segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Passos Coelho pede aos portugueses para serem "mais exigentes" e "menos piegas"



RTP - Lusa

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, apelou hoje aos portugueses para serem "mais exigentes", "menos complacentes" e "menos piegas" porque só assim será possível ganhar credibilidade e criar condições para superar a crise.

"Temos de ser ambiciosos e exigentes com o ensino, com a investigação e o saber, com as empresas", afirmou Passos Coelho durante uma intervenção na cerimónia do 40.º aniversário das escolas do grupo Pedago, que tem sede em Odivelas, e em cujo Instituto de Ciências Educativas deu aulas.

Para Passos Coelho, "hoje, mais do que nunca", é preciso "enfatizar a relevância" de os portugueses serem "totalmente exigentes e nada complacentes com a facilidade", apelando à "transformação de velhas estruturas e velhos comportamentos muito preguiçosos ou, às vezes, demasiado autocentrados", por outros "descomplexados, mais abertos, mais competitivos".

A este propósito, deu como exemplo da "diferença" entre uma atitude ambiciosa e exigente e outra "agarrada ao passado" o debate em torno da tolerância de ponto no Carnaval, considerando que há quem prefira continuar a "lamentar-se com as medidas, com os feriados, com o Carnaval" em vez de lançar "mãos à obra".

Passos Coelho lembrou que o país vive uma situação de "emergência nacional" e como foi "caricato" aquilo que aconteceu no ano passado, quando a troika estava em Portugal para negociar a assistência financeira: "Quem emprestava dinheiro trabalhava enquanto o país aproveitava os feriados e as pontes".

É essa "primeira imagem negativa" que o primeiro-ministro diz tentar afastar diariamente.

"Se queremos que nos olhem com respeito temos de nos olhar com respeito", insistiu, criticando ainda discursos que consideram que há "demasiada austeridade", que as medidas adotadas para corrigir os défices do país são "muito difíceis" e, portanto, é melhor "andar para trás" e voltar "a gastar o dinheiro" que o país não tem, até porque "o FMI e a UE hão de emprestar mais dinheiro, que remédio", já que Portugal faz parte da zona euro.

"Devemos persistir, ser exigentes, não sermos piegas e ter pena dos alunos, coitadinhos, que sofrem tanto para aprender", ilustrou, considerando que só com "persistência", "exigência" e "intransigência" o país terá "credibilidade".

O primeiro-ministro considerou ainda que esta atitude de exigência deve começar na escola mas estender-se a todos os níveis da sociedade e deu como exemplo as empresas.

Para Passos Coelho, não se deve consumir "o que é português só porque é português": "Temos de incutir em quem produz exigência e qualidade. Sabemos produzir com qualidade e devemos premiar aqueles que o fazem", afirmou.

O primeiro-ministro pegou ainda no exemplo da escola e do ensino para defender que "se criou a falácia" de que as grandes reformas levam anos a produzir efeitos.

"Não é verdade. Em cada aula que se dá, tudo pode mudar. As pessoas ajustam-se rapidamente à mudança. Mas tem de haver uma mudança. Agora se se arranjam sempre desculpas e explicações para os maus resultados...", afirmou.

"Os agentes ajustam-se muito rapidamente e antecipam os resultados quando há credibilidade", acrescentou.

MALVINAS SÃO MESMO ARGENTINAS



Mário Augusto Jakobskind - Direto da Redação

Enquanto as mais diversas mídias de mercado continuam a bombardear Cuba com antigos preconceitos da época da Guerra Fria, no Atlântico Sul o velho colonialismo de um país, o Reino Unido, com nostalgia de um passado de dominação forçada segue com toda a força. É o que revelam as últimas notícias sobre o enclave das Malvinas, área onde foram descobertas riquezas petrolíferas.

David Cameron, o conservador herdeiro de um país falido e que se tornou um apêndice dos Estados Unidos na Europa, usa de retórica ao atacar a Argentina como nos velhos tempos. Teve a ousadia de atribuir ao governo de Cristina Kirchner “vocação colonialista”. É o tal fenômeno da transferência, pois é notório que apesar de hoje não ter mais terras de sol a sol, o ranço colonialista não foi abandonado, seja pelos Partidos Trabalhista ou Conservador britânico.

Seguindo a tradição, o governo britânico enviou modernos navios de guerra e de quebra está por lá nas Malvinas o príncipe Williams para treinar pilotagem de helicóptero. Os britânicos ocupam desde o século XVIII terras que pertencem aos argentinos e alegam primariamente que os habitantes das ilhas apoiam a dominação.

Há quase 30 anos houve uma guerra mal conduzida pelos militares argentinos, que se aproveitaram de uma causa justa para manterem-se no poder. Madame Margareth Thatcher, depois de enviar navios de guerra com ogivas nucleares aproveitou o embalo para se fortalecer internamente.

O tiro dos militares argentinos então saiu pela culatra, precipitando o fim da ditadura. Sabem o motivo? Os militares tinham se especializado em torturar argentinos opositores e não souberam enfrentar as forças de ocupação, haja vista, por exemplo, o então capitão Alfredo Aziz, o Anjo da Morte, que literalmente se borrou quando foi preso.

A derrota dos argentinos não significou a desistência de o país retomar as terras roubadas pelo colonialismo britânico. Hoje, o primeiro-ministro David Cameron usa argumentos que não resistem a menor análise para justificar a continuidade da dominação da área que os britânicos denominam Falklands.

A América Latina de 2012 é bem diferente daquele de abril de 1982 quando da guerra das Malvinas. Os que se colocavam mecanicamente contra a Argentina por estar o país sob o jugo de uma ditadura cruel não podem mais repetir a tese. Hoje, os governos democráticos do Mercosul - Brasil, Uruguai, Paraguai – e demais do continente latino-americano têm a obrigação de cerrar fileiras em defesa intransigente da Argentina, felizmente vivendo na plenitude democrática.

É preciso mostrar ao mundo e as potências que utilizam as mesmas táticas coloniais de sempre que a Argentina não está só em sua exigência de retomada das Malvinas.

Em 1982, ignorando solenemente a doutrina segunda a qual os países americanos sofrendo incursões militares de fora da região devem ter a solidariedade e o apoio integral de todo o continente, o então governo dos Estados Unidos (Ronald Reagan) ficou ao lado do colonialismo do Reino Unido.

