segunda-feira, 18 de agosto de 2014

COMIGO TAMBÉM NÃO CONTES, Ó PASSOS!




Ouvi-te dizer no ex-Pontal, atual calçadão da Quarteira, ou lá onde foi, que não fazes mais propostas para a reforma das pensões e pensionistas. Eu estive a pensar e decidi seguir a tua linha - também não faço nem mais uma proposta. Este é um dos dois pontos que temos em comum; o outro é o de nem tu nem eu termos feito alguma vez qualquer proposta.

Henrique Monteiro – Expresso, opinião

Os pensionistas são uns chatos totais. Gastam dinheiro e não produzem; estão sempre doentes; queixam-se tanto que a sua associação se chama Apre, que, como se sabe, é uma interjeição apenas usada por quem tem dores provocadas pelos bicos de papagaio.

Além disso, os pensionistas são uma raça resiliente. Parecem urtigas. Não morrem, não emigram, não deixam de votar. Há pensionistas tão ingratos que chegam a ir votar de ambulância. A maioria fá-lo porque é do PCP ou da ala esquerda do PS e, apesar de ser velho, tem ilusões sobre a melhoria do pessoal político do país. Só no Bloco de Esquerda não há pensionistas, porque aquilo é gente que foge das pensões como o diabo da cruz. No Bloco o que há é campistas - nada numa pensão os atrai.

Os ricos, já se sabe, são hotelistas, e só não se assumem como tal porque isso lhes faz lembrar o Otelo Saraiva de Carvalho, personagem que, por sua vez, é pensionista, malgrado o nome.

Seja como for, é como disseste - e bem -, ó Passos, ninguém, nem mesmo um pensionista merece esta indefinição sobre o seu futuro imediato (a médio prazo, os pensionistas têm um futuro claro que passa por funerárias, cemitérios e gastos do Estado sob a forma de subsídio de funeral). Por isso, bastou-me ouvir-te para decidir eu também:

"Não farei mais propostas para reformar a segurança social"! 

Angola: EM CABINDA OU NO HUAMBO A INTIMIDAÇÃO ESTÁ NAS RUAS



Folha 8, 16 agosto 2014

A intimida­ção política contra to­dos aque­les que se atrevem a pensar de forma diferente daquela que está estipulada pelo re­gime, embora a Constitui­ção diga o contrário, volta a recrudescer. Em matéria de liberdade de expressão o Estado dá um passo à frente e uma dúzia atrás. Por este andar está cada vez mais perto do tempo do partido único.

Um dos casos mais recen­tes teve a ver com o padre Casimiro Congo, figura emblemática de Cabinda e opositor do regime de Luan­da. As forças de segurança, armadas até aos dentes, cer­tamente temendo que es­condesse algum armamento letal dentro da Bíblia, cerca­ram a sua casa.

Por outro lado, a UNITA está preocupada com cres­cimento de actos de intole­rância (leia-se agressões físi­cas) política em todo o país, sendo o caso mais recente verificado no Huambo.

Normal está o processo de intimidação aos jornalistas que, exactamente por terem essa profissão, teimam em dizer o que pensam ser a ver­dade. E como esta não coin­cide com a cartilha do regi­me, vão sendo perseguidos de todas as formas e feitio.

Em Cabinda, o padre Casi­miro Congo, afastado em 2011 do exercício clerical da Igreja Católica, exac­tamente por entender – e bem – que a Igreja não é um departamento político do MPLA, continua a ser per­seguido pelos serviços se­cretos e pelo comando pro­vincial da Polícia Nacional.

Não é, reconheça-se, algo de novo para o padre Con­go. Ele teima em dizer aos que se julgam donos do país e arredores que, custe o que custar, só é derrotado quem deixa de lutar, acrescentan­do que deixar de lutar é algo que os cabindas não sabem o que é. Também diz que só aceita estar de joelhos perante Deus. Perante os homens, mesmo que arma­dos até aos dentes, ficará sempre de pé.

Falando à Voz da Alema­nha, Casimiro Congo de­nunciou que no domingo, por volta das quatro horas da manhã, a sua casa esteve cercada por cerca de 45 mi­litares fortemente armados, sob a direcção do coman­dante da polícia local, Cris­to Liberal, e do responsável local dos serviços secretos. As forças de segurança te­rão intimidado as pessoas que entravam e saíam da sua residência.

Neste aspecto as forças re­pressivas do regime têm razão. Essa coisa de as pes­soas visitarem a casa de um padre, que ainda por cima não é – ao contrário de ou­tros - filiado no MPLA, é um luxo típico dos regimes democráticos e dos Estados de Direito. Ora, não sendo Angola nem uma coisa nem outra, todos devemos saber que esse tipo de visitas só é possível com autorização especial do rei-presidente, ou não fosse ele o “escolhi­do de Deus”.

Sabe-se que um grupo de oração reúne-se todas as manhãs em casa do padre Congo, depois das autorida­des terem fechado no mês passado uma Igreja ligada a si, denominada “Igreja Ca­tólica das Américas”.

Mais uma vez há lugar a um crime contra a segurança do Estado. Desde logo pelo nome escolhido. Se ainda fosse “Igreja Católica do MPLA”, ou talvez “Igreja Católica do Escolhido de Deus”, ainda seria possível estar dentro da legalidade…

“Aqui em Cabinda, o que não está sob a cobertura do Governo, habitualmente, não consegue subsistir. Há pessoas que, cá em Cabin­da, constituem um proble­ma para o Governo. Eu sou uma delas”, afirma o padre Casimiro Congo, acrescen­tando não saber “por que razão o regime angolano não compreende que não é hostilizando as pessoas que se resolve o problema de Cabinda.”

O regime está apenas a seguir o que foi praticado, embora há já muitos anos, por Portugal em relação a Angola. Ao entenderem que eramos uma província portuguesa usavam e abu­savam da mesma técnica de hostilidade, intimida­ção, perseguição, prisão e assassinatos. O mesmo fez a Indonésia em relação a Timor-Leste ao tempo que dizia que este território era uma sua província.

Para proteger a sua inte­gridade física e a da sua família, o padre Casimiro Congo deslocou-se à Pro­curadoria-Geral da Repú­blica em Cabinda para dar conhecimento da ocorrên­cia. Anunciou, inclusive, que vai intentar uma acção judicial contra os respon­sáveis da polícia e dos ser­viços de inteligência. “Eles não me podem tratar como um delinquente, porque eu não sou delinquente”, diz o padre, se bem que saiba exactamente que todos os que não são afectos ao re­gime são delinquentes da pior espécie.

