sábado, 24 de dezembro de 2011

PRENDAS DE NATAL DE COELHO E PORTAS




Carlos Fonseca – Aventar

A política de saúde de Coelho, a despeito do simulacro de consulta pública da ‘Reforma Hospitalar’, tem estado activa através de obscenos aumentos de taxas moderadoras. Contudo, o ministro-contabilista Macedo ainda se atreve a declarar:


Discurso hipócrita, falso. Eu e muitos cidadãos crónicos, de cardiologia, não tivemos possibilidades de aceder a consultas em S.Francisco de Xavier, Lisboa, desde Junho até final deste ano. Naturalmente, que as palavras de Macedo ainda mais revoltados nos deixam.

Mas há mais. Curioso que, graças a Joaquim de Oliveira, da Olivedesportos, os hospitais públicos vão ter o serviço da SPORT TV gratuito. Ou seja, faltam consultas e cuidados de saúde, mas temos futebol e Paulo Macedo, desta feita eufórico, afirmou:


Eu, experiente em internamentos, estou a imaginar um doente entubado, com a agulha do soro no braço e de algália, a saltar na cama e gritar de alegria com o golo do Benfica, do F.C.Porto ou do Sporting. Assim, já vale a pena pagar taxas mais altas. E a produtividade de enfermeiros e assistentes operacionais vai disparar.

Todavia, como beneficiamos de um governo realmente preocupado connosco, em especial com os mais frágeis, satisfez-nos saber que a duração do subsídio de desemprego poder ter quebras até 75%. O ‘CDS’ Audi Soares que não quer ficar atrás do Macedo.

São estas algumas das ‘Prendas de Natal’ de Coelho e de Portas! Porreiro! As restantes serão distribuídas ao longo de 2012.

ENTRE PAPAI NOEL E MENINO JESUS




Frei Betto – Correio do Brasil

Da última vez que visitei Oslo, reuniam-se na capital norueguesa ministros do turismo de países escandinavos e bálticos para decidir: qual é a terra de Papai-noel?

Ministros da Noruega, Dinamarca, Suécia, Finlândia e Islândia quebravam a cabeça para decidir como evitar propaganda enganosa junto ao público infantil. A criançada queixava-se: alguém mentia. Papai-noel não pode ter nascido -como sugeria a concorrência entre agências de turismo- na Lapônia e na Groenlândia, lugares distintos e distantes um do outro.

Não conheço o resultado da conferência de Oslo. Espero que, se não chegaram a um acordo, pelos menos a guerra, se vier, seja apenas de travesseiros. Mas é a Finlândia que melhor explora a figura do velho presenteador transportado no trenó puxado por renas. Assinala inclusive a sua terra natal: Rovaniemi, onde o Santa Park é, todo ele, tematizado por Papai-noel, lá denominado Santa Claus.

Sabemos todos que Papai-noel nasce, de fato, na fantasia das crianças. Acreditei nele até o dia em que me perguntei por que o Paulo, filho da empregada, não recebera tantos presentes de Natal como eu. O velhinho barbudo discrimina os pobres?

Malgrado tais incongruências, Papai-noel é uma figura lendária, reaviva a criança que trazemos em nós. E disputa a cena com o Menino Jesus, cujo aniversário é o motivo de festa e feriado de 25 de dezembro. Papai-noel enriquece os correios no período natalino, tantas as cartas que são remetidas a ele. Aliás, basta ir aos Correios e solicitar uma das cartas que crianças remetem ao velhinho barbudo. Com certeza o leitor fará a alegria de uma criança carente.

Não se sabe o dia exato em que Jesus nasceu. Supõem alguns estudiosos que em agosto, talvez no dia 7, entre os anos 6 ou 7 antes de Cristo. Sabe-se que morreu assassinado na cruz no ano 30. Portanto, com a idade de 36 ou 37 anos, e não 33, como se crê.

Tudo porque o monge Dionísio, que no século 6 calculou a era cristã, errou na data do nascimento de Cristo.

Até o século 3, o nascimento de Jesus era celebrado a 6 de janeiro. No século seguinte mudou, em muitos países, para 25 de dezembro, dia do solstício de inverno no hemisfério Norte, segundo o calendário juliano. Evocavam-se as festas de épocas remotas em homenagem à ressurreição das divindades solares.

Os cristãos apropriaram-se da data e rebatizaram a festa, para comemorar o nascimento Daquele que é “a luz do mundo”. Para não ficar de fora da festa, os não cristãos paganizaram o evento através da figura de Papai-noel, mais adequado aos interesses comerciais que marcam a data.

Vivemos hoje num mundo desencantado, porém ansioso de reencantamento. Carecemos de alegorias, mitos, lendas, paradigmas e crenças. O Natal é das raras ocasiões do ano em que nos damos o direito de trocar a razão pela fantasia, o trabalho pela festa, a avareza pela generosidade, centrados na comensalidade e no fervor religioso.

Pouco importa o lugar em que nasceu Papai-noel. Importa é que o Menino Jesus faça, de novo, presépio em nosso coração, impregnando-o de alegria e amor. Caso contrário, corremos o risco de reduzir o Natal à efusiva mercantilização patrocinada por Papai-noel. Isso é particularmente danoso para a (de)formação religiosa das crianças filhas de famílias cristãs, educadas sem referências bíblicas e práticas espirituais.

Lojas não saciam a nossa sede de Absoluto. Há que empreender uma viagem ao mais íntimo de si mesmo, para encontrar um Outro que nos habita. Esta é, com certeza, uma aventura bem mais fascinante do que ir até a Lapônia.

Contudo, as duas viagens custam caro. Uma, uns tantos dólares. Outra, a coragem de virar-se pelo avesso e despir-se de todo peso que nos impede de voar nas asas do Espírito.

*Frei Betto é escritor, autor do romance Um homem chamado Jesus (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org/> twitter:@freibetto.

