segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Portugal: CARTA ABERTA A PASSOS COELHO TRANSFORMA-SE EM PETIÇÃO PÚBLICA

 

Jornal i
 
A carta aberta escrita a Passos Coelho por várias personalidades converteu-se numa petição para a Assembleia da República por iniciativa de jovens. A petição já conta com mais de 1800 assinaturas e pede uma alteração de políticas em Portugal.
 
O ex-Presidente da República, Mário Soares, foi o primeiro subscritor da carta que é assinada por várias figuras públicas dos mais diversos quadrantes da sociedade.
 
Além de Mário Soares, subscrevem a carta nomes como Álvaro Siza Vieira, Adelino Maltez, Valter Hugo Mãe, Pilar del Rio, Vítor Ramalho, bem como os deputados socialistas João Galamba, Inês de Medeiros, Pedro Delgado Alves e Pedro Nuno Santos.
 
O documento exige que Passos Coelho retire, do actual estado em que o país se encontre e depois da aprovação do Orçamento para 2013, “as consequências políticas que se impõem, apresentando a demissão ao Senhor Presidente da República, poupando assim o país e os portugueses ainda a mais graves e imprevisíveis consequências”.
 
Os signatários da carta consideram que “os eleitores foram intencionalmente defraudados”, uma vez que as medidas previstas no programa eleitoral do PSD e no programa de governo foram excedidas, como reproduz o Orçamento do Estado do próximo ano.
 
Para os que exigem a demissão de Passos Coelho, o OE 2013 é “iníquo, injusto e socialmente condenável” e traduz uma política “está a fazer caminhar o país para o abismo” e a acabar com “toda e qualquer esperança”.
 
 

Cabo Verde/Portugal: PASSOS DÁ "BENÇÃO" E SENTE-SE EM "CASA"... MAS REGRESSA

 


Passos Coelho "abençoou" barragem da Faveta
 
03 de Dezembro de 2012, 17:46
 
José Sousa Dias (texto) e António Cotrim (fotos), da agência Lusa
 
Faveta, Cabo Verde, 03 dez (Lusa) - A barragem da Faveta não tem a dimensão da do Alqueva, em Portugal, mas vai permitir a irrigação de grande parte do interior da ilha de Santiago, em água potável e para a agricultura, devendo estar terminada dentro de um ano.
 
As obras foram visitadas hoje pelo primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, que, acompanhado pelo homólogo cabo-verdiano, José Maria Neves, que pôde assistir à edificação de uma infraestrutura que, com verbas da cooperação portuguesa, poderá permitir criar 16.000 postos de trabalho diretos e indiretos, além dos ganhos energéticos e agrícolas.
 
A infraestrutura está situada próximo da localidade homónima, no concelho de São Salvador do Mundo, interior de Santiago, e é uma das quatro que o Governo de Cabo Verde está a construir na ilha, em que as obras de três delas estão a cargo da sucursal cabo-verdiana da empresa portuguesa Monte Adriano e a quarta da Conduril, também portuguesa.
 
A linha de crédito para infraestruturas em prol do desenvolvimento em Cabo Verde, no valor de 200 milhões de euros, foi disponibilizada em 2009 por Portugal, e está a permitir que, só na ilha de Santiago, estejam a ser construídas mais duas - Tabugal (Santa Catarina) e Salineiro (Ribeira Grande).
 
Segundo o Governo cabo-verdiano, as três barragens, que se juntarão à do Poilão (construída em 2006 pela China), irão mudar Cabo Verde, país que não dispõe de grandes quantidades de água no subsolo, fruto da pequena época das chuvas no arquipélago - entre julho e outubro.
 
No entanto, e curiosamente, hoje, em pleno novembro, a chuva apareceu durante a visita dos dois chefes de governo, o que motivou gracejos dos poucos populares e de alguns trabalhadores da obra, que disseram que Passos Coelho "abençoou" a barragem.
 
As cinco barragens de Santiago vão juntar-se, até 2017, a outras 12, ou já em curso ou em fase de projeto, espalhadas pelas restantes oito ilhas habitadas e que vão permitir "mudar de cor" ao arquipélago.
 
O objetivo, paralelamente, é desenvolver a agricultura, pecuária, indústria agroalimentar, turismo e transportes em regiões carenciadas, o que permitirá melhorar as condições de habitabilidade, o acesso ao ensino, a saúde e aumentar o rendimento das famílias.
 
O projeto prevê ainda a construção de dezenas de diques e de cinco sistemas de bombagem de água, visando que se evite a perda de mais de 700 mil milhões de metros cúbicos de água por ano, com a retenção da proveniente das chuvas.
 
A construção das barragens transformará Cabo Verde de país em constante stress hídrico em um dos mais ricos em termos de água por habitante, alterando setores como a agricultura, abastecimento de água às populações e até travar o êxodo rural, criando condições para o desenvolvimento de várias áreas económicas no interior.
 
JSD. // SMA
 
Passos Coelho faz balanço "francamente positivo" da visita e diz-se "em casa"
 
03 de Dezembro de 2012, 19:42
 
Cidade da Praia, 03 dez (Lusa) - O primeiro-ministro português considerou hoje na Cidade da Praia que os três dias da visita efetuada a Cabo Verde foram "francamente positivos", indicando ter-se sentido "em casa" face à proximidade e intimidade entre os dois povos.
 
"O balanço é francamente positivo, não apenas pela cimeira bilateral (de domingo), que teve muito conteúdo político e económico", afirmou Pedro Passos Coelho aos jornalistas, no final de uma visita de cortesia ao chefe de Estado de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca.
 
Segundo Passos Coelho, à margem da II Cimeira Portugal/Cabo Verde - foram assinados sete protocolos e dois acordos de cooperação no encontro realizado domingo no Mindelo, ilha cabo-verdiana de São Vicente -, houve a possibilidade de conhecer alguns projetos de desenvolvimento do arquipélago ligados à cooperação portuguesa.
 
"Foi também possível acompanhar de perto um conjunto de empreendimentos que têm um marcado sentido de desenvolvimento e de progresso em Cabo Verde, a que se associam empresas e esforços portugueses, o que é bastante gratificante", afirmou.
 
O chefe do executivo português salientou que tem havido "um bom aproveitamento das condições" postas à disposição de Cabo Verde pela cooperação portuguesa.
 
