quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Portugal: IDOSOS ATIRAM-SE AOS CEMITÉRIOS

 

Pedro d'Anunciação – Sol, opinião
 
Um estudo do Observatório da Saúde indica que um terço dos idosos mais velhos cortam na Saúde, e 13% deixaram de comprar medicamentos por impossibilidade económica absoluta. O Observatório não o diz, mas a lógica vai atirar a maioria destes idosos antecipedamente para os cemitérios, poupando assim não apenas no Orçamento da Saúde, mas também no das Pensões (que já leva uma boa bordoada, com a última decisão do ex-ministro Gaspar antes de se demitir, ao determinar que o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social compre 4,5 mil milhões de euros de Dívida Pública Nacional).
 
Será este o bom caminho que o Governo e a troika reivindicam, quando acham que estávamos a viver acima das nossas possibilidades?
 
Era melhor repor o homem como centro da economia, e não querer gerar uma riqueza cega, só com números que venham a doirar um PIB – entretanto cada vez mais deficitário, mesmo com estas loucuras.
 
Outra coisa: as medidas do Governo para aumentar a produtividade do trabalho em Portugal fizeram o pais cair 5 lugares no ranking internacional de produtividade.
 
Será mesmo boa ideia manter esta gente no Governo (fora toda a irresponsabilidade, em vários aspectos, em que constantemente se destacam)?
 

Portugal: PROVAVELMENTE A MELHOR NOTÍCIA...

 

Ana Sá Lopes – Jornal i, opinião
 
A ideia de que o 1,1% redime o Memorando da troika é falaciosa
 
O aumento do PIB é provavelmente a melhor notícia que um país dentro de um poço podia receber. Se 1,1% de crescimento fica abaixo dois pontos dos resultados do ano passado por esta época (e o PS tem razão em acentuar que Portugal está hoje pior do que estava em 2012), a taxa de crescimento de 1,1% abre uma luz no fundo do poço. O que nos diz este número é que estamos no poço, mas nos foi lançada uma corda, uma vez que a tendência de queda da economia é, pela primeira vez em dois anos e meio, invertida. E até o cauteloso ministro da Economia, António Pires de Lima, arriscou ontem que "provavelmente estamos num momento de viragem económica". Mas provavelmente a Carlsberg nem é a melhor cerveja do mundo.
 
O problema com a corda que nos foi atirada para dentro do poço é que não é suficientemente sólida para que, na festa do Pontal que vai acontecer sexta-feira, o primeiro-ministro proclame novamente o fim da crise para o ano que vem (já a tinha prometido para este ano). Infelizmente, o risco de a corda se partir é enorme: os cortes de 4 mil milhões que o Orçamento do Estado para 2014 vão contemplar significam, como apropriadamente o ministro da Administração Interna lhes chamou, "meter o Rossio na Rua da Betesga" - mais vítimas, mais desempregados, menos rendimento disponível, menos investimento. Era a altura certa para inverter a marcha alucinada da santa aliança entre troika e governo e travar a fundo. O país é insustentável com uma taxa de desemprego de 17% - e os números terríveis do desemprego de longa duração ajudam a explicar como o governo e a troika se empenharam a criar uma segunda geração perdida, a par dos jovens.
 
A ideia de que o número de 1,1% - que apanhou de surpresa vários economistas, já que as previsões admitiam um cenário muito mais grave - é um factor de redenção do Memorando da troika é falaciosa. Um país que disparou no desemprego, mandou os seus jovens emigrarem, pontapeou reformados, despede sumariamente funcionários públicos, corta à bruta nas prestações sociais, não é seguramente uma prova da validade do Memorando. Até aqui, as políticas europeias em curso encarregaram-se de rebentar com a Europa - com a Alemanha como excepção. Se mudarem, Portugal pode ter esperança de que 1,1% de crescimento se reflicta na vida das pessoas - em mais emprego. A corda a que nos agarramos é de uma grande fragilidade.
 

MASSACRE NO EGITO É HUMILHAÇÃO PARA OBAMA

 


O presidente dos EUA defende valores democráticos, mas privilegia interesses pragmáticos. Enquanto isso, vê a influência norte-americana minguar
 
José Antonio Lima – Carta Capital
 
Em nenhum outro aspecto, a administração de Barack Obama é tão fracassada quanto no Oriente Médio. E em nenhum outro ponto do Oriente Médio a humilhação imposta ao presidente dos Estados Unidos é tão grande quanto no Egito. O massacre desta quarta-feira 14, no qual ao menos 568 pessoas morreram, mostrou como a maior potência mundial é incapaz de exercer influência sobre um Exército assassino, mesmo bancando os generais que o comandam. E não há perspectivas para o fim da vergonha.
 
O apoio dos Estados Unidos ao Egito data do fim da década de 1970. Ao assinar a paz com Israel em 1979, o ditador da época, Anwar Sadat, tirou seu país da esfera de influência da União Soviética e o colocou sob as asas norte-americanas. Desde então e até hoje, duas razões primordiais mantêm a parceria Washington-Cairo. O tratado de paz é fundamental para a segurança do Oriente Médio, e também de Israel, grande aliado dos EUA, e o Egito controla o Canal de Suez, mais importante rota comercial do mundo.
 
Em troca, os EUA repassam ao Egito 1,5 bilhão de dólares anuais, sendo que parte do montante vai diretamente para o bolso dos principais generais. Nos 30 anos do regime de Hosni Mubarak, o presidente que mais insistiu para o país caminhar rumo à democratização foi o de George W. Bush. Após o 11 de Setembro, a administração republicana reconheceu o óbvio: por trás do terrorismo estava a falta de democracia e não o islã. O ímpeto acabou rápido. Em 2005, a Irmandade Muçulmana, que por décadas foi ilegal e apresentava candidatos independentes, ganhou 88 assentos no parlamento egípcio. No ano seguinte, o Hamas, um braço da Irmandade, venceu as eleições nos Territórios Palestinos Ocupados. A dificuldade de lidar com aberturas democráticas que inevitavelmente produziriam governos antiliberais – como são os representantes do islã político pregado pela Irmandade e outros grupos – acabou com a chamada “promoção da democracia”.
 
Em 2009, cinco meses após assumir a Casa Branca, Obama fez um importante discurso no Cairo. Lembrou os antepassados muçulmanos, citou o Corão e defendeu de forma veemente valores democráticos. Com o surgimento da chamada “Primavera Árabe”, Obama foi surpreendido, assim como boa parte do mundo. O presidente dos EUA provavelmente não esperava que precisasse enfrentar as contradições das ações e discursos norte-americanos tão rapidamente. Ficou claro que, como costuma ocorrer nas relações internacionais, os interesses se sobressairiam diante dos valores.
 
