quarta-feira, 13 de julho de 2011

A PERGUNTA DO EL PAÍS




MAIR PENA NETO – DIRETO DA REDAÇÃO

Um jornalista do El Pais escreveu um artigo indagando por que os brasileiros não reagem à corrupção de seus políticos. Correspondente do jornal espanhol no Rio de Janeiro, Juan Arias, recorda a mobilização dos brasileiros na memorável campanha das Diretas Já, e também pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor, e estranha a inexistência de um movimento de indignados, mobilizados pelas redes sociais, nos moldes dos que existem em seu próprio país.

A corrupção não é um mal novo e nem exclusivo do Brasil, mas é inegável que o país precisa avançar no saneamento ético da política. A presidente Dilma parece disposta a enfrentar tal desafio, com o afastamento de dois ministros envolvidos em questões espúrias em apenas seis meses de governo. Mas a resolução do problema não depende apenas da integridade e determinação de um presidente. O câncer está num sistema político adoentado, onde qualquer projeto se torna refém de coalizões partidárias fisiológicas. Sem elas, não se governa. E com elas, fica-se sujeito a desvios freqüentes, que ameaçam a própria governabilidade.

Se a corrupção ofende, também chocam os explícitos interesses políticos. Lemos todos os dias nos jornais que integrantes de determinados partidos do governo ameaçam boicotar votações porque não foram atendidos nos cargos que almejam. E fica evidente que pretendem tais cargos não para o bem do país, e, sim, para criarem feudos em seu próprio benefício. A oposição também não demonstra qualquer altivez, movendo-se exclusivamente pela disputa do poder, com golpes baixos e desprovidos de um sentido maior.

Um ataque verdadeiro à corrupção exigiria mobilização da sociedade para uma reforma política, que impedisse que qualquer governo ficasse nas mãos do fisiologismo e de partidos de aluguel, que só existem para cobrar o tempo de que dispõem nos períodos eleitorais e a cumplicidade de suas bancadas nas votações no Congresso. Mas essa é uma questão mais complexa, de pouquíssimo apoio popular, e interesse ainda menor dos que se alimentam das constantes denúncias de corrupção.

Voltando à questão do jornalista espanhol, existe outro aspecto que difere a realidade brasileira dos países árabes e europeus em crise. E ele está justamente nesta última palavra. Ao contrário de Espanha, Portugal e Grécia ou de Tunísia e Egito, o Brasil vive um momento de crescimento econômico com distribuição de renda e aumento do nível de emprego. Não faria sentido no país, neste momento, um jovem se imolando em praça pública por não pode trabalhar ou de jovens reunidos pela falta de perspectiva de emprego.

Seria até viável uma mobilização de indignados de classe média e alta, destes que repudiam uma estação de metrô em seus bairros para não se misturarem. Mas transformações políticas e grandes mudanças só acontecem com o envolvimento das massas, que além de estarem desfrutando da melhoria do país, têm discernimento para perceber quando por trás de certas questões estão interesses escusos de atingir os governos que melhoram suas vidas.

*Jornalista carioca. Trabalhou em O Globo, Jornal do Brasil, Agência Estado e Agência Reuters. No JB foi editor de política e repórter especial de economia.

Brasil: Pedro Simon diz que Dilma acertou ao afastar servidores públicos suspeitos




CORREIO DO BRASIL, com AG Senado - de Brasília

Ao comentar as recentes denúncias de irregularidades no Ministério dos Transportes, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) considerou acertada a decisão da presidente Dilma Rousseff de afastar de seus cargos agentes públicos citados em denúncias. Para o senador, a presidente tem todas as condições de inaugurar no Brasil “um novo modo de fazer política” escolhendo para cargos no Executivo apenas cidadãos sobre os quais não paire dúvida sobre desvios de conduta.

- Tão logo surgiram as evidências de desvios de conduta, a presidenta determinou o imediato afastamento dos gestores públicos e que eles se submetam a processo de investigação, para que não paire a impunidade alimentadora da corrupção. A presidenta Dilma Rousseff, tendo como exemplo prático o Ministério dos Transportes, tem que providenciar a melhor de todas as inaugurações de seu governo: a de um novo modo de fazer política, sob pena de ela própria alterar a sua história – disse.

Simon fez especial referência a seu pronunciamento em Plenário no dia 22 de junho, quando ele, antes dos escândalos no Ministério dos Transportes, sugeriu à Dilma que resistisse à “chantagem de apoiadores em nome da governabilidade” e também “à pressão por nomeações de apadrinhados políticos”.

Por sugestão do colega Cristovam Buarque (PDT-DF), Simon mandou editar uma pequena publicação com a íntegra desse discurso, que foi intitulada Resistir é preciso. Simon disse ter enviado a publicação à presidenta da República, parlamentares, membros do Judiciário e integrantes de diversos escalões do Poder Executivo.

- Resista, senhora presidenta, eu repeti diversas vezes. Resista à corrupção; resista a negociações de coxias; resista à indicação de nomes para ocupar cargos sem a devida chancela da moralidade; resista àqueles que se protegem sob o manto da impunidade. Resista, portanto, a qualquer tipo de desvio, desvio de conduta no uso do sagrado dinheiro público – recordou.

Para Simon, quem trabalha com o “sagrado dinheiro público” precisa prezar a moralidade de maneira incondicional e ter competência para atuar na respectiva área.

Em apartes, os senadores Cristovam Buarque e Eduardo Suplicy (PT-SP) elogiaram o pronunciamento do colega. Cristovam avaliou que a presidente Dilma vem demonstrando disposição para “resistir quando é necessário”. Suplicy afirmou que as palavras de Simon estavam sendo ouvidas “com muita atenção pela presidenta, sua amiga”.

PLANO DE AUSTERIDADE CHEGA AO SENADO ITALIANO EM REGIME DE URGÊNCIA




CORREIO DO BRASIL, com Ansa - de Roma

O presidente do Senado italiano, Renato Schifani, afirmou que o plano de austeridade elaborado pelo governo será aprovado até a próxima quinta-feira.

– Acho que é necessário e indispensável dar um sinal de coesão do nosso país ao exterior, e é importante que a manobra possa ser votada até quinta-feira – disse Schifani.

Nesta terça-feira, o presidente do Senado se reuniu com líderes de bancada, que concordaram em aprovar o texto até o próximo dia 14. Schifani contou ter recebido ligações nos últimos dias tanto de governistas quanto de oposicionistas, os quais pediram a rápida aprovação do plano no Senado.

Legendas oposicionistas como Partido Democrático (PD), União dos Democratas Cristãos e de Centro (UDC) e Itália dos Valores (IDV) apóiam que a votação no Senado ocorra ainda esta semana. Isso permitiria a Câmara dos Deputados aprovar o texto até domingo, de acordo com a senadora Anna Finocchiaro, do PD.

– Para a oposição, a aprovação definitiva até domino é importante, porque, assim, os mercados financeiros reabrem na segunda-feira com a manobra já aprovada – explicou a parlamentar.

