sábado, 20 de abril de 2013

Portugal: O CONSENSO DA DESGRAÇA




Carvalho da Silva – Jornal de Notícias, opinião

"Consenso" é a nova palavra mágica para a "salvação nacional". O ministro Poiares Maduro, académico chegado ao Governo há poucos dias, repetiu a palavra "consenso" 12 vezes na conferência de Imprensa da passada quinta-feira.

Passos Coelho é chamado pela troika e pelo presidente da República a reunir com o secretário-geral do Partido Socialista (PS) para procurar construir compromissos e consenso. Alguns grandes empresários e banqueiros, com Ricardo Salgado à cabeça afirmam, "com sentido de Estado", a necessidade de consenso. Ferreira de Oliveira, em defesa do consenso cita um grande poeta, para convocar a emergência da "ética da responsabilidade sobre a ideologia".

A RTP coloca a palavra consenso a encher o ecrã. Não há deputado "responsável" da Direita que não reclame consenso. Muitos dos principais programas das rádios e televisões debatem afanosamente o "necessário consenso".

Paulo Portas, em nome do consenso namora o Partido Socialista (PS), procurando engajá-lo para o imediato. E, com forte "sentido de Estado", defendendo "o interesse nacional", vai tentando assegurar presença no poder para o futuro. Algumas "personalidades" do PS respondem com encantamento, na perspetiva de poder estar ali a muleta para se guindarem à governação.

Aliás, no PS vária gente, incluindo ex-ministros de Sócrates - com discursos em contramão face ao que diz atualmente o seu ex-chefe - mostra gostar muito desse consenso. Uma sua ex-ministra defendia há dois dias, num programa de rádio, que é preciso "substituir a ideologia pelo pragmatismo". Acordem! Nós estamos mesmo perante grandes problemas. Não há soluções com as políticas que nos conduziram ao descalabro.

Os denominadores comuns e compromissos indispensáveis para construir respostas a uma situação dramática, como a que o país vive, exigem identificação e exposição de programas e valores. Há que confrontar as ideologias que marcam a vida e o funcionamento das sociedades.

Aquele consenso significa, no imediato, uma operação de aprisionamento do Partido Socialista, e das suas áreas de influência, ao fatídico Memorando e às políticas de austeridade, confirmando-as como inevitáveis e, por consequência, ao fecho da 7.ª avaliação da troika, entidade que parece comandar a chantagem. No plano estratégico, procura assegurar que o PS alinhe na destruição do Estado social, no processo de alimentar os credores e os agiotas por décadas, no ataque à Constituição da República e à soberania nacional.

O plano em curso não tem por objetivo responder aos problemas do desemprego, da pobreza, da emigração forçada, das injustiças, da ausência de um projeto de desenvolvimento do país. Visa sim manter Portugal submetido a uma brutal austeridade e empobrecimento do povo e servir os interesses de políticas europeias desastrosas.

Sem dúvida vivemos tempos de muita malvadez à solta. Há razões que até parece serem só do entendimento do diabo. Quando relatórios e figuras do FMI expressam duras condenações das políticas de austeridade que têm sido seguidas, quando surgem no Mundo fortes críticas ao perigoso rumo que a Alemanha está a impor à União Europeia, quando é posta a descoberto a falsidade dos estudos científicos que sustentaram as políticas de austeridade, porquê insistir nela?

Os que defendem o dito consenso como maneira de sustentar e gerir melhor as políticas de austeridade são, em grande parte, os mesmos que mentiram sobre a origem da dívida e dos problemas do país, que encobriram roubos, que responsabilizaram o povo, que reclamaram a vinda da troika como entidade salomónica, que saudaram os roubos a trabalhadores e reformados, que justificaram políticas desastrosas, que afirmaram a austeridade como inevitável e purificadora, que endeusaram o Memorando, que caluniaram quem reclama uma honesta renegociação da dívida.

É inegável que existe hoje uma forte tensão entre a construção da esperança e o falar verdade. Mas o caminho é falar verdade. Desde logo, sobre as bases em que se pode construir a esperança, e depois, sobre os reais desafios que se colocam aos portugueses, no plano interno e no plano europeu, na decorrência da limpeza a que hão de ser sujeitas ruinosas opções estratégicas que foram seguidas.

Portugal: PCP ACUSA GOVERNO E FMI DE PREPARAREM NOVO PROGRAMA DE EXTORSÃO




Jornal de Notícias

O secretário-geral do PCP acusou, este sábado, o Governo e o FMI de estarem a preparar um novo programa de "extorsão e terrorismo social" usando o chumbo do Tribunal Constitucional como justificação "oportuna" para "mentir e chantagear" o país.

Nas Caldas das Taipas, Guimarães, a discursar na 9ª Assembleia da Organização Regional de Braga do partido, Jerónimo de Sousa acusou também o PS de "encenar" oposição ao Governo e de "manter vivo um Governo moribundo para capitalizar" vantagens.

O líder comunista disse ainda que o "novo assalto", que o Governo e a troika pretendem pôr em marcha sob "a capa" da reforma do Estado estava "há muito em carteira" pelo que, defendeu, existe uma "inadiável exigência" da demissão do Governo PSD/CDS.

Segundo Jerónimo de Sousa, o executivo de Passos Coelho e a troika "preparam-se, neste momento, para relançar um novo processo de extorsão das classes e camadas populares e do país a favor dos grandes grupos económicos monopolistas, da agiotagem e da especulação financeira".

Para o líder do PCP, o corte anunciado de 4 mil milhões de euros nas funções sociais do Estado é um "novo programa de terrorismo social", apresentado "sob a capa de uma chamada reforma do Estado", que estava "na carteira já há meses através do relatório do FMI, trabalhado e combinado entre governo e a troika estrangeira".