Hoje, sob o governo de Barack Obama, os EUA defendem a mesma posição de antes, até porque necessitam do Reino Unido para incursões do gênero colonial como as ocorridas no Iraque, no Afeganistão e mais recentemente na Líbia, país onde os Médicos Sem Fronteira decidiram sair porque em várias cidades não adiantava nada a sua presença. É que, segundo os Médicos Sem Fronteira, depois de medicados os líbios vinculados ao regime deposto voltam às prisões para serem torturados e voltam a ficar em precárias condições de saúde.

Desta forma que os EUA, Reino Unido, França, Itália, Qatar e demais países do Golfo estão trazendo a democracia no país do Norte da África.

Em relação a Cuba, a mídia de mercado voltou suas baterias contra o regime cubano. E daqui para frente os estereótipos de sempre retornam com toda a força, sobretudo pelo fato de no próximo mês de março a ilha caribenha receberá a visita do Papa Bento XVI, que, convenhamos, nem progressista é.

No final de dezembro, em discurso proferido no encerramento do ano legislativo (Assembleia Popular), o Presidente Raúl Castro anunciou a promulgação de 2.900 indultos de presos com mais de 60 anos e que não cometeram delitos que provocaram mortes. Entre os indultados se encontravam cubanos condenados pela Justiça por conspirarem contra o Estado e que já cumpriram parte das penas ou que tinham problemas de saúde. Não houve praticamente divulgação a respeito.

Quanto à blogueira Yoani Sánchez, quem conhece minimamente Cuba sabe perfeitamente que ela fala por ela mesma e é alimentada por segmentos mais radicais de direita do exílio cubano. É absolutamente sem sentido reproduzir, sem checar, como fez O Globo, a afirmação da blogueira de que “nas ruas de Havana os cubanos comentam que Dilma veio a Cuba com a carteira aberta e os olhos fechados”.

Qualquer um que visite Cuba e perguntar nas ruas quem é Yoani Sánchez, que se intitula porta-voz dos cubanos, vai obter a resposta: mas quem é Yoani? Isso não impede de encontrar circulando por Havana e outras cidades pessoas descontentes com o regime cubano e até mesmo um taxista particular circulando tranquilamente com uma bandeirola estadunidense em seu veículo. E assim sucessivamente, embora a maioria dos que foram consultados por este jornalista apoiassem o governo, por entenderem perfeitamente que mesmo com todos os defeitos não aceitam o retorno a um tempo em que a ilha caribenha era um mero entreposto dos Estados Unidos.

Mas a blogueira prefere dizer que antes de 1 de janeiro de 1959, ou seja, antes do triunfo da revolução, havia em Cuba “liberdade de expressão”.

Por estas e muitas outras, entende-se porque Yoani Sánchez consegue tanto espaço pelo mundo afora e ganha tantos prêmios muito valorizados. E também porque o Instituto Millennium a convidou para escrever pelo menos de 15 em 15 dias em espaços da mídia de mercado do Rio e São Paulo e com direito a reprodução em jornais de outros Estados.

Independente da decisão do governo cubano de não conceder permissão da blogueira vir ao Brasil, a mídia de mercado aproveitaria da mesma forma a vinda para se voltar contra Cuba. Uma pergunta: quem financia Yoani Sánchez?

* É correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE

MERKEL E SARKOZY AUMENTAM PRESSÃO SOBRE ATENAS



Deutsche Welle, com foto

Premiê alemã, Angela Merkel, e presidente francês, Nicolas Sarkozy, pedem que Grécia adote com urgência medidas de austeridade. Apoio de Merkel à candidatura de Sarkozy gera críticas dentro e fora do governo em Berlim.

Alemanha e França voltaram a aumentar a pressão sobre a Grécia. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, exigiram nesta segunda-feira (06/02) em Paris que Atenas passe à ação e "assuma sua responsabilidade".

As negociações sobre um novo pacote de ajuda à Grécia estão emperradas porque a chamada "Troika", composta por Fundo Monetário Internacional (FMI), União Europeia (UE) e Banco Central Europeu (BCE), exige que Atenas implemente as reformas a que já havia se comprometido.

Em entrevista coletiva após a realização do Conselho de Ministros franco-alemão, Merkel advertiu que "não pode haver acordo se as propostas da Troika não forem implementadas". "O tempo é curto e, por isso, alguma coisa deve ser feita rapidamente", prosseguiu Merkel, ressaltando ser importante que "haja progressos nos próximos dias". Ela afirmou, ainda, não entender "o benefício de se deixar que o tempo passe". "O tempo é curto, e muito está em jogo na zona do euro", argumentou.

Sarkozy alertou que o problema da dívida da Grécia deve ser resolvido "de uma vez por todas". Ele acrescentou, ainda, que os gregos agora devem assumir sua responsabilidade, que "devem adotar as reformas a que se comprometeram".

Fundo especial grego

Ambos os políticos sugeriram o estabelecimento de um fundo especial onde os juros da dívida grega seriam depositados por Atenas e ficariam bloqueados. "Sugerimos que as arrecadações do Estado sejam depositadas em um fundo especial e fiquem bloqueadas, para pagar os juros [da dívida grega]", disse Sarkozy.

"Eu apoio a ideia", sublinhou Angela Merkel. "Os pagamentos de juros necessários à dívida seriam depositados em uma conta especial, para que seja assegurado que a Grécia disponibilizará esse dinheiro de forma permanente", acrescentou a premiê alemã.

O presidente francês disse, ainda, que a cooperação incondicional da Alemanha e da França tornaram possível que "a Europa e o euro não despencassem no abismo de uma crise financeira" e que ele e Merkel concordam que, no início de março, o pacto fiscal com freio da dívida e sanções automáticas poderá ser assinado em Bruxelas.

Chocados com veto a resolução na ONU

Merkel e Sarkozy criticaram o veto de Rússia e China a uma resolução sobre a Síria no Conselho de Segurança da ONU e anunciaram que irão continuar exigindo medidas contra o regime em Damasco. Eles afirmaram que ficaram "chocados" com o fracasso de uma resolução das Nações Unidas contra a violenta repressão de manifestantes na Síria.