Obama demorou a condenar a repressão imposta por Mubarak à praça Tahrir. Não fez vale seu peso para acelerar a transição do governo militar, que cometeu uma série de atrocidades. Numa tentativa de criar laços com a Irmandade Muçulmana não condenou de forma veemente os abusos cometidos por este grupo ao chegar ao poder. No último 3 de julho, não condenou o golpe cívico-militar que derrubou Mohamed Morsi. O resultado é que os dois lados da fraturada sociedade egípcia – os adeptos do islã político e os setores cristãos e seculares – são igualmente hostis aos Estados Unidos.
 
Tal situação esgotou o poder de influência norte-americana no Egito. Segundo reportagem da agência Reuters, emissários da União Europeia teriam conseguido obter um compromisso da Irmandade Muçulmana para acabar com o impasse surgido após o golpe de 3 de julho. O recado foi levado ao atual ditador do Egito, o ministro da Defesa Abdel Fattah al-Sissi, junto com “duras mensagens” do secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel. A resposta de Sissi foi dada nas ruas.
 
As ocupações das praças Nahda e Rabaa al-Adawiya, mantidas pela Irmandade no Cairo desde o golpe, foram desfeitas com extrema brutalidade. Relatos da imprensa internacional apontam o uso de blindados, escavadeiras, atiradores de elite, munição real e gás lacrimogêneo contra os manifestantes. Pelo menos uma pessoa morreu queimada na barraca em que estava. Três jornalistas – o cinegrafista Mick Deane, da britânica Sky News; Ahmed Abdel Gawad, do jornal egípcio Al-Akhbar; e Mosab El-Shami, fotógrafo do site islamista RNN – foram assassinados. A violência no Cairo se espalhou pelo país inteiro. Adeptos da Irmandade Muçulmana e outros grupos religiosos atacaram igrejas cristãs e delegacias. Ao todo, estão confirmadas pelos ministérios da Saúde e do Interior 525 mortes de civis e 43 de policiais.
 
No âmbito político, surgiram novos indícios de que o regime Mubarak está sendo remontado. Uma das faces civis mais importantes do novo governo, o Nobel da Paz Mohamed El-Baradei (que apoiou o golpe) deixou o posto de vice-presidente para assuntos internacionais. E o Exército confirmou a retomada, por um mês, do estado de emergência, que vigorou entre 1967 e 2012. A exceção deve abrir espaço para mais abusos por parte das autoridades.
 
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, afirmou que a violência era “deplorável”, mas disse acreditar que o caminho para a solução política “continua aberto” mesmo após o massacre. A maior represália cogitada pelos Estados Unidos era o adiamento do treinamento militar “Estrela Brilhante“, em conjunto com as Forças Armadas egípcias e programado para setembro. Em pronunciamento na manhã desta quinta-feira 15, Obama anunciou o cancelamento do treinamento e afirmou que sua equipe de segurança nacional está analisando "novos passos" a serem dados.
 
Seria ingenuidade pedir para os Estados Unidos cortarem de uma hora para outra a ajuda de 1,5 bilhão que dão ao Egito. Nenhum Estado abre mão de interesses em nome de ideais e, caso Washington fizesse isso, a Arábia Saudita e outros parceiros do Golfo Pérsico ficariam contentes em substituir a fonte de dinheiro. Há, no entanto, até políticos republicanos que apoiam o fim da ajuda, indicando a existência de espaço político nos EUA para dar um passo arriscado. Tivesse Obama coragem e interesse, colocaria sua administração para trabalhar em busca de soluções que não a simples repetição do ciclo de "críticas-mediação-pagamento". Este tipo de ação serve apenas para minar a influência norte-americana no Oriente Médio e fazer o país ser visto como cúmplice de massacres como o desta quarta-feira. Hoje, os militares egípcios estão dedicados a perseguir a Irmandade Muçulmana de modo a tentar acabar com o grupo. Como afirmou o cientista político Emad Shahin ao jornal The New York Times, os ditadores entendem que, no fim, o Ocidente vai apoiar o lado vencedor e, de certa forma, estão certos.
 
Foto: Homem observa uma fileira de corpos de simpatizantes da Irmandade Muçulmana em necrotério improvisado no Cairo, na quarta-feira 14
 

PARA QUE SERVEM AS NEGOCIAÇÕES ENTRE ISRAELENSES E PALESTINOS?

 


Guila Flint, Tel Aviv – Opera mundi
 
Autoridade Palestina e governos de EUA e Israel têm diversos objetivos por trás da retomada do diálogo
 
Em vista do ceticismo generalizado sobre a possibilidade de sucesso da nova rodada de negociações entre israelenses e palestinos, que terá inicio nesta quarta-feira (14/08), muitos analistas se perguntam o que leva as três partes envolvidas (o governo israelense, a Autoridade Palestina e o governo norte-americano) a reiniciar o diálogo.

De acordo com o plano do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, dentro de nove meses as negociações deverão levar à solução do conflito entre os dois povos, que já dura cerca de 130 anos.

Já se passaram 20 anos desde a assinatura do Acordo de Oslo, por Itzhak Rabin e Yasser Arafat, em 1993, nos quais houve fracassos sucessivos das tentativas de alcançar um pacto permanente entre os dois povos.

Nessas circunstâncias vale procurar as motivações que levam os governos de Israel, dos Estados Unidos e da Autoridade Palestina à mesa de negociações.

Ataque ao Irã

Para vários analistas em Israel, a principal motivação do premiê Benjamin Netanyahu para retomar o diálogo tem pouco a ver com o conflito com os palestinos e muito com os seus planos de atacar as instalações nucleares do Irã.

Segundo esse raciocínio, Netanyahu teria cedido às pressões de Kerry tendo em vista o interesse de obter o apoio dos Estados Unidos e da Europa para uma ofensiva contra o que considera ameaça existencial a Israel.
 
A retomada das negociações com os palestinos daria a Netanyahu uma espécie de crédito junto à comunidade internacional que, por sua vez, facilitaria um ataque ao Irã.

Outra possível motivação de Netanyahu poderia ser de caráter econômico. Após a decisão da União Europeia de boicotar qualquer negócio com empresas que estejam envolvidas no projeto de colonização dos territórios ocupados, aumenta a preocupação em Israel com a possibilidade de um crescente isolamento econômico.

