sábado, 9 de agosto de 2014

CONSERVADORES SE IRRITAM COM JESUS NEGRO NA TV




Entidades religiosas e grupos conservadores fazem barulho em torno de nova série que apresenta um Jesus Cristo negro, maconheiro e falastrão

Kiko Nogueira, DCM – Pragmatismo Político

Jesus era gordo, falava gírias, abusava de palavrões, gostava de vinho vagabundo e fumava maconha. Ah, sim, e era negro.

“Black Jesus” estreou nos EUA causando barulho. No primeiro episódio, o messias transforma água em conhaque para alegrar a turma que o adotou.

Organizações religiosas já pedem o cancelamento da série. Abaixos assinados pipocam. Os produtores responderam protocolarmente: “Não é nossa intenção ofender qualquer raça ou grupo religioso”.

Todas as entidades reclamam do modo como Cristo é retratado: um beberrão que fuma erva e utiliza o nome de seu pai em vão. Blasfêmia pura. Passeatas foram organizadas e há movimentos organizados de boicote.

Na série, não fica claro que se o protagonista é, de fato, Jesus ou acha que é Jesus. Ele vive num bairro barra pesada em Compton, na Califórnia, e se junta a um bando de desgarrados que passam a segui-lo.

Qualquer coincidência com a Bíblia é mera semelhança. Na Última Ceia, seguindo a tradição judaica, todos foram obrigados a tomar quatro cálices de vinho. No evangelho de Lucas, os fariseus condenam JC e a seus colegas por beber e comer com “coletores de impostos e pecadores”.

No de Mateus, lê-se que ele era acusado de ser “um bêbado e um glutão”. Sua entourage incluía, além dos apóstolos, mulheres como Maria Madalena, Joana e Susana.

“Black Jesus” é uma bomba porque mexe com racismo e religião. Para fanáticos, é fundamental acreditar que a perfeição de Jesus é inapelavelmente divina. E que, se ele era também um homem, era branco.

Há alguns meses uma jornalista da Fox, Megyn Kelly, se sentiu ultrajada com um artigo no site da Slate em que a autora contava como a representação de Papai Noel com um velhinho branco a confundiu na juventude.

Depois de defender Santa Claus, ela cravou que “Jesus era branco, também. Ele era uma figura histórica, isso é um fato verificável”.

Na verdade, há uma corrente de historiadores que acredita que, como JC era um judeu do Oriente Médio de 2 mil anos atrás, ele tinha, provavelmente, compleição escura.

Em 2001, a BBC produziu o documentário “Filho de Deus”, baseado na descoberta, na Palestina, de um crânio do século I. “As representações artísticas ao longo dos séculos têm uma variação total de Jesus e nenhuma é acurada”, disse Mark Goodacre, estudioso do Novo Testamento. “Na linguagem contemporânea, é mais seguro falar de Jesus como um ‘homem de cor’, o que significa cor de ‘azeitona’”.

As primeiras pinturas retratando judeus, que datam do século III, mostram pessoas de pele escura. Com o passar do tempo, surgiu a imagem de JC como um homo europeus. Leonardo da Vinci, Michelangelo e outros consagraram aquela figura atlética, sensual e ariana. Ganharia até olhos azuis. Faz diferença?

Não que o “Black Jesus” seja biblicamente acurado ou tenha qualquer pretensão nesse sentido. Não é e não tem. Só deixa claro que para lidar com a estupidez nem fazendo milagre. 


Homicida do jornalista brasileiro Valério Luiz capturado pelo SEF nas Caldas da Rainha




O homem tinha pendente um mandado de captura internacional e, segundo o SEF, após ter sido confirmado o seu paradeiro em Portugal, foi montado um dispositivo operacional junto à sua residência.

Um homem procurado pelas autoridades brasileiras pelo assassinato do jornalista desportivo Valério Luiz foi capturado pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) nas Caldas da Rainha, onde se encontrava a residir, anunciou hoje o organismo.

O homem, de 30 anos, de nacionalidade brasileira, «era procurado pelas autoridades do seu país de origem, para cumprimento de pena até 30 anos de prisão, pela prática do crime de homicídio qualificado do jornalista, radialista e cronista desportivo Valério Luiz», esclareceu o SEF em resposta à Lusa.

Na sequência do crime, praticado em julho de 2012, em Goiânia (Brasil), o homem tinha pendente um mandado de captura internacional e, segundo o SEF, após ter sido confirmado o seu paradeiro em Portugal, na madrugada de quinta-feira foi montado um dispositivo operacional junto à sua residência.

O homem ter-se-á apercebido do dispositivo e, por volta das 10:00, «pôs-se em fuga, saltando de uma altura de um 3.º andar para as traseiras da sua residência e descendo através das varandas dos outros andares do mesmo imóvel», explicou o SEF.

Na fuga o homem foi auxiliado por um conterrâneo (também residente nas Caldas da Rainha e cujo local de trabalho se situa perto da casa do homicida), que «o transportou de carro para um local afastado».

Na operação de captura, durante cerca de duas horas foram «controladas as centrais de transportes rodoviárias e ferroviárias da zona, todas as artérias da cidade e a morada de onde tinha encetado a fuga», pode ler-se no mail com os esclarecimentos pedidos pela Lusa.

O homicida acabou por ser localizado novamente cerca das 12:30, junto da sua morada, tendo sido detido pela equipa que aí se encontrava em vigilância, sem resistir à detenção.
O detido estava ao final da tarde hoje a ser ouvido no Tribunal da Relação de Lisboa para validação da detenção e aplicação das respetivas medidas de coação.

TSF

Obama anuncia primeiros resultados em luta contra "Estado Islâmico" no Iraque




Presidente diz que EUA não podem ignorar situação enfrentada por minorias religiosas no país árabe. Em entrevista ao "NYT", líder americano diz que Washington não permitirá califado na região.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou neste sábado (09/08) que as ofensivas aéreas de seu país destruíram armas e equipamento que os militantes do "Estado Islâmico" (EI) poderiam ter utilizado numa investida contra Arbil, capital da região curda semiautônoma no norte iraquiano.

Ele declinou de fornecer um cronograma para a atual operação militar no Iraque, além de dizer que não será uma questão de apenas semanas. Antes, em seu programa de rádio semanal, o democrata prometera dar continuidade aos ataques aéreos "enquanto for necessário", para proteger os americanos no país contra os militantes do "Estado Islâmico".