"Isso é um motivo de orgulho para os cabo-verdianos. (...) É também um motivo de satisfação, para quem é primeiro-ministro de Portugal, verificar que esse esforço tem também uma marca de profissionais, cidadãos e empresas portuguesas. Isso constitui um motivo para aproximar ainda mais os dois países e povos", acrescentou.
 
Questionado se ficou surpreendido com o calor humano que recebeu dos cabo-verdianos nos três dias de visita, Passos Coelho disse ter "todas as razões" para se sentir "em casa", aludindo ao facto de a sua mulher ter ascendência cabo-verdiana.
 
"Tenho todas as razões para me sentir em casa e não me senti uma única vez deslocado dessa realidade. A resposta é positiva, sim, há um calor humano muito grande, uma proximidade e uma certa intimidade entre as nossas sociedades e cidadãos", concluiu.
 
Passos Coelho, que antes do encontro com Jorge Carlos Fonseca, tinha efetuado uma visita, também de cortesia, ao presidente do Parlamento cabo-verdiano, Basílio Mosso Ramos, visitou, depois, o Centro Comum de Vistos da União Europeia (UE) na Cidade da Praia, inaugurado em maio de 2010.
 
O centro é um espaço dedicado ao tratamento de pedidos de visto Schengen, criado para quem pretende visitar os seis países que a ele aderiram - Portugal, Bélgica, Luxemburgo, Áustria, Eslovénia e República Checa -, projeto de 2,5 milhões de euros, financiado em 80 por cento pela UE.
 
O chefe do executivo português janta hoje em privado com o seu homólogo cabo-verdiano, José Maria Neves, regressando depois a Portugal, via ilha do Sal.
 
JSD. // SMA
 

Negociações para ultrapassar crise política em São Tomé e Príncipe caem no impasse

 
 
MYB – HB - Lusa
 
São Tomé, 03 nov (Lusa) -- As negociações entre a oposição e a maioria governamental com vista a ultrapassar a crise política em São Tomé e Príncipe estão num impasse, disse um dirigente do partido no poder no arquipélago.
 
Uma ata das reuniões mantidas entre Ação Democrática Independente (ADI, partido no poder) e oposição desde sexta-feira, distribuída hoje aos jornalistas, cita Agostinho Fernandes, chefe da equipa negocial da maioria, dizendo que constituiu uma surpresa o facto de os partidos da oposição terem declarado que a moção de censura era um facto consumado, aguardando apenas a sua efetivação.
 
Segundo Agostinho Fernandes, citado na mesma ata, a ADI, que suporta o Governo alvo de uma moção de censura na semana passada na Assembleia Nacional, manifesta "indisponibilidade para negociar quaisquer ações posteriores" por considerar que já "não faz qualquer sentido".
 
Na sexta-feira à noite o Presidente de São Tomé e Príncipe, Manuel Pinto da Costa, reuniu os partidos políticos com assento parlamentar no palácio presidencial mas a ronda negocial foi inconclusiva e prosseguiu no sábado e domingo no hotel Miramar, na capital são-tomense, também sem resultados.
 
Ainda segundo a mesma ata, Alcino Pinto, vice-presidente do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social Democrata (MLSTP-PSD, principal partido de oposição), entende que "a moção de censura é uma questão inabordável", por considerar que a mesma "foi aprovada pelos deputados reunidos em sessão plenária da Assembleia Nacional, órgão de soberania em observância dos princípios constitucionais e regimentais".
 
Para o responsável do MLSTP-PSD, "não cabe aos partidos políticos alterar uma deliberação soberana de um órgão de soberania, independentemente desses partidos terem os seus representantes naquele órgão".
 
Apesar do impasse, a ADI reitera, pela voz de Agostinho Fernandes "a sua disponibilidade" para regressar à mesa das negociações desde que haja "evolução da posição dos partidos da oposição quanto à moção de censura".
 

Timor-Leste: BILIÕES PARA OS FIGURÕES, DESEMPREGO E PROSTITUIÇÃO PARA JOVENS

 


Timor-Leste prevê obter do petróleo 30 biliões de dólares
 
03 de Dezembro de 2012, 23:17
 
O Ministério das Finanças e a direcção do Fundo Petrolífero, através dos seus técnicos, confirmaram que de 2011 até 2025 o país irá receber cerca de 30 bilhões de dólares americanos, provenientes das receitas dos campos de Bayu Undang e Quitang.
 
“Tendo como referência os anos de 2004 - 2011 e a projecção para 2011 - 2025, podemos pensar que vamos receber destes dois campos, 30 bilhões de dólares americanos e que já recebemos a metade no valor de 14,5 billões”, disse o técnico da Direcção dos Fundos Petrolífero MF, Cosme na explicação dada ao Parlamento Nacional em Díli, esta segunda-feira.
 
Cosme disse ainda que dos 14,5 bilhões, já gastámos no Orçamento Geral do Estado, 4,5 bilhões e deixámos no Banco para investir 10 biliões o que no total nos deu em juros cerca de 1 bilião de dólares. As receitas obtidas vão ser investidas na gestão e melhoria das condições de vida das próximas gerações.
 
Segundo Cosme F. B. da Silva, este resultado foi publicado no livro da lei do fundo petrolífero.
 
Parlamento preocupado com impacto da prostituição nos jovens
 
04 de Dezembro de 2012, 00:56
 
O Parlamento Nacional está muito preocupado com o impacto negativo dos lugares da prostituição existentes em Díli.
 
Paulo Monteiro, deputado da bancada do Partido Democrático (PD) disse ao Suara Timor Lorosae no Parlamento Nacional que a prostituição tem um impacto muito negativo nos jovens e está ligado ao aumento dos números de pessoas infectadas com o HIV/SIDA.
 
“A prostituição tem um impacto negativo na juventude e está ligada ao aumento do números de doentes de HIV/SIDA. Pedimos à PNTL para controlar estas casas e o movimento neste tipo de estabelecimentos”, disse o deputado.
 
A deputada da bancada da FRETILIN, Ana Ribeiro, acrescentou sobre este mesmo tema, que alguns estrangeiros estão ligados a esta actividade que prejudica a cultura de Timor-Leste e contribui para a destruição da imagem do nosso país.
 
