Centenário da
guerra de Manufahi começa a ser assinalado hoje em Timor-Leste
24 de Novembro de
2012, 07:47
Díli, 24 nov (Lusa)
- O centenário da guerra de Manufahi e o 37.º aniversário da proclamação
unilateral da independência de Timor-Leste começam hoje a ser comemorados em
Same, no sul da ilha, com uma cerimónia tradicional de reconciliação nacional.
Entre hoje e
segunda-feira representantes e líderes tradicionais dos 13 distritos de
Timor-Leste vão reunir-se em Luak, a cerca de sete quilómetros de Same, para
darem início à cerimónia tradicional de reconciliação nacional, denominada
"Nahe Biti Bot".
Segundo João
Noronha, sobrinho neto de D. Boaventura da Costa Sottomayor, que comandou a
guerra de Manufahi contra os portugueses, a cerimónia tem como objetivo
"pedir desculpas" aos descendentes do líder tradicional timorense por
não terem apoiado a sua luta.
A revolta de
Manufahi teve início no natal de 1911, depois da morte do comandante militar de
Same, o tenente português Luiz Álvares da Silva, a mando do rei de Manufahi, D.
Boaventura.
Em 1912, as
autoridades portuguesas começaram as operações contra os "rebeldes"
de Manufahi, que não foram apoiados por uma série de reinos timorenses.
Paralelamente à
cerimónia tradicional será também inaugurada uma feira com venda de produtos e
artesanato timorense.
O ponto alto das
celebrações acontece na quarta-feira com a inauguração da estátua de rei de
Manufahi, bem como o seu agraciamento a título póstumo com a Ordem de D.
Boaventura, a mais alta condecoração do Estado timorense.
Ainda na
quarta-feira é celebrado o 37.º aniversário da proclamação unilateral da
independência do país (28 de novembro de 1975) com a leitura do Texto da Proclamação
da Independência da República Democrática de Timor-Leste, pela Fretilin uma
semana antes da invasão indonésia.
MSE // HB.
Guerra de Manufahi
tornou trabalho obrigatório para todos os timorenses
24 de Novembro de
2012, 07:47
Díli, 24 nov (Lusa)
- A guerra de Manufahi, liderada pelo rei D. Boaventura, foi a primeira grande
revolta contra a presença portuguesa em Timor-Leste e teve como consequência o
trabalho obrigatório para todos os timorenses.
Iniciada no natal
de 1911, quando o rei de Manufahi, Boaventura da Costa Sottomayor, mandou
executar o comandante militar de Same, no sul da ilha, o tenente português Luiz
Álvares da Silva, e o comandante de Fatuberliu, a guerra só terminaria em
outubro de 2012.
Apesar de o motivo
nacionalista ser um dos mais apontados para o início do conflito - o pai de D.
Boaventura já não concordava com a presença portuguesa no território - a
implantação da República em Portugal e motivos económicos também podem ter estado
na origem do conflito.
Segundo o ex-bispo
timorense Carlos Filipe Ximenes Belo, no livro "Guerra de Manufahi",
editado este ano pela diocese de Baucau, os liurais timorenses (autoridades
tradicionais) não aceitaram o fim da monarquia por terem jurado fidelidade ao
rei de Portugal, nem um eventual aumento de impostos.
A revolta terá
"provocado a morte de 15 mil a 25 mil" pessoas, escreve Ximenes Belo,
e mudou a vida dos timorenses, que passaram a ser obrigados a trabalhar e a
pagar impostos, depois de Boaventura da Costa Sottomayor se ter entregado às
autoridades portuguesas a 26 de outubro de 1912.
Segundo o
historiador Réné Pélissier, "foram efetivamente os timorenses que
submeteram Timor por conta dos portugueses", porque nem todos os liurais
apoiaram a revolta de D. Boaventura.
"Lutou
sozinho, apoiado apenas pelos seus homens de Manufahi (talvez uns cinco a seis
mil)", escreve Carlos Filipe Ximenes Belo.
O destino dado
pelas autoridades portuguesas ao liurai de Manufahi não é conhecido, mas a
memória do homem que, empunhando a bandeira da monarquia portuguesa, lutou
contra a República de Portugal, não foi esquecida e permanece imortalizada numa
estátua à entrada de Same, a cerca de 100 quilómetros a sul de Díli.
É também em Same
que na quarta-feira, as autoridades timorenses comemoram o centenário da
revolta de Manufahi, com a condecoração de Boaventura da Costa Sottomayor e com
a inauguração de um novo monumento ao que consideram ser o primeiro herói
timorense.
MSE //HB
Governo timorense
considera revolta de Manufahi exemplo para garantir a independência
24 de Novembro de
2012, 07:47
Díli, 24 nov (Lusa)
- O chefe da diplomacia de Timor-Leste, José Luís Guterres, considerou hoje a
revolta de Manufahi, há cem anos no sul do país, como um exemplo de luta contra
a tirania e prepotência para garantir a independência, liberdade e a
democracia.
"O mais
importante é que nós hoje comemoramos esses 100 anos lembrando para as novas
gerações o exemplo que deram de lutar sempre contra a tirania, lutar contra a
prepotência e lutar para que o país se mantenha independente, livre e
democrático", afirmou José Luís Guterres.
Timor-Leste celebra
quarta-feira em Same, no distrito de Manufahi, a cerca de 100 quilómetros a sul
de Díli, os 100 anos da revolta de Manufahi e os 37 anos de proclamação
unilateral da independência, pela Fretilin uma semana antes da invasão
indonésia.
A revolta de
Manufahi teve início no natal de 1911, depois da morte do comandante militar de
Same, o tenente português Luiz Álvares da Silva, a mando do rei de Manufahi,
Boaventura da Costa Sottomayor.
"Foi uma das
revoltas que houve contra a prepotência de alguns agentes da administração
colonial (portuguesa) que aqui estavam a operar em Timor-Leste", explicou
o chefe da diplomacia timorense.
Para o ministro
timorense, a guerra de Manufahi deve servir também para celebrar a relação
fraternal entre os povos.
"Ao celebramos
Boaventura devemos também celebrar a relação fraternal que deve existir entre
os povos. As relações atuais entre os países da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa demonstram que não há um problema de relações entre povos, mas sim
de sistemas e ditaduras", afirmou.
Segundo José Luís
Guterres, celebrar aquela história é dar às novas gerações uma oportunidade de
conhecerem os grandes exemplos que os seus antepassados lhes deram.
MSE // HB.