domingo, 10 de fevereiro de 2013

CHINA E AMÉRICA LATINA: AS RELAÇÕES PERIGOSAS




Beijing multiplica presença econômica na região e seria alternativa a EUA e Europa. Mas velhos desequilíbrios marcam as novas parcerias

Christophe Ventura - Tradução: Inês Castilho – Outras Palavras

A América Latina poderia converter-se, nos próximos anos, numa “plataforma extraterritorial” da China, cuja função seria permitir a esta última assegurar e ampliar suas exportações – notadamente nos setores de eletrônica, indústria automobilística e têxtil – para os mercados norte-americanos, europeus e latino-americanos? Este risco seria ainda mais claro num cenário em que há tendência irreversível ao aumento dos salários chineses, ao encarecimento de seus produtos? As hipóteses acima foram suscitadas pela Comissão Econômica da ONU para a América Latina e o Caribe (Cepal), em um relatório recente, dedicado ao estudo das relações entre a China e a América Latina e Caribe1.

Um estudo da evolução quantitativa e qualitativa dos investimentos diretos externos (IDE) feitos pela segunda potência econômica mundial na América Latina, entre 2003 e 2009, reforça essa análise. As economias latino-americanas recebem agora 13% do total dos IDE da China no mundo2. Isso representa um montante estimado em 31 bilhões de dólares. Ainda que 90% desses IDE dirijam-se aos setores bancários de dois paraísos fiscais notórios – as Ilhas Cayman e os Ilhas Virgens Britânicas – a Cepal indica que, durante esses seis anos, 24 bilhões de dólares teriam sido diretamente investidos pelas empresas chinesas nos setores de recursos naturais, da indústria e dos serviços na América Latina.

Participação em companhias latino-americanas e acordos de cooperação entre regiões chinesas e países latino-americanos asseguram às empresas chinesas uma penetração crescente nas economias latino-americanas. O México e os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai) constituem a principal base para atividade produtiva de empresas chinesas na América Latina. Destacam-se os setores de produtos manufaturados, da eletrônica, automobilístico e de telecomunicações. “A porta de entrada na Argentina, Brasil, México e Uruguai deve ser vista como primeira etapa para organizar um avanço futuro em direção aos mercados dinâmicos constituídos pela Área de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) e o Mercosul, informa o relatório. Desde já, 50 mil empregos dependeriam diretamente dos investimentos chineses na economia real latino-americana.

Por que escolher a América Latina como potencial “plataforma extraterritorial”? O setor de eletrônica oferece uma imagem emblemática dessa estratégia. Segundo a Cepal, três fatores explicam a atração exercida pela América Latina sobre os investidores chineses: “1. A demanda interna (chinesa) é fragilizada pela concorrência no próprio território nacional; os lucros diminuíram, levando os empreendedores do setor a buscar novos mercados na América Latina, onde uma classe média emergente está em expansão. 2. Diversos países da América Latina passaram a adotar medidas antidumping contra produtos fabricadas na China. Estabelecer uma unidade de produção na região pode ajudar os empresários chineses a atenuar os conflitos comerciais. 3. Os empresários chineses não são atualmente capazes de estabelecer unidades de produção nos países desenvolvidos; esta é a razão por que a América Latina e a África tornaram-se zonas de destino importantes para seus IDE.”

Por sua vez, os IDE latino-americanos na China – e portanto a inserção das empresa da região na economia produtiva no país – continuam muito marginais. Os sete países que mais investem na China (Argentina, Brasil, Chile, México, e em menor medida, Colômia, Peru e Venezuela) contribuem com menos de 0,1% do total de IDE naquele país. Isso representa um montante acumulado de apenas 70 a 80 milhões de dólares…

Qual o retrato da relação comercial entre entre a América Latina e a Ásia? Em 2009, o volume do comércio bilateral entre as duas regiões elevou-se a 120 bilhões de dólares. As exportações latino-americanas (largamente constituídas por matérias-primas e produtos primários) para a Ásia representavam um total de 103 bilhões de dólares, ou 15% do total de exportações da região. Por sua vez, o mercado norte-americano recebia 42% das exportações latino-americanas e a União Europeia, 14%.

Vale notar que a China absorve quase a metade das exportações latino-americanas para a Ásia. Segundo a Cepal, o Império do Meio poderá, tornar-se, já em 2014, o segundo mercado mais importante para as exportações da região, desbancando a União Europeia. No caso do Brasil, a Ásia converteu-se, já no primeiro semestre de 2012, no principal destino das exportações – 27,8% do total. A China, sozinha, importou no período 14,3% das vendas externas do país e se tornou seu principal parceiro comercial.

Como parte deste mesmo movimento, o perfil geral do comércio entre a América Latina e a Ásia modificou-se na última década. A China ultrapassou o Japão, como principal parceiro asiático dos países latino-americanos; e agora, os seis países membros da Associação das Nações do Sudeste da Ásia (Asean) [Filipinas, Indonésia, Malásia, Singapura, Tailândia e Vietnã] disputam com a Coreia do Sul o lugar de terceiro parceiro.

O comércio sino-latino-americano é marcado por sua natureza desequilibrada. Os países latino-americanos são essencialmente exportadores de produtos primários e matérias-primas de baixo valor agregado (soja, ferro, cobre, petróleo etc.), enquanto a China exporta seus produtos manufaturados (têxteis, papel, automóveis, produtos eletrônicos e tecnológicos etc.).

A China tornou-se um mercado de exportação chave para seis países: Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, Cuba e Peru. Entre 2005 e 2008, cinco países latino-americanos eram, sozinhos, responsáveis por 86% das exportações da região para a China: Brasil (33%), Chile (25%3), Argentina (12%), México (9%), Peru (7%).

Ao mesmo tempo, Argentina, Brasil, Chile, México, República Dominicana, Paraguai e Peru4 tornaram-se mais dependentes da China para suas importações. Entre 2000 e 2009, a parcela chinesa no total das importações argentinas passou de 4,6% para 12,4% (as importações provenientes dos Estados Unidos recuaram, no mesmo período, de 18,9% para 13,2% do total; e as europeias, de 23,5% para 16,8%). No Brasil, a tendência é a mesma: suas importações da China representam 15,2% das compras externas totais (eram 2,2% em 2000), enquanto que as importações provenientes dos Estados Unidos passaram de 23,3% para 14,5%. No México, apenas 2,2% do total importado vinha da China, em 2000; mas a taxa subiu para 13,9% em 2009. Ao mesmo tempo – e isso é histórico – a parcela das importações mexicanas provenientes dos Estados Unidos despencou de 71,2% para 48,1% e a da União Europeia, de 8,4% a 11,7%. Em valores, o México é o principal importador de produtos manufaturados chineses. Ela garante 48% do total de compras provenientes da China na região, seguida pelo Brasil (20%), Argentina e Chile (6% para cada um).