Sapo TL
 
*Título PG
 

ESQUERDA VOLVER

 

Mário Soares – Visão, opinião
 
Acredito que o bom senso venha, rapidamente, à superfície e que se volte ao crescimento económico e à luta em favor de mais emprego
 
 Há uns meses a União Europeia era governada à direita. Era a quase unanimidade dos governos europeus: todos populistas de direita. Mas os tempos mudam e as circunstâncias também. A Esquerda Socialista, Trabalhista e Social-Democrata começou a manifestar-se. Primeiro, nas eleições francesas que deram a vitória a François Hollande, mas também com o movimento democrático italiano que, parece, manifesta-se à esquerda, e, também, com nuances, a Holanda e a própria Alemanha, visto que os sociais-democratas e os "verdes" estão a trazer à política um novo fôlego. A senhora Merkel que se cuide...
 
Fazem-nos falta - é certo - os democratas-cristãos a sério que, praticamente, desapareceram como partidos europeus. Foram eles, com os socialistas, que construíram a União Europeia. Onde isso vai... Mas foram substituídos pelos Partidos Populares, neoliberais, que só veem o dinheiro, como supremo valor, e inventaram a globalização desregulada, desprezando as pessoas e os valores éticos, que fizeram a paz e o bem-estar das pessoas, criando os Estados Sociais.
 
Foi essa ideologia sem princípios que, nos últimos anos da era Bush levou a duas guerras inúteis, mas extremamente mortíferas, no Afeganistão e no Iraque. Ao mesmo tempo que começou a tentar destruir os Estados Sociais na Europa. Ora, sem Estados Sociais, as desigualdades multiplicam-se bem como os conflitos entre classes e Estados. A solidariedade - um dos principais valores do projeto europeu - desapareceu, igualmente, levando aos conflitos internos (nacionais) e aos conflitos entre nações. Houve a tendência para regressar aos nacionalismos, responsáveis pelas duas guerras mundiais ocorridas no século passado, pondo em causa as próprias democracias...
 
Felizmente que os republicanos americanos perderam as eleições e, ao que parece, começaram a compreender que o neoliberalismo é uma ideologia do passado, como o comunismo. A vitória de Barack Obama veio, assim, dar um novo impulso à esquerda e à importância e valor do Estado Social e da democracia. É, de algum modo, o que começa a repercutir-se na União Europeia: um certo e indispensável impulso à Esquerda.
 
Há ainda muitos pessimistas que julgam que a Europa está perdida e a desagregação é inevitável. Seria um recuo civilizacional de talvez mais de um século. Por mim, porque não sou pessimista, estou convencido de que o bom senso vai predominar. Isto é: que vai haver uma mudança política, económica e social na União Europeia. Bem como se vai voltar a repensar o ambiente a sério, até porque as sucessivas catástrofes que têm afligido todos os continentes nos obrigam a pensar no nosso planeta ameaçado, com as reformas para tanto indispensáveis, como dizem os cientistas e os ambientalistas, sem serem ouvidos, até agora, desgraçadamente, pelos responsáveis políticos.
 
É fundamental admitir que os dirigentes europeus continuem paralisados por muito mais tempo, dadas as responsabilidades tão graves que lhes serão atribuídas. Por isso acredito que o bom senso venha, rapidamente, à superfície e que se volte ao crescimento económico e à luta em favor de mais emprego. Para vencer a crise que nos afeta e mudarmos de paradigma. A esquerda socialista tem aí um papel crucial.
 

REGRAS DO EUROSTAT AJUDAM A DISFARÇAR POBREZA EM PORTUGAL

 

Luís Reis Ribeiro - Dinheiro Vivo
 
Em 2010, era pobre quem ganhava menos de 434 euros por mês. Em 2011, o limite baixou para 420,5 euros. Foi a primeira vez que tal aconteceu
 
As regras do Eurostat estão a ajudar a disfarçar o agravamento da pobreza em Portugal e noutros sete países da União Europeia.
 
De acordo com o gabinete de estatísticas europeu, o rendimento mediano a partir do qual uma pessoa deixa de ser considerada pobre caiu de 5.207 euros anuais em 2010 para 5.046 euros em 2011 para o caso de um indivíduo solteiro sem filhos.
 
Esta quebra no rendimento de referência, que serve para separar os pobres do resto da população, é a primeira que acontece na série do Eurostat que remonta a 1995.
 
Ou seja, em 2010, quem ganhasse menos de 434 euros entrava no perímetro da pobreza, mas em 2011, o teto oficial definido pelas autoridades baixou para 420,5 euros mensais. Com uma menor exigência no limite de pobreza, mais pessoas ficarão de fora da definição oficial do fenómeno.
 
Para além de Portugal, outros países registaram esta diminuição no rendimento de referência, entre eles Grécia e Espanha.
 
O Dinheiro Vivo está a tentar contactar o Eurostat sobre esta alteração.
 
Apesar da menor exigência na definição de pobre, o Eurostat registou uma subida ligeira da pobreza em Portugal, a taxa oficial de pobreza conseguiu aumentar ligeiramente entre 2010 e 2011, de 17,9% da população para 18%. Há três anos que não havia um aumento no indicador.
 
Esta estatística corresponde apenas ao universo de pessoas cujo rendimento monetário fica abaixo de 60% da mediana da distribuição.
 
Quer isto dizer que existem agora (em 2011) cerca de 1.919.000 pobres em Portugal, mais 16 mil do que em 2010.
 

Portugal: HIPÓCRITA MOTA SOARES ANDA A BRINCAR À CARIDADEZINHA… PREOCUPADO

 


Números sobre o risco de pobreza em Portugal são "muito preocupantes" - Mota Soares
 
SIC - Lusa
 
O ministro da Solidariedade e Segurança Social considerou "muito preocupantes" os números revelados hoje pelo EUROSTAT que apontam para a existência de 2,6 milhões de portugueses em risco de pobreza ou de exclusão social.
 
À margem de uma visita à Misericórdia de Vila Verde, Braga, Pedro Mota Soares voltou a apontar como exemplo da atuação do Governo para "atenuar" os referidos números o reforço da linha de crédito disponível para instituições de solidariedade social, no âmbito do Plano de Emergência Social.
 
De acordo com o gabinete de estatística da União Europeia, em Portugal, no ano de 2011, estavam em risco de pobreza ou exclusão social 2,6 milhões de pessoas, o equivalente a 24,4% da população, abaixo dos 25,3% observados em 2010 e dos 26% em 2008.
 
"São números muito preocupantes mas nós sabemos que temos que atuar nesse sentido. Temos vindo a conseguir reduzir sistematicamente as taxas de pobreza em Portugal. Mas são números elevados", considerou Mota Soares.
 