Poucas horas antes, o Pentágono anunciara uma segunda entrega de ajuda humanitária para civis isolados numa região de montanha no norte do Iraque. "Os milhares – talvez dezenas de milhares – de homens, mulheres e crianças iraquianas que fugiram para aquela montanha estão passando fome e morrendo de sede", disse o líder americano na manhã deste sábado, afirmando que a ajuda humanitária ajudará os refugiados a sobreviver.

De acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas, 50 mil yazidis – membros de uma religião curda com antigas raízes indo-europeias – estão presos no topo das montanhas de Sinjar. Eles fugiram de suas casas com medo do avanço dos militantes do "Estado Islâmico".

O grupo radical sunita, considerado mais extremo do que a Al Qaeda, vê como "infiéis" tanto a maioria xiita quanto as minorias de cristãos e yazidis. Estes, em especial, são tachados de "adoradores do diabo". A ONU estima que, no total, mais de 600 mil pessoas foram deslocadas pelo avanço dos militantes do EI.

Contra uma nova guerra do Iraque

O presidente americano ressaltou que os EUA "não podem e não devem" intervir toda vez que houver uma crise no mundo. "Mas quando há uma situação como esta, nessa montanha, na qual inúmeros inocentes estão correndo risco de serem massacrados, e quando temos a capacidade de evitar isso, os EUA não podem ignorar. Esse não é o nosso jeito de ser. Nós somos americanos. Nós agimos. Nós lideramos. E é isso que vamos fazer naquela montanha."

Em outra entrevista publicada na noite de sexta-feira pelo jornal The New York Times, Obama declarou-se disposto a considerar ataques militares mais amplos no Iraque, para conter o avanço dos militantes do "Estado Islâmico". Desde sexta-feira, os EUA realizam ataques aéreos no Iraque com o objetivo de proteger minorias religiosas e americanos no país.

"Nós não deixaremos que eles criem um tipo de califado na Síria e no Iraque", disse o chefe de Estado. "Mas só podemos fazer isso se soubermos que temos parceiros no território capazes de preencher o vazio." Ele garantiu que a ofensiva não incluirá envio de tropas a solo iraquiano, e afirmou que não pretende permitir que seu país "seja arrastado" a uma nova "guerra do Iraque".

O anúncio de Obama, porém – considerado a mais incisiva resposta dos EUA à crise no Iraque até agora –, aumenta o receio de uma nova investida militar no país – a primeira desde a retirada das tropas americanas em 2011 após uma guerra que durou uma década.

Deutsche Welle - Edição: Augusto Valente - RM/ap/afp/rtr

HAMAS AFIRMA QUE NÃO FARÁ CONCESSÕES A ISRAEL




Porta-voz do grupo fundamentalista assegura que demandas do povo palestino serão mantidas. Israel lança mais ataques a Gaza, enquanto militantes islâmicos disparam mísseis contra território israelense.

O grupo islâmico radical palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza, declarou neste sábado (09/08) que não fará concessões a Israel. O anúncio, feito em meio à retomada dos ataques aéreos das forças israelenses contra Gaza, aumentou a tensão entre a comunidade internacional, que vem trabalhando para que ambos os lados cheguem a um acordo.

"Não vai haver volta, a resistência continua", disse o porta-voz do Hamas Fawzy Barhum. "A intransigência do ocupador não levará a lugar algum, e nós não faremos concessões nas demandas do nosso povo."

O confronto entre israelenses e palestinos voltou a se acirrar depois que mediadores fracassaram em ampliar o cessar-fogo de 72 horas que expirou na sexta-feira. Em mais de um mês de conflito, quase 2 mil pessoas foram mortas – cerca de 1.900, em grande parte civis, do lado palestino, e 67 do lado israelense.

Neste sábado, aviões de guerra de Israel realizaram 30 ataques aéreos em Gaza, matando pelo menos cinco palestinos. Em resposta, militantes do Hamas dispararam seis mísseis em direção a Israel. Desde o fim do cessar-fogo, na sexta-feira, 44 foguetes foram disparados contra o território israelense. No mesmo período, Israel afirma ter realizado cerca de 100 ataques em Gaza.

Esforço internacional

Israel já afirmou que não negociará um novo acordo enquanto estiver sob ataque. O primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, ordenou que os militares retaliassem os ataques palestinos "com força" e culpou o Hamas pelo fim do cessar-fogo.

Mediadores egípcios se reuniram na noite de sexta-feira com a delegação palestina para discutir um novo acordo. O encontro com representantes israelenses está programado para a noite de sábado. O enviado especial dos EUA para a paz no Oriente Médio, Frank Lowenstein, também se encontra no Cairo. Segundo o governo americano, ele está auxiliando nos esforços para conseguir um "cessar-fogo permanente".

Tanto os EUA como a ONU pediram que os representantes dois lados voltassem à mesa de negociações. A Casa Branca afirmou estar "muito preocupada" com a violência na região. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, também divulgou um comunicado, no qual pede que israelenses e palestinos "não recorram a mais ações militares que possam agravar a já terrível situação humanitária em Gaza".

Deutsche Welle – Edição: Augusto Valente - RM/dpa/afp/rtr

ARÁBIA SAUDITA À BEIRA DA GUERRA



Vadim Fersovich – Voz da Rússia

A recente declaração de um dos líderes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) que esse movimento pretendia atacar a Arábia Saudita provocou sérias preocupações nesse reino. Para a fronteira com o Iraque, cuja maior parte já é controlada pelo EIIL, foram deslocados mais 30 mil soldados.

Riad pediu garantias de segurança a seus principais aliados no mundo árabe – o Egito e o Paquistão. Parece que o país que ocupa o quarto lugar do mundo em orçamento de defesa não está confiante na eficácia de suas próprias forças armadas. Depois da campanha do EIIL no Iraque se tornou evidente que nem a ciência militar estrangeira, nem os meios de combate modernos, são capazes de travar os processos que foram iniciados há muitos anos, inclusivamente por forças influentes no Reino da Arábia Saudita.

Tal como foi previsto pelos peritos ainda no final do século passado, a ideia da redução da tensão interna através da exportação dos seus portadores apenas aumentou seus números e agravou a situação.

Claro que todos percebiam o perigo dos cidadãos radicais do reino regressarem um dia. Mas, segundo vemos pela reação de Riad, dificilmente alguém pensaria que na própria fronteira do país iria surgir de repente uma força tão grande, organizada, equipada e motivada.

