sexta-feira, 25 de julho de 2014

BES: PROMISCUIDADE, DIZEM ELES


Manchete no jornal SOL

Luís Albuquerque

Chatice pá, anda agora parte da nossa classe política e não só, chocadíssima com esta estória do BES e de Ricardo Salgado, impoluto democrata e banqueiro. Os socialistas, mais os sociais-democratas, mais… enfim, os moderados porque radicais são os trabalhadores, a CGTP e o PCP (cambada de malandros, pá), estão em estado de choque. E a coisa não é para menos. Não bastava já a trapalhada no Grupo (ou grupos sei lá, que aquilo é muito areia para a nossa camioneta) como o senhor de todos os regimes foi detido por alegadamente ter trabalhado competentemente.

De facto os moderados têm razões de sobra para estarem de boca aberta de espanto. Como vergonha na cara é coisa que não têm, lá vão dizendo que «acabamos por ter um poder oligárquico que age irresponsavelmente, com consequências negativas para toda a sociedade», diz Francisco Assis na TVI24, esquecendo que «amigos e aliados de Salgado, como Mário Soares, que se empenhou no regresso de famílias como a Espírito Santo a Portugal» (1) ou «as privatizações dos sectores estratégicos lançadas por António Guterres, que conferiram ao BES um lugar de comando na banca nacional. A relação de credor com a PT passa a ser um dos pilares do grupo, com Murteira Nabo a saltar de Ministro de Guterres para a presidência da telefónica (1996-2003), integrando, quatro anos mais tarde, a administração do BES.

No mesmo período, um ex-quadro do BES, António Mexia, chega ao comando da Galp, petrolífera onde o banco manteve uma posição até ao ano 2000, alienando-a à ENI e Iberdrola por influência do inevitável Pina Moura» (2). Mas também João Galamba deputado socialista e apoiante do Vamos dar a Volta a Isto Costa se mostra preocupado e diz que «não aceito é a ideia de que ‘basta tirar o Salgado’ para isto entrar nos eixos». Mais nada! E Marcos Sá, outro ex-deputado do PS, critica: «Enquanto Presidente do BES nunca foi detido. É o estado disto tudo…». Lindo, não é? (3)

Já os sociais-liberais-democratas (e tudo aquilo que lhes queiram chamar) vêm dizer pela voz José Eduardo Martins, ex-secretário de Estado do Ambiente do PSD e ex-deputado que «Enquanto foi presidente do banco tudo assobiou para o lado, ninguém se meteu com quem manda que o respeitinho é bonito e por cá o cultivamos com a manha da raposa»(4). Tomaaaa! Cheios de razão caramba. Como é possível deter as rédeas do poder político, económico e judicial há mais de uma trintena de anos e estas coisas acontecem? Só pode ser por causa dos trabalhadores, da CGTP e do PCP (cambada de malandros, pá).

No IX Governo Constitucional (1983-1985) também conhecido por Bloco Central (olha que engraçado esta curiosidade, este governo foi formado pelo PS e PSD/PPD ou PPD/PSD (e tudo aquilo que lhes queiram chamar) o ministro das Finanças, Ernâni Lopes, foi «responsável pela chamada Lei de Delimitação de sectores, aprovada em 1983, que pela primeira vez desde as nacionalizações abria o sector da banca à iniciativa privada, preparando assim a primeira fase de privatizações. A criação do Banco Comercial Português, em 1984, com capitais coordenados por Américo Amorim, teve o apoio deste economista e quadro do Banco de Portugal. O BES foi, posteriormente, o único banco privado no qual Ernâni Lopes desempenhou funções de administração (2002-2003)» (5). Se a memória não me falha este Governo foi liderado pelo moderado Mário Soares (hã? Apago isto? Não convém à unidade das esquerdas? Ó pá, deixa estar que ninguém quer saber).

Mais à frente nos governos daquele que nunca foi, é ou será político, Cavaco Silva, «são marcantes para a recomposição do grupo, abrindo os campos legais à privatização (criação das sociedades anónimas de capitais públicos e nova revisão constitucional), e gerindo estrategicamente a entrega das seguradoras como primeira etapa de recomposição do poder financeiro. A privatização da Tranquilidade, com o apoio do Crédit Agricole e o apadrinhamento político de Mário Soares, foi fundamental para o regresso da família Espírito Santo e o fortalecimento financeiro indispensável no ataque à privatização do BES.»(6)

Mas temos mais sortido para os anos 80 e 90. «Miguel Horta e Costa ocupa o cargo de Secretário de Estado do Comércio Exterior (1987-1990), decisivo nas novas relações com a banca europeia, para logo depois ingressar na presidência do BES Investimento (1990-1995). Um acontecimento não inédito na família, uma vez que o seu tio, Miguel Jorge Horta e Costa, o quinto Barão de Santa Comba Dão, era muito próximo de Manuel Ricardo Espírito Santo, do qual recebeu a administração da Mocar e Santomar. Nesta fase ingressam ainda no banco ex-governantes como Rui Machete (1990-1991), Emílio Vilar (1985-1986) e Almerindo Marques (1985). Este último viria a reencontrar o BES já na qualidade de presidente das Estradas de Portugal, tendo por função a supervisão do consórcio que o banco mantém com a Mota-Engil (Ascendi).(7)

E mais recentemente como é? «Apesar da relação exímia com todos os governos, "com nenhum outro primeiro-ministro [Salgado] teve uma relação tão próxima como com José Sócrates (…) posições próximas em vários temas, como o fomento da economia pelas grandes obras públicas» (8).  

Este tem sido o nosso sério, idóneo, “por Portugal” regime político. «Com figuras destacadíssimas do PS e PSD, com ministros do atual governo (por exemplo, Machete foi ministro, foi para o BES, voltou a ser ministro) e com ex-governantes e empresários de brilhantes carreiras. Considerando só os casos mais relevantes, temos cinco administradores do BES que foram para o governo (e depois não voltaram ao BES), treze que foram do governo para funções de direção no BES e cinco que foram do governo para o BES e voltaram ao governo (Silveira Godinho, Martins Adegas, Rui Machete, Miguel Frasquilho e Manuel Pinho). É preciso voltar ao tempo de Lourdes Pintasilgo para encontrar um governo sem BES» (9).

Temos assim que Salgado e o BES sempre andaram de mãozinha dadas com os moderados/ democratas-sociais/socialistas modernos, Mário Soares e «Francisco Balsemão, que nos anos 1990 chegou a levar o banqueiro a reuniões do grupo de Bilderberg, que junta a elite política e empresarial mundial, antes de se zangarem e esfriarem a relação».(10)

Ó meu, isto é muita grande para se ler… Ok, vou encurtar.