Como medidas de combate a estes dados, o ministro relembrou o "reforço" de 100 milhões de euros da linha de crédito acessível a instituições de solidariedade, inscrita no Plano de Emergência Social, que passa agora a disponibilizar 150 milhões de euros.
 
Mota Soares voltou a apontar também o descongelamento das pensões mínimas e rurais como "extremamente importante" no combate à pobreza e para a "recuperação" do poder de compra de quem as aufere.
 
Segundo Mota Soares, "em 2011, no anterior Governo, quando se começaram a pedir sacrifícios aos portugueses até aos pensionistas com pensão mínima e rural foi exigido como sacrifício e estes viram as suas pensões serem congeladas".
 
Este congelamento, acrescentou, foi considerado "não aceitável" pelo Governo.
 
Com o mesmo objetivo, o governante relembrou ainda as alterações feitas no regime de acesso ao subsídio de desemprego.
 
"Majoramos o subsídio de desemprego para casais desempregados com filhos, baixamos o número de meses que é preciso trabalhar para aceder ao subsídio de desemprego de 15 para 12 meses" enumerou, completando com a criação de uma "prestação social de apoio para os trabalhadores independentes que trabalham mais de 80 por cento para a mesma empresa".
 
*Título PG
 

Moçambique: GOVERNO E RENAMO – AS CONVERSAS JÁ COMEÇARAM

 

Rádio Moçambique
 
O governo e a Renamo, maior partido da oposição, voltarão a reunir-se segunda-feira da próxima semana para encontrar um denominador comum à volta das cinco questões que estiveram na agenda do encontro havido hoje, em Maputo, mas que não produziu resultados apreciáveis.
 
O próximo encontro foi anunciado pelas partes no final da audiência que o governo concedeu a Renamo, em resposta a um pedido formulado pelo partido da oposição no dia 22 do passado mês de Outubro, manifestando seu desiderato nesse sentido.
 
Manuel Bissopo, Secretário-geral da Renamo que também encabeça a delegação desta força política ao encontro, disse que o seu partido apresentou fundamentalmente cinco questões de relevo, nomeadamente a matéria da defesa e segurança, os processos eleitorais, a exclusão no benefício dos ganhos da economia, a despartidarização do Estado e o acesso a função pública.
 
“Estes pontos foram apresentados ao governo e nós esperamos que dentro de um prazo de sete dias, a partir de hoje, se pronuncie para o prosseguimento do processo ora iniciado”, disse Bissopo, apontando que a Renamo quer que o próximo encontro tenha lugar em qualquer província da região centro do país, a escolha do governo.
 
O secretário-geral da Renamo lamenta, no entanto, o facto de o governo não reconhecer em nenhum momento a legitimidade das questões levadas, no encontro, pelo seu partido, mas está optimista que nos próximos encontros a reacção seja diferente e positiva.
 
 
José Pacheco, que encabeça a delegação do governo, disse, por seu turno, não haver nenhuma falta de vontade do governo em reconhecer a legitimidade das questões, tanto mais que todas e quaisquer decisões do executivo são todas em estrita observância da constituição vigente na República de Moçambique.
 
Pacheco apontou, a título de exemplo, a inquietação da Renamo em relação a implementação do Acordo Geral de Paz (AGP), assinado em 1992, em Roma, Itália, não tem qualquer fundamentação, dado que todas as matérias sobre o mesmo foram inseridas na Constituição da República.
 
Desta feita, a Renamo, segundo a fonte, deverá tornar mais explicitas as questões inseridas na sua pauta reivindicativa, isto é, saírem do geral ao particular para uma melhor análise sobre se elas são de alçada do governo ou então de jurisdição de outros órgãos competentes.
 
Em relação a questão das eleições que, segundo a Renamo, têm sido marcadas por viciações, Pacheco disse que os escrutínios no país sempre foram livres, justos e transparentes tanto mais que são reconhecidos pela comunidade internacional.
 
“Havendo matérias específicas, eles devem ser mais precisos para que os órgãos competentes possam, no futuro, tomar deliberações a volta de coisas concretas que preocupam a Renamo”, explicou Pacheco.
 
No capítulo referente ao que a Renamo chama partidarização do Estado, o executivo pede exemplos mais específicos, sustentados por provas concretas de onde é que tal coisa está a acontecer.
 
O acesso a função pública, segundo a fonte, passa por um concurso público cujo resultado é que dita a selecção ou afastamento do candidato, independentemente das cores partidárias que ele escolheu. Alias, o mesmo acontece em relação ao acesso à Polícia, as forças armadas entre outras públicas.
 
Desta feita, as duas partes voltarão a reunir-se segunda-feira e, contrariamente a vontade expressa pela Renamo, de o mesmo acontecer em qualquer província da região centro do país, Pacheco afirmou que o mesmo terá lugar em Maputo.
 
Pacheco disse que ainda que a capital do país é a cidade de Maputo, a Assembleia da República (AR), o parlamento moçambicano, o mais alto órgão legislativo, está na capital e a sede da Renamo está também aqui não fazendo sentido que esse encontro se realize em um outro lugar.
 
(RM/AIM)
 

MDM quer afirmar-se como "alternativa de governação" em Moçambique - porta-voz

 

AYAC – VM - Lusa
 
Chimoio, Moçambique, 03 dez (Lusa) - O I Congresso do MDM, que se realiza de quarta-feira a sábado na Beira, Sofala, centro de Moçambique, deverá "firmar" a terceira maior força política moçambicana como "alternativa de governação" no país, disse hoje à Lusa fonte da organização.
 
A reunião, que pretende consagrar Daviz Simango na liderança do partido, vai "radiografar a saúde política" do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), além de eleger órgãos centrais, conselho nacional, novas comissões política e de jurisdição, disse à Lusa o porta-voz do congresso, José Manuel de Sousa.
 
Segundo a mesma fonte, a comissão de jurisdição pretende corrigir os erros processuais que levaram o partido ao impedimento, pelos órgãos eleitorais, de concorrer em sete dos 11 círculos eleitorais do país.
 
"O I Congresso deverá aprovar os estatutos, o hino e programas do partido para o próximo quinquénio. Olharemos para as várias agendas, que inclui a mulher e jovens, mas também apresentaremos moções de censura e analisaremos as realizações nas cidades da Beira e Quelimane (dirigidas pelo MDM)" disse o porta-voz.
 
Ainda segundo a fonte, o I Congresso deverá traçar estratégias para os próximos atos eleitorais, autárquicas de 2013 e gerais (presidenciais e assembleias da República e provinciais) de 2014, mas não apresentará para já os nomes dos candidatos (às autarquias) para "não os desgastar".
 