Brasil: Dilma entrega a Lula presente de Natal de catadores de material reciclável





A presidenta Dilma Rousseff aproveitou a passagem pela capital paulista para o encontro de Natal com catadores de material reciclável e a população de rua para visitar seu antecessor e padrinho político. Nesta quinta-feira, ela foi a São Bernardo do Campo, na região do ABC, onde se encontrou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que passa por tratamento de um câncer na garganta. Segundo a assessoria de imprensa do Instituto Lula, Dilma entregou ao ex-presidente um presente dos catadores. A presença de Lula chegou a ser cogitada na celebração anual. Foi durante os últimos oito anos que o evento tornou-se obrigatório na agenda presidencial de fim de ano.


Lula acostumou-se a frequentar o encontro e se emocionar diante das transformações na vida dos trabalhadores que recolhem e separam materiais recicláveis. Em 2010, mesmo depois da eleição de Dilma, ambos garantiram que o evento seria preservado e o ex-presidente prometeu que faria de tudo para participar. Em função do tratamento, ele não compareceu.

O instituto ainda divulgou uma mensagem de Natal de Lula, em que ele agradece “de coração” pelo “carinho que recebi em 2011″, depois de descoberto o tumor na laringe, no fim de outubro. “A solidariedade de tantos amigos do Brasil e de outros países tem me ajudado muito durante o meu tratamento”, escreveu.

“Vamos continuar juntos em 2012 com a presidenta Dilma, construindo um Brasil e um mundo cada vez melhor, mais justo e mais solidário”, conclui a nota.

Leia a mensagem, na íntegra:

São Paulo, 22 de dezembro de 2011

“Minhas amigas e meus amigos

O ano de 2011 vai terminando e este momento especial do Natal, de confraternização com a família e os amigos, permite reforçar os laços de afeto e união para começarmos um novo ciclo com muita energia e amor.

Neste final de ano, quero agradecer de coração todo o carinho que recebi em 2011. A solidariedade de tantos amigos do Brasil e de outros países tem me ajudado muito durante o meu tratamento.

Desejo que todos tenham muita saúde, paz e prosperidade neste ano que vai começar. Vamos continuar juntos em 2012 com a presidenta Dilma, construindo um Brasil e um mundo cada vez melhor, mais justo e mais solidário.

Um forte abraço,

Luiz Inácio Lula da Silva“

Portuguesa suspeita de tráfico de crianças em São Tomé ficou em liberdade por falta de provas



Henrique Botequilha - Lusa

São Tomé, 24 dez (Lusa) - O advogado de defesa da portuguesa suspeita de tráfico de menores em São Tomé e Príncipe esclareceu hoje à agência Lusa que Mafalda Velez Horta foi colocada em liberdade pelo tribunal, na quinta-feira, por falta de provas.

Contactado hoje pela Lusa, José Carlos Barreiro disse hoje que o Ministério Público são-tomense imputou a Mafalda Velez Horta os crimes de subtração fraudulenta de menores e falsificação de documentos.

"O senhor juiz analisou o processo e viu que não há cometimento de crime nenhum. Por isso mandou o processo para trás para se arranjarem mais provas por não haver indício de crime nenhum", afirmou o advogado.

Passos Coelho dialoga mas antes esclarece: “É assim que eu quero, é assim que vai ser”




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA*

Não sei porque carga de chuva, mas ainda há portugueses que pensam que o seu Governo sabe, ou quer, dialogar, nomeadamente com os supostos parceiros da concertação social.

Seria, aliás, a primeira vez que um governo esclavagista dialogaria com os escravos. Por isso, os cidadãos de segunda que tirem o cavalinho da chuva porque, citando Afonso Camões, presidente da Lusa e ex-administrador da Controlinveste, Passos Coelho só sabe dizer que “é assim que eu quero, é assim que vai ser”.

E não adianta criticar o primeiro-ministro porque, de forma democrática, foi ele o escolhido pela plebe. É claro que os escravos estariam à espera da prometida carta de alforria mas, mais uma vez, Passos Coelho demonstrou como é fácil enganar um povo que estava ávido de mudanças.

Em teoria, tal como supostamente defende o Presidente da República, também o “africanista de Massamá” advoga um "diálogo frutuoso e construtivo" entre os que mandam e os que são voluntariamente obrigados a aceitar.

Certamente que, com diálogo e entendimento, a “insuficiência alimentar” dos que já só sonham com uma refeição será mais fácil de digerir. Estou memo a ver muitos portugueses a arrotar de satisfação depois de sonharem com um prato de comida.

Mesmo agora que estão esqueléticos como resultado da “insuficiência alimentar”, os portugueses continuam a acreditar que o diálogo os levará a serem uma espécie de património imaterial das ocidentais praias lusitanas.

Ainda não há muito tempo, Pedro Passos Coelho assegurava que "o Governo está, como sempre esteve, aberto ao diálogo com todas as forças políticas e sociais que queiram participar activamente no debate acerca de todas as escolhas".

Aí está o primeiro-ministro de Portugal ao seu melhor nível. Isto é, a mentir e a passar atestado de menoridade aos portugueses que nele acreditaram, levando na mesma onda os que nunca foram à sua missa.

Falando em Coimbra, o primeiro-ministro assegurou que "o Governo valoriza o consenso político em torno das grandes questões estratégicas nacionais", tendo mesmo o desplante de garantir que quer "manter um contacto construtivo constante com o principal partido da oposição" em todas aquelas matérias.

Mesmo para os portugueses que votaram em Passos Coelho mas que, nesta altura, já têm dúvidas se o primeiro-ministro não será Miguel Relvas, as palavras deste governo pouco mais são do que a confirmação de alguém que acredita ser um ser superior e, por isso, dono de todos aqueles que tentam sobreviver no estado esclavagista que está a construir.

"O debate político frutuoso e a coesão social são condições decisivas para a superação da emergência nacional", acrescentou o chefe do governo, para quem não basta ter os seus servos a aprender a viver sem comer, pelo que ainda entende que eles não têm direito de pensar… a não ser que seja pela cabeça do sumo pontífice do reino.

