segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Hollande está perto de se tornar presidente mais impopular da V República francesa

 


Prensa Latina, Paris – Opera Mundi
 
Pesquisa de instituto de opinião pública aponta que apenas 23% dos entrevistados se dizem satisfeitos com governo
 
Cerca de 76% dos franceses desaprova o governo do presidente François Hollande, que está próximo de se transformar no presidente mais impopular da V República, iniciada em 1958, destaca uma pesquisa publicada neste domingo (22/09).

De acordo com o questionário, do IFOP (Instituto Francês de Opinião Pública), só 23% dos entrevistados (menos de uma pessoa de cada quatro) se dizem satisfeitos com o presidente e um por cento não se pronunciou.

Esta cifra representa uma queda de cinco pontos com relação ao mês de abril.

Com estes baixos indicadores o presidente se aproxima perigosamente do recorde de impopularidade de François Miterrand em 1991, quando teve uma aceitação de somente 22%, afirma IFOP.

Segundo Fréderic Dabi, diretor-geral adjunto do Instituto, duas razões explicam a rejeição ao governo de Hollande: o aumento dos impostos e sua defesa a uma intervenção na Síria.

A pesquisa foi realizada por telefone entre 13 e 21 de setembro a mil 91 pessoas de 18 anos ou mais segundo o método de cotas.
 
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TRIMERKEL

 


Emir Sader – Carta Maior, em Blog do Emir
 
Marx dizia que a Alemanha, na sua época, se parecia a um ser deformado, com uma enorme cabeça – pela estatura da sua cultura – e um corpo franzino – pelo atraso das transformações históricas da sociedade alemã. Hoje se poderia projetar uma imagem oposta da Alemanha: uma sociedade robusta e uma cabeça atrofiada.

Faltava os alemães decidirem pelas eleições como Merkel deveria governar no seu terceiro mandato: se repetindo a aliança com os liberais, se com os social democratas e/ou com os verdes, ou sozinha, com maioria absoluta. Merkel esteve perto desta última possibilidade – só conseguida por Konrad Adenauer. Faltaram poucos parlamentares.

A DC cresceu 8 pontos, mas seu aliado, o Partido Liberal, perdeu 10, não entrando no Parlamento – pela primeira vez na sua história. Na soma dos seus votos, o eleitorado a favor do governo que termina seu mandato não aumentou seu apoio.

O mesmo ocorreu no bloco opositor. A SD aumentou 3%, mas os Verdes e a Esquerda perderam um pouco mais. Quem ganhou foi o partido que pregava a saída do euro, que quase chegou ao Parlamento.

Como resultado, Merkel vai ter que negociar. A SD sempre disse que não gostaria de repetir a aliança do primeiro mandato a Merkel, quando pagaram o preço. Naquele mandato a SD pagou o preço do desastroso governo do seu partido, dirigido por Schroeder, que iniciou as reformas neoliberais a que Merkel deu continuidade. Essa circunstância facilitou que a DC pudesse ter um segundo mandato aliada só com os liberais.

Nestas eleições, Merkel saberia se poderia dar seguimento a seu segundo mandato ou teria que reprisar alianças com a oposição, como no primeiro. Vai ter que negociar. A SD sempre disse que não queria voltar a um cogoverno. Mas os Verdes se apressaram a expressar que eles, sim, estão dispostos a negociar uma aliança com a DC.

Serão semanas de negociação, com Merkel em posição de força. A SD teve o segundo pior resultado da sua história. Os Verdes perderam 3%, mas sobretudo tiveram menos da metade do que as pesquisas chegaram a dar-lhes.

Os alemães expressaram apoio à continuidade das orientações do governo da Merkel. A SD pode reivindicar um ministério econômico, um da área social e o de Relações Exteriores. A política alemã em relação à Europa pode ser um pouco flexibilizada, mas não alterada nos seus fundamentos. Afinal, foi pela inflexibilidade demonstrada pelo governo que Merkel conseguiu seu terceiro mandato.
 

