quarta-feira, 7 de março de 2012

QUE DIFERENÇA FAZ UMA VAGINA?



António Fernando Nabais - Aventar

Nas vésperas do Dia Internacional da Mulher, pode parecer que vou cometer a heresia de criticar algumas mulheres ou uma certa visão sobre as mulheres, mas, na realidade, vou escrever sobre o medo que temos de confirmar o lado negro da nossa História.

O politicamente correcto é mais uma importação dos Estados Unidos que nos chegou juntamente com os hambúrgueres e muitas outras coisas prejudiciais à saúde e o mesmo país que dizimou os índios chama-lhes nativos-americanos, numa espécie de expiação tardia, pagando em moeda linguística o que roubou em vidas impagáveis.

A preocupação com a susceptibilidade alheia ou o medo de descobrirmos que dentro de nós está algum monstro inesperado leva-nos a tentar calar a História que está marcada cicatrizes da língua e da linguagem que somos porque fomos. Quando a História não se cala ou é mal entendida, há quem tente reescrevê-la, retorcê-la, fazendo de conta que a interpreta.

É verdade que a História é brutal e violentamente masculina e todas as mulheres que sofreram e sofrem com isso nunca poderão ser compensadas das violações de toda a espécie a que foram sujeitas, restando-nos a possibilidade de sermos todos melhores e mulheres no futuro.

Dilma Roussef, Presidente do Brasil, passou pelo Porto e aproveitou para comer bacalhau, o que é, evidentemente, notícia. Também é, infelizmente, notícia o servilismo de alguma comunicação social que reproduz o “Presidenta” com que a Chefe de Estado brasileiro exige ser tratada, agredindo, ao mesmo tempo, a língua portuguesa que nos é comum.

Esta ânsia de encontrar um feminino que não existe revela, afinal, um estranho machismo ao contrário, ou, para ser considerado completamente preconceituoso, um machismo de saias. Há uns meses, Pilar del Rio considerou “néscio” qualquer um que não lhe chamasse Presidenta da Fundação José Saramago. A todos os que queiram merecer conscientemente esse epíteto aconselho a leitura deste texto do Francisco Miguel Valada.

LUSITÂNIA EXPRESSO, VIAGEM A TIMOR-LESTE 20 ANOS DEPOIS



RTP, Antena 1 (duração áudio 12:49)

Entrevista a Ramalho Eanes

O antigo Presidente da República Ramalho Eanes assume que teve muitas dúvidas em aceitar o convite para embarcar na missão do Lusitânia Expresso. Este mês comemoram-se os 20 anos da viagem do Lusitânia Expresso a Timor-Leste.

Nesta entrevista conduzida pelo jornalista José Manuel Rosendo, Ramalho Eanes explica que decidiu aceitar o convite porque considerou que a juventude estava a dar uma resposta a uma causa de que não era culpada mas que resolvera assumir, isto é, a herança de uma descolonização mal feita por culpa do Governo português.

Ramalho Eanes responde ainda às críticas de Galvão de Melo – entretanto já falecido – apelidando-o de “herói de sofá”. O general afirma ainda que encontra semelhanças entre a juventude do Lusitânia Expresso e aquela que hoje se manifesta em Portugal.


“EXISTE LIBERDADE DE IMPRENSA EM TIMOR-LESTE”




“Existe liberdade de imprensa em Timor-Leste uma vez que o Estado não intervém nos serviços da comunicação social”, declarou Avelino Coelho, Secretário de Estado da Política Energética, quando encerrava o workshop para editores e jornalistas, no dia 22 de Fevereiro, no Hotel Excelsior Resort, em Díli.

Avelino Coelho acrescentou, ainda, que “este workshop de três dias contribuiu para elevar a capacidade e aumentar a experiência dos jornalistas, fomentando o processo do desenvolvimento nacional.”

O Director-Geral da Secretaria de Estado do Conselho de Ministros (SECM), Victor Maia, agradeceu a participação e dedicação dos jornalistas neste workshop que lhes permitiu adquirir conhecimentos, transmitidos pelos oradores nacionais e internacionais (da Indonésia e das Filipinas), e poderem, assim, aproveitá-los diariamente na sua vida profissional como jornalistas e editores.

No encerramento do workshop, o ex-Presidente do Conselho de Imprensa da Indonésia, Atmakusuma Atraatmadja, representando os oradores internacionais, deu a conhecer que “tivemos uma discussão muito interessante com os jornalistas timorenses. Os problemas e os desafios que os jornalistas de Timor-Leste enfrentam não são diferentes daquilo que os da Indonésia enfrentam. Por isso, pegámos nas experiências que partilhámos, durante três dias, neste workshop, para contribuir para um melhor desempenho dos jornalistas”.

José Francisco Efi, que representou as Rádios Comunitárias, não quis deixar de agradecer à SECM “porque proporcionou o aumento das capacidades dos jornalistas, através das matérias apresentadas pelos oradores nacionais e internacionais. Além disso, pedimos à Secretaria de Estado do Conselho de Ministros para facilitar, o quanto antes, a criação da Lei de Imprensa e o estabelecimento do Conselho de Imprensa de Timor-Leste de forma a facilitar a resolução dos problemas enfrentados pelos jornalistas”.

Domingos Saldanha, do jornal Suara Timor Lorosae, representou os jornalistas, e afirmou que “a aprendizagem não se deve medir pelo tempo, idade ou conhecimento mas pelo facto de se querer aprender, e o aprender não tem limites. Portanto, pedimos à Secretaria de Estado do Conselho de Ministros para realizar este workshop três ou quatro vezes por ano.”

Na cerimónia de encerramento foram atribuídos 76 certificados de participação aos jornalistas e editores.

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ELEITORES TIMORENSES: PARTICIPEM NA SONDAGEM “VOTO PARA PR DE TIMOR-LESTE”, na barra lateral

Boletim de voto vai levar carimbo com expressão "cancelado" no nome de Xavier do Amaral



MSE - Lusa

Díli, 07 mar (Lusa) - O nome de Francisco Xavier do Amaral no boletim de voto para as presidenciais de dia 17 em Timor-Leste vai levar um carimbo com a expressão cancelado, disse hoje o diretor-geral do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral.

