terça-feira, 3 de abril de 2012

Timor-Leste: Taur Matan Rual cancela comício em Viqueque por razões de segurança



MSE - Lusa

Díli, 03 abr (Lusa) - O candidato Taur Matan Ruak cancelou um comício previsto para terça-feira em Viqueque, a leste de Díli, por razões de segurança, disse hoje à agência Lusa o porta-voz da candidatura, Fidélis Magalhães.

"Temos informações de duas casas e uma motorizada queimada. Decidimos não ir. O candidato disse hoje que não quer conflito e sofrimento para os cidadãos", afirmou Fidélis Magalhães contatado por telefone pela agência Lusa. Segundo o porta-voz de Taur Matan Ruak o coordenador de campanha do ex-chefe das forças armadas foi apedrejado e o carro danificado em Baucau.

A candidatura de Taur Matan Ruak convocou uma conferência de imprensa para quarta-feira e espera-se que aborde os incidentes de Viqueque, um bastião da Fretilin, partido na oposição que apoia a candidatura de Francisco Lu Olo Guterres, adversário do ex-general na segunda volta das presidenciais de 16 de abril.

Contactada pela agência Lusa, fonte da candidatura de Francisco Guterres Lu Olo afirmou que a "segurança está estável".

"Do nosso ponto de vista os comícios têm corrido bem e estamos a garantir a ordem e a estabilidade. Não há justificações nenhumas para falar de problemas durante a campanha", afirmou a mesma fonte.

A mesma região foi palco do único incidente grave nas eleições legislativas de 2007, quando um segurança civil da candidatura do CNRT, de Xanana Gusmão, foi morto a tiro.

Taur Matan Ruak demitiu-se da chefia das forças armadas do país para se candidatar à Presidência da República, tendo conseguido, na primeira volta disputada a 17 de março, o segundo lugar com cerca de 25 por centos dos votos.

O ex-chefe das forças armadas é apoiado pelo Conselho Nacional da Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), do primeiro-ministro, Xanana Gusmão.

Francisco Guterres Lu Olo, que obteve cerca de 28 por cento dos votos, é apoiado pela Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).

Na semana passada, na sequência de uma reunião extraordinária do Conselho Superior de Defesa e Segurança, os dois candidatos assumiram um compromisso para que a campanha eleitoral e o dia das eleições decorra "sem incidentes".

"O nosso compromisso é único: Fazer tudo o possível para que os nossos cidadãos votem no dia das eleições e que todos eles exerçam o seu direito em liberdade de escolha", afirmou o general Taur Matan Ruak.

"Nós temos um compromisso muito claro. Estamos aqui e somos responsáveis perante o nosso país, perante o nosso povo, e queremos dar toda a liberdade ao povo para escolher o candidato que preferir, num ambiente de paz, calma e estabilidade", disse, por seu turno, Francisco Guterres Lu Olo.

Os dois candidatos comprometeram-se também a controlar os seus apoiantes, a bem da tranquilidade do país, pedindo serenidade.

Nos últimos dias, as autoridades timorenses têm feito repetidos pedidos aos timorenses para que o dia eleitoral de 16 de abril decorra de forma exemplar, como aconteceu na primeira volta para as presidenciais, a 17 de março.

Timor-Leste: Inaugurado novo edifício do Ministério da Defesa oferecido pela China



MSE – Lusa, com foto

Díli, 03 abr (Lusa) - O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, inaugurou hoje o novo edifício do Ministério da Defesa e do Estado-Maior das forças armadas timorenses, oferecido pela cooperação chinesa.

"Há cerca de um ano e meio, mais propriamente no dia 24 de agosto de 2010, estivemos neste mesmo local a proceder ao lançamento da primeira pedra da construção deste edifício", afirmou Xanana Gusmão.

No discurso, o chefe do governo timorense disse que não se pode exigir às instituições do Estado profissionalismo se não houver condições dignas de trabalho.

"Esta cerimónia reveste-se de uma importância extrema e deixa-me como chefe do governo e ministro da Defesa e Segurança bastante orgulhoso e com sentido de dever cumprido", afirmou, sublinhando que tem sido uma preocupação do governo dotar organismos oficiais com bons locais de trabalho.

Aos ocupantes dos novos edifícios, Xanana Gusmão exortou a preservar as instalações "tal e qual as receberam".

O primeiro-ministro timorense agradeceu também à China o esforço que tem feito na construção de edifícios estatais timorenses.

"Este gesto é tanto mais significativo porque não é assente em contrapartidas. Nada nos foi exigido e tão pouco sugerido em troca da construção destes edifícios", afirmou Xanana Gusmão.

A cooperação chinesa construiu também o Palácio da Presidência da República e o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

O embaixador da China em Timor-Leste, Tian Guangfeng, disse que o projeto demonstra a amizade entre os povos chineses e timorenses.

"Este ano marca o 10.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e Timor-Leste. Ao longo destes anos, os dois países realizaram cooperação nas diversas áreas tendo alcançado resultados frutíferos", afirmou o diplomata.

Segundo o embaixador chinês, o governo chinês atribui alta importância ao desenvolvimento das relações de cooperação com Timor-Leste e está disposto a continuar a prestar apoios ao povo timorense pelo seu empenho na construção do Estado.

"Esperamos que seja aprofundada constantemente a cooperação económica e comercial entre a China e Timor-Leste a fim de beneficiar os dois estados", acrescentou.

Participaram na cerimónia o Presidente da República, José Ramos-Horta, o chefe das Forças Armadas, Lere Anan Timur, vários membros do governo, representantes do corpo diplomático acreditado em Díli e da Missão Integrada da ONU no país.

O novo edifício fica localizado em Díli, na zona de Comoro, a poucos metros da Presidência da República.

Governo de Timor-Leste espera aprovação de termos de referência sobre adesão



MSE - Lusa

Díli, 03 abr (Lusa) - O chefe da diplomacia de Timor-Leste disse hoje esperar que a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) aprove os termos de referência do grupo de trabalho sobre a adesão do país à organização internacional.

Os líderes da ASEAN estão reunidos numa cimeira da organização asiática entre hoje e sábado em Phnom Penh, no Camboja.