Em referência às eleições presidenciais francesas, previstas para ocorrerem em abril e maio, Merkel afirmou que apoia Sarkozy, porque ele pertence a um partido amigo. "Eu o apoio, não importa o que ele faça", sublinhou, argumentando que na Europa "é costume que partidos amigos se apoiem mutuamente".

Críticas ao apoio de Merkel a Sarkozy

O apoio de Merkel a Sarkozy tem sido criticado tanto pela oposição francesa quanto por membros da própria coalizão de governo em Berlim.

Adversário do presidente francês, o socialista François Hollande deseja marcar um dia para ser recebido por Merkel em Berlim, mas a chefe de governo alemã não está entusiasmada com a ideia e não quis dizer se receberá o político francês ainda antes do pleito. "Vamos ver", respondeu, reticente, nesta segunda-feira.

Já o ministro do Exterior alemão, Guido Westerwelle, integrante do Partido Liberal Democrático e vice de Merkel, deixou claro sua desaprovação ao falar à imprensa alemã. "O governo alemão não é um partido na campanha eleitoral francesa", disse, em entrevista à revista Der Spiegel.

O vice-porta-voz do governo alemão, Georg Streiter, negou que o governo em Berlim esteja participando da campanha eleitoral francesa, destacando que a chanceler federal alemã está se engajando pessoalmente, enquanto presidente de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU).

MD/dpa/dadp/rtr - Revisão: Carlos Albuquerque

REI DE ESPANHA DEFENDEU OS MILITARES GOLPISTAS DE 1981



António Louçã, RTP

Acaba de vir a público um relatório do antigo embaixador alemão em Madrid, que põe em xeque a imagem do rei Juan Carlos como guardião da democracia nas horas dramáticas de 23 de fevereiro de 1981, quando o tenente-coronel Tejero entrou no parlamento com as suas tropas e, de pistola em punho, gritou aos deputados: "Todos al suelo!"

O rápido desmantelamento do putsch militar foi depois atribuído à desautorização dos golpistas por parte do rei. Faltando-lhes esse apoio, também lhes faltou a adesão de outras unidades com que teriam contado.

A versão que fazia de Juan Carlos uma figura determinante na incruenta derrota dos golpistas foi várias vezes posta em causa, invocando diversos pontos dessa história que não pareciam consistentes. Mas raras vezes essa versão, da democracia salva pela monarquia, terá sido desmentida por um testemunho tão categórico como é o relato do então embaixador alemão em Madrid, Lothar Lahn, que permaneceu secreto durante 31 anos e agora foi revelado em DER SPIEGEL.

O diplomata foi recebido pelo rei escassas semanas após o 23-F (23 de fevereiro) e ficou supreendido porque o monarca "não deixou transparecer nem ira nem repulsa para com os protagonistas [do putsch], antes mostrou compreensão, quando não foi mesmo simpatia".

Na mesma conversa, Juan Carlos defendeu os putschistas com o argumento de que estes "apenas quisram aquilo que todos desejamos, isto é, o restabelecimento da disciplina, da ordem, da segurança e da tranquilidade". E confessou que tencionava exercer a sua influência sobre o Governo e sobre os tribunais miltiares para que "não aconteça nada de mais [aos putschistas], que apenas quiseram o melhor" para o país. E concluiu que a intentona, devia "ser esquecida o mais depressa possível".

NÃO ME PREOCUPO MUITO COM OS POBRES




Antonio Tozzi, Miami - Direto da Redação, com foto

Miami (EUA) - Esta frase bem que poderia estar na boca de Justo Veríssimo, personagem criado por Chico Anysio para simbolizar o protótipo do político brasileiro corrupto. Mas a frase foi dita na América do Norte e por um político americano. Mitt Romney, talvez ainda inebriado com a vitória obtida na Flórida, respondeu à repórter Soledad O’ Brien, da rede CNN, que não se preocupava com os muitos pobres dos EUA, porque “eles têm um colchão social que lhes ampara e, se precisar, vou consertar isto”.

Na verdade, ele quis dizer que sua preocupação como possível futuro presidente era com o conjunto dos cidadãos do país e não apenas com um segmento, no caso, os paupérrimos que formam a base da pirâmide social. Para ser justo, ele disse também que não se preocupava com os muito ricos também.

Evidentemente, nem ele nem ninguém precisa preocupar-se com os ricos. Pelo contrário, a maioria procura por eles em troca de dinheiro, favores e posições. Já os mais pobres são aqueles que necessitam ser amparados com políticas sociais que possam recuperá-los e não deixá-los à margem da sociedade. Por isto, a declaração foi totalmente infeliz. Sobretudo num momento em que vem aumentando significativamente o percentual de pobres nos Estados Unidos.

Pior ainda, o plano de impostos proposto por Romney beneficia exatamente o grupo que não precisa de ajuda: os ricos – grupo que, por sinal, ele integra. Está tornando-se ridícula a insistência dos parlamentares e políticos republicanos em defender uma posição contrária ao aumento dos impostos para a camada mais rica da população americana, algo que os próprios ricos consideram totalmente justo, conforme têm declarado reiteradamente Bill Gates e Warren Buffet, os dois bilionários mais ricos do mundo. Buffet recentemente deu entrevista às TVs do país ao lado de sua secretária, que ironicamente paga ao IRS (Secretaria da Receita Federal dos EUA) o dobro que o próprio bilionário recolhe aos cofres públicos. Isto é justo?

Para justificar a oposição, os republicanos argumentam que o aumento dos impostos dos ricos não solucionaria o problema do déficit orçamentário do país. É verdade, mas cálculos dos economistas comprovaram que, caso seja aprovada a proposta do presidente Barack Obama de correção do imposto de renda dos mais ricos, o montante arrecadado corresponderia a cerca de 20% deste total - ou seja, um percentual considerável com uma ação que não representaria nenhum investimento por parte do governo e nem oneraria os pagadores de impostos.

Os republicanos, por sua vez, clamam pelos cortes de gastos do governo. Entretanto, quando Obama anunciou uma redução no orçamento militar e bélico muitos republicanos fizeram muxoxos e disseram que o presidente está descuidando-se da segurança e da defesa do país. Deveriam era cumprimentar o presidente porque não faz mais sentido manter um orçamento gigantesco num momento em que os soldados americanos deixaram o Iraque e até meados de 2013 serão encerradas as operações de combate no Afeganistão para que os governos constituídos destes países possam guiar os rumos das nações.