Segundo Tomás Cabral, os boletins de voto serão todos carimbados a partir de hoje e já vão ser distribuídos pelas assembleias de voto com o nome do candidato anulado.

Francisco Xavier do Amaral, primeiro Presidente timorense e candidato às presidenciais de dia 17 de março, morreu terça-feira em Díli, vítima de doença prolongada.

"Perante lei, por morte ou incapacidade do candidato, o boletim de voto tem de ser carimbado a dizer cancelado", afirmou Tomás Cabral, em conferência de imprensa.

Tomás Cabral disse também que o processo eleitoral vai continuar a decorrer, incluindo a campanha eleitoral, apesar da morte do candidato Francisco Xavier do Amaral.

A doença de Francisco Xavier do Amaral levou o parlamento timorense a reunir-se de emergência na semana passada para alterar a lei eleitoral, que previa a marcação de uma nova data para as eleições por incapacidade ou morte de algum candidato.

FERNANDO LA SAMA PRESIDENTE BA TIMOR OAN TOMAK NIAN



La Sama PR2012

Ainaro. Task Force Média Kandidatu La Sama ba PR2012, Quarta-Feira (07/03/2012). La Sama ba Presidente Republika (PR), Presidente ba Timor oan hotu nian,kasu lia hira neé hosi Equipa Sucesu Fernando La Sama de Araujo,Mariano Assanami Sabino, wainhira halo kampane iha sub-distritu Ainaro Vila, Distritu Ainaro,Quarta-Feira ne´e (07/03/2012).

Haktuir tan Mariano Assanami Sabino,” La Sama ba Presidente hodi garante unidade nasional, La Sama ba Presidente ba povo Timor-Leste tomak nian, hosi Loro matan sae to´o loro matan monu, hosi Atauro to´o ba rai Oecusse, tamba vota ba La Sama tamba nia mak povu hosi distritus sanu resin tolu (13) nia Presidente”, defende Assanami ne´ebe mos nudar Sekretariu Jeral Partido Demokratiku (PD).

Tenik tan Assanami,” La Sama povo Timor-Leste tomak nian, La Sama hamrik iha foho Ramelau Tilman hodi servisu hamutuk ho Governu hodi dudu procesu desenvolvimentu lao ba oin”.

Haktuir tan Mariano Assanami Sabino,hodi hatan ba «grupos iresponsavel» no «sira ne´ebe tauk lakon iha kompetisaun demokratiku», lansa isus katak,”La Sama ninia kandidatura lori naran mambaena”.

Defende Mariano Assanami Sabino,”La Sama povo tomak nia, povo fataluku, makasae,Wemua, Naute, Makassae, Mambae, galolen,Bunak, Kemak, Tokodede, baikenu,no seluk tan.La Sama moris mak iha Ainaro no koalia Mambae”. Haktuir tan Assanami,” La Sama sai Presidente atu hakuak Timor oan tomak, la fihir ba nia lian, la fihir ba nia kor, la fihir ba nia grupos. La Sama Presidente ba Timor oan hotu, veteranus no laos veteranus, kiak no riku, kbit laek no kbit bot, ba Timor oan hotu nian”.

Wainhira halo kampane ba dala uluk iha Sub-Distritu Lospalos, Distrito Lautem, iha loron 29 Fulan Fevereiru tinan 2012, Señora Olinda, Presidente OMD (organizasaun Mulheres Demokratiku) haktuir katak,” hau nia Presidente mak La Sama iha tinan 2012-2017”. Tenik tan,Olinda, Comisaría Política PD ba Distrito Lautem,” La Sama merece sai Presidente tamba nia hakuak povo Timor oan tomak, la fihir ba rasa no kor, la deskrimina ba etnolingüísticas, La Sama Timor ida deit mak Timor-Leste”, defende Olinda Presidente OMD Distrito Lautem neé.

Wainhira La Sama hetan fiar hosi Partido Demokratiku (PD), fihir no hili nia nudar manu aman ba kandidatura Presidente Republika 2012, La Sama fó fiar tomak ba Presidente equipa Suceso mak Dr. João Boavida, hosi suku Bukoli, sub-distritu Baucau Vila, Distrito Baucau.

Ho propaganda hosi «grupos irresponsavel» no «grupos ne´ebe tauk lakon iha procesu no jogo demokratiku», hatudu iha pratika La Sama ema ida hakuak Timor oan hotu, hahu hosi nudar Sekretariu Jeral ba Renetil (Resistencia Nacional dos Estudantes de Timor-Leste) iha tinan 1988-1999, hosi kaer knar nudar Presidente Partido Demokratiku (PD) iha 2001-2012, kaer knar Estadu nudar Presidente Parlamento Nasional iha periudu tinan 2007-2012, La Sama hakuak ema hotu, la deskrimina deputadus Timor oan, hosi partidu ne´ebe deit. Ne´e mak pratika hatudu, tuir ema nia lian katak “«pratika mak kriterius ba lia los»”.

La Sama hatudu liu hosi ninia hahalok, ninia haraik an,ninia sentidu responsabilidade no respeitu ema hotu, ne´e mak istilu lideransa Fernando La Sama ba Presidente Republika 2012-2017!

Task Force Média Candidatura La Sama ba Presidente Republika 2012-2017!

Kontaktus: E.mail: lasamatl12012@gmail.com - Telfs.: 7239272, 7519609 e7555888

José Eduardo dos Santos apoia Argentina no diferendo sobre ilhas Malvinas



EL - Lusa

Luanda, 07 mar (Lusa) - O Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, manifestou hoje em Luanda o apoio à Argentina no diferendo que este país mantém com o Reino Unido relativamente à soberania das ilhas Malvinas, anunciou o chefe da diplomacia de Buenos Aires.

Citado pela agência noticiosa angolana Angop, Hector Timerman fez o anúncio à saída de um encontro com o chefe de Estado angolano, no âmbito da visita de trabalho de três dias a Angola, que terminou hoje, à frente de uma extensa delegação política e empresarial.

