quinta-feira, 12 de outubro de 2023

A Hora dos Assassinos e Racistas -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Os bombardeamentos de Israel à prisão da Faixa de Gaza causaram em apenas cinco dias 380.000 desalojados. Comparemos. O município do Namibe tem 295.000 habitantes. Todos sem casa, cubata ou tugúrio. Sumbe, 280.000 habitantes, todos ao relento. Namibe 293.000 habitantes todos no deserto com as zebras. Portugal, país da União Europeia. Faro (67.000 habitantes), Vila Real (49.574 e a mesma dimensão da Faixa de Gaza), Bragança (39.000 habitantes) ou Guarda (712,13 quilómetros quadrados de superfície e uma população de 42.460 habitantes). Estas cidades são capitais de distrito. Todos sem um tecto!

A morte alastrou da Palestina ocupada para Israel ocupante, desde o passado sábado dia 7 de Outubro. Não se iludam. Não mintam. As perdas de vidas humanas de um e outro lado começaram no dia em que nasceu o estado judaico. E vai continuar. Quem conhece bem a região pensa que só há paz e termina a mortandade quando nascer o Estado da Palestina autónomo. Pessoas bem-intencionadas. No seu coração querem que seja assim. Mas nesta altura do campeonato a paz definitiva e duradoura entre palestinos e israelitas já tem poucas possibilidades porque os sionistas estão a exterminar o outro lado.

No tempo em que andava de repórter estive no Líbano, ano de 1982. O massacre de Sabra e Chatila (arredores de Beirute) chamou ao país muitos jornalistas. O sul estava ocupado por Israel. Tropas israelitas, comandadas por Ariel Sharon, foram responsáveis pela tortura e assassinato de 5.000 refugiados palestinos. Cercaram o campo de refugiados, bloquearam as saídas para ninguém fugir e mandaram os “falangistas libaneses”, organização de extrema-direita, fazer a parte suja: Torturar e matar.

Os massacres começaram ao amanhecer de um sábado, dia 16 de Setembro de 1982. Ao meio-dia já os dois campos de refugiados tinham centenas de mortos e mutilados espalhados pelo chão. Os refugiados escondiam-se onde podiam. Veio a noite e Ariel Sharon mandou iluminar os campos de refugiados em Sabra e Chatila para a matança continuar. Um horror. O Tribunal Supremo de Israel considerou Ariel Sharon responsável pelos massacres porque “falhou na proteção aos refugiados”. Esta condenação abriu-lhe o caminho para o cargo de primeiro-ministro do governo de Israel, entre 2001 e 2006. Aprovado como bom matador de palestinos. 

No dia 20 de Julho de 1992 fui para o Iraque. A guerra no país estava por um fio. No dia 2 de Agosto começou. Eu vi bombardear Bagdade, Ramadi e Rutbah. Estava lá. O estado terrorista mais perigoso do mundo e seus aliados do ocidente alargado começaram a matar indiscriminadamente no Iraque, que na época era o país mais progressista e mais próspero do Médio Oriente. Um estado socialista cercado de repúblicas islâmicas. Um país onde as mulheres tinham os mesmos direitos dos homens. Onde havia liberdade de culto. Existiam cristãos no governo. Deputadas curdas.

Com os jornalistas Jorge Uribe e Zurita Reys fui ver a cidade de Bagdade, ao amanhecer da primeira noite de bombardeamentos com “mísseis cruzeiro”. Morte e destruição. Um bairro moderno foi destruído à bomba. A velha cidade de Bagdade, habitada por milhões de pessoas, foi arrasada. O Museu do Homem em escombros. Uma mesquita no centro histórico arrasada. Hotéis bombardeados. A CNN mostrou um militar norte-americano dizendo que a coligação internacional estava a fazer “bombardeamentos cirúrgicos” para não matar civis! O máximo da hipocrisia. Fiquei com vontade de estrangulá-lo. E não me mataram familiares e amigos. Imaginem o sentimento de quem viu o seu país arrasado e milhares de civis mortos.

Bandeira do Apartheid Flutua em Israel -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Hamas é um movimento político que nasceu nos campos de concentração onde enjaularam os palestinos despojados das suas casas, das suas lavras, das suas aldeias, vilas e cidades, há quase 100 anos. Os guinchadores da ONU chamam a esses locais de extermínio “campos de refugiados”. As organizações não-governamentais são um pouco mais contidas e uma delas considerou a Faixa de Gaza “uma imensa prisão a céu aberto”. 