A nova estratégia de expansão da China na América Latina é facilitada pelas economias mais dinâmicas do subcontinente. Estas necessitam do mercado chinês para suas exportações de matérias-primas. É o caso especialmente da Argentina e do Brasil que, contrariamente ao México e aos Estados Unidos, reconheceram a China como “economia de mercado”.

A estratégia de Beijing baseia-se também na busca de assinatura de acordos de livre comércio. Entre 2006 e 2010, a China assinou três: com o Chile, o Peru e a Costa Rica. Os planos envolvem ainda estabelecimento de acordos de cooperação entre Estados, notadamente no setor petrolífero. Em 2009, o Banco de Desenvolvimento da China (BDC) abriu uma linha de crédito de 10 bilhões de dólares para a Petrobras, em troca da garantia de fornecimento de petróleo bruto. Além disso, a petroleira chinesa Sinopec adquiriu, em 2010, 40% do capital da filial brasileira da Repsol, a principal exploradora de petróleo espanhola. Ao mesmo tempo, China e Venezuela estabeleceram um Fundo de Desenvolvimento Comum que hoje alcança 12 bilhões de dólares. Os dois países estão igualmente ligados por um acordo que prevê uma troca de produtos chineses por petróleo venezuelano. O Equador firmou um contrato semelhante, envolvendo 1 bilhão de dólares.

A China tornou-se membro oficial do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com objetivo de converter a instituição num grande instrumento da cooperação financeira sino-latino-americana. Beijing também é parte do Banco de Desenvolvimento do Caribe (BDC).

Enfim, as autoridades chinesas contam com uma política diplomática ofensiva e dispõem de 21 embaixadas e seis consulados na região. Somente 15 desses 21 países dispõem de representação diplomática na China.

O relatório da Cepal conclui: “a taxa de crescimento econômico elevada (na China) e o processo de reconversão industrial das regiões rurais do país engendram um aumento da necessidade de infraestrutura e energia, assim como de alimentos. Essa situação é um poderoso motivo de aproximação com os países latino-americanos exportadores de recursos naturais. A China tem, igualmente, necessidade de assegurar o livre acesso de suas exportações na região e de ser aí reconhecida como “economia de mercado” (…). Nesse quadro, ela deve abrir um espaço para a assinatura de acordos comerciais na América Latina, a fim de garantir acesso preferencial a seus produtos nesse mercado. E isso de maneira a não perder em competitividade face aos produtos norte-americanos – resultado de acordos de livre comércio bilateral assinados por esses últimos na região – ou europeus, antecipando negociações da União Europeia com o Mercosul e a Comunidade Andina de Nações (CAN).”

Na reconfiguração constante do comércio internacional, em meio à globalização econômica e financeira, o comércio entre países do chamado Sul Global intensifica-se e representa parte cada vez mais significativa das trocas comerciais no planeta. O comércio Sul-Sul representava 6% do comércio internacional em 1985, para alcançar 24% em 2010. Desse total, 85% das trocas ocorrem entre os próprios países asiáticos, ou entre eles e outros países do Sul.

Embora participe desse importante movimento global, a América Latina continua largamente prisioneira de uma integração à economia internacional pelo aumento da “primarização” de sua economia. Sua relação com a China confirma essa tendência.

*Christophe Ventura é cientista político e integrante da rede internacional Memória das Lutas — Medelu (www.medelu.org)

1 “China e América Latina / Caribe – Rumo a uma relação econômica e comercial estratégica”, Osvaldo Rosales e Mikio Kuwayama, Cepal, 2012 (http://www.eclac.org/publicaciones/xml/9/46259/China_America_Latina_relacion_economica_comercial.pdf)
2 Segundo o fundo de investimento A Capital, citado pelo Le Monde(9/6/2012), os investimentos diretos externos da China somariam 68 bilhões de dólares em 2011. 43% deles seriam dirigidos à América Latina, o que tornaria a região o primeiro destino de tais capitais. O fundo estima que a soma poderia chegar a 800 bilhões de dólares em 2016.
3 O couro tornou-se o principal produto de exportação chileno. A China absorve 55% das exportações de couro latino-americanas, das quais 30% provêm do Chile
4 Além de principal parceiro comercial do Brasil e do Chile, a China é o segundo parceiro da Argentina e Peru. Ler, sobre o assunto, texto do autor, noLe Monde Diplomatique francês

MUNDO PODE ENTRAR EM GUERRA POR CAUSA DA ÁGUA




Voz da Rússia

A falta de água pode travar o progresso técnico – advertem os especialistas da ONU em seu relatório com o título assustador de "Gestão dos Recursos Hídricos em Condições de Indefinição e Risco". Os autores do documento exortam a planejar a distribuição da água e lembram que um bilhão de pessoas no planeta não tem acesso a ela. A Rússia, com os seus recursos, pode contribuir para melhorar a situação.

Haverá no planeta uma guerra pela água? Os especialistas tentam responder a esta questão. O relatório da ONU diz que, até meados do século, o consumo de água doce no setor agropecuário aumentará em mais 20%. Isto está relacionado com o aumento das necessidades de água na produção. Grande parte do líquido vai para regar as culturas agrícolas. Por exemplo, são necessários cerca de 500 litros para se obter um quilo de trigo.

Entretanto, as causas da escassez de água doce no planeta estão não apenas no aumento da procura de géneros alimentícios. Importante papel nesse processo é desempenhado pela mudança do clima no planeta –explica o co-presidente do grupo ecológico russo Ecozashita (Ecodefesa) Vladimir Sliviak.

"A mudança do clima é um desequilíbrio, um caos natural, que provoca, por exemplo, mudança muito brusca e frequente das temperaturas, neve no verão. A influência desse processo será tal que, nas zonas onde caem muitas precipitações, estas aumentarão ainda mais. Pelo contrário, nas regiões onde falta água, haverá ainda menos."

Entretanto, nem todos os especialistas concordam que as oscilações da temperatura possam influir sobre o abastecimento de certas regiões. Sobretudo, o problema está não na escassez do líquido como tal – considera o ecologista Alexander Bogoliubov.

"Não há lugares na Terra onde não haja água a uma certa profundidade.. A questão é que alguns países não têm possibilidade de escavar poços de um quilómetro e tirar essa água. Se nesse local existir um país civilizado com os equipamentos técnicos necessários, não haverá tais problemas."

