domingo, 20 de janeiro de 2013

Portugal: A DEMOCRACIA DE ALTERNE





Portugal está nas mãos de bandidos há muito tempo, gente vendida aos grandes Senhores do Mundo, aos Mercados e às grandes Corporações. Paralelamente vivemos numa falsa democracia de alterne que garante que o poder estará sempre nas mãos daqueles que cumprem as ordens desse poder. Tem sido assim há muitos anos e tudo é feito para que assim continue. O sistema está montado na perfeição tendo como pedra base a comunicação social, especialmente as televisões, autenticas máquinas de lavagem cerebral, criadoras de zombies e especializadas em acalmar revoltas e escolhem governantes. Para que tudo fique mais real não pode faltar um partido mais à esquerda (o susto que foi quando surgiu o BE e ganhou a expressão eleitoral que teve até o conseguirem instalar dentro do sistema), e um mais à direita, mas a quem nunca permitirão que se cheguem sequer perto do poder. Para não haver surpresas há ainda o poder legislativo, a força e a justiça para o garantir. (Veja-se a medo que mostram dos movimentos sociais não alinhados e como mandam os cães de guarda morder quando se tornam mais activos). O sistema está montado, é fiável e seguro.

Com o Passos Coelho a espalhar pobreza e miséria em nome de uma divida criada propositadamente para nos explorar e a preparar-se para destruir o que resta do Estado social sabe-se que, mais cedo ou mais tarde terá de ser substituído e já há pretendente, o líder do outro partido de alterne. Nem precisa de fazer nada de especial, basta esperar que a impopularidade do governo seja tanta que o poder lhe caia no colo. As televisões garantem-lhe uma vitória certa, por mais que isso seja um pesadelo para os que acreditam haver outras formas e outras possibilidades de democracia e de governo, a probabilidade de ser com uma maioria absoluta é grande. Um governo de bloco central tem a desvantagem de não deixar de fora um partido para assumir o poder no alterne seguinte. 

Este Seguro é tão mau como o que lá está agora, aliás têm percursos idênticos, ambos formados nas jotas dos seus partidos, sem nunca terem trabalhado nem saberem fazer nada mais que intriga politica. Da vida real nada sabem mas também não é isso que lhes exigem pois basta-lhes que sejam submissos e obedientes à voz dos donos. É contra isto que temos de lutar, uma luta desigual mas onde temos de acreditar que a razão vencerá a força e a prepotência. Somos os tais 99% de que tanto se falou e por isso temos o direito a escolher livremente o nosso futuro, mas isso exige que todos os que têm essa consciência se mobilizem e empenhem em mostrar que outro caminho é possível. Seremos capazes disso?

Portugal: O EX-MINISTRO QUE PEDE 53,6 MILHÕES




Henrique Monteiro – Expresso, opinião em Blogues

A história não é simples, mas tento contá-la. Um ex-ministro da Saúde dos governos de Cavaco Silva, de seu nome Arlindo Carvalho (o qual tinha como currículo uma passagem pela rádio pública), tornou-se, após ter saído do Governo num bem-sucedido gestor numa empresa de nome Pousa Flores. Com o apoio do - adivinhem - BPN comprou património e fez negócios, os quais, aliás, passavam pela recompra do BPN de alguns ativos.

Acontece que o BPN, devido às solicitudes por que passou (chamemos assim à vigarice, porque é mais elevado) não comprou os tais ativos. E eis que o ex-ministro, representando a empresa que fez os negócios vem pedir 53,6 milhões de euros ao banco, segundo informa hoje o 'Correio da Manhã'.

Ao mesmo tempo, a Justiça anda a investigar os negócios de Arlindo Carvalho na empresa, que considera ruinosos, sendo que o ex-ministro é arguido no célebre processo BPN.

Como sabem os leitores, 53,6 milhões de euros não é quase nada. É assim uma conta que eu levaria cerca de 800 anos a ganhar com o meu salário atual, que por sua vez é considerado um salário muito elevado em termos fiscais. Mas, claro, não fui ex-ministro nem tive qualquer negócio com o BPN.

E também não tenho conclusões sobre esta história, salvo uma que tirei já há mais de quatro anos, quando nacionalizaram o banco - deviam tê-lo deixado falir. Porque, como já perceberam, acaso o ex-ministro conseguisse valer os seus direitos, seria o dinheiro dos nossos impostos a pagar a coisa.

Por último, uma palavra para os 1,1 mil milhões que o Estado colocou no Banif... Eu sei que neste caso não houve vigarices, mas o princípio geral mantém-se. Enquanto não forem prejudicados aqueles que realizam maus negócios, sendo socializados os seus prejuízos, não há exigência no mercado. Porque mais do que os mercados, que são sempre tão criticados, a culpa é de quem não os deixa funcionar e coloca todo o jogo de um lado.

Estimativas económicas para Portugal são "balde de água fria" para o governo




Jornal i - Lusa - foto Manuel Vicente

O coordenador nacional do BE, João Semedo, disse hoje, no Funchal, que as estimativas económicas, designadamente do FMI para Portugal, são "um balde de água fria" para o Governo da República, tendo defendido a sua demissão.

"Todas as previsões feitas seja por quem for e nomeadamente as últimas do Banco Portugal são muito más noticias para o Governo, são um balde de água fria, desmentem o otimismo fantasioso do primeiro-ministro", disse.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que Portugal falhe por 0,25 pontos percentuais a meta do défice orçamental de 5% do PIB para 2012, reviu também em baixa a previsão de crescimento económico para Portugal em 2014 para 0,8% e advertiu que os riscos de revisão em baixa para 2013 são significativos.

À margem de uma conferência no Funchal promovida pelo BE-M, João Semedo salientou que "a austeridade que se impôs aos portugueses é recessiva porque a recessão impõe mais austeridade".

O coordenador nacional avisou que "se 2012 foi um ano de muitos sacrifícios e de muitas dificuldades, 2013 vai ser um ano ainda mais difícil pelo enorme aumento de impostos".