Ela também informou que está prevista para a tarde de hoje uma reunião entre líderes da oposição e o ministro italiano da Economia, Giulio Tremonti. A instabilidade em relação à economia italiana foi agravada por boatos envolvendo o nome de Tremonti, autor do plano de austeridade.

Denúncias apontam esquemas de corrupção entre o ministro e seu ex-conselheiro Marco Milanese. Além disso, o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, demonstrou publicamente que possui divergências com Tremonti. O chefe de Governo chegou a dizer que o ministro “acredita ser um gênio, para o qual todos os outros são cretinos”.

O plano de austeridade prevê uma contenção de 1,5 bilhão de euros neste ano, 5,5 bilhões em 2012 e 20 bilhões nos anos seguintes, totalizando 47 bilhões de euros. Atualmente, a dívida italiana é de 120% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

O temor de que a Itália não cumpra seus compromissos fez a Bolsa de Milão fechar em queda nos últimos dois dias úteis. Diante da situação, a chanceler alemã, Angela Merkel, telefonou a Berlusconi, para pedir que o pacote seja aprovado o quanto antes.

– Devemos responder aos mercados aprovando a manobra em tempo recorde e levando em conta as contribuições da oposição. O tempo corre contra nós – disse o ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini.

“Uma brincadeira”

Na véspera, a presidente da Confederação italiana dos Industrais (Confindustria), Emma Marcegaglia, afirmou que o Governo deve necessariamente acelerar os tempos de aprovação do plano econômico, porque “o país não é imune às turbulências financeiras de forma alguma”.

– Este plano não é certamente o máximo, mas é imprescindivel que seja aprovado com poucas modificações e muito rapidamente – disse a presidenta dos industriais.

Ainda segundo Marcegaglia, a luta politica costante sería muito negativa para a credibilidade do País perante os competidores estrangeiros e as instituições europeias.

– Suspeito que não seja claro a muitos a real situação que a Itália està enfrentando. Temos que acordar e abandonar o costume de cuidar da propria situação particular, sem compreender o contexto em que nos encontramos. Devemos demonstrar à Europa e aos mercados que o objetivo de empatar o PIB vai ser alcançado seriamente em 2014 e não foi somente uma brincadeira – acrescentou.

ESTUDANTES CHILENOS PROMETEM MAIOR MANIFESTAÇÃO DESDE A QUEDA DA DITADURA




CORREIO DO BRASIL, com agências internacionais - de Santiago

Estudantes e professores chilenos prometem organizar, nesta quinta-feira, as maiores manifestações desde a redemocratização do país, em 1989. Melhor não duvidar: nas duas últimas marchas, em 16 e em 30 de junho, os manifestantes quebraram os próprios recordes, reunindo em torno de 400 mil pessoas nas principais cidades.

São dias pouco agradáveis para o presidente do Chile, Sebastián Piñera. Além de ter sido obrigado a anunciar medidas para tentar frear os movimentos, ele enfrenta, nesta segunda-feira, protestos dos trabalhadores do setor mineral, principal atividade econômica nacional. Os operários querem garantias de que não haverá privatização da Codelco, a estatal do cobre.

O momento coloca em xeque a visão de um “Chile-maravilha”, comprada por parte da sociedade brasileira e dos países ricos. Os estudantes querem colocar a nu um sistema educacional que consideram desigual e excludente.

– O crescimento do mercado de educação superior fez com que aparecessem muitas diferenças entre os estudantes e entre as instituições. Há um uso massivo de recursos que não assegura a qualidade – afirma Germain Dantas, presidente da Federação de Estudantes da Universidade Federico Santa Maria, uma instituição privada de Valparaíso, e integrante da Confederação de Estudantes do Chile.

Ele refere-se ao sistema adotado durante a ditadura de Augusto Pinochet (que governou de 1973 a 1990). No início da década de 1980, o governo decidiu promover a abertura ao modelo privado de educação. A visão era de que a criação de uma rede particular forte provocaria uma melhoria das escolas públicas. A lógica era simples: receberiam mais financiamento as unidades que conseguissem atrair mais estudantes, supondo-se que uma quantidade maior seria a consequência de um ensino de mais qualidade.

Os alunos passaram a escolher. Se quisessem seguir em uma escola pública, poderiam. Se quisessem migrar ao ensino privado, receberiam uma espécie de vale-educação, ou seja, a escola é subsidiada por cada estudante que recebe.

– Em vez de funcionar como um instrumento para acabar com a desigualdade, a educação se transformou em um elemento para reproduzi-la – lamenta Jaime Gajardo, presidente do Colégio de Professores do Chile, entidade que reúne 100 mil docentes de todos os níveis educacionais.

No sistema universitário a situação se complicou ainda mais. Tanto nas instituições públicas quanto privadas é preciso pagar matrículas e mensalidades. Os juros fazem com que as dívidas, que inicialmente vão do equivalente a R$ 10 mil a R$ 15 mil, atinjam valores quatro ou cinco vezes maiores. Até esta semana, mesmo quem perdia o emprego deveria seguir pagando o crédito educacional.

Herança

Esta é uma das questões centrais: a Concertação, aliança de partidos que governou o Chile da redemocratização até o ano passado, não fez esforços para reformar o sistema. Pelo contrário, criou medidas na tentativa de aperfeiçoá-lo, acreditando que juros um pouco mais baixos ou um número maior de bolsas resolveriam a questão.

– Hoje em dia estamos vendo as consequências disso. Você reforma algumas coisas, mas não muda o substancial. Ao não mudar o substancial, os problemas remanescentes explodem, afloram inevitavelmente – diz Gajardo.

A conta que hoje se cobra foi apresentada pela primeira vez em 2006, quando centenas de milhares de estudantes secundaristas foram às ruas, na chamada Revolta dos Pinguins. O que se queria era o fim da municipalização do ensino, o fim do lucro nos colégios privados, a gratuidade da prova de seleção universitária e o anulação da lei do período Pinochet, que criava as várias categorias de escolas. A presidenta Michelle Bachelet aceitou convocar uma comissão que, no fim das contas, não deu espaço às reivindicações centrais dos jovens.

O movimento volta agora e, segundo lideranças da mobilização, vê com total descrédito uma solução negociada entre Executivo e Legislativo. “Isso não terá solução na política tradicional. Estamos reivindicando uma série de saídas que não estão previstas na política tradicional, como o plebiscito, que são medidas mais democráticas e que incluem a sociedade”, avisa o estudante Dantas.

Pagando o pato

Piñera havia avisado que este seria o ano da educação. Os estudantes foram às ruas reforçar a mensagem. Cientes de que o caminho do presidente era o de incentivo ao atual modelo, acharam melhor deixar claro que acreditam na ruptura e na formulação de um novo sistema. Quis a soma de fatores que o cansaço se tornasse público e massivo durante o governo conservador.

