terça-feira, 30 de outubro de 2012

TEMPESTADE SOBRE OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

 

Quais as relações entre mega-furacão Sandy e aquecimento global? Até quando governos permanecerão apáticos diante dos riscos de catástrofe climática?
 
Antonio Martins – Outras Palavras
 
Os desastres provocados pelo aquecimento global podem assumir novas dimensões — concretas e simbólicas — nas próximas horas. Depois de se formar nas águas quentes do Caribe por volta do dia 20 e de ter provocado ao menos 67 mortes (51 das quais no Haiti), o furacão Sandy desviou-se para noroeste, ontem à noite, adquiriu velocidade e força e deve atingir, esta noite (29/10) a região mais povoada e rica dos Estados Unidos — a costa Nordeste. Os riscos de que castigue Nova York são, a esta altura (29/10, 15h), calculados em 93%.
 
Todas as observações feitas até o momento sugerem tratar-se de uma tormenta com poder de destruição extremo — a ponto de “ocupar um lugar na história do clima”, segundo escreveu, impressionado, o meteorologista Stu Ostro, do Weather Channel. Por isso, até mesmo poder, dinheiro e técnica, símbolos do domínio humano sobre a natureza, curvaram-se. Barack Obama e Mitt Rommey suspenderam suas campanhas, a uma semana das eleições para a Presidência. Em Nova York, as bolsas de valores sequer abriram hoje. Metrô, trens e ônibus deixaram de operar desde ontem à noite. Mais de 8 mil voos foram cancelados. Cerca de 370 mil pessoas foram removidas de suas casas e abrigadas em colégios. Numa cidade muito próxima do nível do mar, teme-se, além dos ventos, os efeitos das ondas e inundações.
 
Uma coincidência infeliz pode fazer com que o Sandy choque-se, ao derivar para o continente, com dois outros fenômenos atmosféricos graves, no nordeste dos EUA. De oeste para leste, desloca-se uma zona de baixas pressões, em altitude média. Do ártico, chega uma massa de ar frio polar. Alguns estudiosos temem que o choque acabe ampliando o poder destrutivo da tormenta principal.
 
Mas a força principal por trás de tempestades desta magnitude é o aquecimento global. Em fevereiro deste ano, Outras Palavras publicou “A era dos extremos climáticos começou“, um artigo de dois estudiosos ligados ao Earth Policy Institute. Baseados em vasta pesquisa de dados estatísticos, eles apontavam a clara correlação entre a elevação da temperatura atmosférica da Terra — 2011 integra uma sequência de anos muito quentes, conforme o gráfico acima — e fenômenos como grandes tempestades, cheias, secas ou ondas de calor. A análise é abrangente (os dados compilados vão das chuvas devastadoras na região serrana do Rio de Janeiro, naquele ano, à estiagem prolongada no Chifre da África, que pode ter causado 50 mil mortes por inanição). Um dos pontos destacados, porém, é o aumento da incidência e da força das tempestades tropicais.
 
Estudos mais específicos ajudam a compreender em detalhes a relação entre fenômenos como o Sandy e o aquecimento global. Em junho deste ano, três cientistas publicaram, no jornal da Academia Nacional de Ciências dos EUA, uma análise de todas as grandes tempestades tropicais registradas no país desde 1923. Sua conclusão é clara: fenômenos climáticos com a intensidade do furacão Katrina (que devastou Nova Orleans, em 2005) são são duas vezes mais frequentes em anos de temperaturas elevadas. Ainda mais eloquentes são os trabalhos científicos [1 2 3] que estão relacionando o aumento da extensão e do poder destrutivo das grandes tempestades com o derretimento do Oceano Ártico e as mudanças de temperatura no Atlântico Norte.
 
Uma estonteante cegueira tem impedido, até agora, que a sociedade norte-americana compreenda os riscos a que está submetida pela mudança climática. Noam Chomsky aponta, em outro texto recente (“Alienação à moda dos EUA“) como o tema é ocultado da opinião pública mesmo durante a campanha eleitoral. Sobre aquecimento global, diz ele, as diferenças entre os dois partidos “dizem respeito a quão entusiasticamente os ratos devem marchar até o abismo”…
 
Ontem, quando ficou claro que a tempestade Sandy rumaria para o nordeste dos Estados Unidos, um grupo de ativistas tentou quebrar este silêncio. Articulados pela rede 350.org, eles abriram, em plena Times Square, de Nova York, uma grande faixa exigindo: “chega de silêncio sobre o clima”.
 
Chomsky encerra seu artigo sobre campanhas eleitorais e alienação lembrando que, em épocas de declínio da democracia, a política institucional conduz de fato para o supérfluo e banal — mas as sociedades não estão obrigadas a aceitar este declínio. “A passividade costuma ser o caminho mais fácil, porém, quase nunca, o honroso”, lembra ele. Oxalá os desastres causados pelo Sandy sejam moderados — e ele sirva de alerta para evitar a grande catástrofe climática que continuará se armando, se as sociedades não forem capazes de pressionar os Estados.
 

Investigador diz que há "fortes indícios" de corrupção na implementação da TDT

 


 
O investigador da Universidade do Minho Sergio Denicoli afirmou, esta terça-feira, que há "fortes indícios" de corrupção na implementação da Televisão Digital Terrestre em Portugal e sublinhou que o processo foi conduzido de forma a "não funcionar".
 
"Houve uma Televisão Digital Terrestre (TDT) planeada muito diferente da que foi implementada. Foram prometidos, por exemplo, muitos canais, mas ficou-se apenas pelos quatro que já existiam no analógico. Isso ocorreu por interferências políticas e económicas, o que nos leva a crer que pode ter havido a captura do regulador pela Portugal Telecom [PT], ou seja, a Anacom teria trabalhado em favor da PT", disse à Lusa o investigador.
 
Sérgio Denicoli defendeu hoje, na Universidade do Minho, a sua tese de Doutoramento em Ciências da Comunicação, especialidade de Sociologia da Comunicação e da Informação, intitulada "A implementação da televisão digital terrestre em Portugal".
 
O investigador sublinhou à Lusa que a PT foi, "de longe, a principal beneficiada" com a TDT, tendo conseguido 715 mil novos clientes para a MEO.
 
"Naturalmente, não interessava à PT que a TDT tivesse muitos canais e a entidade reguladora [Anacom] permitiu isso, beneficiando grupos económicos em detrimento do interesse público", referiu.
 
E acrescentou que, segundo a organização não-governamental Transparência Internacional, esta atuação configura "uma espécie de corrupção, pois utiliza algo público de forma a garantir lucros privados".
 
"Não posso afirmar categoricamente que houve corrupção, pois cabe à Justiça tal constatação, mas posso dizer que há fortes indícios e que é importante que as autoridades competentes façam uma averiguação", acrescentou.
 