Mais de dez países no planeta estão situados em territórios áridos. São eles o Egito, a Arábia Saudita, o Iémene e outros. Mas este é um problema que pode ser resolvido – salientam os especialistas. A saída mais simples e racional da situação é a distribuição dos recursos. Na opinião dos ecologistas, o Brasil poderia ser uma espécie de “doador”. Para a Rússia, a água poderia se tornar uma fonte de renda, igual ao petróleo ou gás. O diretor geral do Centro Principal de Testes Hídricos, Iuri Gontchar, tece as suas considerações.

"Atualmente os empresários russos estão estudando programas de construção de condutas de água da região do Cáucaso para os portos. Nestes, seriam enchidos tanques para o transporte de água para o Sul da Europa e África. Faz sentido estudar apenas o uso racional dos recursos e redistribuição sem consequências, sem desviar rios nem bombear um rio para outro."

A prática de mudança de cursos de rios é muito popular agora. O governo da China gastou dezenas de bilhões de dólares para fazer um rio mudar de curso e abastecer o norte do país. Os ecologistas consideram que semelhantes ações não ficarão sem consequências. O mesmo acontece com o bombeamento ativo de água do subsolo na Arábia Saudita. Segundo previsões dos especialistas, as reservas subterrâneas do líquido neste país podem terminar já dentro de 40 anos se a política de abastecimento de água da região não mudar. É verdade que em Er Riad já tomaram consciência da envergadura do problema e passaram a adquirir ativamente terras para a agricultura em outros países, para além de desenvolverem tecnologias para obtenção de água potável. Iuri Gontchar fala sobre um desses sistemas:

"A Arábia Saudita investe dinheiro em membranas para dessalinização da água (nos últimos 5 anos mais de 10 bilhões de dólares) Através de membranas porosas especiais, a água é destilada, sendo os sais retidos. Mas isto é para países ricos. Por isso, nos países pobres fala-se de programas de dotações."

O problema do abastecimento de água da população exerce influência considerável sobre a economia dos países. A escassez de água pode levar à emigração da população dos países pobres e, no caso dos países ricos, à dependência das regiões com grandes reservas de recursos hídricos. Quer em um ou em outro caso, a instabilidade social pode levar ao surgimento de conflitos. A luta pelo acesso à água pode se transformar literalmente em oposição armada.

EUA PREPARAM INVASÃO DA SÍRIA




Voz da Rússia

Moshe Iaalon, ministro israelense dos Assuntos Estratégicos, declarou, em entrevista à Rádio do Exército israelense, que os EUA se preparam para uma ingerência armada no conflito sírio. Segundo ele, a decisão definitiva sobre o começo da invasão será tomada se o Governo sírio empregar armas químicas contra os próprios cidadãos.

Iaalon disse que os EUA, apesar da tranquilidade aparente, estão extremamente preocupados com o desenrolar dos acontecimentos no país vizinho de Israel e as eventuais consequências da guerra civil para toda a região. Especial preocupação provoca o eventual emprego, pelos sírios, de armas químicas contra Israel ou a sua utilização em atos terroristas em terceiros países.

UE NÃO QUER PAGAR PELA OTAN





Recentemente, o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, repreendeu publicamente os países da UE por reduzirem inadmissivelmente as despesas militares.

A liderança da UE respondeu, justificando-se apaticamente, que tem seu próprio modo de ver os problemas da política em matéria de defesa. Na realidade, os europeus simplesmente não vêem contra quem deveriam armar-se e, portanto, estão mostrando um egoismo racional, acham os especialistas.

No relatório político da OTAN concernente ao ano de 2012, afirma-se que a participação dos EUA na totalidade dos gastos militares do bloco constituiu 72%. Os autores do documento apontam que o Reino Unido, a Alemanha, a Itália e a França sistematicamente reduzem as verbas para a defesa, o que "questiona a capacidade dos aliados europeus de agirem sem assistência dos Estados Unidos".

Na verdade, ao censurarem os europeus, os norte-americanos estão tentando obrigar seus aliados a solucionarem eles sós os problemas – embora relativamente pequenos – em áreas não distantes da Europa. Mas é duvidoso que os EUA tenham sucesso em tal empresa, opina o editor-chefe da revista "Rússia na política global", Fiodor Lukianov.

"O tema principal da política interna estadunidense é a poupança, a redução da gigantesca dívida pública, e eles começam a perguntar os aliados com insistência cada vez maior: "Se temos direitos iguais na aliança, por que os EUA sustentam mais de 70 por cento de todos os gastos?" Eu não acho que algo vai mudar, porque os europeus, primeiro, também atravessam a crise e, segundo, já deixaram de entender para que tudo isso é necessário, especialmente desde que as guerras surjam cada vez mais longe da zona de sua responsabilidade ".

Do ponto de vista das relações entre aliados, as censuras dos EUA revestem-se de caráter objetivo, julga o perito em assuntos militares Igor Korotchenko. Mas a Europa não anela, nada disso, armar-se em prol de uma confrontação abstrata.

"A imagem do inimigo personificada pela Rússia está empalidecendo, a configuração das forças armadas russas no oeste do país demonstra expressamente o fato de não estarmos preparando-nos para operações de ofensiva globais no flanco oeste. E os governos europeus, em face de tudo isso, vêm manifestando um racionalismo pragmático, é assim que eu caraterizaria a tática deles".

No que respeita à defesa, a Europa já se sente bastante confortável sob o guarda-chuva nuclear da OTAN, e em breve irá se sentir ainda mais confortável trás o escudo do sistema norte-americano de defesa antimísseis, diz politólogo Ivan Konovalov. Porém, muitos políticos europeus encontram também confortável o conceito de exército pan-europeu.

"O tema de criação de um contingente unificado europeu é debatido em todos os parlamentos da Europa. O problema consiste em quem vai pagar? Se a França e a Alemanha outra vez assumirem a responsabilidade, será um fardo financeiro já muito oneroso para elas. Pois é claro que os outros países estarão prontos para disponibilizar apenas efetivos e equipamentos. Por isso, enquanto a questão financeira não for solucionada, o exército europeu não irá ser criado".

Entre os peritos existe uma suposição de que os EUA estão cansados de carregar o peso da OTAN e, no futuro mais próximo, irão procurar, com crescente frequência, garantir seus interesses geopolíticos por meio do potencial militar dos aliados, antigos e novos, em distintas regiões do planeta.

Portugal: DA IMORALIDADE E ESTUPIDEZ DO GOVERNO




Henrique Monteiro – Expresso, opinião

Os cortes de quatro mil milhões que o Governo promete há muito se sabiam necessários. Do que não havia necessidade era de os fazer em cerca de um mês, sem negociar com ninguém e sem qualquer contrapartida para a brutalidade que eles vão significar para muita gente.