Nesse território da Palestina vivem (?) mais de 300.000 seres humanos nos “campos de refugiados”. Este número é da ONU. Na situação de prisioneiros, sem quaisquer direitos, estão dois milhões e meio de palestinos despojados de tudo. Quem quiser saber como eram tratados os judeus, ciganos e outras minorias étnicas nos campos de concentração de Hitler, vai à Faixa de Gaza e tem lá a mesma realidade, criada pelos sionistas no poder em Israel. Logo, é filho querido do ocidente alargado e apoiado até onde for preciso.

Na Faixa de Gaza existe uma central eléctrica para cerca de três milhões de seres humanos. Hoje parou por falta de combustível. Na cidade de Gaza existia uma Universidade Islâmica. Foi reduzida a pó. Os nazis de Telavive dizem que o Hamas fazia lá conferências e peditórios. Na Faixa de Gaza, segundo a ONU, foram bombardeadas e destruídas dezenas de escolas e mesmo as suas instalações. Os nazis de Telavive dizem que são alvos militares.

 A Organização Mundial de Saúde denunciou que os bombardeamentos dos nazis de Telavive já destruíram 11 centros de saúde. A CNN Internacional revelou que os bombardeamentos à cidade de Gaza, em apenas cinco dias, destruíram 170 prédios e 12.000 habitações. Os moradores que sobreviveram, procuram o que resta nos escombros. Mais de 5.000 palestinos morreram nas suas casas, desde o passado domingo. Os nazis de Telavive dizem que são alvos militares. Hoje, para não existirem testemunhas, os ocupantes (Angola também já teve ocupantes assassinos, lembram-se?) exigiram a saída dos jornalistas. Só ficaram os serventuários do ocidente alargado para amplificarem a propaganda nazi.

Em Bruxelas, sede da OTAN (ou NATO), o general assassino Lloyd Austin falou com o mafuka Zelensky ao lado. Não vi do outro lado João Lourenço, estava presente em espírito. Garantiu ao ocidente alargado que os nazis de Telavive vão ter apoio para matar palestinos, enquanto for preciso. Sobre os milhares de mortos em Gaza nem uma palavra. Já não restam dúvidas: Quem arma os assassinos é o estado terrorista mais perigoso do mundo! Quem apoia o regime nazi no poder em Israel é o trio assassino Biden, Blinken, Austin. Eles é que mandam matar.

OS BÁRBAROS

Rafael Barbosa* | Jornal de Notícias | opinião

Os palestinianos têm direito a um país. E os israelitas não têm o direito de impor, pela força, a solução de um único Estado. E menos ainda de impor um regime em que os palestinianos são tratados como cidadãos de segunda e encerrados nos “bantustões” da Cisjordânia e de Gaza. Nos atuais territórios de Israel e da Palestina, vigora, na prática, um regime político de “apartheid” (separação racial e discriminação política e económica) semelhante ao que, no século XX, transformou a África do Sul num Estado pária. E prolongar esta situação terá como único efeito a multiplicação da violência e da morte.

Defender uma solução equilibrada e a convivência pacífica entre palestinianos e israelitas não é incompatível com uma condenação inequívoca do terrorismo palestiniano. Bem pelo contrário. A barbárie que testemunhámos nos últimos dias é desumana. Executar civis, violar mulheres, matar crianças, decapitar bebés, raptar centenas de pessoas, incluindo crianças, mulheres e velhos, para as usar como escudo e moeda de troca, é inaceitável e injustificável. Quem não o diz com todas as letras, quem se refugia em conceitos equívocos como o direito à resistência, quem usa argumentos próximos do “olho por olho, dente por dente”, só pode ser descrito de três formas: ou é um bárbaro, ou é um fanático, ou é um ignorante (há quem acumule).

Não há alturas melhores nem piores para opinar ou debater o conflito entre a Palestina e Israel. Mas há momentos absurdos para convocar ou participar em manifestações de solidariedade para com os palestinianos como as que, por estes dias, acontecem em Portugal. Quando, como é o caso, se sucedem a um ataque terrorista, a mensagem que passa é a de que vale tudo. Promover ou participar passa a ser uma forma de dizer que se está confortável com a barbárie, que há desculpa para tamanha selvajaria. Podem fazê-lo, porque vivemos em democracia (algo que os terroristas palestinianos com quem também se estão a solidarizar desprezam e combatem), mas, ao menos que tenham a noção de que a maioria dos cidadãos assistirá a esses exercícios de cinismo com um sentimento de repulsa.

