terça-feira, 24 de outubro de 2023

Duas guerras em curso preparando uma terceira


Daniel Vaz de Carvalho

1 – As duas guerras

A guerra na Ucrânia configura mais uma derrota dos EUA/NATO/UE. Os media pararam de apresentar as ficções de Kiev como estratégia, tudo ou quase o que andaram a dizer ao longo do tempo, esvaziou-se como balão furado. A Ucrânia perdeu 350 mil soldados, centenas de tanques. A contra-ofensiva triunfalmente alardeada na NATO, as ameaças do fantoche Zelensky e do Stoltenberg foram um trágico fracasso cujas perdas em quatro meses atingiam 75 mil soldados, e continuam porque o império não sabe o que sejam negociações. A própria existência do Estado está em causa, se não continuar a ser financiado pelos EUA/UE/NATO. O que neste momento é muito complicado.

Na Palestina, o ataque do Hamas é mais uma “guerra não provocada”. Os neocons no poder nos EUA, através de um incapacitado Biden, conseguiram – por agora – unir atrás de si uma maioria política. Recusando qualquer forma de negociações para pôr em prática as resoluções da ONU, enveredaram mais uma vez pelo caminho do “apoio total” à guerra e a Israel, criando mais encargos financeiros e militares sobre uma economia à beira da recessão e submersa em endividamento do Estado, empresas e famílias.

Os bombardeamentos sobre Gaza continuam. Quarteirões inteiros tornados escombros, 1,5 milhão de pessoas forçadas a fugir de suas casas. Porém, o Hamas continua a lançar mísseis sobre cidades israelenses, inclusivamente Telavive, dispondo de uma rede de subterrâneos, onde armazena munições, armas, abastecimentos. Os soldados israelenses mortos desde o início do conflito eram em 22/10, 307. O ataque do Hamas teria provocado até 1 300 mortos, 3 000 feridos. Do lado palestino, com a intensificação dos bombardeamentos sobre Gaza, em 22/10, o número de mortos atingia 4 651, havendo 14 245 feridos, além de 69 mortos e 1 300 feridos na Cisjordânia. (Geopolíticaao vivo – Telegram, 22/10).

De acordo com as FDI há 212 reféns e prisioneiros em Gaza. O Hamas confirma a morte de 22 reféns, em resultado de ataques israelenses. "Assim que tivermos condições adequadas, poderemos libertar os estrangeiros". O Hamas libertou entretanto algumas mulheres e crianças.

Os palestinos não têm qualquer hipótese de derrotar Israel militarmente, mas Israel dificilmente pode aniquilar a resistência palestina. O objetivo do Hamas não é vencer militarmente, mas envolver os EUA, o Irão, a Turquia, Arábia Saudita, China e Rússia em busca de uma solução política.

Tudo depende dos apoios que o Hamas mobilize e das ações que daí resultarem. Se não for apoiado com abertura de frentes a Norte e anular o bloqueio, com menores ou maiores perdas de Israel, Gaza será ocupada e anexada, procedendo Israel a uma limpeza étnica e expulsão da maior parte dos remanescentes.

AS DUAS FACES DO OCIDENTE

Mikail Çiftçi, Turquia | Cartoon Movement

Hamas libertou duas mulheres israelitas, apesar de Telaviv recusar aceitar as reféns

O Hamas libertou mais dois reféns. Descobriu-se que eram mulheres israelenses, Yocheved Lifshitz e Nurit Cooper, que foram capturadas no Kibutz Nir Oz em 7 de outubro.

South Front | # Traduzido em português do Brasil

A libertação foi realizada através da mediação do Egito e do Catar. A operação passou pelos mesmos procedimentos aplicados durante a libertação dos dois cativos americanos.

O representante do grupo palestiniano tinha explicado anteriormente que os americanos foram libertados em resposta aos esforços de mediação do Qatar, bem como para “provar ao povo americano e ao mundo inteiro” a falsidade e a falta de fundamento das declarações das autoridades norte-americanas sobre o Hamas.