Assim como a eficiência e a flexibilidade da estratégia militar do recém-formado “califado”. Desde o início a liderança do EIIL executou uma cadeia de tarefas consequentes e realistas. Tendo obtido experiência de combate na Síria, ele concentrou em momento oportuno seus esforços na frente leste.

Tendo obtido no Iraque uma base material suficiente e um território com vias de comunicação, que permitem manobrar tropas e transferir material pesado, o exército do califado agora se dedica à consolidação dos territórios ocupados e ao reagrupamento de forças.

Irá o “califado” continuar tentando atacar na Síria e no Iraque já em territórios com populações que lhe são hostis e com grandes formações de exércitos regulares? Muitos por enquanto esperam que sim. Mas Theodore Karasik, do Instituto de Análise Militar do Oriente Médio e Golfo Pérsico no Dubai, pensa que logo após a consolidação de forças existe um perigo real de “eles tentarem regressar ao reino”. Existem fundamentos para esse ponto de vista.

Tal como no Iraque, o EIIL dificilmente conta apenas com o êxito de uma intervenção exterior. Ainda na primavera no reino surgiram sinais de ativação da “quinta coluna” desse movimento.

De abril a junho o EIIL usou ativamente no reino aplicações móveis para propaganda e recrutamento de apoiantes.

Em maio Riad declarou que foi descoberta uma conspiração de terroristas ligados ao EIIL. Seu objetivo era o assassinato de altas personalidades sauditas e ativistas religiosos.

Desde o verão que o EIIL escreve seus slogans em paredes por todo o reino, em junho na capital também surgiram folhetos do “califado”.

Desde 1 de agosto o EIIL desenrolou nas redes sociais da Arábia Saudita uma campanha para recolha de dados pessoais de funcionários dos serviços secretos sauditas com o objetivo de liquidá-los. O resultado foram as cerca de 30 mil postagens com moradas, fotografias e números de telefone de uma grande quantidade de cidadãos alegadamente associados à Inteligência Geral.

A ativação do EIIL já foi apoiada por seu aliado da “frente sul” – a Al-Qaeda na Península Arábica (AQAP, na sigla em inglês). O vídeo de um atentado em 4 de julho, quando dois terroristas da AQAP explodiram num posto de controle na fronteira com o Iêmen, terminava com ameaças de novos ataques não apenas na fronteira, mas também no interior do território da Arábia Saudita.

Mas se o “califado” não conseguir sucesso com sua operação militar no reino, suas ameaças de destruir santuários islâmicos são bem reais. Isso já aconteceu antes.

Hoje poucos se lembram que em 1979, quando no Irã foi criada uma república islâmica depois da derrubada do xá, na Arábia Saudita ocorreram processos idênticos. No dia 20 de novembro, 500 extremistas religiosos ocuparam, e mantiveram em seu poder, a Grande Mesquita de Meca, exigindo o derrube da monarquia e a expulsão das companhias ocidentais e dos “infiéis” para fora do país.

Durante o assalto a mesquita foi destruída. Foram decapitados publicamente 63 terroristas, mas um dos suspeitos, um tal Mahrous bin Laden, foi liberado. Já o chefe da operação e da Inteligência Geral príncipe Turki bin Faisal Al Saud propôs a seu irmão Osama que viajasse para o Afeganistão para ajudar os mujahedins...

Trinta e cinco anos depois, os que cresceram com as ideias de Ozama bin Laden voltam ameaçando destruir a Grande Mesquita de Meca. Mas agora eles podem fazer muito mais.

Foto AP

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A RÚSSIA – QUEM DIRIA – PROTEGE UM DISSIDENTE NORTE-AMERICANO




Moscou estende por três anos proteção a Edward Snowden. Agora, homem que revelou vigilância militar dos EUA poderá viajar pelo mundo

 Cauê Seinemartin Ameni – Outras Palavras, em Blog da Redação

Há dias, ao descrever as tensões crescentes entre as potências ocidentais e a Rússia, o ex-senador norte-americano Tom Hayden falou na emergência de uma II Guerra Fria. No novo cenário, previu ele, a mídia convencional dos EUA e nações aliadas vai aliar-se à política externa e às estratégias militares de seus respectivos países — até perder a independência. Um alvo central será o presidente russo, Vladimir Putin. Seus defeitos serão ampliados, para que se converta num demônio. A ele serão atribuídos crimes sem comprovação alguma (como no caso da derrubada do avião da Malasian Airlines em 20/7). Como na época da União Soviética, Moscou será apresentada como símbolo de restrição às liberdades e poder tirânico do Estado.

Ontem, porém, ficou que não será fácil realizar esta operação de marketing político. O Ocidente terá dificuldades cada vez maiores de se dizer mais democrático que a Rússia. Putin sabe disso e parece disposto a explorar esta contradição. Num gesto calculado, Moscou decidiu que dará proteção a um dissidente perseguido por Washington. Edward Snowden, o ex-contratado da NSA (Agência Nacional de Segurança dos EUA) que revelou a rede onipresente de espionagem militar norte-americana sobre os cidadãos, teve seu visto de permanência na Rússia prorrogado por três anos — extensíveis por mais três. Terá regalias: poderá deixar o país e regressar a ele durante três meses por ano. É algo que sua condição anterior (de asilado provisório) não permitia, e que, caso se concretize (há dúvidas quanto à segurança do ex-agente fora da Rússia) poderá ter imensa repercussão midiática. O anúncio foi feito ontem (7/8) por Anatoly Kuchera, advogado russo de Snowden.

A saga de Snowden começou em maio de 2013, quando ele deixou os EUA e foi para Hong Kong. Lá, vazou, para o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, arquivos secretos relativos à extensa operação de vigilância realizada pelos EUA e Inglaterra na internet. De lá, pretendia vir à América Latina, mas os EUA anularam seu passaporte e pediram sua extradição — acusando-o de roubar documentos oficiais. Snowden ficou retido, por cinco semanas, na zona de trânsito do aeroporto Sheremetuevo de Moscou. Fortemente pressionado, o governo russo hesitou, mas terminou concedendo-lhe proteção temporária, que expirou em 31 de julho. A extensão do benefício por três anos revela que o Kremlin está disposto a se manter firme, em seu confronto com a Casa Branca. E os que lutam por uma nova ordem mundial podem, em certas condições, tirar proveito desta disputa.

