domingo, 12 de outubro de 2014

Brasil: INTOLERÂNCIA DO RACISMO RECAIU SOBRE O AFROPRESS. “NÃO PASSARÃO!”


RACISMO E XENOFOBIA

Afropress, publicação brasileira a que habitualmente recorremos na compilação dos seus artigos em abordagem ao racismo existente no Brasil e pelo mundo, sofreu um ataque racista repugnante na sua página online – um exemplo é a imagem que aqui publicamos e que será mais legível se clicar sobre ela. Os racistas e neonazis viraram do avesso a publicação.

É intolerável o crescendo do racismo e da xenofobia que grassa no Brasil. Hediondo. Só assim  podemos considerar o que aconteceu ao Afropress e à pessoa do seu diretor, Dojival Vieira, e dos que ali trabalham. A Justiça brasileira não tem por que ficar inativa ou ser perdulária perante tal crime à humanidade sem que com isso comprove a sua conivência com o racismo e o neonazismo, algo em que não queremos acreditar.

O Afropress já reagiu e fechou temporáriamente a página. Também emitiu um comunicado que mais em baixo transcrevemos. Contamos ter oportunidade de publicar uma entrevista com Dojival Vieira sobre o ocorrido e sobre o racismo que regra geral tem apoio e raízes na direita mais radical por todo o mundo, o nazismo – ou o novo nazismo a que chamam neonazismo. Sem diferenças do velho nazismo, prova maior do desprezo pela humanidade. Cabe à população mundial não os deixar passar. Compete aos governos e à justiça punir racistas e neonazis com penas tão rijidas quanto a rijidez das suas intolerâncias e desumanidades.

Voltaremos ao assunto brevemente. Segue-se o comunicado Afropress.

Redação PG

NÃO PASSARÃO!

Depois das providências cabíveis junto às autoridades policiais, ao Ministério Público, e em respeito aos nossos milhares de leitores no Brasil e no mundo, decidimos pedir ao provedor a retirada do ar da página da Afropress -www.afropress.com.

Tomamos essa decisão após obter as pistas para identificar e exigir a punição severa dos delinquentes e criminosos racistas e neonazistas que nos atacaram e tomaram o controle da página para postar imagens em defesa da pedofilia, do estupro de crianças negras e outras não menos repugnantes e abjetas, que dão bem uma idéia da natureza do inimigo que combatemos.

Esta não foi a primeira vez que somos alvo desse tipo de violência. Provavelmente não será a última. Mas, também como das outras vezes, voltaremos ao ar com mais vigor e determinação para continuar o bom combate dos que querem um país sem racismo e não se intimidarão diante da ação de criminosos.

- Pedimos a solidariedade ativa de todos (as) os (as) que lutam contra o racismo e por igualdade;

- Exigimos ação das autoridades no sentido da identificação e punição severa dos criminosos racistas e neonazistas que nos atacaram mais uma vez.

ESPERAMOS ESTAR DE VOLTA TÃO RÁPIDO QUANTO POSSÍVEL.

ESTAMOS TRABALHANDO PARA ISSO. NEM UM PASSO ATRÁS.

São Tomé e Príncipe - Eleições: URNAS DE VOTO JÁ FECHARAM. RESULTADOS SÓ AMANHÃ




São Tomé e Príncipe foi hoje a votos. As eleições ficaram marcadas por alguns incidentes violentos durante a campanha eleitoral considerados de pequeno vulto. Durante o dia de hoje foram dirigidas à Comissão Nacional Eleitoral relatos de irregularidades que aquela entidade irá apurar da sua ilegalidade. 

Na generalidade o dia de votação decorreu com normalidade e pacificamente, independentemente de protestos esporádicos em zonas em litígio com os políticos e a governação. Disso dá conta o Página Global através da compilação de artigos do Téla Nón, jornal são-tomense.

As urnas já fecharam e neste momento procede-se à contagem dos votos. Só amanhã será possível saber os resultados eleitorais.

Redação PG - Foto STP Press

Eleições - São Tomé e Príncipe: BARRICADAS NA RIBEIRA FUNDA




A comunidade agrícola da Ribeira Funda localizada no norte da ilha de São Tomé, a beira da estrada pública que liga cidade de Neves a capital são-tomense, decidiu boicotar as eleições.

Os moradores ergueram barricadas, e não aceitaram a entrada das urnas na comunidade. Contestam a falta de energia eléctrica, e exigem a construção de diques que possam impedir o avanço das águas que inundam a comunidade nos dias de chuva.

Os moradores dizem que várias promessas já foram feitas pelas autoridades nacionais, no sentido de resolver o problema, mas até agora nada feito. Por isso, só decidiram que só votam quando as autoridades resolveram as suas necessidades.

Abel Veiga – Téla Nón

Eleições - STP: MLSTP, PCD e MDFM alertam a CEN para a compra de cartões de eleitores




Numa carta enviada a Comissão Eleitoral Nacional, os três partidos políticos, dizem que a denúncia tem o fito de alertar a CEN para a manipulação que de fonte praticamente segura, está em forja tendente a falsear os resultados eleitorais, através de um fraudulento esquema assente na compra prévia de cartões eleitorais.

Pode ler mais pormenores sobre a denúncia - Carta a CEN

Téla Nón

Pinto da Costa: “Uma autêntica vergonha” a vinda dos deputados portugueses a São Tomé




Após ter exercido o seu direito de voto na Vila de Pantufo, o Presidente da República, Manuel Pinto da Costa, reagiu para a imprensa sobre a vinda de 4 deputados portugueses, a São Tomé, na caravana política de Patrice Trovoada. «Presenças dos deputados de Portugal, do CDS, do PS, e do PSD,  estou convencido que não foram os partidos que enviaram esses deputados para aqui. Isso não vai perturbar de maneira nenhuma as nossas relações com Portugal», declarou o Chefe de Estado são-tomense.

Pinto da Costa, Presidente de São Tomé e Príncipe, considerou a vinda de tais deputados alegadamente para defender a democracia em São Tomé e Príncipe, ao lado de Patrice Trovoada, como sendo «uma autêntica vergonha. Uma autêntica vergonha que eles tenham contribuído para tentar sujar o nome de São Tomé e Príncipe, levados por indivíduos com pretensões que não são pretensões do povo são-tomense. Estou convencido que a estadia deles aqui deve ter-lhes levado a conclusão, de que São Tomé e Príncipe não é um país que é dirigido por alguém que deveria estar no Tribunal Penal Internacional. Os são-tomenses não são dirigidos por dirigentes que devem merecer a condenação da Igreja, porquanto fizeram um recurso a igreja católica. Mas São Tomé e Príncipe, é um país de homens livres que gostam da liberdade e que estão disponíveis para trabalhar com toda gente. Quero aproveitar para agradecer ao povo são-tomense por ter dado um exemplo tão bonito, agora vou almoçar melhor», concluiu o Chefe de Estado são-tomense.