Sinha David publicava no “facebook” em Agosto de 2013 o seguinte: «Hoje, porém, o BES de Salgado encontra-se perdido no seu próprio labirinto. O banqueiro é suspeito de fuga aos impostos e vê o seu braço direito, Amílcar Morais Pires, ser constituído arguido por crimes financeiros. E também o presidente do BESI, apontado como sucessor natural de Ricardo Salgado, foi constituído arguido. Toda a cúpula do banco se encontra sob suspeita. Esboçamos aqui a teia de alguns casos que, nos últimos anos, pintam de negro a reputação dos Espírito Santo:

2004 – Portucale

Três gestores do Grupo Espírito Santo (GES) – Carlos Calvário, José Manuel de Sousa e Luís Horta e Costa – foram constituídos arguidos e levados a julgamento num processo que investigou suspeitas de corrupção ao mais alto nível do então Governo de Santana Lopes e Paulo Portas para a aprovação de importantes projectos ligados ao BES. Em causa estão as últimas reuniões de Conselho de Ministros daquele Executivo, em que foram apreciados o empreendimento turístico Portucale (em Benavente), o projecto para a Quinta do Montado (em Gaia) e o acordo para o reequilíbrio financeiro do consórcio explorador das SCUTs AENOR.

Na mesma altura, foram registados 115 depósitos em numerário numa conta do CDS-PP de Paulo Portas no BES num valor total superior a um milhão de euros, tendo o banco sido legalmente obrigado a reportar à justiça aquela operação suspeita. O caso Portucale tornou-se especialmente mediático pelo facto de ministros do CDS-PP terem autorizado o abate de 2500 sobreiros (uma árvore protegida) para a construção do empreendimento de Benavente, e pelos pseudónimos caricatos inscritos nos depósitos suspeitos. Entre estes, o posteriormente celebrizado ‘Jacinto Leite Capelo Rego’. Links: ionline, DN

2004 - Submarinos

Será o maior escândalo de corrupção de sempre em Portugal. Foi detectado durante as investigações ao caso Portucale e também envolve o Grupo Espírito Santo (GES). A compra de dois submarinos para a marinha portuguesa custou cerca de mil milhões de euros aos contribuintes e o negócio foi financiado por um consórcio bancário formado entre o BES e o Crédit Suisse escolhido em 2004 pelo então ministro da Defesa do CDS-PP Paulo Portas. A proposta vencedora do BES terá sido posteriormente agravada com prejuízo para o Estado, com a duplicação do spread cobrado pelo banco, mas ainda assim aceite pelo ministro.

O GES, através da ESCOM, assessorou ainda o consórcio alemão que venceu o concurso para a construção e entrega dos dois navios (Portas escolheu a Man Ferrostaal em 2004 em detrimento de um grupo francês seleccionado pelo Governo anterior).

A justiça portuguesa investiga o rasto de cerca de 24 milhões de euros que os alemães transferiram para a ESCOM UK, e que daí terão seguido para uma conta do BES nas Ilhas Caimão, que se suspeita que terão sido utilizados para pagar subornos a responsáveis políticos e militares portugueses que tomaram a decisão de avançar com o polémico negócio – uma vez que os serviços prestados pela ESCOM não justificariam mais que 5 milhões de euros. Parte desse dinheiro poderá ter regressado ao BES, para a mesma conta do CDS-PP cujos depósitos em numerário desencadearam o processo Portucale. São vários os nomes ligados ao Grupo Espírito Santo visados pelo Ministério Público no processo dos submarinos, incluindo Luís Horta e Costa, Miguel Horta e Costa e Pedro Ferreira Neto. Links: Público, SOL

2005 - Contas de Pinochet

Os fundos públicos desviados pelo antigo ditador chileno Augusto Pinochet também passaram pelo Banco Espírito Santo. Assim concluiu o Senado norte-americano, que investigou o rasto do dinheiro do general, entretanto falecido, que estava sujeito a sanções financeiras internacionais.

Um relatório de uma comissão de inquérito datado de 2005 indica que Pinochet teve pelo menos 4 milhões de dólares em várias contas abertas numa dependência do BES em Miami. O caso foi também investigado pela justiça chilena, tendo o banco português alegado o dever de confidencialidade face aos seus clientes para não colaborar com as instâncias judiciais. Links: Público, TSF, DN 1, DN 2» (11)

Conclusão: Se não fossem os trabalhadores, a CGTP e o PCP até que o país estava bem, pá.

NOTA FINAL: Evitei pesquisas no Avante! para não ser apelidado de sectário, ok?

Fontes:
(1) – “O Último banqueiro” de Maria João Babo e Maria João Gago;
(2) – Esquerda.net;
(3) – Observador;
(4) – Observador;
(5) – Esquerda.net;
(6) – Esquerda.net;
(7) – Esquerda.net;
(8) – Público;
(9) - www.leituras.eu
(10) - “O Último banqueiro” de Maria João Babo e Maria João Gago;
(11) - https://www.facebook.com/cmjornal/posts/10153157988120475

Portugal: "Quem sabe, sabe e o Ricardo sabe. E se ele conta o que sabe?" - Brilhante Dias




O dirigente socialista Eurico Brilhante Dias comentou esta sexta-feira a detenção de Ricardo Salgado, que ontem foi interrogado em Tribunal relativamente ao seu, suposto, envolvimento no caso Monte Branco. Numa publicação no Facebook, Eurico Brilhante Dias deixou uma questão no mínimo curiosa, questionando os leitores sobre o que saberá na realidade o antigo banqueiro.

Depois de Ricardo Salgado ter sido detido ontem, por alegado envolvimento no caso Monte Branco, Eurico Brilhante Dias, dirigente rosa, questiona hoje, através da sua página no Facebook, sobre que segredos esconderá o banqueiro, podendo inferir-se que este saberá alguns dados menos públicos sobre os negócios efetuados por políticos durante o seu ‘reinado’ à frente do BES.

“Quem sabe, sabe e o Ricardo sabe. E se ele conta o que sabe? E o que saberá? 22 anos é muito tempo. 30 anos depois das reprivatizações acomodadas com fundos comunitários. Estradas, casas e cimenteiras. Bancos e imobiliário. De Miami às Ilhas Caimão”, escreveu o socialista na rede social Facebook.

Após esta afirmação e a propósito da disputa interna no Partido Socialista, Brilhante Dias referiu ainda um tema recorrente na campanha de António José Seguro: a separação entre negócios e banca ou setor financeiro a operar em Portugal.