Este caso surgiu na mesma altura em que deputados da UNITA visitarem a provín­cia do Huambo para ave­riguar o “crescimento dos actos de intimidação e in­tolerância política” naquela região.

Na ocasião, Raúl Danda, chefe da bancada parla­mentar do maior partido da oposição, falou também da situação em Cabinda, denunciando a existência de perseguição política e violação dos direitos huma­nos na província, afirmando mesmo que há, neste mo­mento, uma forte presença militar nas áreas do Lika, Luango e noutras zonas centrais do enclave, que já terá levado à detenção ile­gal de vários cabindas.

“Porque terá havido algu­mas acções – não se sabe se foram da autoria da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) ou se foram simuladas. Mas es­tão a prender pessoas lá. Há pessoas que morrem em Cabinda. É preciso aca­bar com isto”, afirmou Raúl Danda.

Entretanto, dez feridos gra­ves e seis desaparecidos foi o balanço de mais um bár­baro acto de intolerância política ocorrido no domin­go na comuna da Chenga, adstrita ao município de Ucuma, a 90 quilómetros da cidade do Huambo. Entre os feridos estão os secretários municipais da UNITA e da JURA, Abel Carlos Tiago “Lito” e Luís Chianga, respectivamen­te, que foram vítimas de violência organizada pelo Comandante Municipal da Polícia Nacional, George Mbaluku Sankara.

De acordo com testemu­nhas oculares, foi este ofi­cial da PNA que comandou os agressores da JMPLA. “Executem o Secretário, é muito teimoso” disse termi­nantemente George Mba­luku Sankara aos jovens do MPLA que estavam enqua­drados por agentes da PNA à paisana.

“O MPLA inconformado com a força da UNITA jun­to do povo, instrumentaliza os sobas e as administra­ções para a prática de actos que violam a Constituição da República de Angola (CRA) e minam o espírito de coabitação e convivên­cia na diferença”, afirma o Galo Negro em comunica­do.

OS CAMINHOS DA SEGURANÇA



Jornal de Angola, editorial - 18 de Agosto, 2014

A segurança regional em África constitui um desafio de todos os Estados, associados ou não em organizações sub-regionais e vivendo ou não problemas de instabilidade militar.

A história recente de África e das suas diferentes regiões tem provado que a melhor maneira de enfrentar o problema é contribuir para a solução de problemas com uma natureza transnacional e transfronteiriça.

Luanda acolheu mais uma cimeira que reuniu Chefes de Estado e de Governo da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), convocada pelo seu presidente em exercício e Chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos. Tratou-se de um encontro que ocorreu na sequência dos acertos políticos e diplomáticos multilaterais com vista a avaliação da materialização de deliberações adoptadas, tendo em conta a paz e estabilidade na sub-região.

África vive desafios que exigem dos actores políticos medidas e estratégias que salvaguardem a paz e a estabilidade, a começar pela adopção de medidas internas no que a preparação e apetrechamento das forças de defesa e segurança dizem respeito.

A concertação regular entre as lideranças da organização sub-regional constitui um trunfo importante para a coordenação de esforços conjuntos e para minimizar a dispersão de recursos de uma eventual actuação isolada. Todos os Estados membros da CIRGL são chamados a jogar um papel determinante na garantia da segurança e estabilidade interna como forma de assegurar a dos outros Estados.

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, foi assertivo quando defendeu que “cada um de nós, cada Estado deve constituir-se na garantia de segurança dos outros a fim de criarmos um clima de boa vizinhança e estabelecermos relações estáveis e duradouras entre nós, necessárias para o desenvolvimento e para a nossa afirmação no plano internacional”. Acreditamos que os países da sub-região há muito compreenderam que uma ameaça local tem um forte potencial em constituir-se numa ameaça regional, tal como prova o conflito interno ugandês. O Exército de Resistência do Senhor, chefiado por um dos “senhores da guerra” mais procurados em África, que teve circunscritas as suas acções no Uganda, estendeu as suas atrocidades para o território da RDC e do Sudão do Sul.

O tempo urge que se tomem medidas eficazes na inversão do quadro ainda prevalecente na sub-região que, como as evidências assim o demonstram, carecem de reactualização, análise e reajuste no sentido da contínua busca de soluções para os problemas.

A situação interna de vários países membros da CIRGL, nomeadamente a República Centro-Africana, a República Democrática do Congo e a República do Ruanda, apenas para mencionar estes, ainda inspira muitos cuidados à toda a organização.

O Chefe de Estado angolano voltou a lembrar que persistem ainda duas situações que perigam a estabilidade, nomeadamente o que ainda resta do M23, movimento político e militar congolês que precisa de ser desarmado e reintegrado, e das Forças Democráticas de Libertação do Ruanda, que lutam contra o Governo legítimo do Presidente Paul Kagamé, no Ruanda. Trata-se de “forças negativas”, que continuam a actuar como verdadeiros factores impeditivos dos processos que levem à paz, ao diálogo e  reconciliação nacional inclusivos, bem como acomodação de interesses políticos nem sempre convergentes.

A promoção dos mecanismos que garantam a segurança regional, além da concertação política, passa também pela preparação das forças de defesa e segurança, enquanto garantes da estabilidade. As forças armadas, apartidárias e republicanas, modernizadas e preparadas, constituem um activo importante dos Estados modernos.   

A mini-cimeira de Luanda teve, entre outros objectivos, a avaliação do  balanço sobre a implementação das deliberações da última reunião sobre a República Democrática do Congo e das reuniões dos Ministros da Defesa dos países membros da CIRGL. Não há dúvidas de que os Chefes de Estados e de Governo presentes em Luanda souberam identificar os passos já dados em torno dos objectivos que perseguimos para colocar a sub-região entre as mais estáveis do continente. Está na hora dos países membro da CIRGL continuarem a pautar a sua actuação de forma coordenada, refinando e actualizando os mecanismos em função da conjuntura, para melhor assegurarem a efectivação da paz e segurança.

Para frente ficam desafios para enfrentar e com êxito, numa altura em que a paz e a estabilidade são mais do que instrumentos urgentes para viabilizar o desenvolvimento e progresso. Nada mais pode condicionar a marcha que os países membros da CIRGL fazem, inseridos em processos avançados de integração regional, para garantir que as pessoas e bens circulem para benefício do progresso e desenvolvimento.