O investigador disse que as questões técnicas não foram devidamente explicadas à população, numa estratégia "deliberada ou não" que serviu para "legitimar decisões contrárias ao interesse público", beneficiando sobretudo grupos económicos, cujos laços com o poder político são evidentes".
 
"No caso da Portugal Telecom, que receberia o direito de utilização de frequências da TDT, a ligação era mesmo simbiótica, oficializada por meio de 'golden shares' do Estado na empresa e também através de ações da PT detidas pelo banco público Caixa Geral de Depósitos", afirmou.
 
Segundo Sergio Denicoli, a TDT que existe hoje em Portugal "foi feita para não funcionar, para apresentar falhas, para oferecer poucos canais e serviços interativos limitados, de forma a incentivar a migração da população para serviços de TV por subscrição".
 
O investigador referiu que, somente no período de implementação da TDT (2009 a 2012), a TV paga em Portugal cresceu mais de 32,3%.
 
"E estamos a falar de um período de crise económica. Isso, certamente, deve-se à fraca oferta da TDT. Hoje, o que verificamos é que o sinal da TDT apresenta falhas constantes, devido a erros técnicos que poderiam ser evitados", apontou.
 
Para o investigador, em Portugal, ao contrário do que acontece noutros países da União Europeia, "as autoridades públicas legislaram respondendo primordialmente aos interesses empresariais" e não se preocuparam sistematicamente com a população ou com a inclusão digital.
 
O país "não aproveitou a tecnologia disponível para proporcionar às pessoas uma televisão em sinal aberto de qualidade equiparável aos serviços de TV por subscrição, mesmo havendo plenas condições para tal", considerou.
 
"Os lóbis económicos, que, no caso português, parecem ser intrínsecos aos lóbis políticos, conseguiram fazer com que fosse estabelecido um modelo de TDT de qualidade muito inferior ao apresentado pela maioria dos países da União Europeia e muito aquém do que os operadores de TV paga ofereciam aos seus clientes", criticou.
 

Portugal: TUDO VAI MAL

 


 
1 - A IGREJA E A DOUTRINA SOCIAL CRISTÃ Num tempo tão difícil em que os desempregados são imensos - e há, pela primeira vez, miséria desde a Revolução dos Cravos -, a Igreja não pode estar calada. Sei que há muitos e bons sacerdotes que protestam e fazem tudo o que podem para ajudar os pobres e os desempregados, bem como as associações cristãs de caridade social.
 
Mas refiro-me à Conferência Episcopal e ao senhor cardeal-patriarca, que, talvez pela primeira vez, foi infeliz no que disse recentemente. Acredito que a Igreja no seu extenso património também esteja a sofrer cortes. Mas, se assim é, mais uma razão para protestar e não se pôr ao lado do Governo, que é responsável pelas políticas de austeridade, que, como é hoje evidente, nos conduzirão ao desastre total.
 
O senhor cardeal não gosta de manifestações, está no seu direito. Mas note que, por enquanto, se trata, felizmente, de manifestações pacíficas, de que os católicos se devem lembrar muito bem visto que foram bastante úteis à Igreja, quando, em tempos passados, foram necessárias...
 
Permito-me dizer-lhe isto porque a doutrina social da Igreja faz-nos muita falta, neste momento tão difícil para Portugal. E não só para os portugueses, para a União Europeia - e para a moeda única -, que estão em perigo grave de desagregação. Como é que pessoas cultas e informadas não veem isto?
 
O atual Governo, como a esmagadora maioria dos portugueses já percebeu com as políticas de austeridade, está a empobrecer terrivelmente os portugueses e a destruir Portugal, pondo em causa a nossa própria democracia e o nosso património. Dou o exemplo da privatização das águas de que agora se fala e várias outras. Lembrar-se-ão os católicos que Sua Santidade o atual Papa, quando a mesma questão foi posta, em Itália, condenou de imediato e indignado uma tal iniciativa, por a água ser um direito humano comum?
 
É preciso que os católicos que acreditam sinceramente na doutrina social da Igreja se manifestem contra este Governo que só vê o dinheiro e quer destruir tudo quanto seja social.
 
2 - A MINIRREMODELAÇÃO
 
Foi uma farsa a remodelação tentada pelo primeiro-ministro do atual Governo. Mudou o secretário de estado da Cultura - que nunca teve dinheiro para fazer o que quer que fosse - e que, ao que parece, estava doente. O caso não era para menos. E alguns secretários de Estado inadaptados.
 
Mas não mexeu, porque não lhe foi possível substituí-los, em alguns ministros que, pela sua incompetência ou inação, se esperava saíssem. Por exemplo - e só darei um exemplo - o falso doutor Miguel Relvas, amigo pessoal do primeiro-ministro, mas que tanto o compromete. Nem um só ministro teve, até agora, a hombridade de se demitir, apesar de todos os comentários e vaias públicas com que têm sido frequentemente brindados.
 
Curiosamente, o ministro da Educação, Nuno Crato, abriu um inquérito à Universidade Lusófona, para analisar as licenciaturas que atribuiu aos alunos que, em vez de fazerem exames, os compravam. Parece terem sido algumas dezenas e entre eles o seu colega ministerial Miguel Relvas. Da parte do ministro Crato foi um gesto de coragem que se deve sublinhar. É indiscutível. Mas como é que aqueles dois ministros se podem entender no Conselho de Ministros?
 
Já não basta a tensão que existe entre Paulo Portas e Vítor Gaspar (e, portanto, Passos Coelho) e individualmente entre os dois partidos da coligação? Apesar de muitos militantes dos dois partidos - os mais ilustres e conscientes - não se acanharem em dizer publicamente que o Governo está moribundo e deve demitir-se. Como respondem os ministros? Silêncio! O que é que esperam para ter a hombridade de se demitir? Interesses, vaidades, medo do que lhes possa acontecer?
 
Será que se recusam a ouvir alguns dos seus mais ilustres correligionários que têm a coragem de os fustigar, dizendo o que deles pensam? Como Manuela Ferreira Leite, Bagão Félix, António Capucho, Pacheco Pereira, Mota Amaral, Lobo Xavier, Rui Rio, entre outros.
 
Nunca até hoje, desde o 25 de Abril, nenhum Governo aceitou sujeitar-se a um tal vexame...
 
3 - VEM AÍ O ORÇAMENTO PARA 2013
 
O Conselho Económico e Social, segundo o Expresso, vai dar um parecer negativo - como, aliás, os parceiros sociais -, reclamando uma renegociação imediata do memorando com a troika. Passos Coelho falou numa "refundação" - palavra horrível - da política até agora seguida. Convidou o PS para se associar. Como? Depois de o insultar? E antes ou depois de o Orçamento chumbar? O PS, disse o secretário-geral, António José Seguro, só vai debruçar-se sobre o Orçamento do Estado para 2013 depois de concluído o debate na generalidade. E vai votar contra.
 