"Decisão do Constitucional foi o momento oportuno"

O secretário-geral comunista apontou ainda que faltava "apenas o momento oportuno" para "acelerar a sua marcha", o que, disse, foi visto na decisão do Tribunal Constitucional sobre o Orçamento de Estado de 2013.

"Quiseram fazer crer que a decisão do Tribunal Constitucional e a própria Constituição eram a causa de todos os problemas que o país enfrenta. Viram nela o momento ajustado para lhe dar projeção, justificar e desencadear a mais descarada operação de mentira e chantagem a que o país assistiu nos últimos tempos", acusou.

O PS foi também alvo de críticas por parte de Jerónimo de Sousa, que acusou os socialistas de "jogar na encenação" ao "encenar" ser uma "força" da oposição.

No entanto, apontou, "o PS efetivamente age para manter vivo um governo politicamente moribundo a pensar apenas como pode capitalizar o mal e o sofrimento que está a ser imposto ao País".

"Inadiável exigência de demissão deste governo"

O líder do PC voltou, então, a defender que Portugal enfrenta uma "inadiável exigência de demissão deste governo do PSD/CDS", fazendo um apelo aos portugueses.

"Façam os apelos que fizerem ao consenso nacional para impor os novos roubos que preparam aos trabalhadores e ao povo, não há razão para manter este governo que conduziu o país para uma situação calamitosa e que pior ficará, se continuar este Governo à frente do país", defendeu o líder do PCP", referiu.

Assim, o responsável máximo pelo PCP terminou a lembrar que a "luta não pode parar" até "á derrota" do Governo.

"É preciso fazer do 25 abril e do 1º de maio grandes jornadas de luta, contra esta política e de exigência de uma política que sirva o povo e o país", apelou.

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ABUSOS FINANCEIROS DE FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS E POLÍTICOS ANGOLANOS




Fraude em Altas Posições do Contrato Corrupto da Divida de Angola à Rússia

Arão Ndipa - Voz da América

LUANDA — A semana que hoje termina ficou marcada por mais um caso de justiça envolvendo altas figuras do regime angolano cujos processos podem exigir recursos aos instrumentos do direito internacional.

Trata-se da apresentação de mais uma queixa crime, que numa primeira fase deu entrada junto da Procudaoria Geral Federal Suiça e, esta semana a Procuradoria Geral da República de Angola tambem registou a entrada de processo semelhante.

Em causa está o relatorio divulgado em Luanda pela Associação Mãos Livres cuja investigação contou com a parceria de peritos ligados à Corretional Watch de um grupo de defensores anti corrupção com sede em Londres.

No aludido relatório, com 170 páginas, intitulado Fraude em Altas Posições do Contrato Corrupto da Divida de Angola à Rússia, os subscritortes revelam abusos financeiros extraordinários por parte de funcionários publicos e politicos Angolanos, também fornece uma nova persspectiva sobre o papel dos intermediários financeiros, ostensivamente respeitáveis que fizeram parte do negócio que custou aos cofres do país mais de 700 milhões de dólares, entre 1996 a 2012.

A Associação Mãos Livres exige do ministério público de Angola a protecção das testemunhas citadas no relatório, intitulado, fraude em altas posições: o contracto corrupto da dívida de Angola à Rússia.

Para nos falar sobre o assunto, ouvimos o advogado David Mendes e o secretário-geral do Bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes. 


Angola: DECLARAÇÕES DE ISABEL DOS SANTOS CAUSAM CONTROVÉRSIA




Manuel José – Voz da América

Onde está a galinha dos ovos de ouro? Interroga activista

A riqueza dos filhos do presidente Angolano José Eduardo dos Santos está a provocar celeuma depois de Isabel dos Santos, filha do chefe de estado, ter afirmado que iniciou a sua carreira como empresária a vender ovos aos seis anos de idade.

O jurista David Mendes que tem denunciado a corrupção em Angola recebeu as declarações com humor afirmando que gostaria de saber “ o paradeiro das galinhas dos ovos de ouro”.

"A galinha deu ovos de ouro para uma pessoa e depois mataram a galinha para que ninguém mais ficasse milionário,” disse David Mendes.

“Temos que recuperar esta galinha, para que todos nós sejamos milionários," acrescentou.

O professor universitário e comentarista da rádio Eclésia, Celso Malavoloneke considerou que as declarações da filha do presidente ferem a sensibilidade dos angolanos, afirmando que a sua declaração parece indicar que “está a brincar com as pessoas”.

Malavoloneke disse que  se deviam dar   explicações concretas “sobre as verdadeiras origens dos dinheiros dos nossos ricos”.

Outra filha do presidente "Tchizé" dos Santos disse que a sua fortuna não atinge os números que se diz.

"A Doutora Tchizé dos Santos e outros endinheirados se quiserem realmente contribuir para uma paz social, deviam partilhar com os angolanos a origem das suas riquezas," acrescentou Malavoleneke.

Contudo a analista da Luanda Antena Comercial, Rosa Roque, chama a atencão das pessoas para não olharem para os milionários como se fossem inimigos.

"Parece que o rico é inimigo, tem que haver iniciativa, luta para se conseguir sucesso," disse 


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Brasil: A CAÇA A JOSÉ DIRCEU




A condenação política de José Dirceu já foi feita em 2005. Independentemente das críticas políticas que possamos ter às escolhas do PT antes e depois de sua chegada ao poder, cedo ou tarde todos teremos que entender o que está em jogo. É o precedente de um julgamento de exceção em plena democracia.

Lincoln Secco - Especial para o Viomundo - Carta Maior

O filme A Caça, do cineasta dinamarquês Thomas Vinterberg, retrata um professor de educação infantil falsamente acusado de molestar sexualmente as crianças da escola em que ministra suas aulas. Mesmo depois de inocentado, ele continuará a sofrer em sua cidade com a reprovação social de atos que nunca cometeu.