"O Governo tem feito uma campanha intensa contra o Estado social, é uma campanha de mentiras e de falsificações, o Estado social não é caro, não é gigante, não é ineficaz e não é um luxo, bem pelo contrário", considerou.

E especificou: "Nós temos os melhores serviços de educação públicos, o melhor serviço nacional de saúde e, quer a despesa pública em saúde, quer a despesa pública com a educação são abaixo da média da União Europeia e, por outro lado, quando se fala dos salários dos trabalhadores da função pública é preciso dizer que o peso é 10,4 do PIB [Produto Interno Bruto], muito abaixo da média europeia. Na Dinamarca é 18,4 por cento do PIB".

Realçou ainda que o BE tem apresentado "muitas propostas para melhorar, para modernizar os serviços públicos e o Estado social mas nós não confundimos o progresso e a modernização do Estado social com a sua destruição".

João Semedo defendeu mais uma vez ser necessário "romper e renunciar ao acordo com a 'troika'".

"A única medida que nós conhecemos que não é recessiva é cortar os juros que pagamos à 'troika', é cortar nos juros que pagamos aos credores e é renegociara a divida, só assim o país poderá sair da crise", contrapôs.

Sobre a posição dos socialistas nesta conjuntura, João Semedo considerou que "o PS faz um equilíbrio político muito difícil, tem um pé na oposição e tem um pé no memorando da 'troika'".

"Temos verificado que relativamente a muitas propostas que temos apresentado no sentido da convergência e da ação comum, o PS tende a fugir da esquerda. Isso não é bom para resolver os problemas do país, não é bom para superar a crise política em que o país se encontra", concluiu.

No relatório sobre a sexta avaliação do Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal realizado no final do ano passado e divulgado sexta-feira, o FMI deu conta da sua estimativa ao Governo, mas as autoridades nacionais garantiram que as limitações na execução da despesa que foram impostas em setembro iam permitir cumprir a meta, já de si revista face à meta inicial de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

O FMI reviu também em baixa a previsão de crescimento económico para Portugal em 2014 para 0,8% e advertiu que os riscos de revisão em baixa para 2013 são significativos.

Portugal: DESNORTEADOS




Fernando Gomes – Jornal de Notícias, opinião

Definitivamente, as coisas estão feias para o Norte do país. Sendo certo que a generalidade dos portugueses está a viver o seu pior tempo depois do 25 de Abril, é evidente que a situação tem vindo a ficar ainda mais difícil para os que vivem na região norte. Acresce que não se vislumbra, por parte de quem nos governa, qualquer atitude para corrigir o ritmo deste declínio. Bem pelo contrário.

Rememorando o que aqui tem acontecido, as decisões mais recentes demonstram a total indiferença dos poderes públicos nacionais perante a degradação económica e social da região.

Como pudemos constatar há algumas semanas, através dos números publicados pelo Instituto Nacional de Estatística, a riqueza produzida na Região Norte tem vindo a decair perigosamente, a ponto de sermos hoje a mais pobre das regiões portuguesas, Madeira e Açores incluídos. De pulmão da economia nacional, centro da indústria transformadora e motor do crescimento, depressa passamos para a cauda do pelotão. A coesão económica e social tão incensada em termos europeus, é em Portugal uma miragem. Como já antes aqui referi, o fosso que nos separa da região mais desenvolvida - a de Lisboa - tem vindo a aumentar em vez de se atenuar. É claro que esta situação não aconteceu hoje.

Mas o que é por de mais perturbante é a forma como se tem acentuado este agravamento nos últimos tempos, sem que nada tenha sido feito para o evitar. Bem pelo contrário, a preocupação aumenta quando nos damos conta da sobranceira indiferença com que a situação é encarada por quem nos governa. Chego a pensar se esta não é uma atitude deliberada para procurar diminuir a tradicional capacidade afirmativa do Norte, mostrando o Governo, com a sua intransigência, que não se deixa influenciar e que não cede a pressões. Não haverá melhor exemplo para o país do que procurar calar quem tem visibilidade e abafar desde logo a reivindicação, por mais justa que ela seja.

Senão, como se entenderiam os conflitos com a Casa da Música, em que o Governo diz e se desdiz, ou a incompreensível subalternização dos estúdios do Monte da Virgem da RTP, tão profusamente referidos na Comunicação Social?

E como se tudo isto não bastasse, aparece agora a inesperada proposta para serem introduzidas mais 16 portagens em ligações viárias, sendo que 14 delas se concentram no Norte do país. São demasiados sinais de desnorte. Como muito bem diz Rafael Barbosa no seu comentário de sexta-feira "chama-se a isto equidade, em versão centralista".

Para se entender a injustificável atuação do Governo, só há uma outra possibilidade - é ele não ter uma linha de rumo para o país e andar à deriva. Tendo como único objetivo cumprir as metas assumidas com a troika, corta onde pode e onde não pode, sem curar das consequências e tenta esbulhar o último punhado de euros dos bolsos de quem ainda os possa ter. À falta de um projeto para o país que nos faça crescer e, por essa via, permita aumentar a receita fiscal, vale apenas o programa dos credores.

O que mais assusta é vermos que o Governo entende que está no bom caminho. As trombetas do potencial sucesso de um défice perto dos 5% , mesmo que com receitas irrepetíveis, já se fazem ouvir e ainda não sabemos se o conseguiremos. É evidente que o controlo do défice é importante. Mas ele não pode ser atingido a qualquer preço, como repetidamente se tem dito.

A luta política sobe de tom. Sente-se que os portugueses estão no limite da sua capacidade de resistência. O Partido Socialista, única alternativa visível de Governo, aumentou esta semana a parada e fala objetivamente de eleições antecipadas, pedindo maioria absoluta. Os partidos da coligação, por seu turno, contra-atacam e desvalorizam a tomada de posição do PS argumentando que tal se deve a lutas internas pela liderança (o que, se fosse verdade, o descredibilizaria completamente).