Mas há quem considere este Orçamento como anticonstitucional, como disse, por exemplo, o ilustre constitucionalista Jorge Miranda, com boas razões, quanto a mim. E outros em virtude de as medidas de austeridade serem claramente antiprogressistas, portanto, contra o espírito da Constituição. Mas outros há que, pelo contrário, dizem que é preciso mudar a Constituição para lhe tirarem o espírito progressista que tem desde que foi votada, pela primeira vez, e que, felizmente, se manteve no essencial nas várias revisões. O que a maioria do povo português jamais permitiria.
 
É certo que o atual Presidente da República jurou a Constituição e tem, obviamente, de a manter como tal. O contrário daria uma guerra civil. Veremos o que a próxima semana nos vai revelar, com uma coligação ultradébil, em descrédito total, que mal se entende entre si e um Governo que ideologicamente se propõe cada vez mais e mais austeridade, sem pensar minimamente no sofrimento tremendo que está a provocar na maioria dos portugueses, só se ocupando dos números, que mal se entendem e vão sendo cada vez piores, até à desgraça final. Ninguém já nega que, se assim continuar, o ano de 2013 vai ser muito pior do que o de 2012.
 
4 - UM LIVRO MUITO OPORTUNO
 
O livro que vos recomendo é da autoria do Dr. Emanuel Augusto dos Santos, que foi secretário de Estado adjunto do Orçamento, entre 2005 e 2011, e tem o título muito significativo Sem Crescimento não Há Consolidação Orçamental. Não tenho o prazer, infelizmente, de conhecer pessoalmente o autor.
 
Com efeito, o livro que vos recomendo foi-me oferecido pelo meu amigo António Pinto Ribeiro, ex-ministro da Cultura, que o trazia na mão quando chegou ao restaurante em que almoçámos. O título, tão oportuno, despertou logo a minha curiosidade, mas sobretudo quando li o índice da temática versada e verifiquei que o prefácio é da autoria da minha amiga, que tanto estimo e admiro, Teodora Cardoso.
 
Pinto Ribeiro viu-me tão interessado que teve a amabilidade extrema (e irrecusável) de mo oferecer. Nos dias seguintes tive a oportunidade de o ler (tem 169 págs., incluindo índices, gráficos e anexos estatísticos) e termina com uma síntese, "Uma nova política económica para a Europa". É o que precisamos, para meter os mercados usurários na ordem e avançarmos para o crescimento económico, a diminuição acelerada do desemprego, num "quadro europeu de coesão social". Aliás, simbolicamente, na capa o livro ostenta o mapa de Portugal em fundo, com um pedregulho imenso em cima, com a palavra horrorosa de austeridade...
 
Caros leitores, trata-se de um livro de referência e de síntese, com muita informação, um projeto europeu para o futuro e que, por isso, vale muito a pena ler. Recomendo-o vivamente.
 
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Portugal: Alterar a Constituição provocaria uma "guerra civil", diz Mário Soares

 

Ana Tomás – i online
 
Mário Soares diz que uma mudança na Constituição provocaria “uma guerra civil”
 
Num artigo de opinião publicado no Diário de Notícias, o antigo Presidente da República diz que é dever de Cavaco Silva zelar pelo seu cumprimento, até porque, acrescenta, a maioria do povo português “jamais permitiria” que se alterasse o essencial do conjunto de normas que rege a República.
 
“É certo que o actual Presidente da República jurou a Constituição e tem, obviamente, de a manter como tal. O contrário daria uma guerra civil”, escreve Mário Soares na coluna publicada no DN.
 
Os comentários do histórico socialista surgem depois de Passos Coelho ter admitido ontem a possibilidade de rever algumas matérias da Constituição que permitam reequacionar as funções do Estado e evitar um segundo resgate. Essa proposta teve já a oposição de António José Seguro, que rejeitou hoje na Assembleia da República, uma revisão do documento que implique a destruição do Estado Social.
 
Mário Soares acusa aqueles que querem a revisão da Constituição de pretenderem retirar-lhe o seu carácter “progressista”.
 
“Outros (…) dizem que é preciso mudar a Constituição para lhe tirarem o espírito progressista que tem desde que foi votada, pela primeira vez”, afirma, acrescentando que o Orçamento do Estado para 2013 é inconstitucional.
 

Portugal - Fernando Ulrich: "O país aguenta mais austeridade?...ai aguenta, aguenta!"

 
 
i online - Lusa
 
O presidente executivo do BPI, Fernando Ulrich, afirmou hoje que o país tem de aguentar mais austeridade e mostrou-se "chocado" com "pessoas com responsabilidade" que querem levar Portugal para a situação da Grécia.
 
Fernando Ulrich, que falava na conferência III Fórum Fiscalidade 'Orçamento do Estado 2013', perguntou retoricamente se o país aguenta mais austeridade e a resposta foi "ai aguenta, aguenta!".
 
"Não gostamos, mas [Portugal] aguenta, e choca-me como há tanta gente tão empenhada, normalmente com ignorância com o que está a dizer ou das consequências das recomendações que faz, a querer nos empurrar para a situação da Grécia", disse o banqueiro.
 
Seguindo o mesmo raciocínio, Fernando Ulrich acrescentou que fica "absolutamente boquiaberto" perante pessoas com tanta responsabilidade, "raramente da maioria ou no poder", que fazem recomendações e considerações que "terão como consequência levar Portugal, num tempo relativamente curto, para a situação da Grécia".
 
O presidente executivo do BPI deu assim exemplos da situação da Grécia em que o desemprego "já está em 23,8%" e chegará aos 25,4% no próximo ano. Apesar disso, "os gregos estão vivos, protestam com um bocadinho de mais veemência do que nós, partem umas montras, mas eles estão lá, estão vivos".
 
Pelo que Portugal deve apresentar à Europa, "de uma forma credível", um programa de longo prazo "em que eles também percebam que têm alguma coisa a ganhar", porque "ir de mão estendida a dizer ajudem-nos, isso não vai a lado nenhum. Ficaremos como a Grécia e essa opção rejeito", sublinhou.
 
Fernando Ulrich defende um 'Plano Merkel' para os países do Sul da Europa
 
O presidente executivo do BPI, Fernando Ulrich, defendeu hoje que Portugal deveria sugerir à chanceler alemã, que visita o país a 12 de novembro, um "plano Merkel" para os países do Sul da Europa.
 
