia, 27 jan (Lusa) - A construtora portuguesa Mota-Engil negou hoje responsabilidade pelos atrasos salariais de mais de 40 trabalhadores de uma obra na ilha cabo-verdiana de Santo Antão, sublinhando que o incumprimento é da sua subcontratada.
 
Num comunicado enviado à agência Lusa, na sequência de uma notícia da edição "online" do jornal cabo-verdiano A Semana, citada pela agência de notícias portuguesa, a Mota-Engil refere que subcontratou a congénere portuguesa Luís Frazão para a construção do sistema de bombagem e dos depósitos de água destinados à agricultura de regadio na zona de Fajã de Maurícias, em Santo Antão.
 
"A Mota-Engil subcontratou a empresa Luís Frazão para a realização da subempreitada, não tendo a Mota-Engil qualquer relação contratual com os trabalhadores envolvidos na obra e visados pela notícia", lê-se no documento.
 
Lusa
 
*Título PG
 

Moçambique: Governo e Renamo entendem-se após três meses sem diálogo

 
 
Tensão político-militar
 
O País (mz)
 
As duas delegações estão de acordo sobre a presença dos observadores nacionais no diálogo político, nomeadamente, o bispo da Igreja Anglicana, Dom Dinis Sengulane, e o académico Lourenço do Rosário.
 
Retomaram ontem as negociações entre o Governo e a Renamo visando pôr fim à tensão político-militar no país. O executivo e a “‘Perdiz” entenderam-se e as duas partes já aceitam a presença de observadores nacionais. É, na verdade, o fim de três meses sem negociações. A Renamo voltou ontem ao Centro de Conferências Joaquim Chissano para retomar o diálogo político com o executivo sobre a actual situação do país.
 
Num breve encontro, as duas delegações chegaram, finalmente, a entendimento sobre a presença de Dom Dinis Sengulane e de Lourenço do Rosário como observadores nas conversações.
 
O ministro dos Transportes e Comunicações, Gabriel Muthisse, na qualidade de representante do Governo, disse minutos após o encontro com a sua contraparte que o espírito das duas delegações foi positivo, pois conseguiram, em curto espaço de tempo, entender-se em questões essenciais relacionadas à participação de terceiros no diálogo. “Esta é uma ideia que foi acordada pelas partes. Temos fé que o trabalho que vamos fazer a seguir é procurar acordar os critérios, os termos de referência da participação de terceiros, de observadores, que criará condições muito mais positivas para o avanço do diálogo”, explicou Muthisse.
 
Impressionado, o Governo elogiou a postura da delegação da Renamo e diz que esta mostrou uma atitude construtiva. Assim, acredita que “vamos tentar, nas próximas sessões, consolidar esse espírito, de modo a que isso tenha reflexos positivos na vida económica, social, política e cultural do nosso povo”, afirmou, explicando que “o mais importante é a participação de terceiros, de observadores. As duas partes sentarão para definir os critérios de participação desses terceiros. “Acho que a nossa expectativa, e creio que também é a da Renamo, não é ver quem ganhou ou perdeu. A nossa expectativa é que desse debate ganhem todos os moçambicanos. O nosso foco é que os moçambicanos ganhem, possam produzir e viver num clima de paz.”
 
Na foto: Gabriel Muthisse - Delegação do Governo nas negociações, Saimone Macuiane Delegação da Renamo nas negociações
 
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Moçambique - Eleições: Renamo anuncia que vai participar nas eleições de 15 de Outubro

 

Verdade (mz)
 
A membro da Comissão Política da Renamo, Ivone Soares, anunciou esta terça-feira (28), na capital provincial da Zambézia, Quelimane, em reunião alargada aos delegados políticos distritais e membros da Assembleia Provincial, que o seu partido vai participar nas eleições gerais agendadas para 15 de Outubro próximo, e que já está a preparar-se com vista a sair vitorioso. Porém, não disse se tal depende ou não da revisão da actual legislação eleitoral, um dos pontos em discussão no diálogo com o Governo.
 
Durante o evento será discutido e aprovado o plano de actividades do partido para o presente ano e eleitos novos representantes da Renamo a nível da província da Zambézia, entre outros assuntos.
 
De acordo com Ivone Soares, o processo de preparação da Renamo irá comportar a fiscalização do recenseamento eleitoral em todo o país.
 