MERKEL JÁ PROCURA NOVO PARCEIRO DE COLIGAÇÃO

 

Expresso - Lusa
 
Chanceler alemã venceu com larga maioria mas sem maioria absoluta. Se cumprir o mandato pelo menos até 2017, tornar-se-á a líder há mais tempo no poder da Europa.

A chanceler alemã Angela Merkel venceu as legislativas de domingo, com o partido conservador CDU/CSU a conseguir 41,5 % dos votos, indicam resultados oficiais provisórios hoje divulgados.

O aliado liberal FDP, na coligação governamental cessante, foi afastado da câmara baixa do parlamento (Bundestag), pela primeira vez na história da República Federal da Alemanha, por só ter conseguido 4,8 % dos votos, ficando aquém dos 5% necessários para ter representação parlamentar.
 
O partido social-democrata SPD, com o qual Angela Merkel poderá formar uma coligação governativa, conseguiu 25,7 % dos votos, de acordo com os mesmos dados.
 
Os resultados obtidos por Merkel - além de constituírem os melhores para o seu partido desde a reunificação alemã em 1990 - mostram que esteve muito perto de conquistar a maioria absoluta. A chanceler terá assim, já a partir de hoje, de encontrar um novo parceiro de coligação para formar Governo.
 
A última vez que os conservadores conseguiram a maioria absoluta no Bundestag (câmara baixa do parlamento) foi em 1957, com o chanceler Konrad Adenauer.

A taxa de participação nas eleições de domingo foi de 73%, mais de dois pontos percentuais do que o registado em 2009.
 
Um novo movimento antieuro, criado na primavera, a AfD (Alternativa para a Alemanha) conseguiu um bom resultado, de 4,8 %, mas inferior aos 5% necessários para entrar no parlamento.
 
Já os Verdes, parceiro de coligação preferido do SPD, obtiveram uns dececionantes 8,4%, vítimas de uma má estratégia de campanha e de uma polémica sobre a tolerância passada do movimento relativamente à pedofilia. A esquerda radical, Die Linke, desceu 3,3 pontos percentuais, com 8,6% dos votos.
 
Aos 59 anos, a chanceler alemã confirmou o estatuto de mulher mais poderosa do mundo, ao tornar-se na primeira dirigente europeia a ser reconduzida no cargo, depois da crise financeira e monetária que abalou a União Europeia, já que nenhum dos seus homólogos de Espanha, França, Itália ou Reino Unido foi reeleito desde o início da crise financeira.
 
Por outro lado, na Alemanha do pós-guerra apenas Konrad Adenauer e o chanceler da reunificação Helmut Kohl cumpriram três mandatos na chefia do Governo alemão, numa lista em que passa a constar agora o nome de Merkel.
 
"A liderança do partido vai discutir tudo quando tivermos um resultado final, mas podemos comemorar já esta noite", disse, ontem à noite, Merkel aos seus apoiantes, incluindo ao seu marido, Joachim Sauer, um amante de música que raramente aparece em público, que foi apelidado de "o fantasma da ópera".
 
Se Angela Merkel cumprir o mandato pelo menos até 2017 tornar-se-á a líder há mais tempo no poder da Europa, batendo Margaret Thatcher, que foi primeira-ministra britânica durante 11 anos.
 

ALEMÃES CONSAGRAM MERKEL NAS URNAS

 

Deutsche Welle
 
Quando se tornou a primeira mulher a governar a Alemanha, muitos questionaram se ela teria força para ficar no poder. Mas sua liderança, sobretudo na crise do euro, deu-lhe prestígio para um amplo triunfo eleitoral.
 
Quando Angela Merkel se tornou a primeira mulher chefe de governo da Alemanha, em 2005, não eram poucos os que duvidavam que ela tinha sede de poder suficiente para o cargo. Ninguém diria que ela teria força até para um terceiro mandato, façanha que só dois chanceleres federais conseguiram até agora: Konrad Adenauer (1949-1963) e Helmut Kohl ​​(1982 a 1998), ambos democrata-cristãos, como ela.
 