Há semanas, em entrevista ao The Guardian mês passado, Snowden fez revelações sobre sua vida pessoal. Disse que se mantem solitário — porém, disposto. “Acho que existem pessoas que estão apenas esperando para me ver triste. Mas ela vão continuar a se decepcionar”. Contou que paga suas contas trabalhando com tecnologia da informação e recebendo doações internacionais de uma legião de admiradores. Está envolvido no desenvolvimento de uma nova ferramenta voltada à liberdade de imprensa, que permite aos jornalistas se comunicar de forma mais segura. E estuda russo.

Washington pode estar se isolando. Mês passado (16/07), Navi Pillay, a alta comissária da ONU para Direitos Humanos sugeriu que os EUA abandonem sua perseguição a Snowden, já que as revelações sobre a vigilância global são de interesse público e da comunidade internacional. Pillay creditou a Snowden todo o recente debate sobre a redução do controle dos Estados sobre a internet, a espionagem on-line e armazenamento de dados pessoais.

Em resposta aos jornalistas do The Guardian, o advogado negou que Snowden tenha tido contato com a inteligência russa ou que trabalhe, de alguma forma, para o governo. Quanto questionado sobre as especulações sobre a existência de um “novo Snowden”, ainda incógnito, o advogado Kucherena foi lacônico: afirmou que seu cliente poder ter inspirado “sucessores”, mas não está diretamente envolvido.

Snowden “comemorou” seu primeiro ano de asilo no Teatro Bolshoi, onde apareceu pela primeira vez publicamente desde que chegou a Rússia. Kurcherena garantiu que Snowden fará em breve uma conferência à imprensa russa, logo que seja possível.

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IIª GUERRA FRIA: NINGUÉM FICARÁ DE FORA!



Martinho Júnior, Luanda 

Em plena globalização o que se está a verificar é que não há guerras desconexas, “distantes”, em contextos ou conjunturas próprias, ou “isoladas”.

O que há na nossa “casa comum” e em pleno século XXI, é uma única guerra, com todo o tipo de acções a irromperem num único “cadinho”, em função de geoestratégias distintas, que se vão aglutinando segundo essencialmente duas correntes concorrenciais que alimentam a disputa mais ou menos feroz pela posse das riquezas disponíveis da Terra:

- Uma procura a todo o transe e desde a IIª Guerra Mundial a exclusividade do domínio, com base fundamentalmente na cultura anglosaxónica disseminada a partir do domínio do império britânico;

- A outra, uma amálgama de resistências e de culturas, que em função da dialéctica dos processos, busca hoje com uma inusitada sofreguidão, a emergência e a integração.

O âmago da disputa reflecte-se com crueza variável nos interesses sobre o acesso, a exploração, o transporte e a comercialização de petróleo, de gás e agora também do carvão de xisto, todo esse fenómeno intimamente associado às questões financeiras de fundo e reitoras de outros dinamismos que se interrelacionam.

As acções combativas a que estamos a assistir na Líbia, no Iraque, na Síria, na Palestina, na Ucrânia e em outras latitudes numa menor intensidade, são cenários crispados duma mesma e única guerra, cujo fundamento responde a essa disputa. 

A crispação entre os Estados Unidos e seus aliados por um lado, a Rússia, os BRICS e a integração latino americana por outro, corresponde ao “nível superior” dessa guerra!

Portugal: NOVO BRANCO



Tiago Mota Saraiva – jornal i, opinião

Imagine que é sócio de uma empresa e de repente, sem que qualquer assembleia o legitime, alguém de fora indica um novo presidente do conselho de administração que divide a empresa e nomeia os demais administradores. Só o admitiria se quisesse estar longe da empresa, provavelmente por estar falida, e se tivesse garantias de que esta operação o desobrigaria da participação nas suas responsabilidades financeiras. 

Bem-vindo ao BES. 

A D. Inércia, o Banco de Portugal, depois de o escândalo estar na praça pública – graças à zanga entre Queiroz Pereira e Salgado –, assumiu os prejuízos do banco numa manhosa nacionalização em que o Estado garante o dinheiro à mesma taxa de juro a que o compra. 
Risco máximo, lucro zero. Como se jogasse numa roleta em que a expectativa máxima fosse receber as fichas que colocou. Repetem-se as mentiras. De “os portugueses podem confiar no BES” de Cavaco Silva (21/07) passa-se ao “não terá qualquer custo para os contribuintes” de Carlos Costa (03/08). Na verdade todo o processo revela duas coisas importantes de reter. 

Ao contrário do que Passos Coelho, Vítor Bento ou Ricardo Salgado sempre declararam, o nosso problema não é o investimento na educação, na saúde, na cultura ou na segurança social, mas a forma como os governos vão transformando dívida privada em dívida pública. Por outro lado, o escândalo do BES não só silencia por uns tempos o dogma das vantagens da gestão privada sobre a pública como torna evidente que, num Estado que tenha como eixo central a salvaguarda do interesse público, os principais instrumentos do sistema financeiro têm de ser públicos. Um banco privado que tenha um carácter sistémico na economia de um país é fantástico para os seus accionistas sempre que distribui lucros e um problema para o Estado assim que começa a acumular prejuízos. Não se deve exigir regulação mas controlo público, se não, para os cidadãos, sobrará sempre a conta dos prejuízos.

Escreve ao sábado  

Portugal: PS CONTINUA EM QUEDA E TEM PSD A 2%



Carlos Diogo Santos – jornal i

Socialistas e sociais-democratas separados por dois pontos, numa sondagem em que toda a esquerda desce. Brancos e nulos ganham adeptos

Se as eleições legislativas acontecessem agora PS e PSD estariam numa situação próxima do empate, ainda que os socialistas levassem uma pequena vantagem. Desde que entrou em disputa interna, em Maio, o PS não pára de cair nas intenções de voto. De acordo com o barómetro i /Pitagórica deste mês, apesar de os ânimos estarem mais calmos no Largo do Rato, o pico de 38,7% de votos registado em Abril continua a ser uma miragem para os socialistas: em Julho as intenções de voto fixavam-se nos 30%, apenas 1,9% à frente do PSD.

A perda de votos do PS foi, ainda assim, menos expressiva entre Junho e Julho, período em que se registou um decréscimo de 0,6% nas intenções de voto. No barómetro anterior os socialistas tinham registado uma queda de quase nove pontos.

Com o PSD estagnado na casa dos 28%, a CDU e o Bloco de Esquerda a perder votos face aos resultados de Maio e o CDS com uma ligeira subida, as intenções de voto dos portugueses deslocam-se para outros partidos, votos brancos e nulos - que, somados, alcançaram os 14,6% em Julho. Nas europeias os votos brancos e nulos alcançaram uns expressivos 7,4%.