Segundo a Angop, Hector Timerman citou José Eduardo dos Santos como "muito determinante no seu apoio à República Argentina no diferendo que com a Inglaterra, sobre a soberania das Ilhas Malvinas".

Angola, explicou Timerman, é um país do Atlântico sul que lutou contra o colonialismo e o derrotou. Sabe, desta forma os efeitos de tudo o que é a colonização, escreveu a Angop.

Hector Timerman acrescentou que do encontro com José Eduardo dos Santos resultou a consolidação das relações bilaterais nos domínios político e económico.

"Expressamos ao Presidente (angolano) a nossa vontade de promover, cada vez mais, a cooperação e o comércio entre os países em benefício dos respetivos povos", adiantou Hector Timerman, que reafirmou a realização, em data a marcar mas ainda em 2012, de uma visita oficial da Presidente Cristina Kirchner a Luanda.

Cabinda: Comandantes "Noite e Dia" e Mazina da FLEC raptados em Ponta Negra



João Santarita, Washington - VOA

Nzita Tiago diz à Voz da America que "foram raptados por soldados angolanos que vieram de Cabinda"

Dois lideres militares do movimento separatista de Cabinda, FLEC, foram raptados no Congo, disse a organização à Voz da América.

Os raptos do general "Noite e Dia" e do comandante Mazina são os mais recentes de uma série de desaparecimentos e assassinatos e raptos de figuras do movimento separatista cabindês.

Um comunicado da Frente de Libertação do Estado de Cabinda, liderada por Nzita Tiago, enviado à nossa redacção, diz que o comandante João Alberto Gomes "Noite e Dia" foi raptado na noite de terça para quarta-feira (6 para 7 de Março) juntamente com o Comandante Mazina que chefiava a frente norte do movimento.

O comunicado acusou “forças especiais de Angola, com a conivência de alguns filhos de Cabinda” de serem responsáveis pelo rapto. O presidente desta facção da FLEC, Nzita Tiago, disse à Voz da América que os seus comandantes "foram raptados por soldados angolanos a partir de Ponta Negra... soldados angolanos vieram de Cabinda". Adiantou que não sabe mais nada deles, nem para onde foram levados.

Estes raptos acontecem cerca de um ano após anterior chefe de Estado Maior da FLEC, General Gabriel Nhemba "Pirilampo", ter sido raptado e assassinado. O seu corpo foi encontrado a 10 de Março do ano passado, dentro do território de Cabinda depois de ter sido raptado no Congo, e apresentava sinais de tortura e esfaqueamento. “Pirilampo” foi tambem atingido por vários tiros.

Outro general da FLEC, Maurício Lubota “Sabata”, foi também raptado e assassinado em Março do ano passado. Meses depois, em Julho, o chefe da segurança militar da guerrilha separatista, João Baptista Júnior "Vinagre" foi raptado, desconhecendo-se o seu paradeiro.

Por ocasião destes raptos, a FLEC acusou dissidentes ligados a Alexandre Tati de terem colaborado com as forças de segurança angolanas no rapto e assassinato dos seus dirigentes militares.´Tati e o seu grupo negaram energicamente a acusação.

No comunicado emitido esta quarta-feira, diz-se que “a direcção política e militar da FLEC-FAC é favorável a uma solução pacífica” para a questão de Cabinda através do “diálogo”.

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Angola - Malanje: centenas de tuberculosos abandonam tratamento



Isaías Soares, Malanje - VOA

Muitas pessoas infectadas, independentemente apresentarem alguns sintomas ou manifestações anormais do sistema respiratório circulam normalmente pelas diferentes ruas desta capital

Mais de 220 pacientes infectados com tuberculose em Malanje vivem nos bairros periféricos da cidade capital e o director-geral o Hospital Sanatório local, Manguituka Pedro Chanjé, está preocupado com o elevado índice de pacientes que abandonaram o tratamento nos últimos anos.

Apesar do registo da diminuição de 26 por cento de pacientes que suspenderam a terapia, no ano passado, em relação ao 31,2 por cento de 2010, o quadro continua a inspirar muitos cuidados, porque aquela instituição não possui qualquer meio de transporte para acompanhar os enfermos no domicilio.

Dos seis pacientes com tuberculose resistente por abandono da medicação até o ano findo, cinco morreram e um evadiu-se do Hospital Sanatório e desconhece-se o seu paradeiro.

O gráfico endémico por zonas geográficas aponta os bairros localizados a Sul,Norte,Leste,Oeste e centro da cidade de Malanje.

“Nós temos o bairro da Maxinde em primeiro lugar. Aí tivemos quase no internamento só durante o ano que findou 48 casos.A seguir, temos a Catepa com 44 casos, Carreira de Tiro com 40, Ritondo com 26 casos,Canâmbua com 20, Vila Matilde 21, Campo de Aviação com 25 casos. O que significa que aqueles casos estão dispersos e que nós não temos o controlo nos preocupa bastante”, justificou Pedro Chanjé.

Muitas pessoas infectadas, independentemente apresentarem alguns sintomas ou manifestações anormais do sistema respiratório circulam normalmente pelas diferentes ruas desta capital e desinteressadas em consultar os serviços competentes.

Ao nível dos 14 municípios da província, os diagnósticos realizados em 2011 confirmaram a existência de 721 casos positivos,enquanto que no ano anterior (2010) foram notificados 669 infectados, com 26 óbitos.

O director do Hospital Sanatório apela à juventude para uma alimentação saudável e se abdicarem do consumo exagerado de bebidas alcoólicas.

“O doente - disse - é detectado e tem que ser controlado para não infectar. Cada doente com bacilo de koch positivo tem probabilidade de contaminar 18 a 20 indivíduos por ano. Imaginemos uns 700 e tal que anda dispersos, sem controlo".

"Portanto, teremos a rede toda infectada, isto porquê?”- interrogou-se o responsável, para depois responder à sua própria pergunta: “O bacilo aproveita a pouca imunidade que o indivíduo tem. Hoje em dia, temos a juventude quase inclinada mais no álcool, pouco come, as condições sociais não são suficientes e o bacilo penetra nestes indivíduos com poucas condições de vida”.