Sem os cortes, só ficamos com uma de duas alternativas imediatas: ou impostos ainda mais elevados, o que, para além do esbulho, nem eficácia tem; ou o défice sem diminuir, não cumprindo, desse modo, o acordado com a troika. (Eu sei que com crescimento da economia o PIB aumenta e diminui o défice, mas isso é um conto de fadas que algumas pessoas gostam de contar a um país que nos anos com mais dinheiro não cresceu nunca nada que se visse).

Num reino onde não imperasse a estupidez política, sendo esta necessidade de cortes reconhecida, ter-se-ia começado por aí - há ano e meio! E não se teria chegado, necessariamente, a 80 por cento de cortes em pensões, prestações sociais e salários. Ao pretender-se o corte em tempo recorde, como é o caso, parece não haver outra hipótese - afinal 80% dos encargos estão em salários e prestações sociais. Mas esta é outra forma de confessar a total impotência (ou quem sabe se cumplicidade) em matérias como o escândalo das PPP ou mesmo crimes como o BPN. E isto é imoral e revoltante.

Como é imoral e revoltante não se ter programado qualquer contrapartida para os cortes a efectuar. Aliás, pior do que isso é nem se ter tentado dialogar a sério com o PS e a UGT, permitindo que estes se coloquem de fora de uma discussão na qual deviam participar. Por dois motivos: por um lado, porque estão dentro do arco do poder e dos acordos de concertação; por outro, porque representam essencialmente os maiores espoliados com a atual crise: os pensionistas, funcionários públicos e trabalhadores por conta de outrem. Esta semana, a revista The Economist, mostra como nos países nórdicos diversos cortes foram feitos de modo a que os trabalhadores tivessem compensações (como é o caso, na Dinamarca, da chamada flexisegurança).

O modo como o Governo se prepara para atuar não é condenável apenas por alguém ter "estados de alma", expressão que é atribuída ao ministro das Finanças. É condenável porque longe do objectivo mais elevado da política - mobilizar uma comunidade para as tarefas necessárias - apenas pretende impor factos consumados. Há quem goste do estilo, mas ainda que ele formalmente esteja fundado numa maioria parlamentar acéfala, trai a essência democrática da consensualização, que em tempos de crise grave, como a que passamos, é essencial à coesão de um país.

Estupidez e imoralidade são duas palavras fortes, mas infelizmente a direção do Governo obriga-nos a usá-las para caracterizar a sua ação.

Portugal: CHUVA E FRIO OBRIGAM A ADIAR DESFILES DE CARNAVAL




Susana Salvador, com agências – Diário de Notícias

Os desfiles de Carnaval deste domingo da Mealhada, Trofa, Estarreja, Ovar e Cabanas de Viriato foram adiados devido à chuva e ao frio.

Na Mealhada, o desfile foi adiado para terça-feira e domingo.

Em Ovar, o mau tempo também obrigou a adiar o desfile, o que não acontecia há quatro anos. A Câmara Municipal abriu as portas para receber os visitantes de outros concelhos, para posterior reembolso do valores dos bilhetes - que terá de ser feito por cheque ou transferência bancária. O anúncio do cancelamento foi feito quando no recinto já se encontravam milhares de espectadores. O presidente da câmara de Ovar, Manuel Alves de Oliveira, fala de um prejuízo de "20 mil a 30 mil euros".

Em Cabanas de Viriato, no concelho de Carregal do Sal, o desgile das crianças também foi adiado para domingo. "Não há condições para que se cumpra hoje o Carnaval da Criança. Além da chuva, está muito frio", justificou à Lusa o presidente da Associação do Carnaval de Cabanas de Viriato, Fernando Campos.

A Câmara Muncipal da Trofa também resolveu adiar o seu desfile, para uma data a comunicar em breve, "devido às condições climatéricas adversas, nomeadamente a chuva initerrupta que caiu durante toda a manhã".

Portugal – Pedofilia: JÁ SÃO 12 TESTEMUNHOS CONTRA PADRE




Sacerdote está a ser acusado de abusos sexuais sobre menores, soube o Expresso

Hugo Franco – Expresso

Seis alegadas vítimas e seis responsáveis ligados à Igreja católica contam ao Expresso abusos sexuais sobre menores de um sacerdote que esteve na Região Oeste e Lisboa nos últimos vinte anos.

O Patriarcado de Lisboa diz estar "sempre disponível" para ajudar a justiça a investigar os casos denunciados.

Leia mais na edição de sábado do Expresso

Portugal: CORRUPTOS IMPUNES POR PRESCRIÇÃO DE PROCESSOS




Serviço da AIM, em Lisboa 

Lisboa, 08 Fev (AIM)- Numa altura em que se multiplicam queixas de impunidade dos corruptos por causa da prescrição de processos judiciais em Portugal, a criminalidade relativa à área de corrupção subiu 13,5 por cento em 2012 no Distrito Judicial de Lisboa, a capital, em relação a 2011.

Esta informação, que constitui mais uma prova de que a corrupção é um fenómeno global e não é algo exclusivo dos africanos, consta de um documento divulgado esta sexta-feira pela Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL). 

O memorando sobre a actividade e resultados do Ministério Público (MP) em matéria penal na área da PGDL relativo a 2012 indica que foram registados no Distrito Judicial de Lisboa 493 inquéritos na área da corrupção e crimes afins, mais 59 do que em 2011, um aumento de 13,5 por cento, segundo o diário luso "Económico".

Na área do crime económico, o documento adianta ainda que o MP do Distrito Judicial de Lisboa abriu, no segundo semestre de 2012, 588 inquéritos no domínio dos crimes de "corrupção e afins" e de "burlas e fraudes contra o Estado e segurança social".

De acordo com o relatório, são considerados 'crimes afins de corrupção' os crimes de corrupção no comércio internacional e na actividade privada, assim como a corrupção associada ao fenómeno desportivo.

Segundo a PGDL, os valores pecuniários envolvidos nesses inquéritos ascenderam a cerca de 70,6 milhões de euros.

"O montante, atingido num só semestre, dá nota expressiva da capacidade de intervenção e dinamismo revelados pelo MP no quadro da investigação e combate ao crime económico", refere o relatório assinado pela procuradora-geral distrital de Lisboa, Francisca Van Dunem.

Em Portugal, segundo estudos, a impunidade dos corruptos por causa da prescrição de processos judiciais é uma realidade, dando como exemplos "os processos-crime de autarcas Fátima Felgueiras e Isaltino Morais. A criação de tribunais especializados e uma agência anti-corrupção com poderes especiais de investigação, são algumas recomendações.

Um relatório recente da autoria da Transparência e Integridade, Associação Cívica (TIAC), associação que é o ponto de contacto nacional da organização não governamental Transparency International, aborda estes aspectos. 