O representante das Brigadas Izz al-Din al-Qassam observou que Israel se recusou a aceitar os reféns de volta desde 20 de outubro, mas os militantes “decidiram libertar os cativos por razões humanitárias imperiosas”. Ao mesmo tempo, o Hamas afirma que não eram reféns. As mulheres foram inicialmente capturadas por algumas “outras” forças.

Livshits disse ao The Times of Israel que ela não sabia onde estava detida. A mulher relatou que os militantes a colocaram em uma motocicleta: um deles a segurou por trás e pela frente para que ela não caísse. Primeiro, ela foi levada para a cidade de Abasan al-Kabir, no sul da Faixa de Gaza, e depois levada para outro local.

O ex-prisioneiro do Hamas, Yocheved Lifshitz, 85 anos, descreveu como a milícia do Hamas a levou de motocicleta para uma “teia de aranha” de túneis sob Gaza. Ela observou que o Hamas a tratou com gentileza e atendeu a todas as suas necessidades durante o cativeiro, inclusive fazendo com que ela fosse tratada por um médico. Lifshitz também apontou a culpa aos militares israelitas – alegando que as FDI não levaram a ameaça do Hamas “a sério”.

De acordo com os últimos dados fornecidos pelos militares israelitas, o Hamas mantém mais de 200 pessoas como reféns, mas este número pode aumentar. Em 23 de outubro, a mídia israelense noticiou que o Hamas iria entregar à Cruz Vermelha mais de 50 reféns estrangeiros com dupla cidadania.

Em 24 de outubro, as FDI espalharam panfletos pela Faixa de Gaza pedindo aos palestinos que fornecessem informações sobre os reféns detidos pelo Hamas. Em troca, o exército israelita prometeu “fornecer segurança” e recompensas financeiras e garantiu “completa confidencialidade”.

Gaza, Hamas e Likud de Netanyahu


Dan Steinbock diz que a guerra do Hamas é um maná caído do céu para o governo de extrema-direita de Israel. O próprio Netanyahu contribuiu para a expansão do Hamas desde a década de 1990.

Dan Steinbock* | Consortium News | # Traduzido em português do Brasil

A guerra Hamas-Israel, tal como é retratada pelos meios de comunicação internacionais, reflecte muito mal as realidades da região e menos ainda as forças estruturais que levaram ao desastre.

Em contraste com a narrativa padrão, a guerra do Hamas é um maná caído do céu para o governo de extrema-direita de Benyamin Netanyahu. O próprio Netanyahu contribuiu para a expansão do Hamas desde a década de 1990. 

Com uma população de mais de 2 milhões de habitantes em cerca de 365 quilómetros quadrados, a Faixa de Gaza é uma das áreas mais densamente povoadas do mundo e “a maior prisão ao ar livre”. Após a Guerra Árabe-Israelense de 1948, tornou-se um território administrado pelo Egito. Após a Guerra dos Seis Dias de 1967, ficou sob ocupação israelense.

O precursor do Hamas, Al Mujamma al Islami (“O Centro Islâmico”), foi estabelecido na Faixa de Gaza ocupada por Israel na década de 1970, sob os auspícios da Irmandade Muçulmana Palestiniana. 

Um dos seus adeptos era o xeque Ahmed Yassin, em cadeira de rodas, futuro líder do Hamas. Yassin concentrou as atividades de Mujamma nos serviços religiosos e sociais. Ironicamente, as autoridades israelitas apoiaram activamente a sua ascensão, quando o seu principal antagonista era a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) do falecido Yasser Arafat.

A outra guerra de Israel é contra os factos


Você pode nos ajudar a remover a nuvem de propaganda que sufoca o discurso sobre Gaza?

O presidente dos EUA, Joe Biden, falou recentemente que tinha visto "fotos de terroristas decapitando crianças" em Israel.

Mas Biden nunca viu essas fotos — e até mesmo as Forças de Defesa de Israel agora admitem que não têm provas das alegações anteriores de um soldado de que o Hamas decapitou 40 bebês em seus ataques.