"Espero que os líderes da ASEAN mais uma vez se debrucem sobre os termos de referência para o grupo de trabalho que foi constituído na última cimeira em Bali, em novembro do ano passado", afirmou à agência Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros timorense.

Segundo Zacarias da Costa, os líderes da ASEAN têm ainda de aprovar os termos de referência do grupo de trabalho, mas também ser mais claros sobre o prazo da adesão de Timor-Leste à organização e os passos que terá de dar até esse momento.

No âmbito do grupo de trabalho, o ministro dos Negócios Estrangeiros disse que já houve três reuniões dos funcionários superiores.

"Estamos a notar avanços bastante significativos, o mais importante neste momento é que já concordamos com os passos que teremos que dar", afirmou.

O caminho para Timor-Leste se tornar membro da ASEAN foi aberto em novembro quando foi decidido formar um grupo de trabalho para estudar a candidatura timorense, entregue em março de 2011.

As autoridades timorenses acreditam que Timor-Leste poderá ser membro pleno daquela organização em 2013.

Indonésia, Malásia, Tailândia e Filipinas têm sido os países mais entusiastas da entrada imediata e incondicional, enquanto Laos, Camboja e Birmânia chegaram a defender que primeiro Timor-Leste deveria ter o estatuto de observador.

Singapura é o país que tem assumido mais reservas, defendendo que Timor-Leste deveria aguardar pela consolidação da ASEAN em 2015, por ter ainda problemas internos a resolver.

Macau: Jovens asiáticos e luso-descendentes festejaram Dia da Língua Portuguesa



FV - Lusa

Macau, China, 03 abr (Lusa) - A criação de um centro de língua portuguesa em Macau seria "muito positiva" para estimular a aprendizagem, disse hoje o diretor interino do Departamento de Português da Universidade de Macau (UMAC), Yao Jing Ming.

"Esse centro, se for criado, será muito positivo para estimular a aprendizagem da língua portuguesa. A ideia é muito interessante", afirmou Yao Jing Ming à agência Lusa à margem das comemorações do Dia da Língua Portuguesa na UMAC.

O diretor interino do Departamento de Português da UMAC comentava assim o repto lançado no mês passado pelo presidente do Instituto Politécnico de Macau, Lei Heong Iok, ao Governo de Macau e Ministério de Educação chinês para a criação de um centro de língua portuguesa para melhor aproveitar o papel de Macau enquanto plataforma entre a China e os países lusófonos.

Na altura, a ideia colheu adeptos entre os deputados à Assembleia Legislativa de Macau e foi levada à sessão anual da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), em Pequim, também em março.

Yao Jing Ming acompanhou o processo à distância, mas considera que o "papel muito importante" da língua portuguesa na Região, sobretudo no "aspeto jurídico", e o crescente interesse na aprendizagem justifica a criação do centro.

"De facto, Macau tem condições para se tornar um centro de aprendizagem da língua portuguesa. Aqui temos muitos professores, vindos de Portugal, do Brasil e de outros países. Aqui temos canais de televisão em português e também a rádio", acrescentou.

A UMAC tem mais de 1.600 alunos de português. A maioria estuda a língua enquanto disciplina de opção nos cursos que frequenta, além dos cerca de 200 atualmente inscritos na licenciatura de Estudos Portugueses, 30 em cursos de mestrado.

Jovens asiáticos e luso-descendentes festejaram Dia da Língua Portuguesa



Fátima Valente, da Agência Lusa

Macau, China, 03 abr (Lusa) - Rui Veloso, Mariza, Os Anjos, Adriana Calcanhoto, Eugénio de Andrade e José Régio foram alguns dos nomes que passaram hoje por Macau, na voz dos alunos que deram vida a mais um Dia da Língua Portuguesa da Universidade de Macau.

"Hoje é um dia especial para nós. É um dia para tirarmos da garganta um pássaro para cantar nesta língua. É um dia para declamarmos nesta língua os versos onde habitam navegação, naufrágio, saudade, ternura, alegria ou dor e sofrimento", avisou na abertura o diretor interino do Departamento de Português, Yao Jing Ming.

A gastronomia também não faltou nas palavras, num sarau marcado pela multiculturalidade. "É um dia para sorvermos um copo de tinto português ou de cachaça brasileira, para sentir o sol alentejano ou o calor baiano", atirou Yao Jing Ming, não resistindo a declamar "Na minha Pátria", um poema da sua autoria.

Os alunos seguiram-lhe as pisadas e, numa lista extensa de participantes, desdobraram-se em atividades, entre a música, dança, poesia e teatro.

A participar na festa pelo segundo ano consecutivo, e ansiosa por "mostrar" o que aprendeu, Cristiana Soares foi a primeira a pisar o palco com uma interpretação sentida de "Meu fado meu" de Mariza.

Nascida em Macau e com uma vivência de oito anos na vizinha China Continental - em Zhuhai - a aluna de 20 anos ilustra a origem da maior parte dos alunos de português da sua universidade, não fosse a mãe ser americana e o pai português.

O interesse pela língua de Camões tem também vindo a crescer no interior da China, a ver pelo número de alunos que todos os anos preenchem as vagas da licenciatura.

Exemplos desse núcleo, Viviana e Margarida Lei, assinalaram o dia com a peça de teatro "Férias na praia". "É um texto original e muito divertido", afirmou Viviana, ao lembrar a animação dos preparativos e ensaios.

Ainda sob a adrenalina da atuação, é difícil a Cristiana Soares falar de futuro profissional, apesar da noção clara de que "quem sabe falar chinês e português pode procurar um bom trabalho no governo em Macau ou em países como o Brasil e Angola".

As decisões profissionais, essas só "lá para o quarto ano". Antes disso, a aluna latino-americana segue para um intercâmbio escolar na Universidade de Coimbra no próximo semestre, e ainda quer viajar pelo Brasil e África, já que sempre se interessou pelos países lusófonos.

Também Margarida, cujo gosto pela cultura europeia a levou a estudar português, não está muito preocupada com um trabalho na língua que considera "muito interessante".