*Diretor-adjunto

Ler em Página Global:

Mentiras de Ben Zion sobre “bebés decapitados” pelo Hamas serviu a muitos e a Biden

Oren Ziv, um repórter israelense que se juntou à visita oficial dos militares a Kfar Aza, comentou no Twitter

“Estou recebendo muitas perguntas sobre os relatos de 'Bebês decapitados pelo Hamas' que foram publicados após a visita da mídia à aldeia. Durante a visita não vimos nenhuma evidência disso, e o porta-voz ou comandantes do exército também não mencionaram nenhum incidente desse tipo.”

Portugal diz na NATO: "A luta é contra o Hamas e não contra o povo palestiniano"

Ministra da Defesa participa em reunião de ministros da Defesa da NATO.

No final de um encontro com os seus homólogos da NATO, a ministra da Defesa portuguesa reforçou a posição de Portugal em relação ao conflito israelo-palestiniano.

"A luta é contra o Hamas, contra um movimento terrorista, e não contra o povo palestiniano", afirmou Helena Carreiras, em declarações aos jornalistas, mostrando-se esperançosa de que esse seja também "o entendimento de Israel".

A governante fez saber que transmitiu a posição de Portugal no encontro da NATO, já articulada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, e que é a "condenação veemente destes atentados terroristas".

"A posição portuguesa é a de distinguir o que é um atentado do Hamas daquilo que é o povo palestiniano e a necessidade de evitar a escalada regional e de fazer regressar os reféns, trabalhar para voltar à mesa de negociações e falar de paz", completou.

Questionada se acredita que Israel conseguirá fazer esse mesmo entendimento, Helena Carreiras não quis comprometer-se.

"Há um pedido para que isso aconteça. São os próximos tempos que vão mostrar o que vai acontecer e ai poderemos avaliar o que vai acontecer", disse, reforçando que Portugal estará disponível para fazer o necessário para " voltar a mesa das negociações".

Os ministros da Defesa da NATO iniciaram, esta quarta-feira, uma reunião de dois dias em Bruxelas para discutir o apoio à Ucrânia face à invasão russa, mas parte do encontro acabou por focar-se na recente escalada entre o Hamas e Israel.

Andrea Pinto | Notícias ao Minuto

Ler em Notícias ao Minuto:

4 em cada 5 israelitas responsabilizam Netanyahu pelo ataque do Hamas

Quase 650 migrantes foram resgatados desde a meia-noite nas Canárias

Amnistia Internacional acusa Hamas e Israel de crimes de guerra

Turquia deu luz verde à entrada da Suécia na NATO

Israel. Ex-ministro da Defesa do Líbano critica política externa da UE

Mortos em solo israelita sobem para 1.300 e para 1.354 em Gaza

Kiev teme que ajuda diminua devido a conflito israelo-palestiniano

Guerra e Gás Natural: A invasão israelense e os campos de gás no offshore de Gaza

Michel Chossudovsky [*]

Há quase quinze anos, em dezembro de 2008, Israel invadiu Gaza no âmbito da “Operação Chumbo Fundido (2008-2009)”. O artigo a seguir foi publicado pela primeira vez pela Global Research em janeiro de 2009, no auge do bombardeio e invasão israelense sob a Operação Chumbo Fundido.

Nota e atualização do autor

Na manhã de sábado, 7 de outubro de 2023, o Hamas lançou a “Operação Tempestade Al-Aqsa”, liderada pelo seu Chefe Militar Mohammed Deif. Nesse mesmo dia, Netanyahu confirmou o chamado “Estado de Prontidão para a Guerra”.

Israel declarou agora (7 de outubro de 2023) oficialmente uma guerra ilegal à Palestina.

As operações militares são invariavelmente planeadas com bastante antecedência. A “Operação Tempestade Al-Aqsa ”oi um “ataque surpresa”? Será que Netanyahu e o seu vasto aparelho de inteligência militar tinham conhecimento prévio do ataque do Hamas?

Terá sido previsto um plano cuidadosamente formulado para travar uma guerra total contra a Palestina antes do lançamento da "Operação Tempestade de Al-Aqsa"?