O ambiente que se vive no país é tudo menos calmo. O número e a importância das vozes que se faziam ouvir contra uma possível crise política diminuiu a olhos vistos. Se o país está mal, o Norte está pior. Mas uma coisa é certa - aconteça o que acontecer, já nada temos a perder. Ao fim e ao cabo, qualquer alternativa será sempre para nós um motivo de esperança.

PARIS RECUSA EMBAIXADOR DO GOVERNO GOLPISTA DA GUINÉ-BISSAU




Com o título onde refere “outro falhanço” o Ditadura do Consenso traz ao conhecimento nova tentativa do governo golpista de Bissau em promover e fazer acreditado pela França um embaixador reconhecido que represente os interesses da Guiné-Bissau. Os apoios que nos Negócios Estrangeiros franceses poderiam fazer acreditar o embaixador fantoche rejeitaram tal pretenção uma vez mais. Compreensivelmente, uma vez que o auto denominado “governo de transição” não é devidamente reconhecido pela França. (Redação PG)

Outro falhanço em Paris...


Mais uma manobra do 'governo de transição' da Guiné-Bissau, outra vez em Paris. No final da semana passada, houve outra tentativa de mobilizar apoios com vista a impor Dino Seidi, nomeado pelo governo golpista de Bissau, embaixador em França, mas ainda não acreditado pelas autoridades francesas.

Esta reunião foi dirigida por Domingos Mendes (vulgo Upacar) e os seus colaboradores e contou ainda com alguns elementos próximos do 'governo de transição'. Secretamente infiltrados - e bem instalados - em Paris, estavam Armando Procel, Carlos Vamaim, Avelina Djaló, Augusto Mendes Pereira entre outros.

Falhada mais uma tentativa, é altura de regressar a casa e não ter contas para prestar, lamber as feridas e tentar angariar mais uns quantos milhões para regressar e gastar numa Europa que tanto dela precisa... É triste constatar, a cada dia que passa, que a diplomacia guineense está pior e completamente descredibilizada no plano internacional. AAS

Cabo Verde: Há défice de conhecimento entre os mais novos, historiador Daniel Pereira




JSD – VM - Lusa

Cidade da Praia, 20 jan (Lusa) - O historiador cabo-verdiano Daniel Pereira apelou hoje aos cabo-verdianos para uma "atitude de maior nacionalismo", ensinando aos mais novos a história dos seus heróis por acreditar que há um défice de conhecimento de Amílcar Cabral.

Daniel Pereira, ao intervir no Fórum Amílcar Cabral, que decorre desde sexta-feira e hoje termina na Cidade da Praia, referia-se ao facto de os currículos escolares "pouco dizerem" sobre as várias facetas do líder nacionalista da Guiné-Bissau e Cabo Verde.

Segundo o historiador, discursando perante uma plateia de "notáveis" mas também, e sobretudo, de estudantes universitários e do secundário, Cabral, assassinado em Conacri em circunstâncias nunca apuradas faz hoje 40 anos, foi um homem que escolheu um caminho "duro" para fazer a sua história, distanciando-se do facilitismo.

"Há homens que marcam a história pelo cunho, estilo e presença incomparável. Cabral foi um desses homens raros, cuja vida e ação modificaram o curso da história, considerando o período e as condições particulares nas quais interveio", destacou.

Amílcar Cabral, segundo Daniel Pereira, conseguiu condensar e sintetizar, numa determinada época, os sentimentos de toda a sua comunidade e os transformar em convicções, que acabaram por ser levadas à prática pela grande maioria da população.

Patriota e nacionalista convicto, a ligação à sua pátria era, para o conferencista, um "sentimento chave" que impediu que o herói nacional aceitasse a situação de degradação dos povos, por que lutava, de desprezo da sua história e da sua cultura.

"Essa recusa de submissão fê-lo lutar e vencer todas as adversidades. E porque estava firmemente convencido da justiça da sua causa, conseguiu comunicar a muitos uma dinâmica de coragem, certo de estar ao lado da justiça", frisou.

Para o historiador, Amílcar Cabral preparou as populações para a batalha inevitável contra o colonialismo português, despertou, nas consciências, a memória de séculos de servidão, colocando os objetivos supremos da luta acima de tudo e bateu-se pelas independências da Guiné-Bissau e de Cabo Verde.

"Como diplomata fino que foi, Cabral conseguiu, através da condução da política externa, diversificar os seus contactos e alianças de maneira a gerir a sua autonomia e independência face aos aliados naturais e tradicionais, procurando ser coerente e perseverante no respeitante aos seus nobres interesses políticos", sustentou.

Amílcar Cabral, explicou, era conhecido como um homem de Estado de grande envergadura e como um estratega político de ampla visão prospetiva.

O fórum, subordinado ao tema "Por Cabral, Sempre", congrega conferencistas de Portugal, Cabo Verde, Angola, Brasil, Canadá, Finlândia, Itália, Guiné-Bissau e Senegal e termina hoje, dia dos Heróis Nacionais, data que assinala o dia do assassínio do "pai" das independências da Guiné-Bissau e Cabo Verde.

O encerramento, presidido pelo primeiro-ministro, José Maria Neves, realiza-se ao princípio da noite, numa cerimónia marcada por uma homenagem a Cabral.

Solução para Guiné-Bissau não será "imposta" pelos parceiros internacionais -- CPLP




MMT – JPF - Lusa

Maputo, 20 jan (Lusa) - A presidência moçambicana da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) garantiu que a solução para a crise da Guiné-Bissau não "vai ser imposta" pelos parceiros internacionais, que vão respeitar a decisão do povo guineense.

"A saída não vai ser imposta nem pela CPLP, nem pela CEDEAO, União africana, Nações Unidas ou outro parceiro, incluindo a União Europeia, que possa entrar na Guiné-Bissau. O que nós temos que fazer é tentar mostrar vários cenários possíveis de saída" à crise guineense, disse à Lusa o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros moçambicano, Henrique Banze, fazendo um balanço dos seis meses da presidência moçambicana da CPLP, que hoje se assinala.