"Quando acabar o meu curso, talvez vá trabalhar como tradutora, mas agora não tenho muita certeza", disse, para já mais interessada nas atuações dos colegas.

A UMAC tem mais de 1.600 alunos de português. A maioria estuda a língua de Camões enquanto disciplina de opção nos cursos que frequenta, além dos cerca de 200 da licenciatura de Estudos Portugueses, 30 de mestrado e seis de doutoramento.

Moçambicano hospitalizado após brutal ataque racista em Moscovo



João Santa Rita, Washington - VOA

Russos tentaram ajudar as vítimas. Atacantes tentaram decepar a orelha de Gabriel Bila

O cidadão moçambicano hospitalizado é Gabriel Bila do Maputo que se encontra em Moscovo a estudar.

O ataque deu-se numa passagem subterrânea para peões numa das ruas da cidade. Gabriel Bila foi brutalmente espancado tendo os atacantes tentado cortar-lhe uma orelha.

Bila disse à Voz da America que os três amigos foram atacados pelas costas por quatro russos empunhando facas.

“Cortaram-me a orelha e agrediram-me violentamente,” disse Bila que acrescentou que médicos russos tinha conseguido salvar-lhe a orelha através de cirurgia.

“Estou coma cara inchada da pancada que apanhei,” acrescentou o cidadão moçambicano que disse não saber quando vai receber alta do hospital.

Bila disse que o ataque foi “puramente racista” e que ele próprio já tinha sido vítima de um outro ataque racista embora noutra cidade russa.

O caboverdiano Dério Nunes que trabalha na Rússia há 12 anos foi tambem vítima da agressão mas conseguiu fugir.

Nunes disse ter sido pontapeado e agredido a murro.

Quando voltou ao local encontrou o seu amigo moçambicano a “segurar a orelha” coberto de sangue e confuso sobre o que se tinha passado pois tinha ficado inconsciente.

Nunes disse á Voz da América que tinha sido uma cidadã russa que tinha telefonado à policia e aos serviços hospitalares. Dois cidadãos russos tinha também tentado parar a agressão.

“Tivemos sorte pois quando entramos nessa passagem subterrânea dois russos que também ali entraram tentaram defender-nos do ataque,” disse Nunes.

“Eles também ficaram feridos nas mãos,”acrescentou.

Um dos russo “muito agitado” foi num carro da polícia para tentar identificar os assaltantes nas ruas mas sem sucesso.

Dério Nunes disse que “este tipo de ataques são frenquentes” recordando um ataque o ano passado contra outro cabo verdiano.

Moçambique: Renamo acusa polícia de planear assassinar Dhlakama e ameaça Guebuza



Faizal Ibramugy, Nampula - VOA

A polícia desmente categoricamente plano para abater o líder da oposição e Conselho de Ministros não comenta

A Renamo acusa a polícia moçambicana de pretender assassinar Afonso Dhlakama e ameaça atacar o palácio presidencial em Maputo, se isso vier a acontecer.

A polícia desmente categoricamente qualquer plano para abater o líder da oposição. Inquirido por um correspondente da Voz da América em Maputo, o porta-voz do Conselho de Ministros disse que o assunto não foi abordado e escusou-se a comentar.

A Renamo veio terça-feira a público acusar a polícia de estar a organizar uma invasão à residência de Afonso Dhlakama em Nampula, com objectivos de tirar a sua vida.

A informação foi tornada pública pelo Comandante da Segurança de Dhlakama, Símião Bute, o qual disse que o seu partido tem já informações da chegada a Nampula de algumas forças especiais que, neste momento, se encontram escondidas no Comando das Forças de Intervenção Rápida e outras, junto ao quartel de treinos em Nampula vulgarmente conhecido por Polígono.

Simião Bute disse que face ao clima instalado em Nampula, as suas forças encontram-se em estado máximo de alerta, advertindo por essa razão o povo moçambicano para o reinício da guerra em Moçambique.

“O que fizemos no dia 8 de Março passado, vai ser muito pouco. Aquele que vai ter saudade de morrer venha morrer nesse dia que vão atacar a residência da Renamo. Os que tiveram saudades de morrer no dia 8 morreram. E falta os outros que têm saudades, Venham donde vierem, nós estamos prontos para os receber e matá-los,” disse para depois explicar que não está a brincar com ninguém, pois o que fala transmite a verdade da Renamo.

O Comandante da Segurança da Renamo disse que no mesmo dia em que será assaltada a residência da Renamo, esta formação política fará o assalto na mesma altura à Ponta Vermelha, como forma de mostrar ao chefe do Estado moçambicano e à sua família "o quanto é bom ouvir disparos".

Confrontada com as alegações da chegada de forças especiais a Nampula para assaltar a residência de Dhlakama, o comandante da polícia, João Inácio Dina, diz não ter esse tipo de informação.

AZAWAD – A AREIA E A FÚRIA – III



Martinho Júnior, Luanda

7 – A situação físico-geográfica e a geo estratégia do MNLA.

Quem quer que esteja à frente, do “Movimento Nacional de Libertação Azawad”, ou esteja a influenciar a sua “super estrutura” dirigente, desde logo se identifica com expedientes inteligentes com vocação geo estratégica para com a imensa região do Sahara / Sahel (que se estende de Porto Sudão a leste até à capital da Mauritânia, Nouakchott, a ocidente) e para com todo o Oeste Africano.

*Ler matéria relacionada – partes I e II

Chega-se a essa conclusão se analisarmos os aspectos físico-geográficos e humanos do presente “fenómeno tuaregue”, inclusive nas suas implicações sócio-políticas.

Se bem que o espaço onde os tuaregues (http://pt.wikipedia.org/wiki/Tuaregues) se movimentam abarque tradicionalmente o deserto da Líbia, Argélia, Níger, Mali e Burkina Faso (conforme a carta), a sua influência poder-se-á fazer sentir, directa ou indirectamente, em toda a transversal continental de Porto Sudão a Nouakchott, uma vez que essa transversal é utilizada por outras etnias nómadas com multi-facetados interesses que coexistem com os dos tuaregues, assim como, por todo o Oeste Africano, tendo em conta a área principal de impacto da sua actual acção.