Diante de um filme tão lancinante assim, lembramos logo do caso da Escola Base em São Paulo, cuja distância temporal nos dá o conforto de que o fato não nos diz respeito. Porém, nós temos um acontecimento igualmente difícil para nos posicionarmos. Diante dele, a maioria atira as pedras da covardia e os demais se calam. Ousar discordar de quase tudo o que foi veiculado até se tornar “verdade” é quase um ato de insanidade intelectual e política.

José Dirceu foi sentenciado pelo Supremo Tribunal Federal num julgamento viciado desde o início. Só o calendário eleitoral adotado pelo tribunal, condenando o réu às vésperas do primeiro e do segundo turno das eleições já seria suficiente para desvelar a natureza política do julgamento.

Recentemente, Dirceu ofereceu uma denúncia contra um dos ministros que o teria procurado para pedir apoio à sua indicação àquela corte. Este juiz não se declarou impedido de participar da famigerada ação penal 470.

Ninguém achou estranho. Mas a mesma compreensão não teve o Ministro Toffoli, ex-advogado do Partido dos Trabalhadores. Que um seja colocado sob suspeição e outro não, é algo que só a grande imprensa opinativa pode esclarecer.

Quando o réu Marcos Valério acusou o ex-presidente Lula, o Procurador Geral da República encaminhou as denúncias à justiça de Minas Gerais. Quando Dirceu acusou o referido Ministro pedinte, o procurador desqualificou-o por ser réu! O PT tratou o caso com o termo “incoerência”.

Ledo engano. Trata-se da mais perfeita coerência de uma ação política que visa tão somente desmoralizar um partido e é surpreendente que ações tão escandalosas não mereçam repúdio veemente. Se a mais alta corte do país declara que houve compra de votos para aprovação de leis pelo Congresso Nacional, todas as votações desde 2003 deveriam ser simplesmente anuladas!

A condenação política de José Dirceu já foi feita em 2005. Não importa que o jornalista Raimundo Pereira, debruçado sobre o caso desde aquela época, autor de um livro sobre o tema, demonstre cabalmente a inconsistência das acusações. E que a malfadada Teoria do Domínio do Fato, cujo uso brasileiro e casuístico foi desautorizado pelo próprio autor alemão, tenha substituído as provas, também não deve nos incomodar.

Independentemente das críticas políticas que possamos ter às escolhas do PT antes e depois de sua chegada ao poder, cedo ou tarde todos teremos que entender o que está em jogo. É o precedente de um julgamento de exceção em plena democracia.

*Lincoln Secco é professor do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. 

Artigo publicado originalmente em Viomundo

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O QUE THE ECONOMIST NÃO DIZ SOBRE A INFLAÇÃO




Crítico do Banco Central do Brasil e do que chama de “interferência” do governo de Dilma Rousseff, o semanário britânico esquece de mencionar que o totem anti-inflacionário que hegemonizou o pensamento econômicos desde o monetarismo de Ronald Reagan e da recentemente falecida Margaret Thatcher, está em crise. Este totem fez toda a política econômica girar em torno de um objetivo único: a inflação. Mas hoje os próprios países centrais estão fracassando na obtenção desse objetivo ou estão o abandonando de forma deliberada. A análise é de Marcelo Justo.

Marcelo Justo - Carta Maior

Londres - “Um banco central sabe que perdeu as rédeas das expectativas inflacionárias quando se converte em objeto de piadas”. Assim começa a nota publicada nesta sexta-feira pelo semanário britânico “The Economist” sobre a política inflacionária brasileira. O centro das brincadeiras é o preço do tomate. “As redes sociais têm caricaturas de ladrões de banco fugindo com bolsas carregadas de tomates e ganhadores da loteria banhando-se em molho de tomate”. Segundo a revista, o serviço aduaneiro brasileiro indicou que os contrabandistas paraguaios acrescentaram tomates argentinos ao seu estoque de drogas, cigarros e produtos eletrônicos.

O semanário é muito crítico do Banco Central do Brasil e da “interferência” do governo de Dilma Rousseff. “Os preços subiram cerca de 6,6%, muito acima do objetivo oficial de 4,5%. Finalmente as zombarias obrigaram o banco a mudar de política. No dia 17 de abril, o Banco Central subiu a taxa de juro em 0,25%”. Segundo disseram ao semanário “analistas de mercado”, o atual índice de 7,5% seguirá subindo até chegar a 8,5% no final do ano.

“Uma razão pela qual o Banco Central não mudou durante muito tempo as taxas de juros foi porque pensava que a pressão sobre os preços se devia a questões passageiras. Os economistas ortodoxos se sentem hoje reivindicados por suas previsões de que os ajustes automáticos feitos nos salários, alugueis, honorários profissionais e muitas outras coisas (um legado da hiperinflação do passado) iriam ter um impacto generalizado nos preços.

A análise enviesada do semanário esquece de mencionar que o totem anti-inflacionário que hegemonizou o pensamento econômicos desde o monetarismo de Ronald Reagan e da recentemente falecida Margaret Thatcher, está hoje em crise. Este totem fez toda a política econômica girar em torno de um objetivo único: a inflação. Mas hoje os próprios países centrais estão fracassando na obtenção desse objetivo ou estão o abandonando de forma deliberada porque o consideram contraproducente. Vejamos.

No Reino Unido desde dezembro de 2009 não se alcança a meta inflacionária do Banco da Inglaterra de 2% anuais. Segundo indicou dia 16 de abril o Escritório Nacional de Estatísticas, a inflação em março foi de 2,8% e o Banco da Inglaterra reconheceu que terá que esperar até 2016 para poder alcançar novamente o objetivo de 2%. Dado que essa é uma promessa para o futuro que o Banco vem fazendo desde 2009 (promessa que vai esticando anualmente os prazos), suas projeções perderam credibilidade.