"Não bastam os votos na Assembleia da República dos deputados da maioria para superar a emergência nacional", sublinhou, defendendo ser "necessária a convergência de todas as forças políticas e sociais em Portugal".

Falando para um país que julga já estar suficientemente castrado e de barriga vazia, Passos Coelho continua a fazer gala da sua capacidade de impor a regra de ouro deste governo: quero, posso e mando. Quem não estiver bem, acrescenta, que abandone a “zona de conforto” e vá pensar para outros reinos.

Para Passos Coelho, todos (menos os seus lacaios) são culpados até prova em contrário. Não tardará muito que vá dizer que ainda está para nascer um primeiro-ministro que tenha feito, pelos portugueses, tanto como ele.

E tendo em conta os seus objectivos e aspirações, até está a fazer obra. Por exemplo, conseguiu uma nova dieta alimentar para a maioria dos portugueses. Se os porcos propriamente ditos comem farelo e não morrem, os escravos portugueses também o podem fazer.

Há coisas que este governo quer ressuscitar que foram extintas há centenas de anos. Mas a verdade é que, perante a passividade de todos, Passos Coelho está a dar corpo a mais uma forma de escravatura.

Para além de serem obrigados a pensar com a barriga… vazia, os escravos (excluem-se desta categoria os políticos, directores, administradores, gestores, patrões e similares) até deveriam era trabalhar sem ganhar ou, até, pagar para trabalhar, sendo com certeza essa a melhor metodologia para vencer a crise.

Como bem sabem os 800 mil desempregados, os 20% que ainda vivem (isto é como quem diz) na miséria e os outros 20% que a têm à porta, em todas as sociedades (é o caso de Portugal) em que existem seres superiores e inferiores, em que os esclavagistas estão no poder, os escravos têm de pagar os manjares dos seus donos, seja pelas pensões vitalícias ou por outros emolumentos.

Aliás, por muito que seja o dinheiro envolvido na chulice, importa reconhecer que os políticos portugueses, os de ontem e os de hoje (a fazer fé nas fábricas partidárias, possivelmente também os de amanhã), são mesmo seres superiores que, como exímios azeiteiros, exploram os escravos até ao tutano. E exploram porque tal lhes é permitido. E se é isso que a plebe quer, não há nada a fazer.

Aliás, basta ver a galeria de notáveis e superiores cidadãos lusos para ter a certeza de que todos eles, de Dias Loureiro a Oliveira e Costa ou Ângelo Correia, de Jorge Coelho a Armando Vara merecem tudo o que recebem e ainda muito mais.

Se em Portugal a casta superior é constituída por todos aqueles que trabalham não para os milhões que têm pouco ou nada (os escravos), mas sim para os poucos que têm cada vez mais milhões, ninguém pode dizer que eles não são competentes e merecedores que os plebeus continuem a pagar para manter a sua mama.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: Bom Natal aos que sabem o que isso é!

EU, PROFESSOR EMIGRADO NO RIO, VIREI BALCONISTA DE BOTECO





Desempregado de longa duração, de professor de História sem colocação, passei a aluno. Ao abrigo de IEFP fiz diversos cursos, em especial na área de Informática. Estudei sistemas operativos, redes e programação. Sempre elogiado e classificado pelos formadores como dos melhores. Emprego? Nada!

Um ano, dois anos, dois anos e meio, a viver de esmolas de pais e sogros, cansei-me da vida de pedinte. Deixei a Ana e o casal de filhos, Paulo e Sofia, e fiz-me ao caminho: EMIGREI!

Cheguei ao Rio de Janeiro às 7h45 de 1 de Setembro de 2009. Optimista, iluminado por manhã carioca solarenga. Tomei um táxi para a Gávea. Bairro fino, da classe média alta, onde residia o tio-avô do meu pai, Joaquim Francisco de sua graça.

Com mil reais no bolso, disse-lhe ao que vinha. Licenciado e professor de História, sem colocação em Portugal, tinha decidido emigrar para o Brasil. Tanto poderia dedicar-me à docência, como a outra actividade, acentuei. Referi os meus conhecimentos e atributos informáticos. O tio Joaquim, de sotaque bem abrasileirado, disse-me: “Vou ver o que posso fazê por você, mas sabe que não é fácil, não; o Brasiu está necessitando de tudo menos de professô, aí presidentje Lula garante que estamos na maió!”.

Bem! Isto começa mal, disse de mim para mim. Más lá permaneci num anexo da casa, a dormir sobre uma tira pouco espessa de espuma, sob lençol esfarrapado. Chamavam-lhe colchão. De manhã, ia no banheiro, me barbeava, me lavava no chuveiro e, após o café-da-manhã, lá partia à procura de trabalho.

Dias a fio, bati rua, bati avenida, bati estrada, comi até o pó do caminho, mas sem sucesso. Comia em lanchonetes, do mais baratinho, para evitar diminuir a poupança. Ao oitavo dia, regressado a casa do tio Joaquim, este anunciou-me: “Sabe meu filho, é impossível conseguir algo para você. Falei com as senhoras de voluntariado da assistência sociau e elas arrumaram uma habitação para você, no princípio do morro da Rocinha. Terá alimentação gratuita e esquentada todos os dias e a minha fé no Criadô mi diz que o a sua colocação virá dipois, divina e automaticamentje”.

Ouvi e, a sorrir, a minha alma chorou. Ao outro dia, lá fui ter com as senhoras e conhecer o quarto no barraco da Rocinha. Mudei-me. Ao lado, morava uma cabrocha quarentona, D. Neide, bem humorada e de bunda abundante, mãe-solteira de 4 filhos. O mais velho tinha 14 anos e já fumava maconha. Três sofriam de tuberculose.

As senhoras do serviço social lá diligenciaram para que a D. Neide me lavasse a roupa. Ainda hoje o faz, sem ponta da contrariedade do seu Joriceu, assim chamado – explicou-me – porque a mãe era Jorema e o pai Dirceu.