"A prescrição de processos-crime de corrupção não só demonstra a máxima ineficiência do sistema judicial e judiciário em prosseguir com a punição dos agentes deste crime, como transmite a ideia da sua fácil manipulação por certos arguidos dotados de maior influência política ou económica", conclui a associação, criada no final de 2009 por um grupo de especialistas e membros da sociedade civil.

"Corrupção Fora de Prazo: Prescrição de Crimes na Justiça Portuguesa" é o nome do relatório sobre "o impacto dos regimes legais de prescrição no combate à corrupção", recentemente apresentado em Lisboa. 

Lançado no âmbito do "Countdown to Impunity: Corruption-related statutes of limitation in the EU", projecto da Transparency International Secretariat (Berlim), foi co-financiado pela Comissão Europeia - DG Home Affairs. 

O documento exemplifica que "os processos-crime de Fátima Felgueiras e Isaltino Morais encontram-se ainda pendentes e alguns dos crimes dos quais foram acusados prescreveram." 

Perante estes factos, a TIAC recomenda "a criação de novos fundamentos de suspensão e interrupção dos prazos de prescrição, como a suspensão dos prazos em casos de pedidos de cooperação bilateral, ou cartas rogatórias, ou o recurso para Tribunal Constitucional", uma vez que este recurso "foi recentemente considerado pelo Tribunal Constitucional como não suspendendo o prazo de prescrição." 

A criação de tribunais especializados com competência para processos de corrupção ou criminalidade económico-financeira é outra das recomendações deixadas por Luís de Sousa, investigador em ética e corrupção na Universidade de Lisboa.
 
(AIM) DM (AIM)

Maputo: Doze anos depois, Vicente Norotan Ramaya, foi hoje restituído a liberdade




William Mapote – Voz da América

Vicente Ramaya, um dos seis elementos condenados pela morte do jornalista Carlos Cardoso, saíu em liberdade

MAPUTO — Doze anos depois, Vicente Norotan Ramaya, um dos presos mais famosos do país, foi hoje restituído a liberdade condicional, por bom comportamento, após cumprir a pena a que está condenado.

Passava pouco depois das 17 horas em Maputo, quando os oficiais de justiça saíam do edifício do Comando Geral da Polícia, onde Ramaya estava encarcerrado, alegadamente por motivos de maior segurança.

Num ambiente bastante discreto, presenciado por um grupo de jornalistas nacionais, pelo advogado de defesa, advogado de defesa e acompanhado por um grupo de cerca de dez elementos da polícia, Vicente Ramaya, um dos seis elementos condenados pela morte do jornalista Carlos Cardoso, saía em liberdade.

Sem prestar declarações Ramaya, que cumpriu metade dos pouco mais de 23 anos a que fora condenado, foi conduzido a sua luxuosa residência, localizado no bairro central, um dos mais nobres da capital moçambicana.

Para além de envolvimento como mandante da morte de Cardoso, Ramaya foi também condenado pelo desfalque do extinto Banco Comercial de Moçambique, onde era um dos gestores, no valor de 144 biliões de Meticais.

A saída em liberdade de Ramaya está em volto de alguns questionamentos por parte da opinião pública e do meio forense.

Para além da advogada da família Cardoso, Lucinda Cruz, que em entrevista a agência Lusa questionou a libertação antes do pagamento da indemnização fixada poelo tribunal, informações ainda por confirmar indicam que o Ministério Público apresentou um recurso da decisão. 


Moçambique: CENTENAS DE PESSOAS À FOME EM GUIJÁ




William Mapote – Voz da América

Farinha de milho, arroz e feijão em avançado estado de degradação

MAPUTO — Depois do drama das cheias, chegou a fome para centenas de pessoas do distrito de Guijá, na província de Gaza.

Segundo informações daquela região, uma das mais afectadas pelas cheias deste ano em Moçambique, estão a consumir alimentos deteriorados apanhados no vizinho distrito de Chókwe, que continua parcialmente abandonado depois da evacuação provocada pelas cheias.

Com o comércio ainda encerrado e a produção agrícola perdida na água, as famílias fora dos centros de acomodação recorrem a produtos estragados para a sua alimentação, num claro atentado a saúde e vida.

O Instituto Nacional de gestão de Calamidades diz estar a par da situação estando a acompanhá-la com grande preocupação.

"A orientação que há é que os comerciantes canalizem os produtos estragados para um ponto e que as autoridades municipais irão reconher para incineração. Esta é a medida que já foi anunciada e esperamos que os comerciantyes cumpram com as suas responsabilidades" disse Rita Almeida, porta-voz do INGC.

Farinha de milho, arroz e feijão em avançado estado de degradação, como resultado de dias debaixo de inundações dentro dos estabelecimentos comerciais da cidade de Chókwe, são os produtos apetecidos.

Neste momento, ainda não foram reportados casos de doenças aliadas ao consumo de produtos deteriorados, contudo, o INGC diz estar em estado de alerta para esta eventualidade. 


Governo de São Tomé e Príncipe continua sem reagir ao escândalo envolvendo a nova PGR




Voz da América

Elsa Pinto protelou a entrevista com a Voz da América e há informações de pressões políticas para que a mesma se demita do cargo para o qual foi empossada na Terça-feira
Em São Tomé o governo está a ser alvo de críticas depois da eclosão de um escândalo envolvendo a recém-empossada procuradora-geral da república.

Elsa Pinto é acusada de ter passado cheque sem cobertura e o governo que terá tido o conhecimento do caso antes de sua entrada em funções procura agora remediar a situação negociando com o autor da queixa.

Pelo menos até ontem de manhã, o autor da queixa contra Elsa Pinto no ministério público tinha estado em contacto com a Voz da América e garantiu que tinha recebido um telefonema de sua advogada que lhe transmitiu que o governo estava pronto a pagar a dívida do valor de 270 milhões de dobras – o equivalente a cerca de 15 mil dólares.

Essa dívida foi contraída pela procuradora-geral Elsa Pinto, em 2011 quando era candidata as eleições presidenciais e consistiu no aluguer de mais de uma dezena de viaturas. Segundo o proprietário da empresa Prestígio, Elsa Pinto terá usado as viaturas para a sua campanha política e o entregou em Junho daquele ano um cheque no valor atrás referido, para serem cobrados só a partir de Novembro.

A Voz da América que conseguiu obter cópias do referido cheque assim como da queixa, apresentados ao ministério público pelo proprietário e gerente da empresa em questão, pode confirmar que efectivamente o cheque foi devolvido pelo Banco Internacional de São Tomé e Príncipe por falta de provisão e contém uma anotação do mesmo banco datada de 09 de Novembro de 2011.