Num outro desenvolvimento, a deputada da Assembleia da República pela bancada da Renamo, eleita pelo círculo eleitoral da Zambézia, negou que o seu partido seja responsável pela actual tensão político-militar que se vive no país.
 
Soares afirma que a Renamo jamais irá recorrer à guerra para atingir os seus objectivos. “A instabilidade militar registada em vários pontos do país foi uma maneira de persuadir o Governo a dialogar seriamente com a Renamo pois só assim é que se chegará a um consenso e quem sairá a ganhar será o povo”.
 

Portugal: O OPTIMISMO GOVERNAMENTAL NÃO TEM SENTIDO

 

Mário Soares – Diário de Notícias, opinião
 
Nas duas últimas semanas, o Governo, que continua absolutamente paralisado, tem tentado convencer os portugueses de que tudo está a melhorar. Não é verdade. Só se for para os corruptos e alguns (poucos) ricos. Tudo vai cada vez pior. Porque o atual Governo não ousa tocar-lhes. A ministra da Justiça nunca deixou que fossem julgados os grandes corruptos que por aí andam a gozar a vida. São exemplo disso os que tanto ganharam com os bancos falidos, como o BPN, o BPP de Rendeiro e outros mais.
 
Pelo contrário, a classe média está cada vez mais pobre. E os pobres vivem no desespero da miséria, quando não emigram.
 
Mas isso não interessa nada a este Governo. Não tem qualquer sensibilidade para com os pobres nem para com a miséria. Mesmo quando alguns não sabem como alimentar os filhos e saem do País. Note-se que o Presidente da República também não tem nenhuma preocupação quanto a isso. No discurso de ano novo só falou dos mercados. As pessoas e a política - que horror - parecem não lhe interessar.
 
Os pensionistas a quem o Governo tirou parte das pensões são forçados a emigrar. Os suicídios aumentam e a criminalidade também. Permite o Governo que se faça um referendo para saber o que pensam os portugueses sobre a apregoada melhoria da atividade governamental? Certamente que não.
 
O Governo fala muito, diz coisas contraditórias, fala em números e mais números, mas nunca se refere ao essencial. Por exemplo: quanto ganham os ministros, os secretários de Estado, os chefes de gabinete e os múltiplos assessores no conjunto e cada um de per si? Quanto gastaram nas últimas viagens que fizeram e quanto custaram as respetivas comitivas? Ninguém sabe!
 
A desigualdade entre os portugueses é cada vez maior, escandalosamente maior. Mesmo no tempo de Salazar, porque Salazar não roubava, embora deixasse alguns fazê-lo. Nunca foi tão longe, mesmo durante a guerra, na destruição do País. Nas vendas do património, etc. É certo que as crianças na província andavam de pé descalço, mas não tinham fome.
 
E por falar em Salazar - o ditador que sempre combati e me enviou para São Tomé, sem julgamento prévio -, será que a nova polícia especial que o atual Governo anunciou criar vai ser uma outra espécie de PIDE? Estamos a caminho de uma nova ditadura (embora sempre a falar de democracia) e há infelizmente tantos com medo que lhe tirem ainda mais do pouco que tem, que estão cada vez mais desesperados.
 
Talvez o Governo tenha aceitado a minha advertência contra a violência (que tanto deu que falar) e queira tão-só mais e melhor segurança, porque o diabo tece-as... Mas era bom saber quanto isso vai custar ao Estado.
 
Repito, o Governo fala mas pouco diz. Só o que lhe interessa. Dou exemplos. Quanto é que até hoje pagou à troika e quanto vai pagar ainda? Por quanto é que vendeu o património português (que já não é português) e como é que o gastou? Os portugueses gostariam de saber tudo isso. Mas poucos sabem.
 
Quanto tem o Governo recebido da Europa, nestes dois anos e meio, e para onde foi o dinheiro? Era importante que os portugueses soubessem.
 
Considero que o atual Governo não tem tido - julgo mesmo que nunca teve - uma estratégia para a sua atividade política. Era importante que o tivesse feito, mas não me parece que assim tenha sido. Em qualquer caso, nunca foi divulgada.
 