Passaram dias sobre dias e eu, sem trabalho, só gastando. Pouco, mas gastando. Uma despesa regular era com os chopes bebidos com Joriceu. Agora, digo foi um investimento certeiro. Direitinho. Joriceu acabou por me recomendar ao Sr. Martins, dono de um boteco na Lapa. centro da boémia carioca. O Sr. Martins, era um transmontano a viver há mais de 40 anos no Rio, e preferia sempre empregados portugueses. Fui substituir um tal Mané, entretanto falecido.

O emprego dá para o barraco e comer. Tive de resignar-me com esta sorte em terras do Brasil. De professor, virei balconista de boteco e arranjei uma nega chamada Teresa. Sim, porque a Ana e os meus filhos esqueceram de dar notícias de volta.

Com três anos de antecedência, posso regozijar-me de ter tido a visão da expansão da diáspora portuguesa do actual governo de Portugal, do Dr. Passos Coelho. EMIGREI! Sou balconista de boteco carioca, licenciado em História. “Pra Portugau, não vou voltá mais, não; e quando eu morrê m’enterrem na Lapinha!” (ouvir).

O PAPAI NOEL DOS BANQUEIROS




Altamiro Borges, São Paulo – Opera Mundi, opinião

O Papai Noel existe sim e é muito dadivoso. Que o digam os banqueiros da Europa e EUA, que receberam generosos presentes de Natal nos últimos dias – apesar de todas as suas sacanagens. É certo que milhões de trabalhadores europeus, desempregados, desalojados e desesperados, não terão um final de ano feliz – nem mesmo um 2012 feliz. Mas os banqueiros estão a salvo!

Nesta semana, o BCE (Banco Central Europeu) concedeu empréstimo de 489,2 bilhões de euros (cerca de 1,2 trilhão de reais) para 523 instituições rentistas do velho continente. Os juros são os mais baixos do mercado (1% ao ano), os prazos de pagamento são longos e as regras para uso do dinheiro público são flexíveis, nos marcos da libertinagem financeira neoliberal. Um presentão!

“Praticamente 100% dos bancos dos 17 países que utilizam a moeda comum européia correram ao guichê do BCE para obter um total de € 489,2 bilhões na primeira operação que a autoridade monetária fez com prazo de três anos. A demanda dos bancos foi duas vezes maior do que previsto pelo mercado”, relata o jornal Valor, surpreso com a agilidade dos banqueiros.

Animado com o presentão de Natal, o jornal também informa que “em fevereiro de 2012, haverá outra rodada de financiamento do BCE nas mesmas condições, quando ficará mais claro até que ponto chega o apetite dos bancos. Ou seja, a operação de ontem dissipa o risco de crise de liquidez no começo de 2012”. Só não dissipa a tragédia das famílias desempregadas e desesperadas!

Como adverte a Folha, nada indica que o socorro aos bancos vai recuperar a economia européia. Um empréstimo semelhante foi feito pelo BCE em 2009, de 442 bilhões de euros, e não deu em nada. Os banqueiros embolsaram a grana e a sociedade ficou mais miserável. A tendência é que agora os 523 bancos também usem “a maior parte do dinheiro para se proteger”. Dane-se o povo!

Os caloteiros são perdoados

Nos EUA, a situação é a mesma. O espírito natalino abençoou os banqueiros e o Papai Noel continua com as suas ações generosas. Após bilionários empréstimos aos bancos, agora o governo Obama decidiu reduzir as punições aos caloteiros. Na semana passada, quatro ex-executivos do Washington Mutual (WaMu), grande banco ianque que faliu em 2008, tiveram suas dívidas perdoadas.

A Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC, que garante os depósitos nos bancos dos EUA) tinha processado os quatro por crimes financeiros, já que “eles sabiam que o mercado imobiliário caracterizava uma bolha". A FDIC queria recuperar US$ 900 milhões, mas os executivos acabaram fechando acordo por US$ 64 milhões, dos quais arcarão com apenas US$ 400 mil.

Como ironiza Simon Johnson, num texto no jornal Valor, “Papai Noel chegou mais cedo neste ano... Os executivos levam a melhor quando as coisas vão bem e quando riscos se concretizam eles nada (ou quase nada) perdem”. Enquanto isso, a crise resultou em 8 milhões de desempregados nos EUA. Os banqueiros terão, novamente, um farto Natal. Já os trabalhadores...

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Nota de Página Global: Reduzimos em número as habituais publicações de notícias compiladas de vários órgãos de informação. Fique melhor esclarecido(a) em Força para resistir e lutar por um mundo melhor são os nossos votos para 2012

“SUPERMERCADO DO POVO” CRESCE E DESAFIA CRISE NO REINO UNIDO




Roberto Almeida, Londres – Opera Mundi – Foto Roberto Almeida/Opera Mundi

Roupa simples, cabelo curto e óculos de haste grossa. A britânica Kate Bull sabe que não preenche o estereótipo de uma CEO —nomeclatura moderna para o presidente de uma empresa. "Não preciso de terninho", diverte-se a executiva, enquanto reabastece seu carro elétrico nos fundos do estabelecimento.

Kate [foto abaixo] divide seus dias entre planilhas, pallets com caixas de alimentos, caminhões de entrega e voluntários. Muitos voluntários. Ela é a CEO do The People's Supermarket, ou Supermercado do Povo, uma minirrevolução silenciosa de modelo de negócios, que até o momento conta com uma loja em Holborn, no coração de Londres, embora já tenha inspirado outras iniciativas mundo afora.

Na inauguração da empreitada, dia 1º de junho de 2010, funcionava assim: o cliente tinha de pagar 25 libras (cerca de 75 reais) por ano para se associar ao supermercado. Se trabalhasse quatro horas por mês na loja, varrendo o chão, tirando o lixo, fazendo pão ou operando o caixa, ganharia 10% de desconto em todas as compras.