Quanto a queixa, ela foi apresentada no dia 10 de Novembro, ou seja no dia seguinte a falhada transação bancária, e vem assinada por Herlander de Sousa Pinto Leal. O mesmo senhor com quem a reportagem da Voz da América esteve em contactos nos últimos dois dias, e que inicialmente se tinha disponibilizado a dar uma entrevista para confirmar o sucedido, desde que tivesse o aval de sua advogada.

Ainda ontem de manhã o Sr. Herlander Leal confidenciou-nos de que recebeu na véspera a garantia de sua advogada de que o governo estava a ultimar os expedientes para saldar a dívida e por isso já não estava interessado em dar a entrevista. No entanto, prometeu que iria o mais tardar, até o início da noite em São Tomé confirmar se houve ou não a transferência do dinheiro em causa e da sua proveniência. Infelizmente e desde então o Herlander Leal deixou de responder aos nossos telefonemas, que sejam para o telemóvel como para o telefone fixo da empresa.

Uma fonte no governo disse, entretanto, a Voz da América que o proprietário da firma Prestígio foi coagido a não falar e o seu silêncio é vital para o executivo poder gerir a situação, pelo menos até que encontre uma via de saída deste imbróglio.

Importa referir que a nossa reportagem teve também a oportunidade de falar pessoalmente na Quarta-feira a noite com a Procuradora-geral da República, Elsa Pinto, que além de desmentir a história do cheque sem cobertura, alegando tratar-se de uma difamação orquestrada pelo seu antecessor Roberto Raposo, se disponibilizou para ser entrevistada hoje Sexta-feira.

Lembramos que ao longo dessa conversa, Elsa Pinto reconheceu que ainda tinha dívidas de campanha a saldar e justificou-se alegando que à semelhança de muitos outros candidatos que tinham dívidas por pagar e que foram forçados a faze-lo através de cartas abertas, ela também se encontrava na mesma situação.

Hoje e a hora combinada fomos atendidos pela sua secretária que se desculpou tendo remetido para mais tarde o tete-a-tete, que só poderia ter lugar as 4:30 da tarde de São Tomé. Chegada a hora, fomos novamente informados pela secretária da impossibilidade da sua chefe em responder as nossas questões por falta de tempo.

No governo, conseguimos falar hoje com a ministra da justiça, Edite Ten Jua, que também escusou-se em comentar o caso com a alegação de que não tinha tempo. Ao nível da presidência da república os números para os quais chamamos, alguns estavam impedidos e outros fora de serviço.

Angola: DISSENÇÕES NO MPLA CONTINUAM A DAR QUE FALAR




Arão Ndipa – Voz da América – foto Novo Jornal

José Eduardo dos Santos criticou o desempenho de alguns quadros do partido em posições governativas.

O presidente angolano, José Eduardo dos Santos, emitiu recentemente, sinais de algum inconformismo com a governação da província de Luanda, admitindo a existência de um conflito de interesses entre o governador provincial e o presidente da comissão administrativa da cidade.

José Eduardo dos Santos criticou em tom  desagradado, o desempenho de alguns quadros do partido em posições governativas. E na sexta-feira, o semanário Novo Jornal noticiou que, por ordem presidencial, foi concedida maior autonomia, face ao governo provincial, aos municípios de Luanda.

O presidente angolano, admitiu haver problemas de relacionamento entre os militantes do MPLA que ocupam funções partidárias e político-administrativas, particularmente em Luanda, onde disse “a situação é muito mais grave”.

O presidente do MPLA, sugeriu que existem militantes que não tratam, no exercício das suas obrigações, os assuntos de forma objectiva, colocando questões subjectivas e pessoais acima dos interesses gerais, o que provoca contradições, atritos e incompatibilidades com outros quadros.

“A situação mais grave é a que temos hoje na cidade de Luanda, onde estas contradições e incompatibilidades do género estão a prejudicar o trabalho do partido e do estado”, afirmou.

Segundo o líder do MPLA, a situação é demasiado evidente ao nível dos municípios e comunas, particularmente nos grandes centros urbanos e nas grandes cidades revelando que já houve problemas no Uíge,  na Lunda-Norte e  mais recentemente, em Cabinda e no Cuando-Cubango.

Isso conduziu a especulações de que o governador provincial de Luanda, Bento Bento, viu enfraquecida a sua posição no interior do MPLA. Para nos falar sobre o assunto, ouvimos o jurista Lindo Bernardo Tito e o analista político, Bernardino Neto.


Angola: Detidos 11 suspeitos da agressão a mulheres acusadas de furto em Luanda




EL -  JLG - Lusa

Luanda, 10 fev (Lusa) - A polícia angolana deteve já 11 suspeitos da agressão contra duas mulheres, acusadas de furto em Luanda, e cujo vídeo suscitou condenação generalizada, disse hoje à agência Lusa fonte policial.

Os suspeitos encontram-se em prisão preventiva, e fonte da Procuradoria-Geral da República disse à agência Lusa que o caso vai ser resolvido "rapidamente", na sequência da confissão dos suspeitos detidos.

O caso ocorreu no interior de um supermercado localizado na zona do Golf, perto do aeroporto Internacional 4 de Fevereiro e tornou-se conhecido porque um vídeo de mais de 13 minutos, colocado na Internet, revelou a agressão a que as duas mulheres, de 39 e 42 anos, sofreram às mãos dos suspeitos detidos.

Os agressores, armados com uma catana, bastões e mangueiras, aparecem a gritar e a rir enquanto as vítimas são filmadas a serem agredidas.

Em comunicado enviado à Lusa, a PGR refere ter tomado conhecimento da existência do vídeo no passado dia 06, "mostrando cenas macabras, retratando um caso de justiça privada" em Luanda.

As duas mulheres eram acusadas pelos agressores de terem furtado uma garrafa de champanhe e um sabonete, para posterior venda.

O vídeo que denunciou a agressão foi colocado há quatro dias nas redes sociais e teve já mais de 21 mil visualizações no canal do semanário privado angolano Folha 8 no Youtube.

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NO BRASIL IMENSO E FOLIÃO GIGANTE É O CARNAVAL




Série A: Império Serrano, Viradouro e Império da Tijuca vão brigar pelo título

Caprichosos, Santa Cruz, Rocinha e Cubango também brilharam e correm por fora na conquista da vaga para a elite. Vila Santa Tereza, Tradição, Jacarezinho e União de Jacarepaguá vão lutar para não serem rebaixadas

RAPHAEL AZEVEDO – O Dia - Foto: Fernando Souza / Agência O Dia

Rio -  Após uma maratona de dois dias com 19 desfiles, Império Serrano, Império da Tijuca e Viradouro aparecem como grandes favoritas ao título da Série A. Caprichosos de Pilares, Santa Cruz, Rocinha e Cubango também brilharam e correm por fora. Na outra ponta, Unidos da Vila Santa Tereza, Tradição, Jacarezinho e União de Jacarepaguá tiveram muitos problemas e vão brigar para não serem rebaixadas. No total, três agremiações vão cair para o Grupo B, que desfila na Estrada Intendente Magalhães. Apenas a campeã da Série A entrará no Grupo Especial.