A retomada das negociações, nesse aspecto, geraria um clima mais favorável para Israel junto à comunidade internacional.

Economia palestina

Do ponto de vista do governo da AP (Autoridade Palestina), a questão mais urgente é obter verbas para pagar os salários dos funcionários públicos, incluindo policiais, professores e médicos.

Depois que grande parte dos países doadores, que haviam prometido ajuda financeira à AP, não cumpriram suas promessas, o Estado Palestino embrionário mal consegue pagar os salários mensais.

Nesse aspecto, o apoio econômico dos Estados Unidos é fundamental e pode constituir uma motivação significativa para que o presidente Mahmoud Abbas ceda às pressões norte-americanas para retomar o diálogo com Israel.

Outra motivação bastante evidente de Abbas é fortalecer a imagem de seu partido, o Fatah, aos olhos do público palestino.

O Fatah, que apostou todas as cartas politicas no acordo com Israel, perdeu muita força para o Hamas, que hoje em dia controla a Faixa de Gaza.

Por intermédio das negociações com Israel, Abbas espera obter alguns trunfos para mostrar ao público interno, o que o fortaleceria politicamente.

O presidente palestino já tem algo para mostrar: o compromisso de Israel de libertar 104 prisioneiros palestinos veteranos, que já se encontram nas cadeias israelenses há mais de 20 anos. Os 26 primeiros foram soltos ontem.
 
Israel havia rejeitado todos os pedidos da liderança palestina para que esse grupo específico de prisioneiros fosse libertado. No entanto, após fortes pressões exercidas por Kerry, o premiê Netanyahu acabou cedendo.

Outros avanços parciais, como a retirada das forças israelenses de partes da Cisjordânia e o desmantelamento de pontos de checagem que pontilham o território ocupado, podem melhorar a qualidade de vida da população palestina e fortalecer o Fatah politicamente.

Instabilidade após Primavera Árabe

Para os Estados Unidos, em vista da profunda incerteza na qual o Oriente Médio mergulhou com a Primavera Árabe, e após uma serie de fracassos da politica norte-americana nesta região, cresce o interesse de que haja um acordo sobre uma das questões que geram mais tensão: o conflito israelense-palestino.

Em seu segundo mandato, o presidente Barack Obama pretende fazer jus ao Premio Nobel da Paz que recebeu em 2009 e dispõe de mais interesse e liberdade para pressionar Israel a devolver territórios aos palestinos e suspender a colonização.
 
Em vista da fragilidade da AP e da dependência diplomática e econômica de Israel dos Estados Unidos, o conflito israelense-palestino seria o cenário no qual o governo norte-americano poderia obter algum resultado.

Pouca luz no fim do túnel

Sobre os principais temas a serem negociados entre as partes, as divergências são tão grandes que poucos acreditam que, nos próximos nove meses, os representantes israelenses e palestinos, com a mediação norte-americana, poderão alcançar um acordo.

Em todos os temas fundamentais – as fronteiras entre os dois Estados, o futuro dos assentamentos, o status de Jerusalém e o destino dos refugiados palestinos – as divergências entre as partes parecem intransponíveis.

Um sinal das dificuldades que os negociadores deverão enfrentar já foi dado poucos dias antes da retomada das negociações, pelo ministro da Habitação de Israel, Uri Ariel.

Ariel, que pertence ao partido de extrema-direita Habait Hayehudi (Lar Judaico), que representa a população de colonos, anunciou a construção de 1.200 novas casas em Jerusalém Oriental e em assentamentos na Cisjordânia.

O principal negociador palestino, Saeb Erekat, já declarou que o anúncio do governo israelense é uma tentativa de sabotar as negociações antes mesmo de elas começarem.

No entanto, vale lembrar a visão mais otimista de alguns analistas, que avaliam que as mudanças geradas pela Primavera Árabe poderão favorecer as negociações entre israelenses e palestinos.
 
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SYRIAN ELECTRONIC ARMY ATACA SITE DO THE WASHINGTON POST – diz jornal

 


Washington, 15 ago - O jornal norte-americano The Washington Post informou hoje que o seu site na Internet foi alvo de um ataque eletrónico, alegadamente perpetrado pelo grupo de piratas informáticos conhecido como Syrian Electronic Army (Exército Eletrónico Sírio, em português).
 
Numa nota dirigida aos leitores, e citada pelas agências noticiosas internacionais, o The Washington Post refere que o portal on-line do jornal foi "pirateado", redirecionando leitores de alguns conteúdos para o site do Exército Eletrónico da Síria.
 
Em poucos meses o grupo de piratas informáticos, que afirma apoiar o Presidente sírio Bashar al-Assad, levou a cabo vários ataques informáticos contra órgãos de comunicação social e agências de informação de todo o mundo.
 
O jornal norte-americano garante que o problema está a ser resolvido.
 
SK // SMA - Lusa
 

UE - Línguas: TODOS UNIDOS CONTRA O REINADO DO INGLÊS

 


România liberă, Bucareste – Presseurop – imagem Robyn Lee
 
Perante o crescente entusiasmo dos europeus em adotar o inglês como língua franca, um intelectual romeno lança um sinal de alarme e apela à mobilização pela salvaguarda das línguas nacionais.
 
 
Escrevi, recentemente, sobre o perigo que a língua romena corre na sua própria terra. E não é por causa de um decréscimo do número de falantes — imputável à queda acentuada do número de nascimentos ou ao êxodo migratório dos romenos —, mas sobretudo por causa das políticas atualmente em curso na educação nacional.
 
O facto de inúmeros trabalhos de pós-licenciatura serem entregues em inglês e o facto de apenas se valorizarem trabalhos publicados em revistas estrangeiras e redigidos nessa língua contribuiu, significativamente, para acentuar o desinteresse pelas publicações científicas romenas. Mas também para depreciar a língua, a médio e longo prazo, no seio da intelligentsia.
 
Anglização criticada na Europa
 
A Roménia já conheceu algo idêntico no passado. Os boiardos [aristocratas]dos finais do século XIX desprezavam tudo o que fosse romeno e imitavam os centros de poder da época: Paris, Moscovo, Istambul. Coana Chiriţa, personagem dos romances de Vasile Alecsandri, também foi inspirada pelos modos "à francesa". De igual modo, as peças de teatro de Ion Luca Caragiale punham a ridículo o facto de se imitar os modos ocidentais. E no início do século XX, o historiador Nicolae Iorga encabeçou uma grande manifestação em Bucareste para protestar contra as representações teatrais exclusivamente em francês.
 