Em 24 horas, a loja tinha 100 associados. Hoje, 18 meses depois, são 1.100. E a sorridente Kate está particularmente feliz porque, há menos de uma semana, conseguiu dar um passo importante para o desenvolvimento do negócio: em vez de 10%, os membros passaram a receber 20% de desconto.

Com essa tesourada, os preços da maioria dos produtos ficam abaixo das principais redes varejistas da Grã-Bretanha, como Tesco, Asda e Sainsbury's. O mercado trabalha com transparência, pagando em dia os 24 funcionários fixos e não obtém lucros.

A inspiração veio do modelo do Park Slope Food Cooperative, de Nova York, que opera com conceitos semelhantes. O investimento inicial na loja britânica foi de 175 mil libras, ou 535 mil reais. O faturamento de 2011 é de 1 milhão de libras, ou 2,9 milhões de dólares - um crescimento de 60% em relação ao ano passado.

Com esse conceito e esses números, The People's Supermarket é um ímã de holofotes. No dia 11 de fevereiro deste ano, a loja recebeu a visita do premiê britânico David Cameron, cujo sonho, dizia na época da eleição, era construir uma Big Society, ou "Grande Sociedade" - o conservador vem estimulando o voluntariado para suprir os cortes com a política de austeridade.

O encontro com Cameron durou cerca de uma hora. Kate sorri quando pergunto se conseguiu algum apoio do governo. "Verbalmente, apenas verbalmente", diz.

Segundo a última auditoria da loja, o Social Return on Investment, ou Retorno Social por Investimento do projeto tem proporção de 5 libras para uma. Ou seja, cada libra esterlina investida em um associado ou voluntário é revertida em 5 libras para a comunidade em ganhos sociais.

Economia social

A camiseta amarela do voluntário Jacob Pover, designer de 23 anos, leva a estampa do The People's Supermarket. Ele opera o caixa, pesa frutas, varre, o que vier, isso num sábado à tarde. Tudo porque sente que é parte de uma comunidade criativa e atuante, dentro de uma sociedade de relações interpessoais vazias.

"Já trabalhei em um café desses de rede que os clientes não olhavam na minha cara, não sabiam meu nome. Aqui a diferença é enorme. Sou cumprimentado na rua por advogados que trabalham na região. Eles sabem quem eu sou, que faço parte do mercado que eles compram", conta Pover, um dos funcionários fixos da loja.

Segundo ele, o reconhecimento pelo trabalho é o que estimula o voluntariado. "Gente que não tinha experiência, que surtou por problemas pessoais ou profissionais e até pessoas que sofreram algum tipo de abuso fazem parte do grupo. Todas contribuem de alguma forma e se sentem em casa", afirma.

O clima é de pressão zero. Voluntários podem até agendar suas 4 horas de trabalho pela internet, mas nem sempre funciona assim. "O importante é aparecer para dar um oi que seja", brinca Pover, que agora quer aplicar seus conhecimentos em design para valorizar os produtos da loja.

Naquele sábado, o garoto dividia expediente com John Batho, 34 anos, o gerente da "Cozinha do Povo", que ocupa uma pequena área no canto do supermercado. Ele é um dos que aparecem com frequência para ajudar. Ex-jornalista de negócios, estressado e infeliz, optou pelo seu maior prazer: o de cozinhar.

Batho não precisou de experiência em restaurante para trabalhar na loja. Bastou querer aprender. Ele recebeu treinamento do chef midiático Arthur Potts-Dawson, um dos idealizadores do projeto - e, por que não citar?, sobrinho de Mick Jagger.

A batalha do ex-jornalista é contra o desperdício, uma das bandeiras do The People's Supermarket. "Reaproveitamos frutas e legumes que poderiam ser jogados fora. Fazemos tortas, bolos e pratos de salada", ressalta, após uma fornada de “mince pies”, as tradicionais tortinhas inglesas de Natal.

Aliás, ao contrário das redes varejistas, o mercado abre no dia 25 de dezembro porque alguns voluntários querem. "Tudo fecha em Londres no Natal. Mas nós estaremos abertos. Achamos que as pessoas têm direito de comprar uma cerveja ou um doce no dia. Podem vir beber com a gente", avisa Jacob Pover.

O futuro é fracionar

Na geladeira da loja, as cervejas são locais, produzidas por microcervejarias no leste de Londres. Foi decisão de assembleia: queremos cervejas locais. Mas The People's Supermarket não vende cigarros. Foi também decisão de assembleia: não venderemos cigarros porque, do outro lado da rua, tem um hospital. Os médicos louvaram a decisão.

Enquanto a assembleia de voluntários dá as cartas nas prateleiras, a CEO Kate Bull espera implantar no futuro o fracionamento de produtos, partindo cada vez mais para a venda a granel. "Em vez de um saco de açúcar, vamos vender uma xícara. Não queremos que você compre demais, como as cadeias fazem, com promoções de 3 pelo preço de 1. Queremos que você compre o suficiente", conta, mirando uma possível expansão da loja.

Por enquanto, The People's Supermarket continua no mesmo endereço, entre lojas de grife: Lamb's Conduit Street, Holborn, centro de Londres. Se a ideia do fracionamento colar como diferencial das grandes redes, Kate prevê bastante trabalho pela frente. "Leva tempo, mas temos de ser fortes e ambiciosos", define.

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Rússia: MILHARES DE PESSOAS CONTESTAM PUTIN NAS RUAS DE MOSCOVO




Isabel Gorjão Santos, com agências – Público – Foto Tatyana Makeyeva/Reuters)

Protesto contra alegada fraude eleitoral

Milhares de pessoas juntaram-se hoje em Moscovo para protestar contra a alegada fraude eleitoral no escrutínio de 4 de Dezembro que deu vitória ao partido do primeiro-ministro Vladimir Putin. Nas ruas ouviu-se gritar “A Rússia sem Putin” ou “Novas eleições, novas eleições”.

A oposição garante que saíram para a rua cerca de 120 mil manifestantes, a polícia reconhece apenas cerca de 29 mil. O protesto atingiu, no entanto, uma dimensão maior do que aquele que se realizou há duas semanas, pouco após as eleições em que foi dada vitória ao partido Rússia Unida de Putin, sublinhou a AFP.