Fernando Ulrich, que falava no III Fórum de Fiscalidade 'Orçamento do Estado 2013, disse que Portugal precisa de apresentar um plano de longo prazo para o país e que, "provavelmente para ter êxito, vai precisar que um dia exista um 'Plano Merkel' na Europa, tal como houve um Plano Marshall".
 
O banqueiro defendeu mesmo que os dos "desígnios políticos" a sugerir à chanceler alemã Angela Merkel seria, "quando vier a Lisboa, ser a promotora de um 'Plano Merkel' para o Sul da Europa".
 
O presidente executivo do BPI, na sua intervenção na conferência organizada pela Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas e Diário Económico, afirmou que Portugal "tem feito um enorme caminho de recuperação de credibilidade" e que há que aproveitar essa credibilidade "para apresentar uma base de negociação para o futuro [com a Europa], mas não um programa de assistência social, não um programa para que os alemães paguem as prestações sociais dos portugueses, isso eles nunca farão".
 
Já à margem da conferência, Fernando Ulrich referiu aos jornalistas que os portugueses devem pensar "no que deve ser o país no médio e longo prazo", definindo "uma agenda" e trabalhado em concertação, "envolvendo a oposição e os agentes da economia".
 
Elogiando o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho pela iniciativa de negociar com o Partido Socialista o tema das funções e dimensão do Estado, o banqueiro frisou ser "uma matéria crucial", mas insuficiente por faltar uma agenda para o crescimento.
 
"O que falta é um programa para lá de 2014", sublinhou, adiantando que Portugal tem de ter um programa de médio e longo prazo, "até 2020 ou 2025, e mobilizar o país para isso".
 
Segundo o banqueiro, Portugal não vai conseguir resolver o problema da dívida pública e do desemprego "se a economia não crescer e isso precisa tempo e um esforço concertado e organizado. Não vai ser só por geração espontânea".
 

Guiné-Bissau: PAÍS DA BARAFUNDA GOLPISTA, DA DROGA, DOS CRIMES E DO TERROR

 


Militares acusam Gâmbia de envolvimento no ataque ao Quartel de Pára-comandos
 
Jornal Digital
 
Bissau – O Estado-maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, através do seu porta-voz Daba na Walna, acusou, este Domingo, 28 de Outubro, a República da Gâmbia de estar envolvida no ataque ao Quartel de Pára-comandos, que decorreu a 21 de Outubro.
 
Em conferência de imprensa realizada este Domingo, 28 de Outubro, em Bissau, depois da captura de Pansau Ntchama, Daba na Walna informou que o território gambiano estará a ser utilizado por Zamora Induta, ex-chefe do Estado-maior General das Forças Armadas, com o objetivo de eliminar António Indjai, actual chefe do Estado-maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau.
 
A nível interno, este responsável disse acreditar que muitas figuras políticas podem estar envolvidas nesta operação mas não avançou nomes.
 
Daba na Walna revelou que Pansau Ntchama vai ser julgado no Tribunal Militar, sobre o seu alegado envolvimento no ataque ao Quartel de Pára-comandos, em Bissau.
 
Além de Pansau Ntchama, alguns militares já foram detidos na sequência de suposta participação na mesma acção, de entre os quais de destaca Jorge Sambu, ex-vice-chefe de Estado-maior da Armada em 2010.
 
(c) PNN Portuguese News Network
 
Militares deixaram Bolama enlutada
 
Ditadura do Consenso

Três jovens da Ilha de Bolama foram mortos friamente a golpes de catanas pelos militares que detiveram sabado, o capitão Pansau Ntchama, presumivel cêrebro do ataque a uma caserna dos para-comandos, no dia 21 de outubro 2012 em Bissau, indicou a imprensan, segunda feira, um habitante dessa ilha.

Segundo ele, os três jovens rapazes, todos na faixa étaria de 30 anos, "foram friamente assassinados na Vila de Colonia em Bolama, apesar de terem contribuido com informações que levaram aos militares de localizar o esconderijo do capitão Pansau Ntchama". Esses três jovens rapazes, entre eles um ex-motorista do General Tagma Na-Way, assassinado, foram acusados pelos militares de serem cumplices do capitão Pansau Ntchama ajudando-o a se infiltrar no territorio guineense, indica a mesma fonte. "Os três corpos foram encontrados domingo à tarde no areal da praia de Colonia e devem ser enterrados segunda feira (ontem), precisa a mesma fonte.

O Baba e o Carlos Alves. O Baba era mecanico militar do Serviços Materiais e filho de um alto oficial da Força Aerea (Jorge Charua da Costa da etnia Balanta mas pouco influente nas fileiras das FARP) mas de mãe fula morador de bairro de Pluba. O Carlos Alves era guarda-costas do falecido CEMGFA Tagme Na Wai. O Didi, segundo informações apuradas pelo DC, encontra-se em estado crítico, na unidade de cuidados intensivos do hospital 'Simão Mendes', em Bissau. AAS

Clima de terror em Bissau
 
Ditadura do Consenso

Sábado e domingo, com a desculpa de Tabaski, reuniram-se na casa do Lino, que usurpou o cargo de Director dos Correios, em Antula, varias figuras do PRS para a elaboração de uma lista de pessoas para ATERRORIZAR/MATAR/BATER/HUMILHAR e que posteriromente deverá ser remetida aos militares.

Nessa fatídica lista constam Manuel Saturnino da Costa (eliminação da liderança no PAIGC), Luís Sanca (pela sua frontalidade), Francisca Pereira (porque o Sory Djaló quer a casa dela de qualquer jeito), Fernando Borges (como sempre) e mais alguns que brevemente saberemos.

A intenção é colocar as culpas na Presidência actual e assim eliminam os opositores futuros. Como o próprio Kumba disse “Serifo Namadjo é PAIGC disfarçado”. Mas parece que nem todos concordam porque o complô vazou… Agora é esperar para ver se António Injai irá obedecer aos seus chefes.... AAS

Suicídio ou assassinato?
 
Ditadura do Consenso

Um efectivo do Batalhão de Pára-comandos suicidou-se, esta segunda-feira, 28 de Outubro, junto ao Quartel desta instituição militar. Baciro Ampa Sinabe tinha cerca de 30 anos e era natural de Susana, Sector de São-Domingos, região de Cacheu, norte do país. Era casado e tinha dois filhos.

Citado pela RDN, Júlio Cabi, Comandante da brigada de Pára-Comandos (foto), lamentou o ocorrido e informou que se desconhece ainda o motivo que levou o jovem militar a cometer suicídio. Baciro Ampa Sinabe fazia parte do grupo de etnia Felupe, acusado pelo Governo de transição de pretender derrubar as actuais chefias militares da Guiné-Bissau, alegadamente com o apoio do Capitão Pansau Ntchama, entretanto detido.