Retomo hoje este assunto pois a atual anglicização começa igualmente a ser visível noutros países europeus e não apenas na Roménia. Mas esses países não são considerados retrógrados ou anti-ocidentais.
 
A última informação dada pelo Observatório Europeu do Plurilinguismo(OEP) nota que, atualmente, a batalha pelo plurilinguismo e, nesse sentido, contra o predomínio insidioso das línguas hegemónicas é travada em toda a Europa.
 
Na primavera, o Instituto Politécnico de Milão decidiu que os seus mestrados e doutoramentos deviam ser feitos unicamente em inglês. E isto em nome da internacionalização dos estudos e em prol de uma melhor competitividade das universidades italianas. Mas o Tribunal Administrativo da Lombardia decidiu noutro sentido: determinou que o facto de se empregar a língua inglesa não tinha qualquer influência nem na qualidade, nem na valorização internacional do ensino. A mesma instância especificou que, ao obrigar os professores a lecionar em inglês, o Instituto Politécnico de Milão atentava contra a liberdade desses mesmos professores.
 
Proteger um patrimómio inestimável
 
Ainda nessa informação, o OEP constata que, em termos de anglicização do ensino superior, a Alemanha — que avançou muito mais depressa que a França e Itália, mas continua distante dos países escandinavos e da Holanda — publica cerca de 10% dos seus programas de mestrados e doutoramentos unicamente em inglês. Números que nos fazem pensar nas consequências de uma política desta natureza. É verdade que a língua inglesa oferece visibilidade internacional aos investigadores alemães, mas a língua alemã também pode muito bem contribuir para o seu êxito.
 
Em França criaram-se programas semelhantes para atrair mais estudantes estrangeiros e, em primeiro lugar, os chineses. Mas, hoje, o país constata que um bom número deles fala francês e muitos desejam mesmo aprender esta língua! Além disso, a Assembleia Nacional francesa e o Senado decidiram que seria preciso rever em baixa o número de cursos ministrados em inglês e que os trabalhos de fim de curso deviam ser escritos em francês.
 
Também o British Coucil, no quadro do seu programa Language Rich Europe, teve em conta o predomínio da língua inglesa. Nas conclusões do seu relatório sobre a situação linguística da Europa, mostrou-se igualmente favorável ao multilinguismo.
 
Ao lutar para que a língua romena encontre, pelo menos no seu próprio país, a dignidade e a consideração que lhe são devidas — sem menosprezar a importância das línguas de grande circulação internacional —, contribuímos para ponderar os efeitos insidiosos da globalização. Contribuímos para proteger o inestimável património imaterial de que somos depositários e que devíamos transmitir com toda a sua riqueza.
 
[Esta luta] patriótica, longe de ser uma idolatria nacionalista, contribui com alguma coisa de muito positivo para a nossa cultura e também para a nossa civilização. E para a Europa em geral.
 

CONSELHO ANTI-CORRUPÇÃO DA VENEZUELA QUER REFORMA DO ESTADO

 


O Conselho de Estado venezuelano propôs na quarta-feira ao Presidente, Nicolás Maduro, que avance com uma reforma do Estado depois de analisar as medidas a tomar para reforçar a luta contra a corrupção.
 
"Estivemos a analisar as propostas a apresentar ao Presidente Maduro para que tome medidas de emergência. Propostas no âmbito jurídico, de revisão de leis e novas leis, no âmbito institucional, do Estado, tal como está concebida a sua estrutura, que às vezes é a herança do Estado burguês (...) desenhado para facilitar os processos de corrupção", disse o vice-presidente Executivo da Venezuela.
 
Jorge Arreaza falava aos jornalistas no fim de uma reunião do Conselho de Estado, que teve lugar no palácio presidencial de Miraflores, Caracas.
 
Segundo aquele responsável, as propostas passam ainda sobre como ouvir e incorporar o povo na luta contra a corrupção, as distintas vias políticas e jurídicas.
 
"A luta contra a corrupção é a luta contra o capitalismo. O capitalismo é inviável se não apela à corrupção, a roubar ao povo a sua esperança, os seus recursos materiais", frisou, sublinhando que o Governo seguirá em frente na luta contra a corrupção.
 
A reunião teve lugar um dia depois de a maioria parlamentar, afeta ao atual regime, acusar o partido opositor Primeiro Justiça de estar envolvido numa rede de narcotráfico, branqueamento de dinheiro e de prostituição.
 
O Conselho de Estado é um órgão assessor do Governo venezuelano, presidido por Jorge Arreaza e dele fazem parte um representante do Supremo Tribunal de Justiça, da Assembleia Nacional, dos governadores de Estado e outras cinco pessoas designadas pelo Presidente da República.
 
Na segunda-feira, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou que vai pedir ao parlamento poderes especiais para combater a corrupção e decretar uma "emergência nacional" para impulsionar esta luta.
 
Os poderes especiais, que terão de ser aprovados pela Assembleia Nacional, darão ao Presidente venezuelano a possibilidade de promulgar decretos sem estes terem de passar pelo parlamento.
 
A oposição acusa o governo venezuelano de encobrir importantes casos de corrupção de militantes entre os socialistas e de usar a luta contra a corrupção para perseguir a dissidência.
 
Agência Lusa
 

FIDEL CASTRO POR SEUS CONTEMPORÂNEOS

 


“Depois de quase meio século de luta, Fidel pode mostrar o rosto com integridade plena e com moral absoluta, não só ao povo cubano, mas a todos os povos do mundo”.

(Hugo Chávez, líder bolivariano e ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, falecido em março)

“Fidel Castro é um ancião com a cabeça fresca (...). Continua sendo brilhante, sempre promotor de ideias”.

(José Mujica, presidente do Uruguai - julho de 2013)

“Porque ele nasceu do povo e em meio ao povo permanece, e por isso sua grandeza é a do povo cubano. Tudo o que fez, todas as suas ações são o reflexo das mais altas aspirações da pátria de José Martí. A paz em que creio não está e nem estará divorciada da justiça, da liberdade, da esperança de um mundo melhor, e tudo isso Fidel encarna”.

(escritor Jorge Amado, em 1986)

“As ideias como as que Fidel Castro defende não envelhecem nunca. Sigo retendo do líder cubano a imagem de um herói homérico, tanto por seus incontáveis combates pletóricos da juventude como por sua impressionante personalidade. Fidel é a esperança da luz de um futuro mais solidário e mais justo”.