"Aquilo que for decidido no processo de negociação intra-guineense, nós vamos seguir, mas queremos que haja retoma da normalidade constitucional dentro daquilo que está estabelecido na carta das Nações Unidas, aliás, a União Africana é muito vigorosa nesse aspeto e incluindo até aquilo que está estabelecido no quadro legislativo da própria Guiné-Bissau", disse Henrique Banze.

Na cimeira, que se realizou a 20 de junho em Maputo, sob o lema "A CPLP e os desafios na Segurança Alimentar e Nutrição", Moçambique assumiu a presidência rotativa da organização dos oito países lusófonos assinalando a segurança alimentar e a normalização da situação política na Guiné-Bissau como dois dos sete pontos fortes.

Moçambique qualifica de "francamente positiva e encorajadora para o resto do processo" os trabalhos feitos nos primeiros meses da presidência da CPLP, mas reconhece que a Guiné-Bissau é um "grande desafio".

Henrique Banze considera que o problema político da Guiné-Bissau pode levar a que a evolução da economia do país seja menos acelerada. "Os nossos países ainda são dependentes da ajuda externa, se esta ajuda externa for condicionada à situação política do país contribui para desacelerar o processo", referiu.

A organização "está aberta para aceitar" algumas iniciativas que concorram para que a normalidade seja estabelecida o mais rapidamente possível na Guiné-Bissau", disse Henrique Banze.

"Nós trabalhamos nessa perspicácia necessária de irmos ao longo do processo ajustando-nos às dinâmicas, mas uma coisa é certa: o princípio da tolerância zero por parte de Moçambique e da CPLP continua válido. No processo de diálogo os guineenses é que devem decidir, nós ajudamos os guineenses", afirmou.

A presidência moçambicana da CPLP acredita, por isso, que "o povo guineense vai encontrar uma saída" para a crise no país, pelo que os Estados membros da organização "estão prontos para ajudar a essa solução".

Contudo, "uma coisa é clara, a situação da Guiné-Bissau não pode continuar eternamente na situação em que está neste momento de permanentes golpes de Estado e de instabilidade. O povo guineense merece uma melhor sorte no sentido de continuar o seu desenvolvimento económico", disse Henrique Banze.

Moçambique considera "francamente positivos" seis meses da presidência da CPLP




MMT – JPF - Lusa

Maputo, 20 jan (Lusa) - O governo de Moçambique considerou "francamente positivos" os primeiros seis meses da presidência moçambicana da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) que hoje se assinalam.

Em declarações à Lusa, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, Henrique Banze, que considerou os resultados obtidos "encorajadores para o resto do processo", reconheceu contudo "o grande desafio" que a Guiné-Bissau e a questão da segurança alimentar representam para a organização.

Esta é "uma presidência qualificada de positiva do nosso lado, apreciando os esforços que todos os Estados membros têm desenvolvido para garantir que a CPLP continue uma organização relevante", disse. O titular da pasta dos Negócios Estrangeiros de Maputo destaca o "enfoque que foi dado às questões ligadas à concertação política diplomática que é um dos pilares fundamentais". "Um enfoque muito especial para a Guiné-Bissau por causa da situação própria que se estabeleceu", disse Henrique Banze.

Na cimeira, que se realizou a 20 de junho em Maputo, sob o lema "A CPLP e os desafios na Segurança Alimentar e Nutrição", Moçambique assumiu a presidência rotativa da organização dos oito países lusófonos assinalando a segurança alimentar e a normalização da situação política na Guiné-Bissau como dois dos sete pontos fortes.

Henrique Banze afirma que foram dados "passos importantes neste processo" seis meses depois.

O governante moçambicano releva a importância do diálogo no processo guineense, o que foi conseguido nos primeiros seis meses da presidência de Moçambique. Além de aproximar as lideranças do governo interino (deposto no golpe de Estado de 12 de abril de 2012) e o de transição, à mesa das negociações, Moçambique conseguiu recentemente que a União Africana passasse a coordenar os esforços de reconciliação dos atores envolvidos na crise guineense.

Durante os seis meses, a Guiné-Bissau mereceu atenção "ao mais alto nível" na ONU e Moçambique também garantiu que uma missão fosse à Guiné-Bissau em dezembro para falar com todos os atores políticos, incluindo os militares, afirmou Henrique Banze.
"Há uma série de recomendações que estão a surgir para que a Guiné-Bissau possa voltar à normalidade constitucional. A nossa avaliação é francamente positiva nesse aspeto", acrescentou.

Desde 2008, a questão da segurança alimentar e nutricional tem mobilizado a atenção política dos Estados membros da CPLP, que já adotaram uma resolução sobre o tema, realizaram dois simpósios e organizaram um diálogo Brasil-África.

Não obstante estas iniciativas, prevalecem os problemas da desnutrição aguda no espaço da CPLP, afetando aproximadamente 28 milhões de pessoas, segundo dados da organização.

"O que nós pretendemos é fundamentalmente a redução (da desnutrição). Se pudermos reduzir, pelo menos em 50 por cento, as pessoas que passam fome, estaríamos em grande parte a cumprir isso", disse Henrique Banze, assinalando que a CPLP olha para a questão alimentar "com preocupação".

COMO TRATAR NORTE-AMERICANOS NOS EUA




Urariano Mota, Recife* - Direto da Redação

A última experiência com os gringos made in USA foi um tanto desconfortável, para o colunista. No consulado, quando fui portador do abaixo-assinado dirigido ao presidente Obama, um documento que reivindicava liberdade para os cubanos presos nos Estados Unidos, o tratamento foi um tanto mal-educado. Ali, entreguei o texto em pé, varrido por câmeras de todos os lados, sem cafezinho, sem água, sem um bom-dia, enquanto os companheiros, vereadores, sociólogos, estudantes, ficaram nos degraus de acesso, do lado de fora. Pior, este nativo bem que poderia ter saboreado balas vindas de dois policiais com a mão na pistola, que defendiam a funcionária contra o terrorista.

