terça-feira, 4 de setembro de 2012

ESCÂNDALOS BANCÁRIOS, UMA HISTÓRIA SEM FIM

 

Roberto Savio, San Salvador de Bahamas – Opera Mundi
 
Os casos de corrupção estão passando para outro nível, e já afetam até mesmo os mais poderosos financistas do mundo
 
Não se passa uma semana sem que surja um novo escândalo relacionado aos bancos. O último foi o do banco britânico Standard Chartered, acusado pelo departamento de finanças do Estado de Nova York de lavagem de 250 bilhões de dólares para potencial apoio a atividades terroristas.
 
Até agora, o Standard Chartered era considerado um dos bancos mais limpos, mas no dia 14 deste mês concordou em pagar uma gigantesca multa de 340 milhões de dólares para frear a ação judicial.
 
Estamos agora entrando em outro nível da série incessante de escândalos bancários, já que começa a afetar diretamente alguns dos mais poderosos financistas do mundo, não apenas suas próprias instituições.
 
O ex-ministro da Economia da Espanha e ex-diretor gerente do Fundo Monetário Internacional, Rodrigo Rato, foi responsabilizado pela desestabilização do sistema bancário espanhol e inquirido em uma audiência parlamentar. Os apelos públicos para seu julgamento não cessam.
 
E, algo impensável até há pouco, o escritório do defensor do Povo Europeu (um ombudsman) anunciou que iniciará uma investigação sobre a afiliação do presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi, ao chamado Grupo dos 30, por ser “incompatível com a independência, reputação e integridade do BCE”.
 
Draghi foi vice-presidente do Goldman Sachs, o maior banco de investimentos do mundo, e o Grupo dos 30 (organização privada de altos funcionários, financistas e executivos de corporações e acadêmicos) e é acusado de reunir personalidades influentes para orientar decisões nas áreas de economia, finanças e política internacionais.
 
Acusações semelhantes foram feitas durante anos contra a Comissão Trilateral, o Grupo Bilderberg e o Fórum Econômico Mundial. A diferença é que o Grupo dos 30 ocupa-se especificamente de finanças.
 
Por sua vez, a organização não governamental Corporate Europe Observatory, aponta o caso de outro executivo do Goldman Sachs: Mario Monti, primeiro-ministro da Itália, conselheiro internacional desse banco de investimentos entre 2005 e 2011.
 
Que tudo isto tenha algum resultado, é muito duvidoso. Os laços entre finanças, corporações e política são tão estreitos que apenas uma verdadeira revolução poderia desfazê-los. O exemplo mais patente do caminho que está sendo seguido nos Estados Unidos, onde o custo da campanha presidencial provavelmente superará a assombrosa quantia de dois bilhões de dólares. Isto se deve em grande parte à decisão de 2010 da Suprema Corte, que estendeu o direito à liberdade de expressão das pessoas às empresas.
 
Portanto, as corporações já não estão sujeitas a limitações em suas doações para as campanhas eleitorais.
 
O dinheiro procedente de doações secretas aumentou de 1%, em 2006, para 44%, em 2010. Este ano, 26 multimilionários doaram 61 milhões de dólares aos Comitês de Ação Política. O valor do patrimônio desses 26 magnatas é igual ao valor conjunto da renda média de 50 milhões de norte-americanos.
 
É democrática a proporção entre a liberdade de palavra de 26 multimilionários e de 50 milhões de cidadãos “normais”?
 
Está bastante claro que o candidato republicano Mitt Romney, que junto com seu companheiro de chapa, Paul Ryan, ocupa a direita do cenário político norte-americano, dispõe de mais fundos para sua campanha do que seu adversário, o presidente Barack Obama, graças às contribuições das corporações e em especial dos bancos.
 
Aparentemente, algumas pessoas começam a se dar conta da gravidade da situação e de sua insustentabilidade.
 
Causou grande surpresa Sanford Weill (banqueiro, financista e filantropo norte-americano) declarar publicamente que “o que provavelmente deveríamos fazer seria separar os bancos de investimento dos bancos de depósito. Os bancos não devem fazer operações que coloquem em risco o dinheiro dos contribuintes, nem deve haver bancos que sejam grandes demais para quebrar”.
 
Weill, ex-presidente do Citigroup, manteve durante anos em seu escritório uma placa onde se lia “O destruidor de Glass-Steagall”. A lei Glass-Steagall, aprovada pelo parlamento norte-americano em 1933 após a grande Depressão de 1929, estabeleceu uma rígida separação entre os bancos de depósito (comerciais) e os bancos de investimentos.
 
Dessa forma se protegeu o dinheiro dos clientes dos bancos comerciais, já que a lei determinava que este não podia voltar a ser utilizado para atividades especulativas, que ficavam reservadas para os bancos de investimentos, por sua conta e risco.
 
A lei Glass-Steagall foi revogada pelo presidente Bill Clinton em 1999 para agradar Wall Street.
 
Desde então, John S. Reed, o co-fundador do Citigroup, pediu perdão por ter criado este gigante devastador que, para impedir sua quebra, teve que ser socorrido por bilhões de dólares em empréstimos governamentais, isto é, dinheiro dos contribuintes.
 
Outros dois ex-diretores executivos de bancos de investimentos, Philip Purcell, do Morgan Stanley, e David Romansky, do Merrill Lynch, que tiveram papéis de destaque na revogação da lei Glass-Steagall, expressaram semelhante arrependimento.
 
É uma pena que Weill e seus amigos já não estejam no poder.
 