Num barómetro em que toda a esquerda desce, a CDU, que verificou uma marcada subida nos votos entre Abril e Maio - mais de 4% -, foi a força política que mais caiu nos últimos dois meses: está agora com 12,7%. Já o Bloco de Esquerda mantém uma prolongada tendência descendente. As divergências internas e a saída de alguns elementos - em Julho a ex-deputada Ana Drago deixou o partido, na sequência da saída da Fórum Manifesto, uma das correntes fundadoras do BE (herdeira da Política XXI de Miguel Portas) - estará a afectar a confiança dos portugueses. Só no último ano, o partido caiu da casa dos 8% nas intenções de voto para os 4,2% que regista neste barómetro.

O parceiro de coligação do PSD é que tem aproveitado estas quebras para crescer nas intenções de voto. Mas trata-se de uma subida com pouca expressão. O partido liderado por Paulo Portas subiu três décimas entre Maio e Julho, após ter estado dois meses em queda acentuada - os centristas desceram mais de 2% nas intenções durante esse período.

De acordo com a sondagem i/Pitagórica, Marinho e Pinto registou uma ligeira queda de 0,2% entre Maio e Julho, fixando-se nos 3,5%. Ou seja, com menos 0,7% que BE. Marinho e Pinto, actual eurodeputado eleito pelo Partido da Terra, anunciou já que vai concorrer às próximas eleições legislativas por entender que o Parlamento Europeu tem "pouco poder" (ver página 4).

ACTUAÇÃO DO GOVERNO 

A avaliação dos portugueses ao desempenho do executivo de Passos Coelho não sofre grandes alterações desde o início do ano, mantendo-se sempre próxima dos 7 valores numa escala de 0 a 20. De acordo com esta sondagem, em Julho os portugueses avaliaram a actuação do governo com 6,7 valores. O pico mais alto do último ano aconteceu em Dezembro do ano passado, em que o governo foi classificado com 8.

A sondagem revela ainda que mais de metade dos inquiridos (54%) atribuiu uma classificação entre 0 e 8 ao governo de coligação PSD/CDS, mais 3,2 % que os registados em Maio. Para 34,7% dos portugueses, o desempenho do executivo tem uma avaliação entre 8 e 14 valores. Nesta faixa regista-se um decréscimo de 3,6% dos portugueses face ao apurado no mês de Maio.

A fatia mais pequena de portugueses é a que dá uma avaliação muito positiva ao trabalho da equipa liderada por Pedro Passos Coelho. Da amostra, 11,3% deu uma avaliação que varia entre 14 e 20. Ainda assim, foi uma percentagem superior à de Maio, mês em que se apenas 10,9% dos inquiridos atribuíram estes valores à actuação do governo.


MILHARES DE CRIANÇAS SEQUESTRADAS OU MORTAS NO SUDÃO DO SUL




Milhares de crianças têm sido deliberadamente alvejadas e mortas ou sequestradas para se tornarem combatentes no conflito que se arrasta há oito meses no Sudão do Sul, anunciaram hoje analistas da União Africana (UA).

"O conflito atual pode ser definido como uma guerra contra as crianças do Sudão do Sul", declarou Julia Sloth-Nielsen, responsável por uma delegação da UA que se encarrega dos direitos das crianças naquele país.

Os ataques "não são acidentais" e estão "perigosamente perto de representar um crime contra a humanidade", acrescentou.

"Temos recebido inúmeros relatos de crianças, e mesmo bebés, assassinados sem razão", salientou Sloth-Nielsen perante os jornalistas, após uma semana de investigação levada a cabo pelos onze membros do Comité para os Direitos e o Bem-Estar das Crianças (CDBC).

Mais de 900 crianças terão sido raptadas no estado de Jonglei, na zona Este do Sudão do Sul e foram confirmados vários casos de abuso sexual de meninos e meninas nas zonas de combate, é relatado pelo CDBC em comunicado.

Na vila de Bor, também na zona Este, foram descobertos os corpos de 490 crianças, amontoados em valas comuns, após os confrontos.

O conflito no Sudão do Sul, que opõe forças leais ao Presidente, Salva Kiir, a simpatizantes do antigo vice-presidente Riek Machar, já provocou 1,5 milhões de desalojados, dezenas de milhares de mortos e o aumento da tensão entre etnias.

A Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD), que tem mediado as negociações oficiais entre as forças em conflito, retoma as conversações na Etiópia, segunda-feira, sem que se conheça ainda a disponibilidade das fações combatentes.

Um acordo assinado a 10 de junho prevê que seja formado um governo de transição entre as forças de um e de outro lado do conflito até ao dia 10 de agosto.

As Nações Unidas reivindicam que será preciso mais de mil milhões de dólares para ajudar a população sul-sudanesa, numa altura em que mais de 50.000 crianças estão em risco de morrer de fome e doenças no país.

Em abril, a alta-comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos do Homem, Navi Pillay, alertou para a recruta de mais de 9.000 crianças, usadas depois como soldados.

Na opinião do comité da UA, as crianças do país estão a ser mais atingidas pelo atual conflito do que tinham sido pela guerra que aconteceu entre 1983 e 2005, e culminou na independência do Sudão do Sul, em 2011.

"O impacto do conflito nos últimos oito meses foi maior, nas crianças, do que 21 anos de guerra", considerou o comité.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Confederação empresarial da CPLP abre delegação na Guiné Equatorial




Lisboa, 08 ago (Lusa) - A Confederação Empresarial da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CE-CPLP) anunciou hoje a abertura de uma delegação na Guiné Equatorial, país que recentemente passou a integrar o bloco lusófono.

De acordo com o comunicado da organização, o delegado da CE-CPLP na Guiné Equatorial será o presidente da câmara oficial de comércio, agricultura e florestal de Bioko, Gregorio Boho Camo.

"Esta decisão tem como objetivo aumentar o envolvimento da Guiné Equatorial no esforço de construção da comunidade empresarial que resulta da atuação da CE-CPLP", lê-se no documento.

A entrada da Guiné Equatorial na CE-CPLP aconteceu depois da adesão do país como membro de pleno direito da CPLP na X Cimeira de Chefes de Estado e de Governo do bloco lusófono, realizada a 23 de julho, em Díli, Timor-Leste.