A alegação difamatória se tornou viral graças, em grande parte, a veículos corporativos como Globo, UOL e Metrópoles, que muitas vezes repetem as afirmações do governo israelense de forma acrítica e sem confirmação — alimentando o apoio político ao cerco de Gaza, que ameaça matar de fome 2 milhões de civis palestinos.

Na semana passada, Israel bombardeou um hospital e uma igreja e arrasou bairros inteiros, matando centenas de civis inocentes. E agora está se preparando para uma invasão terrestre — a terrível situação está piorando ainda mais.

A redação do Intercept Brasil está praticamente sozinha na mídia na resistência a essa insanidade coletiva. Estamos empenhados em denunciar os verdadeiros crimes dessa guerra horrível, explicar como chegamos aqui e como pode acabar a violência. Essa cobertura difícil e impopular depende do apoio dos leitores.

Você faria uma doação hoje para fortalecer a cobertura independente do Intercept sobre o cerco desumano e ilegal de Gaza?

A GOOGLE COM "AVARIAS" E "DIFICULDADES" PARA MASCARAR A CENSURA


DESDE ONTEM, 23, QUE O PÁGINA GLOBAL SE DEBATE COM PROGRESSIVAS DIFICULDADES EM PUBLICAR COM NORMALIDADE TEXTOS E IMAGENS LIVREMENTE E COMO É NOSSO HÁBITO. MUITO JÁ MANOBRAMOS PARA SUPERAR DIFICULDADES E CADA VEZ MAIS EXPERIENCIAMOS MANOBRAS QUE DEDUZIMOS SEREM DEVIDAS À AVIDEZ DE CENSURAS E DE ATAQUES FASCISTÓIDES PROVENIENTES DA GOOGLE.

TOMAMOS A LIBERDADE DE PREVER QUE O PÁGINA GLOBAL AINDA SERÁ VÍTIMA DE MAIS E MAIOR CENSURA FÉRREA, COMO É COSTUME. CENSURA NOTORIAMENTE ANTIDEMOCRÁTICA E DE INDOLE OBSCURANTISTA E TERRORISTA - À SEMELHANÇA DAS DIRETRIZES QUE PERSEGUEM VÁRIOS ORGÃOS E PROFISSIONAIS DA COMUNICAÇÃO SOCIAL COM A INTENÇÃO DE FORMAR E INFORMAR.

PELA NOSSA PARTE, COMO MUITOS SABEM, NÃO É A PRIMEIRA VEZ QUE ESTES MÉTODOS NOS AFETAM. NÃO DESISTIREMOS DE ENVIDAR ESFORÇOS PARA SUPERAR VICISSITUDES QUE POSSIBILITEM QUE CONTINUEMOS A LABORAR EM PROL DAQUILO QUE NOS VÍNCULA À DEMOCRACIA TRANSPARENTE, JUSTA E SUPERLATIVAMENTE DEFENSORA DOS DIREITOS HUMANOS, DA LIBERDADE DE IMPRENSA, INFORMAÇÃO, ANÁLISE E OPINIÃO. TAMBÉM PILARES DA DEMOCRACIA E DA LIBERDADE.

VOLTAREMOS A COMUNICAR POR OUTRA VIA, SE NECESSÁRIO.

MUITO GRATOS PELA VOSSA PRESENÇA.

Redação do Página Global

GUERRA EM GAZA LEVA À ESCALADA EM TODO O MÉDIO ORIENTE - vídeo

A guerra na Faixa de Gaza causou elevadas tensões em todo o Médio Oriente, com múltiplas frentes envolvidas em ataques contra Israel e os Estados Unidos em apoio ao povo palestiniano.

South Front | # Traduzido em português do Brasil

Um ataque surpresa sem precedentes contra Israel, codinome Operação Al-Aqsa Flood, lançado pelo Movimento Hamas em 7 de outubro, levou à guerra. Mais de 1.400 israelenses foram mortos no ataque.