Até uma módica medida, com um imposto simbólico sobre as transações financeiras, chamada Taxa Tobin, é rechaçada pelo mundo das finanças, embora tenha o apoio de personalidades tão respeitáveis como a chanceler alemã, Angela Merkel. o ex-presidente francês, Nicolas Sarkozy, além de seu sucessor, François Hollande.
 
(*) Roberto Savio é fundador e presidente emérito da agência de notícias IPS (Inter Press Service) e editor do Other News. Publicado em português pelo Envolverde/IPS.
 
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Holanda: ELEIÇÕES ÀS REVIRAVOLTAS

 


NRC Handelsblad, Trouw, De Volkskrant – Presseurop – foto AFP
 
Rutura ou continuidade? Os neerlandeses votarão no dia 12 de setembro para as eleições legislativas antecipadas marcadas pela crise. O primeiro-ministro liberal, Mark Rutte, parece bem posicionado, mas à esquerda, a concorrência para propor uma alternativa é forte. Para a imprensa holandesa, este escrutínio renhido arrisca prolongar a crise política.
 
A campanha das eleições legislativas do 12 de setembro ainda tem muitas reviravoltas pela frente. Segundo uma sondagem publicada a 3 de setembro, o VVD do primeiro-ministro cessante, Mark Rutte (liberal) continua à frente, com 35 dos 150 lugares na Assembleia Nacional. Mas o seu principal rival deixou de ser a estrela em ascensão do Partido Socialista de Emile Roemer (esquerda radical), que deu o tom para os debates de verão, sendo agora o Partido Trabalhista (PvdA) de Diederik Samsom.
 
Uma semana após um debate emitido na televisão no dia 26 de agosto, onde o líder socialista mostrou ser pior orador do que o líder trabalhista, o NRC Handelsblad constata que:
 
Uma campanha eleitoral passa muitas vezes por um ponto de viragem. Esse momento já ocorreu no debate do RTL, que pôs fim ao duelo entre o VVD e o SP. [No entanto] ainda é possível a ocorrência de uma mudança drástica do cenário da campanha, caso os dirigentes cometam erros ou surpreendam os eleitores, ou se surgir um acontecimento externo, como uma aceleração da crise do euro.
 
Mas esta campanha renhida é sinal de uma “divisão” do cenário político, que se poderá tornar perigosa, lamenta o Trouw:
 
Além da grande crise da política neerlandesa se ter confirmado, esta agravou-se. Quatro ou mais partidos do centro e um grande número de pequenos partidos à sua volta. Estaremos perante 11, ou mais grupos políticos no Parlamento, tudo isto numa altura em que é necessário dar uma forte resposta política à maior crise económica desde a Segunda Guerra Mundial.
 
Embora a crise da zona euro tenha sido um dos temas de debate, quando a oposição de Emile Roemer às políticas de austeridade na Europa lhe permitiu subir nas sondagens, a campanha parece agora dominada pelas temáticas internas, como os cortes no setor da saúde pública, a diminuição do poder de compra e a supressão de empregos. O que é errado, segundo o filósofo Paul Scheffer, que no diário NRC Handelsblad estima que:
 
Observamos o palco onde os nossos dirigentes travam uma guerra de desgaste, mas sabemos que os verdadeiros atores estão fora do país. Os resultados das eleições francesas ou gregas, ou as decisões do BCE são mais relevantes para o futuro da Holanda do que as nossas próprias eleições […] Este meu sentimento de mal-estar está relacionado com o facto de os dirigentes políticos evitarem a verdadeira questão: o que acham os partidos da Europa? […] Já não podemos continuar sem uma visão de futuro sobre a “finalidade” da integração, por outras palavras: que forma deverá a União Europeia adotar?
 
Mas esta ausência de dúvidas europeias pode talvez estar ligada ao estado de espírito de uma população que sofreu diversas mudanças. E pouco importa os resultados eleitorais, na medida em que os vencedores dificilmente aplicarão novas reformas aos neerlandeses afetados pela crise, alerta um colunista de De Volkskrant:
 
O holandês mimado tem inúmeras coisas más para digerir. A idade da reforma aumentou, a reforma para a qual descontou durante anos tem vindo a diminuir, acabaram-se os contratos de trabalho sem termo, deixou de ter proteção contra o despedimento e subsídio de desemprego, o valor da sua casa baixou, o seu seguro de doença é cada vez mais caro e a comparticipação do Estado é cada vez menor. […] Se não queremos ficar na última posição desta nova ordem mundial, a Europa deve unir as suas forças para se tornar um ator energético que se exprime numa só voz. Mas é um raciocínio que inspira pouca gente, por não ser realista, apela a um “Nós europeus” que não existe.
 
De qualquer forma, a formação de um novo Governo será longa e difícil. O trabalhista Diederik Samsom já anunciou que ocupará um gabinete “que não tenha o meu nome”, adianta o NRC Handelsblad.
 
Geert Wilders, que fez cair o Governo cessante que apoiava sem nele participar, parece perder terreno. O seu Partido da Liberdade (PVV) receberá, segundo as sondagens, 18 lugares em vez dos atuais 24, o que poderá fazer com que passe a desempenhar um papel menos relevante. Caso haja uma coligação entre o VVD, o CDA (cristãos-democratas), o D66 (democratas do centro) e o PvdA, realça o Trouw, “o pior pesadelo de Wilders tornar-se-á realidade”. Além disso, analisa, o diário: este tipo de governo de centro constituirá um problema, os dois partidos nas extremidades do espetro político – o SP e o PVV – não serão representados. Não sabemos ao certo qual será o resultado desta frustração política, resultará provavelmente numa forte oposição (PVV) e ações fora do Parlamento (SP).
 