Pinto da Costa votou cedo, no meio do povo de Pantufo, que também exerceu o direito de voto.

Abel Veiga – Téla Nón

PORTUGAL A APODRECER


Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

EDUCAÇÃO

O drama das escola e dos professoras continua. O saldo é arrepiante. Milhares de alunos sem professores já lá vai um mês. Como sempre a culpa morre solteira e as consequências da incompetência cai em saco roto. Para ilibarem um ministro que tem tido a sabedoria de avacalhar a educação empurram as responsabilidades da bagunça para um secretário de estado. Mas nem um nem outro sofrem as consequências da sua inaptidão para os cargos que ocupam. Quando um e outro deviam ser categoricamente demitidos. É mais que evidente que tal situação só é possivel porque o chefe do governo, dito primeiro-ministro, dá e sempre deu a maior proteção aos que na sua equipa têm demonstrado a sua inépcia no desempenho das responsabilidades que lhes cabem ministerialmente. A escola que se dane e os professores também. Para completar vimos um país em que os pais dos alunos pouco ou nada fazem para acelerar as imprescindíveis correções que têm de ser feitas por outra equipa ministerial que saiba o que está a fazer em vez de declarar e pôr em prática uma radical guerra aos professores. Sem professores é impossível haver escola e até os pais dos alunos parecem desconhecer esta fórmula tão simples e evidente. A escola sem professores é o mesmo que a sopa da pedra sem os condimentos que a tornaram famosa e tão saborosa. Para agravar a situação Cavaco Silva sente-se acima destes problemas da educação em Portugal e nem uma palavra ou uma atituide de reprovação é capaz de pronunciar. Mais, nem a sua critica e exigência dirigida ao primeiro-ministro foi feita como deve. Exigência para que esta incompetência seja reconhecida e colmatada rapidamente. Muito rapidamente e não a passo de caracol como está a acontecer. A marca de Cavaco Silva, dito presidente da República, é inconfundível. Supera-se em auto-convencido da sua infalibilidade e perfeição agravado por um narcisismo insuportável. Não por acaso está destinado a ser referido como o pior no desempenho daquele cargo. Dizem os portugueses que se juntou a fome com a vontade de comer. E assim Portugal está nas mãos de incompetentes cujo patriotismo é muitissimo questionável pelas mostras e efetivas práticas de servilismo aos interesses estrangeiros que têm vindo a violar a Constituição de Portugal, entre outras violações.

JUSTIÇA

Como se não bastasse o descalabro na Educação também a Justiça anda pelas ruas da amargura devido à incompetência da ministra daquele pelouro. Em Portugal a Justiça nunca foi grande coisa mas piorou enormemente. A reforma anunciada desembocou num completo desastre com uma coisa do mundo das trevas, o CITIUS. Como em tudo, também aqui é o deixa andar. Responsabilidades não há. A ministra continua ministra e a Justiça continua injustiça em inúmeros exemplos. Muitos milhares deles. Nem primeiro-ministro, nem presidente da República se preocupam com isso. Vão dizendo (quando dizem) que o processo está em fase de correção sem que na prática se vislumbre que assim acontece.

Agora por falar de Justiça recorro a um artigo de opinião que aqui no Página Global foi compilado do jornal i. Um editorial de Luís Rosa onde é abordado a realidade do Tribunal Constitucional levar cinco anos para escrutinar as contas dos partidos políticos. Até parece anedota - não o editorial mas a vergonha que ele aborda e divulga. Já se sabe que a Justiça está de rastos... e o Constitucional também. A verdade é que a responsabilidade, neste caso, não é do CITIUS mas sim da pouca vergonha e inépcia dos senhores e senhoras do Tribunal Constitucional. O respeito devido e os deveres cumpridos para com os cidadãos não existem, nem naquele orgão. Transparece que são pessoas que se apanham nos poleiros, nos poderes, e se acham no direito de fazer como muito bem lhes convém (de acordo com as seitas amigalhaças). Assim é a voz do povo levada ao termo "farinha do mesmo saco". Não nos respeitam, não nos merecem respeito. E assim vai Portugal. Pior ainda: segundo o jornal i "Financiamento. Partidos políticos escondem origem dos donativos". O que significa que estamos perante associações suspeitas de criminalidade constituídas em partidos políticos. E contra isso a Justiça nada faz. Lá está a "farinha do mesmo saco" tão referida popularmente. Com alguma razão. Portugal a apodrecer. Uns dizem que está sujo e outros que está mal lavado. Até parece que não têm olhos na cara. Nem cérebro.

COSTA E PS DE ESQUERDA?

Atentemos no título constante no Página Global e retirado do Notícias ao Minuto: ANTÓNIO COSTA PRÓXIMO DA ESQUERDA. Um título correto. É que Costa e o PS não são de esquerda nenhuma mas sim de uma social-democracia que se alia sistemáticamente à direita e aos do grande capital dizendo-se incorretamente de esquerda. Poderão estar um pouco mais à esquerda do CDS e do PSD em determinadas circunstâncias, porém facto é que não são de esquerda. Por isso o título corretamente diz que Costa se aproximou da esquerda - a saber o Bloco. Mas nem o Bloco acredita naquele Costa de esquerda. Que fará Costa relativamente ao PCP? O mesmo de sempre nas práticas do PS. É que pertencer ao "arco da governação e da corrupção" é que tem trazido vantagens. Por quê mudar? É verdade que a governação PS, às vezes, é mais à esquerda no espectro político da direita... Mas isso não faz do PS um partido de esquerda, nem de Costa. Se Costa for eleito para PM do próximo governo vai aliar-se com os partidos mais à direita nunca com o Bloco ou com o PCP. Até porque ainda esta manhã em entrevista passada na TSF o socialista Ferro Rodrigues deixou bem evidente que o PS não irá conseguir uma maioria nas próximas eleições e que por tal é evidente que fará alianças com os partidos de direita seus pares, o CDS e o PSD. Tudo como antes. Portugal a apodrecer. Os pobres mais pobres, a classe média a desaparecer, os ricos em alta no ripanço definido como "é fartar vilanagem".