No Líbano, o Hezbollah e os seus aliados, incluindo o Hamas e a Jihad Islâmica Palestiniana, realizaram mais de 20 operações contra os militares israelitas desde 8 de Outubro. As operações tiveram como alvo posições militares nas Fazendas Shebaa libanesas ocupadas e em colonatos na Galileia. Eles incluíram ataques, ataques com mísseis guiados, bem como ataques com morteiros e foguetes.

Até 20 de Outubro, os confrontos na frente do Líbano custaram a vida a seis israelitas, incluindo um civil, 13 combatentes do Hezbollah, cinco combatentes palestinianos e quatro civis libaneses, um dos quais era jornalista.

No Iraque, a Resistência Islâmica, uma coligação de facções armadas apoiadas pelo Irão, anunciou a formação da Sala de Operações de Apoio às invasões de al-Aqsa em 18 de Outubro, um dia depois de quase 500 palestinos terem sido mortos no bombardeamento do Hospital Árabe al-Ahli. em Gaza.

Horas depois de sua formação, a sala de operações atacou a Base Aérea de Ayn al-Assad, na província ocidental de al-Anbar, e a Base Aérea de al-Harir, na região norte do Curdistão, com drones suicidas. Ambas as bases hospedam tropas dos EUA.

Inicialmente, o Comando Central dos EUA disse que o ataque a Ayn al-Assad resultou em perdas menores. No entanto, mais tarde foi revelado que um empreiteiro militar foi morto durante o ataque. Fontes norte-americanas alegaram que ele sofreu um ataque cardíaco enquanto corria para um abrigo antiaéreo.

Em 19 de outubro, a Sala de Operações de Apoio a invasões de al-Aqsa levou a guerra às tropas dos EUA na Síria, atacando com foguetes uma base no campo de gás de Conoco, na província oriental de Deir Ezzor, e uma guarnição na área sudeste de al-Tanf com drones. Autoridades dos EUA disseram que algumas tropas ficaram levemente feridas em al-Tanf.

No mesmo dia, a Resistência Islâmica lançou um ataque com foguetes contra Ayn al-Assad, no Iraque. Houve também relatos de ataques contra Conoco e outra base localizada nos campos petrolíferos próximos de Al-Omar, na Síria.

O Iémen também se juntou à luta em 19 de Outubro. O Pentágono anunciou que o destróier da classe USS Carney Arleigh Burke interceptou três mísseis de cruzeiro de ataque terrestre e vários drones que foram lançados pelos Houthis (Ansar Allah) do Iémen enquanto operavam no norte do Mar Vermelho. Segundo informações preliminares, os mísseis e drones estavam a caminho de atingir alvos em Israel.

Espera-se mais escalada se Israel lançar uma invasão terrestre na Faixa de Gaza.

O Irão já alertou contra a mudança do status quo em Gaza. Até mesmo alguns dos principais aliados dos EUA no Médio Oriente, como o Egipto, a Jordânia, a Arábia Saudita e a Turquia, tomaram uma posição rigorosa contra os planos militares de Israel para a Faixa.

França propõe criar coligações regionais e internacionais para combater o Hamas

Presidente francês faz visita de solidariedade a Israel e encontra famílias de reféns

O presidente francês, Emmanuel Macron, disse na terça-feira que chegou a Israel para fazer uma visita de solidariedade e já se encontrou com as famílias dos reféns do Hamas. "Estamos ligados a Israel através do nosso luto. Trinta dos nossos compatriotas foram mortos no ataque de 7 de Outubro, outros nove desapareceram ou foram feitos reféns. Hoje, em Tel Aviv, juntamente com as suas famílias, expressei solidariedade à nação." Macron postou no X.

# Traduzido em português do Brasil 

As hostilidades abalaram Gaza desde 7 de Outubro, quando o Hamas, um grupo militante palestiniano, lançou um ataque surpresa, disparando uma barragem de mísseis e infiltrando-se no território israelita. O governo israelita impôs um bloqueio humanitário completo à Faixa e lançou ataques retaliatórios.