Guiné-Bissau: MINISTRO EM PARIS, 16 ME DO IRÃO, ARROZ ESTRAGADO, “FELIZ” ANGOLA

 


Ministro da Educação do Governo de transição na reunião da UNESCO em Paris
 
04 de Setembro de 2012, 16:41
 
Bissau, 04 set (Lusa) - O ministro da Educação do Governo de transição da Guiné-Bissau, Vicente Pungoura, participa a partir de hoje e até dia 10 na reunião anual da UNESCO, em França, disse à Lusa fonte do seu gabinete.
 
De acordo com a fonte, Vicente Pungoura está em Paris desde sexta-feira, a convite da UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) onde vai tomar parte na cimeira da organização consagrada à análise dos passos já alcançados no âmbito do programa global de educação para todos até 2015.
 
A presença de Vicente Pungoura na cimeira da UNESCO em Paris é assim a primeira deslocação em missão oficial de um responsável do governo de transição a um país da Europa comunitária desde o golpe de Estado de 12 de abril passado.
 
A União Europeia condenou o golpe de Estado e suspendeu as principais linhas da sua cooperação com a Guiné-Bissau por não reconhecer as novas autoridades formadas depois do levantamento militar.
 
No encontro da UNESCO, o ministro guineense, que se fez acompanhar de técnicos do projeto Alpha TV (método de alfabetização através da televisão) deverá apresentar os "avanços registados na Guiné-Bissau" no capítulo de alfabetização da população nos últimos anos e ainda mostrar as perspetivas do país.
 
Ainda de acordo com a fonte do gabinete de Vicente Pungoura, depois de Paris o governante deverá seguir para os Camarões, onde vai participar nas celebrações do quinquagésimo aniversário da organização africana da Propriedade Intelectual.
 
MB.
 
Irão abre linha de crédito de 16 ME, diz Presidente de transição
 
04 de Setembro de 2012, 21:00
 
Bissau, 04 set (Lusa) - A Guiné-Bissau vai usufruir de uma linha de crédito de 16 milhões de euros por parte do Irão, segundo o Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, que hoje chegou a Bissau no final de uma visita oficial a Teerão.
 
Serifo Nhamadjo participou em Teerão, entre 30 e 31 de agosto, na cimeira dos países Não-Alinhados, continuando depois na capital iraniana onde se encontrou com os principais líderes do país, o aiatola Ali Khamenei e o Presidente Mahmoud Ahmadinejad.
 
Em declarações aos jornalistas à chegada a Bissau, Serifo Nhamadjo disse que foi assinado com o Irão um acordo geral de cooperação, que será detalhado com a vinda à Guiné-Bissau de uma equipa técnica iraniana mas que será essencialmente nos domínios agrícola, saúde, infraestruturas e apoio aos antigos combatentes.
 
Além da linha de crédito de 20 milhões de dólares (16 milhões de euros), a Guiné-Bissau obteve um donativo de três milhões de dólares (2,3 milhões de euros) para aquisição de tratores agrícolas e melhoramento de infraestruturas rodoviárias, e outro donativo de um milhão de dólares (795 mil euros) para compra de medicamentos para doentes ligados às áreas do HIV e da tuberculose.
 
Segundo Serifo Nhamadjo, o Irão contribuiu ainda com 600 mil dólares (480 mil euros) para a compra de ambulâncias hospitalares.
 
FP.
 
Associação de consumidores alerta para "arroz impróprio" no mercado
 
04 de Setembro de 2012, 21:05
 
Bissau, 04 set (Lusa) - A Associação guineense de consumidores de bens e serviços (Acobes) alertou hoje para a possível existência de uma quantidade considerável de arroz impróprio para o consumo humano a ser comercializado nos mercados do país.
 
A denúncia foi feita por Bambo Sanhá, secretário-geral da Acobes em declarações à Agência Lusa.
 
"Uma empresa trouxe uma grande quantidade de arroz que, suspeitamos, é impróprio para o consumo humano, mas estranhamente as autoridades de saúde não estão a tomar as medidas que deviam tomar para evitar que esse produto esteja no mercado", disse Bambo Sanhá.
 
A suspeita da Acobes sobre a qualidade do arroz (base da dieta alimentar dos guineenses) deu-se quando a organização surpreendeu a empresa importadora do produto (cerca de mil toneladas) a proceder à mudança dos sacos já que os originais denotavam "sinais claros de que o arroz estava estragado", disse o responsável da defesa dos consumidores guineenses.
 
"Comunicamos as nossas suspeitas ao Ministério do Comércio e ao Ministério da Saúde. O Ministério do Comércio reagiu mandando encerrar o armazém onde o arroz está guardado mas estranhamente o Ministério da Saúde, que devia zelar pela saúde pública, mandou reabrir o armazém sem que tenha feito um exame laboratorial para confirmar as nossas suspeitas", afirmou ainda Bambo Sanhá.
 
O secretário-geral da Acobes disse não ter provas mas suspeita que desde que a empresa recebeu autorização do Ministério da Saúde para reabrir o armazém em Bissau o arroz impróprio para consumo humano "deverá estar à venda nos mercados do país".
 
"O comportamento do Ministério da Saúde é no mínimo suspeito, tanto mais que a Acobes tem na sua posse um parecer do departamento de proteção vegetal, o qual diz que esse arroz está infestado de fungos", acrescentou Sanhá.
 
O responsável da Acobes afirmou ainda que a empresa importadora do arroz em causa "é reincidente nessa prática" de venda do cereal estragado, já que em 2009 trouxe uma "grande quantidade de arroz impróprio" mas que acabou vendido no mercado guineense.
 
"Já daquela vez tivemos muitos casos de diarreias no país, quem pode garantir que esse arroz não nos trará as mesmas consequências? Sabemos que se fala na existência de cólera no país", disse Bambo Sanhá, acusando o Estado de não proteger a saúde pública dos cidadãos.
 
