sexta-feira, 12 de junho de 2015

AFONSO DHLAKAMA QUER RESSUSCITAR O CLIMA DE FERRO-E-FOGO EM MOÇAMBIQUE




Moçambique está sob as ameaças do dirigente da Renamo, Afonso Dhlakama. A guerra pode vir a ser reatada se os ditames de Dhlakama não forem atendidos, como se entende das suas ameças. O diálogo político não é o bastante para ele. Muito menos, em eleições recentes, a Frelimo ter obtido muito mais votos que a Renamo. Ou Nyusi em comparação a Dhlakama para a Presidência da República. Mesmo dando o alegado desconto à manipulação de votos por parte da Frelimo, facto é que as diferenças foram abissais e “impossíveis de atingir com algumas manipulações setoriais”, como afirmou um analista.

Com tais argumentos Dhlakama não terá razões que justifiquem voltar levar a Moçambique o clima de ferro-e-fogo com uma guerra que ceifa cidadãos inocentes em ações de guerrilha cobardes que têm por objetivo instabilizar o país que maioritária e democraticamente o rejeitou nas urnas – e à Renamo - para condutores dos destinos da una e indivisível nação moçambicana.

Acerca da situação em Moçambique elaboramos e apresentamos uma compilação compacta de notícias com origem na Agência Lusa e veiculadas por Notícias ao Minuto.

Redação PG

Segurança reforçada após Renamo ameaçar tomar governos provinciais

As cidades de Nampula, norte de Moçambique, e da Beira, centro, apresentam hoje uma presença policial e militar superior ao habitual, após a Renamo ter anunciado na quinta-feira a intenção de tomar sedes de governos provinciais pela força.

Ao contrário do que sucedeu nos últimos dias, mais de vinte elementos da Força de Intervenção Rápida (FIR), uma força de elite da polícia moçambicana, estavam hoje visíveis junto das instalações onde decorre o Conselho Nacional da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), na cidade da Beira, província de Sofala.

A reunião do principal partido de oposição deliberou na quinta-feira a criação, "a bem ou a mal", de autarquias provinciais nas regiões onde o partido de oposição reclama vitória nas últimas eleições, tendo também aprovado a criação de uma polícia e a redistribuição do seu efetivo militar para responder a eventuais ataques do Governo.

Também em Nampula, a Lusa observou vários carros militares a circular pela maior cidade do norte do país, com agentes das Forças Armadas de Defesa de Moçambique altamente armados.

As forças de defesa e segurança eram igualmente visíveis nas zonas de maior influência da Renamo em Nampula.

Sem avançar datas, o porta-voz do Conselho Nacional da Renamo disse na quinta-feira que o movimento vai evacuar os edifícios estatais onde funcionam os atuais governos provinciais e aos dirigentes da Frelimo ser-lhe-á dada a oportunidade de escolha, de se filiarem na Renamo para se manterem nos cargos ou transferirem o poder para o partido de oposição.

"O Conselho Nacional deliberou que o partido devia prosseguir com a implementação das províncias autónomas e governe à força onde ganhou as eleições porque temos legitimidade para dirigir as províncias", afirmou José Manteigas.

Hoje em Maputo, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou a preparação de uma nova ronda de contactos com os partidos de oposição.

Sem mencionar a Renamo, Nyusi reiterou a sua disponibilidade para se encontrar com os líderes da oposição e representantes da sociedade civil, "com vista a dar prosseguimento a um diálogo orientado para resultados concretos no domínio da consolidação da paz".

No início do seu mandato, Filipe Nyusi avistou-se duas vezes com o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e também co o presidente do MDM (Movimento Democrático de Moçambique), Daviz Simango, e representantes de vários partidos extraparlamentares.

Depois dos encontros entre o Presidente da República e o líder da oposição, a Renamo submeteu um anteprojeto de lei ao parlamento, preconizando a criação das autarquias provinciais em seis regiões do país (Sofala, Manica, Tete, Zambézia, Nampula e Niassa), mas a proposta foi rejeitada pela maioria da Frelimo.

A iniciativa da Renamo visava ultrapassar a crise política em Moçambique, motivada pela recusa do principal partido de oposição em reconhecer os resultados das eleições gerais de 15 de outubro.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Nyusi. Presidente moçambicano desafia jovens a encontrar soluções

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, desafiou hoje a Organização da Juventude Moçambicana (OJM) a encontrar soluções para responder às novas dinâmicas sociopolíticas do país, enaltecendo a necessidade da manutenção da paz e do envolvimento dos jovens rumo ao desenvolvimento.

"A conjuntura atual do país impõe novos desafios à OJM. Neste contexto, a presença da juventude na base da pirâmide etária constitui um enorme potencial para o desenvolvimento de Moçambique", disse Filipe Nyusi, também presidente da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), falando durante o discurso de abertura da 2.ª Sessão Extraordinária do Comité Central da OJM, estrutura afeta ao partido no poder.

De acordo com o chefe de Estado moçambicano, a OJM tem a missão de "arregaçar as mangas" e, tendo em conta a limitação dos recursos que o país dispõe, desenvolver ações com vista a incrementar a esperança no seio da juventude moçambicana.

"É uma oportunidade ímpar de decidir o futuro, juntando vontades, articulado iniciativas e congregando esforços para aumentar a esperança de um Moçambique melhor", disse o presidente do partido, lembrando que a juventude que libertou país apresentou os resultados no dia 25 de junho de 1975 e, atualmente, cabe à nova juventude apresentar os seus feitos.

Filipe Nyusi enalteceu ainda o papel da OJM na divulgação de valores de paz, justiça e democracia desde a sua criação, em 1977, assinalando a necessidade de a organização representar os interesses de toda juventude moçambicano, independentemente da sua filiação partidária ou origem étnica.

"A abordagem da OJM deve ser inclusiva, de maneira que qualquer jovem moçambicano se reveja nela, independentemente da sua cor, partido, raça, grupo étnico ou religião", afirmou Filipe Nyusi, lembrando que "a imagem da organização deve espelhar a imagem do partido Frelimo".

O secretário-geral da OJM, Pedro Cossa, destacou a paz e coesão social como fatores importantes para o desenvolvimento de Moçambique.

"A paz e a unidade nacional são fatores basilares para uma convivência pacífica e para o desenvolvimento da nação. Congratulamos o presidente que, a cada passo que ele dá, em nome da Frelimo, tem incidido no fator paz como importante para a nossa consolidação enquanto nação", afirmou Pedro Cossa.