O programa de combate a tuberculose em Malanje formou nos últimos anos enfermeiros em diversos centros e postos de saúde espalhados pela região para o atendimento de pacientes com a referida doença. Um laboratório de referência funciona no Hospital Sanatório de Malanje (HSM) com os meios necessários para a confirmação das amostras.

As valências disponíveis ajudam na realização do tratamento dos doentes internados e em regime ambulatório.

Angola acolhe em abril reunião ministerial para abordar questões financeiras



NME - Lusa

Luanda, 06 mar (Lusa) - Angola acolhe em abril uma reunião ministerial da Comissão do Golfo da Guiné para tratar de questões orçamentais, a principal inquietação no desenvolvimento das ações da organização, disse hoje em Luanda o seu secretário-executivo.

Miguel Trovoada fez o anúncio após um encontro com o chefe da diplomacia angolana, Georges Chicoti, atual presidente do Conselho de Ministros da organização.

Angola detém desde 2009 a presidência da Comissão do Golfo da Guiné, organização que não tem realizado as suas reuniões estatutárias devido a várias dificuldades, sobretudo financeiras.

"Temos um orçamento relativamente modesto (...) votado sob a pressão da crise económica e financeira de 2008 e 2009, praticamente os orçamentos foram reconduzidos em termos globais em 2010 e 2011. É evidente que esse orçamento não será suficiente para implementarmos e desenvolvermos a ação da nossa organização", lamentou Miguel Trovoada.

De acordo com o secretário executivo da Comissão do Golfo da Guiné, com sede em Luanda, a terceira cimeira de Chefes de Estado prevista para ter lugar na Guiné Equatorial também está a aguardar orientações "ao mais alto nível" para a sua realização.

Miguel Trovoada disse que a organização tem sido chamada a desempenhar um papel importante no quadro da problemática da estabilidade e segurança daquela região, que enfrenta um incremento de ações de pirataria.

"Pensamos que podemos dar um passo qualitativo a partir da próxima reunião ministerial para saber exatamente onde vamos, como vamos e com quem vamos", salientou Miguel Trovoada, acrescentando que todos os oito Estados membros "estão mobilizados" para o avanço da organização.

A Comissão do Golfo da Guiné foi criada em 2001 e integra além de Angola, a República Democrática do Congo, República do Congo, Guiné Equatorial, Camarões, Gabão, Nigéria e São Tomé e Príncipe.

A ALEMANHA É MAIS PROTECIONISTA QUE O BRASIL




Luiz Antonio Cintra, São Paulo – Opera Mundi

O governo de Angela Merkel criou mais medidas de defesa econômica do que o Brasil de Dilma e Lula nos últimos 3 anos

Em Berlim, os termômetros indicavam que o dia seria frio, com máxima de 9 graus. E ao que tudo indica Dilma Rousseff não tinha a intenção de elevar a temperatura da sua visita protocolar à Alemanha, em seu discurso na feira de negócios Cebit.

A presidente brasileira pretendeu, em sua fala oficial, principalmente vender a imagem de economia pujante que o Brasil estimaria ver consolidada mundo afora. Conforme recomendava o protocolo diplomático.

Foi por conta, aliás, das boas regras da diplomacia que Angela Merkel pôde acompanhar o discurso de Dilma na íntegra, antes de tomar o microfone – as visitas vêm primeiro. E quando o fez, Angela Merkel elevou o tom do debate, esbarrando nos recomendáveis bons modos com quem vem de fora. E partiu para o ataque: “Nós temos que confiar uns nos outros”, iniciou a chanceler da Alemanha. “Hoje à noite teremos a oportunidade de falar sobre isso e certamente vamos falar sobre a crise e as preocupações com o que acontece nos Estados Unidos e na Europa”, acrescentou, em uma referência ao que seria discutido em algumas horas, segundo previa a agenda acertada previamente. “Por outro lado, nós nos perguntamos o que existe de protecionismo e medidas unilaterais. Acho que confiança é o caminho para sair dessa crise”, concluiu, antes de voltar ao protocolo e às questões ligadas ao ambiente de negócios entre os dois países, conforme exigia a circunstância.

Em questão de minutos, houve quem, do outro lado do Atlântico, vestisse a carapuça: a parcela mais vistosa da mídia nativa, que logo entendeu a mensagem de Angela Merkel, deixando de lado o contexto – e também a malandragem da presidenta alemã.

Primeiro, o contexto. O embate retórico se deu menos de uma semana após a Alemanha ter orquestrado um empréstimo bilionário – e a custo baixíssimo, de 1% ao ano – para salvar a banca europeia. Na ponta do lápis, 529 bilhões de euros, a segunda parcela de uma bolada que entra na casa do trilhão.

Como sabem os economistas, uma parcela considerável desse dinheiro cruza o Atlântico em minutos, com o intuito de aproveitar as taxas de juros pagas pelos títulos brasileiros. De cada 100 milhões de euros que entrar, será possível tirar de lucro, livre de impostos, ao menos 5 milhões ao ano, limpinhos. Simples assim.

Pagos pela sociedade brasileira, naturalmente, que, mantidas as regras cambiais atuais, assistirá a mais uma dose de valorização do real, conforme frisou Dilma Rousseff ao se referir ao “tsnunami monetário” que aparentemente apoquentou o governo alemão. Criado pelo BCE e o seu equivalente norte-americano, o Federal Reserve, que antes dos europeus despejara outros tantos trilhões no sistema bancário dos EUA.

Mas, além do contexto, há a malandragem: Angela aponta o dedo acusador aos países que adotaram medidas para se proteger, mas deixa de mencionar que a Alemanha também meteu a mão nessa cumbuca. E foi, por sinal, mais fundo que o Brasil em matéria de protecionismo pós-crise.

Segundo informa o site Global Trade Alerts, a Alemanha adotou 82 medidas de defesa comercial desde setembro de 2008. O Brasil, no mesmo período, criou 80 normas e leis na mesma direção, ou seja, com vistas a proteger a indústria nacional.