O secretário-geral da Acobes frisa, contudo, que a sua organização não tem nada contra a empresa importadora do arroz que põe em causa apenas está a preservar a saúde pública.
 
A Agência Lusa tentou obter um comentário do Ministério da Saúde mas tal não foi possível
 
MB.
 
Presidente de transição da Guiné-Bissau felicita José Eduardo dos Santos
 
04 de Setembro de 2012, 21:22
 
Bissau, 04 set (Lusa) - O Presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, felicitou hoje o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, pela vitória nas eleições da semana passada, que o deixou "feliz".
 
O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) ganhou com maioria qualificada (72,24 por cento) as eleições gerais angolanas, realizadas na sexta-feira, e José Eduardo dos Santos foi indiretamente reeleito Presidente, segundo os resultados provisórios divulgados no domingo.
 
Serifo Nhamadjo, que hoje regressou a Bissau de uma visita oficial ao Irão, afirmou-se "feliz por saber que o MPLA ganhou as eleições" e felicitou José Eduardo dos Santos.
 
Vou enviar-lhe "uma mensagem de felicitação, sobretudo pela forma como decorreram as eleições", disse Serifo Nhamadjo.
 
FP.

*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG

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Moçambique: CHINESES ASSASSINADOS, GUEBUZA-RD CONGO, MORTO A TIRO, AGRICULTURA

 

Casal chinês assassinado a tiro em Cahora Bassa
 
04 de Setembro de 2012, 14:58
 
Chimoio, Moçambique, 04 set (Lusa) - Um casal chinês foi assassinado a tiro, à saída da sua loja, no distrito de Cahora Bassa, em Tete, no centro de Moçambique, alegadamente por motivos passionais, disse hoje à Lusa fonte policial.
 
Deolinda Matsinhe, chefe do departamento das relações públicas no Comando da Polícia em Tete, disse que o atirador, membro das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), foi "alugado" pela ex-mulher do finado, para se vingar da nova relação deste, em troca de 70 mil meticais (2.100 euros).
 
"Depois de findar a relação com a ex-mulher (uma jovem moçambicana) com quem viveu maritalmente, o chinês trouxe a sua esposa da China. Isso pode ter provocado a ira de que resultou no crime ocorrido na última quinta-feira em Chitima (Cahora Bassa). O atirador e a mandante estão detidos", disse à Lusa Deolinda Matsinhe.
 
O atirador, explicou, disparou três tiros fatais contra o casal, que atingiu as costas das vítimas, quando estes iam fechar a loja, na passada quinta-feira. A arma tinha sido escondida numa árvore no recinto de um café, próximo do local.
 
"O indivíduo foi identificado por populares", disse à Lusa Deolinda Matsinhe.
 
AYAC.
 
Presidente de Moçambique debate situação na RDcongo com a "troika" da SADC
 
04 de Setembro de 2012, 15:00
 
Maputo, 04 set (Lusa) - O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, reúne-se hoje na Tanzânia com a "troika" para a Paz, Defesa e Segurança da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), para debater a instabilidade na República Democrática do Congo (RDC).
 
Na qualidade de presidente em exercício da SADC, Armando Guebuza, vai transmitir aos seus homólogos Jakaya Kikwete, da Tanzânia, Hifikepunye Pohamba, da Namíbia, e Jacob Zuma, da África do Sul, membros da "troika", e Joseph Kabila, da RDCongo, os resultados do encontro da semana passada com o presidente ruandês, Paul Kagamé.
 
Armando Guebuza reuniu-se em Kigali com Paul Kagamé, para persuadir o chefe de Estado congolês a parar o alegado apoio à rebelião da RDCongo no nordeste do país.
 
A 32.ª Cimeira dos Chefes de Estado e Governo da SADC realizada na capital moçambicana acusou o Ruanda de apoiar a insurreição na RDCongo, imputação que Kigali rejeita veementemente.
 
Além da instabilidade na RDCongo, a "troika" para a Paz, Defesa e Segurança da SADC vai debruçar-se igualmente sobre o impasse da situação política no Zimbabué e no Madagáscar.
 
No Zimbabué, os principais líderes do país estão em divergência quanto a alguns pontos de uma nova Constituição, reputada essencial para a realização de novas eleições.
 
Quanto a Madagáscar, mantém-se o diferendo sobre o regresso ao país do ex-chefe de Estado, Marc Ravalomanana, deposto em 2010 por Andry Rajoelina.
 
PMA
 
Alegado chefe de quadrilha envolvida em sequestros morto a tiro pela polícia
 
04 de Setembro de 2012, 15:04
 
Maputo, 04 set (Lusa) - O alegado chefe de uma quadrilha supostamente envolvida em sequestros foi abatido pela polícia moçambicana durante uma perseguição, anunciou segunda-feira a corporação.
 
Em conferência de imprensa em Maputo, as autoridades policiais apresentaram cinco pessoas, incluindo duas mulheres, detidas na operação, em conexão com o seu alegado envolvimento na onda de raptos que assola as cidades moçambicanas.
 
Cerca de 30 membros da influente comunidade islâmica moçambicana foram raptados nos últimos meses nas principais cidades do país, tendo sido libertadas mediante pagamento de avultadas quantias de dinheiro de resgate.
 
Segundo Raul Freia, porta-voz do Comando Geral da Polícia moçambicana, durante a perseguição, no Bairro de Kongolote, arredores de Maputo, dois membros da suposta quadrilha conseguiram fugir.
 