Osvaldo Petersburgo, antigo presidente do Conselho Nacional da Juventude (CNJ) e atual vice-ministro do Trabalho, Emprego e Segurança Social, disse à Lusa que a juventude moçambicana tem como desafio principal o domínio pleno da ciência, como forma de catapultar o desenvolvimento do país, dependente, atualmente, do exterior, principalmente no que diz respeito ao setor extrativo.

"Não podemos ficar à espera que venham pessoas de outros quadrantes do mundo para explorar os recursos que nós temos. Nós, como jovens, temos de ser sedentos do saber e de conhecimento para transformarmos as nossas riquezas em desenvolvimento para o bem-estar do nosso país", assinalou Osvaldo Petersburgo.

A 2.ª Sessão Extraordinária do Comité Central da OJM termina no sábado e tem a missão de preparar o I Congresso da organização, a ter lugar entre 26 e 29 de novembro.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Moçambique. Frelimo condena ameaça da Renamo

O secretário-geral da Frelimo, partido no poder em Moçambique, Eliseu Machava, condenou hoje a decisão da Renamo, principal partido de oposição, de governar à força nas províncias em que reclama vitória eleitoral, afirmando que os moçambicanos anseiam a paz.

"Nem a Renamo nem o líder da Renamo [Afonso Dhlakama] deviam estar a falar de conflitos nesta fase em que os moçambicanos anseiam a paz e o bem-estar", afirmou Machava, em declarações à Lusa, à margem do lançamento das comemorações dos 40 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre Moçambique e o mundo, que se assinalam no próximo dia 25.

Lembrando que o país passou pela destruição e mortes durante 16 anos de guerra civil, que terminou em 1992, o secretário-geral da Frelimo observou que os moçambicanos devem empenhar-se em ações visando o progresso e não o retrocesso.

"Ele próprio [Dhlakama], pela idade que tem, precisa de sossego, precisa de partilhar as ideias que tem com os moçambicanos, isso é possível sem conflito", declarou Eliseu Machava, reiterando, ironicamente, que não acredita que a Renamo tenha tomado a decisão de governar à força em seis províncias do país
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O secretário-geral da Frelimo exortou a Renamo a seguir a via do diálogo para a resolução de diferendos políticos, sublinhando que o país tem condições para ultrapassar qualquer crise por via política.

O Conselho Nacional da Renamo, reunido na Beira, capital da província de Sofala, centro do país, anunciou na quinta-feira que o partido vai assumir "a bem ou a mal" o governo das seis províncias em que reclama vitória nas eleições gerais de 15 de outubro, na sequência do chumbo pela Assembleia da República, dominada pela Frelimo, da Lei do Quadro Institucional das Autarquias Provinciais.

Sem avançar datas, José Manteigas, porta-voz do Conselho Nacional da Renamo, disse que o movimento vai evacuar os edifícios estatais onde funcionam os atuais governos provinciais e aos dirigentes da Frelimo ser-lhe-á dada a oportunidade de escolha de se filiarem na Renamo para se manterem nos cargos ou transferirem o poder para o partido de oposição.

"O Conselho Nacional deliberou que o partido devia prosseguir com a implementação das províncias autónomas e governe à força onde ganhou as eleições porque temos legitimidade para dirigir as províncias", insistiu José Manteigas.

Paralelamente, a Renamo anunciou o abandono das negociações de longo prazo com o Governo, ao fim de mais de cem rondas de diálogo, sem que tenha sido alcançado acordo para a desmilitarização do movimento.

Hoje em Maputo, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou a preparação de uma nova ronda de contactos com os partidos de oposição.

Sem mencionar a Renamo, Nyusi reiterou a sua disponibilidade para se encontrar com os líderes da oposição e representantes da sociedade civil, "com vista a dar prosseguimento a um diálogo orientado para resultados concretos no domínio da consolidação da paz".

Lusa, em Notícias ao Minuto

Filipe Nyusi prepara nova ronda de contactos com oposição

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou hoje a preparação de uma nova ronda de contactos com os partidos de oposição, numa fase em que a Renamo ameaça tomar pela força os governos provinciais no centro e norte do país.

"Estamos a preparar mais uma volta de consultas com todos os intervenientes da paz em Moçambique", disse Filipe Nyusi, durante a cerimónia, hoje em Maputo, de celebração de 40 anos do estabelecimento de relações diplomáticas de Moçambique com o mundo.

Sem mencionar a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), Nyusi reiterou a sua disponibilidade para se encontrar com os líderes da oposição e representantes da sociedade civil, "com vista a dar prosseguimento a um diálogo orientado para resultados concretos no domínio da consolidação da paz".

A Renamo, maior partido da oposição em Moçambique, anunciou na quinta-feira que vai forçar a criação das autarquias provinciais no centro e norte do país, através da criação de uma polícia e da redistribuição do seu efetivo militar.

José Manteigas, porta-voz da V sessão do Conselho Nacional da Renamo, disse que o quórum reunido na cidade da Beira aprovou a criação, "a bem ou a mal", das autarquias provinciais, incluindo o uso da ala militar do partido, que será redistribuída para responder a eventuais ataques do Governo.

Sem avançar datas, José Manteigas disse que o movimento vai evacuar os edifícios estatais onde funcionam os atuais governos provinciais e aos dirigentes da Frelimo ser-lhe-á dada a oportunidade de escolha de se filiarem na Renamo para se manterem nos cargos ou transferirem o poder para o partido de oposição.

"O Conselho Nacional deliberou que o partido devia prosseguir com a implementação das províncias autónomas e governe à força onde ganhou as eleições porque temos legitimidade para dirigir as províncias", insistiu José Manteigas.

Paralelamente, a Renamo anunciou o abandono das negociações de longo prazo com o Governo, ao fim de mais de cem rondas de diálogo, sem que tenha sido alcançado acordo para a desmilitarização do movimento.

No início do seu mandato, Filipe Nyusi avistou-se duas vezes com o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e também co o presidente do MDM (Movimento Democrático de Moçambique), Daviz Simango, e representantes de vários partidos extraparlamentares.

Depois dos encontros entre o Presidente da República e o líder da oposição, a Renamo submeteu um anteprojeto de lei ao parlamento, preconizando a criação das autarquias provinciais em seis regiões do país, mas a proposta foi rejeitada pela maioria da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique).

A iniciativa da Renamo visava ultrapassar a crise política em Moçambique, motivada pela recusa do principal partido de oposição em reconhecer os resultados das eleições gerais de 15 de outubro.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Angolanos morrem de fome. Má nutrição já matou 58 pessoas no centro do país




A má nutrição causou a morte de 58 pessoas, na sua maioria crianças, na província do Bié, centro de Angola, nos primeiros três meses deste ano, período em que foram registados 560 novos casos.