De acordo com o Dr. Philip Giraldi,

“Como ex-oficial de inteligência, acho impossível acreditar que Israel não tivesse múltiplos informantes dentro de Gaza, bem como dispositivos de escuta eletrônica ao longo de todo o muro da fronteira, que teriam captado movimentos de grupos e veículos.”

[Será que Netanyahu tinha conhecimento prévio] sobre os acontecimentos em Gaza e optou por deixar isso acontecer para que pudessem varrer Gaza do mapa… em retaliação” ( Philip Giraldi , 8 de outubro de 2023)

Também deve ser entendido que a declaração ilegal de guerra de Netanyahu contra Gaza, em 7 de Outubro de 2023, é uma continuação da sua invasão de Gaza em 2008-2009 sob a “Operação Chumbo Fundido”. O objectivo subjacente é a ocupação militar total de Gaza pelas forças israelenses das FDI e a expulsão dos palestinos da sua terra natal.

Mentiras de Ben Zion sobre “bebés decapitados” pelo Hamas serviu a muitos e a Biden

A fonte da alegação duvidosa de “bebés decapitados” é o líder colono israelense que incitou motins para “destruir” a vila palestina

Max Blumental – Alexander Rubinstein * | The Grayzone | # Traduzido em português do Brasil

Depois de um soldado da reserva israelita chamado David Ben Zion ter dito a um repórter que militantes palestinianos “cortaram cabeças de bebés”, Biden, Netanyahu e os meios de comunicação internacionais amplificaram a afirmação duvidosa. A zona cinzenta identificou Ben Zion como um líder colono fanático que incitou motins ao exigir que uma cidade palestiniana fosse “exterminada”.

Um clamor internacional irrompeu quando o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel anunciou que militantes palestinianos da sitiada Faixa de Gaza mataram 40 “bebés” e decapitaram vários deles durante uma incursão em Kfar Aza, um kibutz na fronteira de Gaza. O presidente Joseph Biden repetiu a afirmação inflamatória durante um discurso no Rose Garden da Casa Branca, em 10 de outubro , enquanto redes em todo o Ocidente divulgavam a história sem o menor escrutínio crítico.

De acordo com o correspondente da CNN Nic Robertson , aparentemente citando fontes militares israelenses, militantes palestinos realizaram “execuções ao estilo do ISIS”, nas quais estavam “cortando a cabeça de pessoas”, incluindo bebês e animais de estimação. 

A Zona Cinzenta identificou agora uma fonte chave para a alegação de que militantes palestinianos decapitaram bebés israelitas. Ele é David Ben Zion, vice-comandante da Unidade 71 do exército israelita, que também é um líder colono extremista que incitou motins violentos contra os palestinianos na Cisjordânia ocupada no início deste ano.

Numa entrevista de 10 de outubro com a repórter Nicole Zedek, da rede i24, patrocinada pelo Estado israelense, Ben Zion declarou: “Andamos de porta em porta, matamos muitos terroristas. Eles são muito ruins. Cortaram cabeças de crianças, cortaram cabeças de mulheres. Mas somos mais fortes que eles.” 

Ele acrescentou : “Sabemos que são animais”, referindo-se aos palestinos, “mas descobrimos que não têm coração”.

Horas depois de sua entrevista com o i24, ainda na vila de Kfar Aza, Ben Zion uniformizado pôde ser visto repetidamente sorrindo de orelha a orelha em um vídeo postado em seu Facebook – uma disposição estranha para uma suposta testemunha do massacre metódico de bebês.

Israel - Palestina: Torcendo para ambos os lados

Tjeerd Royaards, Holanda | Cartoon Movement

A única pessoa feliz na guerra. Confira nossa coleção para mais cartoons sobre a escalada de violência entre Israel e a Palestina.

A Buldózer dos Flagelados de Gaza -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Gaza é uma língua de terra da Palestina entre Israel, Egipto e o Mediterrâneo. A faixa tem dez quilómetros de largura (em alguns pontos menos) e 40 de comprimento o que dá 350 quilómetros quadrados. O último censo realizado pela ONU apurou dois milhões e 300 mil habitantes. Graças aos Acordos de Oslo, em 28 de Setembro de 1995, assinados pelo Presidente Yasser Arafat (Organização de Libertação da Palestina) e Yitzak Rabin, primeiro-ministro de Israel, foi possível pôr em marcha um processo de paz que culminava com a criação do Estado da Palestina.