Foto: ANGOP – Pedro Fontes

APOSTA NA EXPORTAÇÃO UM DESAFIO DE ÁFRICA



João Dias, Victoria Falls – Jornal de Angola

Os caminhos para uma efectiva integração regional capaz de proporcionar desenvolvimento, estabilidade, segurança e bem-estar da região austral do continente são traçados desde ontem, em Victoria Falls, Zimbabwe, pelos Chefes de Estado e de Governo da SADC.

O Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, participa nos trabalhos da Cimeira, em representação do Presidente José Eduardo dos Santos.  

Ontem, na abertura dos trabalhos, a secretária executiva da SADC, Lawrence Tax, destacou os significativos avanços que a região conseguiu nos últimos anos no plano de desenvolvimento, segurança e democracia. Por isso, congratulou-se com o modo ordeiro e pacífico das recentes eleições em Madagáscar, África do Sul, Malawi e Swazilândia. Desde a última Cimeira, foram dados passos importantes em matéria de estabilidade, paz e segurança. 

Embora a integração regional esteja ainda a sofrer algum revés na sua concretização, disse, o processo está a ganhar um novo ímpeto, assim como a adesão à Zona de Comércio Livre. Lawrence Tax defendeu que os Estados membros olhem com profundidade para a questão da transformação económica da região. Sublinhou que tudo isso passa pelo desenvolvimento da agricultura e pela criação de infra-estruturas e falou da grande transformação económica por que passaram os chamados “tigres asiáticos\", referindo-se à possibilidade que o continente tem para catapultar o seu nível económico. 

As Ilhas Seychelles juntaram-se ao protocolo de Comércio. Na frente económica, a região registou um crescimento no PIB de 4,7 por cento em 2013 e a taxa de inflação manteve-se em 7,1 por cento em média. Registaram-se poupanças nacionais de 17,7 por cento e em relação ao investimento a região teve um crescimento de sete por cento. “A SADC tem registado progressos a nível de negócios e competitividade em geral, factores importantes para a nossa integração económica\", referiu Lawrence Tax. 

A presidente da Comissão da União Africana, Nkosazana Dlamini-Zuma, chamada a intervir, disse guardar grandes esperanças no futuro do continente e referiu que África deve ser vista como o próximo pólo de desenvolvimento do mundo, pois é o “continente das oportunidades infinitas\".

Tal como a SADC sustenta, Dlamini-Zuma defendeu que o continente, principalmente a organização regional, mude de paradigma na forma de fazer negócios com o exterior, sendo necessário agregar valor aos produtos feitos e não exportá-los como meras matérias-primas. “É necessário apostar na exportação com mais-valias, valor acrescentado e beneficiação. África é dotada de minérios raros, hoje usados nas tecnologias aplicadas\", notou Dlamini-Zuma, acrescentando que, com todas estas riquezas, África tem condições para estar ao nível dos “tigres asiáticos\".

 Dlamini-Zuma sugeriu a criação de estruturas para o ensino virtual e a criação da universidade electrónica, principalmente para beneficiar e potenciar as mulheres. “Quando as mulheres são potenciadas, todos ganham\", salientou, referindo que é fundamental olhar para o engrandecimento da mulher e a redução da pobreza, através de uma agricultura vista na perspectiva de “agro-negócio\" e não de simples subsistência.

Passagem de testemunho

O Chefe de Estado do Malawi, Arthur Mutharika, passou ontem a presidência da SADC ao seu homólogo do Zimbabwe, Robert Mugabe. No seu primeiro discurso como presidente da organização regional, Mugabe falou da necessidade de se partir para uma verdadeira consolidação da Integração Regional e para a questão da Zona de Comércio Livre, mas advertiu que é fundamental que os países trabalhem no amadurecimento das suas indústrias.  “Juntos podemos assegurar que a região siga os seus objectivos, mas não podemos perder de vista a nossa agenda de integração\", notou, alertando que a região não pode conceber programas que não consiga financiar com os seus próprios recursos.

O também Presidente anfitrião criticou o facto de, actualmente, 60 por cento dos projectos concebidos na região estarem a ser financiados por entidades exteriores ao continente.  Robert Mugabe disse que é preciso repensar o modo como África procede em matéria de negócios ou relações comerciais, tendo defendido que está na hora de parar com as exportações das matérias-primas sem valor agregado. “Devemos parar de exportar matérias-primas. Temos de exportar produtos acabados. Os nossos recursos podem jogar um papel fundamental no crescimento económico e na nossa posição no mundo\", salientou.

Sobre a Zona de Comércio Livre disse notar e estar preocupado com os sérios desequilíbrios existentes entre os países da região. E relativamente à paz e segurança, referiu que a SADC continua a ser uma das zonas mais estáveis.

“Nunca devemos desistir quando se trata de buscar a paz, seja onde for\", defendeu, ao fazer alusão ao actual estado de paz e estabilidade de Madagáscar, que voltou à Cimeira cinco anos depois. 

Robert Mugabe felicitou o sucesso das eleições na África do Sul, Malawi e Madagáscar e condenou a situação de tensão e conflito na Faixa de Gaza. 

Durante a cerimónia de abertura da Cimeira, foi lançado o Anuário de Estatística da SADC, que reúne dados dos anos que vão de 1980 até 2012. Robert Mugabe, ao proceder ao lançamento do Anuário, considerou-o um instrumento de mais-valia, pois vai acompanhar as tendências da região, e por ser um instrumento de consulta para académicos e também políticos.

A Cimeira, que encerra hoje, decorre sob o lema “A estratégia da SADC para a transformação económica: mobilizando os recursos diversos da região para o desenvolvimento social e económico sustentável através da beneficiação e o acréscimo de valor”. A delegação angolana é integrada pelos ministros da Agricultura, Afonso Pedro Canga, e do Comércio, Rosa Pacavira, assim como pelos secretários de Estado das Relações Exteriores e dos Transportes para a Avião Civil, Manuel Augusto e Mário Dominguês, respectivamente.

Foto: António Escrivão – ANGOP

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Ébola: EUROPA SUSPENDE REPATRIAMENTO DE IMIGRANTES PARA NIGÉRIA




A agência responsável pelo controlo das fronteiras da União Europeia decidiu hoje suspender os voos de repatriamento de imigrantes indocumentados para a Nigéria, um dos países com casos confirmados de vírus Ébola.