A escolha do Mali para a presente rebelião (http://en.wikipedia.org/wiki/2012_insurgency_in_northern_Mali) foi criteriosa em qualquer desses aspectos e, sob o ponto de vista físico-geográfico, o Mali é onde mais facilmente poderiam delimitar território, pois o formato das fronteiras políticas do país facilita o “corte” da parte norte (onde pontifica Tombuctu) em relação ao sul (Bamako, no outro extremo, está próximo da fronteira sudoeste com a Guiné Conacry), conjunturas que seria muito mais difícil encontrar comparativamente no Níger, no Chade, ou no Burkina Faso.

8 – Sob o ponto de vista humano.

É de realçar em primeiro lugar as características nómadas da cultura tuaregue, em condições adaptadas ao enorme deserto quente do Sahara e ao Sahel, o que os torna um povo cada vez mais de comerciantes e guerreiros que recorrem a padrões tradicionais como suporte de base para seus comportamentos e actividades, capazes de absorverem equipamentos modernos, em especial no que diz respeito aos processos respeitantes à sua segurança e à sua defesa.

Por outro lado a sua inserção “sem passaporte”, quiçá sem identificação e controlo das autoridades estatais dos países que percorrem, é em nações fragilizadas que constituem a cauda dos Índices de Desenvolvimento Humano, precisamente nas áreas de densidade populacional mais rarefeita e em regiões onde existe a maior miséria no planeta.

Para se ter uma ideia, eis os dados do IDH (http://www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?id01=3600&lay=pde) referentes a quatro países da região, todos eles países interiores sem acesso directo ao oceano, onde existe implantação nómada tuaregue:

- 167º - Níger - 0,261.
- 163º - Chade - 0,295.
- 161º - Burkina Faso - 0,305.
- 160º - Mali - 0,309.

Nesses países a distribuição da riqueza tem assimetrias: enquanto na parte sul de cada um deles os IDH são mais favoráveis, uma vez que é a sul deles que se encontram as principais cinturas verdes (quase sempre em função do curso do rio Níger), é a norte, no espaço onde os tuaregues melhor se disseminam, onde as condições de sobrevivência atingem maior precariedade.

Para os nómadas tuaregues, homens fortes do deserto habituados a ambientes extremos, em relação aos quais fizeram ressuscitar a arte da guerra (moderna) com os acontecimentos na Líbia (“Gaddafi’s influence in Mali’s coup” – http://www.bbc.co.uk/news/world-africa-17481114), isso tornou-se factor essencial: seu alistamento foi nas forças armadas melhor pagas e ao mesmo tempo as que ofereciam melhores condições, as da Líbia sob a égide de Kadafi, o que os foi afastando das outras forças armadas da região, ou seja, do Chade, do Níger, da Argélia e do Mali.

O coronel Kadafi via por outro lado um papel muito importante para a Líbia em todo o Sahara / Sahel e Oeste africanos, onde disseminou investimentos muitos dos quais socorreram aliás aos pobres estados de nações frágeis como o Níger e o Mali.

A Líbia sob a égide de Kadafi detinha licença para numa imensa região criar a agricultura que lhe interessava, aquela que não poderia arrancar a curto prazo no próprio território líbio.

Ao pôr fim a Kadafi e ao enredo político-social líbio sob a sua égide, as forças militares líbias desagregaram-se e, se uma parte dos quadros autóctones foi sendo mal ou bem absorvidos pelas novas autoridades, os tuaregues foram desde logo combatidos, pois não possuíam um bastião forte como as outras tribos autóctones no espaço nacional líbio.

É evidente que tudo isso aconteceu no âmbito da própria emergência rebelde contra Kadafi: só se tornou possível com a implicação de inteligência e militar ocidental, tendo à cabeça os Estados Unidos, o Reino Unido e a França, criando como consequência a migração dos guerreiros derrotados.

A actual rebelião tuaregue germinou em condições e conjunturas distintas das anteriores, o que desde logo é possível comprovar nos aspectos geo estratégicos e tácticos que integram a formação, implantação e acção do MNLA.

Sob o ponto de vista táctico, primeiro o MNLA atacou as povoações periféricas junto às fronteiras da Argélia, do Níger e do Burkina Faso, para depois confluir nas direcções centrais sucessivas de Kidal, Gao e, por fim da milenar Tombuctu, fechando o ciclo ofensivo bem no âmago do território reclamado e aprontando-se para consolidar defensivamente as suas posições.

Isso provocou em cadeia resultados geo estratégicos que condu<zem a uma cada vez maior fragilização de África (e ao neo colonialismo em época de globalização, com todas as suas consequências, inibições e contradições), dos quais destaco cinco deles:

- O golpe militar em Bamako;

- O aprofundar da fragilização da resposta do Mali, tirando partido do facto de sair imediatamente derrotado a norte;

- A impotência dos países componentes da ECOWAS e da CEDEAO, que tomaram decisões rápidas contra os militares malianos golpistas, seguindo a cartilha ocidental, por que se vêem impotentes para fazer face à emergência de Azawad, o território reclamado para chão-pátrio dos tuaregues.

- A impotência da União Africana, presa aos conceitos sócio-políticos que directa ou indirectamente têm sido absorvidos essencialmente a partir dos interesses ocidentais e integraram a cultura das revoltas no âmbito da “primavera árabe” na Tunísia, no Egipto e, de forma tão militarmente sangrenta, na Líbia.

- A expectativa das potências ocidentais com implicações de inteligência e militares em África, nomeadamente os Estados Unidos, o Reino Unido e a França, até por que qualquer evolução que haja vai ao encontro dos seus interesses, particularmente aqueles que se referem ao “redesenhar” do mapa político do continente, tal como em relação às parcerias cultivadas e às potenciais.

Por todas estas razões, faço lembrar quão importantes foram para África os conceitos de “pan-africanismo” (http://en.wikipedia.org/wiki/Pan-Africanism) formulados há 50 anos por Kwame N’Krumah no Gana e quão importante é fazer lembrar que ele foi derrubado do poder por um golpe de estado sob a influência da CIA (“Documents Expose U.S. Role in Nkrumah Overthrow” – http://www.state.gov/www/about_state/history/vol_xxiv/z.html)!