(Rafael Alberti, poeta espanhol, em mensagem a Fidel em 1996)

“(...) ainda não estou de acordo com tudo o que fez [Fidel] e, pessoalmente, não sou comunista; não obstante, admiro a sua direção e considero que é um dos líderes mais importantes do mundo de hoje. Certos meios internacionais trataram de desfigurar a imagem de Fidel, mas nem sempre creio em tudo o que diz a imprensa internacional. Também Ho Chi Min foi vituperado muito pela imprensa. Uma vez conheci o presidente Castro, e minha opinião sobre a sua capacidade realmente foi elevada”.

(Declaração do ex-senador democrata dos Estados Unidos, George McGovern, publicada em 1982)

“O povo cubano e Fidel Castro estão nos oferecendo o seu coração, sua vida, tudo, e eu creio que isso é um exemplo maravilhoso de vida, integridade, e temos que seguir unidos, seguir lutando, porque a luta não terminou”.

(Adolfo Pérez Esquivel, argentino laureado com o Prêmio Nobel da Paz. Declaração à Tribuna Aberta Internacionalista, em Havana, no ano de 2000)

“É uma sequoia, velha árvore gigante que, enquanto outras foram cortadas, ele segue em pé, e estão desesperados para fazer o corte final. E então, não teremos ninguém como ele. Teremos outras pessoas maravilhosas e nós mesmos, seremos o que teremos que ser, mas ele é uma inspiração".

(Declaração de Alice Walker, escritora norte-americana, em 2001, no documentário "Fidel", de Estela Bravo)

"Cuba é, neste momento, a esperança de todo um século de falsa independência, e esperamos que conquiste e implante a sua própria justiça. Aquele que não estiver com Cuba, com a sua revolução, com Fidel Castro, está do outro lado, da ignomínia e da traição. Se a Revolução Cubana se extinguisse, seríamos apagados do quadro do mundo".

(Declaração do poeta chileno Pablo Neruda, em 1960, no Jornal da Revolução - "Periódico de la Revolución")

“Fidel Castro não caiu do céu. Ele encarna o último episódio de um processo político que está em ascensão. A América latina ofereceu três gênios políticos: Toussaint Louverture, Simón Bolívar e Fidel Castro; e devo dizer que é muito a oferecer, porque os gênios políticos não surgem assim, do nada".

(Juan Bosch, escritor e ex-presidente da República Dominicana, em 1978)
 
 

CUBA, UM PEQUENO FAROL NA CONSCIÊNCIA COMUM DA HUMANIDADE

 

Martinho Júnior, Luanda
 
O que mais nos surpreende no estado caótico em que se encontra cada vez mais o Mundo é o colapso da informação, especialmente vetada àqueles que têm a ousadia de erguer as suas vozes para tornar evidentes a acumulação de erros com que é regida a Humanidade e que resultam da acumulação e agravamento de condições de desequilíbrio, das injustiças, incertezas e até do espectro da morte.
 
Uma dessas vozes dissonantes é a de Fidel Castro que com plena consciência dos riscos, mas com um enorme sentido de responsabilidade, ultrapassa em muito as questões que se referem ao seu pequeno País e se ergue, sempre que se oferece oportunidade, como um verdadeiro advogado dum Mundo melhor, conforme ele próprio afirmava na cúpula do milénio na ONU, a 6 de Setembro de 2000, “lutando pelo impossível”.
 
Cuba demonstra assim que não perdeu suas qualidades Revolucionárias no que elas se referem à dignidade, seriedade e solidariedade, apesar do tenebroso quadro em que hoje em dia se definem as nações e os povos dum “Terceiro Mundo” cronicamente subdesenvolvido e atirado por vezes para as situações extremas de marginalidade.
 
A mesma chama que animou Cuba em 1965, para acorrer em auxílio de África, na altura decisiva dos processos de descolonização, anima hoje os dirigentes Cubanos enquanto críticos duma “globalização” que promove uma autêntica distorção dos interesses da Humanidade e do Planeta:
 
“Três dezenas de países desenvolvidos e ricos, que monopolizam o poder económico, tecnológico e político, se reúnem aqui connosco para nos oferecer mais das mesmas receitas que têm servido apenas para nos fazer cada vez mais pobres, mais explorados e mais dependentes.
 
Não se fala sequer de reformar radicalmente esta vetusta instituição, nascida há mais de meio século, quando só existiam alguns poucos países independentes, para convertê-la num órgão que represente verdadeiramente os interesses de todos os povos do mundo sem que exista para ninguém o irritante e antidemocrático direito de veto e iniciar um processo que implique na ampliação do número de membros e na ampliação da representatividade do Conselho de Segurança como um órgão executivo subordinado à Assembleia Geral, a qual deveria tomar as decisões em temas tão vitais como a intervenção e o uso da força.
 
É necessário estabelecer com toda a firmeza que o princípio da soberania não pode ser sacrificado em nome de uma ordem exploradora e injusta em que, apoiada no poder e sua força, uma super potência hegemónica pretende decidir tudo.
 
Isso Cuba não aceitará jamais.
 
As causas fundamentais dos actuais conflitos estão na pobreza e no subdesenvolvimento que prevalecem na imensa maioria dos países e na desigual distribuição das riquezas e dos conhecimentos que impera no mundo.
 
Não se pode esquecer que o subdesenvolvimento e a pobreza actuais são a consequência da conquista, da colonização, da escravidão e do saque da maior parte da Terra pelas potências coloniais, o surgimento do imperialismo e das guerras sangrentas por uma nova repartição do mundo.
 
Hoje eles têm a obrigação moral de indemnizar nossos países pelos danos que nos fizeram durante séculos.
 
A humanidade deve tomar consciência do que fomos e do que não podemos continuar sendo.
 
Hoje nossa espécie adquiriu conhecimentos, valores éticos e recursos científicos suficientes para marchar para uma nova etapa histórica de verdadeira justiça e humanismo.

Nada do que existe na ordem económica e política serve aos interesses da humanidade.

É insustentável.
 
Há que mudá-la.
 
Basta recordar que já somos mais de 6 biliões de habitantes dos quais 80% é pobre.
 
Enfermidades milenárias dos países do Terceiro Mundo como malária, tuberculose e outras igualmente fatais não foram vencidas; novas epidemias como a AIDS ameaçam extinguir a população de nações inteiras, enquanto nos países ricos invertem somos fabulosas em gastos militares e luxos e uma praga voraz de especuladores trocam moedas, acções e outros valores reais ou fictícios, por somas que alcançam biliões de dólares por dia.
 