Em uma demonstração de pouca habilidade política, o ministro da Educação, Joaquín Lavín, determinou, pouco antes da segunda jornada de protestos por todo o país, que as escolas tomadas por estudantes antecipassem as férias de meio de ano. Ele próprio admitia que eram 206 unidades apenas na região metropolitana de Santiago.

– O ano escolar significa um certo número de horas de classes que devem ser respeitadas. Está em jogo também o subsídio que têm de receber os colégios e seus mantenedores – ameaçava, indicando também que os estudantes teriam aulas até janeiro para repor o atraso caso não respeitassem a medida.

A resposta foi simples. Dois dias depois, o Chile assistiu à sua maior manifestação em quase três décadas. Em um protesto bem humorado, os alunos sugeriram que Lavín tomasse “o caminho da praia”, uma alusão a um pedido de demissão. Secundaristas e universitários consideram que o ministro não tem mais condições de negociar uma solução para a crise.

– É uma jogada política extremamente maquiavélica. Não resolve. É má política. (Nós) nos opomos a isso, assim como os estudantes secundários, afetados por essa medida, recusaram cumpri-la e seguem mobilizados – afirma Dantas.

Piñera assumiu a negociação em pronunciamento em cadeia de rádio e TV na última semana. Anunciou um pacote de medidas no valor de US$ 4 bilhões (R$ 6,3 bilhões) para tentar encontrar uma solução. Prometeu aumentar o número de bolsas aos mais pobres e reduzir os juros de financiamento das universidades.

Não se comprometeu, no entanto, com as causas centrais: o fim da municipalização, ou seja, dar um novo caminho ao ensino em 40% das escolas do país; acabar com o sistema que dá ao país uma formação desigual e voltada exclusivamente ao mercado, deixando de lado a formação cidadã; e a estatização do ensino universitário. Como Bachelet em 2006, Piñera corre o risco de ver o movimento crescer.

– Há diferentes visões de como deve ser a educação. Há que se abrir a todas essas visões, e que se realize um plebiscito para definir qual a visão que vai prevalecer. Não pode seguir o que se vê hoje em dia, que é um governo que quer impor sua visão a todo o resto da sociedade – pondera Gajardo.

NA EUROPA, A OPÇÃO DA MORATÓRIA




ANTÓNIO MARTINS – OUTRAS PALAVRAS

Surpresa: fantasma da revolta política e agravamento acelerado da crise financeira levam governantes a considerar hipótese vista há pouco como insana

Ameaçada pela falência financeira e pela desmoralização completa da política institucional, a Grécia continua no centro do palco europeu — mas acaba de haver uma grande mudança no script de seu drama. A União Europeia (UE), que até o fim de semana exigia apenas sacrifícios dos gregos e respeito aos interesses dos credores, passou a trabalhar com outra opção, a partir de segunda-feira (11/7). Ela não está sendo, nem será, chamada por seu nome verdadeiro, mas é uma m-o-r-a-t-ó-r-i-a parcial da dívida do país, seguida de renegociação.

Ainda é uma hipótese, e o desfecho poderá se dar sexta-feira (15/7), numa provável reunião de chefes de Estado. Mas o sinal é claro, muito positivo e deveria ser entendido também no Brasil. Tentar superar as novas turbulências financeiras cortando direitos sociais e serviços públicos não é a única opção – e está se tornando insustentável.

O alarme que sacudiu a Europa soou na manhã de segunda-feira, quando a crise grega começou a contagiar Espanha e… Itália. As autoridades da terceira maior economia do continente tiveram dificuldades ao rolar sua dívida. Para fazê-lo, foram obrigadas a elevar as taxas de juros a um patamar recorde, desde a adoção do euro: 3 pontos percentuais acima das oferecidas pela Alemanha. A espiral de notícias desagradáveis expandiu-se com rapidez. Na noite de terça, a Moody’s, uma das grandes agências globais de análise de riscos, classificou como “lixo” [junky] a dívida da Irlanda (a de Portugal já fora rebaixada à mesma categoria uma semana antes). Na manhã desta quarta, até a França foi obrigada a elevar ligeiramente seus juros.

Na Itália, a reação do governo Berlusconi foi a mais previsível: um pacote de corte de serviços públicos e privatizações. Mas, ainda na segunda à noite, algo novo ocorreu, durante uma reunião de ministros de Finanças da UE. O encontro, realizado em Bruxelas, durou oito horas, muito mais que o previsto. Embora inconclusiva e repleta de nuances, como apontou fina análise da revista The Economist, a nota emitida ao final já não afasta a hipótese de uma moratória parcial da Grécia. Aponta, nas entrelinhas, uma divisão. Os ministros registram que o Banco Central Europeu (BCE) – o mais feroz guardião dos interesses dos credores – manifestou-se contra tal possibilidade. Mas não assumem automaticamente a posição do banco, algo inédito desde o início da crise grega.

A indecisão da UE é provocada por um risco concreto e uma divergência de fundo. O perigo imediato é o de um “acidente de crédito”, ou credit event. Os enormes sacrifícios impostos pelo governo grego à sua sociedade há duas semanas não convenceram os dirigentes europeus, até o momento, a liberar os recursos prometidos para o “resgate” do país. Dos 110 bilhões de euros prometidos pela UE (e necessários para evitar evitar o risco de insolvência nos próximos dois anos), apenas um décimo foi liberado.

A possível moratória em debate não é ampla quanto soluções vislumbradas  por economistas radicais. Mas seria um alívioderrotar políticas de ataque aos direitos sociais bem no ninho da serpente

O descumprimento do compromisso mantém o país sujeito a uma fuga de capitais, conforme queixou-se o primeiro-ministro George Papandreou, numa carta aberta dirigida, segunda-feira, aos ministros de Finanças. E ela poderia desencadear algo incontrolável. Parte dos credores detém títulos [“CDS” (credit-default swaps)] com cláusula de proteção contra insolvência. Se a fuga de capitais levar o Tesouro grego a não honrar parte de suas dívidas, estes credores poderão voltar-se contra o próprio sistema financeiro, requerendo o pagamento do seguro. A consequência seria uma quebradeira em dominó, de extensões desconhecidas.

Ainda mais revelador – embora invisível nos jornais brasileiros – é o desacordo crescente entre os próprios economistas do mainstream. Parte deles reconhece que as dificuldades financeiras dos Estados não se devem a suposto desperdício. São consequência direta dos enormes recursos despejados na economia (em particular nos bancos…), para evitar que a crise iniciada em 2008 desencadeasse uma depressão semelhante à dos anos 1930. Portanto, a tentativa de enfrentar o problema cortando gastos sociais e preservando os lucros financeiros não se apoia em nenhum critério técnico. Sua única base é o imenso poder político da pequena oligarquia que se enriquece às custas de juros, como escreveu há poucas semanas Paul Krugman, Nobel de Economia.

Em um editorial e dois artigos [1 2] recentes, The Economist destaca os absurdos e os riscos implícitos em tal política. Além de não ter sido ainda afastada, a ameaça de depressão é reavivada por governantes que adotam atitudes muito parecidas às da Grande Depressão. A revista adverte: à época, “poucos observadores imaginavam a catástrofe à sua frente. Era difícil conceber a ideia de que os dirigentes conduziriam suas economias para um desastre evitável. E no entanto, ele ocorreu”.