"Queremos focar também a ausência em Moçambique de políticas de transporte e da agricultura, por isso esperamos deste Congresso resultados positivos e a saída de grandes resoluções para marcar a vida política do país" afirmou José Manuel de Sousa.
 
O MDM foi criado em março de 2009, como resultado da dissidência do atual líder, Daviz Simango, na Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), principal partido da oposição, que o havia afastado como seu candidato a presidente da câmara da Beira, nas eleições de 2008. Simango concorreu como independente e foi eleito.
 
Na sua primeira prova política, o MDM elegeu oito deputados nos quatro círculos eleitorais, nomeadamente na cidade de Maputo, Inhambane (sul), Sofala (centro) e Niassa (norte), o que lhe valeu a constituição de uma bancada parlamentar na Assembleia da República, quebrando a bipolaridade da "magna casa" dominado pela Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no poder, e Renamo. Atualmente, o partido dirige também os municípios da Beira e Quelimane (centro).
 
São esperadas no I Congresso da Beira mais de 700 pessoas, entre delegados e convidados de partidos políticos nacionais, Frelimo e Renamo, e internacionais como Movimento para a Mudança Democrática (MDC), do primeiro-ministro do Zimbabué, Morgan Tsvangirai, e Chadema, principal partido da oposição da Tanzânia, de Wilbrod Slaa.
 

Cabo Verde: MINISTRA CRISTINA DUARTE NÃO QUER PAGAR O IUR DE 2008

 

Liberal (cv)
 
Foi mais uma mentira do Governo
 
A ministra prometeu devolver as restituições do IUR durante a segunda quinzena de novembro, mas não pagou, revelando-se assim como uma caloteira
 
Praia, 2 de dezembro – Prometida para a segunda quinzena de novembro, a restituição do Imposto Único sobre o Rendimento (IUR), referente a 2008, é como as demais promessas e garantias do Governo de José Maria Neves – valem o que valem, ou seja, não valem nada, comprovando que este chefe do Governo e a sua ministra das Finanças, Cristina Duarte, não passam de reles mentirosos. Estamos no princípio de dezembro, e quanto à restituição do IUR, nicles.
 
Recordamos que a última promessa feita por Cristina Duarte, em nome do Governo, apontava para a restituição do IUR de 2008 para a segunda quinzena de novembro, dizendo mesmo que o atraso de quatro anos nada tem a ver com a falta de liquidez do Estado e adiantando que o Tesouro “tem todas as condições para, sempre e em qualquer momento, cumprir com os seus compromissos”… Pelo que o novo impedimento, a ser verdade esta afirmação, quererá dizer que a ministra, pura e simplesmente, não quer pagar aos contribuintes lesados.
 
Liberal voltará repetidamente a este assunto, para que a promessa não caia em saco roto ou José Maria Neves ou Cristina Duarte tenham a coragem de assumir as suas aldrabices.
 
 

Portugal/Cabo Verde: Escola Portuguesa será realidade em breve, garante Passos Coelho

 


JSD – PGF – Lusa, com foto António Cotrim
 
A Escola Portuguesa de Cabo Verde será uma realidade em breve, devendo, para tal, a câmara municipal da Cidade da Praia disponibilizar um terreno para a edificar, disse hoje, na capital cabo-verdiana, o primeiro-ministro português.
 
"Já temos uma Escola Portuguesa em Moçambique, Angola, Díli (Timor-Leste) e Macau e temos a possibilidade de termos uma na Cidade da Praia", disse Pedro Passos Coelho, no final de uma reunião com o presidente da Câmara da Cidade da Praia, Ulisses Correia e Silva.
 
"É um processo que tem vindo a decorrer ao longo dos últimos tempos e, segundo o presidente da câmara (da Cidade da Praia), poderemos ter um desenvolvimento importante ao longo deste mês, através da disponibilização de um terreno para a edificação da escola", acrescentou.
 
Passos Coelho indicou que se trata de "boas notícias" para a comunidade portuguesa residente no arquipélago e também para os cabo-verdianos.
 
"Teremos, em breve, boas notícias, não apenas para os portugueses que vivem em Cabo Verde, que terão a possibilidade de, dentro de alguns tempos, ter os seus filhos a frequentar o ensino em Português, mas também para cidadãos cabo-verdianos, que terão uma oferta mais diversificada e de qualidade para poderem escolher o ensino para os seus filhos", afirmou.
 
Passos Coelho, que cumpre hoje o terceiro e último dia da visita a Cabo Verde, não adiantou uma data certa para a abertura da escola, mas à Lusa, domino, no Mindelo (São Vicente), o secretário de Estado da Educação português, João Casanova, manifestou-se confiante em que tal possa acontecer dentro de um ano.
 
A escola portuguesa é uma ambição de há muito da cada vez maior comunidade portuguesa residente em Cabo Verde e é um processo que ganhou impulso em dezembro de 2009, quando a então embaixadora de Portugal na Cidade da Praia, Graça Andresen Guimarães, intensificou os contactos nesse sentido com as autoridades locais.
 
A abertura de uma escola portuguesa em Cabo Verde, onde residem cerca de 10.000 portugueses (embora na sua grande maioria - 90 por cento - sejam cabo-verdianos com dupla nacionalidade), tem sido uma das preocupações da comunidade lusa no arquipélago.
 

Passos Coelho defende que Cabo Verde pode ser plataforma para a África ocidental

 

IEL – SMA - Lusa
 
Cidade da Praia, 03 dez (Lusa) - O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, reuniu-se hoje com representantes de empresas portuguesas presentes em Cabo Verde e defendeu que este país pode funcionar como uma plataforma para a costa ocidental africana.
 
Em declarações aos jornalistas, na Cidade da Praia, o primeiro-ministro considerou que a presença empresarial portuguesa em África "tem vindo a aumentar de forma significativa" e aconselhou as empresas de menor dimensão a articularem-se para entrar em novos mercados.
 
Pedro Passos Coelho, que se encontra em Cabo Verde desde sábado, esteve reunido hoje de manhã, num hotel da Cidade da Praia, com cerca de 30 empresários portugueses de setores como a banca, a hotelaria, as obras públicas e os materiais de construção.
 
Este encontro realizou-se à porta fechada, durante mais de uma hora e meia, e no final o primeiro-ministro não quis prestar declarações à comunicação social.
 