A natureza é destruída, o clima muda a olhos vistos, as águas para o consumo humano são contaminadas e se escasseiam; os mares diminuem as fontes de alimentação para o homem; recursos vitais não renováveis se dissolvem em luxos e vaidades.
 
Qualquer um compreende que o objectivo fundamental das Nações Unidas no século apressado que se inicia, é salvar o mundo não apenas da guerra mas também do subdesenvolvimento, da fome, das enfermidades, da pobreza e da destruição dos meios naturais indispensáveis para a existência humana.
 
E deve fazer com rapidez antes que seja tarde demais !
 
O sonho de alcançar normas verdadeiramente justas e racionais que fixem os destinos da humanidade há muito parece impossível a estes.
 
Nossa convicção é que a luta pelo impossível deve ser o lema desta instituição que hoje nos reúne!”
 
Marcada a posição na ONU, o Governo Cubano está actualmente a trabalhar para a revitalização do Movimento dos Não Alinhados, conjuntamente com aqueles que têm mais consciência das desigualdades, dos desequilíbrios e das injustiças, consequência de políticas neo liberais que têm um núcleo duro à altura daqueles que compõem a própria aristocracia financeira Mundial.
 
A segunda Revolução Capitalista que se assiste, feita com transformações substanciais nas ciências e nas tecnologias, não é para que se consiga dar luta aos graves problemas do subdesenvolvimento, que afectam cerca de 4 mil milhões de seres humanos, 75% da Humanidade, mas, com todas as motivações consumistas, agravar ainda mais o fosso entre a trintena de Nações e Estados ricos e o resto que vegeta com elevados níveis de dependência, pobreza e doença (algumas delas de muito difícil combate).
 
A 25 de Fevereiro de 2003 Fidel Castro, em Kuala Lumpur, durante a XIIIª Conferência de Chefes de Estado dos Países Não Alinhados, uma vez mais fez a síntese dos desafios e apela a respostas no sentido duma visão mais esclarecida e concertada dos problemas globais:
 
“Vivemos tempos difíceis.
 
Nos últimos meses ouvimos mais de uma vez palavras e conceitos que dão calafrios.
 
Em discurso pronunciado diante dos cadetes de West Point a 1º de Junho de 2002, o presidente dos Estados Unidos declarou: nossa segurança exigirá que transformemos a força militar que os senhores dirigirão numa força militar que deve estar pronta para atacar imediatamente qualquer rincão escuro do mundo.

Nesse mesmo dia proclamou a doutrina da guerra preventiva e de surpresa, algo que nunca fora feito na história política do mundo.

Meses depois, ao referir-se à desnecessária e quase certa acção militar contra o Iraque, afirmou: ...se nos obrigarem à guerra vamos lutar com o pleno poderio das nossas forças armadas.

Quem declarava isto não era o governo de um Estado pequeno e fraco; era o chefe da potência militar mais rica e poderosa que já existiu, possuidora de milhares de armas nucleares suficientes para liquidar várias vezes a população mundial e de outros temíveis sistemas militares convencionais ou de destruição em massa.

É isso que somos: rincões escuros do planeta.
 
Assim é que alguns vêem os países do Terceiro Mundo.
 
Nunca ninguém nos definiu melhor, nem o fez com mais desprezo.

As antigas colónias das potências que repartiram o mundo entre si e saquearam-no durante séculos constituem hoje o conjunto de países subdesenvolvidos.

Para nenhum deles existe independência plena, tratamento justo e igualitário, nem segurança nacional alguma; nenhum é membro permanente do Conselho de Segurança, nenhum tem direito de veto, nem decide algo nos organismos financeiros internacionais; nem retém os seus melhores talentos, nem pode defender-se da fuga dos seus capitais, da destruição da natureza e do meio ambiente, provocada pelo consumismo desperdiçador, egoísta e insaciável dos países de economia desenvolvida.

Após a última matança mundial na década de 40 prometeram-nos um mundo de paz, reduzir a distância entre ricos e pobres e que os mais desenvolvidos ajudariam os menos desenvolvidos.

Tudo resultou numa enorme mentira.
 
Impuseram-nos uma ordem mundial que não se pode sustentar nem se pode suportar.
 
O mundo é conduzido para um beco sem saída.
 
Em apenas 150 anos ter-se-ão esgotado o petróleo e o gás natural que o planeta demorou 300 milhões de anos para acumular.

A humanidade em apenas 100 anos cresceu de aproximadamente 1500 milhões para mais de 6000 milhões de habitantes.

Terá que depender inteiramente de fontes de energia que ainda estão por investigar e desenvolver. A pobreza cresce, velhas e novas doenças ameaçam aniquilar nações inteiras; a terra sofre erosão e perde fertilidade; o clima muda, o ar, a água potável e os mares estão cada vez mais contaminados.

Tira-se autoridade, faz-se obstrução e arruína-se a Organização das Nações Unidas; diminui-se a ajuda ao desenvolvimento; exige-se ao Terceiro Mundo o pagamento de uma dívida de 2,5 milhões de milhões de dólares que é absolutamente impagável nas condições actuais; gasta-se em contrapartida um milhão de milhão de dólares anualmente em armas cada vez mais refinadas e letais.

Por que e para que?

Um número semelhante é gasto em publicidade comercial semeando ânsias consumistas, impossíveis de satisfazer, em milhares de milhões de pessoas.

Por que e para que?

Nossa espécie, pela primeira vez, corre perigo real de extinguir-se devido às loucuras dos próprios seres humanos, vítimas de semelhante civilização.

Ninguém contudo lutará por nós que constituímos a imensa maioria.
 
Só nós mesmos, com o apoio de milhões de trabalhadores manuais e intelectuais dos próprios países desenvolvidos que vêm cair a catástrofe também sobre os seus povos, semeando ideias, criando consciência, mobilizando a opinião pública do mundo e do próprio povo norte-americano, poderemos ser capazes de salvá-la.

Não é preciso dizer mais.

Os senhores sabem muito bem.
 
Nosso mais sagrado dever é lutar e lutaremos!”
 
Até quando os Povos dos Países Subdesenvolvidos do “Terceiro Mundo” terão de suportar o fardo da dependência e terão de assistir à rapina em condições extremamente desfavoráveis das riquezas naturais, muitas vezes à custa da sua própria marginalidade e terrível miséria?
 