MAIS PARTIDOS POLÍTICOS, A PULVERIZAÇÃO

Sim. Está a acontecer. Quase tudo à procura de tacho. Porque não encontram vaga elegível noutros partidos e porque têm os seus próprios pensamentos e ambições, vão fundando partidos. São pequenos, quase insignificantes e efémeros. Servem para pulverizar os votos e pouco mais. Como nas suas convições são notadas tendências encapotadas de direita e neoliberais ou pura e simplesmente populistas, destinam-se a caçar votos à esquerda efetiva e pouco mais. Um processo de pulverização como o da farinha. Farinha do mesmo saco que esperamos que rapidamente se dissipe, como quase sempre tem acontecido. Portugal a apodrecer. Aguardemos sem nada fazer ou recorramos à indignação e tomemos as atitudes devidas e urgentes que nos retire deste esmagamento sob as patas do euro e da União Europeia comandada pela Alemanha de Merkel e pelos donos dos mercados do grande capital que com a crise têm visto as suas fortunas aumentarem descomunalmente. Portugal para uns está sujo e para outros mal lavado. A realidade é que a trampa é fruto da podridão. Quanto mais os portugueses tolerarem a situação mais nos atascamos.

Portugal: ATITUDES POUCO DEMOCRÁTICAS



Luís Rosa – jornal i, opinião

É inconcebível que o Constitucional demore cinco anos a escrutinar as contas dos partidos

Estamos em 1972. Washington, DC, capital dos Estados Unidos. Cinco homens invadem um escritório do Partido Democrata situado no edifício Watergate com o objectivo de colocar escutas telefónicas. Alguns são apanhados por um segurança e levados a julgamento no dia seguinte. Movidos pela curiosidade, dois jornalistas começam a investigar a identidade dos assaltantes e começam a detectar ligações ao Partido Republicano. Estávamos em ano de eleições presidenciais e Richard Nixon procurava a reeleição para um segundo mandato, concorrendo contra o democrata Hubert Humphrey. Um dos assaltantes do Watergate, descobriram os jornalistas, fazia parte da folha salarial de um comité de reeleição de Nixon, enquanto outro dos invasores tinha recebido na sua conta um cheque de 25 mil dólares que tinha sido endossado pelo mesmo comité. Eram duas provas sólidas que ligavam o fundo de campanha eleitoral de Richard Nixon à invasão do edifício Watergate.

Estas informações só foram descobertas pelos jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein porque há mais de 40 anos (sim, leu bem) já era possível qualquer cidadão norte-americano aceder facilmente à informação de quem financiava as campanhas eleitorais. A seguir à demissão de Nixon foram aprovadas novas regras que tornaram as campanhas eleitorais totalmente transparentes para todos os cidadãos. O caso Watergate não deixa por isso de representar também a força da democracia norte-americana e a importância de um escrutínio intenso dos partidos políticos por parte da comunicação social em nome dos cidadãos.

Regressemos a 2014, Lisboa, capital de Portugal. PSD, PS, CDS, PCP e Bloco de Esquerda, os cinco partidos com assento parlamentar, recusam-se a revelar ao i os donativos que receberam de particulares durante os anos de 2012 e 2013. Uns nem sequer se dignaram responder aos jornalistas João D'Epiney e Pedro Rainho, enquanto os comunistas não vêm "interesse jornalístico na pormenorização" - certamente uma atitude saudosista do tempo da União Soviética, em que o "interesse jornalístico" era definido pelo partido. Enquanto os americanos conseguem saber no próprio momento quem participou num jantar de campanha, os portugueses ainda não sabem quem doou dinheiro aos partidos em 2010, 2011, 2012 e 2013. Para quem gosta de pensar que Portugal é um país subdesenvolvido, e não um país da União Europeia, está aqui um excelente argumento.

É inconcebível que as contas de 2009 dos partidos só tenham sido finalmente analisadas pelo Tribunal Constitucional em Abril deste ano, tal como nenhum norte-americano aceitaria que as contas dos partidos políticos demorassem quatro anos a ser escrutinadas.

A proibição dos financiamentos por empresas, o aumento dos subsídios públicos para as campanhas eleitorais, a publicitação obrigatória das listas dos doadores individuais e a proibição de doações em dinheiro introduziu maior transparência no financiamento dos partidos. Podemos dizer que o tempo das malas de dinheiro, porventura, já lá vai. Tal como a ligação promíscua entre o sector da construção civil e das obras públicas e os partidos políticos terá diminuído substancialmente. Mas nenhuma democracia resiste à opacidade. Nem mesmo à mais básica, como recusar a divulgação da lista dos doadores. É com atitudes como esta dos cinco partidos com assento parlamentar que é descrita nas páginas ao lado que fenómenos como Marinho e Pinto ganham fôlego. Merecidamente para os partidos tradicionais, mas infelizmente para a democracia.


Portugal - Eleições: ANTÓNIO COSTA PRÓXIMO DA ESQUERDA




O vencedor das eleições primárias do Partido Socialista, António Costa, mostrou-se próximo de Rui Tavares e Ana Drago. Mas poderá isto significar uma aproximação à esquerda? O líder do Bloco de Esquerda, João Semedo, acredita que não há interesse, mas a verdade é que desde o 1º Congresso do Livre, Costa não colocou a hipótese de lado, informa o SOL.

A fotografia de António Costa ao lado de Rui Tavares e Ana Drago, no 1º Congresso do Livre, deixou algumas dúvidas no ar sobre a possibilidade de existir um acordo à esquerda nas legislativas.

No entanto, o líder do Bloco de Esquerda, João Semedo diz que o futuro líder do Partido Socialista não está interessado em “fazer pontes”. “Costa anunciou que quer maioria absoluta. Quando se procura isso, não se fazem pontes. Não se trata de uma política dialogante à esquerda, mas de conseguir neutralizar outras forças e conseguir que o apoiem”, revela ao SOL.

Rui Tavares, do Livre, e Ana Drago, da Fórum Manifesto, saíram do Bloco de Esquerda e optaram por ir juntos às eleições de 2015. Tavares tem feito questão de assumir que o PS é um parceiro essencial.

“O caminho do Livre e do Manifesto é reforçar o PS, fazer um acordo político com o PS para governar. A diferença é que nós queremos disputar a hegemonia e os votos com o PS e ter força suficiente para afirmar uma alternativa de esquerda”, criticou João Semedo.  
No discurso no 1º Congresso do Livre, António Costa não prometeu nenhuma aliança, mas revelou alguma aproximação.