Estamos a poucos meses das próximas eleições para o Parlamento Europeu. Era interessante que se soubesse qual a estratégia a adotar - se é que têm alguma - pelos partidos do Governo, que, ao que parece, cada vez mais se entendem pior.
 
A crise que vivemos é evidente que não é só nossa. Deveu-se fundamentalmente à austeridade, tão cara à senhora Merkel. Porque, como diz o Papa Francisco, a austeridade mata. Sabem, com certeza, o senhor Presidente e o senhor primeiro-ministro que no atual Governo haverá alguns católicos aos quais o bispo D. Januário disse, e muito bem, que não podiam comungar porque não pensam nos seus compatriotas nem, especialmente, nos pobres, alguns na total miséria. Têm as duas personalidades citadas, e ainda o vice-primeiro-ministro que, depois de ter transformado o CDS em PP, disse agora que é democrata-cristão, conhecimento do que diz e faz Sua Santidade? Ou preconizam uma política de sentido contrário?
 
É certo que os partidos da coligação não se entendem e, quando se irritam, falam em tons e políticas diferentes. Mas por que razão continuam na coligação? Pelo gosto, pelo poder, ou por medo do que aí virá quando saírem? Contudo, alguma vez, será. E talvez mais próximo do que julgam.
 
Tanto quanto julgo saber, o que os trabalhadores perderam, em média, de salários (privados e públicos) desde a posse deste Governo é de 10%. Será assim? Para onde foi esse dinheiro?
 
O Governo desde que tomou posse teve, ao que julgo, 47,4 milhões de euros gastos em 2012; 49,2 milhões de euros em 2013 e em 2014, 50,7 milhões de euros, em despesas de funcionamento do Governo. Se for assim, qual é o motivo por que o Governo gastou sempre mais? E por que razão não explica isso aos portugueses? Será que o senhor Presidente da República sabe isso tudo e nunca julgou necessário falar disso aos portugueses?
 
É certo que o número total de membros dos gabinetes dos ministros e dos secretários de Estado somam 1023? Para que são necessários tantos, dadas as dificuldades enormes que Portugal atravessa? Quanto custam? Será que os outros Estados europeus sabem disso? Como a dívida não é amortizada devemos à troika 78 mil milhões de euros (pagaremos algum dia?), além dos juros, que representam cerca de metade da dívida. Pode o Governo explicar aos portugueses como e se vai pagar? Sobretudo nesta fase em que grita que tudo vai no melhor dos mundos porque estamos a vencer a crise? Mas então por que motivo é que os de-sempregados são cada vez mais e tantos portugueses se veem obrigados a sair de Portugal? Como é que vamos ter mais empresas e trabalho se a cada dia há mais escassez de trabalhadores e técnicos qualificados, que foram obrigados a deixar o País?
 
O Governo tem vindo a vender o património português sem dizer (com rigor) porquê nem por quanto. Dada a euforia em que se encontra para o futuro próximo, seria útil que dissesse aos portugueses como fará esse "milagre". Ou se isso vai diminuir o desemprego e aumentar o crescimento da economia e como?
 
Mas, ao que dizem, para os pobres pensionistas o roubo continua. Porque a contribuição extraordinária de solidariedade passa a aplicar-se à totalidade das pensões, 3,5% progressivamente, a partir de mil euros. Como explica isto e as suas consequências, o Governo?
 
Com tantas perguntas não respondidas, é fácil chegar-se à conclusão de que não há nenhuma melhoria nem esperança dela. Entretanto, o desemprego cresce, o Serviço Nacional de Saúde está a ser destruído aos poucos, as universidades públicas, que eram de longe as melhores, estão a ter cortes gravíssimos que, a prazo, as liquidam.
 
Os sindicatos, cujos apoios tinham, também escasseiam e estão a ser dificultados pelo Governo. Bem como os cientistas e tudo o que cheire a cultura ou a artes. O Governo fala muito de democracia (voltou a ser útil), mas as liberdades escasseiam, na comunicação social, por exemplo. O Estado social tem vindo a ser destruído. Os municípios e o próprio Estado de direito sofrem de grandes carências. A crise continua a avolumar-se em Portugal e em Espanha. Enquanto houver troika e austeridade tudo se agrava. Mas na Europa há sinais de que as coisas vão mudar. Contra o economicismo, os mercados usurários e insaciáveis. E em defesa das liberdades e dos Estados sociais. Oxalá assim seja!
 