"Esta é, por isso, a prova de que a Guiné Equatorial está empenhada em pertencer à CPLP a todos os níveis e em todos os setores, especialmente ao nível empresarial, o que se traduz na criação da delegação da CE-CPLP no país", lê-se na nota.

"A CE-CPLP ganha, assim, cada vez mais peso como o braço económico e empresarial da CPLP reforçando o papel de 'quarto pilar da CPLP', como referiu o secretário executivo da CPLP, Murade Murargy", sublinha-se no texto.

É "da maior importância incluir a Guiné Equatorial nas nossas atividades e mostrar que os empresários dos nossos nove países estão empenhados em melhorar os laços económicos e em aproximar verdadeiramente e melhorar as condições de vida dos nossos povos", disse o presidente da CE-CPLP, Salimo Abdula, citado no comunicado.

A Guiné Equatorial já participava nas atividades da CE-CPLP desde junho de 2014, data em que foram aprovadas as entradas da câmara de comércio, agricultura e florestal de Bioko e da câmara oficial de comércio, agricultura e florestal de Rio Muni.

Esta participação comprova, segundo o comunicado, "o empenho dos empresários da comunidade em abranger o raio de ação da CPLP e possibilitando novas oportunidades para fazer negócios na língua portuguesa".

CSR // EL - Lusa

JOSÉ RIBEIRO E ARTUR QUEIROZ A CAMINHO DA CONTROLINVESTE



Folha 8, 09 agosto 2014

Esta semana registou-se no univer­so da Con­trolinveste, empresa detentora, entre outros, do Jornal de Notícias, Diá­rio de Notícias e da rádio TSF, a primeira mudança na direcção editorial do JN (saída de dois direc­tores) desde que António Mosquito se tornou, em Março, um dos principais accionistas. O Folha 8 apurou que em Setembro haverá uma reestrutu­ração editorial no grupo que, inclusive, poderá ser protagonizada pela “aqui­sição” ao Jornal de Angola dos “passes” de duas das suas principais figuras: José Ribeiro e Artur Quei­roz.

No JN, Manuel Tavares deixou o cargo de direc­tor do Jornal de Notícias e Fernando Santos o de director-adjunto. A ad­ministração da Contro­linveste Conteúdos infor­mou que será o “até aqui director-adjunto Alfredo Leite” quem irá assumir o cargo de forma interina.

Alfredo Leite é, aliás, uma figura que se destacou quando, já como direc­tor-adjunto foi enviado especial ao nosso pais e escreveu que “foi, de res­to, a leitura de uma carta dos pais de Savimbi, que residem no Burkina Faso, o momento mais emocio­nante do congresso, com choros a escutarem-se aqui e ali”. Nessa altura os pais de Savimbi tinham morrido há 30 anos…

Diversas fontes dão como credível a hipótese de José Ribeiro e Artur Quei­roz integrarem a reestru­turação editorial do gru­po editorial português, se bem que as análises divir­jam quanto aos objectivos concretos. António Mos­quito terá aventado essa possibilidade logo na al­tura das negociações que o levaram a investir na Controlinveste, não tanto por vontade própria mas por “sugestão” do regime, mas sobretudo de Isabel dos Santos, a verdadeira financiadora.

Dessa forma, a concre­tizar-se a “aquisição” do actual director do Jornal de Angola, bem como do seu braço direito nos jo­gos sujos em que o jornal é pródigo, Artur Queiroz, o regime via-se livre de duas figuras polémicas e pagas a peso de ouro e que, ao fim e ao cabo, têm marcado negativamente as relações com Portugal, contrariando a linha mo­derada do MPLA que ad­voga um apaziguamento.

A isso acresce o mau am­biente no jornal que José Ribeiro dirige como um velho chefe do posto co­lonial, tratando os autóc­tones como sipaios.

“Para nós seria muito bom. Ficaríamos sem dois mercenários racistas que, cada vez mais, se assu­mem como pertencendo a uma raça superior”, diz um colaborador do Jornal de Angola, empratelei­rado por contestar o es­tatuto do quero, posso e mando de que goza José Ribeiro. Mas, acrescen­ta, “o que seria bom para nós seria péssimo para os nossos colegas portugue­ses”.

Provavelmente a estraté­gia de António Mosquito seria chutar Artur Quei­roz para o Porto (Jornal de Notícias) onde, aliás, já trabalhou há umas déca­das, dando a José Ribeiro um cargo honorífico sem efeitos efectivos na estra­tégia editorial do grupo.

“Seria uma forma de com uma cajadada matar dos coelhos”, diz uma fon­te portuguesa ligada aos media, explicando que “Angola se livraria de duas figuras extremistas e de diminuta credibili­dade profissional, ao mes­mo tempo que a Contro­linveste facturaria sobre esta concessão feita a An­tónio Mosquito, sobretu­do através da entrada de dinheiro da publicidade de empresas angolanas”.

Estariam os jornalistas dos órgãos da Controlin­veste, nomeadamente os que têm responsabilida­des de direcção, dispostos a aceitar estas duas figu­ras? Tudo leva a crer que sim. “E os que não quise­rem podem sempre fazer o que fez o Manuel Tava­res e o Fernando Santos”, diz um “velho” jornalista do JN que foi, aliás, colega de Artur Queiroz na Re­dacção do Porto.

“Da maneira que as coisas estão actualmente, com despedimentos sucessi­vos, se calhar até seria uma boa solução pôr o Artur Queiroz como di­rector do JN. Ele está ao nível dos que por lá an­dam e não creio que sur­gissem problemas. Tanto no JN como no DN, para manter os tachos – com raras excepções – todos comem o que lhe dão”, diz este profissional, ora consultor.

Importa igualmente con­siderar que, mais uma vez via António Mosquito, existe a possibilidade de se estreitar as relações entre a Controlinveste e as Edições Novembro, criando sinergias – so­bretudo financeiras – que permitam criar um gran­de grupo empresarial. E, a ser assim, todos sabemos que a regra de ouro é o “vale tudo”.

ANGOLA - BESA: GARANTIA EXCLUSIVA DE EDUARDO DOS SANTOS




ACÇÃO BESA VISA SALVAR “BENS” DE ISABEL DOS SANTOS, GENERAIS E AFINS

Nelo de Carvalho – Folha 8, 09 agosto 2014

Ainda mais quan­do se sabe que a mesma garantia está eivada de ilegalidade, os lucros do Banco Besa ou sua sal­vação de uma possível falência, quebra ou caída no buraco do inferno, não melhorarão a vida de milhões de angolanos na pobreza.