Mas agora o site da Caixa Econômica Federal vem em sentido oposto, porque ensina como os brasileiros devem tratar os norte-americanos nos Estados Unidos. Ah, bom. Meus raros amigos, esta coluna já vem pronta. Se não creem, acompanhem por favor as preciosas recomendações de Etiqueta no site da Caixa. Os comentários são do colunista, as informações vêm de Clique aqui :

 “Em situações formais, norte-americanos costumam se cumprimentar com um aperto de mãos firme e rápido ou com um aceno de cabeça, acompanhado de uma saudação verbal”. Hi, rai, será isso? 
  
“Nos EUA, procure ficar a uma distância mínima de 33 cm (a distância aproximada de um braço esticado) quando conversar com outras pessoas”. Aí é bronca, como os mal-educados nos dizemos no Recife. 33 cm como tamanho de um braço?! Das duas uma: ou o redator da etiqueta para brasileiros entre gringos errou a unidade, ou a parte do corpo humano. Mas não exageremos. Adiante.  

“Se você estiver num grupo que está conversando em inglês, não é educado falar em outra língua mais do que duas ou três frases”. Magnífico. Nos Estados Unidos fale inglês, sempre, não importa em que circunstância. E se alguma necessidade interna houver, de fala entre seus semelhantes nativos, comporte-se: faça como eles fazem em terras do Brasil: fale em inglês, sempre.    

“Mantenha suas roupas sempre limpas e arrumadas, sejam elas formais ou informais. O mesmo vale para os sapatos”. Como se sabe, os brasileiros somos desleixados, sujos, mal-amanhados, deselegantes. Nesse particular, não precisamos copiar os norte-americanos que chegam em hordas de turistas para o Brasil: sem banho, de sandálias, bermudões, em fila indiana, em marcha que anda como se tivessem calos e caroços nos pés. Mas como pinguins graciosos, pois são norte-americanos. 
      
“Nos EUA, fazer contato visual com o garçom, com um aceno da cabeça, normalmente é suficiente para chamar sua atenção.   Em ambientes muito cheios, pode-se chamar o garçom educadamente com um ‘excuse me, waiter’ ou erguer o dedo indicador com um aceno de cabeça”.    O genial dessas recomendações para os mal-educados, isso quer dizer,  nós,  é que elas preveem todas as situações, se não as reais, pelo menos as imaginárias. Os garçons nos Estados Unidos atendem às mil maravilhas todo cucaracha. Basta um dedo indicador e eles vêm sorridentes e ágeis. Nunca o médio, do dedo, que esse é o que nos dão, por falta de coordenação motora, talvez.

“Ao ser convidado para um evento na casa de alguém, é de bom tom perguntar ao anfitrião se ele deseja que você leve alguma coisa. Se ele disser que não, leve assim mesmo um vinho ou algum doce para a sobremesa.

Se o evento for uma festa de comemoração de aniversário, aposentadoria ou formatura, mesmo que lhe digam que não é necessário dar presentes, leve uma lembrancinha acompanhada de um cartão.

Quando visitar uma casa pela primeira vez, leve um presente para o anfitrião – flores para a mesa ou uma garrafa de vinho são boas escolhas”.

Ou seja: leve sempre um presente. Nunca se esqueça.  Mas.

“Não prolongue além da conta a sua estada – a não ser que o anfitrião peça”.

Antes, o gringo dizia não e devíamos entender sim. Agora, dizem sim e devemos entender sim. Como saber quando os gringos falam a verdade?

Na verdade, a Caixa devia escrever um Manuel de como os norte-americanos deviam tratar os brasileiros, porque a economia deles vai mal-educada. Ou pelo menos, como eles devem se comportar quando invadem as praias do Brasil e veem em cada mulher uma prostituta, e em cada brasileiro um cafetão. 

Enquanto a nova Etiqueta não vem, pela que está no ar só resta uma conclusão: brasileiros selvagens, não visitem os Estados Unidos. A não ser que desejem viver sob a camisa de ferro de um desatualizado Manual de Etiqueta.

*É pernambucano, jornalista e autor de "Soledad no Recife", recriação dos últimos dias de Soledad Barret, mulher do cabo Anselmo, executada pela equipe do Delegado Fleury com o auxílio de Anselmo.

O ETARRA E A QUESTÃO BATTISTI




Joseba Gotzon foi preso no Rio de Janeiro por delitos de natureza política. No Brasil, ele é apenas um adulterador de documentos. De modo geral, é o mesmo caso de Cesare Battisti, que teve seu pedido de extradição negado pelo STF e, agora, aqui vive tranqüilamente como escritor.

Mauro Santayana – Carta Maior, em Colunistas

É preciso saber quais foram os trâmites oficiais para que a Espanha enviasse agentes seus ao Brasil, a fim de obter a prisão do cidadão basco Joseba Gotzon, que vivia e trabalhava no Brasil com identidade falsa. A notícia, divulgada em primeira mão pelo jornal ABC, de Madri, é clara: a detenção havia sido feita por agentes da Polícia Nacional da Espanha. Mais tarde, outras versões diziam que a detenção fora realizada somente pela Polícia Federal. 

Se assim foi, seria importante saber se essa colaboração entre a Polícia Federal brasileira e a Policia Nacional da Espanha se faz mediante acordo oficial, aprovado pelos parlamentos dos dois Estados, ou não.

Se não há acordo formal, negociado pelos respectivos ministérios de Relações Exteriores, os policiais brasileiros envolvidos podem sofrer sanções disciplinares. Nesse caso, a Polícia Federal não deve prestar serviço a autoridades estrangeiras, nem a Policia Nacional da Espanha atuar no Brasil, se é que agentes espanhóis participaram da operação, da forma divulgada pelo ABC de Madri.

Joseba Gotzon (seu nome basco) cometeu um crime, que quase todos os fugitivos cometem: o de falsidade ideológica, mediante adulteração de documentos. Por isso, e só por isso, pode ser processado, julgado e, eventualmente, condenado no Brasil. Quanto à sua suposta atuação na luta armada, considerada terrorista pelo governo de Madri, ela não nos diz respeito como Estado.