AS PRAXES SÃO HORRÍVEIS
 
No meu tempo de estudante universitário, em plena ditadura salazarista, praticamente não havia praxes. Porquê? Porque eram malvistas e consideradas reacionárias. A capa e a batina rarissimamente eram usadas. É certo que os estudantes salazaristas, às vezes, atreviam-se a vestir a farda da Mocidade Portuguesa. Mas não me lembro de que nas faculdades, todas públicas, da época, que frequentei em nome do MUD Juvenil tivesse visto alunos de capa e batina. E quanto a praxes, zero.
 
Em Coimbra não era assim. Fui lá várias vezes, até dormi numa república em que Salgado Zenha habitava, aliás muito suja, onde não havia sequer lugar para um banho, e só vi umas poucas batinas velhas e esburacadas.
 
Quanto a praxes, em Coimbra, admito que houvesse algumas, mas em Lisboa, não. Era algo de repugnante e considerado reacionário.
 
Creio que em Lisboa, hoje, as praxes são mais frequentes nas faculdades privadas do que nas públicas. Como vivo no Campo Grande e, quando há bom tempo, tenho o hábito de passear no jardim, este ano vi imensos estudantes de capa e batina, julgo que na maioria eram estudantes da Universidade Lusófona (privada). Falei com eles e compreendi que estavam a ensaiar as praxes.
 
Os praxadores, normalmente maus alunos, abusam em matéria de violência. Para mim é incompreensível e inaceitável. Por isso acho que as praxes deviam ser proibidas. Naturalmente que os mandam são os que têm menos cultura e inteligência e como estudantes geralmente são fracos. Por isso se vingam nos caloiros. Há no praxismo um misto de autoritarismo e até de fascismo.
 
O que se passou no Meco, com a morte dos jovens engolidos pelas ondas gigantes, foi naturalmente um azar e para os pais e para toda a gente bem-formada uma tristeza imensa. Mas obriga-nos a pensar. É preciso tornar as praxes ilegais e acabar com elas.
 

Portugal: A UNIVERSIDADE FORMA ESCRAVOS E OPRESSORES

 
 

Pedro Tadeu – Diário de Notícias, opinião
 
A praxe estudantil é sempre violenta. Um homem ser humilhado é um ato de violência. Uma mulher ser humilhada é um ato de violência. Dirão alguns: "Violência? Como? Os praxados estão lá por quererem, por opção própria!" Duvido mas, se assim for, pior é.
 
Uma instituição capaz de criar um cerimonial de integração cuja resultante deliberada é a aceitação voluntária de castigos e penas, mesmo se aparentemente leves, mesmo se aparentemente inócuos, é uma organização perversamente violenta.
 
Esse assassinato do indivíduo será aceitável numa estrutura militar ou policial - institutos de violência estatal onde as pessoas que os compõem têm de responder a exigências excecionais - mas é inaceitável em qualquer outra organização civilizada. É mesmo incompreensível no local onde se procuram criar futuros espíritos livres que, a partir do raciocínio independente sobre o conhecimento adquirido, sejam um dia capazes de ajudar a sociedade.
 
Os estudantes universitários serão a elite intelectual do País. Pois a primeira coisa que aprendem é a não pensar: obedecer, rastejar, não discutir ordens, não ter amor próprio, não ser gente. Quando, pela passagem do tempo, chegam ao estatuto de praxadores, ensinam-nos então a mandar outros a não pensar e a aceitar, com orgulho, o direito de colocar a pata em cima dos inferiores que rastejam à sua frente.
 
Este rito mitificado por uma falsa tradição histórica - tirando Coimbra, até aos anos 60, todo o atual mundo de praxes estudantis é uma criação parola iniciada nos anos 80 - é medieval. Este enredo periódico é um anacronismo. Este espírito académico é uma escola de formação de escravos inertes e de ditadores fascistas. Que raio de universidade é esta?
 
E que sociedade é esta capaz de proibir um pai de dar uma palmada no rabo a uma criança birrenta mas obrigando-o, um dia, a enviar alegremente o seu filho adolescente para uma máquina social de tortura psicológica e física? Que deputados são estes capazes de discutir legislação específica para acabar com o piropo mas, cheios de medo, recusam liminarmente produzir direito limitador das praxes mais violentas? Que autoridades são as nossas que trabalham há sete meses para meter na cadeia um homem que chamou nomes ao Presidente da República mas ficam indiferentes ao crime anual e calendarizado das praxes académicas?
 