O Movimento Islâmico de Moçambique ameaçou mobilizar os membros da comunidade para encerrarem o comércio em Maputo e realizar uma marcha de protesto contra a vaga de raptos.
 
As ações de protesto acabaram por ser suspensas, depois de os líderes do movimento terem sido recebidos pelo chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza.
 
PMA
 
Necessário identificar papel da agricultura no processo de industrialização do país - economista
 
04 de Setembro de 2012, 16:24
 
Maputo, 04 set (Lusa) - Moçambique tem múltiplos planos de desenvolvimento agrícola, mas não consegue identificar o papel da agricultura no processo de industrialização do país, considerou hoje o diretor do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) moçambicano, Carlos Nuno Castel-Branco.
 
Falando na III conferência internacional do IESE, o responsável pela instituição de pesquisa disse "haver vários interesses" no setor agrícola moçambicano, mas ressalvou: "Não está tão claro qual é o interesse na agricultura".
 
O IESE iniciou hoje uma série de debates subordinados ao tema "Moçambique: Acumulação e Transformação num Contexto de Crise Internacional", visando introduzir novas perspetivas e abordagens fundadas numa análise de economia política do país.
 
As apresentações e debates contarão com a presença de participantes nacionais e provenientes de cerca de 20 países de África, Europa, Ásia e América.
 
Na discussão sobre a "Questão Agrária nos Tempos de Hoje", Carlos Nuno Castel-Branco afirmou que os desafios económicos em Moçambique passam também pela definição do papel da agricultura no processo de industrialização, resultante das descobertas de recursos minerais.
 
Mas, "a posição do governo é ambígua" quanto à questão da terra, aliás, "quando se olha para o conteúdo das políticas (governamentais) há muita coisa que vem do passado", referiu a académica Bridget O´Laughilin.
 
Por seu turno, o docente Marc Wuyts apontou a problemática do "dualismo na área agrícola" moçambicana como uma das causas da baixa produtividade, sublinhando, como exemplo, a manutenção do modelo agrário que "é igual" desde o período colonial, a era socialista e a agricultura atual.
 
MMT.
 
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Timor-Leste: PORTUGUÊS DIRIGE SANTOS NEGÓCIOS DE BAUCAU, ZÉLIA NA PGR

 

Investimentos da Diocese de Baucau são coordenados por empresário de Penafiel
 
04 de Setembro de 2012, 23:37
 
Penafiel, 04 set (Lusa) - Vários projetos da Diocese de Baucau, em Timor-Leste, são liderados, há alguns meses, pelo empresário de Penafiel, António Sousa, a convite do bispo D. Basílio do Nascimento.
 
"Estive lá em janeiro de férias com o padre Feliciano Garcês e o arquiteto Joaquim Magalhães e acabei por ser convidado para organizar as empresas da diocese", contou à Lusa.
 
António Sousa, de 44 anos, empresário ligado ao turismo, é atualmente o coordenador de um conjunto de investimentos empresariais daquela diocese timorense.
 
Uma fábrica de mobiliário com 25 trabalhadores, montada com máquinas cedidas gratuitamente por empresários de Paredes, uma gráfica, uma oficina de reparação de automóveis e uma pequena pousada são projetos atualmente liderados em Baucau pelo empresário português.
 
"Estamos lá para ajudar, nomeadamente ao nível da formação dos recursos humanos. Felizmente, a diocese já é o maior empregador da cidade", garantiu.
 
Em Baucau, encontram-se mais dois profissionais portugueses experientes, um a liderar a oficina de carros e outro como responsável da fábrica de móveis.
 
António Sousa explica que uma das maiores preocupações da diocese é colaborar no desenvolvimento económico do território, ajudando à criação de emprego e melhorando as condições de vida da população.
 
"Fomos muito bem recebidos pelos timorenses", disse, destacando as melhorias de desempenho dos operários locais.
 
À Lusa, o empresário disse passar atualmente mais tempo em Timor-Leste do que em Portugal.
 
Em poucos meses, além da reorganização do que existia, já surgiram novas ideias para dinamizar os projetos em curso e lançar outros mais ambiciosos.
 
Dentro de alguns meses, avançou, vai abrir o primeiro ponto de venda, tipo "showroom", da empresa de mobiliário na cidade de Díli, onde há maior poder aquisitivo da população.
 
"Com mais vendas, acreditamos que vai ser possível fabricar em série, aumentando a produção na fábrica", afirmou.
 
Também numa fase avançada encontra-se um investimento turístico, previsto para uma praia a 30 minutos de Díli, segundo um projeto do arquiteto do Porto Joaquim Magalhães.
 
O empreendimento vai contar com 15 "bungalows", assumindo o empresário que este é o primeiro passo para outros investimentos semelhantes no país.
 
"Timor-Leste tem um enorme potencial turístico, que deve ser aproveitado em prol do desenvolvimento do país", defendeu, assumindo que o eventual apoio do Estado timorense a estes projetos da diocese ajudará a acelerar o investimento.
 
António Sousa assume o seu papel de interlocutor entre a diocese de Baucau e empresas portuguesas da região de Penafiel e Paredes, interessadas em investir em Timor-Leste.
 
Uma grande empresa do ramo alimentar e outra de comércio de pneus, sediadas em Penafiel, estão a equacionar apostas naquele país, aproveitando a presença de portugueses que conhecem bem a realidade económica timorense.
 
APM.
 
Zélia Trindade tomou posse como Vice-procuradora Geral da República
 
04 de Setembro de 2012, 15:16
 
Zélia Trindade tomou ontem posse como Vice-Procuradora Geral da República (PGR), na presença do PR Taur Matan Ruak.