Ewa Moncure, porta-voz da Frontex, com sede em Varsóvia, capital da Polónia, disse à AFP que os voos de repatriamento co-organizados pela agência "estão suspensos sem data-limite".

Quatro pessoas já morreram na Nigéria, em sequência do vírus Ébola, que se transmite por contacto direto com sangue, fluidos ou tecidos de pessoas ou animais infetados, provocando febres hemorrágicas que, na maioria dos casos, são fatais.

Segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde, o Ébola causou, em cinco meses, 1.145 mortos, em maior número na Libéria (413), seguido de Guiné-Conacri (380) e Serra Leoa (348).

"Alguns países [da UE], caso da Áustria, tomaram uma decisão semelhante", suspendendo os voos de repatriamento para países afetados pelo vírus Ébola, adiantou a porta-voz da Frontex.

Os voos de repatriamento são, na maioria dos casos, organizados pelos países onde os imigrantes em situação irregular são detetados, com a Frontex a co-organizar e co-financiar apenas cerca de dois por cento desses voos.

Em 2013, os países da UE repatriaram mais de 160 mil imigrantes em situação irregular, sobretudo para Albânia, Paquistão, Índia e Rússia.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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OBAMA MENTE, MENTE, MENTE: NUNCA EXISTIU “CERCO DO MONTE SINJAR”




Não esperamos que haja operação adicional para evacuar pessoas daquele monte, e é improvável que tenhamos de continuar a operação de lançar ajuda humanitária do ar, sobre o monte - Obama continuou.

Rompemos o cerco do ISIL no Monte Sinjar, disse Obama. Não esperamos que haja operação adicional para evacuar pessoas daquele monte, e é improvável que tenhamos de continuar a operação de lançar ajuda humanitária do ar, sobre o monte - Obama continuou. Essa declaração de "rompemos o cerco" é mentira. Nunca houve "cerco" a ninguém no Monte Sinjar ou arredores.

Os yazidis que fugiram foram rapidamente evacuados e chegaram à Síria, considerados bem-vindos, em operação executada por forças do Partido dos Trabalhadores do Curdistão, PKK na sigla curda, e YPG, de rebeldes curdos sírios. Há agora cerca de 15 mil yazidis na parte curda da Síria. Alguns milhares de refugiados podem ainda estar nas montanhas, mas os pastores nômades que vivem ali provavelmente os ajudarão e guiarão. O PKK já estava fazendo esse serviço três dias antes de acontecer a primeira ação dos EUA. Dia 6/8/2014, o GulfNews noticiou: "Militantes do PKK chegaram à área de Jabal Sinjar, onde estão protegendo os sinjaris contra ataques" de militantes - disse Penjweny. Mas outro funcionário do PUK alertou que talvez demorasse um pouco, antes de os civis poderem ser resgatados. 

"O PKK está trabalhando para abrir uma passagem segura para os desalojados; não é fácil e pode demorar vários dias" - disse Harem Kamal Agha. Aqui se vê um vídeo (a seguir, no fim do parágrafo), carregado dia 8/8/2014, sob o título "YPG e PKK resgatam refugiados de Sinjar", que mostra parte da operação de evacuação. Observem os caminhões-tanques com água e/ou gasolina, para manter a marcha dos refugiados. 

O PKK fez ainda mais do que resgatar os yazidis: 60 guerrilheiros PKK chegaram a Lalesh, local sagrado dos #yazidis, para defender o santuário pic.twitter.com/oJ8qEp1wnM #ISIS #ISIL #Kurdistan A única razão pela qual Obama mandou tropas e jatos para lá foi proteger a cidade de Erbil onde há um centro da CIA, o aeroporto internacional e prédios-sedes de várias empresas "ocidentais" de petróleo. Quando os jatos dos EUA começaram a bombardear umas poucas posições do ISIL próximas de Erbil, a maioria dos yazidis já estavam em segurança e a caminho para bem longe das montanhas. Os EUA anunciaram os primeiros ataques aéreos na 6ª-feira, 8/8/2014; mas o PKK iniciara a operação para ajudar os yazidis na 3ª-feira, 5/8/2014. Jamais houve qualquer bloqueio ou sítio e os yazidis estavam em segurança a caminho da Síria, onde os refugiados receberam ajuda também do PKK. 

Mas esse bom serviço, bem feito, foi serviço executado pelos socialistas do PKK e do YPG. O Departamento de Estado dos EUA classifica oficialmente o PKK como "grupo terrorista", por sua luta contra o estado turco. Diferentes da guerrilha peshmerga comandada pelo líder curdo iraquiano Barzani, aquele pessoal é treinado, tem disciplina para combate e podem ser bem sucedidos contra o ISIL e outras organizações jihadistas.

Mas esta é uma história que Obama não quer contar. Obama precisa de uma desculpa para reintroduzir o exército dos EUA no Iraque - mas para proteger as empresas norte-americanas que estão extraindo petróleo por lá e para pressionarem para mudar o regime ("golpe") em Bagdá. O "cerco" do Monte Sinjar foi primeira desculpa que apareceu à mão. Quase tão boa quanto o afundamento do Maine e o "incidente" no Golfo de Tonkin. 

[*] "Moon of Alabama" é título popular de "Alabama Song" (também conhecida como "Whisky Bar" ou "Moon over Alabama") dentre outras formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille  (1927) de Bertolt Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em 1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny.
Nessa utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e The Doors (1967).
A seguir podemos ouvir versão em performance de Tim van Broekhuizen.
http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/08/obama-mente-mente-mente-nunca-existiu.html
http://goo.gl/986WTV - [A rede castorphoto é uma rede independente tem perto de 41.000 correspondentes no Brasil e no exterior. Estão  divididos em 28 operadores/repetidores e 232 distribuidores; não está vinculada a nenhum portal nem a nenhum blog ou sítio. Os operadores recolhem ou recebem material de diversos blogs, sítios, agências, jornais e revistas eletrônicos, articulistas e outras fontes no Brasil e no exterior para distribuição na rede]
O MENTIROSO EM CHEFE - Moon of Alabama* Obama Lies - There Never Was A "Siege Of Mount Sinjar" - 
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu Obama hoje [e, francamente, com cara de doente (NTs)]: Vídeo: President Obama Delivers a Statement

Pravda.ru

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OTAN PRECISA DESESPERADAMENTE DE GUERRA




A Organização do Tratado do Atlântico Norte está desesperada; comicha de desejo de guerra no campo de combate ucraniano, quer-que-quer custe o que custar

Comecemos pelo Supremo do Pentágono, Chuck Hagel, secretário de Defesa dos EUA, que entrou em surto poético ao falar da "ameaça" do Urso Russo: "Quando se veem aquelas tropas chegando, a sofisticação daquelas tropas, o treino daquelas tropas, o equipamento militar pesado acumulado ali, naquela fronteira... ah, claro que é real, é ameaça, é possibilidade - com certeza. É."