Sei as respostas: afinal, os nossos políticos, as nossas autoridades, quase todos, também um dia aceitaram serem praxados, também um dia aprenderam, rindo alarvemente, a ser escravos ou a ser opressores.
 

Portugal: O NOVO “MEALHEIRO” DO GOVERNO

 

Balneário Público
 
Pires de Lima, o ministro que em outubro passado anunciou o “milagre económico”, declarou em entrevista ao El País que “Com as medidas incluídas no Orçamento do Estado para 2014, espero que não sejam necessários mais sacrifícios no setor público. Não é possível cumprir o objetivo de baixar os impostos em 2015 sem controlar a despesa pública.” Interessante. Nestes anos têm usado e abusado do “mealheiro” dos reformados e agora, esgotados que estão os recursos de sobrevivência de muitos idosos pensionistas, o governo virou-se para o “mealheiro” dos funcionários públicos com toda a gana. Relativamente aos funcionários públicos a realidade é esta: “Depois de três anos de reduções salariais entre 3,5% e 10%,que se aplicavam a partir dos 1500 euros, os trabalhadores do Estado tiveram, já este mês, um corte agravado, entre 2,5% e 12%, nos salários a partir dos 675 euros. Segundo a consultora PricewaterhouCoopers, os cortes previstos para este ano levarão a que, no caso dos ordenados mais elevados, a perda de salário real entre 2010 e 2014 possa chegar quase aos 19%”, podemos ler em Dinheiro Vivo. O que aquele ministro não diz, nem os outros, nem fazem, é cortar nas mordomias dos que andam a empanturrar-se nas gamelas do Estado. Os ministros, os deputados, os boys e as girls, as cunhas, as negociatas, a corrupção, os conluios… Nisso não há cortes. Por isso se disse e se diz: É fartar vilanagem. Destas “conversas” os portugueses estão fartos. Os roubos são descarados e não se vislumbra que a bem, democráticamente, nos livremos desta súcia de vigaristas. Não vai a bem…
 
Otávio Arneiro
 
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NOVA ESCRAVATURA CIVILIZADA (NEC): UM OUTRO CONCEITO DE LIBERDADE INDIVIDUAL

 

Abrupto
 
1. A Juventude Popular propôs numa moção ao Congresso do CDS a diminuição da escolaridade obrigatória do 12º ano para o 9º ano porque “a liberdade de aprender (…) é um direito fundamental de cada pessoa”. Cinco secretários de estado, que pertencem à distinta agremiação, subscreveram a moção, que exprime o direito inalienável à ignorância, como direito individual.(*) Isto escrito por membros de um partido que se diz “personalista”. Aliás há outras puras imbecilidades na moção, como seja a igualização do “autoritarismo do Estado Novo”, com “o autoritarismo do défice e da dívida”, uma “ideia” igualmente muito reveladora do que vai na cabeça dos candidatos a senhoritos do CDS, que, como se vê, nos governam.
 
2. Num processo de habituação e impregnação pelo veneno dos “argumentos” do poder a que vimos assistindo nos últimos anos, já não se reage a nada, nem sequer a perigosas enormidades, em que o próprio facto de terem sido enunciadas no âmbito do actual poder político já é de si muito preocupante. Há mais extremismo aqui do que no mais obscuro grupo anarquista ou maoista.
 
3. Vamos pois “explorar” a “ideia” da Juventude Popular e dos seus (nossos) secretários de estado. Comecemos pela “ideia” de que a escolaridade obrigatória até ao 12º ano, um requisito mínimo no actual débil mercado de trabalho, "limita a liberdade". Não custa perceber pela justificação que a mesma é valida para a educação obrigatória em geral. Ou seja, cada um, famílias e pessoas, são livres de escolherem o grau de escolaridade que pretendem ter, como se isto fosse de facto livre. Eu percebo-os, se precisam de marceneiros, trolhas, carpinteiros e electricistas, que dispêndio é terem que ter o 12º ano? Bastava a quarta classe, enquanto Harvard fica para a elite da elite. Aliás, educação e exigência, algumas vezes vão a par e por isso convém perceber que a educação é sempre perigosa para a “ordem social”.
 