“A entrada de Zélia Trindade visa reforçar o serviço da procuradoria, de forma a garantir a qualidade e profissionalismo aos nossos cidadãos,” disse Taur Matan Ruak. O PR reconhece o esforço desta instituição nos últimos dez anos, na sua contribuição para o desenvolvimento do país .

Por sua vez a vice-PGR Zélia Trindade diz ser um grande privilégio estar a assumir este cargo e agradece a Taur Matan Ruak por lhe ter depositado total confiança.

SAPO TL com Suara Timor Lorosae
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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SÍRIA E RÚSSIA DENUNCIAM COMPLÔ E INSISTEM EM SOLUÇÃO POLÍTICA

 


Correio do Brasil, com Vermelho - do Rio de Janeiro
 
A solução da crise que a Síria enfrenta se encontra em uma encruzilhada entre o diálogo e a violência armada, segundo afirmou o ministro de Informação, Omran al-Zoubi.

Durante una coletiva de imprensa com meios locais e estrangeiros acreditados em Damasco, o ministro abordou o que chamou de “complô” de grupos sectários e extremitas contra seu país, cuja manifestação tangível é a violência armada desencadeada por bandos mercenários que recebem igual resposta governamental.
 
Há provas políticas, concretas e de inteligência que confirmam a existência de planos premeditados contra a Síria, indicou.
 
Al-Zoubi falou dos esforços e chamamentos governamentais ao Ocidente para que detenha o fornecimento de armas e dinheiro aos elementos armados e deixe de abriga-los, assim como para que esses elementos ponham fim à campanha midiática provocadora e iniciem um diálogo nacional.
 
Em suas declarações, o ministro reiterou a encruzilhada em que se encontra a solução para a crise nesse país do Oriente Médio, indicando ainda que o Ocidente tenta desconhecer esse fato, apesar dos esforços desprendidos por Damasco, Rússia, China e outras nações que defendem uma saída política para o problema.
 
Hoje se impõe uma condição, a de que o diálogo ocorrerá depois que a segurança for restabelecida no pais, sublinhou o ministro.
 
“Não existe diálogo com a presença de armas nas mãos dos terroristas, já que a condição sine qua non “básica” do diálogo é a garantia da segurança e da estabilidade”, apontou.
 
A solução da crise síria só corresponde a seu povo, disse, e ressaltou que o Exército está comprometido com o restabelecimento da segurança e a estabilidade em todo o território nacional.
 
Sobre os meios de comunicação, desejou que se transmita “uma visão completa do que está acontecendo na Síria e não um ponto de vista unilateral. “Nesse sentido, exigimos que todos transmitam a realidade”, asseverou.
 
Advertiu que o jornalista não pode transformar-se em combatente ou espião, nem tampouco portar armas ou contrabandear dinheiro, em alusão a correspondentes estrangeiros que entram na Síria de maneira ilícita e ultrapassam os limites de seu dever profissional.

Por sua vez, em outra entrevista, o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Mikhail Bagdanov, advertiu, os interessados em uma intervenção militar externa na Síria que evitem “realizar loucuras” e sublinhou o caráter inaceitável de tais planos.
 
Bagdanov reiterou que a Síria lhe assegurou muitas vezes que as armas químicas estão bem guardadas e protegidas, em alusão à campanha desencadeada no Ocidente para situar a posse por Damasco desse tipo de armas como pretexto para uma invasão militar.
 
O vice-ministro russo se reúne nesta terça-feira como chefe da Coalizão de Forças por uma Mudança Pacífica, Fateh Jamus, com quem abordará as vias para o início de um diálogo político na Síria.
 
A esse respeito, o ministro russo de Relações Exteriores, Serguei Lavrov, destacou que era necessário guiar-se pelo que foi acordado no comunicado final aprovado por consenso em Genebra, em de junho passado e pelo plano do ex-secretário geral da ONU, Kofi Annan.
 
Em ambos os documentos, fala-se de um cessar-fogo e de um período de transição política, sem ingerência externa nem condicionamentos como a renúncia do presidente sírio, Bashar Al Assad.
 
Igualmente, deve-se exigir, tanto ao governo como à oposição armada que ponham fim aos enfrentamentos e nomeiem representantes para um diálogo. Uma vez na mesa de conversações, seriam abordados todos os demais temas nacionais pendentes, explicou Lavrov.
 
Impor aos sírios algo sobre o futuro de seu país é contraproducente, considerou o chefe da diplomacia russa.
 
Por outro lado, um comunicado da Chancelaria, ao referir-se a ameaças lançadas por grupos armados sírios para derrubar aviões, afirma que no caso de sua materialização, a responsabilidade será não só dos executores, mas também de seus patrocinadores.
 
As ameaças contra aviões civis, como as proferidas pelas formações armadas sírias, são inaceitáveis e constituem uma clara violação da Convenção de Chicago de 1944 sobre Voos Civis Internacionais, denunciou a Chancelaria.
 
As advertências belicistas dos grupos armados de derrubar aviões comerciais confirmam que o terrorismo se converte em uma de suas principais atividades, destaca a nota oficial.
 
Os países que patrocinam as formações armadas, que as estimulam a rechaçar o diálogo e a “a guerra até um final vitorioso”, preferem ignorar tais circunstâncias, destaca.
 

DNA de indígenas equatorianos é vendido ilegalmente à Universidade de Harvard

 

 
Equador processará empresa dos EUA por venda de DNA de indígenas a Harvard. Rafael Correa afirmou que o Instituto Coriell rompeu com “qualquer ética” e que caso não ficará impune
 
O governo equatoriano processará o instituto médico norte-americano Coriell pela venda de material genético não-autorizado de indígenas da tribo waorani à Universidade de Harvard.
 