Nos Estados Unidos, a Reserva Federal deixou claro que seu objetivo primordial no momento é baixar o desemprego (7,6% em sua última medição nesta sexta-feira) e não a inflação (2,4%). No Japão, a política do novo governo de Shinzo Abe é deliberadamente inflacionária. O Banco Central variou seu objetivo de uma inflação de 1% por outro mais importante: evitar a deflação (queda de preços que engole lucros e leva a desinvestimento e bancarrotas), corda no pescoço que a economia japonesa carrega. Segundo o economista Hamish Mc Era, editor associado do “The Independent”, todos os países centrais abandonaram a política de metas inflacionárias que a “The Economist” segue idolatrando.

“As metas inflacionárias são hoje uma ferramenta que perdeu toda credibilidade. Ninguém quer dizer, mas os fatos mostram que ela foi abandonada no Reino Unido, nos Estados Unidos e Japão. A única exceção é o Banco Central Europeu (BCE)”, escreveu nesta sexta Mc Rae no “The Independent”.

Nada melhor que a exceção para confirmar os efeitos nefastos da regra. A política ultra-ortodoxa do Banco Central Europeu (dominado pela Alemanha que vive sob a sombra traumática da hiperinflação dos anos 20 que abriu a porta ao nazismo) fez com que se mantivessem taxas de juros altas na época prévia ao estouro de 2008 e que, mesmo nos dois anos seguintes, insistisse em fazer da inflação o objeto central de sua política. Se nos anos prévios à queda do Lehman Brothers essa política bloqueou o crescimento de muitos dos 17 países que formam a zona do euro, nos anos seguintes representou o salva-vidas de chumbo que seguiu afundando as economias.

As taxas finalmente baixaram e hoje estão em um mínimo histórico, ainda que acima das registradas nos EUA e no Reino Unido. Não aconteceu nada com a inflação, mas o crescimento europeu, estagnado pela debacle financeira e pelas dívidas fiscais que deixou, não responde. Como disse certa vez o falecido comandante Hugo Chávez, “esse não levanta nem com Viagra”.

Tradução: Katarina Peixoto

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EUA: COMO EVITAR A PIOR RESPOSTA AO TERROR




Novamente atingido, país pode amedrontar-se e restringir liberdades que marcaram sua história. É o que planeja quem praticou atentados

Bruce Schneifer, no The Atlantic – Outras Palavras - Tradução: Antonio Martins

À medida em que os detalhes sobre as bombas de Boston aparecem, é fácil ficar apavorado. Seria fácil sentir-se impotente e reivindicar de nossos líderes eleitos algo – qualquer coisa – capaz de nos fazer sentir seguros.

Seria fácil, porém errado. Devemos sentir raiva – e empatia com as vítimas – sem, contudo, nos aterrorizar. Nosso medo é o que os terroristas mais desejam. Ele iria ampliar sua vitória, quaisquer que sejam seus objetivos, quem quer que sejam eles. Não precisamos nos sentir impotentes, nem amedrontados. Temos todo o poder, e há uma atitude a adotar, para tornar o terror ineficaz: a recusa a ficar aterrorizado.

É difícil, porque o terrorismo é concebido exatamente para amedrontar as pessoas – muito além das proporções do perigo real. Uma vasta pesquisa sobre o medo e o cérebro ensina que tendemos a exagerar as ameaças que são incomuns, espetaculares, imediatas, aleatórias – neste caso, envolvendo até crianças – sem sentido, horríveis e escandalosas. O terrorismo pressiona todos os botões do medo, com força, e tendemos a exagerar a reação.

Nossas mentes não devem nos enlouquecer, Ainda que as notícias perdurem por semanas, é preciso reconhecer as coisas como são: foi um evento raro. Esta é a definição precisa de notícia: algo incomum – neste caso, algo que quase nunca acontece.

Basta lembrar o pós 11 de Setembro, quando muitos previram que ataques semelhantes ocorreriam com frequência. Nunca se repetiram, e não foi porque as autoridades aeroportuárias passaram a confiscar facas, nos aeroportos. O FBI desarticulou, de fato, redes terroristas e cortou seu financiamento, mas as ameaças também eram exageradas. A TV e o cinema sugerem que é fácil explodir qualquer coisa. Na verdade, promover atos terroristas é muito mais difícil do que a maioria das pessoas crê. Novamente atingido, país pode amedrontar-se e restringir liberdades que marcaram sua história. É o que planeja quem praticou atentados É difícil de encontrar gente disposta a praticá-los; organizar um plano entre elas; encontrar os materiais necessários; fazer tudo funcionar. Como grupos coletivos, os terroristas são estúpidos, e cometem erros bizarros. Os grandes cérebros do terror são outro mito dos filmes e dos livros e das histórias em quadrinhos.

Os terroristas do 11 de Setembro tiveram sorte.

Se é difícil para nós ter isso em mente, será ainda mais árduo para nossos líderes. Eles temerão que, se forem honestos sobre a impossibilidade de garantir segurança absoluta, sobre a inevitabilidade do terrorismo, ou sobre a importância de defender alguns dos ideais norte-americanos mesmo diante de adversidades, serão rotulados como “dóceis diante do terror”. E temerão o voto contrário dos norte-americanos. Talvez estejam certos, mas onde estarão os líderes destemidos? Onde foi parar a ideia segundo a qual “a única coisa a temer é o próprio medo”.

O terrorismo, mesmo o dos grupos islâmicos radicais, dos extremistas de direita e de agentes solitários, não é uma “ameaça existencial” contra nossa nação. Mesmo os eventos de 11/9, embora muito horrendos, não produziram dano existencial à nação norte-americana. Nossa sociedade é mais robusta do que parece, pela leitura dos jornais. Precisamos começar a agir levando isso em conta.