Mas, voltando a Mitt Romney, ele vem cometendo uma série de gafes que podem comprometer seu desempenho eleitoral. Num debate em dezembro do ano passado, desafiou o então candidato Rick Perry a fazer uma aposta de $10,000. Depois, em New Hampshire, numa referência às seguradoras, declarou: "Gosto de ser capaz de demitir pessoas”. Comentário infeliz que foi bastante explorado por seus adversários republicanos.

Respondendo a perguntas sobre desigualdade social, no mês passado, ele disse que aqueles que falam isto são “invejosos”.E, ao divulgar seu imposto de renda, os eleitores puderam entender o que ele estava dizendo, uma vez que ficaram sabendo que o percentual de impostos pago por ele é menor do que 15%. Para piorar, todos descobriram que ele mantém dinheiro depositado em paraísos fiscais, uma maneira legal para evitar a taxação sobre o capital, mas completamente imoral para quem pleiteia a presidência do país. É o caso clássico do faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.

Depois de tudo isto, fica cada vez mais difícil alguém confiar em Mitt Romney para gerir o destino dos Estados Unidos durante quatro anos. Pensando bem, você votaria nele?

*Foi repórter do Jornal da Tarde e do Estado de São Paulo. Vive nos Estados Unidos desde 1996, onde foi editor da CBS Telenotícias Brasil, do canal de esportes PSN, da revista Latin Trade e do jornal AcheiUSA

PR timorense lamenta repressão contra organizações não governamentais no Egito



MSE (CSJ) - Lusa

Díli, 06 fev (Lusa) - O prémio Nobel da Paz e Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, lamentou hoje a repressão contra organizações não-governamentais (ONG) no Egito e apelou às autoridades para retirarem as acusações contra 44 pessoas, incluindo 19 norte-americanos.

"O Presidente Ramos-Horta está familiarizado, há mais de 30 anos, com o trabalho do Instituto Republicano Internacional, do Instituto Nacional Democrático e da Casa da Liberdade, na promoção da democracia, do Estado de Direito e dos Direitos Humanos de uma forma aberta, transparente, num excelente desempenho de atividades também desenvolvidas em Timor-Leste", refere em comunicado a presidência timorense.

No comunicado, a presidência de Timor-Leste refere que antes de o país ser independente o Instituto Republicano Internacional e o Instituo Nacional Democrático desempenharam um papel importante na promoção da causa timorense junto do público.

"O Presidente Ramos-Horta acredita que este ato pode constituir um revés para o Egito na estrada para a democracia (...) também acredita que a situação pode ser o resultado de um mal-entendido por parte das autoridades egípcias sobre as fontes de financiamentos das ONG e suas atividades", acrescenta o documento.

No domingo, uma fonte judicial egípcia disse que 44 pessoas, incluindo 19 norte-americanos, vão ser julgadas por alegado financiamento ilegal de ONG a trabalhar no país.

Nenhum dos acusados foi detido, mas todos estão proibidos de deixar o país.

Os 44 cidadãos terão agora que aguardar o julgamento, cuja data ainda não foi marcada.

Além dos 19 norte-americanos, foram também presentes a tribunal cinco sérvios, dois alemães e três cidadãos árabes não egípcios.

Entre os cidadãos norte-americanos, está Sam LaHood, responsável pela delegação egípcia do Instituto Republicano Internacional e filho do secretário dos Transportes norte-americano, Ray LaHood, segundo a AP.

A investigação ao trabalho das ONG no Egipto está relacionada com a agitação política que tomou conta do país desde a queda de Hosni Mubarak, há quase um ano.


BRASIL PROMOVE A LÍNGUA PORTUGUESA EM TIMOR-LESTE



Sapo TL

Através de palavras cruzadas, caça palavras e revista para crianças, o Brasil vem incentivando a divulgação do português em Timor-Leste, informa o jornal Agora.

O bahasa indonésio foi durante 24 anos a língua oficial no território. Hoje em dia, são duas as linguas oficiais, o português e o tétum. Devido a esse vácuo, existe uma "vontade reprimida" dos timorenses em aprender o idioma, afirma o embaixador brasileiro em Díli, Edson Monteiro.

Durante a feira do livro realizada em 2010, todos os exemplares em português foram vendidos na primeira manhã do evento. A partir daí, a embaixada contactou editoras brasileiras para parcerias. Uma delas doou 80 mil títulos em português. Em março, cerca de 70 timorenses virão ao Brasil para aprender português.

Pela TV, o Brasil também dá uma ajuda: programas como "A Grande Família" e "A Diarista" já foram veiculados na RTTL (Rede de Televisão do Timor-Leste). "Os timorenses identificam-se com o cenário e as histórias brasileiras, em particular as que vêm do ambiente rural. O filme 'Dois Filhos de Francisco' foi um sucesso em Timor-Leste", afirma o embaixador brasileiro.

SAPO TL com Jornal Agora

Deputados moçambicanos em Luanda a convite da direcção parlamentar do MPLA




NME - Lusa, com foto em Jornal de Angola

Luanda, 06 Fev (Lusa) - Uma delegação de deputados da Frelimo chegou hoje a Luanda para uma visita de trabalho, da qual deverá resultar na assinatura de um acordo de cooperação e aprofundamento das relações entre Angola e Moçambique.

Os deputados moçambicanos, que visitam Angola a convite do grupo parlamentar do MPLA, são chefiados pela líder da bancada da Frelimo, Margarida Adamugy Talapa.

A delegação tem previstos encontros com o presidente da Assembleia Nacional angolana, Paulo Cassoma, com os ministros dos Assuntos Parlamentares, Norberto dos Santos "Kwata Kanawa" e do Planeamento, Ana Dias Lourenço.

O programa prevê igualmente uma reunião com o vice-presidente do MPLA, Roberto de Almeida, estando o início das conversações entre as delegações dos partidos históricos marcado para terça-feira.

No encontro, os deputados do MPLA e da Frelimo vão abordar a situação política, económica e social de Angola e Moçambique.

A delegação tem ainda prevista uma deslocação à província do Zaire, no norte de Angola, onde realizará uma visita ao projeto de gás natural, Angola LNG.