A avenida Sakharov, no centro da capital russa e não muito longe do Kremlin, ficou repleta e estima-se que ali possam caber cerca de 60 mil pessoas, adiantou a agência francesa. O Governo tem negado as acusações de fraude e o Presidente Dmitri Medvedev anunciou nesta semana reformas políticas que não chegaram para desmobilizar o protesto. A vitória do Rússia Unida abre caminho ao regresso de Putin à Presidência após um mandado de interregno em que o cargo foi ocupado por Medevedev.

Os manifestantes enfrentaram temperaturas abaixo dos zero graus Celsius para se manifestarem não só em Moscovo mas também em São Petersburgo. Na capital o protesto foi acompanhado por fortes medidas de segurança, com a polícia a usar detectores de metais na zona de acesso à avenida onde os protestos se concentraram, adiantou a agência noticiosa Interfax.

Os protestos contaram com o apoio de Mikhail Gorbatchov, artífice da Perestroika e antigo Presidente russo, ou de Alexei Navalni, opositor e autor de um blogue contra a corrupção na Rússia que esteve detido durante 15 dias depois de ter participado em protestos logo após as eleições. Navalni criticou os líderes russos, que considerou “vigaristas e ladrões” e denunciou uma lista de “vítimas de injustiça” na qual incluiu o magnata russo Mikhail Khodorkovski, que esteve detido, ou o advogado anti-corrupção Sergei Magnitski, que morreu na prisão.

“Somos pacíficos, mas não podemos aguentar isto para sempre”, disse Navalni, citado pela BBC. O opositor adiantou ainda que o próximo protesto terá “a força de um milhão” de pessoas, mas a data da nova manifestação não foi ainda divulgada.

Numa entrevista ao jornal Novaia Gazeta, publicada na sexta-feira, Gorbatchov tinha defendido que não se pode construir o futuro com base em mentiras”, e perguntou: “Como é que se poderá manter esta Duma [a câmara baixa do Parlamento] por mais cinco anos durante um período tão difícil da nossa história?”

Os manifestantes receberam também o apoio do antigo ministro das Finanças, Alexei Koudrine, que ainda na semana passada Putin tinha descrito como “um amigo”. Neste sábado Koudrine juntou-se aos protestos, apelou à realização de “legislativas antecipadas” e denunciou a “falsificação de resultados” no escrutínio de 4 de Dezembro em que foi atribuído à Rússia Unida cerca de 50 por cento dos votos, muito abaixo das expectativas do partido e de resultados anteriores.

O antigo ministro defendeu o diálogo como forma de evitar uma revolução na Rússia. “É preciso criar uma plataforma de diálogo, se não haverá uma revolução, perderemos a hipótese que está diante de nós para uma mudança pacífica na Rússia”. Koudrine deixou o Ministério das Finanças depois de ter apelado a reformas e entrado em conflito com Medvedev.

Putin é candidato à presidência nas eleições previstas para Março de 2012, e foram contra ele boa parte das palavras de ordem ouvidas durante a manifestação deste sábado. “Querem que Putin seja novamente Presidente?”, perguntou à multidão o escritor russo Boris Akounine, o primeiro a intervir. Como resposta obteve um sonoro “não”.

Os protestos, os maiores desde a chegada de Putin ao poder em 2000, foram organizados sobretudo através da Internet e juntam várias facções, dos partidos nacionalistas aos liberais, passando pela extrema-esquerda, organizações não governamentais, associações ou personalidades da área da cultura.

O PROBLEMA ESTRUTURAL




FERNANDA CÂNCIO – DIÁRIO DE NOTÍCIAS, opinião

Estamos já tão habituados a que nos baixem o rating que quando, como sucedeu esta semana, nos informam de que passámos de "democracia plena" para "democracia com falhas" num índice internacional - o da revista The Economist - ninguém parece muito preocupado, indignado ou sequer interessado (fosse há um ano, ai).

Caindo um posto, do 26.º para o 27.º, e trocando de lugar com Cabo Verde, Portugal fica em segundo na secção de democracias defeituosas, ainda assim acima da França (29.º), da Itália (31.º) e da Grécia (32.º). A Espanha tem dois lugares de vantagem (25.º), mas após tombo de sete. No topo está a Noruega e no fim do pelotão a inevitável Coreia do Norte. No relatório que sustenta o índice, frisa-se o contraste entre a luta das Primaveras Árabes pela democracia e as sombras que sobre ela impendem no seu berço, a Europa Ocidental, onde eleitos são substituídos por tecnocratas (Itália e Grécia) e o perigo do populismo e da xenofobia se adensa sob a égide da austeridade.

É aliás à crise económica e do euro e ao facto de o País ter perdido autonomia governativa que o relatório atribui o downgrading português. O índice é decerto discutível (como aliás todos os relacionados com percepções) mas vale a pena ler a parte em que se fala da noção de democracia e da forma de lhe aferir o grau. "A democracia pode ser vista como o conjunto de princípios e práticas que institucionalizam e em última análise protegem a liberdade", diz a Economist. E define as democracias com falhas como "países com eleições livres e justas e respeito pelas liberdades cívicas básicas, mas com fraquezas significativas noutros aspectos da democracia, incluindo problemas de governação, uma cultura política subdesenvolvida e baixos níveis de participação política". Bingo. Sucede é que esta descrição já se aplicava a Portugal desde o lançamento do índice, em 2006, e só agora nos passaram para os que precisam de melhoras.