A iniciativa foi anunciada pelo próprio presidente do Equador, Rafael Correa. “Estamos estudando, juntos com os waorani, os melhores mecanismos para levar este caso aos tribunais internacionais. Não permitiremos que isso fique impune”, afirmou
 
Com a justificativa de examinar a saúde dos indígenas, dois médicos norte-americanos retiraram amostras de sangue de diversos membros da tribo em 1990 e 1991.
 
O interesse no DNA de indígenas é decorrente do fato de eles serem mais resistentes a algumas doenças. Ainda assim, Correa classificou a venda do material genético sem autorização como “o rompimento de qualquer ética”, segundo a rede multiestatal Telesur.
 
Para a ministra de Patrimônio do Equador, María Fernanda Espinosa, a empresa norte-americana cometeu um “atentado contra a integridade e o direito de consulta da nacionalidade waorani”.
 
O Instituto Coriell, por sua vez, nega ter lucrado com a comercialização de DNA dos indígenas. De acordo com a companhia, todos os seus funcionários são obrigados a assinar um termo de compromisso de que as amostras não serão vendidas, nem distribuídas a outros pesquisadores.
 
Agências
 

Brasil: O OCASO DO TUCANATO

 

Helder CaldeiraDebates Culturais
 
Uma década depois da ascensão do PT ao governo federal, protagonizando os maiores escândalos de corrupção da história, em nome de uma tergiversa política de coalizão supostamente necessária à espécie de presidencialismo que se pratica no Brasil, a oposição tucana não conseguiu aprender lições básicas e assiste o derretimento do espólio político-eleitoral deixado por grandes caciques do passado, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os ex-governadores Mário Covas e André Franco Montoro.
 
O tombo mais emblemático para o PSDB vem se desenhando em São Paulo, reduto defendido com unhas e bicos pelo tucanato. A se confirmarem as projeções das atuais pesquisas de opinião, a prefeitura da capital paulista deve passar às mãos do jornalista Celso Russomanno, candidato pelo pesqueiro Partido Republicano Brasileiro (PRB). Faltando apenas um mês para as eleições, Russomanno já está isolado na liderança em todas as pesquisas e com vasto espaço de crescimento, seguido pelo ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, cujo apadrinhamento lulo-petista lhe garante a soma expressiva de pontos percentuais.
 
Enquanto isso, o autoproclamado franco-favorito José Serra vê seu passaporte político ser carimbado com a alcunha de “Ex”: ex-deputado federal, ex-senador, ex-ministro, ex-prefeito, ex-governador e ex-candidato “biderrotado” à Presidência da República. Ao que tudo indica, somará ao currículo o título de ex-candidato a Prefeitura de São Paulo. Nessa toada, não lhe restará nem a vereança em 2016. Triste fim para um tucano que teve seus anos de relevância nacional, mas errou a mão nos tons de prepotência, arrogância e imposições quase pueris em termos políticos.
 
A ingerência de José Serra sobre o colegiado socialdemocrata nas últimas eleições que participou foi o principal responsável pelo degredo do partido nas urnas, bem como das agremiações coligadas. Talvez seja o ato final de uma “cacicagem” que não tem mais espaço no cenário político contemporâneo. A única exceção ainda vigente (mas com seus dias contados!) vem do ex-presidente Lula da Silva, que impõe à cúpula partidária petista os nomes que ele quer, sedimentado em anacrônico e residual populismo esquizoide e pseudopoderismo classista-sindical, remontando suas origens políticas. Em plena era digital e de explosão da informação horizontal, essas vertentes tendem à morte.
 
Serra, em sua pior faceta, faz lembrar “O Frangote Vaidoso”, uma fábula do escritor russo Leon Tolstói: “Dois frangotes brigavam num monte de esterco. Um era mais forte, venceu e arrastou o outro pra fora dali. As galinhas se reuniram em volta do frangote vencedor e começaram a aplaudir. Ele, vaidoso, quis que o quintal vizinho soubesse da sua força e da sua glória. Voou até o topo do celeiro, bateu asas e cacarejou bem alto: ‘Olhem pra mim, todos vocês! Sou um frangote vitorioso! Não há no mundo um frangote mais forte do que eu!’ O frangote ainda não havia terminado o discurso de vaidade quando uma águia veio e o matou com as garras, arrastando-o para o ninho.”
 
O ocaso do tucanato não é uma exclusividade paulistana. Está se repetindo, em maior ou menor escala, nas principais cidades brasileiras no processo eleitoral de 2012. O PSDB ainda não conseguiu entrar no século 21 e, por isso, derrete. Desconsiderou a urgência de um reposicionamento estratégico, de um novo foco de ideias, do investimento programático e morre paulatinamente. Como um suicida, continua apostando em nomes e não em projetos. Por cacicagem, esses nomes são sempre os mesmos. Caras iguais, discursos iguais. Essa matemática não cola mais, nem mesmo nos redutos peessedebistas reconhecidamente consolidados.
 
Aliás, esse foi um dos erros emblemáticos da atual campanha liquefeita de José Serra: confundir o “Efeito-Memória”, quando o partido estima que o eleitorado votará no candidato porque já o conhece de outras paragens, e o “Voto Consolidado”, quando o pleiteante já larga com um número certo de eleitores, uma espécie de fidelidade política. Apostaram que a memória seria imediatamente consolidada nas urnas e estão dando com os burros n’água. Serra acumula uma rejeição histórica, Russomanno cresce avassaladoramente e o apadrinhado Haddad começa a resgatar e reunir o “petezão” paulista, espalhado desde o escândalo do Mensalão. Se bobear, o PSDB não chega ao segundo turno em São Paulo.
 