A garantia dada pelo Presidente da República é procedimento administrativo precário piso­teada pela injustiça e falta de escrúpulo; procedimento que viola a lei, e satisfaz a vontade de quem na sua posição de po­deroso desconhece os limites entre o público e o privado.

Na garantia se está oferecendo como aval dinheiro público, dinheiro de todos nós, para se salvar da falência património privado, patrimônio privado que foi roubado de todos os angolanos.

Se sessenta por cento dos em­préstimos foram feitos por em­presas portuguesas –ver www.agora.co.ao , de sexta-feira dia 25 de julho, por que a garantia do rombo é dado pelo governo angolano e de uma forma dis­cricionária, isso ajudaria quem?

Enquanto em Portugal tem gente sendo caçada pelo rom­bo ao Banco, tendo que se explicar à justiça, em Angola nenhuma autoridade que tem como responsabilidade cuidar da lei e fazer com que a mes­ma se cumpra, perguntou, “quem são os autores de tal fa­çanha”. Ao contrário, apareceu um condescendente “impera­dor” e “monarca” solucionando o problema.

O rombo do Banco BESA é o produto de vários eventos escabrosos, como aqueles que ouvimos todos os dias, de pes­soas que se enriquem sem que se saiba de ondem tem saído a fortuna desses endinheirados.

O rombo do Banco BESA ex­plica durante o dia o fenómeno de pessoas que vivem das noites elaborando negociatas secretas, nos bastidores e em surdina, e amanhecem o dia enriquecidas, anunciando êxi­tos que não cabe a nenhum dos mortais comum, a não ser que este seja do MPLA, camarada e companheiro do Presidente da República e sua família.

É o rombo do Banco BESA que faz com que uns, em nome da bajulação e do servilismo, vaga­bundo, caótico e sem vergonha, se lhes atribuem o grau de cla­rividência, Vossa Excelência quando não é, Doutor quando não se sabe onde tenha adqui­rido o título.

Um Banco, o BESA, que com certeza não tem correntista que chega na ordem de milhões, em Angola, mas com ativos na or­dem de bilhões, e quebra, é uma obra perfeita de um partido po­lítico infestado de delinquentes e corruptos; piratas e vândalos, alçados no poder em nome da mentira, da falta de caráter; mas em nome da roubalheira e da falta de organização!

O BESA quebrou!

A garantia não constitui e nem faz parte de um procedimento de recuperação extrajudicial, administrativa ou judicial; mas sim um tapa-buraco simples, assim, daquilo que foi nos rou­bados a todos nós os Angola­nos, por uma quadrilha muito bem organizada e ainda por cima venerada por esse mes­mo povo Angolano que acredi­ta e “ tem fé” de ser protegido pela mesma quadrilha.

Um povo, o Angolano e sua burrice, que no fim se transformou na razão de existir e de fazer dos pró­prios corruptos.

Mas ao contrário do que muitos possamos imaginar, a quebra do Banco BESA não é o produto de uma imbecilidade; ao contrário, é fruto de uma genialidade a serviços dos ladrões, ao serviço do MPLA.

JOSÉ RIBEIRO E ARTUR QUEIROZ, DE ANGOLA PARA A CONTROLINVESTE




Da edição de hoje do jornal angolano Folha 8 destacamos a divulgação da vinda de homens de confiança do regime angolano para a Controlinveste. Após despedimentos massivos estas aquisições na empresa são expressivas do arrastão que em Portugal tem vindo a acontecer na generalidade da comunicação social. A melhor saber, agora, com a vinda de especialistas vindos de Angola. Leia no Folha 8 de 9 de Agosto 2014 ou daqui a pouco aqui, no Página Global. (Redação PG)

José Ribeiro e Artur Queiroz a caminho da Controlinveste

Esta semana registou-se no universo da Controlinveste, empresa detentora, entre outros, do Jornal de Notícias, Diário de Notícias e da rádio TSF, a primeira mudança na direcção editorial do JN (saída de dois directores) desde que António Mosquito se tornou, em Março, um dos principais accionistas. O Folha 8 apurou que em Setembro haverá uma reestruturação editorial no grupo que, inclusive, poderá ser protagonizada pela “aquisição” ao Jornal de Angola dos “passes” de duas das suas principais figuras: José Ribeiro e Artur Queiroz.

Jornal Folha 8 - Angola

A CARA FEIA DE UM BRASIL QUE DÁ VERGONHA



Afropress - editorial

Que o Brasil é um país onde se pratica a mais sofisticada modalidade de racismo do planeta, não é novidade. Que vige por aqui um tipo de racismo que não se manifesta às claras, que é camuflado, dissimulado, hipócrita, também não é novidade.

Que a desigualdade social mantida por todos os Governos – inclusive o atual, no poder há 11 anos – é perversa e obscena, responsável por um apartheid informal que reserva aos pretos e pobres as margens, os guetos, e veda o acesso dessas camadas não só aos bens de consumo, mas aos direitos básicos da cidadania, estamos carecas de saber, desde sempre!

Que os "rolezinhos" - encontros marcados por jovens nas redes sociais - já vinham acontecendo desde há muito reunindo a garotada da periferia, que passou a ter acesso a Internet e, portanto, a fazer uso das redes, também todo o mundo sabe. Trata-se de uma manifestação cultural que, até aqui, não havia se tentado criminalizar.

O que aconteceu de novo, então? É simples: a novidade foi a reação estapafúrdia e estúpida dos donos dos shoppings a esse tipo de manifestação expontânea da juventude. Os dirigentes dessas empresas passaram a acionar a Justiça e a Polícia para filtrar a entrada nesses espaços, escancarando tratamento padrão dispensado costumeiramente a pretos e pobres no Brasil. Eis onde o problema começa e por onde pode terminar.

Sabe aquele olhar desconfiado que você recebe sempre que entra numa loja ou olha o tênis de marca na vitrine? Agora esse olhar foi aumentado milhões de vezes, multiplicado pela quantidade de jovens com esse perfil que entram nesses espaços.

Os jovens que participam dessas brincadeiras marcadas pelo Twitter ou Facebook sabem que essa é a regra. Já se acostumaram a esses olhares e reagem a eles da forma como reagimos a outros olhares de natureza discriminatória em nosso cotidiano.