Há atitudes que podem nos tornar mais seguros, a maior parte dos quais relacionada a investigação, inteligência e respostas emergenciais. Mas nunca seremos 100% seguros, diante do terrorismo. É algo que precisamos aceitar.

O sucesso deste ataque depende muito menos do que ocorreu em Boston de que das nossas reações nas próximas semanas e meses. O terrorismo não é, principalmente, um crime contra pessoas ou propriedades. É um crime contra nossas mentes, que se serve das mortes de inocentes e da destruição de propriedade como cúmplices. Quando reagimos orientados pelo medo, mudamos nossas leis e políticas para tornar nosso país menos aberto. Nesse caso, os terroristas vencem, mesmo que seus ataques fracassem. Mas quando nos recusamos a ser aterrorizados, quando não recuamos diante da face do terror, os terroristas fracassam, ainda que seus ataques tenha êxito.

Não vamos glorificar os terroristas e suas ações, considerando-as parte de uma “guerra contra o terror”. Guerras envolvem duas partes legítimas. Neste caso, há apenas uma parte legítima; na outra, estão criminosos. Eles devem ser encontrados, presos e punidos. Mas precisamos ser vigilantes para não enfraquecer as liberdades que tornam os Estados Unidos grandes, simplesmente porque estamos amedrontados.

Realçar o que ocorreu, mas não se aterrorizar. Ser destemido – e apoiar os líderes que também são. É a forma de derrotar os terroristas.

*Bruce Schneider é escritor e especialista em segurança. Mantém um blog, que pode ser lido aqui

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ONDE ESTÃO OS PORTUGUESES DO OFFSHORELEAKS?




Paulo Gaião – Expresso, opinião

O WikiLeaks foi uma torrente mas bem espremido não aqueceu nem arrefeceu o mundo. Já o Offshoreleaks pode ser o vazamento do século mas parece fechado a sete chaves.

Passou quase um mês desde que foi anunciado. Mas até agora pariu um rato.

Que nomes sonantes apareceram? O tesoureiro de campanha de François Hollande, a mulher de um governante russo, as filhas do presidente do Azerbaijão. OK. E onde estão os outros 130 mil?

Por exemplo a nata europeia. Políticos, banqueiros, gestores, homens de negócios e do jet jet da pesada.  

No que respeita a Portugal, onde estão os nomes dos envolvidos?

É estranho que uma investigação com dados que são 160 vezes superiores em gygabytes ao do Wikileaks, abrangendo 120 mil contas secretas em mais de 170 países e cerca de 130 mil indivíduos esteja neste impasse.

Tudo se deve à complexidade da investigação, mais difícil que o Wikileaks?

Estão a surgir entraves do mundo político e financeiro?

Qual foi a estratégia do Consórcio Internacional de Jornalistas, abrangendo vários jornais de topo no mundo, em lançar no início peixe mais miúdo (e mais óbvio) e agora deixar o assunto em banho-maria?
       

Portugal: PSD, UMA “SEITA FECHADA PARA OS SEUS” – escreve Pacheco Pereira




José Pacheco Pereira - Abrupto

OS ENORMES ESTRAGOS FEITOS AO PSD (1)

Como Sócrates fez ao PS, mas agora numa dimensão muito mais vasta, o governo Passos Coelho, construído por Relvas, e comandado por Gaspar, está a destruir o PSD para muitos e bons anos. O recente voto de louvor aprovado quase por unanimidade a Miguel Relvas é um exemplo do divórcio dos dirigentes do partido com o país, um verdadeiro acto de seita fechada para os "seus", sem nenhuma consideração com o que o pensam os portugueses e muitos e muitos milhares de militantes e simpatizantes do PSD. 

O sinal é que quando se está "dentro" e se vem de "dentro", pode-se fazer o que se quiser sem qualquer sanção, bem pelo contrário, com louvor. Dias Loureiro, Duarte Lima, Arlindo de Carvalho, nunca foram, nem serão sancionados por dentro, onde todos puderam manter carreiras políticas mesmo depois de haver uma severa condenação pública aos seus actos, antes ou depois de haver consequências legais. As excepções como Isaltino de Morais, ou Valentim Loureiro, não os divorciaram da sua base partidária, que levaram consigo no plano autárquico, mantendo cumplicidades e apoios. No PSD não há sanção política para as malfeitorias de quem está ou vem de "dentro", em contraste com leis da rolha, e hostilidade à livre opinião.

OS ENORMES ESTRAGOS FEITOS AO PSD (2)

Faça-se a justiça de dizer que as raízes dessa destruição já vem de antes. Cavaco, Barroso, Santana Lopes e Menezes ajudaram muito a um processo simultâneo de aparelhizaçao e descaraterização política do partido, que de um modo geral actuam em conjunto. Perda de identidade política-ideológica, de modo a abrir caminho a todas as manobras de sobrevivência do aparelho e às suas carreiras, é um processo que caminha a par e par. A tentação que Loureiro passou a Cavaco de um discurso de back to basics, de "Deus, Pátria e Família", o culto de personalidade pessoal do "menino guerreiro", a displicência de Barroso e Lopes com um PSD classificado como de "direita", são precursores do processo de revisão constitucional de Teixeira Pinto / Passos Coelho, e do abandono flagrante de toda a tradição social-democrata no PSD de Passos. 