Leia mais sobre Angola e também sobre Moçambique

CAVACO DESCOBRIU A PÓLVORA PARA A CPLP



Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

O Presidente da República de Portugal descobriu hoje a pólvora. Para apoiar a promoção da língua portuguesa e programas de cooperação entre membros da CPLP sugeriu a criação de "uma bolsa única de recursos humanos e financeiros".

Discursando na cerimónia de inauguração da nova sede da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, em Lisboa, Cavaco Silva reiterou que o português é "um idioma que há muito justifica a sua elevação oficial a língua oficial nos diferentes organismos internacionais de que são membros os Estados da CPLP, começando, desde logo, pelas próprias Nações Unidas".

A este propósito, o Presidente lembrou o seu discurso feito em português no primeiro debate aberto do Conselho de Segurança das Nações Unidas sob presidência portuguesa, em Nova Iorque.

"A nossa língua é já hoje a sexta mais falada no mundo e, ainda mais importante, um dos idiomas em maior expansão, fruto não só do crescimento demográfico dos nosso países mas, também, do aumento exponencial no interesse que vem suscitando a nível global", declarou Aníbal Cavaco Silva.

Para o Presidente da República, esta realidade "constitui um extraordinário activo estratégico, em termos políticos e económicos", que obriga todos os países membros da CPLP a apostarem "na educação e na formação" em língua portuguesa "como prioridade".

Prioridade que, creio eu, será acompanhada – entre outros - pela Austrália, Indonésia, Luxemburgo, Suazilândia, Ucrânia e Guiné-Equatorial.

"Sabemos que nem todos temos os mesmos recursos no domínio da língua", notou Cavaco Silva, que neste contexto defendeu "uma concertação de esforços a nível político, que permita criar condições logísticas e financeiras para que aqueles que dispõem de meios humanos possam apoiar quem mais deles necessita".

"A CPLP poderia ser o fórum ideal para essa reflexão conjunta e para adopção de programas de cooperação abrangendo todos os seus membros, com base numa bolsa única de recursos humanos e financeiros", advogou.

Na sua intervenção, o chefe de Estado salientou mais do que uma vez as "oportunidades de índole política e económica" que pode trazer a "expansão da língua portuguesa como verdadeira língua universal".

"Importa prosseguir os esforços no sentido da implementação efectiva das orientações dos chefes de Estado e Governo nesta matéria e, em particular, das medidas previstas no plano de acção de Brasília", sublinhou.

Descoberta a pólvora, em enquanto os ilustres convidados rumaram para um repasto à altura, grande parte do povo da CPLP (incluindo Portugal) continua a ser gerados com fome, a nascer com fome e a morrer pouco depois com fome.

Quanto à CPLP, cuja presidência está nas mãos do democrata, não eleito e há 32 anos no poder, José Eduardo dos Santos, continua a fazer inaugurações e a brinda os seus ilustres protagonistas com repastos do tipo trufas pretas, caranguejos gigantes, cordeiro assado com cogumelos, bolbos de lírio de Inverno, supremos de galinha com espuma de raiz de beterraba e queijos acompanhados de mel e amêndoas caramelizadas, e várias garrafas de Château-Grillet.

A democracia que faz brilhar os olhos dos bem nutridos dirigentes da CPLP tem destas coisas. Ou se é favor de quem está no poder ou, é claro, vai-se para a choldra. Ou se é a favor ou choca-se com uma bala perdida.

Longe da sede da CPLP passa o facto de dois em cada três guineenses viverem na pobreza absoluta e uma em cada quatro crianças morrer antes dos cinco anos de idade.

Ao lado da CPLP passa igualmente o perfil do cliente angolano em Portugal, que representa 30% do mercado de luxo português. São sobretudo de homens, 40 anos, empresários do ramo da construção, ex-militares ou com ligações ao governo. Vestem Hugo Boss ou Ermenegildo Zegna. Compram relógios de ouro Patek Phillipe e Rolex.

Ao lado também passa o perfil da esmagadora maioria do povo angolano. É pé descalço, barriga vazia, vive nos bairros de lata, é gerado com fome, nasce com fome e morre pouco depois com... fome.

A CPLP sabe que, por exemplo, 58% dos angolanos vivem na miséria. Mas para ela são mais importantes os angolanos de primeira (todos adeptos certamente do socialismo democrático do MPLA) que não olham a preços, procuram qualidade e peças com o logo visível, sendo comum uma loja de luxo facturar, numa só venda, entre 50 e 100 mil euros, pagos por transferência bancária ou cartão de crédito.

Por outro lado, de acordo com a vida real dos angolanos (de segunda), 45% das crianças sofrem de má nutrição crónica e uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos. Mas isso, convenhamos, não é problema para a CPLP.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: DE VEZ EM QUANDO ELES VÊEM ALGUMA COISA

O GIRO À ESQUERDA DOS SOCIALISTAS FRANCESES




Eduardo Febbro - Direto de Paris – Carta Maior

François Hollande deixou para trás a linha “socialismo liberal” de seus antecessores e a imagem de homem brando, indeciso e inconsistente que a direita francesa e a imprensa teceram em torno dele. Hollande entrou de cheio na eleição presidencial com um discurso marcado por um contundente giro à esquerda e uma frase que diz tudo: “meu adversário, meu verdadeiro adversário não tem nome, nem rosto, nem partido. Nunca apresentará sua candidatura e, consequentemente, não será eleito. Mesmo assim, governa. Esse adversário é o mundo das finanças”.

Paris - A dinâmica positiva que o socialismo francês colocou em marcha não se detém desde que, no ano passado, organizou as primárias para designar o candidato às eleições presidenciais de abril e maio. Segundo reiteradas pesquisas de opinião, François Hollande conserva sempre uma folgada vantagem sobre o presidente Nicolas Sarkozy, que aspira a reeleição, mas que ainda não lançou oficialmente sua candidatura.

Pela primeira vez nos últimos 20 anos, o socialismo francês assumiu francamente sua identidade e colocou sobre a mesa um programa de clara inspiração de esquerda. Em dois atos sucessivos, o candidato do PS fixou um rumo tanto mais inédito quanto propor uma plataforma de esquerda para uma época de profunda crise do liberalismo.