Yitzak Rabin desenvolvia políticas de aproximação entre judeus e palestinos, desde 1990. Pouco depois de assinar os Acordos de Oslo, o primeiro-ministro de Israel foi assassinado no dia 4 de Novembro de 1995, por sionistas em Telavive, após participar numa manifestação gigante, a favor da paz.  O processo continuou sem ele. Mas só dez anos depois, em 2005, Israel desmantelou os colonatos em Gaza e retirou as tropas que ocupavam a Palestina. Um ano depois, o Hamas ganhou as eleições locais. O movimento assumiu a gestão da Faixa de Gaza e Israel cercou o território por terra, mar e ar. 

Em Janeiro de 2006, o Hamas venceu as eleições parlamentares na Palestina. O movimento ficou com 76 dos 132 deputados. A OLP elegeu 43. O bloqueio de Israel a Gaza mudou. O território foi transformado numa imensa prisão a céu aberto, como definiu a Human Rights Watch no seu relatório de 2021. Esta situação dura há 17 anos. Mais de dois milhões e meio de pessoas são prisioneiras no seu país. Israel era o sargento dos EUA no Médio Oriente. Passou a ser também o carcereiro. E desde o passado sábado, também o genocida. Os palestinos da Faixa de Gaza estão a ser exterminados. Washington deu a ordem: Matem-nos! Londres, Paris, Roma e Berlim confirmaram: Matem-nos! E os sionistas matam.

O bloqueio de 17 anos levou a economia da Faixa de Gaza ao colapso. O governo de Israel aprendeu bem a lição dos nazis de Hitler. A insuspeita ONU, do rato de sacristia António Guterres, revelou que quase 70 por cento da população da Faixa de Gaza vive muito abaixo do limiar da pobreza. O Programa Mundial Alimentar revelou que 63 por cento da população da Faixa de Gaza vive em insegurança alimentar.

Mais de um milhão e meio da população de Gaza têm menos de 19 anos. Jovens presos no seu país. Sem presente nem futuro. Miséria. Fome. Desemprego. Foram eles que alugaram uma máquina buldózer, rebentaram o muro da prisão e foram matar em Israel. Atacaram civis indefesos. Muitos foram raptados. Israel já bombardeou e destruiu 12 unidades de saúde em Gaza, denunciou a Organização Mundial de Saúde (OMS). A ONU fala em várias escolas e prédios de habitação destruídos à bomba. Milhares de mortos e feridos até onde for preciso.

EUA | Está acontecendo uma versão americana do fascismo -- Chris Hedges

O fascismo é sempre filho bastardo do liberalismo falido. Isto foi verdade na Alemanha de Weimar. Foi verdade na Itália. E isso é verdade nos Estados Unidos, escreve Chris Hedges. 

Chris Hedges*, Scheer Post | em Consortium News | # Traduzido em português do Brasil

O presente de despedida, espero, do liberalismo falido do Partido Democrata será um estado fascista cristianizado.

classe liberal , uma criatura do poder corporativo, cativa da indústria da guerra e do estado de segurança, incapaz ou relutante em melhorar a prolongada insegurança económica e a miséria da classe trabalhadora, cegada por uma ideologia hipócrita e desperta que cheira a hipocrisia e dissimulação e desprovido de qualquer visão política, é a base sobre a qual os fascistas cristãos , que se uniram em multidões semelhantes a cultos em torno de Donald Trump, construíram o seu terrível movimento.

Trump, como salienta o escritor Jeff Sharlet, deixou de ser o vendedor ambulante da política Elmer Gantry – que alimenta a ilusão de que todos podemos ficar ricos como ele – e passou a ser o vendedor ambulante de conspirações sombrias sobre o Estado profundo e os pedófilos que dirigem o Partido Democrata. ao fascismo total.

Se ele voltar ao poder, a violência niilista que assola o país, com  mais de 500 tiroteios em massa  só este ano, irá explodir. Os teóricos da conspiração ameaçarão e assassinarão “inimigos” e “traidores” impunemente. Os órgãos judiciário, policial e legislativo – atualmente em estado de paralisia – serão transformados em órgãos de vingança pessoal e política.

A censura furtiva praticada por Silicon Valley e pelos Democratas tornar-se-á grosseira, aberta e generalizada. Os militares, já infestados de capelães fascistas cristãos semelhantes a comissários, serão liderados por verdadeiros crentes, como o tenente-general reformado  Michael Flynn . Isso pode acontecer aqui, como  previu Sinclair Lewis .