No entanto, depois de visitar a Câmara Municipal da Cidade da Praia e uma mostra de artesanato cabo-verdiano, questionado pelos jornalistas Passos Coelho falou sobre esse encontro com empresários, do qual disse ter levado "várias mensagens, quer para os negócios estrangeiros, quer para a economia", e também relacionadas com a fiscalidade.
 
O primeiro-ministro referiu que essa reunião com empresários teve como objetivo "ouvir a perspetiva dos empresários portugueses" sobre a sua presença em Cabo Verde e sobre a possibilidade de a estenderem a países da costa ocidental africana.
 
"Cabo Verde pode funcionar como uma plataforma muito importante e interessante para vários países da costa ocidental africana, que têm níveis de crescimento bastante importantes e uma necessidade de investimento em áreas para as quais as empresas portugueses têm um grande 'know how' e uma grande 'expertise'", defendeu.
 
Passos Coelho apontou como exemplo as áreas da construção civil, energia, tecnologias da informação, distribuição, turismo e saúde.
 
"Estamos a falar da possibilidade de aumentar mais ainda o nível de penetração de exportações portuguesas, mas também de investimentos portugueses, de uma forma associada a interesses cabo-verdianos e de outros países de língua portuguesa", acrescentou.
 
Segundo o primeiro-ministro, as "empresas de menor dimensão, que sozinhas teriam mais dificuldade em abordar mercados muito vastos e de grande dimensão", terão vantagem em agir "de uma forma mais concertada e mais ligada", através de "uma visão estratégica que as leve em conjunto para esses mercados".
 
Passos Coelho chegou a Cabo Verde no sábado, para participar na II Cimeira Luso-Cabo-verdiana, que se realizou no Mindelo, no domingo, e regressa hoje à noite a Lisboa.
 

Angola: WLLIAM TONET É CULPADO

 


Sentença da Ordem dos Advogados de Angola
afirma que até prova em contrário William Tonet é… culpado

Carta ao Editor do Zwela Angola, publicado em "Vozes Silenciadas"

Orlando Castro – Zwela Angola

Caro Editor:

Angola (ainda) não é um Estado de Direito e, por isso, o poder instalado desde 1975, e que acumula as principais variantes da sociedade (militar, económica, política e social), continua a gerir o país como se ele fosse um feudo do regime, sendo que todas as instituições devem ser meras correias de transmissão da autocracia do MPLA.

É nesse contexto que se insere a Ordem dos Advogados de Angola (OAA), organismo que – como outros - do ponto de vista formal ajuda a maquilhar essa autocracia, dando-lhe laivos de democracia. O caso que envolve o cancelamento da inscrição do advogado William Tonet é a prova provada dessa subjugação ao poder, para além de ser à luz da matéria de facto relevante uma mostra da incapacidade e da nula independência da própria OAA.

Diz a OAA, correspondendo certamente ao articulado da cartilha do regime, que a sua decisão se deve ao facto de William Tonet não ter apresentado um documento comprovativo definitivo de frequência de curso.

Ao que tudo indica, esse documento (como outros que serão revelados se tal for necessário) não consta mesmo do processo. E não consta porque, estrategicamente, foi retirado do processo para dar cobertura, supostamente legal, à estratégia do regime que tudo faz para “assassinar” politica e socialmente a credibilidade de William Tonet.

No entanto, o facto de esse documento ter transitado do processo de William Tonet para uma outra gaveta não prova que ele não exista, nem que ele nunca tenha sido entregue. Todos os documentos necessários (e só assim se compreende a inscrição na OAA, mesmo que provisória) foram entregues e a recepção dos mesmos comprovada por documentação que está, inclusive, em poder de diversas entidades e personalidades, algumas delas fora do país.

Este verdadeiro tiro nos pés dado pelo bastonário da OAA, Hermenegildo Kachimbombo, revela desde logo que a Ordem não é um organismo de defesa da Classe (como são as suas congéneres que funcionam em Estados de Direito) mas, antes, um mero apêndice do regime.

Hermenegildo Kachimbombo explicou, de forma leviana e sem sustentabilidade factual, que William Tonet beneficiou de cédula de advogado estagiário em virtude de ter apresentado uma declaração de reconhecimento provisória, acto que teria de ser complementado com uma declaração definitiva, após o fim do período de estágio.

O bastonário da OAA sabe perfeitamente que todas as formalidades documentais e processuais foram escrupulosamente cumpridas por William Tonet. Apesar disso, baseado em suposições impostas pelo regime, afirmou que “decorridos 18 meses de estágio o mesmo não apresentou, por motivos alheios à ordem, o documento definitivo que comprova a frequência do curso de Direito para a obtenção da cédula de advogado”.

Hermenegildo Kachimbombo sabe que está a mentir porque do processo de William Tonet consta o documento comprovativo do curso de Direito (não apenas – como dizia o bastonário – da frequência). Consta, repito, porque existe documentação inequívoca da entrega desse documento não cabendo, como á óbvio, a William Tonet a função de ser guardião de um processo que em qualquer Estado de Direito estaria à guarda da respectiva Ordem dos Advogados.

Tentando justificar o injustificável, Hermenegildo Kachimbombo encarnou o papel de virgem e afirmou que, “como este é um processo burocrático, todos os formados no estrangeiro apresentam uma declaração provisória para facilitar o início do estágio, no final do qual deverá ser apresentada a declaração definitiva, como tem acontecido”.

Foi, aliás, isso que aconteceu. A OAA recebeu a tempo e horas toda a documentação definitiva, não sendo sequer aceitável que a Ordem venha alegar que essa documentação terá desaparecido.

Diz ainda o bastonário que antes de ver a sua inscrição cancelada, a OAA informou William Tonet sobre a situação de irregularidade, para que ele - no período de 15 dias – regularizasse a situação.

Como se já não bastasse a camaleónica metamorfose político-jurídica da OAA, o próprio bastonário prestou-se ao papel (reconhecidamente louvado pelo poder político) de teimar em mais uma mentira, certamente convicto de que uma mentira dita muitas vezes por quem manda acabará por ser verdade. Não é, contudo, o caso. William Tonet nunca foi avisado oficial e formalmente pela OAA de qualquer irregularidade.

Aliás, tal como William Tonet tem toda a documentação sobre a legalidade do seu processo, bem como os registos de todas as entregas de documentos, se estivesse a falar verdade também o bastonário não teria problemas em mostrar documentos que sustentem o que afirma.