Espanta a capacidade degenerativa das agremiações políticas que não se adequam aos novos tempos do mundo. Vivem pra isso, trabalham diuturnamente, contratam marqueteiros a peso de diamante e continuam cometendo os mesmos erros, as mesmas arrogâncias, quase um coronelismo carlista repaginado. Repetir sistematicamente os mesmos erros tem uma classificação óbvia: burrice!
 
O PSDB foi tolo em 2002 ao supor que venceria fácil Lula da Silva; tapou buraco em 2006; repetiu a tolice em 2010 ao subestimar Dilma Rousseff e o poder de transferência de votos lulistas; e agora consegue repetir a proeza de cair no mesmo buraco e entrar numa campanha com o carão de “já ganhou!”, desconsiderando as possibilidades de crescimento dos demais candidatos e seu próprio e gigantesco índice de rejeição em solo paulistano. Vale reiterar: se realmente perder as eleições em São Paulo, José Serra pode desistir, se aposentar. Ou tentar a vereança em 2016. Talvez consiga. Talvez! Um triste ocaso para um ex-experiente tucano.
 
*Helder Caldeira é escritor, jornalista político, palestrante e conferencista, autor do livro “A 1ª PRESIDENTA” (Editora Faces, 2011, 240 páginas), primeira obra publicada no Brasil com a análise da trajetória da presidente Dilma Rousseff, e comentarista político da REDE RECORD de Mato Grosso, onde apresenta o quadro “iPOLÍTICA” e os telejornais “JORNAL MÉDIO NORTE” e “JORNAL PISOM”.
 

Brasil: Pegar comida no lixo é proibido? Trabalhadores são presos por esse “crime”!

 
Trabalhadores da Ultraserve fizeram uma paralisação no Cenpes, em solidariedade aos colegas injustiçados. Foto: divulgação

 
A realidade pode ser mais dura do que a ficção. No Centro de Pesquisa da Petrobrás (Cenpes), três trabalhadores de uma empresa que presta serviços à estatal foram retirados em camburão do trabalho e processados criminalmente. Um deles, Cláudio Charles Gonçalves, de 33 anos, está desde terça (28) preso na 54º DP, em Belford Roxo. Na quarta-feira (29) seria transferido para o presídio de Bangu. O crime cometido? Tentou levar para casa um frango jogado no lixo. Eles trabalham para a firma Ultraserve, contratada pela Petrobrás e responsável por servir as refeições no restaurante do Cenpes.
 
A retirada dos três rapazes do seu local de trabalho em camburão, diante de todos os colegas, aconteceu no dia 19 de julho. Diogo Cardoso, 27, também processado, é um jovem magro, de olhar assustado. Ele relatou que uma de suas funções na Ultraserve é recolher os sacos de lixo para descarte. Disse que as normas da Anvisa são muito rigorosas e os frangos, depois de descongelados, quando não aproveitados na refeição, são sempre descartados, “pois não poderiam ser congelados novamente”.
 
Assim, teria achado um desperdício aquele descarte. Com o produto já no lixo – dois ou três frangos – achou que não haveria problema em dividir aqueles restos de comida com um amigo. Foi o que fez, dividindo o descarte com Cláudio Charles, que no momento está preso. Segundo a sua esposa, ele está muito abalado emocionalmente, “por causa da vergonha a que está sendo submetido”.
 
O amigo Diogo – ambos são vizinhos na localidade de Nova Aurora, em Belfort Roxo – só não foi para a cadeia esta semana, porque não estava em casa quando a polícia chegou, a mando da Ultraserve, com ordem de prisão preventiva. O que não impediu sua esposa de passar por momentos de tensão, quando a polícia adentrou pela sua casa. Aos 27 anos de idade, Diogo já tem três filhos, um deles com necessidades especiais.
 
O terceiro trabalhador processado criminalmente pela Ultraserve é Marcos Paulo, de 24 anos, residente numa comunidade em Caxias. Ele trabalhava em outro restaurante do Cenpes, quando foi detido. Seu crime foi tentar levar para casa, achando que dava para aproveitar, “algumas barrinhas de chocolate quebradas e amassadas e um pouco de iogurte fora da validade”.
 
Se hoje Marcos Paulo não está detido em Bangu, preso preventivamente como se fosse um perigoso fora da lei, é porque não estava em casa, no momento em que a polícia chegou à casa de seus pais com a ordem de prisão.
 
O Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) denunciou há cerca de um mês, em editorial publicado no jornal Surgente, o absurdo daqueles processos criminais. Na ocasião, o sindicato já exigia providências da Petrobrás contra o que considerou um abuso de autoridade e desrespeito aos trabalhadores.
 
Mas, na terça (28), recebe uma notícia ainda mais inusitada: é decretada a “prisão preventiva” dos trabalhadores, a pedido da Ultraserve. Em apoio às vítimas dessa arbitrariedade, o sindicato indicou um advogado para acompanhar o caso. O mais ilógico é que as leis em vigor jamais condenariam à prisão três trabalhadores de ficha limpa, por tentar levar para casa ninharias destinadas ao lixo. A prisão preventiva deveria estar reservada a bandidos perigosos que ameaçam a sociedade.
 
Na manhã da última quarta-feira (29), os trabalhadores da Ultraserve fizeram uma paralisação no Cenpes, em solidariedade aos colegas injustiçados. Representantes do Sindipetro-RJ se reuniram com a gerência de Recursos Humanos (RH) do Cenpes e aguardam providências. O advogado que vai defender os trabalhadores dará entrevista à TV Petroleira, ao vivo, na próxima segunda-feira, 3 de setembro, às 19 horas) – o endereço eletrônico é tvpetroleira.tv.
 
APN/Sindipetro-RJ
 
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