Tudo se abandonou: desde a noção meta-política da "dignidade humana", ao valor ético do trabalho, substituídos por um discurso economês e uma prática de voltar costas à classe média, esteio do partido, e ao seu core de self made man, entregues ao desemprego estrutural, à destruição do tecido das pequenas e médias empresas, e a todos os mecanismos que deveriam garantir, na tradição social-democrata, a mobilidade social para cima e não o empobrecimento para baixo. Se se tratasse apenas de identificar um processo tido como inevitável, ou uma impotência de momento, não se admitiria, mas compreenderia. Mas não, este "ajustamento" é visto como uma simultânea punição da classe média e um instrumento de "libertação" da sociedade que nada mais é do que uma co-gestão governativa com a troika e a banca, cuja única racionalidade é a interiorização dos interesses dos credores. Do programa genético do PSD, ou da sua tradição com origem a Sá Carneiro, já quase que não há nada no topo do partido. Estamos no período do "programa da troika é o programa do PSD", como disse Passos. Mas não é.

OS ENORMES ESTRAGOS FEITOS AO PSD (3)

As excepções a este processo de aparelhização, umas indo mais longe, outras não, foram Marcelo, Marques Mendes e Manuela Ferreira Leite. De todos eles, foi Marcelo que tomou as medidas mais profundas, permitindo e incentivando a "refiliação" conduzida por Rio. Este processo foi o único momento na história partidária dos últimos vinte anos em Portugal em que, de forma consciente e deliberada, se tentou pôr termo ao processo de aparelhização dos partidos, cujos efeitos perversos para a democracia estão hoje à vista de todos. Marcelo acabou por ceder às pressões de Menezes e Valentim Loureiro, e dos seus aliados no interior do PSD e, pouco a pouco, todas as medidas de moralização partidária e de "verdade" interna, acabaram por ser travadas e depois diluídas, delas nada restando. 

Marques Mendes, que vinha do aparelho e o conhecia muito bem, também compreendeu que o caminho que o PSD estava a tomar o afastaria da sociedade e sabia que a sucessão de casos de corrupção, principalmente a nível autárquico, eram devastadoras para a imagem nacional do PSD. O autarca X ou Y podia ganhar todas as eleições possíveis, mas fazia enormes danos à credibilidade nacional do partido e fazia-o perder muito mais votos a nível nacional. Mesmo que fosse apenas por um cálculo político de perdas e vantagens, - e não foi, - Mendes não agravou a situação, bem pelo contrário. Acabou por cair, pelas mãos de Menezes, que foi o desastre de todos conhecido, e o verdadeiro símbolo da "honra perdida" do PSD. 

Manuela Ferreira Leite não foi, em matéria partidária, reformista, não só porque teve pouco tempo, estava cercada por uma fracção organizada por Menezes, Relvas e Passos Coelho mas também porque tinha o seu aparelho manchado de vícios de aparelhismo. Mas Manuela Ferreira Leite supriu essa limitação por um discurso nacional corajoso, anti-situacionista e que "deu razão" ao PSD no plano político.

OS ENORMES ESTRAGOS FEITOS AO PSD (4)

Está o PSD irremediavelmente perdido no seu papel histórico na sociedade e espaço político português como partido do centro-esquerda e centro-direita, associando numa combinação única em Portugal, o liberalismo político, o personalismo, e a ideia de justiça social, apoiado no dinamismo social da classe média e na mobilidade vertical da pobreza para uma vida digna, e dentro dessa vida digna numa melhoria constante de expectativas, um partido de tradição reformista, moderado, laico, patriótico sem ostentação nacional, europeu sem ser europeísta, com que milhões de portugueses muitas vezes se identificaram? Penso que ainda não, mas os riscos são muitos. Mas uma coisa é para mim certa: todos os que votaram o "louvor" a Relvas estão activamente a cavar-lhe a sepultura.

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Portugal: DESABAFO INDIGNADO




Nuno Saraiva – Diário de Notícias, opinião

O que verdadeiramente indigna nos tempos que correm é a frieza, a insensibilidade, o descaramento e a desfaçatez. Já não vale sequer a pena repisar as mentiras ou a incompetência evidentes de quem governa, porque, sobre isso, já quase tudo se disse.

Ontem, na Assembleia da República, entre o namoro ao Partido Socialista e as contradições sobre a austeridade, Pedro Passos Coelho afirmava - sem se rir - que "estamos melhor hoje do que há dois anos". Não sei se essa é a realidade do primeiro-ministro, nem me interessa. O que verdadeiramente importa notar nesta constatação é a cegueira obsessiva do chefe do Governo com o dogma do "regresso ao mercado", ignorando por completo o rasto de destruição que consta do seu balanço político. Passos Coelho faz lembrar aquele ministro da propaganda iraquiano que, em Bagdad, com os tanques americanos atrás de si, continuava a berrar, contra todas as evidências, que o inimigo estava a ser dizimado.

Vejamos, pois, os factos. Em julho de 2011, a taxa de desemprego registada era de 12,3%. De acordo com o boletim de fevereiro deste ano do Eurostat, a cifra de desempregados em Portugal é a mais alta de sempre, atingindo os 17,5%. Em 2011, o montante da dívida pública era de 185,2 mil milhões de euros, que correspondiam a 108,3% do produto interno bruto (PIB). Em fevereiro deste ano, a trajetória continua a ser ascendente e significa já 126,3% do PIB, o que equivale a 209 mil milhões de euros. O défice, é certo que com recurso a receitas extraordinárias, fechou em 2011 nos 4,4%. No ano seguinte, fixou-se nos 6,4%. E, este ano, o valor estimado e contratado com os nossos credores após sucessivas revisões das metas é de 5%. As exportações, em 2011, conseguiram, apesar da crise internacional, um crescimento de 7,5%. As previsões do Governo para este ano são de uma subida de 0,8% das vendas ao exterior, o que quer dizer um arrefecimento brutal e, portanto, estagnação. Em 2011, Portugal registava um crescimento negativo de 1,7% do PIB. Dois anos depois, para 2013, as previsões apontam para uma recessão ainda maior, a que corresponde uma contração do PIB na casa dos 2,3%. Há dois anos, a fatura total de juros a pagar pelos portugueses a quem nos empresta dinheiro era de 6,9 mil milhões de euros. Em 2013, o valor aumenta e nós teremos de desembolsar, só de juros, 7,2 mil milhões a serem entregues aos credores. Isto para já não falar da espiral recessiva de que não se falava em 2011, do número de falências, da destruição de emprego e da economia, das novas bolsas de pobreza ou da fome "à séria" (tal como Passos Coelho disse ter havido nos anos 80) que existem hoje, da emigração ou das metas constantemente falhadas e incumpridas e que nos levam a constatar que todos os sacrifícios a que temos estado sujeitos têm sido em vão.