Notícias ao Minuto

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Angola: A SAGA DE UM INCOMPETENTE



MENTIRA ASSASSINA DE UM MINISTRO

William Tonet – Folha 8, 11 outubro 2014

A política en­quanto ins­tituto motor da acção dos ho­mens, exige destes, éti­ca nos actos e na prática quotidiana. Quando isso não acontece o descré­dito calcorrea andarilho para descambar no lama­çal. É pois neste ponto em que se encontra a po­lítica angolana: na lama.

Nos últimos dias com um rimbombar ensurdece­dor, o ministro do Ensino Superior veio a público, iludindo a condenação a que foi alvo, por um tri­bunal internacional, re­publicando um despacho publicado no Diário da República, nº 219, I Série, de 14 de Novembro de 2013.

Neste, Adão do Nasci­mento, mente descara­damente, o Presidente da República, o país e os cidadãos, denotando ain­da a sua incompetência técnica, ao anular e tor­nar inválidos os acordos assinados em 2008, entre a Universidade Agosti­nho Neto e a American World University, ale­gando o facto de a Ame­rican World University não ser uma instituição de ensino acreditada pelas autoridades norte­-americanas, assim como os seus cursos, quer de graduação como de pós­-graduação, não terem reconhecimento das au­toridades dos Estados Unidos.

Pura desculpa de um mentiroso compulsivo.

Poderia arranjar outra desculpa, como a do re­gabofe ter um destinatá­rio, que não tem exército privado, nem armas de guerra, mas que parece atemorizar Eduardo dos Santos e o seu regime: William Tonet. Infeliz­mente, como humilde cidadão, não sabia que tinha tanta importância para o regime, ao ponto da perseguição, dar di­reito agora a despachos direccionados.

O pior de tudo é que esta palhaçada não é nenhuma invenção in­dividual, acontece com outros governantes mas destaca-se no mau senti­do, o ministro do Ensino Superior, Adão do Nasci­mento, que nem sabe que a lei não tem efeitos re­troactivos, salvo se para beneficiar o réu. “A lei só dispõe para o futuro: ain­da que lhe seja atribui­da eficácia retroactiva, presume-se que ficam ressalvadas os efeitos já produzidos pelos factos que a lei se destina a re­gular”, art.º 12.º Código Civil. Entretanto, por ora, somos levados a in­dagar como é possível um indivíduo governar sem ser, pelo menos, ad­moestado, no deambular de tanta incoerência.

Apresentado como sobri­nho do Presidente de An­gola, Adão do Nascimen­to também se distinguiu por ter pensado que po­dia dar uma cabeçada na lei invalidando todos os documentos académicos que atestam a conclusão de formação graduada e pós-graduada na Ame­rican World University (AWU).

Tudo isso pode ser con­siderado um exemplo tipo da mais que medío­cre capacidade de go­vernar deste dirigente que têm em suas mãos e sob sua responsabilidade uma parte do futuro de Angola.

Trata-se, voltamos a re­petir de uma brilhantís­sima demonstração da mentecapta maneira de pensar política deste re­gime que nos assola há quase quarenta anos, e que, de passada discri­minatória em tropeções e atropelamentos à lei e não só, à lógica, ao bom­-senso e à visão de Esta­do, para além do mais dá azo a augurar retaliações muito violentas, pela quase sistemática práti­ca da incoerência duma quadrilha de teólogos po­líticos que desgovernam Angola e os levou, nesta anulação irreflectida da validade dos diplomas da AWU, a um resulta­do digno da sua própria estupidez, pois dela re­dundou a prova formal, límpida e indesmentível de que a anulação com­pulsiva da validade do diploma de Mestrado de William Tonet (WT), seguida da sua expulsão da barra do tribunal, afi­nal faz parte de uma ca­bala urdida ao mais alto nível, quiçá no gabinete presidencial, com as suas várias antenas da Intelli­gentsia.

Um regime não pode anular um título acadé­mico individual, tão-pou­co um despacho novo, pode anular um acordo antigo, sob pena de insta­lar a insegurança jurídica.

Se o ministro do Ensino Superior, Adão do Nasci­mento tivesse bom sen­so, não faria o actual e escabroso despacho em Novembro de 2013, mas orientava a UAN a não renovar o acordo educa­cional, que terminou em Setembro de 2014, para diminuição dos danos e da vergonha. Mas não, preferiu outro caminho e sem ser parte no pro­cesso, decide anular um acordo, entre duas insti­tuições académicas, com autonomia funcional.

A interpretação feita pelo ministro aos vários ins­trumentos jurídicos em vigor em Angola, para sustentar o despacho é tão básica que raia o ri­dículo, pois em nenhum deles se lhe atribui com­petência para a decisão tomada. Mesmo numa sanzala do interior ne­nhum soba, socorrendo­-se do Direito Costumei­ro, tomaria uma atitude tão sensível sem consul­tar e socorrer-se dos con­selhos dos seus melhores “Indunas” (conselheiros).

O que acabámos de ex­por é uma das princi­pais incoerências desta verdadeira cabala levada de peito avante contra o cidadão William To­net. Mas há outras que se misturam com esta e transformam esta decisão de Adão do Nascimento numa obra-prima de mal­vadez, posta em prá­tica e levada a cabo pelo simples prazer de abater uma pes­soa.


Com efeito, a Ameri­can World Universi­ty é uma instituição de ensino semi-pre­sencial e à distância, criada nos Estados Unidos da América e com “branch” em alguns países. A sua filial brasileira opera em Angola desde al­guns anos atrás, com base num acordo in­ter-universitário.

O acordo passado en­tre a American World University e a Univer­sidade Agostinho Neto foi concluído, assinado no ano de 2008, numa altura em que a AWU já tinha reconhecimento nacional e internacional, junto de organismos de acreditação institucional, tais como da “Secretaria de Estado do Estado de Iowa”, em 02 de Setem­bro de 1994, da “Asso­ciation International des Educateurs por la Paix Mondiale” e da UNES­CO, aos 17 de Julho de 1997, da “World Associa­tion of Universities and Colleges” WAUC”, aos 25 de Janeiro de 2001.

Mais grave, para o ensino em Angola é de afinal um reitor de uma universi­dade pública não mandar nada na sua instituição, pois no caso em concre­to, afinal quem manda é o ministro e, quem sabe, qualquer dia, até a quan­tidade de papel higiénico da Universidade Agosti­nho Neto, terá despacho expresso do ministro.