4. Muito bem, mas vamos aprofundar o "conceito". Deixando de haver educação obrigatória, também não tem sentido impedir o trabalho infantil. De facto, que sentido tem a liberdade de não ir à escola sem a liberdade de se poder ir trabalhar? Os pais encontram nessa possibilidade uma maneira de combater as crises, colocando as suas filhas a gaspeadeiras com 14 anos e os rapazes nas obras aos 12. Para além disso, que adolescente gosta da escola? Por que razão não há-de ter a liberdade de ir berrar para uma claque de futebol em vez de ir para as aulas, ou de viver à custa dos pais até aos trinta anos?
 
5. Vamos ainda aprofundar mais. Na verdade, nós devemos ser senhores do nosso próprio corpo, apenas com a excepção das mulheres grávidas que queiram abortar, porque isso é um crime. Só assim a minha liberdade é plena, por que posso vendê-la, ou comprar a liberdade de alguém. Sendo assim, por que é não tenho a liberdade de me vender como escravo, digamos que por um período de dez ou vinte anos, para poder pagar uma dívida, salvar a casa da família, educar um filho? Quando digo escravo, é escravo mesmo, agora num novo conceito que agradará certamente ao pensamento dos blogues “liberais”, a que podemos chamar a Nova Escravatura Civilizada (NEC).
 
6. Na NEC há algumas coisas que não se podem fazer a um escravo, como por exemplo, matá-lo, ou mutilá-lo, mas tudo o resto é livre. É por isso que é “civilizada”. Também não se pode marcar com um ferro em brasa, mas pode-se implantar um chip como se faz aos cães. O escravo é propriedade e é defendido pelas regras intangíveis da propriedade. Se fugir está a roubar o seu dono, pelo que pode e deve ser devolvido ao seu legítimo proprietário. Este pode prendê-lo, se quiser, em cárcere privado ou numa nova empresa que forneça serviços de cadeia. Pode fazê-lo trabalhar 18 horas por dia, pode alojá-lo numa casota, pode mandá-lo desactivar uma bomba, dormir com, servir à mesa vestido de libré, ou fazer salamaleques às visitas. Se for literato pode servir de négre do livro de receitas de Madame ou do manual de empreendedorismo do patrão, escrever umas crónicas engraçadas de caça ou touros e cantar o fado se tiver talento. Pode servir de guarda-costas, mordomo ou trabalhador rural, depende das propriedades e virtualidades do senhor. Pode deixá-lo de herança ou oferecê-lo como prenda de casamento. Mas, acima de tudo, pode comprá-lo e vende-lo num mercado regulado, pagando IVA pela transacção. No fundo, no fundo, não há já muitos escravos destes? Não seria melhor para eles a segurança da NEC, a “civilização” de um estatuto baseado na liberdade de cada um se vender por necessidade e de cada um comprar o que pode? Só sociedades socialistas é que podem atentar contra estas liberdades.
 
7. A minha sugestão à Juventude Popular é que não se acobarde, mas explore as muitas virtualidades do seu projecto. Seria interessante ver, num próximo Congresso do CDS, a bancada superior dos meninos a fazer de gentleman farmer (à portuguesa, claro), ou vestidos de lordes ingleses, e em baixo os seus escravos a distribuir comunicados de imprensa, com a caixa, a escova e graxa prontas para polir as botas de couro, e umas criaditas com a quarta classe, mas a quem as patroas deixam ler a Nova Gente da semana passada, a sussurrar inconfidências e prontas para lhes levar a muda de vestido. Isto sim é que era um Portugal a sério. Só é pena que os malvados do Tribunal Constitucional o impeçam.
 
(*) O CDS veio posteriormente negar que os Secretários de Estado tivessem assinado a moção e que isso se devia à forma como os seus nomes apareciam no documento e que permitia essa confusão.
 
José Pacheco Pereira
 
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PORTUGAL É AINDA SÍMBOLO DE ACESSO AO MAR NAS FLORES, INDONÉSIA

 


Portugal ainda é um símbolo de acesso ao mar nalgumas comunidades piscatórias da ilha das Flores, Indonésia, com portos ancestrais construídos por portugueses e outros agora reconstruídos com o apoio da cooperação internacional de Lisboa.
 