Nesse debate, conforme explicita o site, mantido por um coletivo de economistas ligados a centros de pesquisas de vários países, não há quem possa atirar a primeira pedra. Os EUA, por exemplo, criaram 106 medidas. A China aparece na lista com 94; a Índia, com 101.

No site globaltradealert.org, é possível ver a ranking completo.

*Texto originalmente publicado na Carta Capital
 
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EUA: Romney sai na frente na Superterça, mas não conquista candidatura republicana



Deutsche Welle

Após mais uma rodada de primárias nos EUA, permanece incerto quem disputará as próximas eleições contra Obama. Romney conquistou mais estados que o rival Santorum, mas não conseguiu estabelecer-se como candidato.

Nesta terça-feira (06/03), Mitt Romney venceu por estreita e emocionante maioria as primárias republicanas norte-americanas em Ohio: obteve 38% dos votos no estado, contra os 37% do rival Rick Santorum. Apesar da vitória neste e em mais cinco dos dez estados participantes da chamada Superterça, a rodada não conseguiu determinar quem será o candidato republicano a disputar as eleições contra o democrata Barack Obama em novembro.

"Foi uma grande noite", disse Romney satisfeito, após ter a vitória garantida em três estados da Superterça. "Esperamos que sejam mais ao longo da noite." E ele estava certo. Além da Virgínia, Vermont e de seu estado natal, Massachussets – onde foi governador –, conquistaria também Idaho e Alaska.

Em Ohio, pesquisas mostraram que os eleitores acreditavam em uma maior chance de Romney vencer Obama, porém, consideravam Santorum mais simpático às preocupações da maioria dos norte-americanos. Ohio era visto como o mais importante teste da Superterça. Nenhum republicano jamais foi eleito presidente sem ter vencido as primárias no estado.

Disputa continua

Romney chegou mais perto dos 1.144 delegados necessários para conseguir a nomeação pelo Partido Republicano, mas foi desbancado pelos resultados de seu mais forte concorrente. O antigo senador Santorum obteve a maioria dos votos em Tennessee, Oklahoma e Dakota do Norte, onde o conservadorismo reina entre os republicanos. Tais resultados deram esperanças a Santorum para as primárias ainda por vir nos outros estados dos Apalaches, de Kentucky à Virginia Ocidental.

Para observadores, a situação não é tão favorável para Romney nesses locais. Muitos o consideram um milionário de elite da odiosa costa leste. Não acreditam que ele possa conduzir os EUA de volta ao caminho dos valores cristãos.

Santorum se sai melhor nesse contexto – também na noite desta terça-feira, diante de seus entusiasmados seguidores. "Precisamos de pessoas que se posicionem contra o presidente Obama e contra a sua visão de controle através do governo – seja na saúde, na energia, nos serviços finaceiros e quem sabe o que ainda virá", declarou.

Mais nomes na corrida

O ex-chefe republicano da Câmara dos Representantes Newt Gingrich conseguiu a vitória na Geórgia, seu estado natal. Isso basta para que ele permaneça na corrida. "Senhoras e senhores, deem as boas-vindas ao futuro presidente dos Estados Unidos: Newt Gingrich", proclamou a esposa do candidato, Calista Gingrich.

Nos demais estados, porém, Gingrich não chegou nem perto dos rivais, não tendo chance alguma de se tornar o candidato republicano para as próximas eleições presidenciais e muito menos o líder da Casa Branca.

O mesmo vale para o concorrente Ron Paul, de 72 anos. O texano mostra desenvoltura na corrida eleitoral com poucas ideias, mas extremamente religiosa e cultural. Mas Paul não venceu em nenhum único estado nesta Superterça.

Em campanhas presidencias recentes, a Superterça muitas vezes decidiu a corrida republicana. Mas é provável que a campanha deste ano se estenda até abril ou maio – ou possivelmente até a última disputa, em 26 de junho. As próximas rodadas republicanas serão no sábado (10/03), no Kansas, e em 13 de março no Alabama, Mississipi e Havaí.

LPF/dw/rtr/dpa - Revisão: Carlos Albuquerque

Líderes dos EUA e de Israel discutem ação militar contra Irã



Deutsche Welle

Em Washington, Obama e premiê israelense, Netanyahu, reafirmaram ser contra armas nucleares iranianas. Possível ataque militar de Israel a instalações nucleares do Irã, contestado pelos EUA, permaneceu incerto.

Nesta segunda-feira (05/03) o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, assegurou ao presidente norte-americano, Barack Obama, ainda não ter tomado uma decisão sobre um possível ataque contra as instalações nucleares iranianas. Mas seu país teria o direito de agir militarmente, ressaltou o israelense em encontro na capital Washington.

Obama, por sua vez, falou a favor de conceder mais tempo às sanções impostas ao Irã e à diplomacia. Tanto os EUA quanto Israel querem impedir que o governo em Teerã possua armas nucleares. Mas o premiê israelense duvida que, na briga em torno do programa nuclear iraniano, ainda seja possível chegar a uma solução pacífica.

A reunião em Washington decorreu harmoniosamente após a breve troca de opiniões entre Obama e Netanyahu – sem falsos tons ou indiretas. O presidente norte-americano tentou reafirmar a amizade entre os dois países repetidamente. "O compromisso dos EUA com a segurança de Israel é sólido como uma rocha", disse Obama.

Netanyahu também proferiu palavras amistosas sobre o anfitrião do encontro. "Devemos permanecer unidos", afirmou, recebendo um aceno de cabeça de Obama. O chefe do governo israelense agradeceu a Obama por seu discurso do último domingo (04/03), no qual o presidente dos EUA falou diante do poderoso Comitê Americano-Israelense de Assuntos Públicos (Aipac, na sigla em inglês). Na ocasião, Obama reforçou que os EUA manteriam em aberto todas as possibilidades para impedir uma bomba atômica iraniana.

Dúvidas pós-encontro

O encontro desta segunda-feira não deixou claro se o governo israelense manterá seus planos de, em breve, atacar militarmente instalações atômicas no Irã. Sabe-se que, até o momento, o presidente norte-americano é estritamente contrário a uma ação militar.