A autoridade superior é Adão do Nascimento, que, não se sabe ao certo por que raio de cargas de água quer e mete preci­pitadamente o seu nariz num assunto do qual ele sempre esteve alheio. Sente-se que houve trá­fico de influências para tomar rápido uma de­cisão estúpida, porque fornecedora da prova formal da inépcia total, da incompetência focada ou simplesmente da falta de sentido ético e mo­ral total para atingir um homem desarmado, me­lhor, apenas armado com os seus conhecimentos.

Uma imensa vergonha que enodoa o actual sis­tema de Ensino Superior colocado nas mãos de um homem que, apenas destrói a academia e a coloca nos mais baixos patamares. Até hoje o ministro, que se diz so­brinho do presidente da República, apenas colhe queixas de todos os ope­radores do sistema, por não o conseguirem con­tactar e este inviabilizar o desenvolvimento for­mativo e de quadros das universidades.

É muita nódoa face a um acordo académico!

Vergonha dupla. Porque o que vemos é uma espé­cie de entremez ridículo, uma alegoria de um ca­samento entre duas uni­versidades que, por mais que se sintam em estádio de união, se vêem obriga­das a divorciar e a deitar aí no lixo o seu contrato de casamento por ordem de um padrasto rabugen­to, que das duas uma, ou é manipulado ou não bate bem da cabeça.

Triste, se isto é governar, pobre da nossa Angola, país nobre, mas servido por muita gente sem va­lor. Com tanta borrada o mínimo que se pode pe­dir, em democracia, é a demissão deste ministro por manifesta, reiterada e comprovada incompe­tência profissional.

*Clicar nas imagens para ampliar

Angola - Chiyaka: "Ao MPLA faria bem estar na oposição para ver como os outros governam"




Unita é alternativa à cultura do passado do MPLA

Voz da América, em Angola Fala

O convidado do Angola Fala Só desta sexta-feira, 15 de Outubro, foi Liberty Chiyaca, deputado e secretário provincial da UNITA no Huambo.

Depois de ter saudado a atribuição do prémio Nobel da Paz aos dois defensores  dos direitos das crianças, A paquistanesa Malala Yousafzai, de 17 anos, e o indiano activista de direitos humanos Kailash Satyarthi, de 60 anos, o convidado do Angola Fala Só, Liberty Chiyaca, disse  que sobretudo a luta corajosa da jovem Malala deveria servir de exemplo para todos os jovens, activistas –para os jovens africanos, e “em particular para os líderes africanos que deviam dar exemplo de integridade, defesa dos direitos humanos deveriam sentir-se orgulhosos e até certo ponto envergonhados, porque África e, em particular, Angola vivem problemas graves  de violações dos direitos humanos.”

Estamos a viver numa democracia?  Perguntou o ouvinte Nelson Euclides. “Numa democracia a competição política entre partidos  não pode significar uma competição pela sobrevivência, mas uma competição para servir o povo. Propósito central da  governação é servir não servir-se. Em democracia,  ao contrário das ditaduras, o governo democrático existe para servir.  Mas os cidadãos também tem responsabilidades. É importante que nós cidadãos, nos demitamos das nossas responsabilidades.”

A intolerância política e a questão do funcionamento de uma democracia foram temas de destaque no Angola Fala Só em intervenções dos ouvintes João Sawimbu, Jorge Gomes e Simão Temba.

Liberty Chiyaca disse que existiam várias causas para intolerância política: “a falta de condições democráticas como o fundamentalismo politico ideológico, mentalidade monolítica dos nossos governantes ou dirigentes, falta de cultura ética, integridade e autoridade moral". "Os dirigentes tem que ter autoridade moral, integridade, consciência do serviço publico mas é preciso limite de governação,” acrescentado que “infelizmente há uma eternização do poder mas cabe aos angolanos consciencializar-se que aquele que fica muito tempo no poder perde a consciência do serviço público.” Por isso frisou a necessidade de mudar a cultura de governação.

Frisou que a UNITA é alternativa ao MPLA a sua “cultura do passado” e que seria bom para Angola e para o próprio MPLA estar na oposição uns anos, e ver como outros governam, porque quando se está muito tempo no poder, quando alguém se eterniza no poder perde o contacto com a realidade.

Sobre as afirmações feitas pelo governador do Bié, Boavida Neto,  citado em vários média sobre Angola, em que teria  assumido  o envolvimento dos militantes do MPLA e actos de intolerância política que ocorrem na região sob sua jurisdição, Liberty Chiyaca afirmou peremptório  que exige a “demissão do governador do Bié.” E pediu ao presidente  que se pronuncie sobre este assunto.

Sobre a existência das “Forças Especiais  de Apoio ao Comandante-em-Chefe” o ouvinte  Jorge Gomes do Uíge quis saber qual a necessidade da existência desse serviço, Liberty afirmou que em democracia não é necessária a existência de forças militares especiais.

Sobre as eleições autárquicas, pergunta de  Isaac Pataca e Fanni Kanasi, o dirigente da UNITA disse que a sua realização apenas depende do partido no poder, do presidente José Eduardo dos Santos e que a UNITA vai voltar ao assunto quando começar nova sessão da Assembleia Nacional. Mas frisou que” é preciso institucionalizar o poder local.”

Angola: Polícia angolana trava manifestação de jovens em Luanda (ontem)




O acesso ao Largo da Independência, no centro de Luanda, foi hoje bloqueado por algumas dezenas de agentes da Polícia Nacional, travando desta forma uma manifestação de jovens angolanos que pretendiam contestar as anunciadas alterações à Lei da Nacionalidade.

A manifestação, convocada pelo Movimento Revolucionário, estava agendada para as 13:00 (mesma hora em Lisboa) de hoje, mas desde a manhã que se começou a concentrar, no local do protesto, um forte dispositivo policial, constatou a Lusa.

Como acontece habitualmente nestas manifestações, foram feitas algumas detenções na envolvente do Largo da Independência, cerca de trinta minutos depois da hora prevista para o protesto, quando estes manifestantes se aproximavam do local.

Depois destas detenções, a Lusa tentou contactar o porta-voz do Movimento Revolucionário, Adolfo Campos, e outros elementos da organização do protesto, mas sem sucesso.

Em causa está uma proposta de alteração à Lei da Nacionalidade, contendo 26 modificações, enviada em julho à Assembleia Nacional pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos.