Há, naturalmente, os brasileiros que são solidários com a luta pela independência do País Basco, que levou milhares de seus cidadãos a manifestar-se, há uma semana, nas ruas de Bilbao, exigindo a transferência dos prisioneiros bascos dos presídios espanhóis e franceses para que cumpram a pena em seu território histórico.

Como há, da mesma forma, os simpatizantes do franquismo que desejam a extinção dos bascos. Ora, o povo basco parece ter sido o primeiro povo a sedimentar-se na Europa, depois das grandes peregrinações, e a fixar-se exatamente onde continua a viver, nos Pirineus, divididos pela fronteira estabelecida pelos franceses e castelhanos, sucessores dos romanos e dos gauleses. 

Joseba é acusado de tentativa de morte, por ter atacado policiais espanhóis, que, mesmo feridos, sobreviveram. Esse crime deverá prescrever em uma semana, de acordo com a informação de fontes espanholas. Trata-se, claramente, de um delito de natureza política. No Brasil, Joseba é apenas um adulterador de documentos, ato explicável em sua situação clandestina como foragido.

É o mesmo caso de Cesare Battisti, que, mesmo acusado de falsidade ideológica, e de assassinatos políticos na Itália, não confirmados - desde que, se os houvesse cometido, teria o dom da ubiqüidade, e disparar sua arma em duas cidades ao mesmo tempo - teve seu pedido de extradição negado pelo STF e, agora, aqui vive tranqüilamente como escritor.

Na realidade, o caso Gotzon se explica no contexto dos movimentos políticos pela independência não só do País Basco, quanto da Catalunha, no processo que deverá levar à federalização da Espanha, ou à sua balcanização política. Aos dominadores históricos de Madri, bem como à direita de modo geral, é melhor a luta armada, que lhes justifica a violência e a opressão cultural. Os catalães e bascos (como amanhã deverão segui-los os asturianos, os galegos e os andaluzes) resolveram concentrar-se na luta aberta e política pela independência. Os bascos sabem que nenhuma luta armada consegue êxito se lhe faltar o apoio político das massas.

ETA (Euzkadi Ta Azkatasuna, ou País Basco e Liberdade) decidiu baixar as armas. Seu braço político, Herri Batasuna (Unidade do Povo), ratificou essa posição, ao mesmo tempo em que reafirmava a escolha da ação política. É uma nova etapa histórica, bem mais promissora do que a luta armada, de grupos clandestinos, mesmo porque o povo já está impaciente com o comportamento escandaloso da monarquia, que se reflete na corrupção e na incapacidade de seus atuais governantes. 

*Mauro Santayana é colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.

Discurso de Cameron sobre a UE lança um alerta sobre RU ‘a encaminhar-se para a saída’




The Independent - Presseurop

Trechos do [discurso adiado do primeiro-ministro David Cameron (3283421)] sobre o lugar do Reino Unido da UE, divulgados previamente pela imprensa, alertam para a necessidade de uma reforma da UE para evitar que os britânicos comecem a “encaminhar-se para a saída”. 

O discurso, que The Independent considerou “o mais importante discurso do mandato”, seria apresentado em Amesterdão esta sexta-feira, mas foi adiado (para uma data ainda não definida) devido à crise dos reféns na Argélia. David Cameron refere três desafios que se colocam à UE: a crise da zona euro, a competitividade numa economia global e o apoio público à UE. Segundo afirma, existe um fosso entre a UE e os cidadãos europeus, que cresceu exponencialmente nos últimos anos e que representa uma falta de responsabilidade democrática e de consentimento que se faz sentir muito em particular no Reino Unido. [...] Eu quero que a União Europeia seja um êxito e quero uma relação entre o Reino Unido e a UE que nos mantenha dentro dela. [...] Há sempre alguém a dizer 'não façam perguntas difíceis'. Mas é essencial para a Europa – e para o Reino Unido – fazê-las. [...] Sente-se uma frustração crescente quando a UE é vista como uma coisa que é imposta às pessoas em vez de ser uma coisa feita em nome delas.

The Independent adianta que David Cameron vai prometer um referendo depois das eleições gerais de 2015 sobre a relação do Reino Unido com a UE, apesar de este trecho não ter sido divulgado pelos media.

Alemanha: Eleição na Baixa Saxônia é teste para Merkel e Steinbrück





Partidos alemães aguardam ansiosos resultado da eleição no estado da Baixa Saxônia. Mais do que um pleito regional, ela definirá o futuro político de vários líderes nacionais.

O candidato social-democrata à chefia de governo alemão, Peer Steinbrück, afirmou que as eleições estaduais na Baixa Saxônia desempenham "um papel fundamental" para ele. O adversário da chanceler federal Angela Merkel anseia por ventos favoráveis em seu percurso até as eleições parlamentares alemãs deste ano – algo que, por muito tempo, a Baixa Saxônia parecia poder lhe oferecer. Social-democratas e verdes estavam claramente na liderança nas pesquisas.

Mas a clara vantagem nas pesquisas de opinião se transformou numa disputa apertada com os partidos da coligação conservadora-liberal, a União Democrata Cristã (CDU) e o Partido Liberal Democrático (FDP), atualmente à frente do governo da Baixa Saxônia. Se os democrata-cristãos sob a liderança do governador David McAllister, um protegido de Merkel, não forem derrubados do governo do estado, a situação vai ficar ruim para Steinbrück.

Todos, desde a imprensa até os críticos internos do Partido Social Democrata (SPD), responsabilizariam Steinbrück pela derrota, apontando para o escândalo de seus cachês milionários para palestras ao setor privado e às suas observações infelizes sobre o baixo salário de um chanceler federal alemão e sobre vinhos baratos.

O SPD já disse que não vai trocar seu candidato à chancelaria federal. Mas, pouco antes da hora da verdade, os social-democratas estão tremendo de medo, e não só eles.