Nas últimas duas semanas, Hollande deixou para trás a linha “socialismo liberal” de seus antecessores, as ridículas polêmicas dentro de seu campo e a imagem de homem brando, indeciso, instável e inconsistente que a direita francesa e a imprensa tinham tecido em torno dele. François Hollande entrou de cheio na eleição presidencial com um discurso combativo, anti-consensual, marcado por um contundente giro à esquerda e uma frase que diz tudo: “meu adversário, meu verdadeiro adversário não tem nome, nem rosto, nem partido. Nunca apresentará sua candidatura e, consequentemente, não será eleito. Ainda assim, esse adversário governa. Esse adversário é o mundo das finanças”. Frase chocante que teve um sólido impacto na opinião pública e no próprio campo conservador.

Durante esse discurso, Hollande detalhou seis medidas para regular os mercados financeiros e lançou uma clara advertência aos “delinquentes financeiros, os fraudulentos, os pequenos selvagens”. O homem moderado e em aparência tímido se vestiu de guerreiro da cruzada contra a impunidade do sistema financeiro. A leitura imediata desse discurso não se fez esperar, tanto na opinião pública, que o percebeu como uma iniciativa para restaurar a política para além dos mercados, como dentro da direita.

O primeiro a medir o impacto do que poderia acontecer nas eleições presidenciais de abril e maio foi o próprio presidente francês. Nicolas Sarkozy oficializou sua candidatura à reeleição mediante um leque de confidências em off de alto valor negativo. “Se fracasso, deixo a política. É uma certeza!”, disse Sarkozy a um grupo de jornalistas. Até agora, sua candidatura à reeleição era virtual, mas o presidente a fez passar ao terreno do quase real com uma perspectiva negativa.

A bateria de pesquisas de opinião adversas, o lugar ocupado pelo candidato socialista na preferência do eleitorado e o efeito que teve o discurso de Hollande introduziram um fator de pessimismo. Não obstante, hábil como poucos, as confidências de Sarkozy são um plano de pré-campanha que foi se aperfeiçoando nas últimas semanas. Entre confidências em off e intervenções perfeitamente programadas de seus assessores mais próximos, Sarkozy ataca o candidato socialista da sombra e sem haver ainda posto um pé na campanha eleitoral. Segundo o vespertino Le Monde, na mesma reunião com os jornalistas, o mandatário disse: “Em todo caso, estou perto do final. Pela primeira vez na minha vida, me encontro de frente com o final da minha carreira”.

O presidente francês está seguro de que vai esmagar seu rival. Entretanto, o socialismo francês colocou várias peças chave no tabuleiro presidencial. Os socialistas realizaram uma tripla operação. Sem citá-lo sequer, François Hollande atacou Sarkozy por seus laços conhecidos com o sistema financeiro, atraiu à suas filas os setores mais radicais da esquerda francesa e apagou sua imagem de homem indeciso. O discurso durante o qual lançou sua campanha está cheio de frases contra os reis do dinheiro e de um sexteto de medidas bem claras.

A primeira consiste em votar uma lei que obrigará os bancos a “separar suas atividades de crédito das operações especulativas”. Mais ofensivo ainda, Hollande anunciou que “proibirá pura e simplesmente os produtos financeiros sem relação com as necessidades da economia real”. O líder do PS completou logo seu dispositivo com a apresentação de seu programa eleitoral. Trata-se de um projeto destinado “à mudança” que consta de umas 60 medidas políticas e econômicas avaliadas em cerca de 20.000 milhões de euros.

Segundo Hollande, esse pacote de medidas será financiado com os 29 bilhões obtidos com a supressão das isenções fiscais – uma boa parte destas decididas por Sarkozy. Segundo o candidato do PS, seu plano acarretará em um aumento de 1% no gasto público. Toda a arquitetura destas 60 propostas gira em torno do que Hollande chamou “um ajuste realista” que, segundo esclareceu, nunca perderá de vista a justiça social.

O representante do partido da rosa adianta um mandato muito diferente ao de Sarkozy. Se ganhar a eleição, disse, sua primeira decisão consistirá em aprovar a reforma fiscal e financeira com a meta declarada de incrementar os impostos “aos que mais ganham, aos bancos e às grandes empresas”. A ruptura com a política fiscal de Sarkozy é espetacular. Logo no começo de seu mandato, Nicolas Sarkozy aprovou o polêmico “escudo fiscal” com o qual limitou o porcentual impositivo dos ricos. Hollande toma o caminho contrário: o imposto de renda aumentará dos 41% atuais a 45% para os que ganham mais de 150.000 euros por ano.

O lema socialista desta eleição 2012 é “a igualdade, a juventude, a educação e a justiça”, disse François Hollande em sua apresentação à imprensa. Todo o esforço socialista parece orientado a desandar os passos de Sarkozy. O aspirante do PS prometeu que se for eleito em maio próximo voltará a negociar o tratado europeu pactuado no ano passado entre Sarkozy e a chanceler alemã Angela Merkel.

Há muito tempo que os socialistas não expunham programa tão ambicioso, ainda mais quando este se desdobra em plena crise, com medidas como a preservação dos grandes grupos estatais, a criação de um banco público de investimento ou a introdução de um sistema de poupança isenta de impostos e destinada às pequenas e grandes empresas. As reformas propostas por François Hollande retomam os esquecidos hinos da social-democracia européia, convertida ao ultra liberalismo nos últimos 20 anos: reformar para redistribuir a riqueza, reformar para equilibrar a justiça social.

Faltam mais de dois meses para o primeiro turno da eleição presidencial, mas pouco a pouco, o PS francês instalou na opinião pública a validade de um programa de forte inspiração socialdemocrata, a idéia de que há vida fora do dogma ultra liberal, o princípio básico de que os bancos não podem fazer o que lhes dê vontade e que, para todas estas coisas, a ação política e o Estado podem voltar a ter um sentido.

Tradução: Libório Junior

PUTIN DIZ QUE NATO É COMPLETAMENTE DESNECESSÁRIA



i online - Lusa

O primeiro-ministro e candidato a Presidente da Rússia, Vladimir Putin, considerou hoje que a NATO não serve para nada e, por isso, não vale a pena trocar a sua dissolução pela concessão de apoio à UE.

A proposta de trocar a dissolução da NATO por ajuda russa à União Europeia foi feita por Vladimir Jirinovski, candidato nacionalista ao cargo de Presidente da Rússia nas eleições de 04 de março.