Porém nada disto importa a quem governa porque o fim do "regresso ao mercado" nos prazos previstos parece justificar todos os meios para que a meta, qual alfa e ómega da governação, seja alcançada. É verdade que os mercados desconfiam hoje bastante menos de nós do que em 2011. As taxas de juro associadas às obrigações do Tesouro emitidas a dez anos estão hoje nos 6,3%. Há dois anos, pouco antes de Portugal ter solicitado o resgate financeiro, as rendibilidades negociadas com os investidores para a mesma maturidade superavam os 10%.

Desse ponto de vista, e só desse, estamos de facto melhor do que em 2011, mas por exclusiva responsabilidade do BCE. Mas de que nos serve a credibilidade e a obediência cega ao dogma financeiro - mesmo que saibamos hoje que a folha de cálculo, o sacrossanto Excel, em que assentam os programas de austeridade do FMI está errada - se continuamos subservientes, submissos, sem soberania económica e financeira, incapazes de renegociar o óbvio apenas porque sim e, tão ou mais grave do que tudo isto, parecemos estar hoje mais perto do que nunca da tragédia de um segundo resgate?

Não sei se Passos Coelho, Vítor Gaspar, Durão Barroso, Christine Lagarde ou Mario Draghi comem credibilidade e juros da dívida. Mas o que sabemos, e à nossa custa, é que tal como "a intriga", a "retórica inflamada" ou "as jogadas políticas", também a benevolência dos mercados não acrescenta um cêntimo, nem cria emprego.

Já agora, o primeiro-ministro diz que não é "uma nova dose [de austeridade] que está na forja". E diz a seguir que "as medidas que aí vêm vão causar mais dor social ao País." Afinal, em que ficamos?

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Portugal: CENTROS DE EMPREGO REGISTAM 85 NOVOS DESEMPREGADOS POR HORA




Jornal de Notícias

Cerca de 63 mil pessoas inscreveram-se em março nos centros de emprego, que já contam com 734 mil desempregados, revela o Instituto de Emprego, que registou uma diminuição de cinco mil desempregados em relação a fevereiro.

Segundo os dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), em março inscreveram-se nos centros de emprego 63.494 desempregados, ou seja, uma média de 85 pessoas por hora.

No final do mês, estavam inscritas 734.448 pessoas, mais 11% do que há um ano.

Apesar dos números elevados, as contas do IEFP mostram que houve uma diminuição de menos 5.163 desempregados em relação a fevereiro.

Um em cada três desempregados recorreu aos centros de empregos porque tinha chegado ao "fim o trabalho não permanente", seguindo-se os "despedidos" (15,6% do total de inscritos em março).

O número de pessoas que está há mais de um ano à procura de emprego aumentou 30,2% em relação a março de 2012.

Os dados do IEFP revelam que o aumento do desemprego verificou-se na procura do primeiro emprego (mais 22,7% que em 2012) mas também entre quem procurava um novo emprego (+10,1%).

No que se refere à escolaridade dos inscritos e comparando com o ano anterior, verifica-se um agravamento da situação em todos os níveis, com especial destaque para o ensino superior (mais 31,9%).

O desemprego aumentou no último ano em todas as regiões do país e ilhas. Já numa comparação com o mês anterior, verifica-se uma diminuição do desemprego em todas as regiões, à exceção do Alentejo e Açores (mais 0,2% e 0,8% respetivamente).

Mais de metade dos desempregados pertencem a cinco grupos profissionais: "pessoal dos serviços de proteção e segurança" (88.789), "trabalhadores não qualificados dos serviços e comércio" (80.132), "operários e trabalhadores similares da indústria extrativa e construção civil" (68.959), "empregados de escritório" (68.453) e "trabalhadores não qualificados das minas, construção civil e indústria transformadora" (59.065).

Foi entre os "quadros superiores da administração pública", um grupo pouco expressivo no total do desemprego, e entre os "docentes do ensino secundário, superior e profissões similares" que se registou um maior aumento de desemprego no último ano. Os professores desempregados aumentaram 73,7% em relação a 2012.

A maioria das pessoas que recorreu aos centros para encontrar um novo emprego tinha trabalhado em atividades do sector dos "serviços", com maior relevância para as "atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio" e o "comércio por grosso e a retalho", indica o relatório divulgado no site do IEFP.

Em março houve um aumento de ofertas de emprego. No final do mês, havia 11.789 ofertas de emprego por satisfazer (mais 26,8% face a igual período de 2012 e mais 7,9% em relação ao mês anterior).

Só em março chegaram aos centros de emprego 9.650 novas ofertas de emprego (mais 28,4% do que há um ano e mais 26,0% do que em fevereiro).

Mais de metade das ofertas era para trabalhar nas áreas das atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio, alojamento e restauração, administração pública, educação, atividades de saúde e apoio social assim como comércio por grosso e a retalho e construção.

Março foi também um mês em que 6.029 pessoas arranjaram trabalho através dos centros de emprego (mais 47,6% relativamente ao mês homólogo de 2012 e mais 26,6% do que em fevereiro).