É preciso aguardar os próximos meses para verificar os efeitos das sanções aprovadas contra o Irã, ressaltou Obama. O presidente não quer que seu país seja arrastado para uma nova guerra de maneira alguma. Durante a reunião com Netanyahu, Obama mencionou três vezes a palavra "democracia" ao se referir à relação com Teerã. Já o primeiro-ministro israelense falou principalmente em um inimigo comum.

"Quando se trata da segurança de Israel, Israel tem o direito soberano de tomar sua próprias decisões", declarou Netanyahu. "Continuamos acreditando que resoluções diplomáticas poderiam ter efeito, mas o regime iraniano também precisa avançar nessa direção. E isso não foi feito até agora", contestou Obama.

De acordo com fontes próximas ao presidente norte-americano, o político desaconselhou encarecidamente seu convidado israelense de atacar o Irã militarmente. Porém, a que custo Obama o fez, permanece incerto em Washington.

Se o líder dos EUA realmente tivesse conseguido conter, por ora, uma ação militar do governo israelense, Israel pediria algo em troca: que, posteriormente, os próprios norte-americanos agissem militarmente contra a estratégia nuclear iraniana, caso a diplomacia e as sanções não mostrassem efeito.

Autora: Sonila Sand (lpf) - Revisão: Carlos Albuquerque

RAPIDINHAS DO MARTINHO – 69. CORRELAÇÃO DE FORÇAS



Martinho Júnior, Luanda

A correlação de forças entre os que advogam pela globalização sujeita a uma hegemonia uni-polar e os que são favoráveis a um relacionamento aberto à multi-polarização pôde agora ser observada durante as discussões, quer no Conselho de Segurança, quer na Assembleia Geral da ONU, sobre a Síria, como pôde também ser observada em fenómenos sócio-políticos correntes, como as eleições na própria Rússia.

De facto, depois da Líbia, era de esperar que uma parte das nações da Terra começassem a ter uma outra noção dos contenciosos historicamente fluentes, que põem a nu uma factura: a que diz respeito ao rescaldo que deu sequência ao desmantelar da União Soviética, ao fim do bloco socialista no leste da Europa e à fragilização do movimento de libertação em África.

Nunca o capitalismo neo liberal teria sido possível, com seu arsenal de conceitos elitistas em socorro duma aristocracia financeira exacerbada pelos lucros à escala do universo, se continuasse a existir um campo socialista forte e coeso e, no caso africano, se África desse outra sequência ao movimento de libertação que foi decisivo na luta contra o colonialismo, o “apartheid” e algumas das suas sequelas.

Mesmo com o esgotamento de recursos em guerras que acarretaram orçamentos elevadíssimos, as potências mentoras dessas políticas, com os anglo-saxões à cabeça, não deixam de procurar reforçar o percurso da hegemonia uni polar, enveredando agora por processos menos onerosos para as suas finanças, mas extremamente prejudiciais às nações alvo.

As nações alvo, sofrendo os impactos das ingerências em suas instituições sócio-políticas, estão condenadas além do mais à desagregação!

Nas nações alvo, é toda a sua sociedade que é atingida por ingerências que visam alterar de forma mais ou menos abrupta os regimes, não dando espaço às potencialidades de sua adequação, de forma a, por via de agentes com o rótulo de “democráticos”, estimularem os interesses de sua inteira conveniência, recorrendo concomitantemente a aliados que tudo têm feito para obstar ao aprofundamento da democracia nos seus próprios espaços nacionais, como as monarquias arábicas.

Essas ingerências põem sem dúvida em causa a soberania das vulnerabilizadas nações alvo, autênticas “república banana”, onde as “moscas” se vão revezando no poder, acelerando-se as tendências para a sua desagregação.

A Líbia é um exemplo último, um exemplo flagrante e a fragmentação que se desenha para o seu contexto nacional corresponde aos desígnios da hegemonia unipolar: quanto mais divididos andarem os líbios, quanto mais anarquia por lá houver, quanto mais tempo eles demorarem a estabilizar, melhor para os monopólios ocidentais do petróleo e do gás!

A parte oriental do país, a Cirenaica, onde se encontram os poços de petróleo mais produtivos e as principais instalações do petróleo, foi declarada “região autónoma” e, segundo alguns analistas, esse pode ser o primeiro passo para a declaração de independência. (1)

A desagregação da Líbia é um dos cenários que tinha previsto, um cenário que aliás está pendente sobre África ao longo do corrente século. (2)

O caso da Síria é complexo mas muito similar, num território muito mais densamente povoado que o da Líbia e sem desertos enormes, o que quer dizer: o que ocorrer na Síria, terá influência e implicações em cadeia noutros países da região, terá sucessivos “efeitos dominó”, conforme os conceitos norte americanos do tempo de Chester Crocker…

Uma alteração sócio-política abrupta na Síria terá um efeito em cadeia que acarretará um conjunto de alterações importantes em países como a Turquia, o Líbano, o Iraque, o Irão e até mesmo Israel (o mapa da região poderá ser redesenhado, surgindo novas entidades nacionais).

O despertar para este tipo de situações é sentido na Rússia, na China, como nos países que compõem a ALBA, na América Latina e também em alguns africanos, também por causa dos seus contextos nacionais e regionais.

As políticas indexadas à hegemonia uni polar tiveram em relação à Síria 137 votos a favor, 12 contra e 17 abstenções, mas as questões que estão sobre a mesa atingem a maior parte das nações da Terra, Rússia e China incluídas, as “repúblicas banana” do século XXI. (3)

Notas:
- (1) – Leste da Líbia foi declarado região autónoma – http://portuguese.ruvr.ru/2012_03_06/67727259/ ; Líbia está à beira do colapso – http://portuguese.ruvr.ru/2012_03_06/67704517/
- (2) – Rapidinhas do Martinho – 36 – Salvar a paz em África – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/08/rapidinhas-do-martinho-36.html
- (3) – General Assembly Adopts Resolution Strongly Condemning ‘Widespread and Systematic’ – http://www.un.org/News/Press/docs//2012/ga11207.doc.htm

DILMA E MERKEL EXPÕEM DIVERGÊNCIAS SOBRE COMBATE À CRISE



Deutsche Welle

Premiê alemã diz que bilionária operação de liquidez do BCE foi medida temporária. Presidente Dilma afirma que Brasil continuará agindo contra prejuízos causados pela desvalorização artificial das moedas.