Trata-se de um grupo étnico do qual faz parte o Secretário de Estado dos Antigos Combatentes do actual Governo, Mussa Djata, bem como o Presidente do Tribunal de Contas da Guiné-Bissau, Alberto Djedjo. Fontes da PNN indicaram que as razões da morte de Baciro Ampa Sinabe podem estar relacionadas com as acusações de que a etnia Felupe vem sendo alvo nos últimos dias, sobre o alegado envolvimento na eliminação de militares balantas das Forças Armadas. PNN

Irmão do Didi escreve ao Ditadura do Consenso

É com muito agrado e ao mesmo tempo com muita tristeza que li o comunicado do porta-voz das forças armadas guineeses, Daba Na Walna. Como guineense, e irmão do Didi, limito-me apenas a acreditar que um dia esses ditadores serão julgados pelo mal que estão a cometer contra os guineenses. Esse senhor, o Daba Na Walna, disse que tem a prova da conversa entre o meu irmão e o sr. Zamora Induta. Se isso for verdade que as apresente sem medo em vez de mandar torturá-lo ao ponto de estar a urinar sangue.

Se a ordem partiu para levar o homem para Guiné-Konacri porque haveria o meu irmão de levá-lo só até Bolama? Deixo essa pergunta no ar. Aly, na qualidade de um excelente defensor da liberdade de opinião, faça essa pergunta aos seus seguidores.

O meu muito obrigado,

Victor Hugo Amadú Injai

Timor-Leste: OS “BRAVOS” DA GNR REGRESSAM, ALGUNS FICAM A DAR FORMAÇÃO

 


Último contingente da GNR em Timor-Leste regressa a 12 de novembro
 
30 de Outubro de 2012, 21:39
 
Díli, 30 out (Lusa) - Os militares da Guarda Nacional Republicana destacados em Timor-Leste no âmbito da Missão Integrada da ONU (UNMIT) terminam quarta-feira a atividade operacional e regressam a Portugal a 12 de novembro.
 
"Oficialmente, a informação que temos é que a partida é no dia 12 de novembro. Por razões diversas as Nações Unidas iniciaram a sua retirada mais cedo e portanto acabou por ser apresentada a data de 12 de novembro como data de regresso", afirmou hoje à agência Lusa o comandante do sub-agrupamento Bravo da GNR, capitão Jorge Barradas.
 
Jorge Barradas falava à Lusa no final da última cerimónia da imposição da Medalha da Solidariedade de Timor-Leste e da Medalha da UNMIT a militares da GNR.
 
A UNMIT termina o mandato no final deste ano.
 
Na quarta-feira, os militares da GNR cessam também a atividade operacional, numa cerimónia a realizar no Palácio do Governo durante a qual a ONU, através da UNMIT, certifica a Polícia Nacional de Timor-Leste como força de segurança.
 
"Amanhã (quarta-feira) tecnicamente termina a atividade operacional e iniciamos depois um conjunto de procedimentos administrativos para que grande parte do nosso material possa regressar a Portugal", acrescentou o capitão português.
 
A GNR tem destacado no país 140 militares e mais três elementos da equipa médica do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
 
A Medalha da Solidariedade de Timor-Leste tem por objetivo agraciar militares, polícias e civis que através das suas ações tenham contribuído para a paz e estabilidade no país.
 
Participaram na cerimónia o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, o comandante-geral da Polícia Nacional de Timor-Leste, Longuinhos Monteiro, o representante do secretário-geral da ONU, Finn Reske-Nielsen, o comandante da Polícia da ONU, Luís Carrilho, bem como outras autoridades timorenses e representantes do corpo diplomático.
 
A presença da GNR em Timor-Leste teve início em março de 2000 com um contingente integrado na Administração Transitória das Nações Unidas (UNTAET).
 
MSE // HB
 
GNR vai continuar a apoiar formação da polícia timorense - Xanana Gusmão
 
30 de Outubro de 2012, 22:46
 
Díli, 30 out (Lusa) - O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, disse hoje à agência Lusa que a Guarda Nacional Republicana vai continuar a apoiar a formação da polícia timorense.
 
A cooperação vai continuar "em consequência de um acordo que fiz com o ministro da Administração Interna", Miguel Macedo, afirmou Xanana Gusmão.
 
O primeiro-ministro timorense falava no final da última cerimónia de imposição da Medalha da Solidariedade de Timor-Leste e da Medalha da UNMIT (Missão Integrada da ONU em Timor-Leste) aos militares da GNR destacados naquele país, no âmbito da missão de manutenção da paz da ONU.
 
"Assinei o acordo para que em termos bilaterais nós prossigamos com a assistência da GNR na formação dos nossos polícias", disse Xanana Gusmão.
 
O primeiro-ministro esclareceu também que agora vai começar a ser preparada a forma de cooperação, nomeadamente o número de elementos da GNR necessários para as várias áreas, ainda não definidas, em que Timor-Leste vai precisar de apoio.
 
"Isto foi pensado porque já estávamos a planear a saída da ONU", acrescentou o primeiro-ministro timorense.
 
As autoridades timorenses anunciaram em setembro que, após o final do mandato da UNMIT, a 31 de dezembro, não querem "nem missões políticas, nem de paz".
 
"Gostaríamos de estabelecer com as Nações Unidas umas relações inovadoras de cooperação", afirmou na altura o primeiro-ministro timorense.
 
Os 140 elementos da GNR destacados em Timor-Leste no âmbito da UNMIT regressam a Portugal a 12 de novembro e cessam a atividade operacional quarta-feira, quando a ONU certificar a Polícia Nacional do país (PNTL) como força de segurança.
 
MSE // HB
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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Angola: SEMANÁRIO ANGOLENSE ACUSADO DE CENSURA

 

Redacção VOA
 
A empresa proprietária Media Investe foi acusada de ter retirado da gráfica a edição de 27 de Outubro, publicada mais tarde após eliminação de quatro das cinco páginas dedicadas ao presidente da UNITA
 
LUANDA — A última edição do Semanário Angolense foi publicada com dois dias de atraso, após a eliminação de quatro das cinco páginas inicialmente dedicadas à cobertura e análise dio discurso de Isaías Samakuva, presidente da UNITA, sobre o Estado da Nação.

Uma notícia publicada no sítio "Maka Angola" diz que a empresa Media Investe, que tutela o semanário, retirou da gráfica, na última sexta-feira, a edição de 27 de Outubro, alegadamente por incluir uma versão quase integral do discurso do presidente da UNITA, Isaías Samakuva, sobre o Estado da Nação.

Fontes do Semanário Angolense desmentiram essa informação e atribuiram o atraso a problemas técnicos na gráfica. Um responsável editorial prometeu que a edição estaria nas bancas esta segunda-feira, na qual o discurso do líder da UNITA, seria tratado "com base nas normas que regem o exercício da profissão".