O novo milénio não trouxe mais liberdade, nem mais democracia, nem mais equilíbrio ou justiça social, pelo contrário, agravaram – se os problemas humanos e ambientais e o futuro das gerações que se nos seguirão, não será melhor.
 
A posição de Cuba no concerto Internacional, volvidos 45 anos da revolução cubana, tão digna e solidária como no princípio, mas cada vez mais consciente dos riscos e dos desafios que se apresentam à humanidade, ergue – se hoje como um pequeno farol a iluminar a consciência comum e a história contemporânea.
 
Martinho Júnior há 10 anos – texto publicado a 27 de Dezembro de 2003, no nº 377 do desaparecido ACTUAL, em Luanda.
 
Gravura: Página do ACTUAL onde foi publicado o artigo
 

Brasil – Escândalo: ALCKMIN, DEMUS E POPULUS

 


Ao anunciar a ação judicial contra a Siemens, Alckmin quer evitar o questionamento sobre a participação tucana no esquema e se auto-absolver, sem que os cidadãos paulistanos percebam
 
Wálter Maierovitch – Carta Capital
 
Nos bancos acadêmicos aprendi uma velha e definitiva lição. Nas democracias, o comando é do povo.
 
A palavra grega demokratia, como todos sabem, é composta por ´demos´, que quer dizer povo, e kratos, a significar ‘poder’. Por isso, e na melhor conceituação, significa ‘poder do povo’, ou seja, regimes e sistemas políticos nos quais é o povo que comanda.
 
O problema é como atribuir poder ao povo. No velho berço de Atenas, com cerca de 30 mil habitantes, tínhamos a democracia direta. Assim mesmo, impunha-se uma odiosa exclusão às mulheres. Elas não participavam das assembleias, a tornar imperfeito, por vício de origem, o sistema.
 
Segundo Aristóteles, ‘demos’ eram os pobres, enquanto, para os marxistas, o povo era o proletariado.
 
Com o passar do tempo, consolidou-se a democracia representativa e o princípio de maioria limitada e moderada. Trocado em miúdos, a maioria tem o direito de governar mas com respeito aos direitos da minoria.
 
Colocado isso, soa diversionismo barato e marquetagem de quinta categoria o pronunciamento do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). O governador Alckmin disse que irá, por meio de ação judicial contra a empresa multinacional Siemens, postular indenização (dano emergente e lucro cessante) por ter essa empresa denunciado e confessado participação em licitação fraudada nas implantações de linhas do metrô paulistano. No fundo, uma maracutaia, segundo informado, consumada nos governos tucanos, desde Covas-Alckmin e a passar por José Serra, que sempre se apresenta em panos de Varão de Plutarco mas já está identificado como tartufo.
 
Duas colocações, no particular. O povo está legitimado, pelo seu representante na chefia do governo (Alckmin), a buscar indenização pelos prejuízos. Só que o povo (leia-se também cidadão paulista) também está legitimado a buscar a responsabilização dos seus representantes que, ainda não se sabe se dolosamente ou por incompetência, permitiram as ‘maracutaias’.
 
Mais ainda, ainda não se sabe nada sobre o preço da corrupção, ou melhor, se foi para engordar carteiras e bolsos ou se para fazer caixa para campanhas eleitorais tucanas. Alckmin, ao anunciar a ação judicial, quer evitar o questionamento sobre a participação de todos os governadores nesse esquema. Ele quer se auto-absolver, sem que os cidadãos paulistanos percebam.
 
No direito administrativo, está patente que os secretários do governador são apenas agentes da sua autoridade. Todos os secretários de Alckmin e Serra agiam, atuavam, por delegação. Se abusaram e trapacearam por conta própria, fica claro que o (s) governador (res) foi inepto nas escolhas e fiscalizações.
 
Como se percebe, o governo Alckmin é pródigo no exercício de uma ética ambígua, que, certamente, seria reprovada pelo santo Josemaria Escrivá de Balaguer. E não se trata, como se informou ter acontecido no passado, de acordos com o chefão do Primeiro Comando da Capital (PCC). Refiro-me, agora, às declarações de que o governo Alckmin não vai rescindir os contratos com a Siemens e referentes a outras obras. Com efeito, a Siemens foi ‘bandida’ apenas em certa e determinada obra. Para as demais, não é bandida.
 
Num pano rápido, está patente a ética ambígua de Alckmin pois a Siemens, depois de admitir participação criminosa e os seus responsáveis livraram-se em face do instituto da delação premiada, continuará, por contratos cujo princípio básico é a confiança recíproca, a participar das realizações do governo Alckmin.
 
Foto: Tamires Santos / Governo de SP
 

CIA MANTEVE COLABORADORES DENTRO DA IGREJA CATÓLICA NO BRASIL

 


O auge dessa colaboração aconteceu entre os anos 1960 e 1985, no período prévio ao golpe militar de 1964 e durante toda a vigência da ditadura. Fontes de dentro da Igreja revelam que a CIA cooptou até assessores do ex-arcebispo do Rio D. Eugênio Salles, morto em 2012, com a missão de abastecer Washington com informações sobre a atuação das Ligas Camponesas do Nordeste. Por Dermi Azevedo
 
Dermi Azevedo – Carta Maior
 
A Agência de Inteligência dos EUA (CIA) espiona, desde os anos 60, todas as atividades da Igreja Católica Romana no Brasil, por meio de colaboradores diretos e indiretos. Os diretos são membros da Igreja que voluntariamente prestam serviços a essa. E os indiretos são assessores das pastorais católicas infiltrados pelo serviço secreto dos EUA em atividades eclesiásticas.

As informações são de diversas fontes da Igreja ouvidas pela reportagem, e que pediram para não terem seus nomes revelados.

O auge dessa colaboração aconteceu entre os anos 1960 e 1985, ou seja, no período prévio ao golpe militar de 1964 e durante toda a vigência da ditadura. Perdurou também essa vigilância durante a transição para a democracia e continua até hoje, tendo Brasília como a base principal das operações de espionagem.

Durante os anos 60, a principal base operativa da CIA na Igreja brasileira foi Natal, capital do Rio Grande do Norte. A operação fixou-se no Movimento Natal, liderado pelo ex-arcebispo do Rio de Janeiro D. Eugênio de Araújo Sales, que, nessa época, administrava a Igreja Católica em Natal.

A CIA cooptou assessores de D. Eugênio – principalmente estudantes e profissionais do campo das ciências sociais –, com a missão de abastecer Washington de informações sobre a atuação das Ligas Camponesas do Nordeste.