As vítimas estão a aumentar em ambos os lados, à medida que o governo israelita contempla uma operação terrestre e os hospitais na Faixa de Gaza ficam sem combustível, de acordo com os dados mais recentes.

Entretanto, as tensões fronteiriças aumentam, com o exército israelita a lançar um Interceptador contra um “alvo aéreo suspeito” do Líbano. À medida que a crise aumentava, a comunidade internacional procurava uma resolução e apelava a um cessar-fogo. Simultaneamente, a terceira parcela da assistência humanitária chegou a Gaza a partir do território egípcio através da passagem da fronteira de Rafah.

Siga a transmissão ao vivo do Sputnik para saber mais.

Washington acredita que Israel não está pronto para operação terrestre contra o Hamas – relatórios

A administração dos EUA está preocupada com a capacidade de Israel de travar uma guerra urbana e acredita que não está pronto para lançar uma operação terrestre contra o Hamas na Faixa de Gaza, informou um meio de comunicação dos EUA na terça-feira, citando altos funcionários do governo dos EUA.

As fontes disseram ao jornal que ainda não tinham visto um plano de guerra viável nos contactos com os seus homólogos israelitas.

O facto de o Departamento de Defesa dos EUA ter enviado o tenente-general James Glynn e outros oficiais para consultar os israelitas sobre aspectos militares relacionados confirma que Washington tem dúvidas quanto à prontidão de combate de Israel, de acordo com o relatório.

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, alertou o seu homólogo israelense, Yoav Gallant, que as Forças de Defesa de Israel deveriam considerar cuidadosamente o seu plano para conduzir uma incursão na Faixa de Gaza, já que o Hamas está seriamente entrincheirado lá, informou o jornal.

EUA preparam plano para evacuação em massa de americanos do Oriente Médio – Relatórios

Os Estados Unidos estão a preparar um plano para a evacuação em massa dos seus cidadãos do Médio Oriente, principalmente de Israel e do Líbano, no caso de uma nova escalada do conflito israelo-palestiniano, informou terça-feira o meio de comunicação norte-americano, citando autoridades norte-americanas. .

Quatro responsáveis ​​norte-americanos familiarizados com o assunto disseram ao jornal que Washington quer estar preparado para uma situação em que centenas de milhares de cidadãos norte-americanos terão de ser retirados do Médio Oriente, caso o conflito em Israel se espalhe para áreas vizinhas.

O Líbano e Israel são a principal preocupação da Casa Branca, uma vez que aproximadamente 86.000 e 600.000 cidadãos dos EUA estão lá neste momento, segundo o relatório.

“Isto tornou-se um problema real… A administração está muito, muito, muito preocupada com a possibilidade de esta coisa sair do controlo”, disse uma fonte.

As fontes afirmaram que os planos de evacuação estão a ser desenvolvidos para o pior cenário, pois “seria irresponsável não ter planos para todos os casos”.

O meio de comunicação também consultou alguns académicos e ex-funcionários, que afirmaram que esta evacuação poderia tornar-se a operação mais complexa dos últimos tempos e exigiria o envolvimento da Força Aérea e da Marinha dos EUA.

Pelo menos 2.000 crianças mortas na Faixa de Gaza em 17 dias

Pelo menos 2.000 crianças foram mortas na Faixa de Gaza desde a recente escalada do conflito israelo-palestiniano, há duas semanas, informou a organização humanitária Save the Children na segunda-feira.

"Pelo menos 2.000 crianças foram mortas em Gaza nos últimos 17 dias... com ataques aéreos constantes que reduziram milhares de edifícios em toda a Faixa de Gaza a pilhas de escombros fumegantes", afirmou a organização num comunicado.

O comunicado acrescenta que 27 crianças também foram mortas na Cisjordânia.