Pepe Escobar, Asia Times Online

Oana Lungescu, porta-voz da OTAN, não conseguiu decidir se era "ameaça" ou "realidade", "com certeza" ou sem, mas ela viu tudo: "Não vamos nos pôr a adivinhar o que anda pela cabeça dos russos, mas se vê, sim, o que a Rússia está fazendo em campo - e o que se vê é muito preocupante. A Rússia postou cerca de 20 mil soldados prontos para combate na fronteira leste da Ucrânia." 
Em OTANês, língua de OTAN, marca registrada de absoluta precisão e rigor, Lungescu então acrescentou que a Rússia "bem provavelmente" estaria enviando tropas para o leste da Ucrânia disfarçadas como "missão humanitária ou de paz". E estamos conversados.

Hagel e Lungescu, sua assecla romena telecontrolada, obviamente não leram o boletim de informação detalhada distribuído pelo porta-voz das Forças Armadas Russas:[1] a "ameaça" e a "acumulação de exércitos" acabarão nessa 6ª-feira, último dia de exercícios militares que os russos anunciaram com antecedência.

Fog(h) da Guerra está muito nervoso, preocupado, desagradavelmente excitado

Imediatamente na sequência, o secretário-geral da OTAN Anders "Fog(h) da Guerra" Rasmussen chegava a Kiev praticamente espumando guerra pela boca, pronto para lançar os fundamentos da reunião de cúpula da OTAN que acontecerá em Gales, dia 4/9, quando a Ucrânia, já entronizada como principal aliado não membro da OTAN, deve ser lançada avante, à velocidade da luz, já armada (até os dentes) pela OTAN. E, além do mais, a OTAN está pronta para ser seriamente "ampliada" na Polônia, Romênia, nos Bálticos e até na Turquia.

Mas foi quando todas as variantes derivadas do Khaganato dos Nulands ("Nuland" como em "Victoria Nuland", secretária-assistente de Estado para Assuntos Europeus e Eurasianos dos EUA) saltaram fora dos parafusos, completamente fora de controle. Pode-se imaginar o vaidoso, presunçoso Fog(h) da Guerra tentando em vão exibir alguma compostura.

Exigiu considerável esforço, quando teve de assistir ao show que lhe apresentou o presidente da Ucrânia Petro Poroshenko - oligarca de carteirinha, praticante obstinado das práticas menos decentes - que furiosamente tentava expulsar da praça Maidan os manifestantes originais, que estão de volta ao centro de Kiev;[2] é o mesmo povo que no final do ano passado começou a protestar e que depois foi sequestrado pelos patrões dos neoconservadores dos EUA e nazistas do Setor Direita do Banderastão (tipo príncipe Bandar bin Sultan).

Os manifestantes originais da praça Maidan em Kiev - uma espécie de "Occupy Kiev" - opunham-se à monstruosa corrupção e queriam o fim da dança sem fim dos oligarcas ucranianos. Só conseguiram ainda mais corrupção; a mesma dança dos oligarcas; um estado falido, em guerra civil e que já assumiu que promove limpeza étnica de pelo menos 8 milhões dos próprios cidadãos; e, além do mais, estado falido-falhado a caminho de ser ainda mais empobrecido pelo "ajuste estrutural" promovido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Não surpreende que não arredem pé da praça Maidan.

Quer dizer: Maidan - O Retorno - já começou, antes até da chegada do General Inverno. Poroshenko-rei-do-chocolate tem de conseguir esvaziar aquela praça o mais depressa possível, porque a volta dos protestos de rua em Kiev absolutamente não combina com a narrativa histérica da imprensa-empresa ocidental segundo a qual "é tudo culpa de Putin". Na verdade, a corrupção é hoje ainda pior que antes - porque incorporou muitos sobretons neonazistas.

Com Fog(h) da Guerra já espumando porque "a Rússia não invade", o pomposamente denominado "Secretário" de Segurança Nacional e do Conselho de Defesa da Ucrânia, o neonazista Andrey Parubiy - que é candidato nato à acusação de ter ordenado o tiro que derrubou mês passado um avião civil malaio [MH17] - resolveu renunciar; é rato confirmado que abandona navio que afunda, movimento provocado provavelmente por o rato não ter conseguido estender sua limpeza étnica para toda o leste da Ucrânia e estar tendo de engolir um cessar-fogo. Poroshenko não é idiota; depois de toneladas de números péssimos nas pesquisas de aprovação popular, já viu que o "apoio amplo" com que contou está evaporando minuto a minuto.

Completando toda essa agitação, um míssil cruzador entra no Mar Negro novamente para "promover a paz". O Kremlin e a inteligência russa facilmente veem aí o que há para ver.

E há ainda a horrenda crise de refugiados que cresce no leste da Ucrânia. 3ª-feira passada, Moscou, em reunião do Conselho de Segurança da ONU, exigiu que se tomem medidas humanitárias de emergência - sem resultado, como se pode prever. Washington bloqueou a ação, porque Kiev a bloqueou ("Não há crise humanitária alguma"). O embaixador russo Vitaly Churkin descreveu a situação em Donetsk e Luhansk como "desastrosa"; e disse que Kiev está intensificando as operações militares.

Segundo a própria ONU, pelo menos 285 mil pessoas já se tornaram refugiadas no leste da Ucrânia. Kiev insiste que o número de refugiados internos é de "apenas" 117 mil; a ONU duvida. Moscou continua a afirmar que assustadores 730 mil ucranianos fugiram para a Rússia; o Alto Comissariado da ONU para Refugiados confirma. Alguns desses refugiados, em fuga de Semenivka, em Sloviansk, informaram detalhes sobre o N-17 que Kiev está usando: é versão ainda mais mortífera do fósforo branco.