Mas a edição entretanto distribuída, e que chegou à VOA em suporte digital, é diferente da versão inicial, recebida pela mesma via. O portal "Maka Angola" disse estar na posse de uma cópia digital do jornal censurado, “cujas páginas 8, 9 e 10 reproduzem, com tratamento gráfico, o discurso de Samakuva, de 23 de Outubro.”

A VOA constatou que havia outras duas páginas com análise e, portanto, um total de cinco dedicadas ao assunto (7, 8, 9, 10 e 11). A versão divulgada esta segunda-feira tem apenas uma página sobre Samakuva. E a versão em papel ainda não tinha chegado às mãos dos ardinas de Luanda à hora da publicação desta notícia.

O tratamento "com base nas normas que regem o exercício da profissão" constou da redução de cinco para uma, das páginas decidadas ao discurso de Samakuva, qur visava contrastar com a recusa do Presidente em fazer o seu discurso sobre o Estado da Nação, na abertuira dos trabalhos da nova legislatura da Assembleia Nacional.

Ao comentar o facto, no fim de semana, o Sindicato de Jornalistas Angolanos referiu que este tipo de “incidente”, já não constitui uma novidade no panorama da imprensa angolana, desde que as publicações privadas angolanas foram adquiridas por empresas cujos financiadores mantém o anonimato, levantando suspeitas de proximidade com o governo do MPLA.

A associação de jornalistas lembra que o semanário “A Capital”, foi a publicação mais vezes censurada pelos seus novos proprietários, por razões claramente políticas e relacionadas com a sua discordância no tocante a determinadas matérias desfavoráveis aos interesses do actual partido no poder.
 

Angola: Samakuva exorta Assembleia Nacional a não dar carros de luxo aos deputados

 


António Capalandanda – Voz da América
 
Presidente da UNITA diz que orientou a direcção do seu grupo parlamentar para se empenhar, junto do presidente da Assembleia Nacional, no sentido de não distribuir os Jaguar a nenhum deputado.
 
BENGUELA — A UNITA é contra carros de luxo para os deputados à Assembleia Nacional e pretende que os mesmos não sejam distribuídos aos parlamentares.

Instado sobre a recente aquisição pela Assembleia nacional, de 220 viaturas de luxo, da marca Jaguar, para os deputados, orçadas em quase 60 milhões de dólares, o presidente da UNITA, Isaías Samakuva disse que ainda não recebeu informação oficial sobre o assunto.

Mas acrescenta que já orientou a direcção do seu grupo parlamentar para, junto do presidente da Assembleia Nacional, empenhar-se no sentido de o parlamento não distribuir os carros a nenhum deputado, caso seja verdade.

“A Assembleia Nacional se quiser se credibilizar não devia se credibilizar com carros de luxo. Eu sei que o povo não vai aceitar isso, o povo que sofre, o povo que não tem habitação, o povo que não tem agua, que não medicamento para se tratar nos hospitais. Portanto, o povo que não tem sinceramente nada, não compreender como é que a Assembleia Nacional gasta tanto dinheiro para os deputados andar nos carros” disse Samakuva.

Segundo o semanário Novo Jornal, cada viatura custou 270 mil dólares e os novos automóveis já se encontram estacionados no Porto de Luanda. A concessionária angolana TCG Automóveis é a fornecedora das viaturas.

O presidente da maior força politica da oposição receia que distribuição deste meios aos deputados venha criar convulsões politicas e socias em Angola.
 

Moçambique: “CUMPRIDOR” NAS EXTRATIVAS, ÍNDICES ALARMANTES DE CORRUPÇÃO

 
 
Moçambique obtém estatuto de "cumpridor" da transparência na indústria extrativa
 
30 de Outubro de 2012, 08:40
 
Maputo, 30 out (Lusa) - O Conselho da Iniciativa de Transparência das Indústrias Extrativas (EITI) atribuiu no fim de semana o estatuto de "cumpridor" das regras da transparência no setor a Moçambique, anunciou hoje a entidade na sua página da Internet.
 
A decisão foi tomada na reunião do Conselho da EITI em Lusaka, capital da Zâmbia.
 
Segundo a organização, criada em outubro de 2008 pelos países mais industrializados do mundo para a promoção da transparência na indústria extrativa, Moçambique mostrou ao Conselho da EITI dispor de um processo eficaz de apresentação e reconciliação de receitas anuais provenientes do setor extrativo.
 
"Isto permite aos cidadãos ver quanto é que o país recebe de receitas de gás, pesquisa petrolífera e companhias mineiras", refere-se no comunicado da empresa.
 
Comentando a atribuição do estatuto de cumpridor a Moçambique, a presidente da EITI, a britânica Clare Short, lembrou que "Moçambique enfrenta uma encruzilhada com a ameaça de as receitas provenientes da indústria extrativa poderem resultar na redução das receitas originadas por outras fontes da economia".
 
"A adesão ao EITI significa que o país se compromete a ser transparente na gestão dos recursos", acrescentou.
 
Para Clare Short, ao vincular-se aos padrões defendidos pelo EITI, Moçambique assume a obrigação de reverter os benefícios gerados pelo setor dos recursos naturais a favor da população.
 
Com a aceitação da candidatura de Moçambique ao estatuto de país cumpridor, passam a 16 os Estados qualificados nessa categoria, adianta a página de Internet da EITI.
 
PMA // PMC
 
Doadores mantêm preocupação com índices de corrupção em Moçambique
 
30 de Outubro de 2012, 09:03
 
Maputo, 30 out (Lusa) - O grupo dos 19 países e organizações que apoiam diretamente o Orçamento Geral do Estado moçambicano manifestou na segunda-feira preocupação com a persistência da corrupção no país, instando o Governo a aplicar com celeridade as novas leis anticorrupção.
 
O descontentamento do que em Moçambique é chamado por G-19, que integra Portugal, foi transmitido ao Governo em Maputo num encontro entre as duas partes.
 
Falando em nome dos doadores, o embaixador da Dinamarca, Morgens Perdersen, afirmou que a comunidade internacional mantém as suas já antigas preocupações com o elevado índice de corrupção em Moçambique.
 
"Enquanto não são criadas as condições para a criação das leis contra a corrupção já aprovadas, pensamos que o quadro jurídico existente permite desenvolver ações concretas em matéria de prevenção e combate à corrupção. A administração pública tem um papel fundamental na prevenção, enquanto na parte punitiva o sistema judicial tem a responsabilidade principal", assinalou Morgens Perdersen.
 
O embaixador dinamarquês realçou a importância do recente reforço dos poderes do Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) como um progresso nos esforços do país contra esta prática.
 