"Apelamos a todas as partes para que tomem medidas imediatas para proteger a vida das crianças, e à comunidade internacional para apoiar esses esforços. Todo o possível deve ser feito para proteger as crianças do perigo - e fornecer-lhes o apoio de que necessitam", Salve o O Diretor Nacional das Crianças para a Palestina, Jason Lee, disse.

A CULTURA ISRAELITA DA MENTIRA

Chris Hedges [*]

Israel foi fundado sobre mentiras. A mentira de que a terra palestina estava em grande parte desocupada. A mentira de que 750.000 palestinos fugiram de suas casas e aldeias durante  a sua limpeza étnica pelas milícias sionistas em 1948 porque foram  instruídos a fazer isso pelos líderes árabes. A mentira de que foram os exércitos árabes que iniciaram  a guerra de 1948 que viu Israel tomar 78% da Palestina histórica. A mentira de que Israel enfrentou a aniquilação em 1967, forçando-o a invadir e ocupar os 22% restantes  da Palestina, bem como terras pertencentes ao Egito e à Síria. Israel é sustentado por mentiras.

# Publicado em português do Brasil

A mentira de que Israel quer uma paz justa e equitativa e apoiará um Estado palestino. A mentira  de que Israel é a única democracia no Oriente Médio. A mentira de que Israel é um “posto avançado da civilização ocidental num mar de barbárie”. A mentira de que Israel respeita o Estado de direito e os direitos humanos.

As atrocidades de Israel contra os palestinos são sempre saudadas com mentiras. Eu ouvi-as. Eu gravei-as. Publiquei-as nas minhas histórias para The New York Times quando era chefe da filial do jornal no Médio Oriente. Cobri a guerra durante duas décadas, incluindo sete anos no Médio Oriente. Aprendi bastante sobre o tamanho e a letalidade dos dispositivos explosivos. Não há nada no arsenal do Hamas ou da Jihad Islâmica que pudesse ter replicado o enorme poder explosivo do míssil que matou cerca de 500 civis no hospital cristão árabe al-Ahli, em Gaza. Nada. Se o Hamas ou a Jihad Islâmica Palestina (PIJ) tivessem este tipo de mísseis, enormes edifícios em Israel seriam escombros, com centenas de mortos. Eles não. O som de assobio, audível no vídeo momentos antes da explosão, parece vir da alta velocidade de um míssil. Este som denuncia isso. Nenhum foguete palestino faz esse barulho. E depois há a velocidade do míssil. Os foguetes palestinos são lentos e pesados, claramente visíveis enquanto arqueiam no céu e depois descem em queda livre em direção aos seus alvos. Eles não atacam com precisão nem viajam a uma velocidade próxima da supersónica. Eles são incapazes de matar centenas de pessoas.

Os militares israelenses lançaram foguetes ‘destruidores de telhados’ sem ogivas no hospital nos dias que antecederam o ataque de 17 de outubro, o aviso familiar dado por Israel para evacuar edifícios, de acordo com funcionários do hospital al-Ahli. Funcionários do hospital também disseram que  tinham recebido  telefonemas de Israel dizendo ‘visámos vocês duas vezes para evacuar’. Israel exigiu que todos os hospitais no norte de Gaza fossem  evacuados.

Após o ataque ao hospital, Hananya Naftali, uma “assessora digital” do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu,  postou  no X, antigo Twitter: “A Força Aérea israelense atacou uma base terrorista do Hamas dentro de um hospital em Gaza”. A postagem foi rapidamente apagada.

Desde a incursão de 7 de outubro em Israel por combatentes da resistência palestina, que supostamente deixou cerca de 1.300 israelenses mortos, muitos deles civis, e viu cerca de 200  sequestrados  como reféns e levados para Gaza, Israel realizou 51 ataques a instalações de saúde em Gaza que mataram 15 profissionais de saúde e feriram 27,  de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Dos 35 hospitais em Gaza, quatro não estão a funcionar devido a danos graves e a ataques. Apenas oito dos 22 centros de cuidados de saúde primários da UNRWA estão ‘parcialmente funcionais’, afirma a OMS.

Mais lidas da semana