Para o combate da enfermidade as autoridades sanitárias locais contam com o apoio da organização não-governamental espanhola CODESPA, a operar no Bié desde 2012, com maior destaque nos municípios de Andulo e Catabola, através da entrega de pacotes de leite de soja às comunidades.

Segundo o delegado da CODESPA, Juan Molina, citado hoje pela agência noticiosa angolana, Angop, o trabalho da organização incide sobretudo na melhoria das práticas alimentares das comunidades, com o incentivo ao consumo do leite de soja.

O responsável adiantou que têm ainda como estratégia aconselhar as pessoas a consumirem produção local e com alto valor nutritivo, bem como divulgar o teor nutricional da soja e seus derivados.

A criação e fortalecimento de cooperativas agrícolas e de um banco de sementes são outros focos de ação da ONG espanhola.

Lusa, em Notícias ao Minuto

CIDADÃO DESAPARECE EM CABINDA DEPOIS DE SER PRESO PELA POLÍCIA




Associação de Transparência, Clareza e Amor de Cabinda acusa o secretário de Estado dos Direitos Humanos Bento Bembe de não se pronunciar sobre as violações na província.

Coque Mukuta – Voz da América

Um cidadão de nacionalidade angolana desapareceu na fronteira de Cabinda depois de ter sido detido pelas autoridades angolanas, o jovem que se dedicava à venda de carros em Luanda, está sem paradeiro há mais de 4 meses.

A denúncia acontece quando a Associação de Transparência, Clareza e Amor de Cabinda critica o secretário de Estado dos Direitos Humanos Bento Bembe de não se pronunciar sobre a violação dos direitos humanos na província.

Não se sabe em que estado se encontra o cidadão angolano João António dos Santos, de 39 anos de idade, mais conhecido por Marcos que desapareceu misteriosamente há cerca de quatro meses entre as cidades de Cabinda e Ponta Negra, em Angola, na sequência de uma interpelação movida por agentes da Polícia Nacional.

A denúncia é da sobrinha da vítima Arieth dos Santos: “não sabemos onde está e como ele está, o que sabemos é que está desaparecidos”, revela.

Parentes acreditam que João António dos Santos, pai de duas filhas residentes em França, encontra-se morto. “O meu avô, que é o pai dele, não dorme e o que cremos é que ele esteja morto”, reiterou Santos.

Por outro lado, a Associação de Transparência, Clareza e Amor de Cabinda critica o secretário de Estado dos Direitos Humanos Bento Bembe por nunca se pronunciar sobre as violações dos direitos humanos na província. A acusação é de Simão Necas, representante da referida organização: “Os direitos humanos em Cabinda são violados e nunca vemos Bento Bembe, filho da terra, a defender aquela terra”, acusou.

A VOA tentou contactar o porta-voz da polícia Nacional, mas sem sucesso.

Na foto: Bento Bembe

RELATÓRIOS CONFIRMAM QUEDA DO NÍVEL DE VIDA DOS ANGOLANOS




Estudos foram apresentados pelo Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola

Coque Mukuta – Voz da América

O poder de compra dos angolanos está em queda e não há previsões de melhoria. A conclusão é do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola(CEIC), que apresentou hoje dois relatórios anuais.

Em comparação com o ano de 2013, o nível de vida dos angolanos caiu muito e em 2017 a situação será pior.

Nelson Pestana Bonavena, do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola (CEIC), explica que “não estamos mal só na educação, estamos mal em quase todos os sectores sociais e o relatório mostra isso”.

O coordenador do relatório social do CEIC lamenta o facto e sugere um maior investimento nas áreas sociais.

“Não podemos apenas investir na segurança do Estado e não nas áreas sociais, por isso sem dúvida devemos investir mais nas áreas sociais”, concluiu.

De recordar que os relatórios lançados anualmente pelo Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola fazem uma análise exaustiva da situação económica e social do país e constituem uma referência para instituições públicas e privadas, tanto nacionais como internacionais.

ACORDO ORTOGRÁFICO EM VIGOR A PARTIR DE OUTUBRO EM CABO VERDE




O Governo de Cabo Verde aprovou em Conselho de Ministros a entrada em vigor do Acordo Ortográfico no país a partir de outubro, anunciou hoje o porta-voz do executivo.

A decisão, disse Démis Lobo Almeida, foi aprovada quinta-feira na tradicional reunião do Conselho de Ministros, uma vez que, em outubro, chegará ao fim o período de transição de seis anos para o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

O porta-voz governamental lembrou que os novos manuais escolares e pedagógicos para os cinco primeiros anos de escolaridade, recentemente elaborados no quadro da reforma curricular, já utilizam a nova grafia, destacando também a realização, em parceria com o Centro de Língua Portuguesa/Camões, de várias sessões alargadas e permanentes de formação dirigidas a estudantes e docentes.

Démis Almeida realçou também que alguns órgãos de comunicação social, nomeadamente da imprensa escrita, já aderiram ao AO, "ainda que de forma não sistemática".

"O Governo entende que Cabo Verde tem já as condições básicas necessárias, bem como um ambiente favorável, para dar início à aplicação do Novo Acordo Ortográfico, assim que terminar o período de transição, em outubro deste ano", salientou o porta-voz.

A partir de outubro, acrescentou, será adotado um Plano de Implementação Complementar, que será executado "de forma concertada e articulada" entre os diferentes intervenientes (Estado, Comunicação Social e estabelecimentos de ensino), por um período máximo de um ano.

Ao longo desse ano, até outubro de 2016, o Governo promoverá sessões de esclarecimento sobre o uso do AO orientadas para professores, estudantes, funcionários, jornalistas e corpo diplomático, entre outros, em parceria com as universidades, diferentes ministérios, Associações, os Centros Culturais e o Instituto de Língua Portuguesa/Camões na Praia.

Por outro lado, irá disponibilizar conversores ortográficos e outros instrumentos que facilitem o uso do AO, bem como um guia de utilização dirigido aos meios de comunicação social, com o apoio do Instituto do Património Cultural e o Instituto de Linguística Teórica e Computacional (ILTEC).

O executivo cabo-verdiano irá adotar a nova grafia em toda a correspondência oficial do Estado, em todos os órgãos de comunicação social, designadamente, jornais e televisões e Boletim Oficial.