Brasil: A GRANDE MÍDIA A SERVIÇO DE QUADRILHAS ORGANIZADAS



J. Carlos de Assis (*) – Carta Maior

No Brasil, estamos assistindo estupefatos ao descortinamento do conúbio inacreditável entre setores da mídia e crime organizado: gravações feitas pela Polícia Federal com autorização da Justiça revelam que a maior revista do pais, “Veja”, teria sido regularmente pautada por bandidos que usam espiões privados, alguns egressos do antigo SNI, para muitas vezes forjar escândalos. O artigo é de J. Carlos de Assis.

Décadas atrás li a autobiografia do general Reinhard Gehlen, o chefe da espionagem alemã no Leste europeu durante a Segunda Guerra, o qual, com o fim desta e a derrota de Hitler, salvou a própria cabeça e as cabeças de seus auxiliares mais próximos vendendo aos americanos seus arquivos e sua rede de contatos no coração da União Soviética. Tornou-se uma legenda, pela eficiência com que organizou, nas duas situações – sob Hitler, e sob os americanos -, sua excepcional rede de espionagem contra os soviéticos.

O fim da guerra deveria ter significado também o seu fim. Precavido, antes da derrocada final alemã enterrou algo como 50 barris de microfilmes em montanhas da Áustria para negociá-los com os vencedores. Deu certo. Gehlen acabou conquistando a confiança dos americanos, e da própria CIA, transferindo para eles sua lealdade e, principalmente, seus arquivos materiais e mentais. Na antiga função, notabilizara-se sobretudo por ter sob seu comando centenas de brilhantes jovens espiões, recrutados entre a elite dos exércitos alemães. Na nova, manteve esses critérios.

Cerca de 4 mil agentes do antigo Reich foram “transferidos” para os serviços de espionagem da nova Alemanha dirigidos por Gehlen. Foram fundamentais para a organização de um serviço de informação ocidental direcionado contra os soviéticos. Antes, não havia nenhum sistema de espionagem estruturado nesse sentido pelos americanos. Sem os serviços de Gehlen, e sem essa “transferência”, os Estados Unidos teriam uma tremenda dificuldade na condução ideológica de seu lado na Guerra Fria, que não se limitava apenas à espionagem, mas também à comunicação.

Essas reminiscências me vieram à mente com o fim da União Soviética, e com a pergunta óbvia: O que foi feito do imenso aparato de espionagem, informação e contra-informação soviético, deixado sem pai nem mãe enquanto o Estado se desestruturava no desgoverno Yeltsin? Sabemos que algo dele sobreviveu nas mãos de Putin, mas até que este antigo homem de informação assumisse o poder dezenas de milhares de espiões de dentro e de fora da União Soviética perderam privilégios e rendas, sendo forçados a buscar outros meios de vida.

Minha intuição é que essa rede universal de espionagem deserdada, não tendo em seu comando um general Gehlen que a negociasse em bloco com um novo patrão – os americanos não se interessariam, a não ser pelos cabeças -, tem sido comprada no varejo por duas estruturas poderosas, que podem pagar por ela: o sistema financeiro e a grande mídia. O sistema financeiro usa a espionagem privada para manipular e chantagear políticos na busca de decisões legislativas a seu favor. É uma forma agressiva de lobby, que funciona sobretudo nos Estados Unidos.

Quanto à utilização pela mídia de espiões descolados das estruturas formais de espionagem, tivemos a primeira evidência mundial com o caso Murdoch na Inglaterra: esse mega-empresário das comunicações, dono do Wall Street Journal, dentre outros jornais de direita, foi pego com a boca na botija ao empregar espiões para grampear personalidades de várias áreas na Inglaterra para chantageá-los com seu jornal de escâncalos. Isso sugere o cruzamento de interesses financeiros com interesses midiáticos espúrios, numa conspiração gigantesca, em escala global, contra a democracia.

No Brasil, estamos assistindo estupefatos ao descortinamento do conúbio inacreditável entre mídia e crime organizado: gravações feitas pela Polícia Federal com autorização da Justiça revelam que a maior revista do pais, “Veja”, teria sido regularmente pautada por bandidos que usam espiões privados, alguns egressos do antigo SNI, para muitas vezes forjar escândalos. Note-se que o SNI, Serviço Nacional de Informações, foi extinto por Collor anos atrás, e seus espiões, assim como os soviéticos, foram deixados à solta no mundo para quem pagasse melhor.

Em relação à “Veja” havia outros indícios de utilização de espiões, como tem sido bem documentado pelos jornalistas Luís Nassif e Paulo Henrique Amorim. Com minha experiência de mais de 30 anos de jornalismo ativo, e tendo eu próprio sido um dos introdutores do jornalismo econômico investigativo na área econômica no início dos anos 80 – portanto, ainda sob a ditadura -, desconfio de reportagens com excesso de detalhes cronológicos, minuto a minuto – como recentemente fizeram com José Dirceu. Nenhum repórter consegue esses detalhes relativamente a fatos passados a não ser pela mão de um espião. Alguém os colhe, e a maioria que os colhe, colhe-os para vender.

Como outras revistas de direita, “Veja” paga pelo material, na medida em que rende aumento de circulação, pondo um laranja para assinar. Tudo se faz, claro, sob o manto protetor da liberdade de imprensa!

(*) Economista e professor, presidente do Intersul, autor, junto com o físico-matemático Francisco Antonio Doria, do recém-lançado “O universo neoliberal em desencanto”, pela editora Civilização Brasileira. Esta coluna é publicada também no site “Rumos do Brasil” e, às terças, no jornal carioca Monitor Mercantil.