Apesar de estarem a ganhar maior visibilidade, os processos judiciais relacionados com casos de corrupção em Moçambique, as autoridades têm sido criticadas por punirem judicialmente funcionários de escalões baixos e intermédios, sendo poucos os casos de condenação de dirigentes do topo do aparelho do Estado.
 
PMA // VM.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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Brasil: Governador de MS “zombou” de pedido de terra para os Guarani-Kaiowá

 


Luiza Bodenmüller e Spensy Pimentel, em Desacato
 
O drama dos Guarani-Kaiowá, de Mato Grosso do Sul, chamou a atenção das redes sociais nas últimas semanas, mas não tem comovido as autoridades do estado, conforme demonstram documentos divulgados pelo Wikileaks.
 
Um comunicado diplomático de março de 2009 relata uma visita do então cônsul norte-americano no Brasil, Thomas White, ao estado. Sua comitiva manteve conversas com o governador André Puccinelli (PMDB) e outras figuras de peso, como o então presidente do Tribunal de Justiça do estado, Elpídio Helvécio Chaves Martins.
 
O telegrama, de 21 de maio de 2009 e endereçado ao Departamento de Estado dos Estados Unidos pelo Consulado de São Paulo, relata a visita do cônsul-geral e sua equipe ao Mato Grosso do Sul. Segundo o documento, durante os quatro dias de visita, houve reuniões com membros do governo federal e estadual, do setor privado e também com lideranças indígenas.
 
O telegrama revela que a ideia de que os Guarani-Kaiowá poderão ter mais terras demarcadas é vista com desdém pelas autoridades locais.
 
“O governador Puccinelli zombou da ideia de que a terra, num estado como o Mato Grosso do Sul, cuja principal atividade econômica é a agricultura, poderia seja retirada das mãos dos produtores que cultivam a terra há décadas para devolvê-la aos grupos indígenas”, lê-se.
 
Além de Puccinelli, entre os entrevistados estavam o então presidente do TJ-MS, Elpidio Helvecio Chaves Martins e o presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul, Sergio Marcolino Longen. Do outro lado da disputa, além de lideranças indígenas (os guarani Otoniel Ricardo, Teodora de Souza, Edil Benites e Norvaldo Mendes) foram ouvidos representantes de grupos que fazem a defesa dos direitos indígenas, como o procurador Federal Marco Antonio Delfino e o advogado do Conselho Indigenista Missionário Rogerio Battaglia, entre outros.
 
O desembargador Chaves Martins, por sua vez, ponderou, na conversa com a delegação norte-americana, que a demarcação de novas terras para os indígenas poderia ter efeitos negativos – ao contrário do que reivindica o movimento indígena.
 
“Chaves advertiu que as tendências ao separatismo nas comunidades indígenas – concentrando os índios em reservas expandidas – só iriam agravar os seus problemas. Dourados tem uma reserva vizinha, que Chaves previu que se tornará a ‘primeira favela indígena do Brasil’ se persistir a tendência a isolar e dar tratamento separado aos povos indígenas”, relata o cônsul.
 
Segundo defensores dos direitos indígenas, a reserva de Dourados tem péssimas condições de vida em função da sobrepopulação ocasionada pela falta de terras: são 11,3 mil pessoas vivendo em 3,5 mil hectares.
 
O então presidente do Tribunal de Justiça também reclamou de “calúnias” que as autoridades locais sofrem dos ativistas, sendo acusadas de “tortura e racismo”, quando estão simplesmente “tentando cumprir a lei”.
 
Segundo recentes relatórios do Conselho Indigenista Missionário, há mais assassinatos entre indígenas no Mato Grosso do Sul, e particularmente entre os Guarani-Kaiowá, do que em todo o resto do Brasil: entre 2003 e 2011, foram 279 em MS, e 224 no restante do Brasil. O estado também se destaca pelo número de suicídios entre indígenas e outras mazelas, como desnutrição infantil.
 
Índios deviam “aprender a trabalhar”
 
De modo geral, avalia o comunicado diplomático, as autoridades locais acreditam que as demandas indígenas pelas demarcações e o retorno ao estilo de vida tradicional “não têm base”.
 
“Autoridades municipais e estaduais perguntaram como os índios dali reivindicavam ser índios, se eles ‘usam carros, tênis, drogas’. Eles reclamaram dos subsídios públicos dados aos índios, afirmando que eles deveriam ‘aprender a trabalhar como qualquer um’”, relata ainda o telegrama.
 
O telegrama expressa a conclusão de que não há “solução fácil” para o conflito em Mato Grosso do Sul. Para os norte-americanos, apesar de estarem na posse das terras há décadas, somente 30 a 40% dos agricultores devem ter títulos legais no estado – a conclusão é baseada em uma estimativa do geógrafo Ariovaldo Umbelino de Oliveira, da Universidade de São Paulo.
 
“Era difícil ver um meio termo potencial no conflito entre índios e agronegócio em Dourados. Apesar de os índios parecerem menos radicais do que, por exemplo, o não étnico Movimento dos Sem-Terra (MST), eles parecem não menos dedicados à sua meta de recuperar suas terras ancestrais, e a oposição dos proprietários parece igualmente arraigada”, avalia o telegrama.
 
Para os americanos, a situação das terras indígenas em MS e outras partes continuará apresentando desafios à democracia brasileira nos próximos anos. “A única coisa que fica clara é que, sem uma postura mais proativa do governo brasileiro, o assunto não vai se resolver por si mesmo”, conclui outro comunicado de 2008 sobre o tema – intitulado significativamente de “o desastre guarani-kaiowá”.
 
Nas últimas semanas, uma carta da comunidade guarani-kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay (Iguatemi-MS) deflagrou uma ampla campanha de solidariedade com esse povo indígena com base especialmente na internet. A demanda básica dos Guarani-Kaiowá é pela demarcação de terras: atualmente esse povo, o segundo maior do país, soma 43,4 mil pessoas, vivendo em pouco mais de 42 mil hectares.
 
Na carta, os indígenas afirmam não acreditar mais na Justiça brasileira e, diante do abandono do Estado e das constantes ameaças de pistoleiros, fazem, em tom dramático, o pedido para que seja decretada a “morte coletiva” dos 170 Guarani-Kaiowá da comunidade.
 
 

LULA, O CONSTRUTOR DE VITÓRIAS

 


Nas eleições municipais de São Paulo vencidas ontem pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva confirmou ser o único presidente latino-americano que mantem intacta sua influência e a capacidade de conduzir as linhas de um projeto de poder de longo prazo. Basta fazer uma comparação rápida pelo continente para demonstrar a tese. Se a eleição de Dilma Rousseff há dois anos se deveu em grande parte ao ex-mandatário, a de Haddad foi uma obra que ele projetou e montou peça por peça desde o início, sob o olhar incrédulo da maioria, inclusive dentro do PT. O artigo é de Darío Pignotti, do Página/12.
 