"Vladimir Volfovitch [Jirinovski] propõe a prestação de ajuda à União Europeia? Mas porque razões? São países ricos, mais ricos do que nós", declarou num encontro com politólogos russos.

Quanto à proposta de dissolução da NATO, Putin acrescentou: "Penso que isso não é uma exigência realista, embora seja correta. Porque ninguém precisa do bloco da NATO, trata-se de um rudimento da guerra frio. Vladimir Volfovitch é muito inteligente."

No mesmo encontro, o primeiro-ministro russo defendeu que no seu país não há presos políticos.

"Não compreendo bem o que se entende por amnistia política. Penso que no nosso país não há presos políticos, graças a Deus. Embora falem disso, mas sem citar nomes, que mostrem pelo menos uma pessoa que está presa por motivos políticos", acrescentou.

A libertação dos presos políticos foi uma das principais exigências expressadas pela oposição num comício do sábado passado em Moscovo, que reuniu dezenas de milhar de pessoas.

Os dirigentes da oposição afirmaram que na Rússia há mais de 30 presos políticos e prometeram entregar a lista no Kremlin durante esta semana.

Nessa lista, os mais conhecidos são Mikhail Khodorkovski e Platon Lebedev, empresários que estão a cumprir penas de prisão por "evasão fiscal" e "branqueamento de capitais".

Putin frisou uma vez mais que poderá recrutar especialistas de outros setores políticos para o futuro Governo russo, mas recusou qualquer coligação.

"Já disse que não excluímos chamar para o Governo pessoas de diferentes opiniões políticas. O importante é que sejam profissionais. Mas isso não será um governo de coligação no sentido clássico dessa palavra", concluiu.

Este encontro decorreu no quadro da campanha eleitoral para as presidenciais na Rússia, marcadas para 04 de março.

Moçambique – BES: ADMINISTRADOR EXPULSO POR INSULTAR MOÇAMBICANOS




Margarida Bon de Sousa – i online

Pinto Ribeiro foi impedido de trabalhar em Moçambique por ter maltratado trabalhadores do Moza Banco, o parceiro do banco de Ricardo Salgado naquele país africano

“Porra, pretos de merda, vocês não sabem nada, seus amadores, incompetentes, vocês não têm perfil para trabalhar neste Banco, eu aqui mando, vão para a rua”. Esta frase, reiteradamente proferida por José Alexandre Maganinho Pinto Ribeiro ao longo de meses, acabou por ser fatal ao administrador português do Moza Banco, parceiro do grupo BES em Moçambique, e custar--lhe quer o lugar no banco quer o direito de trabalhar naquele país africano de expressão portuguesa.

Pinto Ribeiro foi “convidado” a deixar Maputo pelo executivo liderado por Guebuza por maus tratos aos seus subordinados e com base na violação do princípio do “direito à honra, bom nome e integridade moral” bem como do “direito ao trabalho” emanado da Constituição moçambicana.

Segundo um despacho da ministra do Trabalho, Maria Helena Taípo, a que o i teve acesso, datado de 18 de Janeiro, ao “trabalhador estrangeiro”, como é designado Pinto Ribeiro no documento oficial, “foi-lhe proibido, com efeitos imediatos, o exercício do direito ao trabalho” na República de Moçambique “em virtude do respectivo comportamento na relação com os trabalhadores violar os princípios plasmados” na lei fundamental moçambicana.

O comportamento do administrador do Moza Banco foi denunciado por vários trabalhadores da instituição parceira do banco de Ricardo Salgado, tendo desencadeado uma acção inspectiva por parte da Direcção do Trabalho de Maputo. Na sequência desta fiscalização, os inspectores constataram que “os trabalhadores têm sofrido maus tratos perpetrados pelo trabalhador estrangeiro”.

Ainda segundo o despacho, os colaboradores do banco eram sistematicamente obrigados a trabalhar até às duas horas da madrugada, “sem direito a descanso nem remuneração”. Enquanto isto, José Alexandre Pinto Ribeiro insultava-os, berrando-lhes várias palavras ofensivas que a ministra do Trabalho fez questão de reproduzir no documento que fundamenta a sua proibição de continuar a trabalhar no país.

Após a saída do administrador, no mês passado, alguns dos trabalhadores moçambicanos entretanto afastados do quadro da direcção, “visando a integração de estrangeiros” foram reconduzidos.

Em comunicado emitido no seu site, o banco reconhece que foi notificado por algumas irregularidades laborais detectadas no âmbito da inspecção levada a cabo pelo Ministério do Trabalho. E informa que estão a ser tomadas medidas legais adequadas, em fóruns competentes, tendo em vista a defesa dos interesses da instituição. Mas garante que a notificação em nada afecta o seu normal funcionamento nem o processo de expansão e modernização em curso, que passa pela abertura de novas agências em todo o território.

Brasil: Ciro aponta Serra como cúmplice da Privataria Tucana e será ouvido na CPI




Correio do Brasil - de Brasília

O ex-ministro Ciro Ferreira Gomes, hoje vice-presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), é uma das testemunhas aguardadas na Câmara dos Deputados caso seja aprovada a CPI da Privataria Tucana, originada no livro homônimo do jornalista Amaury Ribeiro. A obra narra o processo de privatização das grandes companhias brasileiras e o desvio monumental de recursos do Estado para contas particulares, em bancos de paraísos fiscais, entre elas as dos principais líderes do PSDB, como José Serra e Fernando Henrique Cardoso.

Ciro, em entrevista a um programa de TV aberta, ainda em 2009, já denunciava os fatos descritos, em detalhes, no livro-reportagem. Segundo o também ex-deputado federal com mais de 600 mil votos na penúltima eleição, a gestão de FHC e Serra drenou os recursos brasileiros de forma espetacular a ponto de faltar pouco para o país quebrar, ao longo dos oito anos do mandato tucano.

– O (jornalista) Elio Gaspari chama o processo de privatização que eles fizeram de privataria. Uma mistura de privatização com pirataria. Não é por nada particular, porque o Serra gosta de espalhar entre as penas amestradas que ele controla, que eu tenho alguma animosidade pessoal com ele. Ele é um Fernando Henrique Boy. Não tem como não ser. Ele foi ministro do governo Fernando Henrique por oito anos – afirmou Ciro, na entrevista passada.

Ciro Gomes pontuou a velocidade impressionante com que a equipe econômica da gestão FHC avançou sobre os bens nacionais, construídos ao longo de 500 anos.