A tudo isto acresce, mesmo nos meios próximos do regime, o entendimento de que este caso mais não é do que uma retaliação pura e torpe, no caso usando a OAA, não contra o advogado William Tonet mas, antes, contra o jornalista e político William Tonet.

Para tentar “assassinar” (por enquanto apenas do ponto de vista moral, profissional e social) William Tonet, o regime procura por meios subreptícios (nos quais é, aliás, especialista) ajustar contas, algumas bem antigas, com o jornalista que, por exemplo, recentemente criticou no Folha8 o Vice-Presidente da República, Manuel Vicente.

É evidente que, alérgico como é a todas as críticas e a todos quantos teimam em pensar de forma diferente, o regime teria de reagir contra quem chamou ao ex-patrão da Sonangol o “Berlusconi de África”.

E, também mais uma vez, atirou a pedra e escondeu a mão. Ou seja, deu ordens à Ordem dos Advogados para desempenhar o papel de palhaço num circo em que pretende atirar William Tonet às feras.

Apar do papel desempenhado pelo bastonário da OAA, também foi figurante de primeira o próprio tenente general Adão Adriano, da Procuradoria-Geral da República.

Importa recordar que o jornalista, advogado e político William Tonet é inimigo público do regime angolano, razão pela qual ao longo da sua odisseia é sempre culpado até prova em contrário. Foi assim quando, há pouco mais de um ano, foi condenado a um ano de prisão com pena suspensa e ao pagamento de uma multa em Kwanzas, avaliada em 100 mil dólares norte-americanos.

A democracia “made in MPLA” é mesmo assim. Todos são livres para estarem de acordo com o regime. Quem não estiver, mesmo que seja só em pensamento, leva pela medida grossa.

Segundo o Juiz do Tribunal Provincial de Luanda em caso de não pagamento dessa multa no prazo máximo de cinco dias, Willian Tonet, julgado por difamação, poderia ser conduzido à cadeia.

“Por homicídio a condenação são duzentos mil kwanzas, às vezes o juiz tenta forçar e chega aos seiscentos mil kwanzas, agora por uma difamação estamos a falar em dez milhões de kwanzas. Isso é acima de tudo incompreensível, é acima de tudo daqueles casos que nós temos visto, em que se quer a todo custo prender as pessoas” – reagiu na altura o advogado David Mendes.

David Mendes, patrono de William Tonet, esquece-se, contudo, de que pessoas só são aqueles que dizem ámen ao regime. O que, manifestamente, não é o caso de William Tonet.

William Tonet considerou então tratar-se de uma armadilha para o silenciar e disse que “o que será mais honesto de nossa parte, é virmos com a nossa bagagem para sermos recolhidos à cadeia”.
Os três processos movidos contra o jornalista datam de 2007 Janeiro, Novembro e Dezembro, e tipificavam todos os crimes que mais interessavam ao regime: injúria, calúnia e difamação.

Os processos tinham como autores impolutos (segundo as regras e os valores do regime) cidadãos como António Pereira Furtado, então chefe do Estado-Maior das FAA, o General Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, ministro de Estado e chefe da Casa Militar da Presidência da República e o General Pitagrós, Procurador Militar.

Certamente para cumprir o seu maquiavélico desiderato, William Tonet continua a “contar com uma equipa de jornalistas nacionais e estrangeiros que no presente momento têm redigido os principais artigos detractores à política governamental do País”. No início de 2008 esta era pelo menos a opinião do “Independente”, um jornal estrategicamente renascido das cinzas, ligado a Fernando Manuel, outrora membro da DISA (a polícia do Estado), depois SINFO e ex-vice-ministro da Segurança do Estado, e que apareceu como um instrumento de desacreditação da imprensa privada que se atrevia a não tocar pelo diapasão do regime.

Em Angola, a filosofia oficial é valorizar os que dizem que fazem e não os que fazem, os que colocam a subserviência no lugar da competência, os que trocam um prato de pirão em pé por uma lagosta de cócoras. Mas, mesmo quando o regime arregimenta a OAA e outros similares, continuo a pensar que não é este tipo de sociedade que eu quero, que William Tonet quer, que os Homens livres (mesmo os do MPLA) querem.

A impunidade do regime continua e quanto mais cedo se calarem as vozes que se batem pela denúncia das arbitrariedades e da corrupção endémica do sistema, melhor.

Este sistema mata mesmo, apesar da imagem de anjo do Presidente Eduardo dos Santos, o número de assassinatos não têm parado de crescer e Tonet é visto como uma pedra no sapato do regime, e que por isso não pode continuar ou em liberdade ou com vida.

Ao contrário do que os mais ingénuos esperavam, o MPLA e o seu regime tentam eliminar todos quanto pugnem por uma imprensa livre, por uma advocacia livre, pela liberdade de expressão e pela implantação de uma verdadeira democracia.

Com os milhões do petróleo, Eduardo dos Santos ao invés de trabalhar para uma verdadeira reconciliação nacional, pretende consolidar o seu regime com a eliminação física dos seus adversários políticos, como aconteceu com o jornalista Ricardo de Melo, Nfulumpinga Landu Victor, líder do PDP-ANA, ou Jonas Savimbi.
William Tonet há muito que mostrou ter qualidades guerreiras. Se assim não fosse não teria sobrevivido à “selva” onde continua de pé. Triunfos? Sim, teve muitos, destacando-se desde logo o facto manter um jornal independente e uma coluna vertebral erecta.

William Tonet também é daqueles que nunca serão derrotados porque nunca deixarão de lutar. E isso é uma espinha atravessada na garganta dos seus inimigos. E que espinha!

É verdade, reconheço, que Eduardo dos Santos pode fazer quase tudo o que lhe apetece. Mas, como é óbvio, não pode – mesmo que o assassine – matar a dignidade de William Tonet. Tal como não pode, embora vontade não lhe falte, banir da História de Angola e da Lusofonia, seja quem for que a venha a escrever, o nome de William Tonet. Isso, é claro, não o impede de ordenar à Ordem dos Advogados que lavre uma sentença em que, até prova em contrário, William Tonet é… culpado.

Enviado por Orlando Castro, Jornalista, em 11 de Novembro de 2012

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Angola: UNITA exorta angolanos a aumentarem participação na vida política

 

NME – VM - Lusa
 
Luanda, 03 dez (Lusa) - A UNITA (oposição) exortou hoje os angolanos a "planearem uma série de ações políticas e sociais" que visam aumentar o seu nível de participação na "defesa da democracia, dos direitos humanos e da Constituição".
 