Quando o embaixador Churkin mencionou Donetsk e Luhansk, referiu-se aos bandidos de Kiev que se preparam para atacar massivamente. Já estão bombardeando os arredores de Petrovski em Donetsk. Quase metade dos moradores de Luhansk já fugiram, a maioria para a Rússia. Os que ficaram são quase todos aposentados idosos e famílias com filhos pequenos.

Falar de "crise humanitária" é muito pouco: não há água, nem eletricidade, nem comunicação, nem combustível, nem remédios em Luhansk. A artilharia pesada de Kiev destruiu quatro hospitais e três clínicas. Para resumir: Luhansk é a Gaza ucraniana.

Numa simetria sinistra, assim como dá passe livre para Israel destruir Gaza, o governo Obama também está dando passe livre para os açougueiros de Luhansk. É há até uma variante. Obama estava sem saber se bombardeava os bandidos do Estado Islâmico do Califa no Iraque, ou se, quem sabe, jogava pacotes de ajuda humanitária. Optou por (talvez) bombardeio "limitado" com correspondentes, podem-se prever, doses também limitadas de água e comida.[3]

Assim sendo, em palavras bem claras: para o governo dos EUA "pode ser que haja uma catástrofe humanitária" no Monte Sinjar no Iraque, envolvendo 40 mil pessoas. Como também pelo menos 730 mil leste-ucranianos, aqueles iraquianos têm pleno direito de serem bombardeados, detonados, atacados por aviões armados, e de serem convertidos em mortos ou em refugiados.

A nova Somália 

A linha vermelha de Moscou é bem explícita: a OTAN não põe os pés na Ucrânia. A Criméia é parte da Rússia. Nenhum soldado dos EUA põe os pés perto das fronteiras russas. Integral proteção à identidade cultural russa no sul e leste da Ucrânia.

De qualquer modo a crise humanitária - real (mas Washington nega) - é completamente outro assunto muito grave. As forças de Kiev não estão equipadas para sustentar prolongado confronto de guerra urbana. Mas, assumindo que aquelas forças - misto de militares regulares; esquadrões-da-morte/terrorismo financiados pelos oligarcas; guarda nacional "voluntária" ucraniana infestada de neonazistas; mercenários de várias nacionalidades treinados pelos EUA - decidam atacar em carnificina-de-massa para tomar Donetsk e Luhansk, pode-se argumentar que Moscou terá de considerar o que os 'especialistas' da OTAN chamam de "limitada intervenção por solo" na Ucrânia.

Os 'especialistas' da OTAN são suficientemente tolos a ponto de crer que, se Putin pode disfarçar a intervenção sob a máscara de uma missão humanitária ou para preservar a paz, ele conseguiria também convencer, da mesma falcatrua, também a opinião pública russa. A verdade é que Putin ainda não "invadiu" porque a opinião pública russa não quer a invasão. A popularidade de Putin já alcançou espantosíssimos 87%.[4] Só uma carnificina em massa (improvável) perpetrada em Kiev poderia alterar esses números e separar a opinião pública e o governo russos. Considerando que esse afastamento é precisamente o que a OTAN mais deseja, Fog(h) da Guerra estará trabalhando horas-extras para forçar seus vassalos a produzir a tal carnificina em massa.

De qualquer modo, considerando-se desenvolvimentos recentes, o que os fatos em campo apontam é que a atual dança dos oligarcas em Kiev já começou a desandar - como se vê nesse evento, em que mulheres queimam os documentos de alistamento militar obrigatório bem diante dos militares.[5] Moscou nem terá de se incomodar com avaliar a possibilidade de "invadir". Enquanto isso, o genocídio em câmera lenta de Poroshenko no leste da Ucrânia e os ataques contra Maidan "O Retorno" em Kiev continuarão a usufruir direitos de passe livre. Aí está, diante de todos, a Ucrânia como nova Somália; adequada Criatura gerada pelo Frankenstein Império do Caos excepcionalista. *****

Pepe Escobar, Asia Times Online, em Pravda.ru


ASSANGE DIZ QUE DEIXARÁ A EMBAIXADA DO EQUADOR “EM BREVE”




Refugiado na sede da diplomacia equatoriana em Londres há mais de dois anos, fundador do Wikileaks não explica razões da decisão nem estabelece data exata para saída. Imprensa britânica especula sobre problemas de saúde.

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, anunciou nesta segunda-feira (18/08) que deixará em breve a Embaixada do Equador em Londres, onde se refugia há mais de dois anos. O australiano, porém, não explicou as razões de sua decisão nem deu uma data concreta para a sua saída.

“Devo deixar a embaixada em breve. Mas talvez não pelas razões que a imprensa de Murdoch e da Sky News afirmam no momento”, disse Assange a jornalistas reunidos no local.

Pouco antes, o canal britânico, parte do conglomerado do magnata Rupert Murdoch, havia anunciado que o fundador do WikiLeaks cogitava deixar a embaixada devido a problemas de saúde.

Questionado sobre seu estado de saúde, Assange disse que qualquer pessoa seria afetada se passasse dois anos dentro de um prédio sem área externa ou luz do sol direta. A se de embaixada é um pequeno apartamento de andar térreo nas proximidades da loja de departamentos Harrods.

Em 2012, depois de fazer uma série de revelações sigilosas sobre o governo americano, o australiano se viu obrigado a procurar asilo para escapar de uma extradição para a Suécia, onde é acusado de estupro. O Equador decidiu conceder asilo a Assange, mas a polícia britânica diz que, se ele deixar embaixada, vai detê-lo.

Durante a coletiva de imprensa, estava presente também o ministro das Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patino, que conclamou os governos envolvidos no caso a tomarem providências.

“A situação precisa terminar – dois anos é tempo demais”, disse ele. “Nós continuamos a oferecer nossa proteção a ele. Continuamos dispostos a negociar com os governos britânico e sueco para encontrarmos uma solução para essa séria violação dos direitos humanos.”

Deutsche Welle – Edição; Rafael Plaisant - IP/ap/afp/rtr

IMPRESSÕES DE NY: A REVOLTA DE FERGUSON



Edson Cadette – Afropress, colunista

Manhattan, Nova York – Ferguson, uma pequena cidade de apenas 21 mil habitantes, no Estado de Missouri (Meio-Oeste) está em chamas há uma semana, desde que o jovem Michael Brown foi assassinado, aparentemente, sem qualquer razão por um policial branco. O crime aconteceu no dia 09 de agosto último.