Em declarações anteriores à Lusa, Adolfo Campos tinha explicado que este "protesto pacífico" pretendia pedir a "revogação" da proposta, alegando que a nacionalidade "não se dá a ninguém de forma fácil".

Para o local da manifestação de hoje foram mobilizados elementos da Polícia Nacional de Angola, que impediam o acesso ao interior do mesmo largo, onde sobressai um monumento de vários metros de altura em memória do primeiro Presidente angolano, Agostinho Neto.

A Lusa confirmou a presença no mesmo local de equipas da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) e cinotécnicas (binómio homem/cão). Um dispositivo aparentemente inferior a manifestações anteriores, igualmente agendadas pelos mesmos jovens ativistas angolanos, que contestam a atual governação do país.

Com esta proposta apresentada ao parlamento, o Presidente passa a ter a faculdade de conceder a nacionalidade angolana, por naturalização, a estrangeiros que tenham prestado ou sejam chamados a prestar serviços relevantes ao Estado, estando apenas, de forma geral, consagrada a necessidade de conhecimento suficiente da língua portuguesa.

"Querem fazer uma nova colonização de Angola e nós não aceitamos", criticou, por seu turno, antes desta manifestação, Adolfo Campos.

As manifestações agendadas pelo Movimento Revolucionário desde 2011 envolvem, por norma, a mobilização de fortes dispositivos de segurança, detenções e confrontos com a polícia.

Lusa, em Notícias ao Minuto (ontem)

Guiné Equatorial: Dinheiro de acordo entre Teodorin e EUA tem de ir para o povo




O advogado Ponciano Mbomio Nvó disse hoje que o dinheiro que resultou do acordo entre o filho do Presidente e o Departamento de Justiça norte-americano só deve ter como destino o povo da Guiné Equatorial.

"Este dinheiro tem como destino o povo da Guiné Equatorial", declarou à agência Lusa Mbomio Nvó, sublinhando que o montante "só poderia ter este fim", pertence ao povo" equato-guineense, beneficiando obras sociais no país, entre outros.

O advogado e crítico do regime da Guiné Equatorial declarou ainda que a gestão do dinheiro não pode voltar às mãos dos governantes do país, o que deve efetivamente acontecer, para evitar possíveis fraudes e desvios.

Há mais de 20 anos que Ponciano Mbomio Nvó é advogado, com muitos casos envolvendo "prisioneiros políticos e de consciência".

Teodoro Nguema Obiang Mangue, conhecido como Teodorin, é filho do Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, e chegou a acordo com o Departamento de Justiça norte-americano, no valor de 30 milhões de dólares, no âmbito de um processo de corrupção que enfrenta nos Estados Unidos.

Segundo um comunicado do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, no acordo aprovado na sexta-feira por um tribunal californiano, Teodoro Nguema Obiang Mangué - segundo vice-presidente da Guiné Equatorial, também conhecido como Teodorin - aceitou vender a sua mansão em Malibu, na Califórnia, um Ferrari e seis estátuas em tamanho real de Michael Jackson.

De acordo com o comunicado do Departamento de Justiça norte-americano, cerca de 20 milhões de dólares irão para uma organização de caridade ativa na Guiné Equatorial e, outros 10,3 milhões de dólares de multa para os Estados Unidos serão redistribuídos ao povo equato-guineense em função da legislação do país.

Os Estados Unidos acusavam Teodorin de ter comprado todos os seus bens com dinheiro proveniente de corrupção no seu país.

O segundo vice-presidente da Guiné Equatorial, que tem um salário anual de 100 mil dólares no governo do país, poderá manter o seu avião particular, um iate de luxo e a maioria da coleção de objetos de Michael Jackson, mas poderão ser apreendidas se foram levadas para os Estados Unidos.

Segundo a justiça norte-americana, o segundo vice-presidente teria usado a sua influência para obter 300 milhões de dólares, através da corrupção e branqueamento de capitais, o que viola as leis dos Estados Unidos e da Guiné Equatorial.

Teodorin também está ainda sob investigação em França por branqueamento de capitais públicos, abuso de confiança e de bens públicos, em conexão de outro caso de corrupção que envolve três líderes africanos, incluindo o seu pai, Teodoro Obiang, no poder desde 1979.

No Brasil, a justiça também estava a investigar as compras de imóveis feitas por Teodorin.

Liderada desde o final dos anos 1970 por Teodoro Obiang Nguema, a Guiné Equatorial aderiu à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) no início deste verão, na cimeira de Díli, apesar dos protestos de várias organizações defensoras de direitos humanos.

Lusa, em Notícias ao Minuto

São Tomé e Príncipe – Eleições: O POVO JÁ COMEÇOU A VOTAR




A maioria das mesas de voto abriu desde as 7 horas da manhã. No distrito de Água Grande o mais populoso do país, a CEN registou algumas dificuldades logísticas na colocação das urnas a hora prevista por lei, mas o problema já foi ultrapassado, apurou o Téla Nón. As urnas fecham as 18 horas locais.

Mais de 92 mil eleitores elegem hoje os seus representantes para a câmara distrital, para a Assembleia Regional da ilha do Príncipe e para a Assembleia Nacional. Pela primeira vez, o povo são-tomense exerce o poder político ao mesmo tempo, para legitimar os órgãos de poder local, regional e nacional.

As eleições de 12 de Outubro, deverão marcar a viragem do cenário político nacional, caracterizado por sucessivas crises, que produziram 18 primeiros ministros em 23 anos de democracia pluralista.

Abel Veiga – Téla Nón (st)

Eleições em S. Tomé e Príncipe: “O que é que os políticos fizeram por este país?”




É a pergunta feita, quase em tom de comício, pelo funcionário público que tomou "conta" do microfone da TSF no mercado da capital são-tomense. Nas vésperas das eleições de onde sairá o novo governo, ele é a voz de um desalento partilhado por muitos.

«Este mercado, quando chove, é uma misericórdia». Não é o caso, não chove mas está carregado, é cinzento o discurso de João Vila Seca, 59 anos, funcionário judicial.

Vai às compras com a mulher e o filho e queixa-se do preço do peixe-voador. E interroga-se para onde terá voado o dinheiro que S.Tomé já recebeu adiantado da Nigéria do petróleo que um dia, é garantido, há de jorrar no mar que rodeia o país: «Fala-se num mundo de petróleo. O senhor está a ver a realidade? Os filhos dos dirigentes andam de Mercedes e Land Cruiser, esses carros de boa boca. E nós não conseguimos fazer uma alimentação. Fala-se em petróleo e já caiu dinheiro. Onde é que ele está?».