Destino incerto para o liberais

De acordo com as pesquisas, o partido A Esquerda, que na última eleição estadual pôde comemorar sua expansão para o Oeste Alemão também na Baixa Saxônia, não deverá conseguir o limite mínimo de 5% de votos para a representação parlamentar, devendo deixar a Assembleia Legislativa do estado, como foi o caso recentemente na Renânia do Norte-Vestfália e em Schleswig-Holstein. O encolhimento em direção a um partido do Leste Alemão toma cada vez mais forma.

Este domingo eleitoral é considerado um dia fatídico também para o presidente do FDP, Philipp Rösler. Nos bastidores de seu partido, as facas já estão sendo afiadas para o sacrifício da ex-estrela jovem dos liberais, cuja liderança é hoje vista como fraca e insípida.

Em recentes pesquisas nacionais, os liberais alcançaram apenas 3% das intenções de votos. Também na Baixa Saxônia paira a ameaça de eles não alcançarem o limite mínimo de 5%. "Fico arrasado ao ver o estado de meu partido", declarou recentemente o ministro da Cooperação Econômica, Dirk Niebel, e exigiu mudanças no quadro de lideranças. Sem muita convicção, Rösler declarou sua disposição de assumir as consequências: o presidente nacional de um partido deve sempre assumir a responsabilidade pelos resultados eleitorais nos estados, declarou.

No caso de um fracasso dos liberais na Baixa Saxônia, alguns analistas políticos profetizam que, pela primeira vez na história da República Federal da Alemanha, poderá haver um Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) sem a participação do FDP a partir do próximo ano.

Mas ainda não se chegou até esse ponto. Nas eleições estaduais de Schleswig-Holstein e da Renânia do Norte-Vestfália, em 2012, a morte do partido também havia sido anunciada, mas – graças à participação de fortes candidatos – ele conseguiu mais de 8% dos votos em cada estado.

A esperança do FDP é baseada, desta vez, novamente numa peculiaridade do direito eleitoral alemão: muitos eleitores da CDU, partido de Merkel, poderiam dar seu primeiro voto para o candidato do próprio partido e, com o segundo voto, levar o Partido Liberal Democrático à Assembleia Legislativa do estado.

Merkel despreocupada

Nesse caso, a coligação conservadora-liberal sob o comando de McAllister poderia permanecer no governo da Baixa Saxônia. O político de origem escocesa pode contar, sozinho, com cerca de 40% dos votos – um resultado que poderia lhe abrir as portas para um ministério na capital alemã, caso venha a perder o poder em seu estado devido ao fracasso do Partido Liberal.

Há rumores, por exemplo, de que McAllister possa se tornar o próximo ministro da Educação caso a atual chefe da pasta, Annette Schavan, tropece nas acusações de plágio em sua tese de doutorado.

Nas últimas semanas, Merkel apareceu nada menos que sete vezes ao lado de McAllister durante a campanha eleitoral da Baixa Saxônia, sempre de bom humor. Essa serenidade tem seus motivos: uma derrota dos democrata-cristãos e liberais na Baixa Saxônia não afetaria em nada a popularidade de Merkel no país.

Afinal, as pesquisas indicam que o candidato dela, McAllister, deverá obter um bom resultado; a culpa por um eventual fracasso da coligação conservadora-liberal seria do FDP; e, para um terceiro mandato na chancelaria federal em Berlim, a presidente do partido mais forte da Alemanha teria novas opções, bem além de uma aliança com os liberais.

Autor: Bernd Grässler (ca) - Revisão: Alexandre Schossler

Portugal: O BASTÃO DA ORDEM PÚBLICA


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We Have Kaos in the Garden

A polícia usou gás pimenta, esta manhã, para dispersar uma manifestação de estudantes que estava a decorrer à porta da secundária Alberto Sampaio, em Braga. Seis alunos tiveram que receber tratamento hospitalar.Os estudantes estavam a protestar contra a integração da escola num mega-agrupamento, fecharam as portas da escola a cadeado.

A comissária Ana Margarida, da PSP de Braga, diz que foi preciso usar pimenta «para abrir caminho por entre os estudantes e para conseguir chegar ao portão, permitindo que os bombeiros cortar a cadeado». Segundo a comissária esta atitude foi tomada para evitar uma postura mais musculada como o uso do bastão de ordem pública.

O Sr. Ministro pode andar a enganar as pessoas quando envia infiltrados para as manifestações dos movimentos sociais para criar incidentes e justificar a violência da acção policial, pode deixar policias a serem apedrejados durante duas horas para depois poder justificar cargas cegas e brutais sobre gente pacifica, pode fazer o que desejar e abrir averiguações sobre inquéritos e inquéritos sobre averiguações ou inquéritos sobre inquéritos que já ninguém está para o aturar. Pode ter feito tudo e tudo justificado com a violência dos manifestantes e a manutenção da ordem pública. Pode ter inventado grupos terroristas e grupos violentos onde não os há. Pode e fez mesmo quando essa violência não existiu ou foi provocada pela própria policia. O que não pode justificar é o uso de gás pimenta sobre jovens do secundário, miúdos de 12 anos que protestavam em frente da sua escola e que acabaram alguns no hospital. Pior ainda fica quando se justifica o uso desse gás pimenta como justificação para evitar uma postura mais musculada como o uso do bastão de ordem pública. E porque não de tiros de shotgun? 

Quem ordenou esta violência policial devia ser demitido e o ministro que tutela a policia tinha a obrigação de se demitir ou ser demitido. Uma vergonha, uma afronta à liberdade e ao direito de protestar. Não estamos a falar de terroristas, de grupos violentos e organizados, de gangs de bandidos, estamos a falar de miúdos de uma escola secundária. Tenha vergonha na cara e demita-se em nome da decência e em respeito pela democracia e pela liberdade. Se é que a tem.

Portugal: CAI OU NÃO CAI?