Culpar a Rússia , ou candidatos de terceiros partidos que nunca votam em números significativos pela eleição de Trump e pela ascensão do fascismo cristão, é infantil. O Partido Libertário  recebeu  1,2 por cento dos votos nas últimas eleições presidenciais. Os Verdes,  0,26 por cento . O golpe mortal para a democracia não são aqueles que votam em partidos marginais, mas sim a apatia.

Oitenta milhões de eleitores elegíveis  não  votaram nas últimas eleições presidenciais, sem dúvida porque não esperavam que muita coisa mudasse nas suas vidas, quem quer que estivesse no poder. E eles provavelmente estavam certos.

A causa raiz da nossa angústia política reside numa classe liberal que  coloca  o lucro corporativo e pessoal acima do bem comum. Os liberais  conspiraram , desde a presidência de Bill Clinton, para despojar o país da indústria transformadora e, com ela, dos empregos que sustentavam a classe trabalhadora. Têm sido parceiros na transformação das instituições democráticas em ferramentas para consolidar o poder e a riqueza das empresas e dos oligarcas dominantes.

Esqueceram-se da lição fundamental do fascismo. O fascismo é sempre filho bastardo do liberalismo falido. Isto foi verdade na Alemanha de Weimar. Foi verdade na Itália. Foi o que aconteceu na antiga Jugoslávia, com as suas facções étnicas em guerra. E é verdade nos Estados Unidos. 

E agora todos nós pagaremos. 

“O nosso tempo assemelha-se mais à década de 1930 do que à década de 1990”,  escreve Benjamin Carter Hett   na introdução do seu livro A Morte da Democracia: A Ascensão de Hitler ao Poder e a Queda da República de Weimar.

Os multimilionários e as corporações, cuja única obsessão é a maior acumulação de riqueza e poder, acomodar-se-ão aos fascistas cristãos, tal como os industriais alemães fizeram ao Partido Nazista.

Afinal, o fascismo é um falso populismo. É um mecanismo eficiente para abolir os sindicatos e usar o medo e a coerção, incluindo a violência, para impedir movimentos de massa rivais. Trump, de volta ao poder, exigirá que ele, a sua família e o seu círculo íntimo lucrem com o poder.

Porque eles precisam da guerra

Novo livro revela um país viciado em agressões. Produção incessante de conflitos não é acidente – mas o centro da diplomacia e da própria política interna dos EUA. E Israel joga papel decisivo na dinâmica da militarização permanente

Jonathan Ng, no Truth Out | em Outras Palavras | Tradução: Antonio Martins | # Publicado em português do Brasil

Em junho, a jornalista suíça Maurine Mercier encontrou diversos cidadãos dos Estados Unidos lutando na Ucrânia sob a fachada de “trabalho humanitário”. “Todos eles são veteranos, ex-soldados que combateram em todas as recentes guerras americanas: a Guerra do Golfo, o Iraque, o Afeganistão”, relata ela. Muitos sofrem de transtorno de estresse pós-traumático, carregando os fantasmas incorporados de conflitos passados e feridas psíquicas profundas.

Um veterano entrevistado por Mercier admite ser viciado em combate, lançando-se em missões suicidas na linha de frente. Ele já matou 13 pessoas na Ucrânia. A proximidade da morte permite que se sinta vivo, o choque de adrenalina o leva a “esse belo espaço escondido”, onde “as cores são mais brilhantes” e os sons são “diferentes, vibrantes”. Em casa, ele não sente um senso de pertencimento. Mas na Ucrânia, “há algo”.

Em um nível fundamental, esses guerreiros sem rumo são o símbolo de uma sociedade viciada em guerra. Eles refletem as tensões que o autor e ativista anti-guerra Norman Solomon desvenda em seu brilhante novo livro, “War Made Invisible”, que examina as causas profundas e os custos da intervenção dos EUA. Solomon oferece uma estrutura poderosa para entender crises geopolíticas, bem como os custos invisíveis, mas duradouros, do militarismo.

Enquanto a guerra na Ucrânia continua, Solomon destaca três facetas subjacentes do poder dos EUA especialmente úteis para interpretar o momento atual: uma intelligentsia incorporada, uma economia que exporta violência e a infraestrutura de um império global.