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 Como a reunião dos ministros de Finanças da UE foi inconclusiva, a decisão sobre a Grécia ficou postergada para um encontro extraordinário dos chefes de governo, que ocorrerá provavelmente na sexta-feira. A possível moratória em debate não é, evidentemente, tão ampla quanto as soluções vislumbradas por economistas mais radicais, como Mike Weisbrot e James Kenneth Galbraith (ler ponto IV de nosso texto sobre a crise europeia). Debate-se agora duas medidas parciais: impor, aos bancos privados credores da Grécia, o prolongamento de parte da dívida; e oferecer à Grécia recursos para que resgate com grande desconto, parte dos títulos de sua própria dívida nos mercados secundários, onde são cotados como “lixo”. Uma vez permitida aos gregos, a mesma solução seria reivindicada imediatamente, antecipa The Economist, por portugueses, espanhóis e irlandeses.

Ainda que limitada, ela abrirá, se assumida, uma janela de sensatez em meio a um ambiente insano. Adotadas a partir da Europa, há cerca de um ano, as políticas de cortes de gastos públicos espalharam-se pelo mundo, graças à força que os especuladores financeiros adquiriram em quase todos os Estados. Nos EUA, o Partido Republicano apoia-se em ideologia semelhante para impor corte de programas sociais e manter isenções de impostos que beneficiam os ricos. No Brasil, o governo de Dilma Roussef partiu, em seus primeiros seis meses, para um vasto “contingenciamento” de despesas, que tem o mesmo sentido, ainda que mais ameno (há alternativas, como escreveu o economista Amir Khair).

Será um alívio se tais políticas sofrerem uma primeira grande derrota, bem no ninho da serpente.

Angola-Alemanha: ANGELA MERKEL CONSIDERA O SEU PAÍS PARCEIRO JUSTO E VIÁVEL




ANGOLA PRESS

Luanda – A Alemanha é uma parceira económica justa e viável, interessada não apenas em benefícios para si, mas que se preocupa também com o desenvolvimento de Angola, defendendo vantagens mútuas, considerou hoje, quarta-feira, em Luanda, a chanceler daquele país europeu, Angela Merkel.

Falando no discurso de abertura do Fórum Económico Angolano-Alemão, que está a acontecer num dos hotéis da capital angolana, a chanceler disse saber que existe ainda um grande desafio para Angola em relação ao desenvolvimento, educação e formação profissional e construção de infra-estruturas, em que o seu país está disposto a ajudar.

Advogou que Angola deve ser de mais fácil alcance para os alemães e que caso o seu governo pudesse as ligações aéreas entre os dois estados poderiam ser diárias.

“Os chefes da Lufthansa estão presentes na nossa delegação económica e se nós pudéssemos, haviamos de enviar uma aeronave por dia a Luanda e não apenas duas vezes por semana, para podermos proporcionar maior aproximação entre os nossos estados e dar a possibilidade a vários alemães conhecerem o vosso país e vice-versa”, enfatizou.

Na mesma senda, disse que a Alemanha tem muita experiência em termos de energias renováveis, em que pode prestar apoios para que os angolanos apostem não apenas no gás e no petróleo, mas para que utilizem também as tecnologias verdes e renováveis.

“Temos boas infra-estruturas e empresas que podem ajudar Angola nesse domínio”, reaçou.
Segundo Angela Merkel, o seu país está também interessado em continuar a desenvolver as modernas tecnologias em Angola, as fibras-ópticas, banda larga, e gostaríamos de equipar as escolas e auxiliá-las também nos esforços de defesa do meio ambiente, sobretudo no sector marinho.

“Tudo são projectos concretos em prol dos quais nós lutamos e que gostaríamos de tratar durante a nossa permanência aqui. Angola e os angolanos só terão bem-estar se houver uma conjugação de progresso económico e justiça social”, concluiu.

A intervenção de Angela Merkel foi antecedida pela do vice-presidente angolano, Fernando da Piedade Dias dos Santos.

A chanceler alemã está em Angola desde terça-feira, a convite do Executivo angolano, para uma visita de trabalho de 48 horas, visando o incremento da cooperação bilateral.
  

Angola no lançamento do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Agrícola da SADC





Luanda – A República de Angola vai participar na sessão de lançamento e nomeação do Conselho de Administração do Centro de Coordenação, Pesquisa e Desenvolvimento Agrícola da África Austral (CARDESA), a decorrer na reunião dos titulares do sector da SADC, a ter lugar de 12 a 14 de Julho, em Gaberone (Botswana), anunciou hoje (terça-feira), em Luanda, o secretário de Estado da Agricultura.

Para participar no evento, o agrónomo José Amaro Tati deixou hoje o país com destino ao Botswana, a fim de representar o executivo angolano no referido encontro ordinário dos ministros responsáveis do sector agrícola e de segurança alimentar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

O representante de Afonso Pedro Canga, ministro da Agricultura, deu a conhecer que o fórum abordará, sobretudo, dois assuntos, sendo o tema primário o relacionado com o lançamento oficial da institucionalização do CARDESA, que “é uma espécie de instituição que coordena a investigação como um motor do desenvolvimento da agricultura na região”, acrescentou.

Segundo o secretário, em entrevista à Angop no aeroporto, a referida instituição, depois de criada, vai coordenar a investigação e as pesquisas vão continuar, tendo Angola já indicado para os seus quadros três elementos, sendo um para o cargo de coordenador e dois outros para as posições intermédias.

“Visto que todos eles são técnicos de pesquisa agrária, esperamos que defendam correctamente os interesses de Angola na organização”, sublinhou.

Neste capítulo, José Amaro Tati espera que as actividades sejam contínuas e que exista uma colaboração permanente, tendo em conta que Angola está a reorganizar a sua política de investigação agrária, com destaque para os centros de investigação agronómica situados no Huambo, Uíge e outras províncias do país.

O segundo tema a ser debatido, disse, está ligado à segurança alimentar, sobretudo “a situação alimentar, a subida dos preços dos produtos alimentares, assim como vai se aprovar as linhas mestras para contornar-se e dar solução aos problemas que ainda se colocam à segurança alimentar na região”.

Além destes aspectos, avançou o entrevistado, os participantes vão analisar as questões ligadas à produção de produtos fito-sanitários, medicamentos veterinários, entre outros elementos, “no sentido de se conformar a existência de uma agricultura cada vez mais desenvolvida nos Estados membros da Comunidade”.

Segundo o secretário de Estado da Agricultura, a comitiva de Angola vai aproveitar a ocasião para consolidar as suas propostas já avançadas, aguardando-se igualmente que os candidatos nacionais sejam nomeados e contribuam na definição dos programas e planos de actuação a serem aprovados num fórum próprio, pontualizou.