Segundo testemunhas, o jovem estava com a mão levantada quando foi morto. Detalhe: Michael Brown, de 18 anos iria começar a Faculdade dois dias depois. Desde sua morte, os distúrbios ocorrem diáriamente. A morte do adolescente foi o estopim para incendiar a já tensa relação entre a Polícia, majoritáriamente branca, e os moradores, na sua maioria negros.

O Departamento de Justica dos EUA, sob a direção de Eric Holder, investiga as circunstâncias do crime. Nem mesmo o pronuciamento do presidente Barack Obama, que fez críticas públicas ao comportamento da Polícia de Ferguson, acalmou os ânimos. Com a popularidade em níveis baixíssimos, mesmo entre eleitores negros,  a fala de Obama não surtiu o efeito esperado, nem acalmou os ânimos.

Os confrontos se sucedem e continuaram neste sábado (16/08), conforme relatam as agências de notícias. De um lado, a Polícia portando armas de grosso calibre; de outro, manifestantes enfurecidos. Autoridads locais e federais buscam formas de fazer cessar os conflitos, até agora sem sucesso.

Como, normalmente acontece em  situações desse tipo, jornalistas se tornaram alvos no fogo cruzado dos enfrentamentos Polícia x manifestantes indignados.

Danny Lyon, um velho fotógrafo, cujo trabalho é conhecido desde à época das grandes manifestações do Movimento pelos Direitos Civis, na década de 60, disse ter ficado impressionado com as imagens na TV.

Se na época, os policiais brancos carregavam rifles e se faziam acompanhar por cães pastores, em Ferguson de 2014, a mesma Polícia usa uniformes equipados com capacetes e máscaras de gás e porta metralhadoras.

As imagens de Fergusson em chamas remetem às cenas quase diárias dos conflitos Polícia x moradores nas favelas do Rio, e não são usuais para uma pequena cidade no meio oeste Americano.

“Não parecia como os EUA. Parecia mais com Soweto”, disse Lyon, referindo-se a cidade na África do sul que ficou conhecida por causa dos protestos durante o regime do apartheid. “Parecem soldados, e o trabalho do soldado não é proteger. O trabalho deles é matar pessoas e devem estar preparados para morrer.”

O historiador Martin A. Berger, professor universitário na Califórnia e autor do livro “Seeing Through Race: A Reinterpretation of Civil Rights Photography” (trad – Vendo Através da Raça: Uma Reinterpretação das Fotografias dos Direitos Civis) disse que as imagens dos manifestantes atirando coquetel Molotov ou da Polícia jogando spray de pimenta, lembra a luta pelos direitos civis. Tais imagens, para Berger, podem server para distorcer o entendimento da população deste início de século XXI.

“Não podemos olhar as imagens e dizer que Ferguson é igual a Los Angeles ou Birmingham, porque parece o mesmo”, ressaltou. “Porém, temos que perguntar não apenas, o que é o mesmo, mas também de que forma os EUA mudaram. Ter somente uma outra conversa que termina neste nível de brutalidade policial não nos leva muito longe”, conclui.

Os conflitos, conforme estampam as manchetes dos principais jornais não apenas nos EUA, mas em todo o mundo, continuam. E ninguém sabe quando e como vão parar. O fato é que as cenas já são bem conhecidas dos norte-americanos.

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Portugal: UM REGIME EM COMA



Tomás Vasques – jornal i, opinião

Desfez-se, aos poucos, o sentimento de que vivemos em democracia. E quando isso acontece todas as alternativas, mesmo as providências, são aceitáveis

Parafraseando George Orwell", todas as eleições são iguais, mas algumas são mais iguais do que outras. Dito de outra maneira: todas as eleições são importantes, mas algumas são mais importantes do que outras. As próximas eleições legislativas, em 2015, a quarenta anos de distância das primeiras eleições depois da queda da ditadura, vão ter uma importância igual às eleições que fundaram o regime democrático. Nas eleições de há quarenta anos, de onde resultou a aprovação da Constituição que o actual governo tanto vilipendia, votaram mais de 90% dos portugueses. Nas próximas eleições, em 2015, quebrados por tantas desilusões, e tantas ofensas, votarão muito menos portugueses, mas isso não retirará aos resultados a importância decisiva para o futuro do nosso regime democrático.

Os partidos do "arco parlamentar" atravessam uma profunda crise de credibilidade aos olhos dos eleitores. Esta leitura, que é óbvia em relação aos partidos da coligação que sustenta ao governo - o PSD e o CDS-PP -, ao maior partido da oposição, o PS, e ao Bloco de Esquerda, que começou a lutar pela sobrevivência, não deixa de atingir igualmente o PCP, apesar de este celebrar em todas as eleições a "derrota da direita". É só lembrar que os comunistas já obtiveram em eleições legislativas o dobro da votação que alcançaram em 2011.

Os eleitores já deram um forte sinal, nas eleições europeias, quer quem votou, quer quem se absteve (ou votou branco ou nulo), da sua relutância em dar mais esmola neste peditório bipartidarista à portuguesa. Nestes anos, aumentou o sentimento de que não vale a pena votar porque não há diferenças, são todos iguais; perdeu-se o sentimento de soberania popular: o voto não serve para nada, eles dizem uma coisa para chegarem ao poleiro, e fazem outra quando lá estão. Desfez-se, aos poucos, o sentimento de que vivemos em democracia. E quando isso acontece todas as alternativas, mesmo as providências, são aceitáveis.

Os dados para as próximas eleições estão lançados. No Pontal, através do seu presidente, Passos Coelho, apresentou-se um PSD (que levará a reboque o fragilizado CDS-PP) ressabiado pela incapacidade de governar no quadro da jurisprudência constitucional vigente; cada vez mais populista, querendo representar "maiorias silenciosas" à moda salazarista dos anos 30 (não há que ter receio de chamar os bois pelos nomes); atiçando ódios sociais, culpando os reformados pelo desemprego dos jovens e apelando à participação dos socialistas nesta tramoia, com o cinismo e a hipocrisia de quem fala, agora, por razões apenas eleitorais, na "separação da política dos negócios". Passos Coelho, na ausência de resultados na economia, com o furacão BES a cair-lhe em cima, cujas consequências ainda não estão todas em cima da mesa, tendo às costas o empobrecimento da maioria dos portugueses, vai encetar, até às legislativas, uma fuga para a frente, radicalizando o discurso político populista e amaldiçoando o tribunal constitucional e, nas entrelinhas, a democracia.