Mobilizando Mentes

O livro de Solomon revela a proximidade perturbadora entre a classe dominante e a mídia corporativa desde a Guerra do Vietnã, revelando como o “quarto poder” sustenta as suposições que tornam a intervenção possível na Ucrânia e em outros lugares. “A essência da propaganda é a repetição”, argumenta ele. “As frequências de certas suposições misturam-se em uma espécie de ruído branco”, condicionando o povo dos EUA a apoiar operações militares que ele nunca vê ou de fato entende.

Isso nunca foi mais claro do que durante a invasão do Iraque em 2003. Oficiais na coalizão militar liderada pelos EUA preocupavam-se em privado, com o risco de os jornalistas perceberem que não tinham “nenhum ‘fato matador’” que “provasse a necessidade de confrontar Saddam [Hussein]”. No entanto, o New York Times ecoou afirmações falsas de que o Iraque possuía armas nucleares e aplaudiu ativamente o esforço de guerra. Seu colunista Thomas Friedman chegou a defender o envio de soldados “de casa em casa de Basra a Bagdá”, em uma exibição nua de poder militar, enquanto “recomendava” aos iraquianos: “chupem aí!”.

De fato, em toda a paisagem midiática, intelectuais compromitidos mobilizaram suas canetas para solidificar o apoio público à guerra. ABC, NBC, CBS e PBS distorceram sua cobertura: nas duas semanas antes da invasão, as redes ouviram apenas um convidado que questionou a guerra entre 267 entrevistas. A MSNBC até cancelou o programa de Phil Donahue depois que o proeminente âncora questionou as motivações do governo Bush para a intervenção.

Em vez de incentivar a reflexão, a mídia corporativa reduziu a guerra a espetáculos sem sangue de poder patriótico e realizações tecnológicas. Solomon observa que o Pentágono “incorporou” cerca de 750 jornalistas, integrando-os diretamente na arquitetura do esforço de guerra.

Depois de promover a invasão do Iraque, muitas das mesmas vozes agora defendem uma maior intervenção da OTAN na guerra na Ucrânia. O New York Times chama o “apoio dos EUA à Ucrânia” de um “teste de seu lugar no mundo no século 21”. A maioria das empresas de mídia parece ignorar as semelhanças entre as duas guerras de agressão. No entanto, os paralelos são inescapáveis: Em maio, o ex-presidente George W. Bush erroneamente denunciou o presidente russo Vladimir Putin por sua “invasão totalmente injustificada e brutal do Iraque”(!), antes de esclarecer que estava se referindo à Ucrânia.

Ao ecoar os funcionários do governo, a mídia corporativa empresta à propaganda governamental a aparência de convicção privada e verdade objetiva. “No geral, os EUA foram condicionados a aceitar guerras contínuas sem realmente saber o que estão fazendo com pessoas que nunca veremos”, conclui Solomon.

Em particular, a cobertura da imprensa sobre a guerra na Ucrânia projeta a ilusão de consenso, mesmo à medida que o apoio público ao aumento militar da OTAN diminui. Ao apagar a dissidência, os conglomerados de mídia escondem os custos cruéis da guerra e o sistema imperial que a conduz, lucrando com conflitos ao vender narrativas que o tornam invisível.

O DIREITO DE VIVERMOS EM PAZ -- Vitor Jara


Víctor Lidio Jara Martínez foi um professor, diretor de teatro, poeta, cantor, compositor, músico e ativista político chileno. Wikipédia

Nascimento: 28 de setembro de 1932, Chillán Viejo, Chile

Assassinato: 16 de setembro de 1973, Santiago,Chile

Cônjuge: Joan Jara (de 1960 a 1973)

Filhas: Amanda Jara

Local de enterro: Cemitério General de Santiago, Recoleta, Chile

Nascido numa família de camponeses, Jara tornou-se um reconhecido diretor de teatro, dedicando-se ao desenvolvimento da arte no país, dirigindo uma vasta gama de obras locais, assim como clássicos da cena mundial. Simultaneamente, desenvolveu uma carreira no campo da música, desempenhando um papel central entre os artistas neo-folclóricos que estabeleceram o movimento da Nueva Canción Chilena, que gerou uma revolução na música popular de seu país durante o governo de Salvador Allende. Também era professor, tendo lecionado Jornalismo na Universidade do Chile.

Logo após o golpe militar de 11 de setembro de1973, Jara foi preso, torturado e fuzilado. Seu corpo foi abandonado na rua de uma favela de Santiago.[2]

Em Portugal há uma banda musical chamada Brigada Victor Jara, em homenagem ao ativista chileno.

Wikipedia / YouTube

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