A 10 de maio último, em declarações à agência Lusa, Cláudia Silva, presidente da Comissão Nacional das Línguas cabo-verdiana, salientou que a questão do AO "tem sido pacífica", ao contrário da unificação do Crioulo cabo-verdiano, com variantes de ilha para ilha e também numa mesma ilha.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Presidente cabo-verdiano classifica como muito boas relações com Angola




O Presidente de Cabo Verde classificou hoje como "muito boas" as relações com Angola, que agora estão mais intensificadas com a troca de delegações governamentais e também de empresários dos dois países.

Jorge Carlos Fonseca está em Luanda em escala até sábado, para depois participar na África do Sul na 25ª Cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Africana.

Em declarações à imprensa à sua chegada, o chefe de Estado Cabo-verdiano disse que têm caminhado bem as relações entre os dois países, salientando que desde a sua recente visita a Angola, a convite do seu homólogo angolano, José Eduardo dos Santos, intensificou-se sobretudo a atividade empresarial em setores como a banca e o financeiro.

"Mas esperamos ainda que haja uma maior aproximação entre os setores empresariais, de forma que os empresários angolanos e cabo-verdianos, ou em parcerias empresariais, talvez até mais abrangentes, outras parcerias africanas, possam encontrar boas oportunidades de negócios em Cabo Verde", frisou.

Em Luanda, Jorge Carlos Fonseca tem previsto para hoje um encontro com a comunidade cabo-verdiana e empresários locais.

Igualmente em Luanda, onde o chefe de Estado de Cabo Verde faz escala para o regresso ao seu país, está prevista a sua participação na apresentação de "Magistratura de Influência: Por uma Diplomacia ao Serviço do Desenvolvimento", uma compilação das principais intervenções públicas do Presidente cabo-verdiano entre setembro de 2013 e o mesmo mês de 2014.

Relativamente à 25ª Cimeira de chefes de Estado e de Governos da União Africana, que tem como lema "2016, O Ano do Empoderamento e Desenvolvimento da Mulher, Rumo à Agenda 2063 de África", Jorge Carlos Fonseca disse esperar que sejam encontradas soluções satisfatórias para todos os países do continente africano.

"Incluindo países como Cabo Verde, que são pequenos Estados insular em desenvolvimento, mas também que nós possamos encontrar soluções e mecanismos para amainar os conflitos que ainda, infelizmente, permanecem no continente", destacou.

O chefe de Estado cabo-verdiano é acompanhado por uma delegação oficial que inclui o ministro das Relações Exteriores de Cabo Verde, Jorge Tolentino.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Guiné-Bissau. Presidente critica forma como Cassamá pediu desculpas a Angola




O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, criticou hoje a forma como o líder do parlamento do país, Cipriano Cassamá, pediu desculpa ao povo angolano, a propósito do golpe militar que aconteceu em Bissau em 2012.

"Não é aceitável que alguém, ainda que titular de órgão de soberania, decida pronunciar-se em nome de todas as autoridades guineenses, dos partidos políticos ou do povo, sem mandato para o efeito e sem consulta ou articulação prévia com os órgãos normalmente competentes para tal", observou José Mário Vaz.

À saída de uma audiência com o presidente do Parlamento de Angola, no âmbito de uma visita oficial àquele país em 01 de junho, Cipriano Cassamá disse aos jornalistas ter pedido "desculpa em nome do povo guineense".

"Em nome do povo da Guiné-Bissau, dos partidos políticos com e sem assento parlamentar e demais autoridades, pedi desculpas ao povo angolano pelos acontecimentos vergonhosos e tristes ocorridos no meu país, a 12 de abril de 2012", referiu Cassamá, citado pela imprensa angolana.

O líder do Parlamento guineense referia-se à retirada forçada dos efetivos militares e da polícia que estavam em Bissau integrados na Missão Militar Angolana (Missang).

Dirigindo-se aos 13 membros do Conselho de Estado (órgão consultivo do Presidente da República), que hoje tomaram posse, José Mário Vaz disse ser inaceitável aquele tipo de pronunciamento - sem nunca referir ao nome de Cipriano Cassamá, que também estava presente na cerimónia.

Para o Presidente guineense "não está em causa" o que o líder do Parlamento disse, mas sim a sua legitimidade para o fazer.

"Há que haver maiores responsabilidades, há que haver um esforço de contenção do impulso mediático da vontade de aparecer", defendeu José Mário Vaz, pedindo reserva e discrição na conduta pública dos titulares de órgãos de soberania.

"Este estado de coisas não ajuda aos esforços conjuntos de reabilitação da imagem das nossas instituições da República sobre as quais, oportunamente, este conselho será chamado a pronunciar-se", disse ainda o Presidente guineense.

Ao ser convidado para usar da palavra na cerimónia de hoje, na qualidade de presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá disse que não sabia que iria discursar pelo que não tinha nada a dizer.

Lusa, em Notícias ao Minuto

PGR guineense quebra silêncio sobre o caso Idelfrides Fernandes




Hermenegildo Pereira disse não haver motivos para medo de perseguição

Lassana Casamá – Voz da América

O Procurador-Geral da República da Guiné-Bissau quebrou o silêncio sobre o caso do secretário de Estado das Comunidades Idelfrides Manuel Gomes Fernandes. Em exclusivo à VOA, Hermenegildo Pereira disse não haver motivos para  perseguição, numa alusão às declarações do presidente da Assembleia Nacional Popular, Cipriano Cassamá, que ontem desferiu duros ataques aos agentes policiais que detiveram o governante.

Pereira afirma que tudo o que se tem dito à volta do “caso Idelfrides Fernandes”, não passa de comentários políticos.

O Procurador-Geral da República referiu que o Ministério Público está muito engajado no processo, tanto assim que não dispõe de tempo para fazer a política:

“O tempo, o melhor juiz, dirá quem tem a razão naquilo que estamos a investigar. Não há motivos para isso. Em nenhuma circunstância”, garantiu.

Ontem, o presidente do Parlamento disse que jamais vai admitir que, citamos “haja a invasão à sede do parlamento”.

Estas declarações foram feitas no dia em que tomou posse o novo presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos(LGDH) Augusto Mário da Silva, quem afirmou que uma das prioridades do seu mandato é o combate à impunidade.

Na sua intervenção, Silva  referiu-se ao badalado projecto-lei sobre amnistia, sobretudo, aos actores envolvidos no golpe militar de 12 de Abril de 2012.

O presidente  da LGDH pede uma avaliação dentro de um quadro do processo de reconciliação nacional, assente, entre outros aspectos, na lógica da compensação das vítimas, da verdade e da não recorrência ao crime.

JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS VISITA PEQUIM…




A PONTE SECA é o título deste cartoon de Ségio Piçarra no jornal Rede Angola. Surripiámos dali para fazer do cartoon a nossa Imagem Escolhida, a fechar o lote de textos variados que se seguem sobre Angola.

Visite as páginas online do Rede Angola. Veja os trabalhos da arte de Sérgio Piçarra. Quem é Sérgio Piçarra? 

Aqui tem: Nascido em Luanda, 1969. Autor de BD e cartoonista, é pioneiro e impulsionador destas artes em Angola. Tem livros publicados e participação em exposições colectivas, obteve um Diploma de mérito do Ministério da Cultura.

Angola. ECONOMIST PREVÊ RECOMEÇO DE ATRASO NOS PAGAMENTOS




Falta de reservas estrangeiras está a manietar os esforços para desenvolver outras partes da economia, diz revista britânica.

Os analistas da Economist Intelligence Unit consideraram ontem que é provável que Angola recomece a somar atrasos nos pagamentos do Estado e das empresas públicas ao sector privado por causa da desvalorização do kwanza.

Num relatório ontem divulgado aos investidores, a unidade de análise da revista britânica The Economist afirma que “há uma forte probabilidade de o Estado novamente começar a atrasar-se nos pagamentos aos fornecedores”.

No documento, lê-se que “o governo está a tentar minorar o problema causado pela descida do preço do petróleo e consequente escassez de divisas, promovendo as iniciativas não relacionadas com o petróleo, mas a falta de reservas estrangeiras está a manietar os esforços para desenvolver outras partes da economia”.

A moeda nacional desvalorizou-se em mais de 6,6 por cento na última semana, segundo a taxa de câmbio oficial do Banco Nacional de Angola (BNA), insuficiente para travar a subida do dólar no mercado informal.

Para comprar um dólar norte-americano – moeda utilizada nas importações, mas também informalmente no mercado interno -, e apenas tendo em conta a taxa de referência, eram ontem necessários Kz 118,2, quando a 03 de Junho eram necessários pouco menos de Kz 111.

Nos bancos comerciais, de acordo com consultas ‘online’ realizadas ontem pela Lusa, a compra de cada dólar já estava praticamente nos Kz 122.

Esta desvalorização aconteceu sobretudo em três sessões diárias da última semana, essencialmente em resultado das condições de funcionamento do mercado cambial, mas permanece muito abaixo dos preços praticados no mercado informal, a única solução face às dificuldades dos clientes em acederem a divisas junto dos bancos comerciais.

O resultado, diz a EIU, “levou o Banco Nacional de Angola a impor restrições aos levantamentos e às transacções internacionais”, originando dificuldades para algumas empresas.

“Há várias empresas que estão a reportar dificuldades em pagar aos fornecedores estrangeiros e em processar salários, e isto criou gargalos em vários sectores económicos, incluindo a construção e a indústria”, dizem os analistas.

A combinação da desvalorização da moeda com a forte redução nos subsídios aos combustíveis, anunciada em Abril, está a fazer subir lentamente a taxa de inflação, que entre Abril e Maio subiu 0,71 por cento, segundo os dados oficiais, conclui a nota de análise.

Lusa, em Rede Angola

Angola. OS AGENTES ECONÓMICOS



Jornal de Angola, editorial

O combate ao desemprego continua a ser uma grande batalha no nosso país. Combater o desemprego é uma das mais difíceis tarefas de qualquer governo, mas as nossas autoridades estão dispostas a realizar programas exequíveis que permitam que milhares de jovens possam encontrar trabalho.

Um desses programas é o que tem a ver com a formação profissional da juventude, em escolas especificamente criadas para dar competências e habilidades aos jovens que  procuram o primeiro emprego.

A estrutura e a dinâmica do mercado de trabalho impõem que os jovens tenham alguma  formação para serem absorvidos pelas empresas que são cada vez mais exigentes nos seus critérios de recrutamento e selecção. 

É com o conhecimento destas exigências que as entidades do Estado encarregadas de organizar a formação profissional decidiram apostar num programa, o “Angola Avança”, por via do qual os jovens conseguem adquirir, em variados cursos, competências para terem um emprego ou trabalharem por conta própria.

O programa “Angola Avança” é parte  do pacote de cursos ministrados pelo Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional, afecto ao Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social. O programa já beneficiou 885 jovens, número que pode dobrar até ao final do ano. 

Manuel Mbangui, chefe do Departamento de Trabalho e Empreendedorismo do Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, indicou que “os jovens que terminam a formação profissional não vão apenas à procura de emprego em pequenas e médias empresas, também podem criar o próprio negócio, por possuírem habilidades que permitem desenvolver actividades nas áreas em que são formados”.

É de destacar o facto de as autoridades prestarem uma atenção particular aos jovens, proporcionando-lhes oportunidades para poderem avançar profissionalmente e poderem dar o seu contributo ao desenvolvimento do país. Afinal os jovens, pelo seu dinamismo, podem gerar iniciativas positivas que ajudem o país a prosperar. 

O importante é que não se subestimem essas iniciativas, devendo haver mesmo vontade para as apoiar, sobretudo quando se tratar de resolver problemas que afectam a juventude, que constitui a maioria da nossa população. Os cursos profissionais são uma importante via de combate, não só ao desemprego, mas também à pobreza. Combater a pobreza é uma das grandes tarefas que o nosso Governo está incansavelmente a executar, por via da redução do desemprego.

É uma boa opção do Governo incentivar a criação de empresas, de modo a que haja muitos postos de trabalho nas diferentes províncias do país. As empresas são o motor  de qualquer economia. Não há economia que cresça sem empresas de diferentes dimensões. Um país deve ter muitos agentes económicos privados, que tenham projectos produtivos. 

A diversificação da economia que queremos realizar vai implicar o surgimento de muitos agentes económicos privados. E que esses agentes económicos trabalhem em todas as províncias do país. Em todo o país há jovens empreendedores que podem  fazer com que Angola tenha micro e pequenas empresas em grande quantidade, para produzir uma grande diversidade de bens e serviços. 

É bom para o país que se multipliquem os negócios em toda a extensão do nosso território. Que as infra-estruturas que se estão a criar sirvam de incentivo aos nossos  potenciais empresários para avançar para projectos que sejam sólidos. Que os jovens  não percam de vista que é necessário estudar para que possam conduzir com êxito os seus projectos produtivos.

A formação é essencial para relançar a produção em várias áreas de actividade. Se à formação se juntarem o espírito de iniciativa e o dinamismo, podemos ter no futuro uma classe de grandes empresários.