Brasil: Operário de Belo Monte é preso durante repressão da polícia; greve continua



Diário Liberdade

Xingu Vivo - [Ruy Sposati] Altamira, Pará. 2 de abril de 2012. Um trabalhador da Usina Hidrelétrica Belo Monte foi preso na manhã desta segunda-feira, 2, durante repressão da Polícia Militar (PM) a grevistas que pararam as obras da usina desde a semana passada. Ele permaneceu algemado numa picape da PM, pela manhã. Durante repressão, foram usadas bombas de gás e spray de pimenta. Um helicóptero- alugado pela Norte Energia para uso da Polícia e da Defesa Civil locais – sobrevoava o local, com fuzis apontados para os operários. Ao menos doze trabalhadores estão ameaçados de demissão por conta das movimentações dos últimos cinco dias.

"Tratam a gente feito gado", diz um trabalhador

Em função da greve, que já dura cinco dias, o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), responsável pela obra, adiantou o pagamento dos salários, previsto para quinta-feira, dia 5, para hoje. Os cerca de 7 mil trabalhadores tem recebido o salário, em dinheiro vivo, em uma danceteria da cidade de Altamira.

A imprensa foi expulsa do local. Contudo, durante a confusão, foi possível furar o bloqueio e registrar algumas cenas.

Uma comissão da Central Sindical e Popular Conlutas (CSP-Conlutas) veio a Altamira para auxiliar a greve dos trabalhadores, e propor que eles denunciassem suas condições de trabalho em uma reunião marcada para esta terça, 3, entre governo federal, empresas construtoras e sindicatos da categoria, em Brasília.

A paralisação começou na última quarta-feira, 28 de abril, em um dos canteiros da obra. No mesmo dia, um acidente de trabalhador levou um operador de motosserra à morte em outro canteiro. No dia seguinte, a greve atingiu os demais canteiros.

As reivindicações são equiparação salarial, redução do intervalo da baixada (visita à família, quando são de outras regiões) de seis para três meses, melhores na comida e água, o fim do desvio de função, baixada para ajudantes de produção (cargo mais baixo na hierarquia da obra), capacitação para funcionários, plano de saúde, aumento do cartão alimentação (hoje, em cerca de 90 reais), aumento de salário, pagamento de horas extras aos sábados, transporte digno, a “troca” do sindicato representativo e o direito à baixada para os trabalhadores que decidirem, por conta própria, morar fora dos canteiros de obras.

Segundo o comando da greve, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada (Sintrapav) abriu diálogo com a empresa, sem a participação dos trabalhadores, propondo que suspendessem a greve e dessem novo prazo à empresa para que respondesse às reivindicações


Produção do café no Fogo pode chegar a 50 toneladas, ligeiramente abaixo de 2011



JSD - Lusa

São Filipe, Cabo Verde, 03 abr (Lusa) - Os cafeicultores da ilha cabo-verdiana do Fogo calculam que a produção de 2012 deverá situar-se entre as 40 e 50 toneladas, ligeiramente inferior à produção do ano passado.

Em declarações à Inforpress, vários produtores das zonas baixas da "ilha do vulcão" afirmaram que, em 2011, houve uma boa produção, mas que este ano foi fraca, contrariamente ao que aconteceu nas zonas mais altas.

A idade das plantas, problemas relacionados com a queda das chuvas, deficiência na colheita do café, falta de poda e de limpeza dos campos são algumas razões que consideram estar na base dessa baixa na produção do café.

Os cafeicultores apontam, porém, a deficiência na apanha do café como razão de fundo para a má produção, uma vez que, defendem, se durante a colheita os 'apanhadores' "maltratarem as plantas", sobretudo as brotas, tal terá reflexo no ano seguinte.

"O problema maior está na colheita. Temos de criar especialistas, através de estágios. Há ainda que mudar o sistema de pagamento, porque quem fica prejudicado com o atual sistema de colheita é o proprietário", afirmou Artur Barbosa, cafeicultor, lembrando que o apanhador de café recebe 400 escudos (3,62 euros) por cada 40 litros.

Sebastião Alves, responsável da subdelegação dos Mosteiros do Ministério do Desenvolvimento Rural (MDR) cabo-verdiano, afirmou que, na produção do café, "há sempre safra e contra safra", o que significa que, quando há um ano bom, a tendência é para, no ano seguinte, se registar menor produção.

Pelo menos 50 por cento da produção está a ser adquirida pela empresa Fogo Coffee Spirit Limitada, uma "joint venture" constituída pela empresa holandesa Trabocca, com 51 por cento, Casa Rodrigo, 44 por cento, e Associação dos Produtores de Café - Pro-café, com 5 por cento, que terá como destino a Holanda.

Angola: Chivukuvuku prevê "Governo de natureza patriótica" para acabar com...



... "32 anos de poder não eleito"

NME (EL) - Lusa

Luanda, 03 abr (Lusa) - O presidente da recém-formada Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA), Abel Chivukuvuku, garantiu hoje em Luanda que este ano nascerá um novo Governo "de natureza patriótica" para acabar "pacífica e ordeiramente os 32 anos de poder ininterrupto e nunca eleito".

Abel Chivukuvuku discursava na cerimónia de encerramento do congresso constitutivo da CASA, em que estiveram presentes 690 delegados, oriundos de todo o país e do estrangeiro, para debater as linhas de força da nova formação política do ex-dirigente da UNITA.

O líder da CASA classifica o partido como um projeto "amplo, aberto e coletivo", resultante de consensos de vária ordem. "A CASA é o projeto nacional do momento e preparada para os desafios da etapa atual e tempos futuros".

"Assim, lançamos neste evento, a semente da esperança, a semente da fé, a semente da mudança para um futuro melhor para o nosso país. (...) Consideramos que demos, hoje, aqui um grande passo em frente. São nossos juízes o presente mas sobretudo o futuro e as gerações vindouras", disse Chivukuvuku no seu discurso, bastante aclamado pelos presentes.

Chivukuvuku, que abandonou no início do ano a UNITA para formar o novo partido, lançou um apelo aos angolanos no sentido de fazerem de 2012 "um ano histórico de viragem, para um futuro melhor", alusivamente às eleições gerais que se realizarão este ano.

"Relembro hoje este desafio, este apelo, este chamamento, particularmente direcionado à juventude do nosso país. Chegou a hora para a nossa casa determinar a viragem", apelou o presidente da CASA.