“E ainda duvidam da agenda de separação dos negócios e da política? Estamos à espera que o regime caia de podre? A seguir vem a fragmentação e depois a ingovernabilidade”, defendeu o socialista, como que deduzindo que as informações prestadas ou guardadas por Salgado poderão também conter segredos sobre aspetos relacionados com esta afirmação

Por fim, já mais em tom de campanha e de defesa do atual líder socialista, o dirigente 'rosa' deixa ainda a seguinte afirmação como conclusão: “É também por isso que era importante que Seguro ganhasse. Um pouco de meritocracia e da vitória do trabalho sobre a pequena questão pessoal é importante”.

Notícias ao Minuto

Rússia: "EUA lançaram campanha de difamação sobre situação na Ucrânia"




A Rússia acusou hoje os Estados Unidos de "uma campanha de difamação" sobre o envolvimento do país no conflito da Ucrânia e acrescentou que "Washington partilha completamente a responsabilidade pelo banho de sangue".

"Rejeitamos as infundadas insinuações públicas" que dão conta de que é a Rússia que está a armar os combatentes pró-russos na Ucrânia, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, considerando que essas insinuações são "uma campanha de difamação".

Um total de 230 mil pessoas abandonaram as suas casas devido ao agravamento do conflito na Ucrânia, anunciou hoje o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

O porta-voz da ACNUR, Dan McNorton, disse aos jornalistas que 100 mil pessoas deixaram a zona de conflito, no leste do país, e deslocaram-se para outras regiões da Ucrânia, enquanto outras 130 mil atravessaram a fronteira com a Rússia.

"O número de pessoas deslocadas originárias de Donetsk e Lugansk aumentou fortemente desde o início de junho", explicou Dan McNorton.

O responsável da agência da ONU referiu que as pessoas abandonaram as suas casas devido a "preocupação com a sua segurança e o medo de serem apanhados nos combates".

Pelo menos 17 civis morreram nas últimas 24 horas devido aos combates entre as forças ucranianas e os rebeldes pró-russos no leste da Ucrânia, anunciaram hoje fontes oficiais ucranianas.

Na região de Donetsk, que tinha cerca de um milhão de pessoas antes do início do conflito, morreram 14 pessoas e outras 13 ficaram feridas, segundo o governo regional, leal a Kiev.

Em Lugansk, cenário dos combates mais intensos há várias semanas e submetida a fogo de artilharia todos os dias, morreram três civis e outros sete ficaram feridos, segundo a assembleia municipal da cidade, habitada por meio milhão de cidadãos antes da guerra.

No espaço de três meses, o conflito entre os rebeldes pró-russos e forças leais ao Governo de Kiev já matou mais de mil pessoas, incluindo quase 300 passageiros de um voo da Malaysia Airlines -- no dia 17 de julho - que caiu na região leste da Ucrânia, alegadamente abatido por um míssil.

Lusa, em Notícias ao Minuto

CENSURA TORNOU-SE NOVO PRINCÍPIO DE TRABALHO NA BBC



Nika Filimonova – Voz da Rússia

A Companhia de Rádio e Televisão BBC (Grã-Bretanha) viu-se no centro de um escândalo. A direção do serviço russo da BBC retirou de seu site a reportagem de um correspondente sobre a queda do Boeing malaio.

Os jornalistas do canal televisivo decidiram realizar a sua própria investigação e dirigiram-se para o local dos acontecimentos. A correspondente Olga Ivshina conversou com habitantes locais e soube muita coisa interessante. Primeiro, ninguém nunca lá tinha visto quaisquer mísseis Buk, sobre os quais Kiev e Washington não se cansam de falar. Segundo, pouco tempo antes da catástrofe, as pessoas viram no céu aviões militares ucranianos.

Depois, ouviram-se explosões. Os comentários do comandante dos milicianos locais de que os bombardeiros ucranianos utilizam frequentemente aviões civis para disfarçar, foram o traço final da reportagem. Resumindo, a peça jornalística tinha numerosas divergências da versão oficial do Ocidente. Embora Vitali Naida, chefe da contraespionagem militar da Ucrânia, já antes tenha conseguido “estragar a pintura” ao exibir na CNN uma foto falsa de supostos sistemas russos Buk.

No fim da reportagem, Ivshina conclui que todas as versões sobre a queda do aparelho, incluindo as ocidentais que acusam a Rússia, não podem ser, por enquanto, confirmadas. Mas semelhantes conclusões da repórter curiosa não foram do agrado da direção. Essa versão dos acontecimentos não se encaixa completamente na sua conceção. Por isso, a reportagem foi rapidamente retirada de toda a parte: do site, dos microblogs, do YouTube.

Porém, na Internet alguém conseguiu guardar o vídeo, que agora é ativamente “compartilhado” pelos utilizadores nas redes sociais.

Segundo jornalistas da companhia de televisão e rádio britânica, a chefia deve ser imediatamente demitida devido a semelhantes violações. Desconhece-se, por enquanto, como é que tais exigências irão ser aplicadas na redação russa. Porém, na página da BBC já foi publicada a declaração de Yan Leder, redator-chefe da redação russa, onde ele explica que o vídeo foi retirado “devido à sua estrutura imperfeita e à não concordância total com os valores da BBC”.

A propósito, este é o primeiro caso de retirada de uma reportagem devido à censura na história da BBC. Mas algum dia isso teria que acontecer.

Ucrânia: Interpol anuncia busca internacional do líder do Setor de Direita




A Interpol divulgou informação sobre a busca internacional do líder da organização ultra-nacionalista ucraniana Setor de Direita, Dmitri Yarosh, tendo a referida informação sido publicada no site oficial da Interpol.

Ele é acusado de incitar publicamente a atividades terroristas através da mídia e de apelos ao extremismo na mídia.

Yarosh já é procurado pelas autoridades judiciais russas. A Interpol conclama todos que possuem qualquer informação sobre o líder do Setor de Direita a entrar em contato com o departamento de policia mais próximo.

Voz da Rússia - Foto: AP/Serguei Chuzavkov

A ONU EM GAZA




Israel bombardeou a escola das Nações Unidas, em Gaza.

Ser secretário-geral das Nações Unidas é um posto ingrato. A história mostra que os diferentes titulares tiveram percursos e resultados muito diversos. De certo modo, pode dizer-se que, nos tempos da Guerra Fria, onde as coisas eram “a preto e branco” num mundo Leste-Oeste, talvez fosse mais fácil exercer essas funções, bastando ser respeitador sem subserviência dos EUA e procurando estar minimamente atento aos direitos e interesses do(s) outro(s) mundo(s). Esse caminho “estreito” foi tentado por alguns SG, com relativo êxito. Nos tempos que correm, as fronteiras são mais fluídas, as certezas são menores e a unipolaridade centrada em Washington, que debilitou a imagem da ONU a um nível nunca antes visto, torna mais complexa a função, tanto mais que a Rússia atual não é “flor que se cheire” e o mundo “do Sul” se transformou numa salgalhada onde há um pouco de tudo.