A maneira como a União Europeia (UE) está lidando com a crise do euro e recentes medidas de proteção da indústria nacional adotadas pelo Brasil foram os principais tema do encontro entre a presidente Dilma Rousseff e a chanceler federal alemã, Angela Merkel, a julgar pela entrevista que as duas deram à imprensa em Hannover nesta terça-feira (06/03), no primeiro dia da CeBIT, maior feira de informática do mundo.

Merkel e Rousseff haviam se reunido na noite da véspera na cidade alemã, logo após a cerimônia de abertura da CeBIT. Integrantes da comitiva brasileira comentaram que o debate entre as duas líderes durou cerca de uma hora e foi em parte intenso.

A divergência de posições ficou clara na entrevista à imprensa. "Manifestei à chanceler Merkel a preocupação do Brasil com a expansão monetária que vem ocorrendo por parte dos países desenvolvidos, e que provoca desvalorização das moedas, o que consideramos bastante adverso para o comércio internacional do Brasil", declarou Dilma, acrescentando que o governo brasileiro continuará agindo para ampliar a taxa de crescimento do país.

"A presidente manifestou sua preocupação – que eu entendo – que o aumento da quantidade de dinheiro provoque uma valorização da moeda brasileira, diminuindo as exportações e elevando as importações. Essa evolução [a valorização do real] o Brasil já está observando há mais tempo, antes de a UE elevar a liquidez. Deixei claro que se trata de uma medida temporária que visa melhorar a competitividade dos países europeus", afirmou, por sua vez, Merkel.

Combate ao protecionismo

Merkel foi diplomática ao abordar o tema protecionismo, ao qual ela havia se referido na cerimônia de abertura da CeBIT sem citar diretamente o Brasil. A chanceler federal disse ter falado com a presidente brasileira sobre o assunto, e que ambas concordam que o protecionismo "não é o nosso objetivo porque não acreditamos que isso seja bom para a economia mundial". Merkel antecipou que o tema voltará a ser discutido na próxima reunião do G20, no México.

Dilma deixou claro que o Brasil manterá sua política atual, se necessário. "Diante da desvalorização das moedas de forma artificial, o Brasil tomará todas as medidas – que não firam as disposições da Organização Mundial do Comércio – para evitar que essa desvalorização artificial desindustrialize a economia brasileira."

Na semana passada, Dilma havia criticado o empréstimo a juros baixos do Banco Central Europeu, que disponibilizou 500 bilhões de euros aos bancos da zona do euro. O temor do governo brasileiro é que esse dinheiro acabe no Brasil, causando uma valorização do real.

Dilma: Angra 3 será construída

As duas líderes ainda foram questionadas sobre a garantia que a Alemanha oferece para a empresa franco-alemã responsável pela construção de Angra 3. Merkel disse que o assunto continua sendo debatido pelo governo alemão e nenhuma posição foi tomada. A presidente brasileira assegurou que a usina será construída. "O Brasil irá fazer Angra 3 até porque já gastou muito dinheiro nisso. Não temos no Brasil uma posição de demonização da energia nuclear", declarou Dilma.

A presença da chefe de Estado brasileira na Alemanha tem sido acompanhada por pequenas manifestações de ambientalistas. Nesta terça-feira, um reduzido grupo de ativistas da ONG Attac ergueu cartazes contra a usina de Angra 3, mas passou despercebido diante da multidão de jornalistas que acompanharam a visita das duas chefes de Estado à CeBIT.

Na segunda-feira à noite, um grupo de cerca de 30 ambientalistas realizou um protesto diante do centro de eventos de Hannover, pedindo a Dilma que vetasse o novo Código Florestal brasileiro, mas também ficou bem longe dos olhares das autoridades brasileiras.

Merkel e Dilma abriram oficialmente a visitação à maior feira de informática do mundo nesta terça-feira. Juntas, elas visitaram estandes de empresas brasileiras, como a Petrobras e a Embraer, e de empresas internacionais, muitas delas com presença nos dois países, como a IBM e a SAP. A visita durou cerca de duas horas e meia e atraiu dezenas de jornalistas e curiosos.

Autor: Alexandre Schossler - Revisão: Augusto Valente

POLÍTICA PERVERSA




Romeu Prisco, São Paulo – Direto da Redação

São Paulo (SP) - Sempre tive dificuldade em definir, assim como em aceitar uma definição sobre "política". Arte e ciência ao mesmo tempo. Arte de fazer o bem e o mal, ciência da construção e da destruição. Fundindo-se ambas, como se fosse uma vertente de "MMA", praticada no "UFC", nela não há restrições, valendo tudo, inclusive golpe baixo, cotovelada na nuca, cusparada no rosto e arremesso de pó nos olhos do adversário.

Quem assistiu às reportagens da transmissão de cargo no Ministério da Pesca e Aqüicultura, realizada em 29.02.2012, além de notar a cena quase inédita em tais ocasiões, não deve ter deixado de emocionar-se com o início de choro da Presidente Dilma, sincero e espontâneo, ao despedir-se do Ministro Luiz Sergio, que saía do cargo, para dar lugar ao Senador Marcelo Crivella.

O chcoro de Dilma, mais que um comovido agradecimento a quem considerou ter sido fiel amigo e colaborador, teve uma dose de remorso, como se partisse de uma mãe obrigada a castigar o filho, sabidamente inocente, apenas para ser agradável ao padrasto. O novo ocupante do cargo, Senador Marcelo Crivella, não se fez de rogado. Confessou sua inexperiência para a pasta, mas, disse acreditar na providência divina para suprir suas deficiências !

Se Marcelo Crivella não sabe sequer colocar minhoca no anzol, de certa forma já exerceu atividade relacionada à "aqüicultura". No início da sua vitoriosa carreira "episcopal", decisiva para sua condução ao Senado Federal, o "Bispo" apresentava-se diariamente no complexo televisivo IURD/Record, no horário das 18:00 horas. Com um livro aberto (supostamente a Bíblia) na palma da mão esquerda, ao lado de um copo d`água, invocava a ajuda dos céus para o bem-estar dos telespectadores, que deveriam igualmente cercar-se de um copo d`água, para ingerir o conteúdo no final das preces, a fim de alcançarem purificação física e espiritual. Assim o Senador ora Ministro começou sua parceria com Deus.