O maior partido da oposição atravessa um período interno doloroso, cujas consequências, independentemente de quem ganhar a liderança, não deixarão de produzir um enorme desgaste. A opção de António José Seguro em prolongar esta dor interna durante meses, até finais de Setembro, pelo menos, poderá desgastar a imagem de António Costa, mas vai arrastando o PS para o pântano da "politiquice" de que os portugueses estão fartos. O resultado final não vai ser animador para os socialistas.

É neste quadro de desgaste dos partidos do "arco parlamentar", sobretudo do PSD e do PS, que pode entrar nas contas, não um novo partido, mas uma pessoa: Marinho e Pinto. É por aqui que, nas próximas eleições legislativas, se pode romper com a "tranquilidade" do bipartidarismo que moldou o regime nas últimas décadas. Se tal acontecer, se um homem só absorver uma parte importante do descontentamento, e com isso alterar a "paz do bloco central", o PCP (e o BE, também) deviam perceber que são tão responsáveis pela situação em que vivemos como os partidos que nos têm governado.

Jurista, escreve à segunda-feira

Portugal: Estado contrata Sérvulo Correia (CDS) para assessoria no caso dos Pandur



João D' Espiney – jornal i

Ministério e PGR remetem-se ao silêncio quase dois anos depois de o governo ter denunciado o contrato e quatro após a PGR ter confirmado uma investigação à compra das viaturas blindadas

A Direcção-Geral do Armamento e Infra-estruturas da Defesa (DGAIED) contratou no final de Julho a Sérvulo & Associados para "consultadoria jurídica" no âmbito do tribunal arbitral que foi criado para dirimir o conflito em torno do contrato de compra das viaturas blindadas Pandur.

O contrato, publicado no portal Base (http://www.base.gov.pt/base2/rest/documentos/58559), tem um preço máximo de 175 mil euros (mais IVA), sendo "o preço/hora de 145 euros" (mais IVA) - encargos estes pagos "pelas verbas da Lei de Programação Militar" -, e "mantêm-se em vigor" até ao final do ano "sem prejuízo das obrigações acessórias que devam perdurar para além da cessão do contrato e retroage a 1 de Janeiro deste mesmo ano".

O i tentou obter mais informações junto do porta-voz do ministro da Defesa, nomeadamente, quando é que o tribunal arbitral foi constituído e o que esperam obter deste processo, mas até à hora de fecho desta edição não foi possível obter resposta.

A contratação desta sociedade de advogados ocorre quase dois anos depois de o governo ter anunciado que iria denunciar o contrato assinado em 2005 com a empresa austríaca Steyr (comprada em 2003 pelo grupo General Dynamics), devido "às reiteradas violações do contrato, ao nível do cronograma de pagamentos e do calendário de entregas por parte do fornecedor".

A 14 Dezembro de 2012, o ministro da Defesa chegou a afirmar que o Estado deveria receber nesse dia a "garantia bancária" de 55 milhões de euros resultante da denúncia do contrato. "Creio que hoje mesmo [a garantia bancária] irá ser objecto de transferência" para o Estado Português, disse na altura, referindo que se tal não acontecer haverá "todo um procedimento judicial, que terá de ocorrer".

O contrato, negociado pelo governo de Durão Barroso e Paulo Portas, previa a entrega de 260 viaturas blindadas de rodas 8x8, 240 das quais destinadas ao Exército e 20 à Marinha por um valor global (incluindo contrapartidas) de 516 milhões de euros. "Ao fim de cinco anos de execução contratual o Estado português já devia dispor, em condições de operação, de 166 viaturas e recebeu apenas 21 nessas condições", comentava em 2010 o então ministro da Defesa socialista, Augusto Santos Silva, que já na altura falava na possibilidade de denunciar o contrato.

PGR REMETE-SE AO SILÊNCIO 

Em Agosto de 2010, a Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou que estava a investigar o processo de compra das viaturas blindadas Pandur, na sequência de elementos fornecidos pelo Tribunal de Contas. "Relativamente à aquisição de veículos Pandur, o Departamento de Investigação e Acção Penal está a analisar os elementos recolhidos no processo do Tribunal de Contas para efeitos de decisão sobre se há factos penalmente relevantes que exijam a instauração de inquérito autónomo", afirmou à agência Lusa uma fonte da PGR.

Na terça-feira passada, o i questionou o gabinete da procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, sobre se a investigação tinha dado origem a algum inquérito e se tinham sido constituídos arguidos neste processo mas até à hora de fecho desta edição não recebeu nenhuma resposta.

Em Março deste ano, e a pedido do PS, a Assembleia da República aprovou a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito aos programas relativos à aquisição de equipamentos militares, entre os quais os Pandur II, os submarinos e os aviões F16.

Nos termos da resolução aprovada, a comissão pretende, entre outros objectivos, "apurar com rigor os encargos decorrentes dos compromissos financeiros assumidos pelo Estado português; apurar e identificar as obrigações de prestação de contrapartidas assumidas pelos fornecedores e apreciar o seu actual grau de execução e cumprimento; assegurar o integral esclarecimento sobre a responsabilidade, por acção ou omissão, dos intervenientes na celebração destes contratos".

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Portugal - Governo: Tesourada nos salários da Função Pública (já) em Setembro




Os salários da Função Pública poderão sofrer cortes já a partir de setembro. Estes cortes serão aplicados consoante o salário, rondando os 3,5% e 10%. Em causa está o rendimento de 409 mil funcionários públicos, noticia o Jornal de Negócios.

Os funcionários públicos que recebem um salário bruto superior a 1.500 euros mensais irão começar a sofrer cortes salariais já em setembro.

Esta é a consequência da decisão do Tribunal Constitucional na semana passada, que permitiu ao Governo estender os cortes remuneratórios, a título extraordinário, a 2015 e 2016.

A tabela de reduções é igual à que foi aplicada em 2011 e 2013. Aqueles que recebem entre 1.500 euros e 2.000 euros terão um corte de 3,5% e à medida que o salário vai subindo, também o corte sobe.

Estes cortes foram originalmente introduzidos por Sócrates, constituindo agora um segundo plano do Governo para reagir ao facto de os juízes terem considerado excessivas e desproporcionadas as reduções salariais anteriores, que constavam no Orçamento de Estado.

O Presidente da República, Cavaco Silva, terá ainda de voltar a apreciar e promulgar o diploma.

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