A questão israelo-palestiniana é, historicamente, o maior “calcanhar de aquiles” das Nações Unidas. Qualquer secretário-geral da ONU o sabe, até porque tem de viver com um “droit de regard” permanente de Washington sobre esse tema que é quase uma política “doméstica” para qualquer administração estadunidense. Israel, que tem “na mão” as administrações americanas (agora de ambas as colorações, no passado mais os democratas, então mais permeados pelo lóbi judaico), sabe que pode contar com o imobilismo das NU e que o que de lá sair nunca afetará excessivamente os seus propósitos. Por isso age com esta impunidade.

Conheço relativamente bem Ban Ki Moon. Durante quase seis meses, demo-nos bastante, ao tempo em que era chefe de gabinete do presidente da Assembleia Geral da ONU e eu era presidente da Comissão de Economia e Finanças, uma das seis comissões permanentes dessa Assembleia. O facto do presidente da Assembleia ser o MNE da República da Coreia obrigava Ban Ki Moon a substituí-lo, com grande frequência, na coordenação do trabalho das comissões. Anos depois, quando fui a Seul representar a OSCE, era ele assessor diplomático do presidente coreano, convidou-me para almoçar e fez-me uma das mais completas e equilibradas leituras sobre o conflito entre as duas Coreias que ouvi até hoje. E recordou-me, com saudade gustativa, um prato de camarão que o nosso cozinheiro beninense fazia muito bem e que uma vez lhe ofereci na nossa residência, em Nova Iorque. Fiquei contente quando vi um homem sereno e respeitável como Ban Ki Moon ser escolhido para secretário-geral da ONU, para substituir Kofi Annan.

Imagino que para Ban Ki Monn estes dias não sejam nada fáceis, embora, à partida, ele devesse ter a consciência clara do que poderia fazer, em especial num terreno tão minado politicamente como é o processo “de paz” do Médio Oriente.

O que se passou ontem em Gaza, com o bombardeamento da escola das Nações Unidas, deveria conduzir Ban Ki Moon a um gesto que poderia ter uma utilidade bem maior do que o mero esbracejar retórico e o estafado apelo ao cessar-fogo que fazem parte da coreografia diplomática da praxe. Se Ban Ki Moon quisesse assumir uma atitude com um mínimo de eficácia, deveria provocar uma crise nas Nações Unidas, demitindo-se. Um gesto desta natureza configuraria um ato de coragem, de desassombro e de grande dignidade. Os Estados Unidos teriam um sério embaraço e o mundo compreenderia.

Francisco Seixas da Costa - duas ou três coisas

O PINN agradece ao Dr. Francisco Seixas da Costa a autorização da publicação dos seus textos.


A MÃE (1)



Rui Peralta, Luanda

I - Todas as espécies de hominídeos com mais de 2 milhões de anos são africanas (e especificamente subsaarianas). Não há australopitecos fora do continente africano e dos 17 tipos de hominídeos conhecidos, 12 são africanos (os restantes são da Europa e da Ásia). A corrente migratória mais antiga - de que há conhecimento - ocorreu aproximadamente a 1 milhão e 500 mil anos atrás e partiu de África em direcção á Europa e á Ásia. Outro grande fluxo ocorreu á 100 mil anos, tendo África como ponto de partida e dirigindo-se em múltiplas direcções, para a Eurásia, América e Oceânia. 

A evolução hominídea foi em grande parte realizada em solo africano, sendo África o principal doador de inovação e a Europa, Ásia, América e Oceânia, os receptores. Em termos da Evolução e da Biologia evolucionista, África é um centro e os restantes continentes são periféricos. A espécie humana é, assim, portadora da africanidade. O registo fóssil no continente remonta a mais de 5 milhões de anos. O grande número de registos fossilizados no continente encontram-se, principalmente, em duas bolsas, uma na África Oriental (o vale de Rift, que se estende desde o vale Luangwo, na Zâmbia, até ao Mar Vermelho - onde se divide em duas linhas tectónicas que terminam no Vale do Jordão e no Indico, respectivamente - passando, antes de atingir o Mar Vermelho, pela Tanzânia, Quénia e Etiópia) e outra na África Austral (o Transval).

Também os dados da Biologia Molecular indicam o continente africano como o centro, sendo África o Berço, o Continente Mãe onde a Eva Africana nos pariu a todos, não apenas a nossa espécie de Homo-Sapiens, mas também todas as espécies hominídeas ancestrais.
Ou seja, somos todos africanos, todos nós Humanidade.

II - Contrastando com este facto de profundo simbolismo humanista, a História do continente revela um drama (com capítulos de tragédia no período colonial, especialmente o genocídio - holocausto - da escravatura) que prossegue no presente (apesar dos passos tímidos, manchados por um indisfarçável esforço propagandístico, camuflagem do irrealismo das suas elites).Todos os movimentos de libertação nacional do continente africano tinham os mesmos objectivos: independência nacional, modernização do Estado e a industrialização da economia. Este último factor implicava a  construção de um mercado interno e a sua respectiva protecção. Para isto utilizou-se o senso comum: a disponibilidade das matérias-primas de origem agrícola ou mineral (recursos naturais) deveria permitir a produção de energia, materiais de construção, aço, produtos químicos essenciais, existindo um mercado interno, abastecido de produtos manufacturados importados, de consumo corrente. Desta forma, pensava-se, fazendo o que os ocidentais haviam feito noutros tempos potenciava-se uma revolução industrial.

As fórmulas variavam consoante as circunstâncias (dimensões do mercado interno e recursos disponíveis) e mediante prioridades ideológicas (assentar o desenvolvimento nas industrias ligeiras ou nas industrias "pesadas", "industrializantes", racionalizadas pelo modelo soviético). De todas as formas o objectivo final era o mesmo: modernizar o tecido económico, industrializando.

A tecnologia necessária para o desenvolvimento industrial era importada, mas para a sua aquisição não era necessário que a propriedade das empresas pertencesse ao capital estrangeiro, podendo este poder investir nas empresas nacionais - púbicas ou privadas - ou emprestar capital. Aliás qualquer das opções - propriedade privada estrangeira ou financiamento público pela via do aforro nacional ou dos créditos e doações do exterior - poderia ser ajustada á estimativa dos custos.