Em 2007, "o apoio português para construir o cais ajudou-os muito. Antes, só podíamos ir diretamente para o mar a partir da praia e era muito difícil”, diz Paulus Kedang, cujo barco transporta diariamente “entre 100 a 250” pessoas.
 
Em Larantuca, o Estado português financiou, em 2007, à recuperação dos equipamentos portuários, atingidos nalguns casos pelo maremoto de 2004, um símbolo positivo da cooperação portuguesa que deverá ser agora de novo discutido pelas autoridades dos dois países no encontro de segunda-feira entre os ministros do Negócios Estrangeiros, Rui Machete e Marty Natalegawa.
 
Na regência das Flores Oriental, foram gastos 235 mil euros na construção do cais em Tanah Merah, na ilha de Adonara, inaugurado em 2009, e na extensão do cais existente em Lohayong, na ilha de Solor, uma obra finalizada em 2010.
 
No leste da ilha, na província de Sica, as obras em dois cais (Sica e Waturia) são menos consensuais, devido à sua má conceção e falta de qualidade.
 
Na aldeia de Sica, cujo turismo assenta sobretudo na herança portuguesa ali deixada, em especial pelos missionários católicos, são visíveis vários barcos estacionados junto à praia, ao lado dos destroços daquilo que foi o cais inaugurado em 2008.
 
O cais nunca teve utilidade, porque “antes de o utilizarem, já estava partido”, refere Gregorius Tamela Carvallo, habitante da aldeia de Sica, onde cerca de metade da população vive da pesca tradicional.
 
“Depois de o construírem, tornou-se numa área perigosa, porque fizeram-no muito perto” da costa, disse o aldeão que lamenta a opção do antigo Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (atual Instituto Camões) de dar o apoio às autoridades locais em vez de implantar o projeto através de uma ONG.
 
“Eles apoiaram o governo local a nível económico, mas estes mudaram o dinheiro para a mão deles, porque é melhor proteger as suas casas do que fazer a obra” em condições, acusa, por sua vez, Daeng Colli, que vende peixe junto à estrada principal de Waturia.
 
Rudy Salam, pescador e líder da comunidade de Waturia, recorda uma reunião onde foi decidido que o cais deveria ficar a 200 metros da praia e lamenta que no final o mesmo tenho sido construído a apenas 36 metros, o que faz com que as ondas sejam maiores e dificulte a chegada dos barcos.
 
A força das ondas ao chocar com o cais provocou não só a destruição de parte da obra, inaugurada em 2010, mas também danos em cinco casas.
 
Por isso, entretanto, a comunidade decidiu destinar fundos para comprar barcos de pesca que recebeu do governo indonésio para construir uma barreira de pedras que facilita a atracagem dos barcos e protege as casas.
 
O regente de Sica, Yoseph Ansar Rera, que representa o poder central, também reconhece que “as condições não são boas” e promete reconstruir o cais, embora sem avançar uma data para tal.
 
Mas em Larantuca, a satisfação é evidente. O barco de Paulus Kedang viaja da aldeia de Palo, em Larantuca, até a Tanah Merah “mais de sete vezes” por dia, sendo que antes da construção do cais apenas fazia duas a três viagens diárias devido às dificuldades de acostagem.
 
Para Nurdin Syukur, proprietário de um barco com dois andares que faz a viagem entre o porto de Larantuca e o cais de Lohayong, na ilha de Solor, transportando cerca de 100 pessoas em duas viagens diárias, a extensão do cais foi positiva, “porque antes era muito difícil para as pessoas entrarem no barco”.
 
“O cais realmente ajudou muito o povo local”, disse à Lusa o líder da aldeia muçulmana de Loyahong, Abdullah Imran. O projeto trouxe ainda melhorias no “setor económico”, dado que várias “atividades diárias começam no cais”.
 
No entanto, o responsável da aldeia lamenta que o cais não tenha mais um metro de altura dado que o nível do mar por vezes dificulta a entrada e a saída dos passageiros.
 
O regente das Flores Oriental, Joseph Lagadoni Herin, mostra-se grato pelo investimento feito por Portugal, que foi “muito importante para a população local” e inspirou a regência a construir obras do género.
 
AYN // PJA – Lusa
 

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