A SADC é uma organização regional criada a um de Abril de 1980, na Zâmbia, como Conferência para a Coordenação do Desenvolvimento da África Austral (SADCC), com o objectivo de coordenar os projectos de desenvolvimento, visando reduzir a dependência económica em relação a então África do Sul do Apartheid.

Os países fundadores são Angola, Botswana, Lesotho, Malawi, Moçambique, Swazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe, após a adopção da Declaração de Lusaka – África Austral: Rumo à Libertação Económica, e mais tarde juntaram-se as Ilhas Maurícias, Seychelles, Namíbia, África do Sul, República Democrática do Congo e o Madagáscar (este último suspenso).

China: GOVERNO VAI LANÇAR PLANO DE DIREITOS HUMANOS PARA OS PRÓXIMOS QUATRO ANOS




FV - LUSA

Pequim, 13 jul (Lusa) - A China está a elaborar um plano de quatro anos para melhorar os direitos humanos no país com base na melhoria das condições de vida da população, revela hoje o jornal oficial China Daily.

O plano a implementar entre 2012 e 2015 tem como objetivo "ampliar a democracia, reforçar o Estado de Direito, e melhorar a vida das pessoas, salvaguardando os direitos humanos", disse Wang Chen, ministro do Conselho Estatal de Informação chinês.

O responsável adiantou ainda que há desafios a superar, como as disparidades nos rendimentos da população, o aumento da pressão sobre os preços e dos conflitos sociais.

As autoridades chinesas habitualmente medem a melhoria dos direitos humanos através das condições de vida da população, e não pelas liberdades individuais.

Indonésia: COLISÃO DE CAMIÃO NUMA VIVENDA MATA 13 PESSOAS




FV - LUSA

Jacarta, 13 jul (Lusa) -- Treze pessoas morreram e várias dezenas ficaram feridas na Indonésia, num acidente que envolveu o choque de dois camiões e colisão numa casa onde estava a ser celebrada uma festa, informou a imprensa local.

O acidente ocorreu perto da meia-noite - hora local - de terça-feira, em Bojonegoro, na província de Java Oriental, quando dois camiões chocaram e um deles atingiu a vivenda, indicou a agência estatal Antara.

As vítimas estavam numa festa no jardim da casa quando foram atropeladas pelo veículo.
"Houve um forte choque e de imediato um camião atropelou os convidados", relatou Prastiwi, uma testemunha do acidente.

A polícia iniciou uma investigação para esclarecer as causas do acidente.

Governo português disponível para apoiar Plano Estratégico de Desenvolvimento - Embaixador


Embaixador de Portugal em Díli dormitando em cerimónia oficial (PG)

MSO - LUSA

Díli, 13 jul (Lusa) -- O embaixador de Portugal em Timor-Leste, Luís Barreira de Sousa, transmitiu hoje, em nome do Governo Português, o apoio ao Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED) apresentado pelo primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão.

Falando no encontro anual dos parceiros de desenvolvimento que hoje terminou em Díli, Luís Barreira de Sousa classificou o PED como "a mãe de todas as reformas, oriunda de um Governo ele próprio com um cunho marcadamente reformador" e "um documento de referência".

O embaixador português comunicou a disponibilidade de Portugal para cooperar com Timor-Leste, de forma a serem atingidos os objetivos definidos no Plano Estratégico de Desenvolvimento.

"Independentemente das circunstâncias, Portugal, como segundo parceiro em termos absolutos de Timor, e como parceiro estruturante em alguns setores a convite de Timor, designadamente na Educação, na Justiça e na Segurança e Defesa, continua firmemente empenhado em ajudar e em contribuir para atingir os objetivos que o Governo de Timor nos der, designadamente os objetivos que estão plasmados no PED", afirmou.

Luís Barreira de Sousa esclareceu que com as suas palavras está a reiterar a posição transmitida pelo primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, ao Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, quando na semana passada se deslocou a Lisboa.

"O empenho de Portugal em Timor não depende das circunstâncias, nem portuguesas, nem timorenses, porque é um empenho de fundo, estrutural, que vem de longe, e é um fator de confiança.

Timor-Leste pode, enquanto quiser, continuar a contar com o Governo português, quer para os projetos que estão em curso, quer para novos projetos que nos queira propor", concluiu.

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Plano de Desenvolvimento vai acentuar dependência dos produtos petrolíferos - FRETILIN




MSO - LUSA

Díli, 13 jul (Lusa) -- A FRETILIN, maior partido da oposição em Timor-Leste, considera que o Plano Estratégico de Desenvolvimento que o primeiro-ministro apresentou terça-feira aos parceiros internacionais vai acentuar a dependência do país dos recursos petrolíferos.

Numa posição pública de crítica ao PED, hoje divulgada, aquele partido considera que "é fortemente baseado no desenvolvimento da indústria do petróleo", sem apontar qualquer alternativa a esse modelo de desenvolvimento.

"O que acontecerá se não houver mais descobertas de reservas substanciais de petróleo com a magnitude dos campos de Bayu-Undan ou Greater Sunrise? O que acontecerá se Greater Sunrise não avançar?", interroga a FRETILIN.

Acusando o Governo de "confiar demais em receitas que não estão asseguradas", lembra que a preocupação atual dos países ricos em petróleo é elaborar programas que lhes permita sair da dependência exclusiva desse tipo de receitas, por se tratarem de recursos finitos.

"No entanto, este plano proposto vai-nos tornar mais dependentes desses recursos e não há qualquer alternativa económica credível proposta no documento", critica a FRETILIN, questionando o que acontecerá "quando o petróleo e o gás acabar em 20, 30 anos ou menos" ou se, num cenário de volatilidade dos preços, as receitas do petróleo e do gás caírem vertiginosamente".

Outro dos reparos daquele partido vai para a falta de explicação no PED quanto à forma de financiamento das grandes infraestruturas previstas: "mais preocupante é que este plano proposto apenas superficialmente se refere às intenções do governo de facto de pedir dinheiro emprestado e nacionalmente endividar-nos".

Em vez da concretização dos sonhos dos timorenses, a FRETILIN conclui que é antes "o sonho de e para estrangeiros", porque não dá ênfase à criação de emprego, sendo o desemprego um dos principais problemas do país, nem dá a devida atenção ao desenvolvimento agrícola, quando a maioria da população sobrevive da agricultura.

"Representa sim os sonhos de estrangeiros, porque esse plano vai abrir o caminho para o seu enriquecimento rápido, com a forte dependência externa de Timor-Leste. Por cada dólar investido na nossa economia, setenta cêntimos vão para o exterior e esse é o problema básico que o PED não resolve, pelo que a FRETILIN não tem dúvidas de que é estratégico para todos, exceto para o nosso povo e para o desenvolvimento da Nação", acusa.

"Os projetos de infraestruturas planeados não irão gerar os postos de trabalho necessários. Nós já vimos isso nos programas de investimento em infraestruturas atuais que estão a ser implementados, tais como o projeto de eletrificação do país, com base nas centrais de óleo pesado.