As ligas haviam sido criadas e dirigidas pelo socialista Francisco Julião, considerado um dos "inimigos públicos" do governo militar ao lado de Leonel Brizola, no Rio Grande do Sul, e de Carlos Marighella, na Bahia.

Um assessor da CIA monitorava todas as atividades dos bispos e das dioceses nordestinas. A vigilância estendia-se, porém, aos demais Estados, nas várias representações regionais da CNBB.

Na base potiguar a CIA era informada diariamente por assessores de D. Eugênio, que monitoravam inclusive as suas palestras e discursos. Mas esse controle também foi feito nos anos 70 e 80.

Na administração do arcebispo D. Nivaldo Mont, a agência costumava gravar sigilosamente todas as reuniões ordinárias e extraordinárias do episcopado. Entre elas, inclui-se uma palestra do então governador nomeado do Rio Grande do Norte Cortez Pereira.

Reunido com os bispos no Centro de Treinamento de Líderes da arquidiocese de Natal, na praia de Ponta Negra, Cortez fez críticas a um modelo de desenvolvimento que qualificou como excludente e elitista. No dia seguinte, foi intimado para comparecer a Recife, onde foi questionado pelo Comando Militar do Exército do Nordeste sobre seu pronunciamento.

A CIA acompanhou também o apoio da Aliança para o Progresso, instituída pelo presidente John Kennedy, a projetos ligados à igreja nordestina, principalmente dos setores rural e sindical nesse período. O Rio Grande do Norte recebeu a visita do Secretário de Justiça dos EUA, o senador Roberto Kennedy, irmão do presidente, e que também foi assassinado anos depois.

Além do apoio aos projetos sociais da Igreja, o Governo Kennedy também enviou várias toneladas de alimentos, que foram distribuídas em comunidades rurais potiguares. Foram também incluídas na lista de doações várias paróquias, inclusive o Seminário de São Pedro, principal escola de formação do clero norte-rio-grandense.
 
Fotos: EBC
 

GOOGLE E OUTROS DA INTERNETE ASSUMEM O NAZISMO DAS SUAS VIOLAÇÕES

 


Não se tome por ingenuidade a decisão dos internautas que defendem os boicotes às empresas norte-americanas ou outras que prestam serviços de internete de correio eletronico, redes sociais e similares porque todos sabemos que neste caldo de espionagem que se instalou a privacidade que é garantida contratualmente por esses prestadores de serviços é uma falácia. O respeito pelos direitos básicos dos cidadãos do mundo no que toca à internete e outras comunicações são vilmente espionados pelo império norte-americano sob falsos pretextos. Certo é que a mentalidade e práticas dos EUA raza já o nazismo, por isso ter perdido as noções de decência nesse capítulo em outros, muitos mais, que caracterizam aquilo a que já classificam os EUA de Império do Mal. Claro está que como é facilmente comprovado pela história – também este império vai implodir.
 
Enquanto tal não acontece devem os cidadãos do mundo tomar sua posição relativamente ao caso das violações de privacidade que as corporações norte-americanas (ou outras) tomam por normais e certas? Acreditamos que sim. Acreditamos que por razão de mostrar a correta contestação tais violadores devem ser boicotados nos serviços que pretsam. Em conformidade com a notícia que segue a Google no seu serviço Gmail até considera candidamente naturais as violações que pratica ao serviço do Império do Mal dirigido agora por Obama. Ou seja: os cidadãos do mundo devem ser todos espionados sem que um suporte legal de indole mundial seja respeitado sendo a violação da privacidade de cada um absolutamente admissivel, mesmo que se trate dos mais inocentes, honestos e pacificos cidadãos do mundo. Os EUA com esta atitude e mentalidade comprova que é uma nação doente em vias de destruição por ela própria causada. Por isso, como todos os outros impérios anteriores, acabará por se auto-destruir.
 
Boicotando
 
Pelas razões bastantes em termos de discordância vamos também boicotar o Gmail no que nos diz respeito e a exemplo do que fizemos com o Facebook, Skype e similares. Participaremos progressivamente no boicote a todos os serviços de internete norte-americanos ou outros que não respeitem a privacidade dos cidadãos nem os termos legais por que se deviam reger em vez de tomar a atitude de donos do mundo e dos seus cidadãos. Atitude que raza o nazismo, um extremismo fanático e doentio que é agora e cada vez mais prática dos EUA e que despoleta por parte dos cidadãos do mundo receios justificados em via desses extremismos ilegais e antidemocráticos que violam grosseiramente algo tão simples como os Direitos Humanos de que os EUA se dizem defensores mas que não passam de falsidades.
 
Por tudo que dá razão ao boicote, as violações do Império do Mal de Obama, e não por que tenhamos algo a esconder (nem poderiamos) – as nossas opiniões estão sempre aqui expressas publicamente - vamos boicotar o Gmail e outros serviços que a seu modo colaboram com este malvado Império do Mal que se está a sobrepor à razão, à justiça, à legalidade, à democracia, à privacidade, à paz. Informaremos sobre nossos novos contactos em devido tempo. (Redação PG – HS)
 
Google nega total privacidade a utilizadores do Gmail
 
A Google reconheceu em documentos judiciais que os utilizadores do serviço de correio eletrónico Gmail não devem ter "expectativas razoáveis" de que as suas comunicações são confidenciais.
 
A falta de privacidade do Gmail é salientada num texto de 30 páginas que foi apresentado na terça-feira pelos advogados da Google nos tribunais de San José, no norte da Califórnia, Estados Unidos, na sequência de uma queixa coletiva em que a empresa é acusada de espiar os internautas, informou na quarta-feira a imprensa norte-americana.
 
"A Google abre, lê e adquire ilegalmente conteúdo privado dos correios eletrónicos das pessoas", refere a denúncia apresentada em maio.
 
A empresa alega que esta batalha legal não tem fundamento e defende que as suas práticas se ajustam à lei vigente.
 
A Google realça que as leis federais sobre escutas isentam de responsabilidade as empresas dedicadas a comunicações eletrónicas se os utilizadores aceitarem que as suas mensagens sejam intercetadas, como é o caso dos utilizadores do Gmail quando abrem uma conta.
Um dirigente da organização Consumer Watchdog afirmou que a Google "admitiu finalmente que não respeita a privacidade" e exortou todos aqueles que pretenderem manter as suas comunicações em privado a não utilizarem o Gmail.
 
Fonte: Agência Lusa
 

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