Ora se esta democracia tem neste momento problemas muito graves de legitimidade governativa (quer ao nível de quem está a tomar decisões fundamentais - "poderes ou organizações estrangeiras", Economist dixit - quer do mandato, já que o programa que foi levado a sufrágio não coincide com o imposto), a ausência de reacção a essas ameaças demonstra que estruturalmente o País não preza a democracia e talvez nem perceba bem o que é e para que serve. Como o questionário da Economist lembra, a qualidade de uma democracia não depende apenas da dos governos. O apoio popular de que é alvo, a noção de que é a melhor forma de regime e de que beneficia a performance económica, não sendo contrária à manutenção da ordem, assim como a rejeição da ideia de que um executivo de "especialistas" e "tecnocratas" é preferível a um de políticos são aspectos fulcrais na saúde democrática. Não é uma coisa decidida "pelos de lá de cima"; é de nós que depende. E se tem defeitos são os nossos.

Portugal: Governo reafirma determinação em cumprir limites do défice




PÚBLICO - LUSA

O Governo português anunciou neste sábado que continua determinado no cumprimento dos limites do défice fixado no memorando de entendimento assinado com a "troika".

“O Governo continua fortemente determinado no cumprimento dos limites para o défice para a dívida pública, inscritos no Programa de Assistência Económica e Financeira, de acordo com o que ficou acordado no Memorando de Entendimento assinado com as instituições internacionais” [Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional], lê-se numa nota oficial do ministério das Finanças enviada hoje à agência Lusa.

O valor do défice para 2012 fixado no memorando com a ‘troika’ é de 4,5% do PIB.

O “Diário de Notícias” titulou hoje, em primeira página: “Governo negoceia com ‘troika’ défice mais alto para 2012”, enquanto o semanário Sol escreveu em título “Défice de 5,2% em 2012”, na edição de quinta-feira.

Na passada quarta-feira, o líder da missão do Fundo Monetário Internacional, Poul Thomsen, numa teleconferência a partir de Washington, admitiu ser necessário “estar-se aberto” à hipótese de “relaxar as metas orçamentais”.

Sublinhando que esta não é uma hipótese que se coloca no imediato, Poul Thomsen disse que esta pode ser colocada “se existir uma deterioração significativa da conjuntura externa e tiver um impacto significativo no crescimento [económico] português”.

No entanto, este responsável esclareceu que se a conjuntura externa sofrer um forte agravamento terá de ser primeiro “analisada quão séria é a situação” e se o programa estiver a ser implementado como previsto, aí sim considerar a hipótese de relaxar as metas.

Eusébio - "Pantera Negra" transferido ainda hoje para Unidade de Cuidados Intermédios



Vítor Rodrigues - Lusa

Lisboa, 24 dez (Lusa) -- O estado do antigo futebolista internacional português Eusébio é "estacionário e a recuperar", devendo o "Pantera Negra" passar ainda hoje para a Unidade de Cuidados Intermédios, disse à agência Lusa fonte do gabinete de comunicação do hospital da Luz.

"Ele ja esteve a almoçar e já se levantou. Isso significa que está melhor e pode passar para a Unidade de Cuidados Intermédios", revelou a mesma fonte, acrescentando que o diretor clínico do hospital, José Roquette, informou que as análises clínicas determinaram a possibilidade de mudança para os cuidados intermédios.

Eusébio, que completa 70 anos em 25 de janeiro próximo, deu entrada na segunda-feira no hospital da Luz com um quadro de pneumonia bilateral.

NATAL DOS VERTEBRADOS QUE NÃO PERDEM A VOZ




Bom Natal aos que sabem o que isso é!

Os inimigos colocam
pedras no meu caminho.
Os que se dizem amigos
estendem-me a mão
quando nelas tropeço.
Os verdadeiros amigos
retiram as pedras
antes de eu passar.
Tenho tropeçado em muitas.
Mas acredito que se não fossem
os verdadeiros amigos
(dois ou três)
tropeçaria muitas,
mas muitas, mais vezes.
Aos inimigos
(porque sem eles
eu não saberia
quem são os amigos),
aos que se dizem amigos
(porque lá vão
estendendo a mão,
às vezes com visível custo)
e aos verdadeiros amigos
(porque, apesar de poucos,
são preciosos)
desejo em bom Natal
(na proporção
que cada um deles merece).
 --
Orlando Castro
Jornalista (CP 925)
A força da razão acima da razão da força
http://www.altohama.blogspot.com
http://www.artoliterama.blogspot.com

DOBRADINHA DE NATAL

Atrevo-me a fazer uma dobradinha junto com este poema de Orlando Castro, que se não nasceu para jornalista, escritor e poeta, então devo concluir que não percebo nada da vida. A sua qualidade é conhecida e a sua noção de profissionalismo, humanismo e de justiça também. Por prémio tocou-lhe, como a tantos outros da mesma espécie, o desemprego. Quem o manda ser vertebrado e caminhar na vertical?

Não que me tenha dito mas imagino, com certeza na verdade, que com a sua idade está velho para arranjar emprego e muito novo para se reformar. E assim, neste país, estes implementadores de regras bacocas e demasiado idiotas, os políticos e empresários de um modernismo “déjá vu” rumo ao esclavagismo, também donos da verdade das notícias e dos escribas que as escrevem ou as dizem, tudo fazem por que a sociedade perca os seus maiores valores em jornalismo e em muitas outras profissões – na ciência, artitetura, etc. -  preferindo mentecaptos domados, semelhantes a vermes, invertebrados, usando a viscosidade contagiante de políticos que os compram ou que os tornam temerosos…

Interrompo. Pondero… que provavelmente não devia escrever isto, assim, aqui, nem agora por esta quadra. Se calhar nem nunca. Mas a minha teimosia prevalece e faço questão de que seja encontrado nestas palavras os louvores para aqueles que os merecem e os sinos, as campainhas e os alarmes possíveis, para os que caminham na senda do obscurantismo anexo à censura “democrática”, à manipulação e alienação que percebemos campear cada vez mais na comunicação social de Portugal e do mundo.

Neste Natal, então, acabo por deixar aqui louvores e campainhas de alarme. Para os já há muito tempo invertebrados faço a doação de umas folhas de couve rascas, que é aquilo que merecem.

Que a força invada e ilumine os com valor, com razão, mas injustiçados.

Muito obrigado Orlandos deste mundo!