O problema residiu nas necessidades de importação que os planos de desenvolvimento tornavam necessárias. As importações só podiam cobrir-se com as exportações tradicionais agrícolas, ou pelas exportações do sector mineiro e/ou petrolífero. A questão agravava-se porque nenhuma das estratégias seguidas regia-se pela politica de penetração no mercado mundial, não sendo asseguradas as vantagens comparativas consequentes das exportações, porque nenhuma das estratégias de desenvolvimento, implementadas no continente africano eram orientadas para as exportações, sendo estas apenas um meio para financiar as importações. A prioridade era o mercado interno e foi este pressuposto que permitiu a instalação do aparelho neocolonial nos circuitos económicos internos. 

III - A construção do mercado interno foi, efectivamente, o eixo das estratégias  para o desenvolvimento, aplicadas pelos governos africanos. Era um pressuposto correcto, que não visava substituir as importações, mas sim que a industrialização abrisse o seu mercado especifico, enquanto se substituíam as importações anteriores. A expansão do consumo reflectiria, por acréscimo, a procura crescente de bens intermédios e de equipamento simples (que poderiam ser produzidos localmente) e a procura criada pelo gasto público corrente e trabalhos de infraestruturas.

Na fase de crescimento geral que ocorreu após a II Guerra, energia, matérias-primas minerais e produtos agrícolas eram objecto de intensa procura, o que gerava uma forte flutuação no valor das mesmas, mas insuficiente para anular, por efeito da deterioração dos preços o crescimento do valor das exportações. Este conjunto de factores tornava óbvia a opção africana (naturalmente em vantagem, porque rica nestes recursos) pela industrialização. Por outro lado a expansão dos mercados mundiais permitiu, aos países que não dispunham de vantagens baseadas nos recursos naturais, explorar a vantagem de uma mão-de-obra barata, em determinados sectores de produção manufactureira.

O projecto de modernização não se reduzia á industrialização, ou melhor, a industrialização, base da modernização, implicava infraestruturas, transportes, comunicações, educação, serviços sociais e de saúde e urbanização. Não estamos, pois, na presença de uma insólita utopia. As politicas de desenvolvimento em África eram baseadas em cálculos sólidos e no bom senso, em função da experiencia histórica (e observação do que ocorreu noutras regiões) e da conjuntura dos mercados internacionais. Estávamos, sim, perante medidas realistas. O que se passou, então, que tornou estes modelos ineficazes e obsoletos?

A resposta poderá ser encontrada no seguinte: enquanto o capitalismo susteve a integração nacional na economia mundo (e isso aconteceu até aos projectos de reconstrução após II Guerra estarem concluídos) os modelos de desenvolvimento africanos poderiam funcionar, uma vez que satisfaziam a procura externa. Tudo se alterou quando a economia-mundo passou a actuar nas periferias (como aconteceu no período compreendido entre os séculos XV a XVIII) desintegrando as sociedades.

As ideologias dos movimentos de libertação nacional não podiam prever esta evolução e quando a contradição se tornou evidente, ignoraram-na. Os diversos matizes nacionalistas encerraram-se nos processos de recuperação do atraso histórico, concebidos na concepção que visava a sua participação (logo, integração) na divisão internacional do trabalho. O resultado revelou-se dramático. Quando o crescimento foi asfixiado as elites políticas africanas dividiram-se em facções e perderam legitimidade.

O actual quadro é consequência de todo esse processo que obrigou as classes dirigentes a reposicionarem-se, assumindo novas identidades, novos discursos e novos rumos, incertos.

IV - O período 1955-1975 corresponde ao primeiro ciclo da ideologia do desenvolvimento, o "ciclo de Bandung", marcado (e inaugurado) pela Conferência de Bandung. Nestes dois decénios o conflito entre o capitalismo mundial e o projecto desenvolvimentista de Bandung foi mais ou menos intenso, conforme o estatismo e a influência da burguesia nacional (a força condutora de Bandung, essencialmente nacional burguês, mesmo nos países em que a burguesia nacional era insipida ou quase inexistente, apostando na transformação das elites administrativas em burguesia nacional, outro "passo em frente" para o domínio neocolonialista).

A ala esquerda de Bandung (um amalgama "progressista") entrava em conflito directo (e em alguns casos indirecto, palavroso e pouco eficaz, caracterizado pela máxima "um passo em frente, dois á rectaguarda e quatro para os lados") com o capitalismo,  internacional, nacionalizando as empresas estrangeiras e estatizando os sectores considerados estratégicos. A ala moderada (uma manta de retalhos nacionalista de direita, sempre com os olhos postos nas ex-metrópoles) era conciliadora com os interesses do capital, o permitia maiores possibilidades de ajustamento.

No plano das dinâmicas externas, esta diferenciação inseria-se guerra fria, entroncando-se nos conflitos "Leste/Oeste", "socialismo real / capitalismo". A ideologia da modernização (o desenvolvimentismo de Bandung) dava sentido á luta anticolonialista, sendo, no entanto portadora de um projecto  contraditório, que poderia denominar-se - usando uma expressão de Engels para descrever um eventual momento da social-democracia europeia, aproveitada por Samir Amin para definir o projecto de Bandung - "capitalismo sem capitalistas" (o que, obviamente, iria resultar no Leviatã do capitalismo de Estado). Era capitalismo pela concepção de modernização, que reproduzia as relações sociais essenciais e as relações de produção do capitalismo, ou seja, a relação salarial, a gestão empresarial, a urbanização, a educação submetida às necessidades da economia, a cidadania, etc..

Para trás ficaram outros valores inerentes ao capitalismo (e essenciais para resolução das suas contradições internas) como a democracia politica, a liberdade de associação, os direitos sindicais, a liberdade de expressão e outras conquistas sociais, fruto de séculos (mesmo milénios) de lutas e que representaram o primeiro momento da mundialização. A ideologia de Bandung conduziu às fórmulas de partido único, das eleições- farsa, às mitologias dos líderes fundadores da pátria, etc., que foram comuns na maioria dos países africanos. Nos países em que a burguesia nacional era quase inexistente, inexistente ou inanimada (letargia criada pelas relações coloniais) o seu ressurgimento, expansão ou embrião, eram vistos como perigosos, uma vez que dariam prioridade aos seus interesses imediatos, concorrendo com os interesses a longo prazo do Estado e das suas elites administrativas (saídas da pequena-burguesia e do campesinato), intelectuais e tecno-burocráticas.