Quem se dispuser a ocupar um cargo de nível médio para cima, nos setores público e privado, deve apresentar diploma, certificados de cursos de especialização, estágios, submeter-se a entrevistas, provas, testes e concursos. Na política, nada disso é necessário. Sem ser um "expert" em qualquer área de atividade, o político pode chegar facilmente aos mais altos cargos, o que, no caso, demonstra a inutilidade da maioria dos ministérios, criados apenas para aumentar o tamanho do bolo e possibilitar a sua divisão entre os inúmeros gulosos.

A perversidade política praticada pela Presidente Dilma tem nome: chama-se "sustentabilidade". Seu Governo amplia a base de apoio no Congresso, atraindo os parlamentares evangélicos, abre as portas para o PT, na costura de provável aliança com o PRB e seu candidato na disputa pela Prefeitura da cidade de São Paulo e ganha mais espaço junto ao Grupo IURD/Record. Nessa prática, direita, esquerda e centro são absolutamente iguais.

Depois da cerimônia de transmissão de cargo no Ministério da Pesca e Aqüicultura, Dilma Rousseff efetuou longa visita ao seu patrono e ex-Presidente, a quem deve ter dito: "Lula, não agüento mais essa gente ! É uma no cravo e outra na ferradura. Enquanto entra Ministro e sai Ministro, eu não tenho mais sossego!".

"Calma, Dilma", deve ter respondido Lula, acrescentando: "as coisas são assim mesmo. Comigo não foi diferente. Aproximei-me até do Collor e aceitei o apoio do partido do Maluf. Andei de braços com o Sarney e só gozei as férias na companhia dos milicos da Marinha. Nunca mais fui o mesmo, como o líder sindical de quem Mario Amato tanto se queixava, por jamais ter aceito e comparecido a uma solenidade da FIESP, então por ele presidida. Volte pra Brasília, companheira, e faça como eu: finja ignorar as disputas nos bastidores governamentais".

Por sorte, Dilma viajou para Hannover, Alemanha, onde se encontra com a chanceler daquele país, Ângela Merkel, o que poderá ajudá-la a desviar o foco dos motivos que a levaram ao choro presidencial. Sem ilusões, porque, no seu retorno ao Brasil, deverá enfrentar novamente as ambições desmedidas dos partidos que desejam reconquistar ministérios.

* Paulistano, advogado e ator, dedica-se, atualmente, à arte de escrever artigos, crônicas, contos e poemas, publicados em espaços literários e jornalísticos, impressos e virtuais. Define-se como um sonhador, que ainda acredita nos seus sonhos.

Moçambique: 8 Meses e muitos milhões depois, dezenas destes autocarros já não andam



Francisco Mandlate – O País (mz)

Há falta de acessórios no mercado, apesar de o Fundo para o Desenvolvimento dos Transportes e Comunicações ter prometido, aquando da entrega dos autocarros, que o fornecedor ia garantir a sustentabilidade dos mesmos.

Os primeiros 32 autocarros movidos a gás natural, de marca Tata, foram entregues, a 4 de Julho de 2011, à extinta empresa Transportes Públicos de Maputo (TPM), agora Empresa de Transportes Rodoviário de Maputo.

Passados oito meses, 50 destas viaturas, de um total de 150, estão avariadas e não há acessórios no mercado moçambicano para a sua reparação.

A nossa equipa de reportagem dirigiu-se ao parque onde é estacionada parte dos 150 autocarros dos TPM de marca Tata, na avenida Milagre Mabote. No local, foi possível ver, pelo menos, três autocarros que, pelo aspectos, estão mesmo avariados. Os mesmos estão suportados sobre troncos e sem os respectivos pneus, sendo que um aparenta estar em reparação. Mas a imprensa avança que, ao todo, são 50 autocarros que se encontram avariados e não estão a circular.

O porta-voz da direcção da empresa diz não ter conhecimento da existência de autocarros avariados e, por isso, não mais podia dizer. Entretanto, em contacto telefónico, o vereador municipal para a Área de Transporte, João Matlombe, confirmou a informação e delegou a um dos administradores da empresa para se pronunciar e fornecer mais detalhes sobre o caso, mas este não estava contactável.

No dia da entrega dos primeiros autocarros à empresa TPM, há oito meses, revelou-se que cada autocarro custou ao Estado cerca de quatro milhões de meticais, o que significa que, no total, o governo desembolsou cerca de 565 milhões de meticais através do Fundo para o Desenvolvimento de Transportes e Comunicações, para a compra dos 150 autocarros, com o intuito de fazer face à crise de transporte público de passageiros que se instalou nas principais cidades do país. Esperava-se que os autocarros movidos a gás natural reduzissem em 40% os custos de operações da empresa.

Aquando da entrega dos autocarros, o então presidente do Fundo para o Desenvolvimento dos Transportes e Comunicações disse que estava assegurada, com o fornecedor, a disponibilização de acessórios para garantir a sustantabilidade dos mesmos.

Passados oito meses, ao que tudo indica, ainda não foi possível importar os acessórios para os autocarros em causa.

Questionado sobre a matéria, o ministro dos Transportes e Comunicação, Paulo Zucula, disse que o assunto já não estava sob sua alçada, uma vez que o governo transferiu a gestão da ex-TPM aos municípios de Maputo e Matola. Portanto, cabe a essas duas edilidades responder a questões relativas à avaria dos 50 autocarros.

No entanto, Zucula esqueceu-se de que, há oito meses, quando os autocarros foram comprados, a empresa TPM estava ainda sob sua tutela, além de o Fundo para o Desenvolvimento dos Transportes e Comunicações, entidade que comprou os autocarros e prometeu a TPM que o fornecedor haveria de disponibilizar acessórios, estar ainda, até ao momento, sob sua tutela.

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