E o país deve ter grandes empresários em todo o território nacional, a fim de se fazerem bons negócios, de Cabinda ao Cunene. O desenvolvimento do país deve abranger todo o nosso território e convém que se  apoie todas as boas iniciativas que surjam em qualquer ponto da nossa terra.

A batalha contra o desemprego vai ser vencida por todos nós. Que haja vontade para superarmos as dificuldades no difícil e longo processo de diversificação da economia. O Estado está a fazer a sua parte, construindo, por exemplo, infra-estruturas, para dar sustentabilidade aos projectos produtivos dos agentes económicos privados. Que os empresários ou potenciais empresários aproveitem as oportunidades que o actual ambiente económico proporciona para relançarem os seus projectos, no interesse de toda a comunidade. 

Os angolanos têm  capacidade para transformar  economicamente o país , devendo  haver  empenho, organização  e persistência  na realização dos projectos que hão-de tornar  Angola num  país de progresso. O bem-estar dos angolanos passa pelo empreendedorismo dos agentes económicos, que são um indispensável segmento da nossa sociedade.

Angola. MORATÓRIA PARA PAGAR DÍVIDA À CHINA



Kumuênho da Rosa, em Pequim – Jornal de Angola

Angola solicitou em Pequim uma moratória de pelo menos dois anos para o pagamento da dívida à China.

A situação financeira resultante da queda significativa do preço do petróleo no mercado internacional e a consequente quebra nas receitas do Estado foram os principais motivos evocados pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, durante as conversações com o seu homólogo chinês, Xi Jinping. 

Não se conhece a resposta formal da parte chinesa a essa solicitação da parte angolana, mas ficou implícita com a assinatura de novos acordos que alargam o espectro da cooperação económica e o anúncio pelo próprio Presidente Xi Jinping da “total disponibilidade” da China para ajudar Angola a “superar as dificuldades financeiras provisórias”. 

O Presidente angolano, que cumpre na China uma visita de Estado a convite do seu homólogo chinês, disse que Angola enfrenta um “problema sério”, que resulta do facto de a economia estar dependente quase exclusivamente do petróleo bruto, produto que representa cerca de 90 por cento do total das exportações. 

José Eduardo dos Santos disse esperar a ajuda chinesa, no quadro da parceria estratégica entre os dois países, e que sejam criados acordos que ajudem a acelerar a aplicação do programa de diversificação da economia. “Estamos confiantes em que daí surgem novas formas de reforçar e consolidar a nossa cooperação, com vantagens recíprocas”. 

A diferença de níveis de desenvolvimento, referiu José Eduardo dos Santos, permite aos dois países saberem o que cada um necessita e pode beneficiar do que o outro país tem para oferecer. 

O Chefe de Estado angolano manifestou desejo de continuar a estreitar os laços de amizade e solidariedade entre os dois países, e destacou a “confiança e o respeito mútuo” como pilares da parceria estratégica. “Os nossos países têm imensas potencialidades para valorizar e podem ir mais longe, estabelecendo programas bilaterais de cooperação e definindo correctamente quais as prioridades”, defendeu. 

José Eduardo dos Santos reafirmou o desejo de contar com a China na realização de objectivos em vários domínios e considerou indispensável para a obtenção de bons resultados na economia e na cooperação bilateral a aplicação de uma política macroeconómica que garanta estabilidade e crescimento económico. 

No plano internacional, o Chefe de Estado destacou o entendimento político entre Angola e a China, que tem conduzido à adopção de posições coincidentes em relação aos grandes temas da actualidade mundial, como a crise económico-financeira, o terrorismo transnacional, os vários conflitos existentes, a imigração ilegal e as grandes endemias. 

“Espero que essa concertação se mantenha porque é urgente que todos nos esforcemos por criar um mundo de paz, em que todos os países se sintam seguros e livres de adoptarem as opções políticas, económicas e culturais do interesse dos seus povos”, defendeu o Presidente angolano. José Eduardo dos Santos também agradeceu o apoio que a China tem dado a Angola na Comissão para os Direitos Humanos das Nações Unidas e manifestou o desejo de prosseguir com a concertação de acções no quadro do Conselho de Segurança. 

O Presidente angolano, que é o líder em exercício da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos, elogiou o papel desempenhado pela China no continente africano, apoiando processos de paz, integrando forças de manutenção de paz das Nações Unidas e promovendo uma cooperação económica sem condicionalismos políticos unilaterais.

Momento decisivo

Num encontro com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, o Presidente José Eduardo dos Santos voltou a falar de quão importante foi a China depois de terminada a guerra em Angola e da desilusão que foi a não realização, na época, de uma conferência internacional de doadores. 

“Depois de conquistada a paz em 2002 e falhada a prometida conferência de doadores a favor da reconstrução de Angola, a parceria com a China permitiu-nos recuperar infra-estruturas básicas, como estradas, reabrindo as vias para a circulação de pessoas e bens”, recordou. 

O Chefe de Estado admitiu, no entanto, que ainda não foi possível superar a dependência do petróleo, que serviu como moeda de troca para o financiamento da reconstrução e a criação de condições para a diversificação da economia.

Experiências de Tianjin

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, considerou a cidade de Tianjin, um bom caso de estudo em matéria de planeamento urbano, formação e qualificação de recursos humanos e gestão administrativa. 

Num encontro, ontem, com o governador de Tianjin, Huang Xinguo, no Palácio Municipal da cidade, o Chefe de Estado angolano não escondeu um interesse particular no modelo de gestão administrativa, que tem tido um contributo valioso para a estabilidade do país e a robustez do crescimento da economia chinesa.

“Constitui para nós uma experiência a ter em conta o vosso modelo que permite aplicar a maior parte das receitas municipais na investigação, na inovação tecnológica, na educação, na saúde, na cultura, nos transportes e nas telecomunicações”, assinalou. 

Sobre a experiência de Tianjin em matéria de formação de quadros e o modelo seguido pelas autoridades locais para terem matéria humana bastante qualificada e satisfazer a procura, o Presidente José Eduardo dos Santos foi peremptório: “interessa a Angola e queremos aproveitar.” 

Em Tianjin, segundo o governador da cidade, a formação profissional está entre as melhores de toda a China. Huang Xinguo referiu que nos últimos cinco anos, fruto de um trabalho conjunto, do governo municipal com institutos e academias, foi desenvolvido um modelo de reforma da educação que tem resultado no fornecimento de quadros com qualificação acima da média ao mercado de trabalho. 