A divisão nos movimentos de libertação nacional, entre "socialistas" e "moderados" agudizou-se em 1960, com os processos descolonizadores da França e da Inglaterra. Nesse ano África dividiu-se em dois blocos: o grupo de Casablanca (encabeçada pelo Egipto de Nasser, FLN da Argélia, e Gana) e o grupo de Monróvia, formado pela Costa do Marfim, Quénia, senghoristas e outros fiéis á França, Inglaterra e USA. As divergências entre os dois grupos foram evidenciados no Congo, com o grupo de Casablanca a apoiar o projecto progressista das forças populares reunidas em torno de Lumumba e o grupo de Monróvia apoiando o neocolonialismo. A tragédia do Congo foi perpetuada com Mobutu e a derrota sofrida pelo grupo progressista de Casablanca e pelas forças populares congolesas limou arestas e permitiu o consenso obtido em 1963 na Conferência de Adis-Abeba, com a criação da OUA.

A conciliação criava condições para a implementação do projecto de Bandung em África. Formalmente quase todos os Estados africanos o partilhavam e aderiram ao Movimento dos Não Alinhados, mesmo quando permaneceram sob tutela do Ocidente e inclusive sob protecção militar. Os Estados africanos adquiriram, desta forma alguma margem, face ao neocolonialismo. Os objectivos comuns de Bandung - a ideologia desenvolvimentista, o projecto do "capitalismo sem capitalistas - conseguiu alguns tímidos progressos, mas ao ignorar a lógica da expansão mundial do capitalismo, não acompanhou as contradições internas do capitalismo e as novas dinâmicas da globalização, o que comprometeu o processo de modernização e os avanços obtidos.

(continua)

Portugal: Pacheco diz que Salgado deve explicar os financiamentos aos partidos políticos


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Ana Tomás – jornal i

O comentador desafiou o banqueiro a explicar como é que o BES, ou outras instituições financeiras como o BES, financiaram, PSD, PS, CDS e outros partidos mais pequenos

Pacheco Pereira afirmou, no programa Quadratura do Círculo, da SIC Notícias , que o ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, devia dar algumas explicações sobre o financiamento aos partidos.

O comentador falava a propósito da detenção do banqueiro, esta quinta-feira, que foi ouvido no Tribunal Central de Instrução Criminal e constituído arguido por suspeitas de branqueamento de capitais, burla, abuso de confiança e falsificação de documentos. Ricardo Salgado saiu em liberdade, a troco do pagamento de uma caução de três milhões de euros, a maior caução de sempre.

Para Pacheco Pereira, “era interessante saber alguma coisa sobre os financiamentos aos partidos políticos, ou seja, saber até que ponto, do conhecimento de Ricardo Salgado, que certamente tem um grande conhecimento sobre essa matéria, como é que o BES, ou outras instituições financeiras como o BES, financiaram PSD, PS, CDS e, eventualmente, até outros partidos mais pequenos”.

O comentador deixou ainda o desafio ao ex-presidente do BES para que explique a dimensão desses financiamentos. “Era também interessante que se soubesse qual é essa dimensão porque isso também poderia explicar muita coisa sobre a facilidade com que Ricardo Salgado acedia ao poder político, a fazer governos e a derrubar governos, a fazer políticos e a derrubar políticos”.

Também António Costa destacou o cruzamento das várias investigações e o seu eventual contributo para que se venham “finalmente a aclarar vários dos mistérios que têm acompanhado a vida nacional nas últimas décadas”.

“Hoje a justiça tem condições para cruzar uma variedade de informação associada a processos aparentemente diversos mas onde se encadeiam várias outras coisas”, sublinhou.

Em Díli, primeiro-ministro não comenta detenção para interrogatório de Ricardo Salgado




Díli, 25 jul (Lusa) - O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, não quis hoje comentar, em Díli, a detenção para interrogatório do ex-presidente executivo do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, que ficou em liberdade mediante uma caução de 3 milhões de euros.

Durante o segundo e último dia da sua visita oficial a Timor-Leste, questionado se aceitava comentar a detenção de Ricardo Salgado ocorrida na quarta-feira, o primeiro-ministro respondeu: "Não".

Hoje, Pedro Passos Coelho também não prestou declarações aos jornalistas sobre outros temas.

Ricardo Salgado foi detido para interrogatório na quarta-feira, no âmbito da "Operação Monte Branco", e interrogado ao longo do dia na qualidade de arguido. Segundo a Procuradoria-Geral da República, está em causa a eventual prática de crimes de burla, abuso de confiança, falsificação e branqueamento de capitais.

No final do interrogatório, realizado no Tribunal Central de Instrução Criminal, Francisco Proença de Carvalho, advogado do ex-presidente executivo do BES, declarou que o seu constituinte "colaborou com a justiça, prestou a sua visão sobre os factos e assim continuará" e que "agora seguirá para casa, normalmente".

A Procuradoria-Geral da República informou que, de acordo com a promoção do Ministério Público, foram aplicadas ao arguido as medidas de coação de "sujeição a caução, no montante de três milhões de euros, proibição de ausência do território nacional e proibição de contactos com determinadas pessoas".

IEL (FC/ JMG/JYS) // JCS - Lusa

Adesão da Guiné Equatorial à CPLP - Portugal públicamente humilhado na Cimeira de Díli




Pacheco Pereira diz que "houve uma humilhação pública de Portugal"

A entrada da Guiné Equatorial para a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) - durante a cimeira que teve lugar em Díli - foi um dos acontecimentos comentados por Pacheco Pereira, António Costa e Lobo Xavier no programa "Quadratura do Circulo"

Para Pacheco Pereira a entrada da Guiné Equatorial para a Comunidade de Países de Língua Português (CPLP) constituiu uma "humilhação pública para Portugal" e o caso "mostra uma incompetência da diplomacia portuguesa".

O político do PSD disse durante o programa da SIC Notícias "Quadratura do Circulo" que a viabilização da entrada de um país como a Guiné Equatorial retira a legitimidade do nosso país para falar na cena internacional de outros casos de despeito pelos Direitos Humanos e que o modo decorreu a sua adesão mostrou o "caos" da nossa diplomacia.

António Costa, do PS, disse que Portugal não apostou na política externa e na CPLP, acabando por ficar numa situação de isolamento dentro da organização, lamentado também a descaracterização da comunidade, pelos "valores petrolíferos" em detrimento dos valores de cidadania

António Lobo Xavier, do CDS-PP, também lamentou sobreposição dos valores estratégicos à língua comum, considerando igualmente que essa decisão descaracteriza a CPLP.

Expresso

PLATAFORMA PORTUGUESA SUSPENDE FUNÇÕES DE OBSERVADORA NA CPLP




A Plataforma Portuguesa das ONG para o Desenvolvimento diz que a CPLP não pode converter-se num clube de negócios em que os interesses estritamente económicos de uma elite se sobrepõem aos Direitos Humanos e à dignidade de muitos.

A Plataforma Portuguesa das Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento decidiu suspender as suas funções como observadora na CPLP em protesto contra a adesão da Guiné Equatorial à organização.