Mas Merkel não se tornou chanceler por acaso. Ela demostrou sua vontade de estar onde está muito antes de ter assumido o governo pela primeira vez. No meio de um escândalo em torno do financiamento de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), em 1999, ela se distanciou publicamente de seu mentor político, Helmut Kohl, em um artigo escrito para o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung.
 
Pouco tempo depois, assumiu a presidência da legenda. Experiência política no Executivo ela já havia obtido nos tempos em que integrara o gabinete de Kohl, onde fora ministra da Juventude e também ministra do Meio Ambiente
 
Figura simbólica na Europa
 
Seu instinto de poder e sua habilidade tática fizeram com que se tornasse uma das políticas mais importantes da atualidade não só da Europa, como do mundo.
 
"A Alemanha vai sair mais forte desta crise", prometeu aos alemães seguidas vezes. E, de fato, as estatísticas econômicas e sobre o desemprego parecem confirmar o prometido.
 
No exterior, ela vem atuando como uma severa defensora dos interesses alemães. Seja depois do G8 ou após uma cúpula da UE, ela sempre transmite a impressão de que, com ela, a economia alemã está em boas mãos. Já no mundo anglo-saxão, em que os alemães sempre gostam de prestar atenção, Merkel é considerada a mulher mais poderosa do mundo.
 
Durante a crise econômica e financeira europeia, ela se tornou um símbolo da política de resgate do euro. "Não só a Alemanha, mas também a Europa deve sair mais forte da crise", afirmou certa vez. Merkel liderou uma política de ajuda europeia prevendo ajuda financeira somente mediante condições estritas – uma maneira, segundo ela, de fazer da Europa mais competitiva.
 
Mudanças na CDU
 
Merkel também impôs seu estilo não só no nível europeu, como também em sua própria casa política, a CDU. Seus muitos rivais internos foram abandonando o barco um após o outro. Uns desistiram, outros foram colocados de escanteio ou tropeçaram em escândalos.
 
Para a chanceler, fraqueza política ou deslealdade são critérios de exclusão. Política é saber mexer com o poder, e Merkel usa o poder que possui para alterar o programa de seu partido e manter a CDU no centro do espectro político. Temas como obrigatoriedade do serviço militar, energia nuclear e o papel tradicional da família formam o âmago da doutrina democrata-cristã. Merkel mudou isso em 2011, com a decisão, por exemplo, de banir a energia nuclear da Alemanha, pioneira no setor.
 
Críticos a acusam de oportunismo, afirmando que, sob sua liderança, a CDU perdeu seu perfil tradicional e ganhou nuances social-democratas. Isso teria levado alguns membros da agremiação democrata-cristã a deixar o partido e aderir à legenda recém-fundada, eurocética e mais à direita, Alternativa para a Alemanha (AfD). Entre os jovens, o caminho escolhido por Merkel parece ser bem aceito. Numa pesquisa de opinião realizada entre menores de 18 anos, a CDU pulou de um terceiro lugar em 2009 para a liderança na preferência entre crianças e adolescentes.
 
Firmeza em tempos de crise
 
Há anos, Merkel goza de um nível relativamente elevado de apoio entre os alemães, obtido através de uma inteligente estratégia de imagem. Durante tempos de crise, a chanceler alemã soube passar uma imagem de firmeza, aproveitando o anseio do povo alemão por estabilidade e orientação.
 
"De forma imparcial e sóbria, séria e autêntica, ela transmite a sensação de trabalhar a serviço dos eleitores e não de si mesma", opina o cientista político Karl-Rudolf Korte.
 
Externamente, Merkel também transmite sinais de estabilidade. Durante anos, seu penteado só se modificou ligeiramente. Seus trajes só diferem na cor, mantendo o mesmo velho estilo de blazer, geralmente usado sobre uma simples calça preta. Não importa a tempestade que esteja atingindo o mundo, nos telejornais o eleitor vê sempre a mesma Merkel –irradiando sua tranquilidade.
 