A União de Jacarepaguá abriu a segunda noite de desfiles neste sábado, na Sapucaí. Com uma homenagem ao município de Vassouras, no interior do Rio, a verde e branco levou apenas três alegorias para a Sapucaí. Todas as outras desfilaram com quatro. A falta de recursos também se refletiu na confecção das fantasias. Para piorar a situação, a escola foi despejada e agora está a procura de um novo barracão.

Com uma homenagem ao humorista Chico Anysio, a Paraíso do Tuiuti veio em seguida, mas não aproveitou a força do tema como poderia para fazer um grande desfile. O desenvolvimento ficou um pouco confuso e faltou emoção por parte dos componentes. Alegorias e fantasias relembraram programas famosos e alguns dos mais de 200 personagens do mestre. A agremiação de São Cristóvão foi prejudicada por (mais uma) falha de som quando o cronômetro marcava 13 minutos. A dançarina Sheila Mello e a ex-BBB Mayra Cardi desfilaram como rainha e madrinha da bateria. No fim, um susto. Integrantes da comissão de frente não aguentaram o calor e passaram mal.

Tradição decepciona e não aproveita samba clássico

A Tradição reeditou um dos mais famosos sambas de todos os tempos: "Das maravilhas do mar, fez-se o esplendor da noite", da Portela de 1981. O veterano Davi Corrêa, um dos autores do hino, desfilou junto ao grupo de intérpretes e foi bastante aplaudido. Primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Vila Isabel, Julinho e Rute apresentaram aos jurados a dupla da Tradição, Diego e Natália. 

O público vibrou com o samba e interagiu. No entanto, mesmo com uma oportunidade de ouro na mão, a escola de Campinho decepcionou. Alegorias pobres e fantasias simples demais deixaram nítida a ausência de recursos e a falta de comprometimento da diretoria, que mais uma vez não investiu como deveria. Até o símbolo máximo da escola, o Condor, estava com falhas de acabamento. 

Bateria é destaque no Império Serrano

O Império Serrano foi a quarta escola a desfilar com um enredo que exaltava a cidade de Caxambu, em Minas Gerais. O ponto alto da apresentação foi a passagem da bateria comandada por Mestre Gilmar, que sacudiu as arquibancadas. Com várias paradinhas, os integrantes da Sinfônica do Samba empolgaram os componentes que puderam mostrar toda sua garra. Quitéria Chagas fez sua reestreia como rainha de bateria e esbanjou beleza e samba no pé. Baluarte da verde e branco e bateria de Chico buarque, Wilson das Neves também marcou presença à frente dos ritmistas.

O jovem casal de mestre-sala e porta-bandeira Alex e Raphaella também brilhou. Outro destaque foi a comissão de frente do coreógrafo Caio Nunes, que teve apenas um mês para criar os movimentos após a saída de Carlinhos de Jesus. Já na parte plástica, no entanto, o Império foi irregular. Enquanto as fantasias primaram pelo luxo, bom uso das cores da escola e capricho da escolha dos materiais, as alegorias do carnavalesco Mauro Quintaes tiveram algumas falhas de acabamento. Ainda assim, a verde e branco da Serrinha está na briga pelo título.

Quinta a desfilar, a Acadêmicos do Cubango apostou no enredo "Teimosias da Imaginação", desenvolvido pelo talentoso carnavalesco Severo Luzardo. Mais uma vez, o luxo e qualidade dos figurinos encheram os olhos de quem estava na Sapucaí. A leitura do tema, no entanto, não ficou tão clara. Os componentes ajudaram o trabalho da Harmonia e cantaram o samba com entusiasmo. Mas a verde e branco de Niterói, que nunca esteve no Grupo Especial, deverá perder mesmo em evolução, já que uma das alegorias empacou diante do segundo módulo de julgadores e fez com que alas tivessem que passar à frente do carro.

O Sereno de Campo Grande veio em seguida e surpreendeu positivamente com um enredo abstrato desenvolvido pelo carnavalesco Amarildo de Mello. Intitulado "Na busca da paz, equilíbrio e harmonia. Bem aventurados sejam os que ouvem a voz de Deus", o tema foi bem contado com alegorias dignas e figurinos bastante coloridas.

Império da Tijuca emociona e faz melhor desfile da noite

O Império da Tijuca foi a sétima agremiação da noite e fez talvez aquele que tenha sido o melhor desfile. O enredo exaltava a força das mulheres negras e começou a empolgar já na comissão de frente. Bastante organizada, a verde e branco do Morro da Formiga deu um verdadeiro show e emocionou. Em sua estreia no Carnaval do Rio, o carnavalesco Junior Pernambucano mostrou personalidade e talento com alegorias e fantasias bem acabadas. A bateria de Mestre Capoeira arrepiou as arquibancadas e valorizou ainda mais o excelente samba-enredo.  Por tudo isso se credenciou para disputar o título. 

A Caprichosos de Pilares teve no samba seu ponto alto. Com um refrão fácil e de melodia gostosa, a trilha sonora do enredo sobre fanatismo foi cantada a plenos pulmões pelos componentes. A bateria de Mestre Alexandre brilhou com diversas paradinhas e também empolgou. A comissão de frente do renomado coreógrafo Helio Bejani, também do Salgueiro, abriu o espetáculo em grande estilo reproduzindo um ritual tribal de sacrifício. Na parte plástica, no entanto, a azul e branco pecou com falhas de acabamento em alegorias e tripés. O segundo carro chegou a trazer ferros à mostra, algo imperdoável para quem queria brigar pelos primeiros lugares.

Unidos de Padre Miguel peca em evolução 

Penúltima da noite, a Unidos de Padre Miguel apostou na força de um tema afro e esbanjou beleza e capricho. Mérito esse que foi do carnavalesco Edson Pereira que conseguiu traduzir com clareza o enredo "O reencontro entre o céu e a Terra no reino de Alá Àfin Oiyó". Problemas de evolução, no entanto, devem custar décimos preciosos para a agremiação da Zona Oeste. Em mais de uma vez, clarões se abriram na pista enquanto o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Paulo Cesar e Elaine, se apresentava para os jurados. 

A Renascer de Jacarepaguá, rebaixada no ano passado, teve a missão de encerrar o segundo dia de desfile da Série A já com as arquibancadas bastante vazias. O enredo trouxe um grito de alerta contra o tráfico de animais. O desfile, que também exaltou as belezas da cidade, teve como destaque a comissão de frente comandada por Alice Arja.