- António Veríssimo (também um Orlando deste mundo, menor e mais velho)

*Título PG

A CARNEIRADA TEM UM BOM NATAL




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA*

A propósito de qualquer coisa, ou de uma coisa qualquer, olho o horizonte limitado que me rodeia e tenho, obrigatoriamente, de concluir que na primeira fila do teatro da vida está a subserviência, colectiva ou individual.

E está na primeira fila, na ribalta, porque quer ser vista. A competência, essa está lá atrás porque – modesta como sempre – apenas quer ver.

Um amigo, dos que está cá atrás, diz-me que um dos que está lá na primeira fila pediu para sair. Dito de outra forma, pôs o lugar à disposição. Ao justificar que essa atitude é bem nobre, o meu amigo teve de mudar de lugar e ir bem mais lá para a frente.

É que, quer se queira ou não, só pede para sair quem afinal quer ficar.

No entanto, ao questionar a alusão à mudança de lugar, o meu amigo mostrou que é dos que pode e deve ficar cá atrás. Se entre a ignorância e a sabedoria só vai o tempo de chegar a resposta, só alguém inteligente é capaz de esperar pela chegada da resposta.

Os que sabem tudo, esses estão na primeira fila…

Cá atrás estão igualmente os que entendem que se um jornalista não procura saber o que se passa no cerne dos problemas é, com certeza, um imbecil.

Ainda mais atrás estão os que consideram que se o jornalista consegue saber o que se passa mas, eventualmente, se cala é um criminoso.

… vejo cada vez mais capatazes na primeira fila.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: SER DO PSD É MAIS DE MEIO CAMINHO ANDADO

Nota de Página Global: Reduzimos em número as habituais publicações de notícias compiladas de vários órgãos de informação. Fique melhor esclarecido(a) em Força para resistir e lutar por um mundo melhor são os nossos votos para 2012

REGRA DE OURO, ORÇAMENTOS DE BARRO




PEDRO BACELAR DE VASCONCELOS – JORNAL DE NOTÍCIAS, opinião

Como todos se recordam, o mundo ficou suspenso, no verão passado, quando os EUA enfrentaram o risco iminente de bancarrota. Se tal tivesse acontecido, o incumprimento iria produzir uma catástrofe financeira à escala da economia global apenas comparável, historicamente, à "Grande Depressão" de 1929/32 que, tragicamente, esteve na origem da ascensão do nazismo na Alemanha seguido da eclosão da Segunda Guerra Mundial. Porém, não foi o montante colossal da dívida externa americana, que é hoje a maior do mundo, o que motivou a ameaça de insolvência. Se bem se lembram, o perigo de a maior potência mundial não pagar as suas dívidas no dia 2 de Agosto de 2011, resultava de o Congresso não conseguir chegar a acordo para autorizar a elevação do limite máximo da dívida, através de uma "lei reforçada", condição indispensável para que o Governo americano pudesse cumprir pontualmente as suas obrigações com os credores. É por isso bem compreensível a apreensão que provocou na Europa a proposta germânica de adoção de uma disposição análoga à americana, ou seja, como "lei reforçada", ou inscrita nas próprias Constituições dos Estados membros, como já acontece na Alemanha. Apenas a Constituição espanhola se aproxima da alemã no espaço da União Europeia e ainda assim com uma diferença substancial: é que em Espanha, a Constituição não quantifica o montante do limite de endividamento.

A imposição de um montante máximo de endividamento, quantificado por uma "lei reforçada", implicou ao longo da história americana a introdução de sucessivos aumentos que não se podem realizar através do procedimento legislativo ordinário, ou seja, sujeito a aprovação por maioria simples. O que aconteceu desta vez foi que alguns fanáticos da ala direita do Partido Republicano, o famoso "tea party", confessadamente dispostos a arriscar a bancarrota do seu país, aproveitarem estas fórmulas legislativas para bloquear qualquer decisão. Não há dúvida de que a exigência de aprovação por maioria qualificada de uma certa deliberação, pode habilitar, na prática, uma minoria agressiva e disciplinada a impor o seu programa radical à vontade da maioria. Como já tinha referido nestas crónicas, por este "jogo" antidemocrático, além do "tea party" nos EUA, também na Suécia, na Dinamarca e na Holanda, "tem conseguido a extrema-direita minoritária impor as suas políticas neoconservadoras às maiorias governantes que carecem do seu voto para governar". Se a todas estas perplexidades acrescentarmos que à hora da aprovação do "Pacto Orçamental" no último Conselho Europeu nem a França nem a própria Alemanha cumpriam a "regra de ouro" que recomendavam aos restantes 25 parceiros, aquilo que à partida já pareceria suficientemente insensato transforma-se agora em irremediável absurdo.

E não se ficou por aqui. Para compensar a ausência de rumo, o esvaziamento político e, sobretudo, um défice colossal de convicção e de autoridade, o "Pacto" prevê a multiplicação de automatismos - quer no que respeita aos sistemas de detecção e correção dos desvios orçamentais quer relativamente aos mecanismos de aplicação de sanções aos infratores - e remete para o Tribunal de Justiça da União Europeia os poderes para fiscalizar o cumprimento pelos Estados do imperativo de incluir a "regra de ouro" nos respetivos ordenamentos jurídicos. De entre os mecanismos automáticos acabaria por caír, em boa hora, a sanção da perda dos direitos de voto dos Estados submetidos ao "procedimento de défice excessivo", proposta pelos alemães. Muito significativa foi também a exclusão deste acordo da mais antiga democracia do mundo, o Reino Unido, ainda que tenham contribuído para este desaire a inabilidade e outras deficiências peculiares do atual primeiro-ministro britânico. Teremos oportunidade de acompanhar até ao Conselho Europeu de março de 2012, as novas peripécias que não deixarão de marcar a execução das conclusões decepcionantes desta cimeira, enquanto a Grécia continua a aguardar os apoios prometidos e os fundos entretanto recolhidos continuam bem longe de atingir as metas pretendidas.


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