Darío Pignotti - Página/12 – Carta Maior

Brasília - Nas eleições municipais de São Paulo vencidas ontem pelo PT, seu líder Luiz Inácio Lula da Silva confirmou ser o único presidente latino-americano que mantem intacta sua influência e a capacidade de conduzir as linhas de um projeto de poder de longo prazo. Basta fazer uma comparação rápida pelo continente para demonstrar a tese. Há três meses, o presidente mexicano Felipe Calderón Hinojosa fracassou em sua tentativa de fazer com que sua agrupação, o direitista Partido Ação nacional, continuasse no poder no próximo mandato. Na Colômbia, o ex-presidente Álvaro Uribe viu seu projeto de poder belicista ser arquivado por seu sucessor, Juan Manuel Santos, um direitista envolvido hoje no diálogo de paz com a guerrilha das FARC.

A eleição de Fernando Haddad foi, sem dúvida, um triunfo da perspicácia política do ex-mandatário.

Comunicando-se por momentos com sinais devido a um tumor na laringe, Lula convenceu a cúpula do PT, há um ano, para que o até então pouco conhecido Fernando Haddad, fosse o candidato à prefeitura de São Paulo. Estava só. Os médicos tinham diagnosticado seu câncer no dia 28 de outubro de 2011. No dia 30 começou as sessões de quimioterapia e, na mesma semana, chamou seus companheiros para conversar sobre a ideia que vários viam como um capricho: a postulação desse graduado em Direito, Economia e Filosofia, autor de uma tese de doutorado sobre novas leituras de Marx, que nunca havia disputado um cargo majoritário. Finalmente, a direção petista acatou a candidatura do afilhado político de Lula em novembro do ano passado e a oposição ligada ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, líder do Partido da Socialdemocracia Brasileira (PSDB) comemorou antecipadamente o que imaginou seria uma derrota humilhante do PT nas eleições nesta cidade-estado de 11 milhões de habitantes que é São Paulo.

Dono se uma sensibilidade política impar, Lula se envolveu não só na defesa desse professor de 49 anos, que foi eleito ontem com mais de 56% dos votos, mas na nacionalização da eleição. Era praticamente o único petista convencido que seu partido era capaz de vencer em São Paulo e desferir assim um golpe no fígado da direita que havia feito da maior metrópole sulamericana uma trincheira ao projeto iniciado em 2003 com a chegada do maior partido da esquerda latino-americana ao Palácio do Planalto.

Essa obstinação colocou Lula a beira do ridículo midiático.

Desde o interior da empresa de entretenimento, notícias e desinformação Globo, o partido de fato cujo norte político tem sido atacar o governo petista da maneira que puder, surgiu a interpretação disseminada com força viral nos círculos políticos, de que o ex-torneiro mecânico estava debilitado por sua enfermidade e isso tinha feito feito com que ele perdesse o sentido da realidade ao pretender que o “poste” Haddad se tornasse um candidato viável.

A Globo baseava sua argumentação em um dado correto, o de que o postulante à prefeitura era um nada eleitoralmente, já que há 90 dias, somente 3% dos paulistanos sabia de sua existência.

Ao longo da campanha, a Globo tratou Haddad com o mesmo script adotado em 2010 quando sua linha editorial foi mostrar a então candidata presidencial Dilma Rousseff como uma “ex-terrorista” sem luzes, tese urdida por Fernando Henrique Cardoso que a tratou como uma “marionete de Lula”. Cardoso e a Globo erraram o diagnóstico: Dilma demonstrou ter identidade própria e venceu as eleições presidenciais com 56 milhões de votos, derrotando Serra, do PSDB, o mesmo candidato que ontem foi derrotado por Fernando Haddad, em São Paulo.

Se a eleição de Dilma Rousseff há dois anos se deveu em grande parte ao ex-mandatário, a de Haddad foi uma obra que ele projetou e montou peça por peça desde o início, sem contar com a visibilidade que lhe dava o exercício da presidência.

Lula é um construtor obcecado e é o verdadeiro vencedor da eleição de ontem, a qual chegou a definir como uma “guerra” diante do bloco conservador que havia tomado como bandeira de campanha o escândalo de corrupção conhecido como “mensalão”, ocorrido durante seu governo entre 2003 e 2005.

A quimioterapia afetou o timbre de sua voz, mas isso não o impediu de participar como um militante de base em dezenas de atos em favor de Haddad e de dezenas de candidatos a prefeituras em todo o país antes do primeiro turno de 7 de outubro. Após um breve recesso em 17 de outubro quando viajou a Buenos Aires para reunir-se com a presidenta Cristina Fernández de Kirchner, no dia 19 Lula já estava animando outro comício em São Paulo na reta final do segundo turno realizado neste domingo.

A vigência política de Lula logo depois de deixar o governo é outro dado pouco usual na América Latina: nas recentes eleições presidenciais do México, o presidente Felipe Calderón foi derrotado pela oposição. Algo similar ocorre na Colômbia, onde o ex-presidente Álvaro Uribe viu seu projeto de guerra ser deixado de lado por seu sucessor Juan Manuel Santos em troca dos incipientes diálogos de paz com as FARC.

“Quero agradecer do fundo do meu coração ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sou grato ao presidente Lula pela confiança e o apoio sem os quais teria sido impossível vencer essa eleição”, disse Haddad diante de seus correligionários que se preparavam para os festejos na Avenida Paulista.

Haddad também agradeceu à presidenta Dilma que, na sexta-feira, havia
participado de uma festa privada por ocasião do aniversário de Lula que, no sábado, completou 67 anos.

O triunfo em São Paulo e o bom desempenho do partido governante nos 5.568 municípios que realizaram eleições em 7 de outubro, dos quais 50 tiveram segundo turno ontem, também foi uma vitória para Dilma, de 64 anos, ao cumprir a primeira metade de seu governo.

Haddad conquistou a confiança de Lula graças à sua gestão como ministro da Educação entre 2005 e 2012, quando implementou um programa de bolsas para estudantes pobres, o Prouni, que permitiu que cerca de um milhão de jovens chegassem à universidade. Agora deverá demonstrar que é competente para governar São Paulo e, se o fizer, confirmará seu nome como uma referência da nova geração petista, essa que Lula imagina, poderá governar o país na próxima década. Essa é a aposta de longo prazo do fundador do PT.

@DarioPignotti

Tradução: Katarina Peixoto
 
(*) Artigo publicado originalmente no jornal Página/12 (Argentina).

Fotos: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
 

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