Para esta plataforma, a CPLP não é nem pode converter-se num clube de negócios em que os interesses estritamente económicos de uma elite se sobrepõem aos Direitos Humanos e à dignidade de muitos.

TSF

Na foto: O ditador sanguinário da Guiné Equatorial, Obiang

ESTADO DE SÍTIO



Pedro Bacelar de Vasconcelos – Jornal de Notícias, opinião

É estranho e inquietante que a Lei Fundamental se tenha transformado num dos temas mais acalorados do debate político quotidiano. E é surpreendente que esta nova paixão ignore fronteiras para se tornar na polémica do dia, em Portugal ou nos Estados Unidos da América.

De tais perplexidades dava conta nas páginas deste Jornal, há quinze dias, sob o título: "Os novos bárbaros". Aconteceu que, por amável convite do Dr. Fernando Vilas Boas, fui a Celorico de Basto, na passada terça-feira, para fazer uma conferência no Rotary Club sobre a atualidade da Constituição portuguesa e foi inevitável ali retomar o curso destas reflexões. Sendo os textos das constituições portuguesa e americana tão diferentes, tão distantes no tempo e no espaço, não serão com certeza os seus traços singulares o motivo desta disputa comum.

De facto, o que verdadeiramente está em causa, de um e outro lado do Atlântico, é o reconhecimento do estatuto da Constituição enquanto Lei Fundamental. Na América, através de uma operação de redução da Lei Fundamental à interpretação restritiva que dela faz uma corrente jurisprudencial hoje dominante no Supremo Tribunal Federal, subscrita por uma maioria tangencial dos seus juízes. Em Portugal, através de uma maioria conjuntural que ganhou as eleições legislativas de 2011, é o Tribunal Constitucional que é transformado em bode expiatório por aplicar na interpretação da nossa Constituição os parâmetros hermenêuticos comuns às "nações civilizadas", em deliberações normalmente subscritas por unanimidade ou pela larga maioria dos seus juízes. E tanto cá como lá, a subversão da ordem constitucional concentra-se no ataque aos direitos, ao princípio da igualdade, às condições de trabalho e à dignidade dos trabalhadores, ao serviço dos interesses da nova oligarquia internacional promovida pela "desregulação" e a globalização económica e financeira.

A derradeira garantia de todos os nossos direitos está na Constituição da República que os enumera, define o seu conteúdo e nos responsabiliza a todos e, em especial, a totalidade dos órgãos de soberania, pela sua efetiva proteção. Por isso mesmo, a Constituição prevê também as situações extraordinárias que poderão justificar "a suspensão do exercício" dos nossos direitos, "nos casos de agressão efetiva ou iminente por forças estrangeiras, de grave ameaça ou perturbação da ordem constitucional democrática ou de calamidade pública" (n.º 2, artigo 19.º). Salvo em caso de guerra declarada, a suspensão do exercício dos direitos é limitada a um período máximo de quinze dias, sem prejuízo de eventual prorrogação por lei. Contudo, em nenhum caso poderão ser afetados os direitos à vida e à integridade física, a liberdade de consciência ou de religião, a capacidade civil, a proibição da retroatividade da lei penal ou os direitos de defesa dos acusados em processo-crime. E, além de tudo, a aplicação destas medidas pelas autoridades tem como única finalidade legítima o "pronto restabelecimento da normalidade constitucional".

Giorgio Agamben publicou em 2004 um livro célebre, que intitulou "Estado de exceção", e onde procura demonstrar como, ao longo do século XX, o conceito de "estado de exceção" - contraposto ao "estado de direito" e neste consentido apenas de forma temporária e parcial, como determina a Constituição - se foi tornando "permanente" e acabou por se transformar num novo modo de governo e numa nova ordem mundial, onde o direito foi substituído pela força e se instaurou uma "guerra civil generalizada". Em nome da "luta contra o terrorismo" ou da "vontade dos mercados", em nome do "uso da força" à sombra de alegados intuitos humanitários, em nome dos credores das "dívidas soberanas", esmagam-se quotidianamente os direitos, as liberdades individuais, a vontade democrática e a soberania dos estados.

O bombardeamento dos hospitais da Faixa de Gaza, a mando do Governo de Israel, são a mais pungente ilustração e uma sangrenta metáfora do estado a que chegamos.

ONU: PORTUGUESES ENTRE OS QUE MENOS CONFIAM NO SEU GOVERNO




Dados de um relatório levado a cabo pela Organização das Nações Unidas em 144 países mostra que apenas 23 em cada 100 portugueses confia no governo nacional. Um indicador que coloca Portugal no lote dos dez países que menos confiam nos seus executivos.

Um relatório, realizado e divulgado pela ONU, e hoje citado pelo semanário Expresso, sobre a confiança de 144 populações nos seus governos entre 2007 e 2012 coloca Portugal entre os países que menos confia no seu executivo.

Notícias ao Minuto

Portugal: CGTP manifesta-se contra novos cortes em frente ao Parlamento




No dia em que a CGTP organiza um desflie em direção ao Parlamento, Arménio Carlos pediu aos portugueses para continuarem a mostrar a sua indignação e rejeitem a atual política do Governo, que agrava os problemas do país.

A CGTP considera que não é possível pactuar com medidas «inconstitucionais» como os novos cortes salariais para a Função Púbica e a aplicação da contribuição de solidariedade aos reformados, que serão votadas esta sexta-feira no Parlamento.

No dia em que a central sindical organiza um desfile contra estas medidas, Arménio Carlos criticou a insistência nos cortes dos salários e pensões para os mesmos ao mesmo tempo que os «juros da dívida continuam a aumentar preocupamente e que outros negócios continuam a ser feitos a custa do erário público».

«É preciso travar esta política e simultaneamente travar este Governo. Vamos dizer que por mais pressões que façam sobre o Tribunal Constitucional com a complacência do Presidente da República é necessário que o povo português continue a manifestar a sua indignação», explicou.

O líder da CGTP pretende ainda a rejeição da atual política do Governo «que não só provou que não resolve nenhum problema do país como aliás agrava todos os que passa».

A CGTP concentra-se no Jardim de S. Pedro de Alcântara, em Lisboa, pelas 10:30 e meia hora depois inicia o desfile a caminho da Assembleia da República.

TSF – foto em CGTP in

Avião abatido: A CARTA DE QUEM PERDEU OS TRÊS FILHOS COM ABATE DE AVIÃO




Um casal que perdeu três filhos, entre os oito e os 12 anos, divulgou uma carta onde explica por palavras o sofrimento por que está a passar. “O inferno além do inferno”: é assim que descrevem a sua vida desde a última quinta-feira.