Paulo Baldaia – Diário de Notícias, opinião

O PS pode querer, mas o que sabemos é que o Governo só cai se o CDS sair da coligação ou se o Presidente dissolver a Assembleia. E sabemos também que Portas se mantém no Governo por "patriotismo", enquanto Cavaco se reafirma avesso a crises políticas.

Aqueles de quem depende a sobrevivência deste Executivo já se afirmaram disponíveis para manter o statu quo e isso significa que qualquer teoria sobre o fim antecipado da coligação não precisa de perder tempo com o que pensa o PS. Acontece que os socialistas acreditam que o Governo tem fortes probabilidades de não chegar ao Natal. Olhemos para o que pode ser complicado de gerir:

1 - a rua pode voltar a ficar complicada com a contestação ao plano para cortar 4 mil milhões na despesa pública.

2 - a execução orçamental na primeira metade do ano pode mostrar que o défice de 4,5% não será conseguido sem medidas extraordinárias.

3 - o Tribunal Constitucional pode declarar que há normas do orçamento que não estão de acordo com a lei fundamental.

4 - em Outubro, pode haver um desastre eleitoral da coligação que reduza a soma dos votos dos dois partidos abaixo dos 30%, dando ao PS o que ele precisa (uma grande vitória) para se mobilizar como alternativa de governo.

Com estas quatro coisas a acontecer, já não será apenas a vontade de Portas ou de Cavaco a determinar o futuro do Governo. Passos Coelho também ficará obrigado a pensar no assunto. Aliás, perante a eventual concretização deste cenário, alguém no seu perfeito juízo pode considerar que a convocação de eleições antecipadas é criar uma crise política? Não, não é. É constatá-la e resolvê-la da forma democraticamente mais lógica.

Mas, até porque vivemos uma situação de emergência, a Democracia prevê uma outra solução. Um governo de iniciativa presidencial, que junte o melhor dos partidos e da sociedade civil, não pode ser visto como um capricho de Cavaco. Teria de ter o apoio de uma larga maioria, é algo quase impossível de pôr de pé, mas, para evitar que isto fique pior do que na Grécia, um governo destes não pode ser excluído por preconceito político.

Mas nestas contas também tem de entrar o que pode ser favorável ao Governo. O País pode conseguir cumprir o principal objectivo do memorando e regressar aos mercados em boas condições, mudando assim a percepção de uma parte significativa dos eleitores. Encontrar financiamento para a nossa economia será uma grande vitória da dupla Passos/Gaspar e o desastre eleitoral das autárquicas pode não acontecer. Neste cenário, o Governo reforçará as condições para cumprir a legislatura e quem pode vir a ter de arrepiar caminho será o líder do PS, que aposta tudo na antecipação das eleições.

Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

Portugal: Desempregados recusam pedir RSI devido ao estigma – presidente da Cáritas





O presidente da Cáritas diz que há muitos desempregados que preferem pedir às instituições em vez de recorrer ao Rendimento Social de Inserção devido ao estigma em torno da medida, que abrange mais de 280 mil pessoas.

"Há muita gente que não quer aceder à medida porque se criou um estigma de tal forma que há pessoas que têm vergonha de dizer que são beneficiários do RSI", afirmou Eugénio Fonseca, em entrevista à agência Lusa.

Contou o caso de uma professora que durante 18 anos lecionou, mas nunca conseguiu ser efetiva. Acabou por ficar desempregada e, quando o subsídio terminou, viu-se numa situação de pobreza.

"Tive de ir falar com ela para um café porque não queria ir à instituição. Recomendei-lhe que se inscrevesse na Segurança Social para ser beneficiária do RSI, mas ela disse logo que não ia por causa do rótulo que se gerou à volta daquela medida", contou.

"A pobreza envergonhada existe pelo estigma já antiquíssimo que se criou" em Portugal sobre os pobres.

Antes da crise, a taxa de pobreza em Portugal situava-se nos 17.9%, "mais de 20% deste total eram trabalhadores por conta de outrem, cujo rendimento não era suficiente para suportar os encargos necessários para a sua sobrevivência".

"Mesmo assim continuávamos a dizer que era gente que não queria trabalhar, que queria viver à custa dos outros e do erário público", mas a situação de crise veio mostrar que "não é bem assim".

Essa estigmatização também atingiu o Rendimento Social de Inserção: "Como se percebeu que havia uma camada da população que não olhava bem para esta medida [devido a casos de fraude], terminadas classes políticas quiseram fazer do RSI uma arma política e no fim acabaram por, em nome do rigor que a medida devia ter, prejudicar aqueles que não falseavam o Estado".

A consequência foi a redução do leque de pessoas que podem aceder à medida com a introdução, em julho, das novas regras de atribuição das prestações.

Muitas pessoas que habitualmente recorriam à Cáritas deixaram de o fazer porque a "pequena ajuda [do RSI] chegava para resolver as situações de agressividade que viviam em tempos de carência".

Mas o RSI não foi criado para resolver problemas de pobreza: "O que soluciona o problema da pobreza é a educação", através da capacitação das pessoas para desempenhar tarefas com vista à sua autonomia, defendeu.

"O RSI potenciava isso, mas não era pelo valor da prestação que as pessoas podiam viver folgadamente", disse, lembrando que a prestação por beneficiário é, em média, de 80 euros mensais.

Eugénio Fonseca disse que as pessoas que caem numa situação de pobreza, numa primeira fase, escondem-se nessa condição e apenas aparecem quando "já não conseguem suportar mais o sofrimento da carência".

Depois é muito difícil as instituições conseguirem responder a todas as solicitações. "Foi o drama que tivemos em 2012 de não poder ajudar toda a gente e naquilo que as pessoas pediam".

As instituições de solidariedade social são o grande apoio dos carenciados, mas "não cobrem todas as problemáticas sociais do país".

E, salientou, a Segurança Social está "praticamente descapitalizada" na área da ação social relativa às prestações pecuniárias ocasionais.

"Há centros distritais em que os técnicos mandam diretamente as pessoas para as paróquias, porque não têm financiamento".

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