Chivukuvuku referiu-se às mudanças como sendo as de "um verdadeiro ambiente de vivência democrática, onde a legitimidade e o primado da lei sejam uma realidade, de uma governação patriótica, que assegure a justiça social e resolva os problemas essenciais e básicos do angolano".

A viragem, de acordo com o político, é também "para uma atitude e postura credíveis de luta contra a corrupção, contra os desvios do erário público e contra o nepotismo".

"É a mudança que a CASA propõe para terminarmos serena, pacífica e ordeiramente os 32 anos de poder ininterrupto e nunca eleito", disse Chivukuvuku, referindo-se ao Presidente da República, José Eduardo dos Santos.

O político criticou o atual Presidente angolano pelo facto de "já estar em campanha eleitoral, antes mesmo de ter convocado as eleições".

"É necessário que se passe a exigir que sua excelência o senhor engenheiro Eduardo dos Santos esclareça, de cada vez que se desloca às províncias, em que condição o faz", solicitou Chivukuvuku.

José Eduardo dos Santos este ano realizou uma deslocação à província da Lunda Norte, tendo feito escala na Lunda Sul, e está prevista para quarta-feira, dia em que se assinala dez anos de paz, uma visita à província do Moxico, palco dos acordos de paz que pôs finda uma guerra de mais de 30 anos.

No seu "Manifesto ao Povo Angolano", o novo partido propõe 10 princípios ao eleitorado, que vão desde a "consolidação da paz, reconciliação nacional e estabilidade social", até à "modernização do Estado, através de uma reforma institucional para um novo sistema político".

A CASA, uma coligação político-eleitoral, inicialmente formada por quatro partidos e cidadãos angolanos independentes, foi publicamente apresentada no passado dia 14 de março por Abel Chivukuvuku, que caraterizou o novo movimento como a terceira via face ao MPLA, atual partido no poder, e a UNITA.

Na quinta-feira a documentação de constituição da CASA será entregue no Tribunal Constitucional.

ANGOLANOS COMEMORAM QUARTA-FEIRA UMA DÉCADA DE PAZ



Paulino Neto – Angola Press

Luanda - Há dez anos, o povo angolano presenciou com entusiasmo, no Palácio dos Congressos, em Luanda, o abraço solidário entre irmãos desavindos e a assinatura do Memorando de Entendimento Complementar ao Protocolo de Lusaka.

O documento, assinado pelos ex-Chefes do Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas, General Armando da Cruz Neto, e do então Alto Comando das Forças Militares da Unita, Geraldo Abreu Muendo "Kamorteiro", mudou o curso da História da República de Angola.

A cerimónia, que marcou o fim de um período de guerra, com milhares de deslocados, mutilados e órfãos, foi assistida pelo Chefe de Estado Angolano, José Eduardo dos Santos, por representantes da comunidade internacional e entidades nacionais e estrangeiras.

A partir dai, as chefias militares das FAA e da Unita começaram a dar os primeiros passos significativos para a validação do cessar-fogo assinado, marcando a cerimónia formal da incorporação dos oficiais e militares no exército nacional.

Esta data, 4 de Abril de 2002, constitui uma das maiores conquistas do povo angolano, após a Independência Nacional, a 11 de Novembro de 1975, por marcar uma viragem decisiva no processo político e o desenvolvimento de Angola.

Pelo facto, o 4 de Abril foi instituído feriado nacional e passou a ser uma referência histórica importante na luta do povo angolano.
Actualmente, o país vive um ambiente de paz justa e definitiva, um momento particularmente importante na sua história, nunca antes experimentado pelo povo angolano, mesmo num passado longínquo, bem como desde o nascimento de Angola como um Estado independente e soberano.
Paz Justa por ser alcançada sem imposição de forças externas, mas do resultado de esforços dos angolanos, que entenderam que havia a necessidade da cessação das hostilidades e de encetarem o processo de conclusão das tarefas remanescentes do Protocolo de Lusaka, tendo em vista o estabelecimento da paz e a consequente reconciliação e reconstrução do país.

Pela primeira vez, um protocolo visando a paz foi assinado, em território nacional, sem qualquer mediação externa. Esta paz corresponde aos interesses mais legítimos do povo angolano.

É definitiva porque a paz conquistada está e deve ser consolidada no dia-a-dia dos angolanos, através de acções e atitudes práticas, devendo todos contribuir para que este processo seja irreversível.

É vontade dos angolanos que sejam removidos todos os factores do passado, de modo a se construir uma pátria unida, solidária e madura, orientada pelos valores da unidade nacional, da democracia, liberdade, justiça social e pelo respeito dos direitos humanos.

Conquistada a paz, novos desafios se colocam ao povo angolano, pois torna-se necessário continuar a envidar esforços para a sua consolidação, através do desenvolvimento de um conjunto de acções, que visem combater à fome e à pobreza.

Até 2002, em Angola, mais de quatro milhões de cidadãos eram deslocados, havia cerca de 170 mil portadores de deficiência e a taxa de desemprego atingia cerca de 43 porcento da população.

Depois de várias décadas de conflito, regista-se nos últimos dez anos um dos períodos de maior crescimento económico, com sinais concretos de estabilização da infracção, suportada por uma política Macroeconómica reconhecida pelas principais instituições internacionais.

Angola assume-se como País do futuro, onde o Governo tem os seus programas e matas orientados para a reconstrução do país e com um forte investimento no sector social.

O Orçamento Geral do Estado (OGE) passou a ter como uma das maiores preocupações o sector social, que inscreve o desenvolvimento de vários programas para o reforço de uma economia equilibrada.

Com a Paz, os angolanos devem também promover a tolerância e o respeito pela diferença de opiniões e filiação partidária, bem como incentivar o sentimento patriótico da população, sobretudo nas crianças e jovens, e fortalecer as instituições do Estado Democrático de Direito como premissa indispensável para encetar, com firmeza, novos passos rumo ao crescimento harmonioso do País.

Citando o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, "quem ama verdadeiramente a Paz tem de saber perdoar, reconciliar-se com o seu próximo, contribuindo assim para uma união verdadeira e sólida dos angolanos, sem prejuízo para as divergências que uns e outros possam expressar".