“O modelo é simples: os nossos professores têm duas qualidades, uma para leccionar as disciplinas básicas e outra para ensinar a técnica. Os nossos alunos têm duas licenciaturas. Uma de graduação e outra de técnica”, disse o governador de Tianjin, visivelmente orgulhoso com o prestígio nacional e internacional que a reforma tem dado à sua cidade.

O Presidente José Eduardo dos Santos referiu que interessa aprender com Tianjin, porque existe da parte de Angola “plena consciência de que todos os grandes empreendimentos em que estamos envolvidos necessitam de mão-de-obra qualificada para garantir de forma autónoma a sua continuidade e desenvolvimento sustentável depois de concluídos”. Ainda no que se refere à qualificação dos quadros angolanos, o Presidente José Eduardo dos Santos insistiu sobre a importância de consolidar a cooperação com a China, em áreas como a ciência, a tecnologia e a inovação, sectores em que o gigante asiático tem um papel relevante a nível internacional. 

O governador Huang Xinguo partilhou com o Chefe de Estado angolano um pouco da experiência de Tianjin em relação à forma como a cidade criou um modelo desenvolvido de industrialização e inovação tecnológica, fruto do qual é hoje uma das mais ricas da China. 

O modelo passa por criar de início as infra-estruturas na área de desenvolvimento, como rede de água, electricidade, gás e vias para circulação. Depois de garantir todos esses serviços, disse o governador, os passos seguintes são: aprimorar o sistema jurídico, garantir que se tenha uma administração eficaz e por fim promover a realização de estudos sobre formas cada vez mais atractivas de captar mais investimentos. 

“Em Tianjin desenvolvemos a política de duas isenções e três reduções, que quer dizer que quando uma empresa estrangeira entra no nosso mercado, nos primeiros dois anos goza de isenção de impostos e nos três anos seguintes paga apenas metade dos impostos”, informou. 

O Presidente da República referiu que iniciativas como a visita a Tianjin resultam do reconhecimento de que, numa altura em que Angola trilha os caminhos do progresso económico e social, é necessário conhecer melhor a experiência de reconstrução, desenvolvimento e modernização da China, tirando o máximo proveito da parceria estratégica que os dois países procuram consolidar.

Cidade da Ciência

Acompanhado da Primeira-Dama, de membros do Governo e de altos responsáveis do seu gabinete, o Presidente José Eduardo dos Santos viajou para Tianjin num comboio de alta velocidade. Da estação central ferroviária de Pequim à metrópole de Tianjin, com os seus mais de 15 milhões de habitantes, foram uns imperceptíveis 30 minutos.

À chegada em Tianjin, antes do encontro com o governador da cidade e membros da administração da cidade, a comitiva presidencial teve como primeira passagem o Museu de Exposições da Cidade, um edifício imponente onde é possível encontrar protótipos das maiores e mais belas obras de construção civil de Tianjin. Ali a comitiva presidencial pôde vislumbrar a gigantesca réplica da cidade, enquanto recebia explicações sobre o traçado, a evolução histórica, os equipamentos sociais, sistema de mobilidade e as soluções tecnológicas que garantem o relacionamento harmonioso da cidade com o Ambiente. 

Já na parte final da visita, a comitiva presidencial visitou o edifício da administração da Área de Alta Tecnologia, uma entre centenas de áreas económicas de desenvolvimento criadas em Tianjin, que tem como um dos seus pilares a alta tecnologia, com milhares de fábricas e mais de duas centenas de institutos de pesquisa e desenvolvimento. 

Tianjin é uma das quatro cidades-município da China e fica a 120 quilómetros do centro de Pequim. As duas cidades estão ligadas por estradas e linhas ferroviárias de alta velocidade. É também uma cidade portuária e, segundo estimativas, o volume de carga e descarga do Porto Comercial de Tianjin atinge este ano 570 milhões de toneladas, que representam a quarta maior demanda no mundo. 

A cidade dispõe de várias áreas de desenvolvimento industrial e novas zonas francas, recentemente aprovadas pelo Governo central. Nos últimos dez anos, Tianjin manteve uma taxa de crescimento de mais de dez por cento, o que tem valido à cidade um lugar cativo de topo no ranking dos maiores e mais decisivos contribuintes do PIB da China.

Foto: Francisco Bernardo, Pequim

ESTAREMOS NA ANTECÂMARA DE UMA DITADURA FINANCEIRA?



Liliane Held-Khawam [*]

Um grande número de financeiros já não sabe a que Nobel se devotar. Os saques sobre as poupanças e portanto sobre as pensões de reforma e seguros-poupança, elegantemente chamado de taxas de juros negativos, têm gerado uma tempestade global, mas o silêncio prevalece do lado dos eleitos que evitam desde há muitos anos qualquer confronto com Alta Finança. 

Vozes profissionais vieram juntar-se aos que na internet protestavam dando mais crédito à tese de que um pequeno grupo que se considera não representar mais que 1% da população possuiria 50% das riquezas mundiais e estaria a preparar-se para assumir o poder político global.

Uma riqueza ilimitada para uns graças a um direito de privilégio soberano 

O cálculo dos 50% da riqueza mundial detidos por aquela minoria é questionável. Na verdade, ninguém realmente conhece a oferta monetária criada pelos bancos comerciais. Estes detêm efetivamente uma parte dos seus ativos fora do balanço. Isso é legal. Legítimo seria outra questão…

Ao lado dessa riqueza potencialmente ilimitada e desconhecida, descobre-se o mundo desinteressante dos "dark pool" . Circuitos financeiros e bolsistas, cujo objetivo é garantir simultaneamente o anonimato e contornar as regulamentações. As operações fazem-se então entre amigos e no maior segredo.

Os montantes trocados são impressionantes. Em 2007, em plena crise financeira dos subprime , as autoridades de vigilância do mercado financeiro europeu tornaram-nos legais. Os "dark-pools" são o campo de predileção para programas informáticos que permitem transações com grande rapidez e frequência aumentando os benefícios.

Como foram então permitidos em plena estratégia de "dinheiro limpo" (Weissgeld) como diria a ministra suíça das finanças? Se o mistério é total em torno do assunto, nós convidamo-los a descobrir dois criminologistas de talento: Jean-Daniel Garcia e Alain Bauer . Rápida, ilimitada, poderosa, obscura e legal são alguns dos qualificativos da Alta Finança

As autoridades de vigilância dos mercados financeiros próximos da Alta Finança 

A AMF ou a FINMA, as autoridades de supervisão do mercado financeiro francês e suíço, são totalmente independentes. A FINMA usa mesmo a palavra "soberania". Beneficiam de personalidade jurídica própria e, portanto, de um conselho de administração ou colégio que os gere como se fosse uma empresa.

