Artur Queiroz*, Luanda
No início do Século XX, entre 1905 e 1907, as tropas de ocupação alemãs massacraram mais de 300.000 tanzanianos, que se revoltaram contra o domínio colonial. Um massacre tão ao gosto das potências coloniais. O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, hoje abriu as comportas dos intestinos e bufou: “Eu curvo-me ante as vítimas do domínio colonial alemão. Peço perdão. Tenho vergonha do que os soldados coloniais alemães fizeram”. Daqui a 120 anos um Hitler qualquer vai pedir perdão pelos massacres na Faixa de Gaza, executados pelos EUA e União Europeia, com o apoio entusiasmado da Alemanha. Bons brancos!
Peço perdão por ter escrito reiteradamente que o Jornalismo acabou. Os jornalistas foram todos para escriturários e os arrumadores de carros são agora donos e senhores das Redacções a troco de uma moedinha. Perdão! Há Jornalistas na Faixa de Gaza.
Graças a profissionais abnegadas e corajosos o mundo conhece o genocídio na Faixa de Gaza. As condições para trabalhar são praticamente impossíveis. Mas essas e esses profissionais não viram costas aos acontecimentos. A organização Repórteres Sem Fronteiras apresentou queixa no Tribunal Penal Internacional pelos crimes de guerra de Israel contra Jornalistas. Os nazis de Telavive já mataram dezenas de profissionais da comunicação social! Nunca antes aconteceu tal catástrofe com essa dimensão.
Na Guerra do Vietname morreram 63 jornalistas entre 1955 e 1975 (20 anos). Na Guerra do Iraque, em três anos, também morreram 63 jornalistas e dois continuam desaparecidos. Os assassinos dos EUA chamam-lhes “danos colaterais”. Os bombardeamentos de Israel à Faixa de Gaza mataram 31 jornalistas, entre os dias 8 e 31 de Outubro de 2023. Dos assassinados 26 são profissionais palestinos. Estes números são do Comitê de Protecção dos Jornalistas. Israel diz que os profissionais da comunicação social é que cometem crimes de guerra porque andam no meio dos terroristas do HAMAS. EUA, Reino Unido e União Europeia confirmam.
Este vosso criado informa que nenhum jornalista foi morto entre 4 de Fevereiro de 1961 e o 25 de Abril de 1974. Nem os que se “embebiam” nas operações militares dos ocupantes, como Fernando Farinha. Nada lhes aconteceu. Mas activistas do MPLA tinham a morada de todos os jornalistas em Luanda, Lobito, Benguela e Huambo. Todos. Era fácil fazer-lhes o que Israel faz aos jornalistas na Faixa de Gaza. E nem era necessário gastar bombas de aviação ou outras. Canivetes suíços, mãos nuas à volta do pescoço ou cabeçadas chegavam e sobravam para matar quem vivia, confiante e despreocupado, nas cidades angolanas.