O exemplo mais recente dessa política de imagem pode ser visto próximo à estação ferroviária central de Berlim. Um outdoor de 2 mil metros quadrados mostra as mãos de Merkel em formato de losango, uma postura típica da líder alemã, acompanhada da frase "o futuro da Alemanha em boas mãos".
 
Resguardo da vida privada
 
O outdoor é um exemplo de uma campanha eleitoral em que a CDU apostou todas as cartas na pessoa da chanceler. Por isso, Merkel teve que revelar um pouco mais de sua vida privada ou, melhor dizendo, apresentar para a opinião pública alguns poucos e bem dosados aspectos de sua privacidade. Como quando ela apareceu, nas férias de verão, como a "vovó Merkel", junto dos netos e do marido, Joachim Sauer.
 
Entretanto, até hoje são raros os detalhes da vida pessoal da chefe de governo alemã que chegam ao conhecimento público. Só é conhecido que Merkel e seu marido moram em um apartamento no centro histórico de Berlim.
 
Eles costumam passar seus dias livres na região de Uckermark, uma área rural entre Berlim e o mar Báltico. Lá, ela passou a infância e é onde ainda mora sua mãe. Seu pai, teólogo, morreu em 2011. "Merkel faz propaganda usando sua personalidade, mas realmente não conseguimos saber muitas coisas de sua vida privada", reconhece Korte. No final das contas, o que importa mesmo é aquilo que Merkel revela enquanto chanceler.
 

Portugal: O SEGUNDO RESGATE JÁ TEM UM NARRATIVA

 

Ana Sá Lopes – Jornal i, opinião
 
Se era para evitar o segundo resgate, a resolução da crise não serviu para nada
 
Enquanto os alemães se preparavam para entronizar Angela Merkel como a grande líder - sufragando em massa as suas políticas europeias, o que é uma péssima notícia para nós e todos os outros países em crise - Pedro Passos Coelho decidiu anunciar ao país que um segundo resgate está iminente. Não deixa de ser irónico que o tenha feito pouco tempo antes da data fixada pelo ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar para o regresso de Portugal aos mercados. Era hoje, dia 23 de Setembro, segunda-feira e Gaspar disse-o sem se rir, lembram-se?
 
Um primeiro-ministro que se recusa a falar da flexibilização do défice (ainda não sabemos qual é a política oficial do governo sobre isto, se o que diz Portas, se o que diz Maria Luís Albuquerque) e decide falar numa acção de campanha no Ribatejo de que um segundo resgate estará em cima da mesa é, para se ser simpático, incompreensível e desconcertante.
 
Mas Pedro Passos Coelho talvez tenha decidido expressamente anunciar o segundo resgate para que ele seja assumido pelos portugueses (uma grande parte sempre o deu como adquirido, uma vez que o programa da troika e sucessivas revisões mantêm aquela característica inicial de serem incumpríveis) através da sua particular narrativa. A culpa dos juros ultrapassarem, neste momento, os 7 por cento é da crise política, logo, de Paulo Portas. De nada serviu a Portas engolir humilhantemente a sua demissão "irrevogável". Vai levar com as culpas do segundo resgate que terá sido a razão pela qual decidiu recuar de uma forma grotesca. Ouvir Passos Coelho anunciar a iminência do segundo resgate e pedir-nos para não "fazer de conta" que não houve uma crise no Verão é mais ou menos equivalente a declarar uma nova crise política da qual ele se prepara para lavar as mãos.
 
Se era para evitar o segundo resgate e a incomportável subida dos juros acima dos 7%, a resolução da crise do Verão não serviu para nada. É o próprio Pedro Passos Coelho a informar-nos disso, hoje. A decisão do Presidente da República em reconfirmar uma coligação com este elevado nível de confiança política mútua revelou-se um desastre. O segundo resgate estava escrito nas estrelas, não era preciso tentar evitar a todo o custo uma ida às urnas que seria clarificadora - é preciso recordar que os eleitores que votaram em Passos Coelho votaram em compromissos que o primeiro-ministro violou sistematicamente. Portas dificilmente resistiria a este governo, mas escusava de ser assim.
 
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