A maioria conseguiu emprego na área de "trabalhadores não qualificados das minas, construção civil e indústria transformadora", "pessoal dos serviços, de proteção e segurança", "outros operários, artífices e trabalhadores similares", "operadores de máquinas e trabalhadores de montagem" e "trabalhadores não qualificados dos serviços e comércio".

Em fevereiro de 2013, a taxa de desemprego em Portugal situou-se nos 17,5%, a terceira taxa mais alta na União Europeia, segundo dados do Eurostat. O Governo prevê que a taxa de desemprego atinja os 18,2% este ano e uma recessão de 2,3%.

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Portugal: DÍVIDA PÚBLICA AUMENTA 131 MILHÕES DE EUROS POR MÊS




Expresso - Lusa

Trajetória da dívida pública continua a subir, já que em setembro de 2012 era de 120,2% do PIB, e em dezembro do ano passado correspondia a 123,6% do produto, segundo dados do Banco de Portugal.

A dívida das administrações públicas ascendeu aos 209 mil milhões de euros em fevereiro deste ano, segundo dados hoje divulgados pelo Banco de Portugal, o equivalente a 126,3% do Produto Interno Bruto (PIB).  

De acordo com o Boletim Estatístico do Banco de Portugal, a dívida total das administrações públicas era de 208.857 milhões de euros no final de fevereiro, um valor que, em janeiro, era de 208.464 milhões, na ótica de Maastricht que é utilizada pela troika (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) e pela União Europeia. Ou seja, um aumento de 393 milhões de euros no trimestre, o que dá uma média mensal de 131 milhões. 

O Banco de Portugal só calcula o rácio da dívida em percentagem do PIB no final de cada trimestre, pelo que, para estimar este valor, a Lusa considerou como valor de referência o PIB nominal no fim de 2012, referido na primeira notificação do Procedimento dos Défices Excessivos, divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística a 28 de março.

A trajetória da dívida pública continua a subir, uma vez que, em setembro de 2012, a dívida pública era de 120,2% do PIB, e no final de dezembro do ano passado correspondia a 123,6% do produto, segundo dados do BdP.

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CAVACO SILVA, GÉNIO DA BANALIDADE




Tiago Mota Saraiva – Jornal i, opinião

Contrariando a tese de que devemos ser tolerantes com os silêncios e ausências do Presidente da República pelo facto de as suas condições físicas e psíquicas o fazerem titubear perante a realidade – são inúmeras as doenças que lhe são atribuídas sem desmentidos ou confirmações oficiais, sendo que a verificarem-se até obrigariam à sua resignação imediata – Cavaco Silva incomodou o mundo ao não fazer qualquer referência a José Saramago, único Prémio Nobel português e escritor maior, no seu discurso de inauguração da Feira do Livro de Bogotá.

Ignorando que a sua obra literária não mereceria o convite para o evento cultural mais miserável e que ali estava como representante de um país, Cavaco Silva não hesitou em fazer um ajuste de contas pessoal com aquele que um dia o caracterizou como o candidato presidencial que falava como se estivesse sempre a dar uma lição, resumindo-o, superiormente, como “génio da banalidade”.

Regressado a Portugal, Cavaco Silva refugiar-se-á no Palácio de Belém mergulhando no silêncio protector dos ricos e poderosos, certamente contente consigo próprio e descansado por pensar que de Saramago já não virá a merecida resposta. O que a mesquinhez de Cavaco nunca o deixará ver é que a obra e a palavra de Saramago têm uma dimensão incomensurável e intemporal que está para além da morte do seu autor, que não será uma citação de Camões que nos fará esquecer que não sabia quantos cantos tinham “Os Lusíadas” e que umas quantas fotografias com o artista de Estado do momento não lhe transformarão o cognome com que Saramago tão bem o resumiu.

Escreve ao sábado

Portugal: Jerónimo de Sousa acusa governo e troika de prepararem "terrorismo social"




Jornal i - Lusa

O secretário-geral do PCP acusou na sexta-feira o Governo e a ‘troika’ de estarem a preparar “um novo programa de terrorismo social”, que “apenas esperava por um momento oportuno” que surgiu com a decisão do Tribunal Constitucional (TC).

Jerónimo de Sousa afirmou que o “novo programa de terrorismo social” estava “há muito delineado”, mas que “apenas esperava um momento oportuno para o Governo o pôr em marcha”.

A decisão do TCm que chumbou normas do Orçamento do Estado, foi “o momento ajustado para desencadear a mais descarada operação de mentira, chantagem e passa-culpas a que o país assistiu nos últimos tempos”, realçou Jerónimo de Sousa.

O líder comunista discursava na sessão de apresentação de Hortênsia Menino, atual presidente da Câmara de Montemor-o-Novo, como candidata da CDU à presidência do município nas próximas eleições autárquicas, que decorreu no Teatro Curvo Semedo, na cidade alentejana.

Numa sala cheia, Jerónimo de Sousa referiu que o “Conselho de Ministros desta semana” começou a antecipar um pacote de medidas que representa “um novo assalto ao rendimento e aos direitos dos trabalhadores, dos reformados e pensionistas e às funções sociais e aos direitos de todo o povo”.

O Governo “não foi capaz de concretizar nenhum dos objetivos e das metas” a que se tinha proposto e “vem numa encenação dramatizada dizer que o país vive uma situação de emergência e que a culpa é da Constituição e do TC”, disse.

O secretário-geral do PCP assinalou que o “novo programa de terrorismo social”, que envolve um corte de “muito mais de 4 mil milhões de euros”, tinha sido “anunciado há meses” através de um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) “para dar continuidade ao pacto de agressão”.

“Digam o que disserem e façam os apelos que fizerem ao consenso nacional para impor um novo roubo que preparam aos trabalhadores e ao povo, não há justificação para tais medidas, tal como não há razão para manter este Governo que conduziu o país para uma situação calamitosa”, acrescentou.

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