Aí podem ser encontrados os patrões da Alta Finança internacional (banca e seguros designadamente). O facto é que uma entidade como a FINMA define ela própria normas, decretos e leis. Tendo também autoridade para aplicar sanções. É o garante da boa gestão da poupança, fundos de pensões e seguros (incluindo os de vida). No entanto, o silêncio da FINNA e dos eleitos sobre as taxas de juro negativas aplicadas a títulos e obrigações com rendimentos negativos é ensurdecedor! Qualquer deles tolera o intolerável.

A impopularidade é a inimiga número 1 da Alta Finança 

A Alta Finança sabe-se impopular. Tem dinheiro em abundância, conseguiu impor suas próprias normas que lhe permitem assumir sempre ascendente sobre os povos e os Estados. Mas eis que precisa de tornar permanente a sua supremacia material por um poder político global. Não pode permitir-se ter um contrapoder em qualquer parte. Um povo demasiado forte constituiria uma ameaça.

Para instaurar a sua governança global e mundial da maneira que ela crê definitiva, agarra-se atualmente a pelo menos dois valores - há outros - com que dão o seu fundamento ideológico às pessoas: a liberdade e a propriedade privada.

Confisco da propriedade privada

As taxas negativas poderiam, ao que parece, evoluir até 5% (!). Isto equivale a um claro confisco, evidente, injustificado e ilegal. Ora, na medida em que um terceiro não autorizado se serve fora de qualquer razão legal de um bem, isso constitui uma violação dos direitos de propriedade tal como definido no artigo 26 da Constituição (suíça].

As restrições colocadas pela Confederação em termos de acesso ao capital das aposentações para aquisição de uma residência principal foram já uma violação dos artigos 108 e 111 da Constituição. Os capitais para pensões de reforma também são propriedade privada, uma vez que são nominativas. A menos que não tenham mudado de natureza nestes tempos e se tenham tornado uma espécie de imposto… O rendimento negativo dos títulos da Confederação foi mais um passo em falso contra as caixas de pensões e um roubo planificado das reformas.

Tudo isto afeta a credibilidade da "autoridade" do Estado, mas também seu papel de garante da Constituição e do interesse público. Num país democrático, isto é, onde o povo é soberano, esta autoridade é uma garantia da proteção dos direitos dos cidadãos contidos na Constituição. Quando um grupo privado, ou seja, os fundos de investimento, os banqueiros privados e centrais assumem direitos constitucionais sem reação do Estado ou da Justiça, podemos dizer que algo falha, falta aos seus deveres.

Confisco do direito à vida privada e portanto das liberdades

Um segundo elemento que está na mira da alta finança internacional é a supressão do cash (o dinheiro primário, moedas e notas) . Ao fazê-lo, desfere um golpe em pelo menos duas coisas:

1- Atentado às prerrogativas do Banco Central 

  O dinheiro primário é emitido apenas pelo Banco Central. Livrar-se dele conduz a aumentar ainda mais o peso da moeda criada pelos bancos privados (mais de 90% da massa monetária conhecida) ou moeda bancária. 

  A supressão do dinheiro primário significa a morte a mais ou menos curto prazo do próprio conceito do Banco Central. Existem já atualmente junto dos dark pools plataformas, designadamente a T2S, que dispensam o Banco Central. O tráfego é feito banco a banco em direto. 

  Eliminar o dinheiro primário conduz a dispensar um pouco mais o banco central emissor desta moeda e, portanto, enfraquecer as prerrogativas teóricas do Estado. Para que conste, por exemplo a Suíça decidiu delegar aos banqueiros privados a gestão pura e simples de TODO o tráfego de pagamentos dentro e fora da Suíça. 

O Banco Central suíço criou mesmo um banco SECB – Swiss Euro Clearing Bank – com sede em Frankfurt e que pode guardar e gerir as "transferências excedentárias". Pode até razoavelmente supor-se que é através deste banco que a Suíça, não membro da zona euro, participou do programa Target2 – em apoio da Alemanha – para compensar os défices de alguns países. 

Estas transferências em excesso são, provavelmente, o excedente da balança de pagamentos da Suíça que o SECB em consenso com o Banco Nacional Suíço manteve fora do país correndo o risco de agravar a deflação por falta de liquidez no país e favorecer a prazo uma recessão.

2 - Atentado ao direito à vida privada dos cidadãos 

  O cash suprimido permite aos "nossos amigos" da Alta Finança seguir todas as despesas e ganhos dos cidadãos. O controlo é facilitado. 

  A gestão dos dados financeiros dos indivíduos poderia então tornar-se um centro de custo e lucro controlável da mesma forma que qualquer colaborador de uma empresa. É sabido que a contabilidade analítica e os programas informáticos permitem atualmente localizar cada valor monetário que é imputado direta ou indiretamente como custo ou ganho a cada cidadão. 

A Suíça criou uma nova forma de análise das suas estatísticas, que considera a habitação familiar como "centro de produção". Pouco tranquilizador... 

  Pondo em questão o direito à privacidade garantida pelo artigo 13 da Constituição (suíça) a supressão do dinheiro primário permitirá aos banqueiros acompanhar todas as transferências de cada pessoa, mas também saber exatamente através do código de barras os produtos comprados. A base de dados de cada pessoa incluiria a totalidade das compras, lugares, datas, gostos. 

  Alimentar uma grande base de dados permitirá ter acesso ao comportamento pessoal de cada pessoa como consumidor. Comercializar esses dados tem um preço. Os serviços de marketing adoram esse tipo de informação que os impede de errarem no cliente-alvo. Pensa-se que este tipo de dados é o ouro negro do futuro...

Podemos então dizer que a Alta Finança captura diretamente as nossas liberdades e o nosso direito à propriedade privada. Ao fazê-lo, impõe seus próprios critérios societários, justificando a tutela sobre os seres humanos com as necessidades de um mercado decididamente insaciável e a lógica tecnocrática...

Atualmente, os representantes do Estado não parecem chocar-se por práticas que são um sistema repressivo e desumano sobre os indivíduos e o seu bem-estar. Dois pilares dos direitos do cidadão e de uma Constituição dita democrática tremem na sua base. Irão cair?

Última questão: o Estado já está morto, ou finge estar?...

[*] Economista, suíça e libanesa, ver bio .

O original encontra-se em lilianeheldkhawam.wordpress.com/... e em www.legrandsoir.info/... . Tradução de DVC.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 

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