Quando, porém, acionada pelos donos dos shoppings, a Justiça concede liminares proibindo o acesso, aplicando multas pesadas aos "infratores" fica evidente que há, sim, discriminação contra pobres e pretos. Quando a Polícia, acionada para cumprir a determinação judicial sai jogando bomba de gás lacrimogênio a torto e a direito e passa a revistar e pedir documentos como condição de acesso, temos o apartheid escancarado. Não há como esconder: estamos diante de uma postura política que precisa ser denunciada, desmascarada e derrotada, sob pena de se institucionalizar, em pleno autoproclamado Estado Democrático de Direito, a segregação sóciorracial.

Consagra-se o princípio estranho a nossa doutrina e jurisprudência do direito penal do autor. No Brasil o autor de uma determinada conduta delituosa deve ser punido pelo que fez  (direito penal do fato ou da culpa), e não pelo que é (direito penal do autor).

São os herdeiros da Casa Grande recorrendo às velhas práticas, evidenciando sua visão de que preto e pobre é suspeito mesmo e, se forem muitos, mais suspeitos ainda. Não é possível. Trata-se de uma violação clara a direitos assegurados nas Leis e na Constituição, que são conquistas irrenunciáveis.

Há um argumento que tem sido brandido pelos que são a favor de liminares judiciais proibindo o acesso do qual é impossível discordar: shopping não é lugar – nem do ponto de vista do espaço, nem da finalidade – para manifestações públicas. Pretender que sejam - como querem alguns - é um tiro no pé para quem luta contra o racismo e a discriminação porque reforça estereótipos arraigados numa sociedade que há apenas 125 anos aboliu a escravidão.

Pesquisa feita esta semana pela empresa Hello Research revela que 71% dos paulistanos são contra os "rolezinhos". As liminares que naturalizam o apartheid  tem o apoio de, nada menos que, 68% da população, apoio que chega a 84% na classe A (a classe média alta) e se mantém expressivo mesmo na classe D - 59% - constituída na sua maioria por pretos e pardos. Pior: a abordagem e a revista da PM a jovens nesses encontros, chega a 70%, o que consolida a visão cristalizada da população a respeito do preto e do pobre como suspeito padrão. Eis, o quadro, que não deixa dúvidas a respeito de que há razões, de sobra, para se temer retrocessos: medidas claramente discriminatórios com amplo apoio social.

A onda de "rolezinhos" só faz sentido se os seus organizadores tiverem a capacidade de apresentar uma agenda aos donos dos shoppings que comece pelo compromisso público de que retirarão qualquer medida judicial e ou policial que configure a proibição do acesso a esses espaços por parte de quem quer que seja, de vez que tais locais, são espaços semi-públicos.

O segundo ponto dessa pauta deveria ser o compromisso das empresas de mudarem sua postura, promovendo o treinamento e estimulando a prática de uma educação antidiscriminatória e antirracista a todos os seus funcionários, a começar pelos seguranças, cujo histórico nesse quesito é conhecido e não é nada abonador, todos sabemos.

O terceiro aspecto que deve ser levantado e cobrado é o compromisso dos dirigentes dosshoppings de mudarem sua política de recrutamento e contratação de pessoal para garantir a diversidade, o que hoje não ocorre. Em alguns, a sensação nítida é de que se está num estabelecimento similar de algum país nórdico (Suécia, Dinamarca, Noruega) a julgar pela aparência e perfil das atendentes. O Sindicato dos Comerciários de S. Paulo, há alguns anos, fez pesquisa em que ficou demonstrado que negros são raros nas lojas: eles podem ser encontrados apenas entre os seguranças e pessoal da limpeza.

E por fim, nessa agenda é preciso exigir-se dos Governos - do municipal ao federal, passando, naturalmente pelo Estado -, compromissos concretos para que a cidade seja de todos, que os pobres não continuem a ser expulsos para as margens, e para se avançar na distribuição de renda e redução das desigualdades sóciorraciais que são a causa e a fonte de quase todos os males que nos afetam.

Não se muda realidade com factóides. Todo mundo que frequenta shoppings, e são milhões de pessoas, inclusive negras, quer usufruir desses espaços de entretenimento, lazer e compras, e não deseja, por óbvio, ser atropelado por multidões de jovens que, porventura, pretendam monopolizar um espaço que é público.

Mas, também não queremos que o acesso a esses espaços seja objeto de filtros de caráter óbviamente discriminatório aos pobres e pretos, porque ambos tem todo o direito de entrar e sair a qualquer hora de qualquer espaço público e tem mais um outro direito sagrado: o de não ser tratado como suspeito em nenhuma circunstância.

Depredações do patrimônio público e ou privado, crimes - que, diga-se de passagem, até aqui não ocorreram nesses eventos - se ocorrerem, que se apliquem as Leis. É para isso que elas existem.

É preciso que o movimento social antirracista autêntico adote um programa que, de um lado aglutine todos os setores que querem mudanças; e de outro não contribua para assustar e colocar em posição raivosa e reativa os frequentadores desses espaços.

Quatro são as propostas que sugerimos sejam apresentadas ao presidente da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), Luiz Fernando Veiga, como ponto de partida para um diálogo a ser mediado pelo Ministério Público do Estado de S. Paulo.

1 – fim das ações na Justiça que buscam a criminalização de uma prática cultural que há anos vem sendo adotada; e encerramento das ações em andamento, nas quais foi concedida liminar;

2 – Programa de Educação antirracista e de Valorização da Diversidade, a ser promovido e adotado pelos shoppings visando a educação dos seus funcionários – inclusive dos seguranças notoriamente envolvidos - e com preocupante frequências - em casos de discriminação.

3 – Mudança na Política de Recursos humanos e de contratações de funcionários visando garantir a diversidade nesses estabelecimentos, especialmente nos setores de atendimento. 

4 – Cobrança de ações a serem adotadas pelos Governos – do municipal ao federal, passando pelo Estadual – visando a redução da perversa, infame e obscena desigualdade social, que é a fonte e a mãe de toda a prática discriminatória.

Foram os dirigentes dos shoppings e a Justiça que politizaram a questão; transformaram o "rolezinho" de um evento cultural, em um fato político, de que até a Presidente da República passou a se ocupar conforme noticiado pelos jornais. Então, como diz o velho e bom ditado popular "quem pariu Mateus que o balance". Que sentem à mesa com representantes desses jovens organizadores dos "rolês" e com mediação do Ministério Público, e mudem de postura. Afinal, não custa lembrar: estamos no século XXI e cansados desse Brasil "retógrado" - com cara de Casa Grande & Senzala.

*Editorial de Afropress datado de 19.01.2014


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