*Título PG

MOÇAMBIQUE FESTEJA CARNAVAL APESAR DAS INÚMERAS TRAGÉDIAS




Moçambique sob a tragédia das cheias, de explosão de uma central elétrica, da morte de mais de uma centena de pessoas por causa da subida das águas, de um sem número de desgraças podia muito bem ter ignorado a quadra festivaleira do Carnaval… Mas nem assim. Muitos, os que puderam, “brincam ao Carnaval, tristezas não pagam dívidas” nem apagam desgraças ocorridas e ainda a ocorrer.

Isso mesmo testemunham imagens do Sapo Moçambique de que para amostra publicamos um exemplar. Aconteceu um pouco de carnaval trapalhão, muito improvisado “atendendo às más circunstâncias e à perda de vidas de familiares e amigos, mas mesmo assim faz-se o carnaval. Os anos anteriores foi melhor mas este ano fizemos o que foi possível e as festas de carnaval acontecem com um pouco menos de alegria, mas acontecem”, dizem foliões em Maputo. (Redação PG)

CARNAVAL NAS RUAS DE ANGOLA E POR TODA A LUSOFONIA – EXCETO EM TIMOR-LESTE




IGREJA TIMORENSE ABOMINA FESTA PAGÃ, E MANDA

Referimos aqui ontem que carnaval a sério é no Brasil. Assim acontece de facto. Contudo não podemos ignorar o carnaval em Luanda, que cresce em quantidade e qualidade. Disso nos dá conta o Jornal de Angola em descrição que reproduzimos.

Emprestámos ao texto um título que aborda a inexistência de festejos carnavalescos em Díli, Timor-Leste. Pela primeira vez Timor-Leste não tem programa carnavalesco e é o único país da CPLP que ignora a quadra de folia em que os povos lusófonos libertam as suas euforias, alegrias e imaginações para brincarem ao carnaval. Mas, em Timor-Leste tal não vai acontecer. Pergunta-se a razão e talvez a encontremos na força da igreja fundamentalista timorense que tem uma enorme influência nos poderes vigentes e que comprovadamente abomina esta quadra pagã. Assim se comprova que na realidade em Timor-Leste o Estado não está separado da Igreja e que a palavra dos bispos vale mais do que a de governos eleitos ou de presidentes da República sufragados pelo povo eleitor. 

O Vaticano é imperador em Timor-Leste sob muitos aspetos. É notório as cedências dos políticos eleitos ao poderio da Igreja. A subserviência pode ser registada nesta quadra pagã que já há tempos foi ligeiramente alterada na data por causa de um tal “dia das cinzas” do calendário litúrgico. A independência de Timor-Leste perante a Igreja do Vaticano ainda não aconteceu, por isso não há Carnaval. Até quando? Por razões financeiras não será decerto. Qualquer "desvio" de verbas da corrupção existente no país daria azo a um bom carnaval. Se essa preocupação de poupança em Timor-Leste existisse não haveria fome no país. Se assim não é que seja dada uma explicação aos que se preparavam para a folia. (BG – TLN)

Angola: Carnaval na rua


O grupo carnavalesco União 54, da Maianga, é o grande ausente do Entrudo de Luanda.

António de Oliveira “Delón”, secretário-geral da Associação Provincial do Carnaval de Luanda (Aprocal) disse ao Jornal de Angola que há descontentamento dos elementos do grupo que denunciam desfalques de dinheiro e falta de transparência na gestão.

O grupo ficou na nona posição da Classe B na edição passada, o que prejudicou a transição para a Classe A. Por isso foi tomada a decisão de se afastar da presente edição. Os elementos do grupo também discordam da decisão do júri e põem em causa a sua idoneidade.

A decisão de não participar na festa do Carnaval foi tomada em Setembro do ano passado e por isso o Grupo União 54 não recebeu os apoios financeiros nem o material a que os grupos carnavalescos têm direito.

António de Oliveira “Delón” disse que a Associação Provincial do Carnaval de Luanda vai reunir esta semana com a direcção do Grupo União 54, para encontrar uma solução. Fundado a 5 de Junho de 1954, o colectivo tem como estilo o semba e participou em 34 edições do Carnaval, tendo vencido em 1998.

Outro ausente é o Unidos do Caxinde, que aposta no Carnaval de rua. De acordo com o sorteio, era o primeiro grupo a desfilar.

Hoje desfilam 15 grupos carnavalescos da Classe B (adultos), a partir das 16h00, na Avenida Nova Marginal, em Luanda. Os representantes dos municípios de Luanda, Viana, Quissama e Icolo e Bengo disputam os cinco lugares cimeiros, com vista ao acesso directo à classe principal do próximo ano. Mas para subirem de divisão têm de se exibir de forma a convencer o júri, que tem como critérios de avaliação o corte, painel, comandante, alegoria e falange de apoio, cuja pontuação é de zero a dez em cada item podendo totalizar 40 pontos. As disciplinas da dança e da canção têm as maiores pontuações, de zero a 15 pontos em cada item, podendo mesmo totalizar 60.

Eis a ordem do desfile ditada pelo sorteio: União Angola Independente, Twafundumuka, Tonesa, União do Dungo, Juventude do Kilamba Kiaxi, Povo da Samba, União Giza, Zambas da Quissama, União Domante, Amazonas do Prenda, Nova Geração do Mar, Unidos do Kilamba Kiaxi, Geração Sagrada e União Tuabixila.

Bafos vence no Moxico

O grupo carnavalesco Bafos Produção, do Bairro Aço, sagrou-se ontem o vencedor do Carnaval Infantil, no Moxico, com 750 pontos, na sua terceira participação, seguido dos grupos Graças à Paz, do bairro Kapango, com 717 pontos, e 8 de Janeiro, do bairro Compão, com 620 pontos.

O primeiro classificado recebe como prémio o valor de 600 mil kwanzas, o segundo classificado 500 mil e o terceiro, 400 mil kwanzas. Os restantes recebem o valor de 70 mil kwanzas como prémio de participação. Nesta edição, o júri avaliou ainda a melhor canção, indumentária, coreografia e melhor organização. Participaram no desfile 13 grupos, vindos de diversos bairros do Luena e das escolas.

Hernâni Chingangum, responsável do grupo vencedor, disse que os integrantes tinham a lição estudada, fruto de duas participações nas edições anteriores em que o grupo terminou na segunda posição. “Vamos continuar a trabalhar para levar o troféu ao bairro e superar algumas falhas que notamos desta vez. Pretendemos igualmente aumentar o número de dançarinos e escrever novas mensagens”, disse.

*Publicado em TIMOR LOROSAE NAÇÃO – veja os títulos mais recentes em português:

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