O que temos visto é que, na maior parte, são trabalhadores estrangeiros que são importados para fazer o trabalho e o plano proposto aponta na mesma direção, com a mesma fórmula de desenvolvimento", conclui.

Timor-Leste: DEPUTADOS E FUNCIONÁRIOS PARLAMENTARES APERFEIÇOAM O PORTUGUÊS




MSO - LUSA

Díli, 13 jul (Lusa) - Funcionários e deputados do Parlamento Nacional receberam os certificados do curso de Língua Portuguesa, ministrado no âmbito da cooperação com a Assembleia da República de Portugal.

Ao todo, foram 44 funcionários e cinco deputados a concluir a formação em Português, segundo disse hoje à Lusa fonte parlamentar.

Na cerimónia de entrega dos certificados aos funcionários e deputados, o secretário geral do Parlamento Nacional, João Rui Amaral, salientou que "os funcionários, como servidores do Estado, devem obrigatoriamente aprender a Língua Portuguesa por ser língua oficial segundo a Constituição".

João Rui Amaral apelou aos deputados e funcionários do Parlamento Nacional para praticarem a Língua Portuguesa no seu trabalho diário, sublinhando que se não a usarem, os certificados obtidos "acabarão por não ter valor real".

"A prática de outros idiomas no local de trabalho e o emprego menos usual do Português não ajudam ao desenvolvimento da Língua Portuguesa que se pretendeu com esta aprendizagem diária", disse.

Elsa Sofia, formadora, revelou aos jornalistas que o curso decorreu durante nove meses, sendo constituído por quatro turmas de funcionários e duas turmas de deputados.

"Foi um trabalho muito positivo e reconheço que os funcionários e os deputados continuam a ter lacunas, mas senti que estão com vontade de aprender mais", comentou.

O curso foi ministrado com o apoio do Instituto Camões e inscreve-se num protocolo de cooperação celebrado entre o Parlamento Nacional e a Assembleia da República portuguesa.

Guiné-Bissau: Agitação pode comprometer esforço e passar imagem de irresponsabilidade





O secretário-executivo da CPLP mostrou-se hoje "muito preocupado" com as notícias de nova agitação política na Guiné-Bissau, considerando que podem comprometer o esforço internacional de apoio e passar uma imagem de irresponsabilidade do país.

"Sinto-me muito preocupado com essas notícias. Preocupa-me pensar que essas instâncias podem não estar a compreender o momento que se vive em relação à Guiné-Bissau", disse o guineense Domingos Simões Pereira à Agência Lusa.

"Os parceiros têm dado sinais de crer que o momento é de consolidar os ganhos políticos, que é preciso estabilizar o país e que esta legislatura vá até ao fim para permitir uma sucessão tranquila e com base nas regras democráticas instituídas no país", disse o secretário-executivo.

Comissão Eleitoral impede formação imediata de novo governo por alegada fraude eleitoral




DESTAK - LUSA

A Comissão Eleitoral da Tailândia suspendeu temporariamente a nomeação como deputada da vencedora das eleições legislativas, Yingluck Shinawatra, o que impedirá a formação imediata de governo, informou hoje a imprensa local.

O organismo informou ao final da noite de terça-feira que decidiu por uma suspensão cautelar de 142 candidatos, incluindo-se Yingluck, líder da oposição e irmã do ex-primeiro-ministro em exílio, Thaksin Shinawatra, e o primeiro-ministro cessante, Abhisit Vejjajiva, até que se investiguem alegadas irregularidades no ato eleitoral.

A maioria dos políticos do partido liderado por Yingluck, o Puea Thai, afetados por esta decisão são membros do movimento conhecido como os “camisas vermelhas”, mas a mesma também afetou membros do Partido Democrático e outras formações políticas menores.

A Comissão Eleitoral aprovou a nomeação de 358 deputados, 79,6 por cento do Parlamento, mas é necessária a nomeação de 95 por cento – 475 dos 500 lugares – para se poder constituir a câmara.

O primeiro-ministro cessante é acusado de alegadamente ter comprado votos na província de Samut Prakan, junto a Banguecoque, e Yingluck de ter distribuído refeições durante a campanha, o que também é considerada fraude eleitoral.

Em sequência da investigação que decorre, a Comissão vai decidir se suspenderá definitivamente ou não os candidatos.

Segundo a lei tailandesa, o Parlamento deverá ser constituído nos 30 dias seguintes às eleições, que tiveram lugar a 03 de julho.

O Puea Thai, que na semana passada anunciou a formação de uma coligação com outros quatro partidos para governar a Tailândia, conseguiu uma maioria absoluta ao conquistar 265 dos 500 lugares do Parlamento.

O Partido Democrático apresentou na semana passada queixas por alegadas ilegalidades do Puea Thai, processo que poderá estender-se por vários meses e caberá ao Tribunal Constitucional decidir pela dissolução ou não da formação política vencedora das eleições.

As ações judiciais e a decisão da Comissão Eleitoral deixaram irritados os “camisas vermelhas” aliados ao Puea Thai e protagonistas das manifestações do ano passado em Banguecoque que acabaram com uma batalha campal com membros do Exército, que causou 92 mortos e 1.800 feridos.

Robert Fisk: POR QUE EU TIVE DE DEIXAR THE TIMES




Robert Fisk - The Independent – Carta Maior

Quando trabalhava no The Times, Robert Fisk testemunhou práticas curiosas no trabalho de proprietário do jornal, Rupert Murdoch. Apesar de trocas jocosas, o escritor sabia que não podia ficar . "Estranhamente, ele nunca apareceu ser o ogro das trevas, cheio de maldade e veneno que tem sido pintado nos últimos dias. Talvez seja porque seus editores e sub-editores e repórteres repetidamente adivinhasse o que Murdoch pensava", relata o jornalista britânico.

Ele é um califa, eu suponho, quase da variedade do Oriente Médio.

Hafez al-Assad uma vez segurou minha mão por um longo tempo com um sorriso paternal. Certamente ele não pode ser tão mau, eu quase disse a mim mesmo - isso foi muito antes de dos massacres de Hama em 1982. Rei Hussein me chamou de "Sir", juntamente com a maioria dos outros jornalistas. Estes potentados, em público, muitas vezes brincam com seus ministros. Erros podem ser perdoados.

O "Diários de Hitler" foi um erro de Murdoch, após se recusar a concordar com a mudança de opinião de seus próprios "especialistas", horas antes de The Times e The Sunday Times começarem a imprimir os documentos. Meses mais tarde, eu estava passando pela redação do jornal em Londres no meu caminho de volta para Beirute, quando o editor internacional, Ivan Barnes, mostrou um despacho da Reuters, de Bonn. "Aha!" ele trovejou. "Os diários são falsificações!" O governo da Alemanha Ocidental havia provado que eles devem ter sido escritos muito depois da morte do Führer.