O apelo foi feito pelo líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Isaías Samakuva, quando procedia à abertura da sua II reunião da Comissão Política, em que deverão ser avaliadas e aprovadas medidas políticas a serem tomadas por aquela formação partidária.
 
Segundo Isaías Samakuva, chegam à UNITA mensagens dos cidadãos sobre a insatisfação com o atual quadro político e social do país, cujas reivindicações não são expostas porque as pessoas "precisam de ganhar o pão".
 
"Mas sabemos que, na vida de uma nação, chega um momento em que todos precisam de agir. Cada um no seu lugar. Este momento é agora. Vamos começar a planear agora uma série de ações políticas e sociais, para aumentarmos o nosso nível de participação na defesa da democracia, dos direitos humanos e da Constituição", referiu Isaías Samakuva.
 
O político apelou à "consciência nacional" de todos os angolanos para "salvarem" Angola e garantirem um futuro melhor para as crianças.
 
"Apelo aos patriotas da administração pública, aos trabalhadores, aos dirigentes e quadros políticos, aos sindicalistas, comerciantes e consumidores, patrões e empregados, ricos e pobres, políticos e não políticos, a todos: apelo a que se libertem do medo. Vamos reivindicar os nossos direitos e exigir que o executivo cumpra a Constituição e a lei", acrescentou o líder da UNITA.
 
Isaías Samakuva apelou ainda aos angolanos a não aceitarem o "conformismo", incentivando-os a demonstrarem o seu "direito à indignação".
 
"Lutemos contra o medo. O povo deve reivindicar o seu direito à água, à luz sem falhar, o seu direito de não ser governado por um Governo corrupto, o seu direito a um salário digno, o seu direito a uma vida digna", sublinhou.
 
Neste encontro, que termina na quarta-feira, a UNITA vai analisar o desempenho do partido na aplicação das estratégias definidas pelo XI congresso, realizado há cerca de um ano, e definir o calendário de ações políticas para o ano 2013, "no quadro da luta dos angolanos por uma Angola mais justa e solidária".
 

Brasil: A VERDADEIRA HERANÇA MALDITA

 

Antonio Tozzi*, Miami – Direto da Redação
 
São Paulo (SP) - O ex-presidente Lula, depois de tomar posse no Palácio do Planalto, proferiu uma frase que se tornou famosa, ao dizer que havia recebido uma herança maldita de seu antecessor, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Obviamente, a frase provocou muita polêmica com os lulistas aplaudindo as declarações e os seus opositores criticando-a, uma vez que ele recebeu o país em plena recuperação após a implantação do Plano Real.
 
Agora, quem pode repetir esta frase, sem medo de errar, é a presidente (desculpe, não consigo usar o termo presidenta) Dilma. Cada vez mais, a mandatária precisa tomar decisões para limpar sua barra, evitando assim que a sujeira respingue em seu governo.
 
O mais recente escândalo é a Operação Porto Seguro, onde uma secretária chamada Rosemary Nóvoa Noronha comandava um esquema de suborno e negociatas, juntamente com os irmãos Paulo e Rubens Vieira, que trabalhavam respectivamente na ANA (Agência Nacional de Águas) e ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Eles vendiam favorecimentos em troca de pareceres que beneficiavam empresas com interesses em aprovações de laudos.
 
O esquema somente veio à tona após uma denúncia feita por um ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Cyonil da Cunha Borges, que juntou evidências e até mesmo R$ 100 mil recebido como tentativa de suborno para dar um parecer favorável à empresa Tecondini.
 
Na outra ponta do esquema, estava José Weber de Holanda, segundo na hierarquia da Advocacia Geral da União, que também foi exonerado. No entanto, ele já havia sido investigado anteriormente por improbidade administrativa, mas continuava no governo, demonstrando a pouca seriedade com a administração pública no Brasil.
 
Durante a denúncia de Cyonil, ele revelou que Paulo Vieira usou o nome do ex-ministro José Dirceu (sempre ele!) como interessado na aprovação do parecer. Algo que o advogado de Dirceu qualificou de calunioso e disse que entrará com medidas judiciais contra as pessoas que tenham usado seu nome em qualquer negociata.
 
Já Rosemary Noronha, a Rose, também ex-assessora de Dirceu, tornou-se próxima de Lula, com quem fez dezenas de viagens internacionais e ainda possuía um passaporte diplomático. O irônico é os líderes do governo impedirem a ida de Rose e dos irmãos Vieira ao Congresso Nacional para prestar esclarecimentos. Eles alegam que o governo agiu rápido ao demitir e afastar os implicados, portanto, não há motivo para convocá-los. A oposição, por sua vez, gostaria de ouvi-los para entender como funcionava o esquema que tinha como base o escritório da Presidência da República em São Paulo.
 
Mas, como jornalista brasileiro não tem descanso, logo surgiu outro escândalo: a Operação Durkheim. Através de uma ação efetiva da Polícia Federal foi possível desmontar uma quadrilha que roubava informações sigilosas de pessoas influentes para extorqui-las ou para vender as informações a outros interessados. O chefe do bando seria Itamar Damião, um ex-prefeito da cidade de Nazaré Paulista, no estado de São Paulo.
 
Entre as pessoas que tiveram seus sigilos quebrados estão o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e o líder do governo, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), além de juízes e desembargadores. Entre os investigados pela Polícia Federal, estão vários policiais e inclusive um agente da própria Polícia Federal. Até mesmo o presidente da Federação Paulista de Futebol e vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Marco Polo del Nero, teve de prestar depoimento à PF por ter usado os “serviços” da quadrilha.
 
Como estamos em tempo de diversificação de negócios, a quadrilha montou um esquema com sete doleiros para remessa de dinheiro para o exterior, mostrando que estava, digamos assim, atuando de maneira globalizada.
 
Além de jornalistas e policiais, outra profissão em alta no Brasil é a de advogado. Afinal, com tantas falcatruas, alguém precisa defender os autores dos crimes – e cobrar caro por isto.
 
A pergunta que fica é a seguinte: será que o Brasil consegue acabar com a corrupção ou a corrupção é que acabará com o Brasil? Com a palavra, as autoridades.
 
* Foi repórter do Jornal da Tarde e do Estado de São Paulo. Vive nos Estados Unidos desde 1996, onde foi editor da CBS Telenotícias Brasil, do canal de esportes PSN, da revista Latin Trade e do jornal AcheiUSA.
 

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