Otis, de oito anos, Mo Maslin, de 10, e Evie, de 12, viajavam no avião da Malaysia Airlines que, na passada quinta-feira, foi abatido em território ucraniano.

Os pais das três crianças escreveram uma carta, destinada aos “soldados na Ucrânia, políticos, media, amigos e familiares”, traduzindo por palavras o sentimento que os assola, depois de terem perdido os filhos de uma forma tão cruel.

“A nossa dor é intensa e implacável. Vivemos um inferno além do inferno. Os nossos bebés não estão aqui connosco e temos de viver com este ato de horror todos os dias e momentos para o resto da vida”, escreveu o casal australiano, na carta divulgada pelo Daily Mail.

“Ninguém merece isto, nem mesmo as pessoas que atiraram contra os nossos filhos. Nenhum ódio no mundo é tão forte como o amor que temos pelas nossas crianças”, prosseguiram Anthony Maslin e Marite Norris.

Notícias ao Minuto

Governo pró-imperialista de Kiev e a CIA tentaram atingir avião de Putin




Governo pró-imperialista de Kiev e a CIA tentaram atingir avião de Putin e acabaram matando civis

LBI-QI - Diario Liberdade - A derrubada do Boeing da Malaysia Airlines, atingido por um míssil quando cruzava o espaço aéreo da Ucrânia fez parte de uma operação militar da CIA que pretendia assassinar o presidente russo Vladimir Putin.

A comitiva estatal russa retornava de uma viagem ao Brasil, onde consolidou politicamente o bloco dos BRICS com a criação de um banco de fomento gerando a ira do FMI, quando atravessou o céu da Ucrânia uma hora depois do avião civil que partiu da Holanda para a Malásia.

O serviço secreto russo não divulgou previamente a rota do moderno avião de Putin, que está equipado com baterias antimíssil, mas há suspeitas de infiltração da CIA na delegação russa, o que não é propriamente uma "novidade". A frota aérea da comitiva estatal de Putin dispõe de dois aviões idênticos e nunca é divulgado em que aeronave o presidente embarcará, esta prática de segurança é a mesma utilizada pelo governo ianque há várias décadas, como o espaço de tempo entre os dois jatos é de cerca de meia hora especula-se que o Boeing da Malaysia se "meteu" na mira dos terroristas da CIA exatamente neste interregno.

Uma reportagem da agência de notícias "Russia Today" traz a declaração de uma fonte da Aviação da Rússia que pediu para não ser identificada: "Posso dizer que o avião presidencial e o Boeing de Malaysia Airlines cruzaram o mesmo ponto e o mesmo corredor. Isto ocorreu perto de Varsóvia a uma altitude de 10.100 metros. O avião presidencial estava no local às 16h21 (hora local) e o avião da Malaysia Airlines às 15h44 (hora local)", declarou o funcionário do departamento de defesa russo. A tragédia causou a morte de 295 pessoas de várias nacionalidades que estavam a bordo do Boeing , e para se livrar de sua responsabilidade no covarde atentado o governo fascista de Kiev, cúmplice da CIA, quer colocar nas costas dos rebeldes pró-russos o ônus do desastre.

Não por coincidência, no dia anterior Obama, baseado em um relatório da CIA que acusava o governo de Moscou de ampliar a ajuda militar aos separatistas ucranianos, anunciava várias sanções econômicas contra Putin e empresas russas.Na verdade, o maior temor neste momento da Casa Branca é que Putin interfira na crise do Oriente Médio, sinalizando ao Irã que apoiará uma ação dos Aiatolás contra o genocídio sionista em curso contra o povo palestino. O Irã já declarou que precisaria do respaldo russo para atacar Israel ou mesmo fornecer armamento pesado para que o Hamas possa fazer frente à ofensiva sionista.

Putin neste momento é a peça chave no explosivo cenário do Oriente Médio, que poderá inclusive deflagrar um conflito atômico entre as forças militares de Israel e o Irã. Depois do vergonhoso recuo na guerra civil da Ucrânia, o governo russo estava sendo pressionado por setores "ortodoxos" do antigo Exército Vermelho, a intervir junto aos países árabes (Irã, Síria e Líbano) contra a sangrenta investida do nazi Netanyahu, mas a CIA não poderia nem admitir esta possibilidade.

Com o pragmatismo dos falcões do Pentágono "dando as cartas" em Washington o mais próximo da realidade, mais além das ficções conspirativas, é que a CIA tenha planejado o atentado contra Putin há algum tempo, encontrando no retorno da comitiva russa do Brasil o melhor momento.É evidente que diante da "imprecisão" terrorista da CIA a "carga" midiática das consequências da trágica derrubada do Boeing recairá sobre os ombros do bloco russo, seja na forma dos rebeldes anti-Kiev ou do próprio Kremlin. Ainda não há uma posição oficial do governo ucraniano acerca dos motivos da queda do avião, existem duas possibilidades: A primeira é de que atribua a uma sabotagem interna realizada no interior da própria aeronave e a segunda é de que o desastre teria sido provocado por foguetes lançados desde o solo.

Nas duas variantes a "inocência" da CIA sempre será preservada pelos guardiães da mídia "Murdochiana" internacional. A grande "comoção" mundial gerada pela tragédia, levando a morte de centenas de civis, acuará ainda mais o vacilante governo Putin a abandonar completamente o combate contra os fascistas de "Maidan". Porém, o objetivo central da Casa Branca neste momento é atar as mãos de Moscou diante da invasão terrestre do gendarme de Israel sobre a faixa de Gaza. Sem o suporte militar e político da Rússia dificilmente os governos islâmicos teriam condições de enfrentar o poderio bélico sionista e a cobertura diplomática de Obama em apoio aos crimes hediondos de Tel Aviv.

Não será a primeira vez que a CIA e o Pentágono utilizam a derrubada de aviões civis para provocar conflitos militares. A hipótese da derrubada da aeronave interessar aos separatistas é tão ridícula que nem merece ser comentada. Em 1983 os EUA "orientaram" uma aeronave civil coreana a sobrevoar um espaço aéreo fechado da antiga URSS, levando a sua queda e morte de centenas de inocentes. Provocações de menor escala são frequentes no roteiro sinistro da CIA, sempre criminalizando forças políticas que se opõe a hegemonia ianque sobre o planeta.

Longe de qualquer manobra distracionista do imperialismo que visa com este "acidente" criar uma cortina mundial de fumaça diante do genocídio do povo palestino, a tarefa central dos revolucionários nesta conjuntura é convocar todas as correntes e governos antissionistas a prestar apoio efetivo, tanto no campo político e militar, à luta das massas palestinas.

Pátria Latina, em Pravda

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