– O Brasil, quando o Fernando Henrique tomou posse – e eu era ministro da Fazenda – tinha levado 500 anos para fazer uma dívida pública equivalente a 38% do Produto Interno Bruto (PIB). Essa gente, o governador Serra, ministro do Planejamento, membro da equipe econômica, trouxe essa dívida para 78% do PIB em apenas oito anos. Levou 500 anos, brasileiro, para que a dívida chegasse a 38% do PIB. E foi uma dívida feita para construir a Petrobras, a Eletrobras, a Telebras, as estradas etc etc. Essa gente dilapidou o patrimônio brasileiro. O investimento brasileiro caiu ao pior nível desde a Segunda Guerra Mundial. Destruíram as universidades brasileiras. Perdemos um terço dos mestres e doutores, que se leva 40 anos para formar, em apenas oito anos de maluquices. De prostração ideológica neolilberal, de mistificação – relata.

Para o ex-parlamentar, que não concorreu à Presidência da República nas últimas eleições num acordo com o PT, alinhavado pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para que ele apoiasse a candidatura da atual presidenta, Dilma Rousseff, a volta dos tucanos ao poder significa um retrocesso histórico.

– O Brasil foi ao chão. Faltou energia. Pelo amor de Deus… Tem alguma animosidade minha? Se tiver, desmintam um número meu. Então, essa gente não pode voltar, porque agora o Lula provou para nós próprios, brasileiros, que nós temos condições de resolver o nosso desafio. E olha que o Lula pegou a coisa degringolada. Em 2003 o Brasil quase quebra, de novo. Agora, passamos pela maior crise do capitalismo moderno e o Brasil não quebrou.

Aos 52 anos, mais da metade dedicados à vida pública, o ex-deputado federal foi duas vezes deputado estadual, sendo eleito em seguida prefeito de Fortaleza e governador do Ceará. Ocupou ainda os cargos de Ministro da Fazenda e Ministro da Integração Nacional. Em 2006 e foi o deputado federal mais votado do país, proporcionalmente, com 667.830 votos.



Pedro Rios é abordado pela Guarda Municipal frente à Globo - greve de fome continua




Correio do Brasil, com foto - do Rio de Janeiro, Paris e Berlim

Em seu nono dia na greve de fome que realiza em protesto contra a violência no Pinheirinho, assentamento invadido violentamente pela Polícia Militar paulista em São José dos Campos, Pedro Rios Leão acordou nesta segunda-feira sob o sol escaldante da Rua Von Martius, em frente à sede da TV Globo, no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio. Na noite anterior, agentes da Guarda Municipal do Rio de Janeiro retiraram o toldo que amigos haviam levado para protegê-lo do tempo, ainda que precariamente. Desmobilizaram o grupo de apoio que o acompanhava na vigília por um país mais justo. Deixaram-no algemado à realidade do verão implacável, após mais uma noite insone, debilitado pela absoluta falta de alimento, cansado de enfrentar sozinho o silêncio da mídia conservadora. Engana-se, porém, a autoridade que deu o caso por encerrado. Pedro Rios seguirá em seu protesto até a manifestação dos Policiais Militares e do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio, nesta quinta-feira, na Cinelândia.

“Pessoal, ontem a guarda municipal gentilmente atendeu a pedidos e chegou para nos remover. Depois de puxar cacetete, ameaçar muito nos agredir, resolveram só nos deixar ao relento. Se eu fosse preto e da Zona Norte (do Rio), eles não teriam sequer dado um ‘oi’. Na confusão perdi meu celular e algumas outras coisas. O acampamento ficou desbaratado e os ânimos devastados. No sol, e no pior ponto da greve, eu comecei a passar muito mal”, relatou, em sua página no Facebook.

Pedro está agora abrigado em seu apartamento, em Botafogo, distante poucos quilômetros da sede do poder midiático ainda em vigor no país, contra o qual ele iniciou a sua cruzada. Simpatizantes chegam à toda hora para prestar a solidariedade devida a quem, em nome das 1,6 mil famílias injustiçadas por uma ação policial no Estado vizinho, segue em frente no sacrifício voluntário da fome. Em Paris, na tarde deste domingo, um grupo de brasileiros também rendeu homenagens aos moradores do Pinheirinho e a Pedro Rios.

Ainda no fim de semana, as embaixadas brasileiras na Argentina, França e Chile converteram-se em palco de manifestações contra os atos promovidos por governos do PSDB tanto na prefeitura de São José dos Campos quanto no governo do Estado de São Paulo. Por ordem dos políticos tucanos, ocorreu o despejo mais violento de que o país tem notícia nas últimas décadas, com mais de 6 mil pessoas sem ter para onde ir, abrigados em escola, igreja e ginásio de esportes.

Em frente à representação diplomática do Brasil na Alemanha, Argentina e França, estrangeiros e imigrantes brasileiros pediram justiça e manifestaram solidariedade aos desalojados sob cassetetes e tiros em Pinheirinho, no 22 de janeiro. No último sábado, apesar do frio polar, 50 manifestantes chamaram a atenção dos que passavam pela embaixada brasileira em Paris. Número equivalente de brasileiros residentes em Berlim também se manifestou em apoio aos moradores da comunidade sob o lema: Todos somos Pinheirinho, com faixas de apoio também à greve de fome de Pedro Rios.

Sob o mesmo lema, na Argentina, 30 pessoas pediram justiça para o caso enquanto caminhavam do Obelisco até a embaixada do Brasil na capital portenha. Trinta pessoas, também, com o mesmo objetivo se reuniram na Praça Los Heroes, sede da nossa representação diplomática no Chile. O registro de violência e autoritarismo do poder público, perpetrados em Pinheirinho no fim de janeiro, atravessou fronteiras. As imagens foram gravadas no calor da hora pelos próprios moradores e por líderes de movimentos sociais Ganharam mais visibilidade, ainda, quando a urbanista Raquel Rolnik, relatora das Nações Unidas para o direito à Habitação, denunciou a violação aos direitos humanos para o mundo.

“Quanto mais me batem, e quanto mais silêncio oficial, mais p. eu fico. Greve de fome: Dia 9 – 58 kgs”, conclui Pedro Rios, em sua mensagem aos brasileiros.

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