Se a 4 de Abril de 2002 os angolanos deram um exemplo ao Mundo, em Setembro deste ano vão igualmente confirmar esta maturidade, participando no pleito eleitoral, e, com civismo, num clima de paz, harmonia e fraternidade, sem recurso à violência verbal ou física, eleger o Presidente da República e os deputados ao parlamento.

A província do Moxico acolhe este ano o acto central do 4 de Abril, que decorre sob o lema "Defendamos a Paz, a Unidade Nacional e o Desenvolvimento de Angola".

Desenvolvimento dos países da CPLP depende do conhecimento profundo



Angola Press

Luanda – A ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, disse hoje, terça-feira, em Luanda, ser inquestionável que os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa(CPLP) identifiquem-se pela história, política e cultura, razão pela qual, o processo de desenvolvimento económico dos mesmos passa pelo conhecimento profundo, fruição das culturas e do diálogo com o resto do mundo.

Rosa Cruz e Silva, que fez este pronunciamento na abertura da VIII reunião de ministros da Cultura da CPLP, ressaltou, assim, que urge reforçar a cooperação e o intercâmbio cultural nos domínios das indústrias culturais, cinema, produção do livro, espectáculos, bem como a troca de delegações artísticas, incluindo a problemática da cooperação do património comum (acervos documentais e bibiliográficos).

“A especificidade cultural dos países que dão corpo à CPLP(…) deve constituir a mola impulsionadora e o motivo de reforço da nossa unidade, visando o respeito à diferença, que muitas vezes acaba por ser de natureza impressionista e de feição aparente”, asseverou.

A ministra da Cultura fez saber que o património natural dos países da CPLP é composto de dezenas de ilhas marítimas e fluviais, cascatas, milhares de quilómetros de praias que podem propiciar a sustentabilidade económica pelo fomento do turismo cultural, pelo que, deve sempre integrar a agenda de trabalhos da comunidade.

Esta reunião dos ministros, apontou, vai avaliar o estado da comunidade e potenciar novas possibilidades de intercâmbio e de cooperação culturais, empreendendo um debate desinibido sobre o acordo ortográfico, caracterizado por discursos liberto de chauvinismos e que salvaguarda o espólio e a dimensão patrimonial das línguas nacionais.

“A CPLP tem de caminhar para a modernidade, respeitando a tradição cultural dos nossos países, reaproveitar os recursos que advêm da propriedade intelectual para o bem dos criadores e da criação artística e beneficiar, de forma racional e desburocratizada, os fundos de assistência provenientes da Unesco”, concluiu.

Participam da VIII reunião de ministros da Cultura da CPLP, os ministros da Cultura de Angola, Rosa Cruz e Silva (anfitriã), do Brasil, Ana de Hollanda, de Moçambique, Armando Artur, de Portugal, o secretario de Estado da Cultura, Francisco Viegas, da Guiné Bissau, o secretário de Estado da Juventude Cultura e Desportos, Fernando Saldanha, de Timor Leste, o secretário de Estado da Cultura, Virgílio Smith e o representante de São Tomé e Príncipe, Armindo de Aguiar.

Cabo Verde não se faz representar nesta reunião.

Portugal: FIM DOS SUBSÍDIOS OU A ETERNIZAÇÃO DO ROUBO



Carlos Fonseca - Aventar

O germanófilo Peter Weiss, austríaco de nascimento, comissário europeu, admite que Bruxelas venha a transformar em definitivo o corte dos subsídios de férias e de Natal a funcionários públicos, trabalhadores de algumas unidades do SEE, reformados da função pública e pensionistas do sector privado, exceptuando, no último caso, os beneficiários dos fundos de pensões da banca.

A medida do corte é de exclusiva iniciativa e responsabilidade do apóstata Passos Coelho, sob concepção e ‘design’ do sublime artista Gaspar; excessiva, lembre-se, em relação ao ‘memorando de entendimento’. Bastará rememorar elucidativos trechos desse memorando, subscrito pelas duas troikas, FMI-CE-BCE e PS-PSD-CDS; vejamos:

Da página 3:

Ponto 1.9:

Congelar salários do sector público em termos nominais em 2012 e 2013 e constrangimento das promoções.

Ponto 1.11:

Reduzir pensões acima dos 1.500,00 euros mensais em conformidade com as taxas progressivas aplicadas aos salários da função pública em Janeiro de 2011, com o objectivo de obter economias de pelo menos 445 milhões de euros.

Suspensão da aplicação de regras de indexação e congelamento das pensões, excepto para as pensões mais baixas, em 2012.

O Estado Português, pessoa de bem, dizem os assépticos, comportou-se como o vilão que, sem escrúpulos, se apropriou indevidamente de parte do rendimento de centenas de milhares de cidadãos. E como estamos sob o signo de fragilidades da cidadania, pactuando dócil e colectivamente (não somos Gregos nem Catalães), vem agora o tal Weiss avisar que a retirada dos subsídios, por decisão da CE, pode vir a transformar-se em definitiva. Tem aversão a medidas extraordinárias é o topete com que impinge a argumentação para converter o roubo em permanente.

Como tudo isto não encerrasse, em si mesmo, uma insolente perversão dos direitos de cidadania, o governo de Passos e Portas tem tido a desfaçatez de, às iniquidades iniciais, adicionar outras iniquidades. Fá-lo através da preservação dos direitos salariais a trabalhadores de empresas do SEE (TAP e CGD, por exemplo) e pensionistas da banca a quem garantiram as 14 mensalidades anuais. Há, pois, filhos e enteados.

O governo pratica, portanto, desmandos sem barreiras ou limites, em especial pela via do silêncio do Tribunal Constitucional cuja decisão sobre desigualdades inconstitucionais parece adiada ‘ad eternum’ – eternizam a injustiça e o roubo até ao momento em que o povo permitir. E infelizmente não se prevê o fim do consentimento colectivo do furto.

(Do PR, não falo. Espero que um dia o País o venha a fazer, em jeito de melodrama)

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