Então Barnes me mandou para o escritório do editor Charles Douglas-Home com a história da Reuters. Cheguei e encontrei Charles e Murdoch na sala. "Eles dizem que são falsificações, Charlie", eu anunciei, tentando não olhar para Murdoch. Mas eu olhei quando ele reagiu. "É, lá vem você", o magnata refletia com uma risadinha. "Quem não se aventura não ganha nada". A despreocupação do homem estava quase funcionando. Grande História. Só tinha um problema. Não era verdade.

Estranhamente, ele nunca apareceu ser o ogro das trevas, cheio de maldade e veneno que tem sido pintado nos últimos dias. Talvez seja porque seus editores e sub-editores e repórteres repetidamente adivinhassem o que Murdoch pensava. Murdoch era o proprietário do The Times, quando eu cobria a invasão e ocupação israelense encharcada de sangue no Líbano em 1982. Nem uma linha foi removida das minhas reportagens, não importando o quão críticos a Israel fossem os textos. Após a invasão, Douglas-Home e Murdoch foram convidados pelos israelenses a fazer uma viagem de helicóptero militar no Líbano. Os israelenses tentaram desqualificar as minhas reportagens. Douglas-Home disse ter me defendido. No vôo de volta a Londres, Douglas-Home e Murdoch se sentaram juntos. "Eu sabia que Rupert estava interessado no que eu estava escrevendo", disse mais tarde. "Ele meio que esperou por mim para dizer-lhe o que era, embora ele não estivesse exigindo. Eu não mostrei a ele."

Mas as coisas mudaram. Antes de ser editor, Douglas-Home escrevia para a revista de língua árabe Al-Majella, muitas vezes com um ponto de vista profundamente crítico de Israel. Seus editoriais no The Times passaram a emitir uma visão otimista da invasão israelense. Ele afirmou que "não há agora um palestino digno com quem o mundo possa dialogar" e - pelo amor de Deus - que "talvez, finalmente agora os palestinos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza deixem de lado esperanças de que pirotecnias de gente como Arafat possam resgatá-los milagrosamente de fazer negócios com os israelenses."

Tudo isso, claro, era a política oficial do governo israelense na época.

Então, na primavera de 1983, outra mudança. Eu havia, com pleno consentimento de Douglas-Home, passado meses investigando a morte de sete prisioneiros palestinos e libaneses em Sidon. Era óbvio, eu concluí, que os homens haviam sido assassinados - o coveiro até me disse que os cadáveres tinham sido trazidos para ele com as mãos amarradas atrás das costas, mostrando marcas de hematomas. Mas agora Douglas-Home não via "justificativas" para uma reportagem "tanto tempo depois do evento".

Em outras palavras, o próprio sistema do jornalismo investigativo - checagem de fatos e meses de entrevistas - tornou-se auto-destrutivo. Quando chegamos aos fatos, muito tempo havia se passado para imprimi-los. Pedi aos israelenses se eles iriam realizar um inquérito militar e, ansiosos para mostrar o quão humanitários eram, eles me disseram que haveria uma investigação oficial. O "inquérito" de Israel foi, eu suspeitava, uma ficção. Mas era o suficiente para "justificar" publicar minha longa e detalhada reportagem. Contanto que os israelenses se passassem por mocinhos, as preocupações Douglas-Home se dissipariam.

Quando ele morreu de câncer foi anunciado que o seu vice, Charles Wilson, editaria o jornal. Murdoch disse que Wilson era "a escolha de Charlie" e eu pensei que estava tudo muito bem - até que eu conversei com a viúva de Charlie, e ela me disse que era a primeira vez que ela tinha ouvido falar que a escolha de Wilson tinha sido decisão de seu falecido marido. Todos nós sabíamos que Murdoch havia se comprometido com garantias de independência editorial quando ele comprou o The Times - e então demitiu seu primeiro editor, Harold Evans. Ele iria lidar com os sindicalistas mais tarde.

Charles Wilson - que mais tarde tornou-se, brevemente, o editor do The Independent - era um homem duro e amistoso, que poderia mostrar grande bondade, assim como aspereza, para sua equipe. Ele foi gentil comigo também. Mas uma vez, quando eu estava visitando Wilson em Londres, Murdoch entrou em seu escritório. "Olá, Robert!" , Murdoch cumprimentou-me, antes de conversar com Wilson. E, depois que ele saiu, Wilson me disse em voz baixa: "Viu como ele te chamou pelo seu primeiro nome?" Isso foi engraçado. Como o sorriso de Assad ou o "Sir" do Rei Hussein. Não significava nada. Murdoch estava brincando com seus ministros e membros da corte.

Um sinal de alerta. Ainda na zona oeste de Beirute, onde dezenas de ocidentais estavam sendo sequestrados, abri o The Times para encontrar um escritor pró-Israel reivindicando, em nossa página de centro, que todos os jornalistas na zona oeste de Beirute, claramente intimidados pelo "terrorismo", deveriam ser considerados apenas "sanguessugas". Estaria o jornal alegando que eu também era um sanguessuga? Nesse tempo todo, Murdoch havia expressado exclusivamente pontos de vista pró-Israel, e aceitado um "Homem do Ano" de uma proeminente organização judaica-norte-americana. Os editoriais do Times tornaram-se mais e mais pró-Israel, o uso da palavra "terrorista" cada vez mais promíscuo.

O fim chegou para mim quando eu voei para Dubai em 1988, após um Vincennes dos EUA ter derrubado um avião de passageiros iraniano sobre o Golfo. Em 24 horas, eu tinha falado controladores de tráfego aéreo britânicos em Dubai, e descobri que os navios dos EUA tinham rotineiramente ameaçado aviões da British Airways, e que a tripulação do Vincennes parecia ter entrado em pânico. A redação me disse que a reportagem seria capa. Eu avisei a eles que eram mentiras os "vazamentos" dos americanos de que o piloto da IranAir estava tentando jogar seu avião sobre os Vincennes. Eles concordaram.

No dia seguinte, o meu texto apareceu com todas as críticas aos americanos cortadas, com todas as minhas fontes ignoradas. O The Times chegou a publicar um editorial sugerindo que o piloto era realmente um suicida. Mais tarde, um relatório oficial dos EUA e testemunhos de oficiais navais dos EUA provaram que minha reportagem estava correta. Exceto que os leitores de The Times não foram autorizados a vê-la. Isto foi quando eu fiz contato com The Independent. Eu não acreditava mais no The Times - certamente não em Rupert Murdoch.

Meses depois, um editor senior que estava de plantão na noite em que minha reportagem sobre o Vincennes chegou à redação, lembrou em uma carta que ele havia colocado minha reportagem na capa e que Wilson dissera: "Não há nada nisso aí. Não há um fato sequer. Eu nem mesmo rodaria essa besteira." Wilson, o editor da noite disse, chamou de "porcaria" e "bobagem". O diário do editor da noite naquele dia finalizou assim: "Caos na história do Golfo. [George] Brock [editor de Internacional] reescreve Fisk ".