João está indignado com o estado do país. Não anda por ali pelo mercado nenhum candidato a primeiro-ministro, mas, se apanhasse algum, garante que não deixava de lhe fazer a pergunta «O que é que os políticos fizeram por S. Tomé? Só andaram a roubar porque nunca trabalharam». E então, o povo não rema contra? «Esse povo é comodista. O povo são-tomense não tem cultura definida, não é unido».

João Vila Seca olha para o lado e desafia um rapaz a dizer o que pensa. Mas o jovem tem outro desígnio mais premente: « Eu estou a beber», diz ele de garrafa de cerveja na mão, a mais recente de várias que já bebeu ao longo da manhã.

É também de curto, curtíssimo prazo o caderno de preocupações de Odair. Avança ligeiro e apita, «Piiiii!», nas curvas pelos corredores do mercado de S. Tomé. Leva na mão uma bacia de plástico com que avia recados aos vendedores. O dinheiro faz muita falta em casa : «A minha mãe está sem condições. Ontem passamos fome e hoje ainda não sei».

Odair diz que anda na escola. Está inscrito, mas a frequência será muito intermitente. Aos catorze anos ainda só tem a quarta classe. Mas na sumário dos sonhos cabe tudo: «Quero ser ministro ou presidente», mas também pode ser «enfermeiro ou doutor». O miúdo não tem ilusões que só assim, com um curso, poderá melhorar de vida.

Por agora, o sonho do dia de Odair é ganhar algum dinheiro no mercado. Se correr bem, os recados com a bacia azul vão render-lhe o equivalente a trinta, quarenta cêntimos. É pouco para nós, mas muito para ele. E já dará direito a uma grande "apitadela" de festejo.

Artur Carvalho – TSF


S. Tomé e Príncipe: Polícia e exército chamados a garantir a segurança durante eleições




O Ministério da Defesa e Ordem Interna de São Tomé e Príncipe mobilizou cerca de 400 polícias e militares para garantir a segurança das eleições de domingo, disseram à Lusa fontes oficiais na capital são-tomense.

"O comando geral da polícia colocou à disposição da Comissão Eleitoral Nacional 50 agentes, mais 200 outros para ações conjuntas de patrulhamento com elementos das Forças Armadas", disse o comandante geral da polícia nacional, Roldão Boa Morte.

O exército tem disponível nesta operação pouco mais de 150 homens que vão estar à disposição da Comissão Eleitoral Nacional (CEN) e em patrulhas motorizadas ou fixas nas comunidades, disse, por seu lado, uma fonte militar.

"Já estamos a fazer segurança conjunta à sede da Comissão Eleitoral desde quinta-feira e enquanto não se recolher todas as urnas [com os votos], depois do processo de votação, o nosso trabalho não termina" acrescentou a fonte do exército são-tomense.

A mesma fonte explicou ainda que o trabalho dos militares das forças armadas se destina "essencialmente a patrulhamento de bairros e comunidades, e de proteção às urnas e às instituições públicas ligadas ao processo eleitoral".

Lusa, em Notícias ao Minuto

SOMOS TODOS DOENTES MENTAIS?




Ex-coordenador do manual norte-americano sobre transtornos psiquiátricos revela como indústria farmacêutica age para transformar cada problema humano numa “patologia” medicalizável 

Milagros Pérez Oliva, no El Paisem Outras Palavras

Allen Frances (Nova York, 1942) dirigiu durante anos o Manual Diagnóstico e Estatístico (DSM), documento norte-americano que define e descreve as diferentes doenças mentais. Esse manual, considerado a bíblia dos psiquiatras, é revisado periodicamente para ser adaptado aos avanços do conhecimento científico. Frances dirigiu a equipe que redigiu o DSM IV, ao qual se seguiu uma quinta revisão que ampliou enormemente o número de transtornos patológicos. Em seu livro Saving Normal (inédito no Brasil), ele faz uma autocrítica e questiona o fato de a principal referência acadêmica da psiquiatria contribuir para a crescente medicalização da vida.

No livro, o senhor faz um mea culpa, mas é ainda mais duro com o trabalho de seus colegas do DSM V. Por quê?

Fomos muito conservadores e só introduzimos [no DSM IV] dois dos 94 novos transtornos mentais sugeridos. Ao acabar, nos felicitamos, convencidos de que tínhamos feito um bom trabalho. Mas o DSM IV acabou sendo um dique frágil demais para frear o impulso agressivo e diabolicamente ardiloso das empresas farmacêuticas no sentido de introduzir novas entidades patológicas. Não soubemos nos antecipar ao poder dos laboratórios de fazer médicos, pais e pacientes acreditarem que o transtorno psiquiátrico é algo muito comum e de fácil solução. O resultado foi uma inflação diagnóstica que causa muito dano, especialmente na psiquiatria infantil. Agora, a ampliação de síndromes e patologias no DSM V vai transformar a atual inflação diagnóstica em hiperinflação.

Seremos todos considerados doentes mentais?

Algo assim. Há seis anos, encontrei amigos e colegas que tinham participado da última revisão e os vi tão entusiasmados que não pude senão recorrer à ironia: vocês ampliaram tanto a lista de patologias, eu disse a eles, que eu mesmo me reconheço em muitos desses transtornos. Com frequência me esqueço das coisas, de modo que certamente tenho uma demência em estágio preliminar; de vez em quando como muito, então provavelmente tenho a síndrome do comedor compulsivo; e, como quando minha mulher morreu a tristeza durou mais de uma semana e ainda me dói, devo ter caído em uma depressão. É absurdo. Criamos um sistema de diagnóstico que transforma problemas cotidianos e normais da vida em transtornos mentais.

Com a colaboração da indústria farmacêutica…

É óbvio. Graças àqueles que lhes permitiram fazer publicidade de seus produtos, os laboratórios estão enganando o público, fazendo acreditar que os problemas se resolvem com comprimidos. Mas não é assim. Os fármacos são necessários e muito úteis em transtornos mentais severos e persistentes, que provocam uma grande incapacidade. Mas não ajudam nos problemas cotidianos, pelo contrário: o excesso de medicação causa mais danos que benefícios. Não existe tratamento mágico contra o mal-estar.

O que propõe para frear essa tendência?