A boa notícia: poucos meses depois, eu era correspondente no Oriente Médio para o The Independent. A má notícia: eu não acredito, pessoalmente, que Murdoch tenha interferido em nenhum dos eventos acima. Ele não precisava. Ele tinha transformado o The Times em um jornal manso, pró-Conservadores, pró-Israel e despojado de toda sua independência editorial. Se eu não tivesse vivido no Oriente Médio, é claro, poderia ter me levado mais tempo para entender tudo isso.

Mas eu trabalhei em uma região onde quase todos os jornalistas árabes sabem da importância da auto-censura - ou censura direta - e onde os reis e ditadores não precisam de dar ordens. Eles têm sátrapas e os ministros e altos funcionários da polícia - e governos "democráticos" - que conhecem os seus desejos, seus gostos e desgostos. E eles fazem o que eles acreditam que seu mestre quer. Claro, todos eles me disseram que aquilo não era verdade e afirmaram que seu rei / presidente estava sempre certo.

Nestas últimas duas semanas, estive pensando em como era trabalhar para Murdoch, o que estava errado sobre isso, sobre o uso do poder por procuração. Para que Murdoch nunca pudesse ser responsabilizado. Murdoch foi mais califa do que nunca, não é mais responsável por um editorial ou uma "notícia" do que um presidente da Síria é por um massacre - este último seria realizado sob as ordens de governadores que sempre poderiam ser julgados ou demitidos ou expulsos - e o líder invariavelmente ungiria seu filho como sucessor. Pense em Hafez e Bashar Assad ou Hosni Mubarak e Gamal ou Rupert e James. No Oriente Médio, jornalistas árabes sabiam o que seus donos queriam, e ajudaram a criar um deserto jornalístico, sem a água de liberdade, uma versão totalmente distorcida da realidade. Assim, também, dentro do império Murdoch.

No mundo estéril dos Murdochs, novas tecnologias foram utilizadas para privar o povo da sua liberdade de expressão e privacidade. No mundo árabe, potentados sobreviventes não tiveram problemas na nomeação de primeiros-ministros. Quem não se aventura não ganha nada.

*Tradução Wilson Sobrinho

MOODY’S CORTA “RATING” DA IRLANDA PARA “LIXO”




EUDORA RIBEIRO - ECONÓMICO

A agência de notação desceu hoje a avaliação da Irlanda para 'Ba1', um nível acima de Portugal. As justitifcações são as mesmas.

A Moody's baixou hoje em um nível a notação da dívida da Irlanda, de ‘Baa3' para ‘Ba1', um nível acima da nota de Portugal, mantendo o ‘outlook' negativo, o que quer dizer que se podem seguir novos cortes em breve.

O ‘downgrade' surge precisamente uma semana depois de a agência ter reduzido em quatro níveis a avaliação de Portugal para ‘Ba2', com as justificações para o corte do ‘rating' irlandês a serem muito semelhantes: receios crescentes de que o país precise de novo pacote de ajuda e envolvimento dos credores privados nesse ‘bailout'.

"O factor principal que motivou o corte de ‘rating' [irlandês] foram as hipóteses crescentes de que depois de terminado o actual programa de apoios da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) no final de 2013, a Irlanda deve precisar de uma nova ronda de empréstimos internacionais antes de conseguir regressar ao mercado", explica a Moody's. Além disso, também o facto de ser cada vez mais provável que seja exigida a participação dos investidores privados nesse pacote de apoios adicionais motivou o ‘downgrade'.

A Moody's admite que a Irlanda "demonstrou um forte compromisso em relação à consolidação orçamental e cumpriu, até à data, os objectivos do programa [de ajustamento]". Contudo, a agência de ‘rating' considera que os riscos de implementação das reformas orçamentais no país permanecem elevados, "sobretudo devido à fraqueza continuada da economia irlandesa", e avisa também que mais tensões nos mercados decorrentes de um ‘default' grego desordenado podem aumentar a pressão sobre o ‘rating' irlandês.

"Apesar de o ‘rating' da Irlanda apresentar uma probabilidade de reestruturação da dívida inferior à da Grécia, o aumento da possibilidade de o sector privado participar neste processo aumentou, o que tem o efeito de desencorajar o sector privado a conceder crédito à economia e aumenta a probabilidade de a Irlanda não ser capaz de voltar a ter acesso ao mercado a preços sustentáveis no futuro próximo", justifica a Moody's, acrescentando que este cenário "implica que alguns detentores de dívida irlandesa terão de assumir perdas".

Em reacção, o instituto responsável pela gestão da dívida irlandesa assegurou hoje que a Irlanda tem as suas necessidades de financiamento asseguradas até ao final de 2013 e considerou positivo que sejam dadas condições mais flexíveis nos empréstimos concedidos através do fundo europeu.

Depois da Grécia e de Portugal, a Irlanda torna-se no terceiro país a ver a sua notação da dívida reduzida para um nível considerado ‘lixo' pela Moody's. Já a Standard & Poor's e a Fitch atribuem um ‘rating' de ‘BBB+' à Irlanda.

Há dois anos, a Irlanda tinha a nota máxima nos seus títulos de dívida, de ‘AAA

Juventude está com Pinto da Costa e encheu de cor, alegria e entusiasmo a praça Yon Gato




TÉLA NÓN

A histórica praça Yon gato encheu-se de milhares de jovens para apoiar a candidatura de Pinto da Costa no primeiro comício-festa realizado desde o início da campanha e em que participaram alguns dos melhores artistas, santomenses e angolanos, da actualidade.

Em ambiente de grande entusiasmo, alegria e cor os jovens receberam o candidato em apoteose numa festa que durou até de madrugada.

No seu discurso, Pinto da Costa prometeu “tolerância zero” à corrupção e desafiou os restantes candidatos a pronunciarem-se sobre a questão.

“Eu sou o único candidato a falar da luta contra a corrupção” afirmou Pinto da Costa deixando no ar uma pergunta: “Porque é que só eu levanto esta bandeira da luta contra a corrupção quando todos conhecem os casos, os escândalos que nos últimos anos têm posto em causa a coesão nacional”.

Pinto da Costa acrescentou que não se vai calar porque como costuma dizer-se “quem cala consente”.

Muitas vezes interrompido por aplausos e incentivos Pinto da Costa deixou uma mensagem especial aos jovens santomenses ao afirmar ter a certeza que “nestas eleições, vão dizer não à facilidade” e que estes “serão a semente de uma democracia em São Tomé e Príncipe, transparente e fundada em convicções porque a convicção, hoje e sempre, não tem preço”.

Ao longo de cerca de 15 minutos Pinto da Costa abordou outros temas como a necessidade de o país garantir a auto-sustentabilidade alimentar, o desenvolvimento, denunciando, uma vez mais, o nível de pobreza em São Tomé e Príncipe, socorrendo-se do seu livro “Terra Firme” que lançou na pré-campanha.

“Vencemos a escravatura. Vencemos o colonialismo, havemos de vencer a pobreza e tornar São Tomé e Príncipe uma terra firme de oportunidades para todos” numa clara mensagem de esperança no futuro do país.

Abel Veiga

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