Controlar melhor a indústria e educar de novo os médicos e a sociedade, que aceita de forma muito acrítica as facilidades oferecidas para se medicar, o que está provocando além do mais a aparição de um perigosíssimo mercado clandestino de fármacos psiquiátricos. Em meu país, 30% dos estudantes universitários e 10% dos do ensino médio compram fármacos no mercado ilegal. Há um tipo de narcótico que cria muita dependência e pode dar lugar a casos de overdose e morte. Atualmente, já há mais mortes por abuso de medicamentos do que por consumo de drogas.

Em 2009, um estudo realizado na Holanda concluiu que 34% das crianças entre 5 e 15 anos eram tratadas por hiperatividade e déficit de atenção. É crível que uma em cada três crianças seja hiperativa?

Claro que não. A incidência real está em torno de 2% a 3% da população infantil e, entretanto, 11% das crianças nos EUA estão diagnosticadas como tal e, no caso dos adolescentes homens, 20%, sendo que metade é tratada com fármacos. Outro dado surpreendente: entre as crianças em tratamento, mais de 10 mil têm menos de três anos! Isso é algo selvagem, desumano. Os melhores especialistas, aqueles que honestamente ajudaram a definir a patologia, estão horrorizados. Perdeu-se o controle.

E há tanta síndrome de Asperger como indicam as estatísticas sobre tratamentos psiquiátricos?

Esse foi um dos dois novos transtornos que incorporamos no DSM IV, e em pouco tempo o diagnóstico de autismo se triplicou. O mesmo ocorreu com a hiperatividade. Calculamos que, com os novos critérios, os diagnósticos aumentariam em 15%, mas houve uma mudança brusca a partir de 1997, quando os laboratórios lançaram no mercado fármacos novos e muito caros, e além disso puderam fazer publicidade. O diagnóstico se multiplicou por 40.

A influência dos laboratórios é evidente, mas um psiquiatra dificilmente prescreverá psicoestimulantes a uma criança sem pais angustiados que corram para o seu consultório, porque a professora disse que a criança não progride adequadamente, e eles temem que ela perca oportunidades de competir na vida. Até que ponto esses fatores culturais influenciam?

Sobre isto tenho três coisas a dizer. Primeiro, não há evidência em longo prazo de que a medicação contribua para melhorar os resultados escolares. Em curto prazo, pode acalmar a criança, inclusive ajudá-la a se concentrar melhor em suas tarefas. Mas em longo prazo esses benefícios não foram demonstrados. Segundo: estamos fazendo um experimento em grande escala com essas crianças, porque não sabemos que efeitos adversos esses fármacos podem ter com o passar do tempo. Assim como não nos ocorre receitar testosterona a uma criança para que renda mais no futebol, tampouco faz sentido tentar melhorar o rendimento escolar com fármacos. Terceiro: temos de aceitar que há diferenças entre as crianças e que nem todas cabem em um molde de normalidade que tornamos cada vez mais estreito. É muito importante que os pais protejam seus filhos, mas do excesso de medicação.

Na medicalização da vida, não influi também a cultura hedonista que busca o bem-estar a qualquer preço?

Os seres humanos são criaturas muito maleáveis. Sobrevivemos há milhões de anos graças a essa capacidade de confrontar a adversidade e nos sobrepor a ela. Agora mesmo, no Iraque ou na Síria, a vida pode ser um inferno. E entretanto as pessoas lutam para sobreviver. Se vivermos imersos em uma cultura que lança mão dos comprimidos diante de qualquer problema, vai se reduzir a nossa capacidade de confrontar o estresse e também a segurança em nós mesmos. Se esse comportamento se generalizar, a sociedade inteira se debilitará frente à adversidade. Além disso, quando tratamos um processo banal como se fosse uma enfermidade, diminuímos a dignidade de quem verdadeiramente a sofre.

E ser rotulado como alguém que sofre um transtorno mental não tem consequências também?

Muitas, e de fato a cada semana recebo emails de pais cujos filhos foram diagnosticados com um transtorno mental e estão desesperados por causa do preconceito que esse rótulo acarreta. É muito fácil fazer um diagnóstico errôneo, mas muito difícil reverter os danos que isso causa. Tanto no social como pelos efeitos adversos que o tratamento pode ter. Felizmente, está crescendo uma corrente crítica em relação a essas práticas. O próximo passo é conscientizar as pessoas de que remédio demais faz mal para a saúde.

Não vai ser fácil…

Certo, mas a mudança cultural é possível. Temos um exemplo magnífico: há 25 anos, nos EUA, 65% da população fumava. Agora, são menos de 20%. É um dos maiores avanços em saúde da história recente, e foi conseguido por uma mudança cultural. As fábricas de cigarro gastavam enormes somas de dinheiro para desinformar. O mesmo que ocorre agora com certos medicamentos psiquiátricos. Custou muito deslanchar as evidências científicas sobre o tabaco, mas, quando se conseguiu, a mudança foi muito rápida.

Nos últimos anos as autoridades sanitárias tomaram medidas para reduzir a pressão dos laboratórios sobre os médicos. Mas agora se deram conta de que podem influenciar o médico gerando demandas nos pacientes.

Há estudos que demonstram que, quando um paciente pede um medicamento, há 20 vezes mais possibilidades de ele ser prescrito do que se a decisão coubesse apenas ao médico. Na Austrália, alguns laboratórios exigiam pessoas de muito boa aparência para o cargo de visitador médico, porque haviam comprovado que gente bonita entrava com mais facilidade nos consultórios. A esse ponto chegamos. Agora temos de trabalhar para obter uma mudança de atitude nas pessoas.

Em que sentido?

Que em vez de ir ao médico em busca da pílula mágica para algo tenhamos uma atitude mais precavida. Que o normal seja que o paciente interrogue o médico cada vez que este receita algo. Perguntar por que prescreve, que benefícios traz, que efeitos adversos causará, se há outras alternativas. Se o paciente mostrar uma atitude resistente, é mais provável que os fármacos receitados a ele sejam justificados.

E também será preciso mudar hábitos.

Sim, e deixe-me lhe dizer um problema que observei. É preciso mudar os hábitos de sono! Vocês sofrem com uma grave falta de sono, e isso provoca ansiedade e irritabilidade. Jantar às 22h e ir dormir à meia-noite ou à 1h fazia sentido quando vocês faziam a sesta. O cérebro elimina toxinas à noite. Quem dorme pouco tem problemas, tanto físicos como psíquicos.

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